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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE

DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


BELEM - PARA

Processo n.XXX

Caio, qualificado nos autos da ação, através de seu advogado infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA A ACUSAÇÃO, nos termos
dos arts. 396 e 396-A, do CPPenal, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos.

I- DOS FATOS

Caio emprestou para José a quantia de R$ 20.000,00 (Vinte Mil


Reais) para ajudá-lo a abrir um restaurante. José não pagou o empréstimo
na data combinada e disse que pagaria a dívida após uma semana. Após o
prazo combinado, Caio novamente foi cobrar a dívida, e José disse que não
pagaria, pois estava sem dinheiro. No entanto, Caio, no dia 24.05.2010,
comparece no restaurante e, mostrou para José uma pistola que trazia
consigo, afirma que a dívida deveria ser paga imediatamente, pois, do
contrário, José pagaria com a própria vida. José, com medo, entra no
restaurante e telefona para a polícia, que, entretanto, não encontra Caio
quando chega ao local.

O Ministério Público denunciou Caio pela prática do crime de


extorsão qualificada pelo emprego de arma de fogo, previsto no art. 158,
§1º, do Código Penal.

II- DO DIREITO

a) Da atipicidade da conduta:

O acusado foi denunciado pelo delito de extorsão qualificada pelo


uso de arma de fogo, disposto no art. 158, §1º, do Código Penal. O crime
de extorsão se configura quando o agente tem o intuito de obter para si
vantagem econômica indevida. No entanto, o que o acusado buscava era
obter o pagamento de uma dívida que a vítima tinha com ele. Em momento
algum, o réu constrangeu a vítima a fim de obter vantagem econômica
indevida.

Dessa forma, ausente elementar do crime de extorsão, que é a


obtenção de vantagem econômica indevida, a conduta do réu é atípica.

Logo, requer a sua absolvição sumária, com base no art. 397, III, do
CPP, pois o fato narrado evidentemente não se constitui crime.

b)Da decadência:

O que o acusado buscava obter era o pagamento de uma dívida que a


vítima tinha com ele. Em momento algum, o réu constrangeu a vítima a fim
de obter vantagem econômica indevida.

O que Caio queria era fazer justiça com as próprias mãos, buscando a
satisfação de uma pretensão legítima. A sua conduta se adapta ao art. 345,
do Código Penal. Assim, ele cometeria o delito de 'exercício arbitrário das
próprias razões'.

Portanto requer seja o delito de extorsão qualificada desclassificado


para o crime de exercício arbitrário das próprias razões.

O réu praticou o crime de 'exercício arbitrário das próprias razões'.


Como não houve violência, a ação deveria se proceder apenas mediante
queixa, nos termos do parágrafo único do art. 345, do Código Penal. Ou
seja, é um delito de ação privada.

Sendo este delito de ação privada, caberia apenas ao ofendido


intentá-la, nos termos do art. 30, do Código de Processo Penal e do art. 100,
§2º, do Código Penal. O Ministério Público não é parte legítima para o
ajuizamento desta ação.

De acordo com o art. 38 do CPP, que o direito de queixa decai se o


ofendido não o exercer dentro do prazo de 6 meses contado do dia em que
vier saber quem é o autor do crime. Desta forma, a partir da data do fato
(24.05.2010) transcorreu lapso temporal de mais de 06 meses, o que
significa a decadência do direito de queixa do ofendido, nos termos do art.
38 do CPP, impondo-se, consequentemente, a extinção de punibilidade do
réu.

Logo, requer seja o réu absolvido, com base no art. 397, IV, do CPP,
pois extinta a sua punibilidade.
III-DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer:

a) a absolvição sumária, com base no art. 397, III, do CPP;

b) a absolvição sumária, com base no art. 397, IV, do CPP;

c) a produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente


as testemunhas abaixo arroladas.

Nestes termos,

Pede deferimento

Belém, PA, 28 de Janeiro de 2011

Vera Rabelo das Neves


Advogada
OAB XXX

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