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AO JUÍZO DE DIREITO DA 5° VARA CRIMINAL DA COMARCA DE POUSO

ALEGRE/MG

Autos n°: xxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx

Luiz, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem, por meio de


seu advogado infra-assinado, conforme documentação em anexo, apresentar

Alegações finais por memorias

nos termos do art. 403, §3° do CPP, na ação em que lhe denunciou o Ministério
Público, com base nos fatos e fundamentos a serem expostos a seguir.

I. Breve síntese do processo


Trata-se de denúncia oferecida em face do denunciado pela prática do delito
de lesão corporal leve contra seu irmão, com base no art. 129, §9° do CP. O
denunciado teria desferido um soco na cabeça de seu irmão em que lhe deixou
sangrando ao tentar fugir das chamas causadas por fogos de artifícios.
Em sede policial, a vítima foi ouvida e não demonstrou interesse em
representar. Encaminhado o inquérito ao Ministério Público foi oferecida e recebida
a denúncia, havendo a devida citação do denunciado que apresentou resposta à
acusação.

II. Das preliminares


II.I. Da nulidade de representação
Em se tratando de lesão corporal de natureza leve, deve-se aplicar o disposto
no artigo 88, da Lei 9.099/95, art. 100, §1° do CPP e art. 38, CPP, onde prevê que a
ação dependerá de representação do ofendido, devendo ser oferecida no prazo de
6 (seis) meses a contar de quando soube quem cometeu o crime, caso contrário,
decairá o direito à representação.
Ocorre que se passaram mais de 6 meses da ocorrência sem que houvesse
a representação, além de o ofendido demonstrar desinteresse nela. Dessa forma, o
oferecimento da denúncia verifica-se nulo, conforme o art. 564, III, alínea a e inciso
IV, do CPP, extinguindo a punibilidade do denunciado nos termos do art. 107, IV, do
CP.
II.II. Do não oferecimento da suspensão condicional do processo
O Ministério Público deixou de oferecer o benefício previsto no art. 89 da Lei
9.099/95, a suspensão condicional do processo, com o argumento de que o
denunciado era reincidente, oferecendo direto a denúncia. No entanto, a
reincidência de que fala o citado artigo, diz respeito ao cometimento de crime,
conforme o art. 63, CP, o que não se encaixa no caso em questão, visto que o
denunciado fora condenado anteriormente pelo cometimento de contravenção
penal, preenchendo, assim, os requisitos para que lhe fosse oferecida a suspensão
do processo.

III. Do mérito
O denunciado, já é pessoa com idade avançada e em razão disso, possui
dificuldade para se locomover, com a casa em chamas e o alcançando, correndo
risco de vida caso não saísse dali o mais rápido possível, motivo pelo qual desferiu
um soco na cabeça do ofendido, pois o mesmo estava dificultando-lhe a passagem,
pode-se constatar, que o mesmo agiu em estado de necessidade. Desse modo, a
ação cometida pelo denunciado não configura crime, conforme os arts. 23, I e 24 do
CP.

IV. Dos pedidos


Ante o exposto, requer:
a) a nulidade de todos os atos processuais praticados no processo pela
decadência do prazo para a representação, conforme o art. art. 564, III,
extinguindo a punibilidade do denunciado, conforme art. 107, IV, CP;
b) em caráter eventual que seja acolhida a tese do estado de necessidade,
conforme arts. 23,I e 24, CP, sendo absolvido o denunciado nos termos do
art. 386 do CPP;

Termos em que
pede e espera deferimento.

Local/data
Advogado/OAB

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