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UNIFENAS - Universidade Professor Edson Antônio Velano

Curso de Direito

ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL -


Aula semana (19 e 26.5.23)

AO JUÍZO DE DIREITO DA 1° VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ALFENAS - MG

Autos n°: XXXXXXX-XX.X.XX.XXXX

Antônia já devidamente qualificada nos autos em epígrafe, por meio de seu


advogado infra-assinado conforme procuração em anexo (doc_1), vem, respeitosamente,
por meio desta, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEIO DE MEMORIAIS

nos termos do art. 411, §4° do Código de Processo Civil (CPP), em face da denúncia
oferecida pelo Ministério Público, pelos fatos e fundamentos a serem expostos a seguir.

I. BREVE SÍNTESE DO PROCESSO

Trata-se de acusação feita pelo Ministério Público, em que acusada, supostamente


teria cometido o crime previsto no art. 123 do Código Penal (CP), infanticídio contra seu
filho recém nascido, consta na denúncia em fls. (...).
O processo ocorreu com a observância de todos seus trâmites sendo devidamente
respeitados, sendo a denúncia recebida, feita a oitiva de testemunhas e interrogatório da
acusada.
Nos autos, uma das provas produzidas, fora a interceptação telefônica da acusada,
inclusive da conversa com a testemunha Roberta, assim como laudo pericial do corpo do
filho da denunciada.
No presente momento, os autos estão em sua fase final, em alegações finais, em
que o Ministério Público já apresentou a sua, restando apenas a acusada apresentar a sua.
É o resumo. Passa à apresentação de suas teses defensivas.

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 411, § 4°

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver

Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

TESES PROCESSUAL

1. Nulidade da diligência de interceptação telefônica

lei 9296/96 Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer
qualquer das seguintes hipóteses:

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.

2. NULIDADE DAS PROVAS DERIVADAS DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA


APLICAÇÃO Teoria do fruto da árvore envenenada. Depoimento da testemunha
Roberta nulo e deve ser excluído dos autos.

CPP Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008)

§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado
o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

TESES DE MÉRITO

1. Crime impossível

Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em
conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na
acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude
desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando
feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

pedir absolvição sumária

Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:


(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Uma criança recém-nascida foi vista boiando em uma lagoa e, ao ser resgatada da
água já se encontrava morta. Após diligências localizou-se a mãe da criança de nome
Antônia, que negou que houvesse jogado a vítima na lagoa. Sua filha teria sido,
segundo ela, sequestrada por um desconhecido, sem dar maiores detalhes. Não
soube explicar porque não havia comunicado o fato às autoridades e porque nem
mesmo estava aparentemente sem sofrer pela morte da vítima, já que era sua filha.
Durante a fase de inquérito, testemunhas afirmaram que a mãe apresentava quadro
de profunda depressão no momento e logo após o parto. Além disso, foi realizado
exame médico legal, o qual constatou que Antônia, quando do fato, estava sob
influência de estado puerperal. À míngua de provas que confirmassem a autoria,
mas desconfiado de que a mãe da criança pudesse estar envolvida no fato, à
autoridade policial representou pela decretação de interceptação telefônica da linha
de telefone móvel usado pela mãe, medida que foi decretada pelo juiz competente. A
prova constatou que a mãe efetivamente praticara o fato, pois, em conversa
telefônica com uma conhecida, de nome Roberta, ela afirmara ter atirado a criança na
lagoa, por puro desespero, depressão, mas que estava arrependida. O delegado
intimou Roberta para ser ouvida, tendo ela confirmado, em sede policial, que
Antônia de fato havia atirado a criança, logo após o parto, na lagoa. Em razão das
aludidas provas, a mãe da criança foi então denunciada pela prática do crime
descrito no art. 123 do Código Penal perante a 1ª Vara Criminal (Tribunal do Júri).
Durante a ação penal, é juntado aos autos o laudo de necropsia realizada no corpo da
criança. A prova técnica concluiu que a criança não havia respirado e que já nascera
morta. Na audiência de instrução, realizada no dia 10 de Maio de 2023, Roberta é
novamente inquirida, ocasião em que confirmou ter a denunciada, em conversa
telefônica, admitindo ter jogado o corpo da criança na lagoa. A mesma testemunha,
no entanto, trouxe nova informação, que não mencionara quando ouvida na fase
inquisitorial. Disse que, em outras conversas que tivera com a mãe da criança,
Antônia contara que tomara substância abortiva, pois não poderia, de jeito nenhum,
criar o filho. Interrogada, a denunciada negou todos os fatos. Finda a instrução, o
juiz intimou as partes para suas alegações, iniciando pelo Ministério Público que o
fez. Agora o processo está com vista para a defesa, sendo você intimado(a) hoje para
oferecimento da peça processual correta Com base somente nas informações de que
dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na condição de
advogado(a), interponha a medida cabível, diversa de habeas corpus, com os
respectivos motivos que possam favorecer sua cliente. Date a petição com o último
dia do prazo.

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