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Curso de Direito
São Luís
2018.2
JADIANE SANTANA DOS SANTOS
São Luís
Campus Estácio São Luís
2018.2
RESUMO
Este artigo apresenta uma análise crítica acerca do segurado especial, desde o
seu conceito e características, em seus mais diversos aspectos, a partir de sua introdução
na legislação brasileira com o programa PRORURAL, passando pela evolução da
categoria dentro do sistema previdenciário brasileiro e pela constitucionalização do
tema com o advento da Carta Magna de 1988. Além disso, será abordado no presente
trabalho a forma de contribuição do segurado especial, a efetividade desta contribuição
e qual a relação entre a ausência desta contribuição e a prova da atividade rural,
destrinchando com base na legislação e na jurisprudência o que é considerado prova de
atividade rural, nos meios judiciais e administrativos.
1 INTRODUÇÃO 5
2 HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL 6
2.1 INCLUSÃO DO SEGURADO ESPECIAL 7
3 – SEGURADO ESPECIAL 8
3.1 – CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 8
3.2 – HIPÓTESES QUE NÃO DESCARACTERIZAM A CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL 10
3.3 – DA CONTRIBUIÇÃO 10
4 O EFETIVO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL 11
4.1 DA ATIVIDADE RURAL 11
4.2 – O INÍCIO DE PROVA MATERIAL 12
5. CONCLUSÃO 15
REFERÊNCIAS
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1 INTRODUÇÃO
3 – SEGURADO ESPECIAL
3.1 – CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
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Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: § 7o O grupo familiar poderá utilizar-
se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput, à razão
de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo
equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da percepção
de auxílio-doença.
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O segurado especial poderá realizar a outorga de até metade de seu prédio rústico,
sem que isso caracterize a perda da qualidade de segurado. Porém, ele deve continuar a
exercer a atividade rural para a subsistência, assim como o outorgado.
Além disso, o segurado especial pode desenvolver atividade turística. Todavia,
tem o limite de 120 dias por ano. Caso ultrapasse esse limite, cessará a sua filiação enquanto
segurado especial.
O segurado pode participar de plano previdenciário privado específico da sua
categoria, ser beneficiário de industrialização artesanal, participar de sociedade empresária,
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Art. 62. A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição na forma do art. 60, observado o disposto no art. 19
e, no que couber, as peculiaridades do segurado de que tratam as alíneas j e l do inciso V do caput do art. 9º e do art. 11, é
feita mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem contados, devendo esses
documentos ser contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se tratar de
trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que foi prestado.(Redação dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002)
(...) § 2º Servem para a prova prevista neste artigo os documentos seguintes: l) certidão fornecida pela Fundação Nacional do
Índio - FUNAI, certificando a condição do índio como trabalhador rural, desde que homologada pelo INSS. (Incluído pelo
Decreto nº 6.722, de 2008).
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3.3 – DA CONTRIBUIÇÃO
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Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: § 7o O grupo familiar poderá utilizar-
se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput, à razão
de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo
equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da percepção
de auxílio-doença. (...) § 9o Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento,
exceto se decorrente de:V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de
dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da
Lei.
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produto. Existe ainda uma contribuição social geral de 0,2% para o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (SENAR), todavia, esta contribuição não é previdenciária.
A responsabilidade pelo recolhimento desta contribuição não é do trabalhador
rural e sim do adquirente da produção, exceto se a comercialização foi no exterior. Esta deve
ser recolhida até o dia 20 do mês subsequente ao da competência, ou no dia útil
imediatamente anterior no caso de não haver expediente bancário.
Contudo, se durante o ano o grupo familiar do trabalhador rural não tiver obtido
renda com a comercialização de seus produtos ou serviços, deveram proceder ao INSS para
comunicar o ocorrido.
É importante ressaltar que o segurado especial pode contribuir enquanto
contribuinte individual sem perder a qualidade de segurado especial. Tal disposição se dá na
forma do artigo 25, §1°, da Lei 8.212/91 5, e assegura ao trabalhador rural a possibilidade de
receber um benefício com valor acima de um salário mínimo, ou ter acesso ao benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição.
Com efeito, caso o segurado labore por até 120 dias/ano em outra atividade que
não seja rural, ou no caso de exercício de mandato de vereador, deverá contribuir como se
estivesse enquadrado na categoria correspondente ao tipo da atividade exercida.
Nos termos do art. 39, da Lei 8.213/91, os segurados especiais têm direito aos
benefícios previdenciários desde que comprovem a atividade rural. Assim, entende-se que a
lei equipara o período de carência ao tempo de atividade rural.
Nesse sentido, mesmo que o segurado especial não tenha vertido contribuições ao
INSS, basta comprovar o efetivo exercício da atividade rural para preencher o requisito de
carência dos benefícios.
Contudo, o benefício pleiteado não será concedido se o trabalho exercido pelo
segurado, mesmo que de forma descontínua, não obedecer ao critério temporal indicado na
legislação enquanto condição para a concessão do benefício.
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Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art.
22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada
à Seguridade Social, é de: (...) § 1º O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no
caput, poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei.
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De acordo com o art. 48, §3° da lei 8213/916, para a concessão de aposentadoria
por idade é possível que se utilize no cálculo do tempo de carência tanto tempos urbanos
quanto rurais, porém, a última atividade exercida deve ser rural.
A qualidade de segurado especial deverá ser provada mediante início de prova
material contemporânea à carência do benefício pleiteado, podendo ser complementada por
prova testemunhal.
De acordo com o entendimento do STJ acerca da matéria, a prova exclusivamente
testemunhal não basta para a comprovação da atividade agrícola:
Súmula n. 149/STJ - A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação
da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário.
A Lei dos Benefícios, no art. 106, traz a previsão de alguns documentos que são
considerados como “prova plena”, e por isso não carecem de complementação prova testemunhal, são,
portanto, considerados início de prova material, são eles:
Art. 106. A comprovação do exercício de atividade rural será feita,
alternativamente, por meio de:
I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;
III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou,
quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada
pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS;
IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar;
V – bloco de notas do produtor rural;
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30 da Lei n o
8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com
indicação do nome do segurado como vendedor;
VII – documentos fiscais relativos à entrega de produção rural à cooperativa
agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como
vendedor ou consignante;
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social
decorrentes da comercialização da produção;
IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente
da comercialização de produção rural; ou
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Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.(...) § 3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o
deste artigo que não atendam ao disposto no § 2o deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados
períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher.
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Logo, diversos são os documentos que podem ser utilizados como início de prova
material, mas, deve constar nestes documentos a profissão de lavrador, pescados ou afins, ou
então características e descrições que evidenciem o exercício da atividade rural.
Além do supracitado artigo, a portaria 170/07 do INSS 7diz que caso o segurado
não possua nenhum dos documentos listados, o mesmo pode apresentar elementos que
constituam início de prova material, sendo processada uma justificação administrativa
(recurso utilizado para suprir a fala ou insuficiência de documentos).
Apesar de a legislação dar abrangência aos meios de prova da atividade rurícola, a
Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais restringe a possibilidade,
pois enquanto o Parecer 3.136/03 da Consultoria Jurídica permite a utilização de documentos
anteriores ao período que se pretende comprovar, a TNU afirma que o início de prova
material deve ser contemporâneo. Nesses termos são as súmulas n. 14 e n. 34 da TNU:
Súmula n. 14/TNU – Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige
que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência
do benefício.
Súmula n. 34/TNU – Para fins de comprovação de tempo de labor rural, o início de
prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.
alegado, através de certidões de casamento e de nascimento, por exemplo, mas sempre com a
corroboração de prova testemunhal.
Além disso, segundo entendimento da TNU, o início de prova material não
precisa referir-se exatamente à pessoa do segurado, podendo se relacionar à terceiro, membro
ou não do grupo familiar, através de certidão do Incra, guia de recolhimento do ITR em nome
de um dos pais, documentos comprobatórios de posse de imóvel rural, dentre outras.
Entretanto, corriqueiramente deverão ser corroborados por provas testemunhais.
Entretanto, a Turma Nacional de Uniformização já se posicionou no sentido de
que alguns documentos não caracterizam início de prova material, tais como a declaração de
sindicato de trabalhadores rurais que não estiverem homologadas pelo INSS ou Ministério
Público, declarações fornecidas por parceiro rural, certidão do INCRA com data posterior ao
óbito do pai, dentre outros.
A desconsideração desses documentos como caracterizadores de início de prova
material se dá em virtude no grande número de fraudes presentes nas concessões de benefício
previdenciários aos segurados especiais, uma vez que alguns sindicatos fornecem declarações
a pessoas que não são trabalhadoras rurais, mediante ao pagamento de taxas mensais.
Diante do exposto, percebe-se que a jurisprudência tem ciência da dificuldade que
é a produção de provas materiais da atividade rural, Assim, os tribunais promovem grandes
discussões acerca o rol de documentos que podem ser reconhecidos enquanto início de prova,
eis alguns documentos que já tiveram sua eficácia reconhecida via precedente e
posteriormente passaram a fazer parte de regulamentos do INSS: documentos eleitorais (STJ,
AgRg no REsp 939191, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ 07.04.2008, p. 1), requerimento
de matrícula, ficha de aluno, declaração de escola ou da Secretaria Municipal de saúde
informando que o segurado ou seu responsável é agricultor ou reside na zona rural e/ou
colégio localizado rural (TRF5, AC 492213/PB, Rel. Des. Fed. José Maria Lucena, DJ
26/11/2010, p. 310; TRF5, AC527243/PB, Rel. Des. Fed. Francisco Barros Dias, DJ-e
15/09/2011, p. 237), Recebimento anterior de benefício como segurado especial ou como
dependente de um (TRF5, APELREEX 0001170-20.2010.4.05.8200/PB, Rel. Des. Geraldo
Apoliano, DJ 17/10/2012).
Destarte, mesmo os documentos públicos como certidões de casamento ou de
casamento, são passíveis de fraude, por isso a importância da prova testemunhal no processo
judicial como forma de complementar o conjunto probatório dos autos.
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5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS