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FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS

GAMALIEL-FATEFIG.
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Reconhecido pela Portaria Ministerial (MEC) nº 64 de 28 de janeiro de 2015

SAMIA CASTRO BURGATE

IMPOSSIBILIDADE DA COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL


RURÍCULA: Obstáculos encontrados para a Concessão da
Aposentadoria Rural Junto a Previdência Social

Trabalho apresentado a Faculdade de


Teologia, Filosofia e Ciências Humanas
GAMALIEL - FATEFIG, como requisito
obrigatório para obtenção do Título de Bacharel
em Direito.

Orientadora: Prof. Maria Gouveia.

TUCURUÍ – PARÁ
2022
2

FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS


GAMALIEL-FATEFIG.
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Reconhecido pela Portaria Ministerial (MEC) nº 64 de 28 de janeiro de 2015

IMPOSSIBILIDADE DA COMPROVAÇÃAO DOCUMENTAL


RURÍCULA: Obstáculos encontrados para a Concessão da
Aposentadoria Rural Junto a Previdência Social 1

SAMIA CASTRO BURGATE 2

RESUMO
O presente artigo irá fornecer uma abordagem histórica sobre o ordenamento
jurídico previdenciário dos trabalhadores rurícolas e seus obstáculos encontrados
para que o direito garantido na Constituição Federal seja concedido em face a
Previdência Social, sendo o objeto de discussão a discriminação no qual se tornou
realidade na vida dos beneficiários e os critérios para a comprovação do benefício
que o tornam mais abstruso. A análise do contexto histórico, bem como as
dificuldades encontradas pelo trabalhador nos remeterá a forma metodologia
quantitativa qualitativa mediante pesquisas bibliográficas, de forma a otimizar a
compreensão do estudo aqui apresentado. Neste viés, o que se espera é a
demonstração do tema a alunos, ou qualquer outro estudioso interessado na área,
para que com a análise minuciosa do tema sejam capazes de inferir os obstáculos
desses trabalhadores em sua vida labora para a concessão de sua aposentadoria.

Palavras-chave: Legislação Previdenciária, Aposentadoria Rural, Requisitos de


concessão, Obstáculos.

SUMÁRIO: RESUMO. INTRODUÇÃO. 1. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A


PREVIDÊNCIA SOCIAL. 1.1 Evolução da Previdência rural no Brasil. 2. OBSTÁCULOS
ENFRENTADOS NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO RURAL. 2.1 Instrução
Normativa N° 128/2022 e as Exigências Documentais quanto ao Segurado Especial. 2.1.1
Autodeclaração Rural 2.1.2 Contrato De Arrendamento, Parceria, Meação Ou Comodato Rural 2.1.3
Comprovante de Matrícula ou Ficha de Inscrição em Escola, Ata ou Boletim Escolar do Trabalhador
ou dos Filhos 2.1.4 Título de Propriedade De Imóvel Rural 2.1.5 Licença de Ocupação ou Permissão
outorgada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA 2.1.6 Declaração de

1
Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Faculdade de Tecnologia, Filosofia e
Ciências Humanas Gamaliel, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito,
sob a orientação da Professora Maria Gouveia
2
Acadêmica do curso de Bacharelado em Direito.
3

Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar 2.1.7 Bloco de notas do


produtor rural, Ficha de associado em cooperativa e Contribuição social ao sindicato de trabalhadores
2.2 Record Histórico de Indeferimentos contra as Provas Materiais Do Segurador Rural. 3.
ERRADICAÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL PRA FINS DE FACILITAÇÃO DA CONCESSÃO
DO BENEFÍCIO RURAL. CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS.

ABSTRACT

This article will present a historical approach to the social security legal system of
rural workers and its obstacles encountered so that the right guaranteed in the
Federal Constitution is granted in the face of Social Security, the object of discussion
being the discrimination in which it became reality in life. of beneficiaries and the
criteria for proving the benefit that make it more abstruse. The analysis of the
historical context, as well as the difficulties encountered by the worker, will lead us to
the form of qualitative quantitative methodology through bibliographic research, in
order to optimize the understanding of the study presented here. In this bias, what is
expected is the demonstration of the theme, students, or any other scholar interested
in the area, so that, with a thorough analysis of the theme, they are able to infer the
obstacles of these workers in their working life for the granting of their retirement.

KEY-WORD: Social Security Legislation, Rural Retirement, Concession


Requirements, Obstacles.

INTRODUÇÃO

O propósito inicial deste artigo é apresentar acerca dos obstáculos que os


trabalhadores rurais se deparam no momento em que vão comprovar seus direitos
para a concessão da aposentadoria rural, a sua importância advém da necessidade
de discussão dessa realidade vivida diariamente na prática, mitigando tal direito e
por consequência desamparando vários trabalhadores que necessitam deste
benefício.
A nossa Constituição Federal, com seu escudo protetor dos direitos
fundamentais bem como as leis ordinárias, apresentou muitos avanços quando
inseriu o trabalhador rural em seu manto protetor de maneira individual em face à
4

Seguridade Social, essa proteção ao longo da história trouxe um aprimoramento na


proteção laboral desses indivíduos 3.
O título em questão gera bastante discussões, e não é para menos, uma vez
que a evolução trazida pela legislação era suplantada diante os óbices na conquista
do seu benefício, como já mencionado, não é uma atividade fácil para se comprovar,
podemos utilizar o exemplo de um trabalhador rural conhecido como “boia-fria 4”. No
contexto desse trabalhador rural, primeiro impacto se trata da dificuldade do
recolhimento da guia previdenciária e pior, da comprovação do vínculo empregatício,
se de fato existe ou não, tornando essa especificidade de trabalho mais complexa.
No que tange ao benefício por idade dos rurícolas, a própria doutrina elenca
pouco o assunto, o que atingiria de maneira negativa os direitos fundamentais.
Neste viés, se faz necessário à sua ampla discussão para que seja considerado um
número maior de beneficiário em face a Previdência, cujo papel primordial seria
mitigar as desigualdades 5.
Apesar de existir pleno acesso para a produção probatória pelo INSS
(Instituto Nacional de Previdência Social) 6, a forma de admissão dos documentos se
faz cada vez mais restritos, em muitos casos são exigidos pelo órgão provas
documentais anuais, com um nível complexo para serem conseguidos, exemplo
declarações de sindicatos rurais, certidões de casamentos entre outros, que em sua
maioria por não terem um estudo mínimo, se quer entendem sua importância ou
mesmo como conseguir.
E por estarmos em um cenário de evidente desigualdade social no Brasil,
podemos observar distinções no novo ambiente tecnológico vivenciado pela vida
urbana em contra partida a vida labora rurícola repleta de desinformação, pouca

3
RUFINO, Caroline Gava. Aposentadoria do segurado especial: comprovação e concessão. 2017.).
4
SCHWARZER, Helmut. Paradigmas de previdência social rural: um panorama da experiência
internacional. Planejamento e Políticas Públicas, n. 23, 2009.
5
LIRA, R. P. et al. Os requisitos para a concessão do benefício aposentadoria por idade rural e a
problematização referente às exigências probatórias. 2015.
6
Instituto Nacional do Seguro Social é uma autarquia do Governo do Brasil vinculada ao Ministério
do Trabalho e Previdência Provisória que recebe as contribuições para a manutenção do Regime
Geral da Previdência Social.
5

instrução e muitas dificuldades no qual colabora para a dificuldade na obtenção dos


documentos rurais 7.
Observa-se um caminho tendencioso a simplificar os trabalhadores rurais
como um grande obstáculo no âmbito social, visto que sua contribuição não se faz
de maneira direta, como é o caso dos trabalhadores na vida urbana 8. Entretanto,
devemos ter em mente a importância dessa categoria trabalhadora tão pouco
valorizada, apesar da garantia de sua proteção, pois eles garantem os serviços
essenciais a vida humana, nossos alimentos. Sendo essa premissa a ser defendida
ao longo desse trabalho. 9

1. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A PREVIDENCIA SOCIAL

Uma das grandes evoluções que formalizou nossa democracia, foi a criação
da Previdência Social em nossa Constituição Federal de 1988, contudo devemos
relembra que esse processo não aconteceu de uma hora para a outra, mas sim fruto
de pequenos passos conquistados. 10
A previdência é uma conquista da luta dos trabalhadores que almejavam
melhores condições laborais, como estabilidade em suas carreiras. Neste caminho
muitos pontos foram necessários para que tal contribuição se revelasse em nossa
carta magna.
A primeira Constituição a trazer em suas linhas noções previdenciárias foi a
do México em 1917, e na sequência a Constituição de Weimar em 1919, no qual
apresenta uma série de conjuntos de cunho sociais, no mesmo plano que os direitos
civis, nascendo então um era conhecida como a consolidação da seguridade
social. 11

7
FRATTINI, Mário; MARTINS, Moacir Alves. DA APOSENTADORIA POR IDADE RURAL
ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. Intertem@ s ISSN 1677-1281, v. 13, n. 13, 2007.
8
NAJBERG, Sheila; IKEDA, Marcelo. Previdência no Brasil: desafios e limites. 2019.
9
SCHWARZER, Helmut. Previdência rural e combate à pobreza no Brasil–Resultados de um estudo
de caso no Pará. Estudos Sociedade e Agricultura, 2000.
10
Social, Previdência. "Previdência social." ttp://guiadedireitos. org/index. php (2017).
11
Nunes, Vinícius Fonseca. "A Previdência Social no Brasil: história, modelo atual, conquistas e
implicações sociais em caso de reforma." Revista Científica do Curso de Direito 2 (2018).
6

Trazendo esse contexto para o Brasil, o grande marco balizador deste


acontecimento em nosso ordenamento, foi a Lei Eloy Chaves, pelo Decreto lei
4.682/23, em que foi criado uma Caixa Assistencial, conhecida como CAP’S, que
tinha como objetivo assegura aposentadoria e pensões aos trabalhadores
ferroviários. 12
Após a Criação das CAP’S, foram criados os IAP’s (Instituto De
Aposentadorias e Pensões), mais precisamente na era Vargas em 1933, e tinha o
intuito de reorganizar o sistema previdenciária, dando garantias de assistência em
caso de doença, incapacidade ou morte de seus assistidos. 13
Logo em segui surgiu o INPS (Instituo Nacional de Previdência Social),
associado ao Ministério da Previdência à época, integrado ao antigo Sinpas
(Sistema Nacional de Previdência e Assistência Socia) bem mais aprimorados pois
nesse período já eram cobertos os segurados urbanos e rurais. 14
A união do IAP’S mais o INPS surgiu o que conhecemos hoje como INSS
(Instituo Nacional do Seguro Social), instalado em nosso ordenamento na Carta
Magna em 1988 e consiste no sistema previdenciário vigente até os dias atuais. 15
Podemos observa nesse grande contexto pequenos avanços não apenas a
questão de legalização de direitos, mas também, como um avanço no que tange a
direitos humanos, no qual o trabalho humano começa aos poucos se valorizado.
E com o nascimento da nossa Constituição cidadã, a seguridade social
obteve um leque maior de proteção do que vivenciados na história, e nas palavras
de TEIXEIRA 16 “é o conjunto de normas jurídicas, integrado por ações de iniciativa
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à
assistência social, à previdência social e à saúde”.

12
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 20. ed. Rio de janeiro: Impetus, 2015.
13
Rodrigues, Adriane Garcia. "HISTÓRIA COMPARADA DOS MODELOS DE PREVIDÊNC
IA SOCIAL: Brasil e Argentina." (2011).
14
Cohn, Amélia. "A reforma da previdência social: virando a página da história?" São Paulo
perspect (1995): 54-59.
15
Teixeira, Sonia Maria Fleury. "Previdência versus assistência na política social brasileira." Dados.
Revista de Ciencias Sociais (1984): 321-345.
16
TEIXEIRA, Denilson Victor Machado. Manual da seguridade social: aspectos doutrinários, legais e
jurisprudenciais. 3. ed. São Paulo: JH Mizuno, 2015. 42 p.
7

1.1 Evolução da Previdência Rural no Brasil

No ano de 1960, nasceram alguns incentivos ao trabalhador rural por meio do


Estatuto do Trabalhador Rural, que em 2 de março de 1963 obrigou o pagamento do
salário mínimo a todos os rurícolas, bem como reorganizou os sindicatos rurais. 17
Na mesma época nasce o FAPTR (Fundo de Assistência e Previdência do
Trabalhador Rural) e posteriormente, no ano de 1969 passou a ser conhecido como
FUNRURAL. Infelizmente, na pratica tal inciativa não prosperou, pois, a questão
financeira e Administrativa não obteve apoio legislativo. 18
Por conseguinte, foram criadas algumas normas que mantinha os laços entre
previdência rural, sindicatos e trabalhadores, trata-se da Portaria 395 de 17 de
Julhos de 1965, no qual firmou o reconhecimento dos sindicatos bem como sua
significação para o meio sindicalista.
Surge então o Decreto-Lei 276 no ano de 1967, no qual faz nascer a
obrigação para o comprador a contribuição de 1%, sobre todos os produtos rurícola
vendidos na época, e filtra os planos dos benefícios as assistências medicas
hospitalares, já prevista no Estatuto do Trabalhador Rural. 19
E no ano de 1969, surge o decreto-Lei 789, para fins de sindicalização,
reordenou o conceito de Empregador e Trabalhador rural, apresentando o nome
Rural como um divisor de águas quando se fala na caracterização desta área,
resumindo a existência de um único sindicato desse seguimento. Em cada município
haveria apenas um deste sindicato para representar a classe. 20
A soma desses decretos otimizou a demanda das organizações sindicais,
impulsionando a abertura da procura do direito desses trabalhadores em face aos

17
do Brasil, Banco, and Diretoria de Agronegócios. "Evolução histórica do crédito rural." Revista de
Política Agrícola 13.4 (2004): 4-17.
18
SCHMITT, Claudia Job. A CUT dos colonos: histórias da construção de um novo sindicalismo no
campo no Rio Grande do Sul. In: Zander Navarro (org.), Política, protesto e cidadania no campo; as
lutas sociais dos colonos e trabalhadores rurais no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS, 1996, p.100-106.
19
Nascimento, Jeane Silva S., et al. "IMPACTOS DA MECANIZAÇÃO EM FACE DO TRABALHADOR
RURAL SAZONAL." Revista de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito da Seguridade
Social 1.1 (2020).
20
Pezzini, Claudia Farias. "POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE MENTAL PARA O TRABALHADOR
RURAL." REVISTA DE CIÊNCIA POLÍTICA, DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS-POLITI (K) CON 2.1
(2021): 74-81.
8

seus empregadores. É importante falar deste momento, pois as movimentações


sindicalistas rurais, nascem nesse contexto.
Quando ocorreu a criação do MPAS (Ministério de Previdência e Assistência
Social, em 1974, do SINPAS (Sistema Nacional de Previdência Social) e do Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS), no ano de 1977 foi extinto o FUNRURAL. O
INPS passou a concentrar se seu poder todas as prerrogativas e privilégios não
apenas do setor rural, como também nas demais categorias. 21
Em 1988, com a promulgação da nossa Constituição Federal e com o suporte
das leis 8.212 (plano de custeio) e a 8.213 (Planos e benefícios), ambas de 1991,
começou a prever de maneira universal o acesso dos idosos bem como dos
inválidos do setor rural na previdência social 22.

2. OBSTÁCULOS ENFRENTADOS NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DO


SEGURADO ESPECIAL

Com os avanços supracitados da positivação e evolução dos direitos dos


trabalhadores rurais, ainda é presente muitos obstáculos no qual esses
trabalhadores enfrentam para a propositura de sua qualificação como segurado
especial para ser homologado seus direitos perante o INSS (Instituo Nacional do
Seguro Social).
Esses obstáculos se encontram na quantidade de documentações
encontradas nos preceitos normativos previdenciários, o que acarreta suas
dificuldades para a efetivação em suas demandas. Neste tópico tratamentos da mais
recente Instrução Normativa a IN n° 128 de 28 de março de 2022 em concomitância
com o artigo 106 da Lei 8.213/91. Vejamos.

21
CORADINI, Odaci Luiz. Representações sociais e conflitos nas políticas de saúde e previdência
social rural. Rio de Janeiro: Museu Nacional/UFRJ, 1989 (tese de doutorado em Antropologia Social).
22
GUIMARÃES, Roberto Élito dos Reis. O trabalhador rural e a previdência social–evolução histórica
e aspectos controvertidos. Revista Virtual da AGU. Ano IX, n. 88, 2009.
9

2.1 Instrução Normativa N° 128/2022 E As Exigências Documentais Quanto Ao


Segurado Especial.

A Instrução Normativa N° 128/22 trouxe atualizações no que tange aos


procedimentos e rotinas necessárias à efetiva aplicação das normas de direito
previdenciário. Em especial, trataremos dos documentos exigidos aos segurados
especiais mais recorrentes por ela abordado e os obstáculos sobre cada uma
dessas exigências.

2.1.1 Auto Declaração Rural

Uma das novidades trazidas pela reforma da previdência é a auto declaração


rural, a referida declaração nasceu com a Medida Provisória N° 871/2019, e está
prevista também na IN N° 128/22 no artigo 115, § 1°. As exigências são muito
detalhadas, o que gera dúvidas, até mesmo entre os entendedores do direito.
Dentre as exigências estabelecidas no formulário da auto declaração rural
está a inserção da informação quanto ao período rural do indivíduo, por seu
declarativo, o tempo será colocado conforme o entendimento que o segurado viveu
no ambiente rural.
Todavia, quando o referido período é enviado, o INSS, retorna com o pedido
de documentações que comprovem cada pedido mencionado. Ora, vamos imaginar
um segurado, com uma idade avançada, mora em situações de extrema fragilidade
financeira, sem estrutura de informação para entender a importância dos
documentos essenciais, surge então o questionamento: Como este, terá o
entendimento de saber como guardar tais documentos?
A resposta é simples, não há essa possibilidade, visto que esse segurado,
assim como a maioria dos que buscam o INSS, não são sequer alfabetizados. Sobre
esse tema, a Câmara dos Deputados e representantes do Setor reuniram-se para
debater sobre o tema.
A audiência foi realizada na Comissão de Trabalho, de Administração e
Serviço Público, em meios aos debates foi reconhecido a Diretora de benefícios do
INSS, Marcia Elisa de Souza, e confirmou que de fato, as exigências são altas, mas
10

não descarta a possibilidade de tornar alguns pedidos como facultativos, e disse que
uma central de atendimento para melhor analisar os benefícios.
Nas palavras de Elisa “Quanto mais informações obtivermos, mais chances
de o benefício ser concedido. Onde trabalha, com quem trabalha, quem é o
proprietário do imóvel, se já morou em local diverso, se tem outas fontes de renda”.
Porém, quando escutamos essas palavras e trazemos para a realidade dos
segurados, podemos observar que as palavras não se aplicam ao cotidiano.do
trabalhador. 23

2.1.2 Contrato De Arrendamento, Parceria, Meação Ou Comodato Rural

Em conceitos gerais, esses documentos nada mais são que contratos de


parcerias feito entre trabalhador rural e proprietário da terra. O Dono transfere a
posse daquele imóvel para que o trabalhador o utilize, a depender do contrato,
ambos podem compartilhar os resultados, sejam bons ou ruins.
Por um período de tempo, o trabalhador irá usufruir daquela terra para fazer
suas atividades agrícolas como, plantar, colher, criação de animais, entre outras
atividades, e por conta dessa exploração agrícola, em contra partida, o trabalhador
irá pagar ao proprietário como retribuição.
Para que esses documentos tenham validade no mundo jurídico é necessário
que as partes façam um contrato, ambos conscientes dos termos, ônus e bônus e
juntos em um cartório, no qual arcarão com todas as despesas financeiras
necessárias.
Todavia, essas exigências se fazem um obstáculo, visto que estamos
interagindo com pessoas que sequer possui alfabetização e condições mínimas para
viver, e se transportamos essa realidade para a década de 70,80,90, a dificuldade

23
Agência Câmara de Notícias. Disponível em https://www.camara.leg.br/noticias/613160-inss-
considera-revisao-de-formulario-autodeclatorio-para-agricultor-familiar/ Acesso em 24/09/22.
11

quanto ao acesso à informação e quesitos financeiros para sua propositura, se


tornam ainda maiores. 24
E mais, no restante do artigo trás a seguinte menção “cujo período da
atividade será considerado somente a partir da data do registro ou do
reconhecimento de firma do documento em cartório”, se na data dos fatos não
tinham o conhecimento da sua importância, conseguindo o documento, as vezes
após anos trabalhado naquela terra, surgindo mais uma ausência e indeferimento do
pedido.
Estes documentos são exigidos pela autarquia federal, quando da propositura
do requerimento, então surge a pergunta: Como irão apresentar tantas formalidades
em documentações, se na época eram trabalhadores sem base mínima de
informação? A reposta é óbvia, não há como.

2.1.3 Comprovante De Matrícula Ou Ficha De Inscrição Em Escola, Ata Ou


Boletim Escolar Do Trabalhador Ou Dos Filhos

O comprovante de matricula, boletins são exigidos para que comprovem que


naquele dado momento os filhos tiveram seus históricos escolares, prevista no artigo
116, inciso XVII. Atualmente, com os dados automatizados as informações são cada
vez mais fáceis de serem registradas, escolas possuem cadastro físico em registros
que são facilmente encontrados.
Todavia, escolas antigas, no qual seus documentos eram armazenados em
arquivos manuais, não possuíam estruturas para guardar em definitivo esses
documentos e mais, sequer tinham registros com seu endereço. Ao longo dos anos,
com mudanças de governo, as escolas são modificadas, deterioradas por conta de
mal condições e deixam de existir. 25
Essas exigências tornam-se obstáculos para a concessão do benefício, visto
que, no ato de procura desses documentos, além da questão de logística, os
segurados especiais não encontram mais as escolas em seus respectivos

24
COSTA, Adalberto. O contrato de arrendamento rural. Vida Econômica Editorial, 2017.
25
ARROYO, Miguel. Fracasso-sucesso: o peso da cultura escolar e do ordenamento da educação
básica. Em aberto, v. 11, n. 53, 2019.
12

endereços, tampouco os documentos em seus arquivos. E mais uma vez a


pergunta, como comprovar nessas circunstâncias?

2.1.4 Título De Propriedade De Imóvel Rural

O título de propriedade, prevista no artigo 116, inciso XXVI, na IN 128/22, é


um documento com o qual é atestado para todos os fins legais que determinada
pessoa detém a propriedade e posse do imóvel rural, apesar da nomenclatura ser
simples, as exigências para que um segurado especial obtenha tal documentos são
gigantescas.
A primeira dificuldade do trabalhador rural está em comprar seu pequeno
pedaço de terra para viver em economia familiar. Demora-se anos para que
finalmente, com muito suor, a propriedade seja adquirida. Após a sua aquisição,
surgem os obstáculos para sua legalização.
Além da burocratização e morosidade do processo, está nos pagamentos dos
impostos e taxas sobre a propriedade, para a obtenção deste documento. Necessita-
se também da permissão doo INCRA entre outros órgãos para sua liberação. Em
muitos casos o trabalhador passa sua vida inteira, cumpre o requisito idade para o
benefício e ainda assim, não foi homologado todas as etapas desse processo.
E mais uma vez, quando da entrada do requerimento no INSS, a ausência
deste documento gera a negação do benefício, ficando impedindo do trabalhador em
obter seus direitos, e não por falta de vontade, mas pela falta de recursos financeiros
bem como morosidade das etapas. 26

2.1.5 Licença de Ocupação ou Permissão outorgada pelo Instituto Nacional de


Colonização e Reforma Agrária – INCRA

A referida licença ou Permissão está inserida no artigo 116, §8° da IN 128/22,


é um documento com o qual irá comprovar que o trabalhador rural faz parte de

26
REYDON, Bastiaan Philip; BUENO, Ana Karina Silva; TIOZO, Carla. Regulação da propriedade
rural no Brasil; resultados dos primeiros passos. Mercados de terras no Brasil: estrutura e
dinâmica, p. 53-71, 2018.
13

algum assentamento com benesses do programa do INCRA no que tange a reforma


agrária.
Esse documento somente será emitido se o segurado especial obtiver o título
da terra, logo como já apresentamos anteriormente a dificuldades deste pequeno
trabalhador em conseguir seu pequeno pedaço de terra, titulariza-lo, surge mais
essa modalidade de documento, que se faz como mais um obstáculo a ser superado
nesse processo, no que em sua maioria dos casos não é alcançado. 27

2.1.6 Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da


Agricultura Familiar

O DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf – segundo o Adolfo Brito,


Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, “é o passaporte para que
agricultores e agricultoras familiares tenham acesso às políticas públicas do
Governo Federal”. O mesmo pode ser conseguido sem taxa alguma, totalmente
gratuito.
Porém, para que o trabalhador consiga, segundo o mesmo site, será
necessário que o agricultor se desloque “até um órgão emissor autorizado, que são
as empresas estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural e os sindicatos de
trabalhadores rurais”.
Apesar desse ponto positivo, a maioria trabalhadores não tem acesso a essa
informação de que são detentores desse direito, ou mesmo recurso financeiro para
se deslocar até órgão. Porquanto, com o DAP poderão conseguir “crédito do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); e os
programas de compra pública, como o de Aquisição de Alimentos (PAA); e o de
Alimentação Escolar (Pnae),” 28

27
COSTA, Yara Marinho. A atuação da vara agrária de Marabá nos conflitos pela posse da terra: o
caso da fazenda Arumathewa (Acampamento João Canuto), Tucuruí-PA. 2021.

28
BRITO, Adolfo. Saiba como obter A Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Disponível em:<
https://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/credito-debito-rural/saiba-como-obter-a-declaracao-
de-aptidao-ao-pronaf-dap.html> Acesso em 24/09/2022.
14

2.1.7 Bloco de notas do produtor rural, Ficha de associado em cooperativa e


Contribuição social ao sindicato de trabalhadores.

Blocos de notas está disposto no artigo 116, inciso III, na IN N°128/99 é uma
espécie de documentos que comprova as movimentações econômicas do produtor
rural. Essas movimentações são prestadas no sistema Rural para então se consiga
retirar a Nota Fiscal Eletrônica e então ficar registrado aquela entrada e saída de
produtos.
A maioria dos agricultores são pequenos em suas demandas. Suas vendas,
em sua maioria, são para a entrega em pequenas feiras da região, já encomendas, e
no ato a entrega as mercadorias são realizadas em pagamentos a vista. Esses
pequenos agricultores são possuem meios eletrônicos ou mesmo entendimento para
o manuseio dessas ferramentas tecnológicas.
No que tange a ficha e Contribuições dos associados em cooperativas, as
mesmas exigem um pagamento mensal para sua manutenção, e na luta constante,
os trabalhadores não possuem recursos para os pagamentos mensais, acarretando
a não contribuição, impossibilitando-o de possui mais uma exigência da autarquia
Federal, e por conseguinte seu indeferimento. 29

2.2 RECORD HISTÓRICO DE INDEFERIMENTOS CONTRA AS PROVAS


MATERIAS DO SEGURADOR RURAL

Dados apresentados pelo ANASPS – Associação Nacional de Servidores


Públicos da Previdência e da Seguridade Social – só no primeiro trimestre de 2022,
o INSS negou cerca de 1,4 milhões de pedidos de benefícios, este estudo foi
realizado pelo BEPS – Boletim Estatístico da Previdência Social.
O estudo aponta ainda que, entre 20212 a 2018 o número de indeferimento
eram de 3,4 milhões por ano. No ano de 2019, o número aumentou

29
FERREIRA DA SILVA, KELLE EDIANEUBI; JÚNIOR, José Ferreira. Aposentadoria por idade do
segurado especial: principais requisitos para a concessão do benefício. 2022.
15

consideravelmente para 4,4 milhões de negativas por ano, dados que se


demonstram alarmantes para quem deseja obter um deferimento em seu benefício.
E o número 1° na lista dos motivos dos indeferimentos é justamente a falta de
comprovação documental. Percebemos o quão negativos são esses números, visto
que, além da negativa, é necessário ainda recorrer no poder judiciário, o que leva
ainda mais burocracia ao trabalhador rural.
Indos mais além, também existem as provas testemunhais. Tais provas se
unem aos documentos apresentados, quando estes não geram a confiabilidade em
face a Autarquia Federa e que obviamente, sozinhas, não são suficientes para a
comprovação da pretensão, como bem nos apresenta a sumula 149 do STJ: “A
prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola,
para efeito da obtenção de benefício previdenciário”. 30
Nos relatos de GOUVEIA, em pouquíssimos casos bem específicos são
aceitas provas exclusivamente testemunhais, por serem, nessa situação as únicas
provas existentes que os trabalhadores rurais obtiveram, segue a análise: 31

Assim, em casos específicos, tem se admitido a prova testemunhal para


comprovar a atividade rural, mesmo sem documentos, pois em muitas
vezes, as únicas provas que o trabalhador tem são as marcas do tempo e
os calos nas mãos. Neste sentido existem julgados em que se admitiu prova
exclusivamente testemunhal para comprovação do exercício da atividade
rural tendo em vista a precariedade das condições da vida do trabalhador
rural. Esse posicionamento é especifico, ou seja, é preciso analisar cada
caso concreto.

Os Tribunais tem aceitado as provas exclusivamente em alguns casos como


observamos nos julgados a seguir:

PROVA TESTEMUNHAL – REQUISITOS PREENCHIDOS – BENEFÍCIO –


CONCESSÃO – Previdenciário. Trabalhador rural como boia-fria. Razoável

30
DE 24 DE JULHO DE 1991. Brasília – DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 02, junho de 2019 ______.
SÚMULA 149, STJ. DE 13 DE DEZEMBRO DE 1995. Brasília – DF. Disponível em: <
http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/Trib_Sup/STJ/SUM_STJ.html>. Acesso em: 02, junho de 2019.
31
GOUVEIA, Carlos Alberto Vieira de; CARDOSO, Paula Regina. A dificuldade do trabalhador rural
em comprovar a sua condição de rurícola para a concessão de aposentadoria. In: Âmbito Jurídico,
Rio Grande, XX, n. 162, jul 2017. Disponível
em:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19105 &revista
caderno=20>.23/08/2022.
16

início de prova material corroborado pela prova testemunhal. Qualidade de


segurado especial comprovada. Aposentadoria rural por idade. Requisitos
preenchidos. Concessão do benefício. Tutela antecipada. Requisitos. 1.
Cuidando-se de trabalhador rural que desenvolve atividade na qualidade de
boia-fria, deve o pedido ser analisado e interpretado de maneira sui generis,
uma vez que a jurisprudência tem se manifestado no sentido de acolher, em
tal situação, a prova exclusivamente testemunhal (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). 2. O comando legal determina início de prova
material do exercício de atividades agrícolas e não prova plena (ou
completa) de todo o período alegado, pois a interpretação aplicável, quanto
ao ônus da prova, não pode ser aquela com sentido inviabilizador,
desconectado da realidade social. 3. A contemporaneidade entre a prova
documental e o período de labor rural equivalente à carência não é
exigência legal, de forma que podem ser aceitos documentos que não
correspondam precisamente ao intervalo necessário a comprovar.
Precedentes do STJ. 4. Aplicável a regra de transição contida no art. 142 da
Lei nº 8.213/1991 aos filiados ao RGPS antes de 24.07.1991, desnecessária
a manutenção da qualidade de segurado na data da Lei nº 8.213/1991. 5.
Restando comprovado nos autos o requisito etário e o exercício da atividade
laborativa rural no período de carência, há de ser concedida a
aposentadoria por idade rural, à parte autora, a contar do requerimento
administrativo, nos termos da Lei nº 8.213/1991, desimportando se depois
disso houve perda da qualidade de segurada (art. 102, § 1º, da LB). 6.
Atendidos os pressupostos do art. 273 do CPC – a verossimilhança do
direito alegado e o fundado receio de dano irreparável –, é de ser mantida a
antecipação da tutela anteriormente concedida (TRF 4ª R. – AC 0012516-
59.2012.404.9999/PR – 6ª T. – Rel. Des. Fed. João Batista Pinto Silveira –
14.01.2013) RST+287+2013+maio+237+07/0042596-9v102 DJe (grifo
nosso). TRF 4ª R. – AC 0012516-59.2012.404.9999/PR – 6ª T. – Rel. Des.
Fed. João Batista Pinto Silveira – DJe14.01.2013.

Apresentando um pouco de alivio aos futuros beneficiários, o poder judiciário,


ao longo dos anos tem aceitado alguns documentos comprobatórios que
apresentem em seu contexto indícios de suas atividades agrícolas. Nelas devem
conter, por exemplo, profissão como “lavrador” ou “trabalhador rural”. Tais
documentos precisam de testemunha para atestar sua eficácia:
Contudo, há ressalvas quanto a aceitação desses documentos, visto que os
mesmos deverão ser elaborados no mesmo ano em que forma habilitados confirme
seu exercício, de forma nenhuma será aceito documentos em copias após o ano
sugerido. 32

32
CONTAG. Quase 60% dos assalariados rurais não têm carteira assinada. Brasília – DF, 24 de
outubro de 2014. Disponível em: <https://canalrural.uol.com.br/noticias/quase-dosassalariadosrurais-
não-tem-carteira assinada-diz-pesquisa-contag-7716/>. Acesso em: 20/08/2022.
17

Olha o que nos apresenta a Sumula do 34 da TNU (Turma Nacional da


Unificação): "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova
material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar".
Diante os fatos inferimos que, além da vasta lista documental que os leigos
precisam obter, tais provas ainda necessitam estar conforme o ano dos fatos
descritos pelo trabalhador, sendo negado qualquer cópia que tenha sido obtida em
ano diferente, revelando mais um grande obstáculo na concessão do benefício
almejado.

4. ERRADICAÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL PRA FINS DE


FACILITAÇÃO DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO RURAL

Quando analisamos todo o contexto da evolução legislativa de todo processo


legislativo previdenciário rural, percebemos o quão árduo foi cada processo de
direito alcançado, pelo próprio cenário, anos se passaram até se concretizar as
normas previdenciárias rurais em nossa Constituição Cidadã.
Como os próprios gráficos supracitados, os números ali representados são
alarmantes, e nos demonstram o qual longe está o setor rural do setor urbano, não
apenas em estrutura organizacional, como também em meios de provar sua
qualidade como segurador. 33
Os nossos legisladores, para fins de comprovação poderiam criar mecanismo
que facilitasse o acesso aos direitos previdenciários rurais, documentos além dos
previstos taxativamente na legislação, no qual comportem ligação com suas funções
rurais.
Nas palavras de MARTINEZ: 34

Diante da precária organização empresarial e contábil do meio rural, era


dever do legislador ordinário comtemplar facilidades para os beneficiários
rurais comprovarem o tempo de serviço e, assim, poderem usufruir da

33
BAARS, Renata. Conceito de Segurado Especial. Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/areas-
daconle/tema15/2013_11213.pdf. Acesso 28/08/2022.
34
SERAU JUNIOR, Marco Aurélio. Curso de processo judicial previdenciário. São Paulo: Método,
2014.
18

aposentadoria por tempo de serviço’’ (apud Marco Aurélio Serau Junior,


2014, p. 247).

Outro fator existente está no fato de que parte da população brasileira se


encontra na extrema pobreza, vivendo com valores abaixo do salário mínimo, e
esses residentes se encontram na zona rural. Logo, com essa ausência estatal, os
serviços básicos de saúde e educação também se fazem ausentes, com isso
tornando essa população sem o mínimo de dignidade o que os torna hiper
vulneráveis, sem qualquer acesso à informação básica. 35
Essa vulnerabilidade, deixa a população à mercê de qualquer informação
previdenciária, logo sem informação, não há como se preparar adequadamente ao
longo de sua jornada o que mais uma vez será um obstáculo em sua futura
pretensão previdenciária.
Nesse raciocínio, o legislador deveria ter um olhar mais atento a documentos
específicos, no qual não estão dispostos em lei, porém tem toda força para
demonstrar que o trabalhador, naquele momento especifico de sua história, de fato,
era um segurado especial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fazermos todo um apanhado histórico, observamos que mesmo com todo


aparato legislativo existente, mudança se fazem necessárias para a comprovação do
trabalho agrícola. Tais exigências precisam estar ligadas a realidade destes
camponeses.
Neste momento cabe uma presença maior do Estado no que tange as
políticas públicas para afetar diretamente a qualidade de vida de cada trabalhador
agrícola. Na mesma medida, uma maior fiscalização por parte INSS na análise das
provas, buscando maiores auxílios para serem concernentes coma realidade rural.
E quando toda essa parte falha, faz necessário a atuação do Poder Judiciário,
para tentar equilibrar essa relação, visto que o trabalhador é a parte mais fraca
35
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade (da Pessoa) Humana, Mínimo Existencial e Justiça
Constitucional: Algumas aproximações e alguns desafios. Florianópolis: Revista do CEJUR/TJSC:
Prestação Jurisdicional, v.1, n. 01, 29-44, 2013.
19

nessa medida e na maioria das demandas o magistrado para resolver esses


conflitos.
A mudança dessa triste realidade nos apresentará resultados mais que
positivos para criar novos mecanismo de concessão dos benefícios, fornecendo a
esses desamparados pelo poder Estado, uma nova forma de inclusão desses
indivíduos em um patamar de desenvolvimento como próprio ser humano.
Por fim, e o mais importante, a valorização da dignidade da humana,
diretamente associada ao ideal de solidariedade, principalmente porque os agrícolas
também necessitam de todos benefícios e facilidades que todo o restante da
população, dando amparo e um pouco mais de esperança que nunca obtiveram ao
longo de suas vidas fragilizadas.

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