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APRESENTAÇÃO

O Estágio apresentado, foi desenvolvido........................................, o


bairro é originário de uma ocupação desordenada, onde a violência na
comunidade está relacionada a falta e baixa escolarização entre os moradores,
necessitando de infraestrutura e da ação efetiva dos poderes públicos.

O estágio supervisionado é o primeiro contato com o exercício


profissional e é fundamental para a formação dos futuros assistentes sociais.
Esta análise apresenta uma vivência no campo de estágio em Serviço Social,
proporcionando algumas reflexões do cotidiano técnico, além de demonstrar
claramente a articulação entre teoria e a prática profissional.

A pobreza e a falta de empregos são questões sociais que


preocupam a sociedade moderna, observamos pessoas trabalhando na
informalidade ou em busca de ajuda nas instituições de apoio
como forma de amenizar a situação de penúria na qual se
encontram, onde a imensa maioria da população vive na situação
de pobreza e não tem acesso as riquezas produzidas com sua força de
trabalho.

Netto (2007, p. 139) exemplifica essa questão ao citar que, no Brasil


“os mais ricos se apropriam de uma renda quase 66 vezes maior
que os mais pobres”. Essa distribuição inadequada de renda é
característica do sistema capitalista de produção que possui disparidades
que afetam toda a sociedade, seja no meio rural como no urbano,
envolvendo homens, mulheres e crianças.

Assim, uma das formas dos sujeitos terem acesso aos itens
básicos é por meio dos recursos adquiridos pela sua força de
trabalho por meio da relação de emprego que é garantida na
Constituição Federal em seu artigo 6º, ao destacar que, “são direitos
sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”(BRASIL,
1988).

Dentre todos os atendimentos realizados diariamente no CRAS,


uma média de cinco pessoas solicita a inclusão no serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família (PAIF) para o recebimento de benefícios
eventuais (cestas básicas), muitos estão doentes ou desempregados.
Considerando essa demanda, os assistentes sociais realizam um
cadastro, são realizadas visitas domiciliares para conhecer a realidade
socioeconômica das família s e definir a respeito da entrega das
cestas.

No entanto, a incapacidade de acolher todas as solicitações cria, no trato


desses benefícios, uma relação perversa e desumana entre o profissional e o
usuário, muito longe de uma relação cidadã, quando se delega ao profissional,
diante da negligência e omissão do poder público, “escolher ou selecionar” as
situações de desproteções mais miseráveis a ser atendidas dentre tantas
necessidades apresentadas.

Destaca-se que a entrega destas cestas não ocorre todos os


meses, trata-se de uma ação eventual como uma forma de amenizar a
situação da família. É necessário observar que o benefício eventual de cesta
básica é uma atitude paliativa, cumpre apenas com a função de amenizar o
sofrimento do cidadão que se encontra desempregado, entretanto, não
representa uma resposta efetiva por parte do Estado na garantia e
acesso a direitos socioassistenciais. Observando a forma complexa
como a demanda se apresenta, a concessão das cestas básicas é
uma estratégia para aliviar as adversidades mínimas vividas pelo cidadão.

O benefício eventual de entrega de cesta básica baseia-se na


perspectiva de que a alimentação representa o indispensável para a
sobrevivência humana.

Nesse contexto, a escolha desta temática como análise tem


origem no cotidiano do estágio supervisionado em Serviço Social no
CRAS – Porto, no município de São Mateus, Estado do Espírito Santo,
onde se observa uma situação preocupante quanto ao grande
número de pessoas (jovens, adultos, homens e mulheres) que
buscam benefícios eventuais como a aquisição de cestas básicas
tendo como justificativa a falta de recursos para compra de alimentos, onde
o benefício eventual de cesta básica propõe o mínimo para o
cidadão, caso este não seja acompanhado ou encaminhado aos
serviços assistenciais complementares faz com que o caráter eventual
deste benefício seja mal compreendido.

É importante que o benefício eventual de doação de cestas


básicas não sirva para camuflar a violação de direitos da qual o
cidadão está passando no momento , apoiando-os na condição de
benefício ocasional, mas que , por vezes, se torna constante e
duradouro. Assim, devem-se desenvolver as ações que possam
contribuir para o processo de emancipação social dos sujeitos e
para a sua autonomia em um trabalho conjunto com a Secretária
Municipal de Assistência Social que busque a reinserção deste profissional
ao mercado de trabalho.

Observa-se que os aspectos positivos do programa de benefício


eventual não são claramente perceptíveis, pois não há resultados práticos
que demonstram que a entrega de cestas básicas e a inclusão
destas famílias nas políticas de assistência, como as de transferências
de renda, mudem significativamente a vida das pessoas.

Diante disso nos questionamos quanto ao benefício eventual de cesta


básica: - é mesmo um benefício eventual, já que a alimentação é uma
necessidade contínua, não podendo ser considerada como uma necessidade
eventual, pois em sua maioria são sempre as mesmas famílias que solicitam a
cesta básica no CRAS. Desta forma, lidar com uma necessidade permanente
como se fosse esporádica é uma forma de eximir o Estado de suas
responsabilidades. Bovolenta (2017) deixa claro que devemos conhecer estas
diferenças:
Vale a pena pontuar que uma situação de vulnerabilidade social é diferente
A de uma situação de vulnerabilidade temporária, associando a primeira com
a ideia de condição e a segunda como um evento, um fato. (…). Mesmo
concessão porque o enfrentamento e a superação da situação de vulnerabilidade social
precisam contar com um campo de proteção social mais amplo e estruturado,
de composto por bens e serviços materializados por meio dos programas,
projetos, benefícios e equipamentos das várias políticas públicas.
benefícios eventuais aos desempregados que buscam auxílio no
CRAS é um importante instrumento de inclusão social e amenização
do sofrimento, no entanto, suas características assistencialistas
contribuem para que muitas famílias se tornem dependentes destas doações,
em uma política de assistência pautada pela benesse e o
clientelismo, muitas das vezes se tornando como uma ferramenta eleitoral dos
governos e como moeda eleitoral para os políticos.

O CRAS é um campo de estágio com uma perspectiva diferenciada de


atuação profissional no atendimento aos usuários, o que me possibilitou
atividades conjuntas com a supervisora de campo. O compromisso com o
projeto ético-político da profissão sempre esteve presente nas intervenções da
supervisora de campo. Suas ações foram guiadas explicitamente por uma
vasta e rica bagagem teórica e metodológica baseada no método crítico
dialético.

Enfim, constatei que o estágio é um campo privilegiado para a


apreensão das diversas dimensões da profissão e, especialmente, para a
identificação de suas implicações. Além disso, o estágio tende a favorecer o
aluno quanto à percepção crítica da realidade – suas contradições, limites e
potencialidades” (ORTIZ, 2010, p.121) e, como afirma Ortiz (2010), é essencial
pensar o estágio curricular obrigatório como parte fundamental da formação
profissional e não como uma atividade extracurricular.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm.
IBGE. Síntese dos indicadores sociais : uma análise das condições
de vida da população brasileira 2010. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica.
NETTO, José Paulo. Desigualdade, pobreza e Serviço Social; in Revista:
Em Pauta , n. 19. FSS-UERJ, Rio de Janeiro, Editora Revan, 2007.
SANTOS, J. S. Questão Social – Particularidades no Brasil – Vol .
6. São Paulo: Cortez, 2012.
IAMAMOTO, M. O serviço social na contem poraneidade: trabalho e formação
profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

BOVOLENTA, Gisele Aparecida. Cesta básica e assistência social: notas de uma


antiga relação Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 130, p. 507-525, set./dez. 2017.

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