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Fichamento:

SODRÉ, Muniz. O fascismo da cor: uma radiografia do racismo nacional. Petrópolis:


Vozes, 2023.

Prólogo: Homo americanos


 Racismo hoje não pode mais ser visto como uma questão inserida dentro de um
macrocosmo decolonial, na verdade ele é um dos problemas centrais.
 Formação da nação americana
Liberdade é a palavra-chave do universalismo liberal americano. Esses
brados, que não incluíam os escravos, ressoariam nos “acordos míticos da
memória” – ou seja, a memória como acordo entre passado e presente,
portanto, como horizonte do futuro – fontes de unidade e coesão interna. (p.
10)
No movimento fundacional, a nação resultava da aliança militar e federativa
dos estados, não de um pacto democrático da cidadania diversa. (p. 10)
 Tanto na Europa quanto no Brasil os negros não estavam incluídos nos planos de
emancipação.
Também no Brasil oitocentista se dizia que o país era “escravo” de
Portugal e que a liberdade viria com a independência, mas essa
retórica repelia a ideia de libertação dos reais escravos. (p. 11)
 EUA – centro do mundo, primazia violenta que se impõe sobre outros países.
 Guerra X estado moderno (p. 13)
(...) a guerra permanente é a dimensão paranoica de um poder que,
fascinado pelo próprio mito de origem, faz da violência a sua regra –
combinada à dimensão perversa de um paradigma de uniformidade e
igualdade, assegurado economicamente pelo capital, politicamente
pela República e psicossocialmente por um desejo espacial de
uniformidade, inclusive caracteriológica, implicada na medição
“científica” do sangue por ladrões de raça. (p. 14)
 Negação do outro pela pulsão da morte (p. 14)
 Dimensão religiosa – Deus vingativo, negro ser inferior
 Liberdade X igualdade
(...)característica política desse país (EUA), que é a de tomar a
igualdade como princípio prático entronizado pela Constituição, em
que o primado da lei se confunde com o da liberdade. Desse princípio
prático decorreria (...) a escravidão, mas também, pode-se acrescentar,
a desigualdade estrutural. (p. 18)

(...) a igualdade, enquanto regime de existência coletiva num


determinado tempo histórico – a afirmação de que “somos iguais” –
depende de uma política de emancipação para se tornar real. (p. 19)

 Do princípio da igualdade resulta a escravidão e a desigualdade estrutural.


Na falta de uma política emancipatória, o jogo civil das afirmações
desiguais de liberdade acaba deixando a descoberto que alguns
cidadãos são mais livres e iguais do que outros – inexiste democracia
moderna se existem cidadãos de segunda classe. (p. 20)
 A partir da afirmação acima, fico pensando se, no Brasil, há uma democracia
haja vista que no interior do país, escondido pelo frenesi dos grandes centros,
existem pessoas que tem sua condição de cidadão e sua dignidade usurpadas.
 Talvez seja possível questionar que democracia é essa em que o sentido literal
não corresponde de fato a realidade.
 Bourdieu X Benedict Anderson
O racismo é (...) central na vida política e social da América, como
pilar de sustentação – à imagem de um edifício “cimentado” pela
consciência antinegra – e consagração da etnia que se proclama
“original” e que acredita numa civilização “hereditária”, assegurada
pelas leis de um Deus branco, como no Pentateuco, e pela história de
conquistas armadas. (p. 21)
 A igreja serve (e serviu) como transmissora dos discursos dominantes que
fundam e perpetuam a ideia de nação hegemônica. Os elementos que se utilizam
para caracterizar uma nação única, sustentam uma ideologia racista.
 Lógica do extermínio do Outro (p. 21)
 Sistemas de inscrição do leucon / leucocracia
 o saber que descreve
 o poder que prescreve
 as massas que transcrevem
O outro não é “um de nós”, mas é alguma coisa – negros, hispanos,
etc... – desde que mantida a distância física e hierárquica. (p. 22)
Não é, portanto, apenas reconhecimento do outro como um igual, e
sim como um diferente aceitável em sua imprevisibilidade individual
e grupal. Democracia implica sistema aberto e, em princípio, mais
frágil, por necessariamente comportar pluralismo e “conflitualidade”,
logo, a indeterminação de posições. (p. 25)
 Nem a eleição de um presidente negro, Obama, faz com que a estrutura do país,
organizada em castas raciais, seja modificada.
 Casta – pag. 31
A cor da pele é o índice imediato para o ato discriminatório, mas não se trata
apenas de fenótipos e sim de genótipos, portanto, de raça, apesar da prova
biológica em contrário. (...) o racismo americano é epidérmico e subdérmico. (p.
34/35)
 Não só a cor da pele, mas também o sangue caracteriza a raça como elemento
distintivo nos EUA. Assim, basta uma gota de sangue negro para que a diferença
racial esteja caracterizada.

Cap. 1 – O nacional brasileiro


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