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Angela de Castro Gomes, diz logo no começo de seu texto: “o Brasil não
é isso. É isto”, ou seja, não é formado somente por: parlamentares,
corruptos, oligarcas, ministros, presidentes, diplomatas, massas
inconscientes e sim por uma outra população. O verdadeiro Brasil é o
povo pensante, consciente onde a força é renovada a cada dia em busca
de um país melhor ou mais digno.
Rui Barbosa foi quem nos introduziu uma reflexão sobre as venturas e
desventuras da moderna política brasileira republicana e pós-
abolicionista em 1919. Buscou se candidatar duas vezes à presidência,
porém foi derrotado nas duas circunstâncias. Era como o personagem
literário Dom Quixote criticado e amado. Lutava por seus sonhos
utópicos em que acreditava. Rui é um grande representante da República
independente de suas vitórias ou derrotas.
Essa ambiguidade entre o público e privado não pode e nem deveria ser
desfeita, devido a valores de nossa formação nacional. Desde o Brasil
colônia nosso desenvolvimento vem ‘graças’ a política agrária. Somos um
grande latifúndio. O ruralismo e o escravismo, nossa tradição, são
responsáveis pela centralização do poder na família e na autoridade
pessoal do grande proprietário, comprovando o domínio rural. Com isso
dificultou o desenvolvimento de atividades comerciais e industriais. A
vida na grande família era a base e origem do caudilhismo. Somente um
Estado conhecedor da realidade nacional e orientado por procedimentos
racionais-burocráticos poderia neutralizar o caudilhismo e o
artificialismo jurídico que se relaciona com nossas tradições históricas.
Portanto, a modernização política do país não deveria ser planejada com
fins de divisões maniqueístas.
INTRODUÇÃO
"O Brasil não é isso. É isto. O Brasil, senhores, sois vós. O Brasil é esta
assembléia. O Brasil é este comício imenso de almas livres. Não são os
comensais do erário. Não são as ratazanas do Tesouro. Não são os
mercadores do Parlamento. Não são os sanguessugas da riqueza pública.
Não são os falsificadores de eleições. Não são compradores de jornais.
Não são os corruptos do sistema republicano. Não são os oligarcas
estaduais. Não são os ministros de tarraxa. Não são os presidentes de
palha. Não são os publicistas de aluguel. Não são os estadistas de
impostura. Não são os diplomas de marca estrangeira. São as células
ativas da vida nacional. É a multidão que não adula, não teme, não corre,
não recua, não deserta, não se vende. Não é a massa inconsciente, que
oscila da servidão à desordem, mas a coesão orgânica das unidades
pensantes, o oceano das consciências, a mole das vagas humanas, onde
a Providência acumula reservas inesgotáveis de color, de força e de luz
para a renovação de nossas energias. É o povo, num desses movimentos
seus, em que se descobre toda a sua majestade." ( GOMES, 1998, p. 490)
"As duas figuras, ao mesmo tempo que sinalizam para as tensões entre
público e privado, investem na busca de uma espécie de equilíbrio
possível entre eles. Pinheiro, por reconhecer o risco da radical
descentralização e especializar-se no trabalho de articulação entre elites
oligárquicas, tão imprescindíveis quanto ameaçadoras para uma política
nacional; Rui, por conformar seu liberalismo às condições da terra e
denunciar a corrupção e a inépcia vigentes no espaço público, que
desejava dominante e sem vícios." (GOMES, 1998, p. 502)
Ângela de Castro Gomes, inicia o terceiro capítulo, não por acaso dando
ênfase a palavra "solução", via "corporativismo" e "presidencialismo",
que anulam atores intermediários do diálogo entre o povo e o Estado.
Para concluir a análise deste quarto capítulo, para Ângela de Castro, pela
primeira vez surge uma política paradoxal no Brasil no pós 1930, onde o
chefe de Estado como materialização do poder público apoiado pelo povo
se exercerá na própria negação da cidadania política, expressa pelas
eleições. E que irá afastando tanto as pretensões Democráticas Liberais,
como também irá acentuando a autonomia das oligarquias caudilhescas,
ou seja, definitivamente a representação simbólica na personificação
mítica de Getúlio Vargas constitui – se em si, como modernidade e
tradição, autoridade e diálogo, onde tanto público quanto privado são
reconfigurados comonovos quadros destecontexto singular em nossa
política nacional.
" Como era "povo e patriciado", podia ser representado, e o era, com
extrema ambigüidade, tanto porque reunia esses dois pólos como porque
reunia as ambigüidades características de cada um deles. Público e
privado unidos, maximizados, Dessa forma, Vargas era matreiro,
desconfiado, inteligente e onisciente; era sério, mas vivia sorrindo; era
honesto e desonesto e desonesto; carinhoso e violento; ditador e até
democrata." (GOMES, 1998, 536)
Conclusão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA