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O período que mediou entre duas guerras foi caracterizado pelo avanço e ascensão ao
poder das forças conservadoras de direita, radicalmente contrárias à democracia parlamentar,
que acusavam de ser a grande causa da agitação social e do caos económico provocados pela
livre atuação dos partidos socialistas, conforme estudámos na unidade 1 deste Módulo.
Por regimes totalitários devemos entender os regimes políticos que, reagindo contra
os valores do liberalismo triunfante no século XVIII e contra o carácter universal e
pluripartidário das democracias de inícios do século XX, que resultaram desse liberalismo,
entendem o Estado como um valor absoluto ao qual se devem subordinar todos os interesses
individuais. Neste sentido, é ao Estado que compete tutelar todas as manifestações da vida
política e social, que passam a ser subordinadas a uma única orientação ideológica- a ideologia
do partido único.
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O socialismo e o comunismo, porque assentam na luta de classes que conduz a
divisões e enfraquecimento do corpo social; propõem formas de poder em que a
maioria de indigentes nascidos para obedecer se sobrepõe às elites nascidas para
governar; com a sua política de internacionalização contrariam a coesão e a afirmação
nacional;
O liberalismo económico por privilegiar os interesses individuais contra os interesses
do Estado.
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A formação e o desenvolvimento de um homem novo, viril, apto para o comando,
duro para si próprio e para os seus subordinados. As suas grandes características
deveriam ser a coragem, o espírito crítico, deve ser formado para acreditar, obedecer
e combater. O Homem ideal é o autómato, desprovido de sensibilidade e de qualquer
sentido humanitário, capaz de executar, sem discussão, todas as ordens que recebe.
Na sociedade nazi-fascistas, a mulher é desprezada e considerada cidadã de segunda,
limitada à cozinha, à educação dos filhos e aos assuntos religiosos.
AS PRÁTICAS NAZI-FASCISTAS
A encenação da força
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A propaganda
A repressão da inteligência
Começava logo nos primeiros anos com a integração das crianças em organizações
onde era ministrada uma educação tendo em vista a formação de fiéis e submissos servidores
do partido e do Estado. Tratava-se de organizações com carácter militarista onde imperava a
ordem e a disciplina. Na Itália, depois de passarem por sucessivos escalões de formação, os
jovens do sexo masculino integravam, a partir dos 18 anos, as Juventudes Fascistas. Na
Alemanha, aos 14 anos, entravam nas Juventudes Hitlerianas. Nesta altura, e depois de uma
forte inculcação de valores nacionalistas e anticomunistas, através de programas de ensino
rigorosamente vigiados e por professores subservientes ao regime, constituíam importantes
instrumentos de divulgação da ideologia totalitária, de vigilância e de repressão da oposição.
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Para ter uma vida livre de suspeitas e de perseguições, a população devia enquadrar-se
nos instrumentos de arregimentação, que passavam pela filiação no partido nacional-fascista,
na Itália, e nacional-socialista, na Alemanha, condição indispensável para o exercício do mais
baixo posto da função pública. Os trabalhadores tinham de se inscrever obrigatoriamente nas
organizações corporativas propostas pelo regime (a Frente de Trabalho Nacional-Socialista, na
Alemanha; as Corporações, na Itália), pois os sindicatos livres foram proibidos.
Nem a ocupação dos tempos livres escapava ao controlo do regime. Para o efeito
foram criadas instituições nacionais que organizavam diversas atividades de carácter cultural e
recreativo, nas quais os trabalhadores tinham o dever patriótico de participar (o Dopolavoro –
Depois do Trabalho -, na Itália; o Kraft durch Freude – Força com Akegria -, Alemanha).
O CORPORATIVISMO ITALIANO
Na Itália, este quadro legal era definido pela Lei sobre as Corporações, de 1926, e pela
Carta do Trabalho, de 1927, onde:
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Na prática, o que resultava desta organização corporativa, e era este o seu objetivo
político, era a subordinação do trabalho ao capital, pois os trabalhadores não eram defendidos
por verdadeiros representantes por eles escolhidos, mas por funcionários do partido nacional,
protegidos e apoiados pelo patronato, com cujos interesses se identificavam.
Foi na Alemanha que o culto da violência e a negação dos direitos humanos tiveram
maior expressão, pelo carácter militarista e racista que o regime adotou e pelas suas
repercussões na evolução política da Europa.
A eugenia nazi
O primeiro objetivo do nazismo deveria ser a purificação da raça ariana pela seleção
dos seus membros mais genuínos e eliminação dos impuros.
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O antissemitismo
O passo seguinte da política racista alemã era preservar a pureza da raça pela
eliminação das raças inferiores que a contaminavam. Entre todas, a mais inferior era
constituída pelos judeus, que acusavam de serem os causadores de todos os males da
sociedade. Por conseguinte, fizeram do seu extermínio um dos grandes objetivos políticos.
Numa primeira fase, os judeus foram segregados, boicotados, excluídos dos serviços
públicos.
Numa segunda fase, surgiram as primeiras investidas contra as suas pessoas e bens,
com destruições programadas dos seus locais de culto e de atividade económica,
intensificando-se a sua segregação com o seu encerramento em guetos e identificação através
do uso obrigatório e vexatório da estrela de David.
Numa terceira fase, com o começa da Segunda Guerra Mundial, os judeus foram
submetidos às mais humilhantes condições de trabalho e, finalmente, a um extermínio
cientificamente preparado, que se traduziu no genocídio de milhões de homens, mulheres e
crianças nos campos de concentração.
O militarismo
A incorporação de todos os alemães numa só Pátria, num só Povo e num só Chefe (ein
Reich, ein Volk, ein Fϋhrer) constituiu uma das grandes bandeiras da propaganda nazi. O
alargamento do espaço vital alemão, tendo em vista a restauração de uma Grande Alemanha
(Terceiro Reich), passava pela integração de todas as minorias alemãs espalhadas pela Europa
Central e de Leste. Para isso, era necessário empreender uma política de anexação militar dos
territórios perdidos com a derrota na Primeira Guerra, nem que para isso tivessem de rasgar
todos os tratados impostos ou acordados.
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Na Itália
Na Alemanha
Hitler não divergiu substancialmente das políticas económicas adotadas por Mussolini.
Tornar a Alemanha independente dos empréstimos estrangeiros pelo relançamento da
economia e, ao mesmo tempo, resolver o problema de 6 milhões de desempregados foram a
bandeira da propaganda que levou os nazis ao poder em 1933. Para o conseguir, Hitler levou a
cabo uma política de grandes obras públicas, como a construção de autoestradas e outras vias
de comunicação e desenvolvimento dos setores automóvel, aeronáutico, químico, siderúrgico
e da energia elétrica.
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O ESTALINISMO
Após a morte de Lenine, em 1924, ganham proeminência, na luta pela sucessão, dois
destacados membros da Direção do Partido Comunista. Trotsky, líder carismático da revolução
bolchevique, tinha conduzido o Exército Vermelho à vitória na guerra civil e desfrutava de
elevado prestígio entre os militares e no meio operário e sindical. Estaline, Comissário do Povo
para as Nacionalidades, fora o grande apaziguador das tensões nacionalistas, o construtor da
União Soviética, e era, desde 1922, o secretário-geral do partido.
Das duas estratégias propostas para os destinos políticos do Estado soviético, venceu a
tese de Estaline, que defendia que era necessário consolidar a revolução primeiro na URSS e só
depois partir para a sua internacionalização. Era a tese da revolução num só país, contra a tese
trotskista da revolução permanente e universal.
Até 1953, ano da sua morte, toda a sua ação política é norteada por dois grandes
objetivos: a construção irreversível da sociedade socialista e a transformação da URSS numa
grande potência mundial. A coletivização e planificação da economia e a instauração de um
Estado totalitário são as estratégias adotadas para atingir esses objetivos.
A oposição a este processo por parte dos kulaks e dos nepmen provocou a repressão
em massa da população, de que resultaram milhões de mortos e deportados para campos de
trabalho forçado em mais uma manifestação de força e autoridade do centralismo
democrático estalinista.
Eliminada a propriedade privada dos meios de produção, o Estado soviético, seu único
detentor em representação dos trabalhadores, implanta uma rigorosa planificação da
economia, radicalmente contrária aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência que
regiam as relações económicas no Ocidente capitalista.
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A economia era integralmente dirigida e subordinada a planos fixados pelo Estado, que
impunham metas de produção a atingir para determinados períodos, bem como os setores
económicos a privilegiar.
A propriedade rural foi organizada segundo dois tipos de propriedades apoiadas por
grandes parques de máquinas do Estado, tendo em vista uma intensa mecanização da
agricultura:
A indústria foi o setor onde mais se fez sentir o rigor da planificação. Estaline projetou
o desenvolvimento industrial em sucessivos períodos de cinco anos – os planos quinquenais:
No primeiro plano, entre 1928 e 1932, deu prioridade absoluta à indústria pesada.
Pretendia proceder à criação dos sólidos fundamentos de futuros programas
industriais que garantissem a independência económica do país. Fomentou a
construção de grandes complexos siderúrgicos, hidroelétricos, fabris, de redes de
comunicações, exploração de matérias-primas e produção de alimentos;
Num segundo plano, de 1933 a 1937, o objetivo foi o desenvolvimento da indústria
ligeira e alimentar, de forma a proporcionar melhor qualidade de vidas às populações;
O terceiro plano, previsto para os cinco anos seguintes, visava o setor energético e as
indústrias químicas, mas foi interrompido em 1939 com o começo da Segunda Guerra
Mundial.
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O TOTALITARISMO ESTALINISTA
O velho império czarista era um imenso território que se estendia por vastas áreas
geográficas, onde coabitava uma diversidade muito grande de povos com identidades culturais
próprias e muito diferenciadas.
Ora, num país com estas características, só um poder central dotado de autoridade
ilimitada podia manter a unidade pretendida com a constituição da União das Repúblicas
Socialistas Sovieticas. Foi este o tipo de poder instituído por Estaline, a partir de 1924, do qual
já vimos algumas manifestações, a propósito da forma como foi concretizado o programa de
desenvolvimento económico.
Com efeito, com Estaline, o centralismo democrático evoluiu para a ditadura. Mas não
foi para a ditadura do proletariado, como propunham as teses marxistas, foi para a ditadura do
Partido Comunista, na pessoa do seu dirigente máximo e Presidente da República.
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Acresce agora saber que, também na URSS:
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