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Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 3

Síntese do Programa

INTRODUÇÃO:
O que é a Psicologia?

De que trata a Psicologia? A Psicologia é o estudo científico do comportamento e dos processos men-
O que estuda ela, ou seja, qual tais.
o objeto da sua investigação?

O que significa Significa que os psicólogos usam métodos bem organizados para descrever,
estudo científico? explicar e interpretar os factos psíquicos. Não se limitam a observar, acumular
e catalogar factos.

O que se entende Em sentido restrito, significa um conjunto de atos diretamente observáveis,


por comportamento? como falar alto, correr, corar, etc.

O que se entende São fenómenos ou factos que não são exteriormente observáveis, como o pen-
por processos mentais? samento e o raciocínio, os sonhos, a sensação e a perceção, os sentimentos,
as atitudes, etc.

Quais são os objetivos Os psicólogos procuram:


que os psicólogos perseguem 1. Descrever comportamentos e processos mentais com base na observação
ao estudar um determinado sistemática.
aspeto do comportamento 2. Explicar por que razão ocorrem tais comportamentos e processos mentais.
ou do funcionamento mental? 3. Predizer acontecimentos futuros com base em acontecimentos passados.
4. Modificar comportamentos e processos mentais de modo a torná-los mais
apropriados e adaptativos.
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A Psicologia estuda Sim. A Psicologia não é simplesmente o estudo dos comportamentos ditos
todo o tipo de comportamentos anormais e das desordens e perturbações psíquicas. Todos os tipos de com-
e de processos mentais? portamentos e de processos mentais interessam à investigação psicológica.

Só o comportamento Não. Estabelece ligação com outras ciências. As ciências com as quais a Psi-
e os processos mentais cologia tem uma relação especial são a Etologia, a Sociologia, a Biologia, a
dos seres humanos Medicina e a Antropologia.
interessam aos psicólogos?

Por que razão Porque:


é difícil fazer ciência 1. A explicação de um comportamento não se encontra num só fator, que seria,
do comportamento por exemplo, ou o fator educativo ou o fator genético. Muitas vezes é a forma
e dos processos como interpretamos as situações por nós vividas que decide o nosso modo de
mentais humanos? reagir e de ser. Isto quer dizer que há um fator subjetivo, pessoal, que faz
com que num mesmo contexto haja diferentes formas de comportamento.
2. Um mesmo comportamento pode ter várias explicações porque pode ser
estudado sob diferentes perspetivas (biológica, ambiental, psicanalítica,
sociocultural, cognitiva, humanista, etc.).

Por que razão se diz 1. Um longo passado de questões.


que a Psicologia é uma ciência Os «mistérios da mente» e os enigmas do comportamento humano desde bem
com um longo passado cedo despertaram interrogações: Qual a relação entre sono e sonhos? Já
e uma curta história? nascemos com determinadas capacidades ou é tudo resultado de experiência
e aprendizagem? Seremos, por natureza, conformistas e obedientes? O que
são as emoções?
Emancipada do estilo estritamente argumentativo que carateriza o método
filosófico, a Psicologia recebeu um longo legado de problemas suscitados
pela nossa natural curiosidade filosófica.
2. Uma curta história de tentativas de respostas a essas questões segundo
um método científico.
Só a partir de 1879 a Psicologia assume caraterísticas científicas. A investi-
gação basear-se-á na observação, no registo sistemático de dados e na expe-
rimentação, inicialmente em laboratório e depois também em ambiente eco-
lógico. Até então limitada às especulações dos filósofos, a Psicologia eman-
cipa-se e, adotando um método científico, torna-se uma ciência.
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TEMA 1

ANTES DE MIM
A genética,
o cérebro e a cultura

Capítulo 1 | A genética
O que é a genética? A genética é o estudo do modo como se dá a passagem de traços ou carate-
rísticas de uma geração para a seguinte.

O que é o genoma? O genoma é toda a informação genética contida no interior das células.

O que é a genética A genética comportamental é o estudo da influência dos genes no compor-


comportamental? tamento.

Quais são os mecanismos São os cromossomas, os genes e o ADN.


de transmissão hereditária?

O que são cromossomas? Os cromossomas são pequenos filamentos enrolados situados no interior dos
núcleos celulares, que contém as moléculas de ADN.

O que são genes? Os genes são segmentos de um cromossoma que codifica potencialmente
as caraterísticas físicas e psicológicas de um organismo. Cada cromossoma
contém milhares de genes.

O que é o ADN? O ADN é a molécula designada como ácido dexorribonucleico, que tem codi-
ficada todas as caraterísticas dos genes.

O que é A hereditariedade específica é a informação genética que assegura a trans-


a hereditariedade específica? missão das caraterísticas da espécie e que nos torna membros dessa espé-
cie. Nos humanos, há um conjunto de caraterísticas físicas, desde a estrutura
do esqueleto à forma e funcionamento dos órgãos, que partilhamos uns com
os outros.

O que é A hereditariedade individual é a informação genética que cada ser transporta


a hereditariedade individual? e o torna único dentro da sua espécie. O resultado dessas caraterísticas dá
origem à enorme diferenciação humana, em termos de cor de pele, forma do
corpo e cor dos olhos, além de uma potencial influência nas formas de apren-
der, na inteligência ou no temperamento de cada um de nós.
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O que se entende O genótipo é o conjunto das caraterísticas hereditárias, transmitidas pelos


por genótipo? progenitores. Faz parte do genótipo todo o património hereditário herdado
dos nossos pais.

O que se entende O fenótipo é o conjunto das caraterísticas físicas e psicológicas de um indi-


por fenótipo? víduo. O fenótipo é qualquer caraterística ou particularidade específica de
um determinado individuo. Isto significa que o fenótipo compreende o genó-
tipo, e o conjunto das influências e interações daquele com o meio.

Que problema subjaz à oposição O problema que subjaz a esta oposição é o do grau de influência da heredi-
entre préformismo e epigénese? tariedade e do meio no nosso comportamento.

Em que consiste É a teoria segundo a qual as caraterísticas de um ser já estão predefinidas e o


o preformismo? meio pouco participa na transcrição fenotípica, ou seja, no cumprimento do
programa genético. É como se, no momento da conceção, o organismo adulto
já estivesse em miniatura e nada mais se tratasse do que de uma ampliação
de estruturas preexistentes.

Em que consiste É a teoria que aceita que à partida somos um conjunto de potencialidades
a perspetiva epigenética? genéticas que se atualizarão dando origem a um certo fenótipo, mas rejeita que
na atualização dessas potencialidades seja automática ou que o meio seja
um simples veículo da passagem do genótipo ao fenótipo. Sobre essa base
biológica atua o meio (a educação do indivíduo pertencente a uma determinada
família e a uma dada cultura, as suas experiências e o modo como aprende
com elas, as suas ações, os seus hábitos alimentares, as doenças que contrai
e os acidentes que sofre). O genótipo é um conjunto de predisposições que
se manifestam em reação ao meio no qual o desenvolvimento se efetua. As
experiências, comportamento e condições de vida de um indivíduo condicio-
nam o fenótipo, a expressão real e observável do genótipo.

A que conclusões Os fatores genéticos são com toda a evidência importantes no nosso desenvol-
chegaram os estudiosos vimento. No entanto, se não houver condições favoráveis do meio, as potencia-
sobre a relação entre fatores lidades contidas nos genes não se desenvolverão por si só, autonomamente,
em comportamentos complexos, seja na motivação, seja na inteligência, seja
genéticos e ambientais?
no comportamento emocional. É verdade que muitas caraterísticas individuais
e da espécie são transportadas pelos genes. Mas não há sucesso genético
nem sobrevivência sem o meio.

O que são A filogénese é o conjunto de transformações biológicas que, ao longo do


a filogénese tempo, tornam possível que uma espécie surja e se diferencie de outras.
e a ontogénese? A ontogénese é o conjunto de processos biológicos associados ao desenvol-
vimento de um indivíduo de acordo com o seu programa genético.

O que se entende A neotenia é o processo evolutivo do qual resulta, nos seres humanos, uma
por neotenia? capacidade de aprendizagem que se prolonga por toda a vida. Traduz uma
«falta de acabamento» que prolonga o período de infância e de adolescência
e permite o desenvolvimento adequado das estruturas cerebrais complexas e
o desenvolvimento da inteligência. Exprime também uma enorme plasticidade
e flexibilidade do nosso património genético, que o torna aberto às influên-
cias culturais e ambientais. À letra, neotenia significa «manter a juventude».
A neotenia designa o retardamento ontogenético de uma espécie. É a reten-
ção, na idade adulta, de caraterísticas típicas da sua forma jovem, por isso
também se chama a este processo juvenilização.
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Caraterize Na idade adulta, além de algumas caraterísticas físicas, mantêm-se outas cara-
a juvenilização terísticas psicológicas juvenis, como a curiosidade, a socialização e o desejo
de cooperação.

O que significa Significa que somos biológica e fisiologicamente inacabados ao nascer e que
o inacabamento biológico o desenvolvimento se faz a um ritmo mais lento do que em outras espécies. No
da espécie humana? plano individual ou ontogenético, ou seja, no que toca ao desenvolvimento de
cada indivíduo da espécie humana, verifica-se, por exemplo, que o desenvolvi-
mento da estrutura e organização do cérebro leva mais tempo do que noutras
espécies próximas da nossa.

Esse inacabamento É vantajoso. A longa infância de cada ser humano é o que permite a progressiva
é prejudicial cerebralização e a consequente aquisição de competências para resolver pro-
ou relativamente vantajoso? blemas. O prolongamento da infância protege o ser humano e facilita a aprendi-
zagem. É preciso esperar para completar. A aprendizagem prevalecerá acentua-
damente sobre as respostas inatas, fazendo de cada um de nós um ser que, em
grande parte, se vai construir a si próprio na interação com os outros. Isso per-
mite ao ser humano, que, propriamente falando, não nasce adaptado à natureza
como os outros animais, ir conquistando a sua independência em relação
àquela. Dentro dos limites inscritos na nossa dimensão genética e biológica, o
nosso desenvolvimento não tem fronteiras.

O programa genético O ser humano tem um programa genético aberto porque este é constituído por
do ser humano um conjunto de genes que não determinam de forma absolutamente rígida ca-
é aberto ou fechado? raterísticas e comportamentos. O ser humano tem um programa genético in-
comparavelmente mais aberto do que qualquer outro animal. Daí o seu
inacabamento biológico.

O que são São comportamentos fortemente determinados por fatores genéticos e que
padrões fixos de ação? por isso são estereotipados ou repetitivos, ou seja, muito pouco variados.
Neste tipo de comportamentos, um conjunto de instruções genéticas controla
de forma muito rígida quase todos os aspetos do comportamento de um ser,
deixando pouco espaço para que as relações com o meio exerçam a sua influ-
ência.

O que significa dizer Significa dizer que, apesar da influência de fatores genéticos, somos programa-
que no ser humano dos para aprender. Há em nós um reduzido conjunto de comportamentos de base
quase não há instintiva e estereotipada porque temos a possibilidade de agir segundo normas
e padrões de comportamento aprendidos, de modificar as aprendizagens efe-
padrões fixos de ação?
tuadas.

O que nos torna humanos? Várias caraterísticas nos distinguem e nos tornam uma espécie especial:
O que nos distingue 1. A imensa capacidade de aprendizagem e de adaptação.
das outras espécies? 2. A adaptação cultural prevalece significativamente sobre a adaptação ge-
nética.
3. Só os seres humanos possuem cultura porque só eles possuem linguagem
abstrata.
4. Temos uma enorme capacidade de adaptação a diversos meios e uma im-
pressionante diversidade de comportamentos.
5. Somos seres dotados de uma curiosidade natural permanente.
6. Somos seres com um programa genético aberto e flexível.
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Capítulo 2 | O cérebro
O que é É um órgão extremamente complexo que faz parte de um sistema integrado e
o cérebro? interativo a que se chama sistema nervoso central e que o comanda. O cére-
bro coordena todas atividades motoras e cognitivas.

O que é É uma complexa rede de neurónios que percorre todo o organismo, constituída
o sistema nervoso? pelo sistema nervoso central, o sistema nervoso periférico e suas subdivisões.

O que é O sistema nervoso central é constituído pelo cérebro e pela medula espinal.
o sistema nervoso central? A evolução estabeleceu para estes órgãos especiais cuidados. O cérebro está
protegido por uma estrutura óssea, a caixa craniana, enquanto a medula espi-
nal espinal está alojada no interior da coluna vertebral.

O que são São células especializadas em receber e transmitir informação para outras
os neurónios? células do corpo. Os nerónios são também chamados células nervosas. Os feixes
de neurónios envolvidos por uma membrana são designados por nervos. Os
neurónios, em conjunto com as células glia ou gliais, são as unidades básicas
de todo o sistema nervoso. As primeiras recebem e enviam sinais eletroquímicos
de e para o cérebro. As segundas apoiam as funções dos neurónios.

Que componentes A estrutura de um neurónio é constituída por um corpo ou soma, um conjunto


integram a estrutura de pequenas fibras ou dendrites, que constituem os recetores dos sinais dos
de um neurónio? sentidos ou de outros neurónios, e um axónio, que não é mais do que um
prolongamento mais extenso e especializado que transmite os sinais às den-
drites e a outros neurónios.

O que são São pequenas fibras ou arborizações terminais dos neurónios com algumas
as dendrites? décimas de milímetro que recebem informação de outros neurónios ou dos
recetores sensoriais.

O que é É uma fibra extensa que transporta a informação da soma para os botões sináp-
um axónio? ticos terminais. A informação transmitida é constituída por cargas elétricas e
é chamada potencial de ação. Enquanto as dendrites são extremamente peque-
nas, há axónios, como os que ligam o cérebro à medula, que podem ter uma
extensão até 1 metro.

Como se ligam Os neurónios ligam-se entre si através das sinapses, formando uma gigantesca
os neurónios entre si? rede. Há quem diga que o comprimento dessa rede é semelhante à distância
da Terra à Lua. Nela circulam uma corrente elétrica de algumas milésimas de
volt, que constitui aquilo a que se chama o influxo nervoso.

O que são sinapses? São zonas microscópicas que ligam os neurónios entre si.

Como se processa Os axónios transmitem informação, terminando numa intumescência que entra
a transmissão em contacto com outros neurónios e outros órgãos. A sinapse propriamente dita
é toda a zona de contacto entre os neurónios, constituída pelo botão sináptico, a
da informação nervosa?
fenda sináptica e a membrana pós-sináptica. Através de um processo complexo,
a corrente elétrica é transformada numa mensagem química que passa através
dum intervalo designado fenda sináptica, propagando a mensagem para o próximo
neurónio. Neste processo, as vesículas sinápticas, presentes no botão sináptico,
desempenham um papel decisivo, uma vez que transportam alguns químicos ou
moléculas chamadas neurotransmissores, que, uma vez sujeitas ao impulso ner-
voso, passam do botão sináptico para as dendrites do neurónio seguinte.
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O que é A medula espinal é um espesso conjunto de fibras nervosas que, começando


a medula espinal? na base do cérebro, se estende ao longo de 40 cm pela coluna vertebral, seu
invólucro protetor. É a medula espinal que, através do sistema nervoso periférico,
estabelece a conexão entre o cérebro e o resto do organismo. Faz parte do sis-
tema nervoso central.

Que funções A medula espinal possui funções de condução das informações que são trans-
são atribuídas portadas do cérebro para os músculos e funções de receção dos centros sen-
à medula espinal? soriais periféricos. É, pois, simultaneamente, um centro transmissor e recetor.

O que são Todas as reações simples e imediatas que não envolvam decisões dos cen-
atos reflexos? tros superiores são determinadas pela medula. Exemplos disso são os atos
reflexos, que são respostas motoras estereotipadas por parte do organismo.
Os casos mais simples, que ilustram esta função, são os vários reflexos mo-
tores, como o reflexo de flexão, quando, perante a presença de uma chama
que nos queima, retiramos imediatamente a mão. Neste caso, os neurónios
sensoriais que captam a dor enviam a mensagem para a medula espinal,
que responde imediatamente enviando a informação pelos neurónios moto-
res, os quais ativam os músculos que dão origem à ação.

O que é o córtex cerebral? O córtex cerebral é a parte mais exterior que cobre toda a superfície do cére-
A que se deve bro, encobrindo a quase totalidade das estruturas subcorticais. O córtex cere-
a sua importância? bral foi a última fase da evolução. É a parte mais volumosa do cérebro. Torna
possível todas as operações ligadas ao processamento de informação, ao
pensamento e à linguagem. É a sede de todos os movimentos voluntários. Per-
mite-nos pensar e planear o presente e o futuro. Consegue controlar e influen-
ciar, através de extensas redes de neurónios, os outros órgãos, condicionando
todos os comportamentos humanos.

Quantos lobos Dado que o cérebro é constituído por dois hemisférios, há quatro lobos em
existem no cérebro? cada um dos hemisférios: os lobos frontais, parietais, occipitais e temporais.

Dada a variedade de LOBO Área Cortical Função Lesões

áreas de localização, quando Área Pré-frontal Planeamento, pensamento, Irritabilidade


(lilás) atenção, emoção… e agressividade
afetadas, estas dão origem a Área Motora Primária Responsável por todo Paralisia cortical
(vermelho) o comportamento motor
diversas lesões. Anexamos, no FRONTAL
Área Motora Secundária Coordenação dos Apraxia
quadro ao lado, uma informa- (psicomotora) (verde) movimentos complexos e agrafia
ção sumária das consequên- Área de Broca Produção da fala Afasia de Broca
(preto) e sua articulação
cias de algumas lesões corres-
Área Somatossensorial Primária Recebe informação tátil do corpo Anestesia
pondentes às respetivas áreas (azul escuro) (tato, vibração, temperatura, dor) cortical
PARIETAL
Área Somatossensorial Secundária Processamento de informação Agnosia
corticais. (amarelo) multissensorial somatestésica

Área Auditiva Primária Deteção da intensidade Surdez cortical


(castanho) do som
Área Auditiva Secundária Processamento complexo Agnosia auditiva
TEMPORAL (psicoauditiva) (azul claro) da informação auditiva e memória
Área de Wernicke Compreensão Afasia de Wernicke
(branco) da linguagem

Área Visual Primária Deteção Cegueira cortical


(verde escuro) de estímulos visuais simples
OCCIPITAL
Área Visual Secundária Processamento complexo da informação Agnosia visual
(laranja) visual, da perceção e do movimento Cegueira verbal
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Caraterize É uma estrutura localizada na parte da frente do lobo frontal. É na parte ante-
o córtex pré-frontal. rior dos lobos frontais, no córtex pré-frontal, que estão localizadas as funções
e capacidades cognitivas mais importantes como a tomada de decisões, a ante-
cipação de acontecimentos, o planeamento, o pensamento abstrato, a memó-
ria, a atenção e as emoções, entre outras.

O que se entende Entende-se o facto de, apesar das semelhanças, os dois hemisférios cerebrais
por lateralização desenvolverem e suportarem funções diferentes. Algumas vezes essas funções
do córtex cerebral? são complementares, outras nem tanto. É esta dissemelhança funcional que
recebe o nome de lateralização.

O que se entende Entende-se o facto de haver a tendência de cada hemisfério para exercer
por dominância cerebral? controlo sobre certas funções e capacidades, como a linguagem, a escrita ou
a perceção das relações espaciais.

Em que funções se pode dizer As conclusões retiradas dos estudos com cérebros divididos revelam que o
que os dois hemisfério esquerdo analisa melhor os estímulos visuais, palavras e letras.
hemisférios cerebrais Em termos gerais, o hemisfério esquerdo suporta a linguagem escrita e falada
e analisa a informação, decompondo-a nos seus elementos básicos e sendo
estão especializados?
responsável pelo raciocínio sequencial e analítico.
O hemisfério direito analisa melhor faces e modelos, discrimina cores, brilho e
tem perceção em profundidade. O hemisfério cerebral direito é responsável pela
visão global e holística da informação, pela perceção de padrões e relações
espaciais, pelas capacidades artísticas e pela comparação entre sentidos.

Pode dizer-se que há Não. O que existe é uma especialização e diferenças funcionais entre hemis-
dominância de um hemisfério férios.
cerebral sobre outro?

Hemisfério Cerebral Esquerdo Hemisfério Cerebral Direito

• Verbal • Temporal • Ótico-espacial • Não temporal


• Analítico • Digital • Holístico • Espacial
• Simbólico • Lógico • Analógico • Intuitivo
• Abstrato • Sequencial • Concreto • Simultâneo

O que se entende A plasticidade cerebral designa o facto de, independentemente da forma


por plasticidade do cérebro? como os neurónios comunicam, seja ela química ou elétrica, estes terem alguma
capacidade de mudar. A ideia clássica era a de que os vertebrados formavam
os seus neurónios durante o estado embrionário e na primeira infância. Depois
disto, os neurónios perdidos nunca mais seriam recuperados. No entanto, gra-
dualmente, os investigadores têm descoberto algumas exceções. A adaptação
e a modificação dos circuitos neuronais e, em alguns casos, a modificação
física dos neurónios como resultado da experiência é uma das mais extraordi-
nárias capacidades do cérebro. Descobriu-se que, quando aprendemos qual-
quer coisa nova de forma continuada, surgem novas dendrites e novas sinap-
ses que permitem outras conexões com diferentes neurónios.
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Há evidências Sim.
a favor desta ideia 1. Uma das evidências a favor da plasticidade cerebral é aquela que tem ori-
de plasticidade cerebral? gem nos processos de recuperação após certos acidentes vasculares cere-
brais. Nesses casos, há partes do cérebro que, não tendo sido irrigadas pelo
sangue, perdem as suas capacidades originais. Mas as células à volta da
zona afetada, área de penumbra, não ficam irremediavelmente perdidas. Ora,
uma reabilitação bem orientada permite, até certo ponto, reaprender as
funções anteriormente perdidas ou afetadas, permitindo ao cérebro recu-
perar essas áreas e criar novas conexões para substituir as entretanto per-
didas. Isto é o que se chama a função vicariante ou de suplência.
2. Outra evidência é a de que a recuperação também pode ocorrer quando há
apenas danificação dos neurónios e não a sua destruição, assim como a
criação de novos ramos colaterais pela criação de novas ligações sinápticas.
A plasticidade do cérebro é o que nos permite adaptar a novas experiências.
Por exemplo, um violinista profissional que usa continuamente os dedos da
mão esquerda tem um desenvolvimento maior da área motora correspon-
dente ao nível do cérebro. O mesmo podemos dizer de pessoas que, não
sendo cegas de origem e que cegaram por acidente, acabam por compensar
a falta de visão com o desenvolvimento de outros sentidos e de uma maior
capacidades percetiva destes. No domínio emocional, a plasticidade do cére-
bro permite, também, que os circuitos neuronais de pessoas que experimen-
taram situações traumáticas se modifiquem, tornando-se mais sensíveis
a indícios que, potencialmente, as possam molestar.

Capítulo 3 | A cultura
O que é É a «série completa de instrumentos não geneticamente adquiridos pelo ser
a cultura? humano, assim como todos os aspetos do comportamento adquiridos após o
nascimento». A cultura, enquanto fenómeno universal, é o produto da forma
de viver de cada sociedade e abrange tudo o que o homem produz, não só
ao nível dos objetos e da produção material, como também da produção ima-
terial, ou seja, as tradições, as ideias e um certo modo de vida.

Por que razão A cultura é importante porque é o principal fator humanizador. Para aprender
é a cultura importante? e desenvolver a sua capacidade de adaptação, não basta ao ser humano um
programa genético aberto e um cérebro complexo. Estas condições são neces-
sárias, mas não suficientes. O meio físico é importante, mas, como o exemplo da
criança de Aveyron tornou evidente, é indispensável outro meio para nos tor-
narmos humanos. Este é o meio social e cultural constituído por outras pes-
soas e pelos valores e padrões de comportamento que as regulam, enquanto
grupo. Como sabemos, estes atuam sobre cada indivíduo desde que nasce –
e mesmo antes, no período pré-natal, pela influência que exercem sobre a
mãe. Esses fatores completam o desenvolvimento que se tinha iniciado no
feto e prolongam-se durante anos numa longa interação, não linear, ao longo
da vida. Poderíamos afirmar que, se nascemos programados para aprender,
nascemos também geneticamente programados para nos relacionarmos com
os outros.
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O conceito de cultura Os elementos espirituais e os materiais.


compreende dois tipos O conteúdo espiritual é constituído pelas instituições (o direito, a moral, os
de elementos. costumes, as tradições, os ritos simbólicos, as cerimónias, as modas), pelos
Quais? valores (cada sociedade determina o que é o bem, o mal, o belo, o feio, em
suma, o que é desejável), pelas normas (desde as normas de etiqueta às nor-
mas jurídicas e morais), pelas crenças (expressas em «livros sagrados», em
mitos e lendas, etc.), pelos conhecimentos e ideias (teorias científicas, con-
ceções filosóficas) e pelas produções literárias e artísticas.
O conteúdo material é constituído pelas coisas e objetos produzidos e pela
tecnologia (conjunto de técnicas) para produzir objetos e instrumentos, para
adquirir produtos (agricultura, pesca, caça, etc.), para os transportar, etc.

O que são Os padrões de cultura constituem um conjunto de comportamentos relativamente


padrões culturais? estáveis que caraterizam os membros de uma cultura. São essencialmente
modelos normativos que estabelecem alguma previsibilidade nos comporta-
mentos esperados dos indivíduos enquanto membros de uma dada sociedade.

Que relação existe O vasto conjunto de modelos comportamentais, de conhecimentos, de valores


entre transmissão cultural e de crenças que constituem uma cultura são transmitidos através do pro-
e socialização? cesso de socialização.

O que é A socialização é o processo mediante o qual o indivíduo interioriza, sob a influ-


a socialização? ência de agentes socializadores significativos (família, escola, grupos de pares
e meios de comunicação social), os padrões culturais do meio a que pertence
adaptando-se a ele nos planos biológico, psicomotor, afetivo e ideológico, de
modo a poder desenvolver e constituir a sua personalidade própria.

Há alguma relação Sim. Precisamos de aprender quase tudo. É através da aprendizagem que com-
entre a socialização pletamos o nosso programa de sobrevivência. A adaptação a novas situações é
quase permanente. Isso exige de nós comportamentos adequados às diferentes
e o inacabamento biológico
situações que se desenvolvem como matrizes que se repetem ao longo de toda
do ser humano?
a nossa vida consoante as situações. Esta socialização é mais intensa e básica
durante os primeiros anos de vida (sobretudo durante a infância) e mais espe-
cializada e adaptada a situações novas na idade adulta. Assim, distinguem-se
dois tipos de socialização: a socialização primária e a socialização secundária.

O que é A socialização primária é o processo mediante o qual aprendemos os saberes


a socialização primária? e competências mais básicos construindo um importante núcleo de «saberes de
base» que nos tornarão membros de uma dada sociedade, contribuindo assim
para o nosso processo de humanização. É constituída por regras, modelos so-
ciais, posturas, hábitos de higiene, tipos de linguagem, entre outros, aprendidos
a partir da infância e até à adolescência.

O que é A socialização secundária é constituída pela transmissão e assimilação de um


a socialização secundária? conjunto de saberes especializados que integram o indivíduo em situações espe-
cíficas e com objetivos determinados – na carreira, na profissão, no casamento
ou no desporto. Começa após a adolescência e pode durar o resto da vida.

O que se entende A individuação é o processo ou o ato de atribuir singularidade e autonomia psi-


por individuação? cológica ao individuo. Há poucas dúvidas de que o conceito de si, a individua-
lidade e a personalidade possam ser atingidas sem o contributo dos outros. A
criança começa a ver-se pelos outros, nas relações de socialização. O mundo
humano, como vimos, é constituído por um conjunto de relações e de aquisi-
ções que só pode ser alcançado em relação.
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Qual é o papel Permitem a constituição de uma história pessoal, ou seja, de uma narrativa
dos significados composta pelas experiências do corpo, dos significados que atribui às coisas,
da forma como se intervém e modifica o real, numa continuidade que se
atribuídos à experiência?
constitui como vivência única e singular. Faz parte desta história o conjunto
das experiências significativas do indivíduo: histórias, datas, acontecimentos
que o marcaram e fizeram desses eventos experiências únicas.

Qual é a importância Grande parte dos comportamentos e competências sociais e individuais são
da auto-organização? adquiridos pelo ser humano por auto-organização. Colocada perante estrutu-
ras rígidas e hierarquizadas como, aparentemente, são muitas das estruturas
biológicas ou sociais, a auto-organização permite a emergência de novos
comportamentos a partir da sua assimilação e transformação do recebido ou
do aprendido. Em quase todos os comportamentos, cabe ao ser humano dar
sentido, coerência e continuidade aos episódios da sua vivência e às expe-
riências pessoais ou sociais, que se apresentam, muitas vezes, fragmentadas.
É justamente este aspeto que transforma o ser humano, de simples recetor de
padrões preestabelecidos, num ser ativo que transforma o meio, seja ele físico
ou social. O ser humano é definitivamente um ser interativo que se auto-orga-
niza e se adapta ao meio, capaz de antecipar e de prever e não só de reagir
automaticamente às solicitações, qualquer que seja a sua origem.

O que é A diversidade cultural designa as diferentes das formas de ser, de viver, as


a diversidade cultural? normas e sistemas de valores dos grupos humanos e culturas.

O que é A relatividade cultural designa o facto de o indivíduo humano ser uma realidade
a relatividade cultural? culturalmente condicionada nos seus gestos, atitudes, comportamentos, pensa-
mentos e sentimentos. Há traços culturais (valores, normas) que se encontram
em todo o lado, mas os universais culturais parecem não existir. A linguagem,
a música, a alimentação, os jogos, o casamento, a criação e a educação dos
filhos, a sexualidade, etc., são atividades humanas universais, isto é, presentes
em todas as culturas. Contudo, não há, ao que parece, nenhuma forma univer-
salmente aceite de as realizar.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 14

TEMA 2
EU
A mente e a integração,
das dimensões cognitiva,
emocional e conativa

O S T R Ê S G R A N D E S T I P O S D E P R O C E S S O S M E N TA I S
Processos cognitivos Processos emocionais Processos conativos
Relacionam-se com o conhecimento ou o saber. Estão associados às nossas expe- Relacionam-se com a ação, com o
Como começa a nossa relação de conhecimento riências e vivências de prazer e de fazer e sobretudo com as razões e
com o mundo? Que papel desempenha a perce- desprazer e ao modo como inter- intenções que estão na base das
ção? Como aprendemos e o que é aprender? Como pretamos os sentimentos e emo- nossas ações. Por que fazemos o
conservamos e usamos as informações que adqui- ções nossos e dos outros. Estamos que fazemos e por que queremos o
rimos sobre o mundo? Qual o papel da memória na dimensão dos afetos, sentimen- que queremos são as questões fun-
na relação ativa com o meio a que temos de nos tos e emoções. damentais quando falamos deste
adaptar? tipo de processos.

Capítulo 1 | Processos cognitivos: perceção, memória e aprendizagem


A perceção
O que é A perceção é o processo cognitivo que consiste na organização e interpreta-
a perceção? ção – reconhecimento, identificação – dos dados sensoriais.

Que relação existe Através da sensação, recebemos informações sensoriais e, mediante a perce-
entre sensação e perceção? ção, interpretamos e damos sentido a essas informações. O processo cognitivo
a que chamamos perceção começa com a sensação.

Quais são as condicionantes É condicionada pelas nossas experiências pessoais, pelos nossos conhecimen-
da perceção? tos, expetativas, interesses e pelo contexto cultural em que estamos inseridos.

Quais são as componentes São a constância percetiva e a perceção da profundidade.


do processo percetivo?

O que é A constância percetiva é a tendência para percecionar os objetos do mesmo


a constância percetiva? modo – como invariáveis e consistente –, apesar de os captarmos de ângulos
e distâncias diferentes. A constância percetiva significa estabilidade da perce-
ção, apesar das mudanças de aparência dos objetos e do seu ambiente físico.
Graças à constância percetiva, à medida que vemos objetos de diferentes ângu-
los, distâncias e condições de iluminação, tendemos a percecioná-los como man-
tendo o mesmo tamanho, a mesma forma ou formato e a mesma cor.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 15

Há só uma forma Não. Há várias formas de constância percetiva: a constância quanto à dimen-
de constância percetiva? são, a constância quanto à forma, ao som e à cor.

O que é A perceção da profundidade é a capacidade de percecionar os objetos tridi-


a perceção da profundidade? mensionalmente avaliando corretamente a sua distância.

Por que razão Porque as imagens que recebemos dos objetos físicos são bidimensionais, e a
representa um desafio à nossa realidade física é tridimensional.
capacidade percetiva?

Como sabemos que os objetos A resposta está em dois tipos de informação que usamos para a perceção da
no espaço tridimensional têm profundidade: Os indicadores binoculares (dois olhos) e os indicadores mono-
profundidade e como temos culares (um olho).
a noção de distância, se as
imagens projetadas na retina
são planas e bidimensionais?

O que são Os indicadores binoculares são indicadores de profundidade que dependem


indicadores binoculares? do funcionamento simultâneo dos dois olhos.

Que indicadores de profundidade Usamos a convergência e a disparidade retinal.


binoculares usamos?

Em que consistem A convergência é um indicador para a perceção da profundidade que designa


a convergência o facto de os olhos se retraírem (parecem mover-se para dentro) quando um
objeto se aproxima e de se expandirem (parecem mover-se para fora) ou di-
e a disparidade retinal?
vergirem quando um objeto se afasta.
A disparidade retinal é um indicador para a perceção da profundidade de
acordo com o qual quanto mais próximo está o objeto de quem o percebe tanto
mais diferente é a sua imagem na retina.

O que são Os indicadores monoculares são indicadores de profundidade que se baseiam


indicadores monoculares? no funcionamento independente de cada olho.

Quais são os principais São o tamanho relativo dos objetos, a perspetiva linear e a interposição.
indicadores monoculares?

Como temos então Através de um indicador monocular denominado tamanho relativo dos objetos,
a perceção de profundidade ou seja, através da perceção de que objetos mais afastados criam uma imagem
em quadros e fotografias? retinal menor do que os objetos mais próximos.

Qual a importância A perspetiva linear torna possível que, apesar de quanto mais longe está um
da perspetiva linear? objeto menos espaço ocupar no nosso campo visual, não nos deixemos iludir
quanto à sua real dimensão e posição.

O que torna importante A interposição torna possível julgar as distâncias relativas de objetos que estão
a interposição? relativamente encobertos por outros.

Como percecionamos Segundo a teoria da Gestalt, percecionamos formas globais e não simples-
as formas dos objetos mente partes individuais.
do mundo?
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 16

Qual é É o seguinte: o todo não é igual à simples soma das suas partes.
o princípio fundamental Uma melodia tem uma forma que difere das notas individuais que a compõem.
do gestaltismo? Por esse motivo, reconhecemos a mesma melodia quer tocada em piano quer
por uma guitarra.

Além desse princípio fundamen- Ao princípio de que o todo é mais do que a soma das suas partes acrescenta-
tal, que leis da perceção foram ram várias leis fundamentais: as leis da figura-fundo e as leis do agrupamento
descobertas pelo Gestaltismo? percetivo.

Em que consiste Esta lei diz o seguinte: a primeira coisa que fazemos quando percecionamos é
a lei da figura-fundo? separar o que é figura do que é fundo. Não vemos a figura e o fundo ao mesmo
tempo. Isto quer dizer que centramos a nossa atenção em alguns objetos do
nosso campo visual, excluindo outros.

O que são e quais são São leis configurativas que definem a forma de agrupar os estímulos percetivos
as leis do agrupamento e que explicam o facto de, em cada caso, todos nós termos a perceção da
mesma figura. Essas leis específicas são as da proximidade, semelhança, con-
percetivo?
tinuidade, fechamento e simetria.

A nossa perceção Sim. A cultura influencia o que vemos e o modo como interpretamos o que
é influenciada pela diversidade vemos. Os pigmeus que vivem nas densas florestas do Congo raramente veem
objetos a longas distâncias. A falta de experiência dos pigmeus com objetos
e relatividade culturais?
distantes explica a sua incapacidade de percecionar a permanência do tama-
nho dos objetos.

A memória
O que é a memória? A memória é o processo dinâmico que consiste na codificação, armazena-
mento e recuperação (reatualização) de conteúdos mnésicos ou de informa-
ção. Lembrar ou relembrar é apenas um dos aspetos da memória.

Em que consiste A codificação é a primeira fase do processo de formação de novas memórias.


a codificação? Toda a aquisição de informação implica a codificação dos dados informativos,
isto é, a sua transformação de modo a poder ser armazenada na memória.

Como é a informação O armazenamento ou retenção é o processo mediante o qual mantemos na


mantida na memória? memória a informação que foi adquirida. A retenção ou armazenamento im-
plica manter durante determinado tempo na memória a informação codifi-
cada e adquirida.

Como é possível recordar A reatualização ou recordação é a recuperação da informação adquirida e arma-


ou ir buscar informação zenada de acordo com o modo como a codificámos e armazenámos. Reatua-
lizar a informação depende do modo como está organizada na memória e do
à memória?
uso de pistas que permitam iniciar a procura do que desejamos recuperar.

Quais são Há dois grandes sistemas de memória: a memória a curto prazo e memória a
os principais sistemas longo prazo. O funcionamento de cada um destes sistemas implica a referência
de memória? ao outro.

O que é a memória A memória a curto prazo é um sistema temporário de armazenamento que con-
a curto prazo? serva a informação durante o tempo em que é utilizada.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 17

Quais são as componentes As componentes da memória a curto prazo são a memória imediata e a me-
da memória a curto prazo? mória de trabalho.

O que carateriza É uma memória de muito curto prazo. A memória imediata é um «armazém»
a memória imediata? de capacidade muito limitada.
Esta limitação tem dois aspetos:
1. Se não pudermos registar a informação recebida, só podemos reter sete
itens ou peças de informação (dígitos, letras ou palavras).
2. Se não pudermos registar a informação recebida, só podemos reter sete
itens durante vinte a trinta segundos.

O que é A memória de trabalho é uma forma de memória a curto prazo que mantém a
a memória de trabalho? informação enquanto ela nos é útil. É um espaço ativo de trabalho onde a infor-
mação está acessível para uso temporário. Tal como uma secretária é uma área
de trabalho onde utilizamos determinados materiais (caneta, caderno, livros,
etc.), a memória de trabalho é a área onde se atualizam e são utilizados os
conteúdos mnésicos necessários em dados momentos.

O que é A memória de longo prazo é um vasto armazém (a sua capacidade é muitís-


a memória de longo prazo? simo ampla, virtualmente ilimitada) de conteúdos mnésicos permanentes ou
relativamente permanentes. Armazena e coloca ao nosso dispor os conhecimen-
tos que adquirimos, sejam concretos ou abstratos, as competências e habili-
dades motoras aprendidas ao longo da vida e as recordações das experiências
pessoais que marcaram essa vida. É a ela que, em geral, as pessoas se referem
quando falam de memória.

Como é armazenada A informação nela depositada está organizada em redes semânticas, consti-
a informação pela memória tuídas por conceitos que estão de algum modo relacionados entre si. Por exem-
plo, extintor está associado a vermelho por causa da cor e a casa porque é aí
de longo prazo?
que muitas vezes acontecem fogos.

Como recuperar ou reatualizar A recuperação ou reatualização de informação da memória de longo prazo


informação contida parece depender bastante de possuirmos pistas associadas ao material mné-
sico a relembrar. As pistas de reatualização fornecem-nos informação que nos
na memória a longo prazo?
ajuda a recuperar outra informação. Assim «Rei Édipo» pode ser uma pista para
«psicanálise» e «ervas» uma pista para «verde».

Quais são A memória de longo prazo é um sistema que se divide em dois subsistemas:
as duas divisões principais a memória declarativa e a memória não declarativa – também dita procedi-
da M.L.P.? mental.

O que é A memória procedimental é um tipo de memória de longo prazo constituída


a memória procedimental por capacidades motoras, habilidades, hábitos e respostas simples (fixadas
por condicionamento clássico). É o tipo de memória que guarda as informa-
ou não declarativa?
ções adquiridas de como saber fazer as coisas ou como efetuar procedimen-
tos motores.

O que é A memória declarativa é um tipo de memória de longo prazo que armazena


a memória declarativa? factos, informações gerais e episódios ou acontecimentos pessoais.

Quais são as duas subdivisões A memória declarativa subdivide-se em memória episódica e memória semân-
da memória declarativa? tica.
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O que carateriza A memória episódica é a subdivisão da memória declarativa que contém a


a memória episódica? memória dos eventos ou episódios que vivemos pessoalmente. É uma me-
mória autobiográfica, que armazena ou grava, como se fosse um diário men-
tal, os episódios mais ou menos significativos da nossa vida. É a memória
das nossas experiências pessoais, temporalmente datadas e espacialmente
enquadradas.

O que carateriza A memória semântica é o vastíssimo armazém dos nossos conhecimentos ge-
a memória semântica? rais. Inclui factos (sem significado pessoal ou autobiográfico), nomes, definições,
leis, normas, conceitos, ideias, teorias, etc. Armazenamos tais informações na
esmagadora maioria dos casos sem as ligarmos ao momento e ao lugar em
que as aprendemos.

Em que termos podemos A memória semântica está para a memória episódica tal como um dicionário
comparar a memória episódica ou uma enciclopédia estão para uma autobiografia.
e a memória semântica?

O que é O esquecimento é a incapacidade de recordar, de reatualizar informações e


o esquecimento? experiências que memorizámos.

Por que razão Não podemos conservar todos os dados que recebemos nem é desejável que
não é necessariamente uma isso aconteça, dado que, se não houvesse «reciclagem» dos conteúdos mné-
doença da memória? sicos, dar-se-ia uma espécie de «sobrecarga mental». Esquecer é em muitos
casos natural e necessário.

Quais são as razões São várias:


por que esquecemos? 1. O esquecimento pode ser resultado de interferência.
2. O esquecimento pode ser resultado de perda de indícios.
3. O esquecimento pode ser motivado.

O que é A interferência é um fenómeno que ocorre quando, ao tentarmos recordar


a interferência? algo, uma informação gravada antes ou depois da que tentamos recuperar
impede o acesso a esta.

Que modalidades de Há duas modalidades ou formas de interferência: a interferência pró-ativa e


esquecimento por interferência a interferência retroativa.
são conhecidas?

O que é No caso do esquecimento por interferência ou inibição proativa recordações


o esquecimento anteriores vêm perturbar a recordação e o reconhecimento de algo que
por interferência pró-ativa? aprendemos e armazenámos depois. Algo que aprendemos antes perturba a
reatualização de algo que aprendemos depois.

O que é o esquecimento No caso do esquecimento por interferência ou inibição retroativa, novas apren-
por interferência retroativa? dizagens e experiências perturbam e impedem (note-se que temporariamente)
a nossa capacidade para recordar e reconhecer algo que já tínhamos apren-
dido. Algo que aprendemos recentemente perturba a recuperação de algo que
aprendemos antes.

O que é o esquecimento É uma forma de esquecimento em que a informação armazenada na memó-


por falta de indícios? ria permanece intacta e disponível, estando, contudo, perdida (temporaria-
mente, em muitos casos) a pista adequada que a tornaria acessível.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 19

O que é O esquecimento motivado significa que esquecemos porque temos razões


o esquecimento motivado? (estamos motivados) para esquecer, habitualmente porque uma recordação
é desagradável e perturbadora.
Uma forma de esquecimento motivado celebrizada por Freud é a repressão
ou recalcamento, de natureza inconsciente. A repressão, no sentido freudiano
do termo, significa que recordações desagradáveis e, em muitos casos, incon-
fessáveis são impedidas de aceder à consciência, não tendo a pessoa qualquer
consciência de que os eventos traumáticos tenham alguma vez ocorrido.

A aprendizagem
O que é A aprendizagem é uma mudança comportamental e de atitudes (crenças,
a aprendizagem? ideias, sentimentos e predisposições) que tem de ser relativamente perma-
nente e durável e cuja origem seja a experiência, o estudo ou a prática.

O que são São formas de aprendizagem não associativa.


as aprendizagens A habituação significa aprender a ignorar. Torna possível que nos desliguemos
de estímulos irrelevantes e nos concentremos nas tarefas que estamos a rea-
por habituação e sensitização?
lizar.
A sensitização consiste em aprender a identificar se um dado estímulo ou
acontecimento do mundo é ameaçador ou prejudicial.

Quais são os tipos Considera-se que o condicionamento clássico e o condicionamento operante


de aprendizagem associativa? são as duas formas típicas de aprendizagem associativa.

O que é a aprendizagem O condicionamento clássico é um processo através do qual um organismo


por condicionamento clássico? aprende a responder de um determinado modo a um estímulo que previamente
e por si só não suscitava tal resposta. É um tipo de aprendizagem por associa-
ção condicionada de estímulos. É o processo em que uma resposta previa-
mente dada a um estímulo específico é também dada a outro estímulo que
foi repetidas vezes emparelhado com o estímulo original.

Exemplos 1. Muitas pessoas emocionam-se com certas canções – que porventura já não
de aprendizagem ouviam há muito tempo – porque trazem à memória pessoas e aconteci-
por condicionamento clássico. mentos especiais. O mesmo pode acontecer com perfumes e after shaves.
Estímulos neutros são associados com pessoas, acontecimentos e situações
e adquirem o poder de suscitar reações e sentimentos semelhantes aos des-
pertados pelos estímulos originais.
2. Os coiotes são uma séria ameaça para os rebanhos de ovelhas no Oeste dos
EUA. Por outro lado, o seu extermínio seria uma má medida ecológica porque
devoram outros animais cuja proliferação seria nociva. Como «solução de
compromisso», dois psicólogos tentaram que eles aprendessem a ter aver-
são às ovelhas. Deram-lhes a comer carcaças de ovelha envoltas num fár-
maco (cloreto de lítio) que provoca náuseas e vómitos. Depois de muitos
vómitos e náuseas, os coiotes tiveram oportunidade de atacar uma ovelha.
Em vez de o fazerem, recuaram, indispostos, só de a verem.
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Qual a importância Considera-se que o condicionamento operante foi descoberto por Edward
de Edward Thorndike Thorndike mais ou menos na mesma época em que Pavlov descobria os refle-
xos condicionados nos seus experimentos com cães. A sua grande contribui-
para a noção de aprendizagem
ção para esta perspetiva tem a ver com a formulação da lei do efeito. Esta lei
por condicionamento operante?
diz o seguinte: «Respostas ou comportamentos seguidos por consequências ou
efeitos satisfatórios tendem a repetir-se; respostas seguidas por consequên-
cias desagradáveis tendem a não se repetir».
De acordo com esta lei, a consequência ou o efeito da resposta determinará se
a tendência para responder do mesmo modo no futuro aumentará ou diminuirá
(podendo manter-se). Para Thorndike, as respostas imediatamente acom-
panhadas de consequências satisfatórias serão as que mais provavelmente
ocorrerão de novo e com maior frequência.

Qual é a importância A tese de que o comportamento e a aprendizagem de respostas são determina-


de Skinner para a noção dos pelas suas consequências é uma ideia muito importante no campo da psi-
cologia da aprendizagem. Contudo, foi necessário esperar quase quatro décadas
de aprendizagem
para que a lei do efeito de Thorndike obtivesse reconhecimento generalizado.
por condicionamento operante?
O mérito pertence em grande parte ao trabalho de Skinner (1904-1990), muito
influenciado por Pavlov e Watson. É a Skinner que se deve o estabelecimento
dos princípios básicos do condicionamento operante, a sua sistematização e
aplicação à educação e a problemas clínicos e sociais.

Qual é o princípio fundamental O reforço é o princípio fundamental do condicionamento operante.


do condicionamento operante?

O que se entende É o processo que se verifica quando a consequência de uma resposta aumenta
por reforço? a tendência do organismo para a repetir.

O que se entende O reforço positivo é o resultado de uma ação que se revelou um bom meio
por reforço positivo? para conseguir ou alcançar algo agradável.
Exemplo: Trabalhar bem e conseguir um aumento de ordenado.

O que se entende O reforço negativo é o resultado de uma ação que se revelou um bom meio
por reforço negativo? para evitar ou eliminar algo de desagradável.
Exemplo: Trabalhar bem e evitar assim ser despedido.

O que há de semelhante São ambos reforços, ou seja, formas de fortalecer a tendência para repetir uma
entre o reforço positivo dada ação. O reforço negativo e o positivo têm o mesmo efeito: reforçam ou
fortalecem a probabilidade de ocorrência das respostas que reforçaram. O
e o reforço negativo?
reforço negativo é uma consequência que provavelmente aumentará a frequên-
cia futura de um comportamento porque este permite evitar ou pôr termo a
uma situação desagradável. Tal como o reforço positivo, o reforço negativo
aumenta a probabilidade de o comportamento vir a ser repetido. Por exemplo,
o João toma uma aspirina (estímulo operante) para combater uma dor de
cabeça (estímulo aversivo). Ao fim de algum tempo, a dor de cabeça passa.
O que é provável que aconteça no futuro quando João sentir de novo dores
de cabeça? Que tome uma aspirina. Se assim acontecer isso significa que
o comportamento (tomar aspirina para combater a dor de cabeça) foi refor-
çado negativamente.

O que distingue o reforço A punição ou castigo ocorre quando a consequência de uma resposta enfra-
da punição? quece a tendência para dar de novo essa resposta. O reforço – seja positivo
ou negativo – ocorre quando a consequência de uma resposta fortalece a
tendência para dar de novo essa resposta.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 21

Exemplos Quando um professor elogia um aluno pelo seu desempenho num teste, estamos
de reforço positivo perante um reforço positivo que, acrescentado à nota recebida, aumenta a pro-
babilidade de que tal desempenho (ou ainda melhor) se repita no futuro. Dinheiro,
e de reforço negativo.
boas notas académicas, abraços, beijos são reforços positivos. Quando a ingestão
de duas aspirinas põe termo a uma desagradável dor de cabeça, estamos
perante um reforço negativo que fortalece a probabilidade de uma resposta idên-
tica numa mesma circunstância no futuro. Outro exemplo de reforço negativo veri-
fica-se quando os pais dizem a uma criança «Se comeres a salada não terás de
comer a sopa». Quando pomos o cinto de segurança para evitar uma multa,
quando pelo mesmo motivo não estacionamos em cimo do passeio, quando em-
balamos um bebé para que ele pare de chorar, «evitar a multa» e «pôr termo
ao choro do bebé» são reforços negativos dos comportamentos descritos.

O que carateriza Quanto à aprendizagem observacional, deve notar-se:


a aprendizagem 1. A base deste tipo de aprendizagem é a observação;
por observação? 2. Observamos o comportamento de outros (chamados modelos);
3. A observação do comportamento de outros não implica necessariamente a
sua imitação (podemos aprender observando o comportamento de um mo-
delo, mas não haver nenhuma razão pessoal para converter o que aprende-
mos em comportamento observável, isto é, em desempenho ou performance);
4. A tendência para imitar um modelo depende de razões pessoais, da influên-
cia do modelo e das consequências do comportamento observado;
5. Embora imitar seja em muitos casos necessário para aprender, nem toda a
aprendizagem depende da imitação.
A aprendizagem observacional ou social é, em termos rigorosos, uma forma de
aprendizagem que privilegia a observação do comportamento dos outros e que
também dá um lugar relativamente importante à imitação desses comporta-
mentos.

Por que razão a aprendizagem As pessoas cujos comportamentos tendemos a imitar ou observando as conse-
observacional é também quências dos seus atos ou em virtude do seu estatuto denominam-se modelos.
conhecida pelo nome de Por isso a aprendizagem, tal como Bandura a entende, é também conhecida
aprendizagem por modelação? pelo nome de aprendizagem por modelação.

Em que condições O observador imitará eventualmente o comportamento do modelo se este possuir


o observador tenderá a imitar caraterísticas consideradas desejáveis – talento, inteligência, poder, bom aspeto,
popularidade – ou se as consequências do seu comportamento forem satisfató-
o comportamento observado?
rias. Quando o comportamento do modelo observado tem consequências agra-
dáveis, aumenta a probabilidade de imitação; quando o comportamento do
modelo observado é punido ou castigado, diminui a probabilidade de imitação.

A aprendizagem observacional Não, embora entenda o reforço de modo diferente do condicionamento ope-
opõe-se à ideia de rante e assim complete esta noção. Aprender com as consequências das ações
dos outros – consequências em «segunda mão» – é uma forma de aprendiza-
reforço comportamental?
gem bastante generalizada entre os seres humanos e a que Bandura deu o
nome de aprendizagem vicariante.
O reforço vicariante ocorre quando observamos outra pessoa obter algo de
agradável ou evitar algo de desagradável com determinada ação. Há conse-
quências que alimentam muitas vezes em nós a expetativa de que seremos
reforçados se imitarmos o modelo, isto é, se realizarmos a mesma ação. A
aprendizagem, segundo Bandura é, em grande parte dos casos, uma mudança
comportamental, que ocorre em virtude da observação do comportamento dos
outros (modelos). O comportamento do observador pode ser influenciado
pelas consequências positivas ou negativas do comportamento do modelo
com o qual nos identificamos.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 22

O que distingue A teoria da aprendizagem social é, em certa medida, uma reação crítica às
a aprendizagem observacional insuficiências e limitações dos condicionamentos clássico e operante. Estes
processos de aprendizagem podem explicar como se formam respostas sali-
das aprendizagens
vares, como se adquirem fobias, competências motoras, como transformar um
por condicionamento clássico
aluno desinteressado ou tímido num aluno estudioso e participativo e como
e operante? aprender muitas outras competências. Contudo, segundo Bandura, não con-
seguem explicar a rápida aquisição de novos comportamentos, como pôr um
automóvel a funcionar e o facto de pormos as mãos no volante para o conduzir
(estas respostas simples mas rápidas são aprendidas, não por tentativa e erro,
mas porque observamos como se comporta quem conduz automóveis). Muitas
das coisas que aprendemos, desde lavar os dentes a dançar, foram aprendidas
observando os outros, lendo um livro de instruções ou recebendo instrução
direta. Bandura salienta que o reforço ou a punição não são a condição básica
absolutamente indispensável da aprendizagem. Uma das diferenças mais signi-
ficativas entre a aprendizagem observacional e a aprendizagem por condicio-
namento operante é a de que no primeiro tipo de aprendizagem pode haver
mudança de comportamento, mesmo que o sujeito não receba diretamente
nenhum reforço.

O que distingue Condicionamento clássico e condicionamento operante diferem em vários


o condicionamento clássico aspetos:
do condicionamento operante? 1. O condicionamento clássico baseia-se numa associação entre dois estí-
mulos. O comportamento depende de estímulos que são apresentados ao
sujeito e associados por este.
O condicionamento operante baseia-se na associação entre um compor-
tamento e a consequência resultante, como, por exemplo, entre estudar
metodicamente e obter uma boa nota. O comportamento produz conse-
quências ou estímulos.
2. As respostas ou comportamentos no caso do condicionamento clássico são,
em geral, reflexas e involuntárias. As respostas ou comportamentos no caso
do condicionamento operante são habitualmente voluntárias, não reflexas.
No primeiro caso, aprendemos com o que nos acontece; no segundo caso,
com o que fazemos (as consequências do que fazemos).;
3. No caso do condicionamento clássico, o estímulo condicionador do compor-
tamento é anterior a este; no caso do condicionamento operante, o estímulo
condicionante é posterior a um determinado comportamento: sem ação sobre
o meio não há possibilidade de aprendizagem propriamente dita.

Condicionamento clássico
Aprendemos com o que nos acontece.

Condicionamento operante
Aprendemos com as consequências do que fazemos, do nosso comportamento.

Aprendizagem observacional
Aprendemos observando as consequências do comportamento dos outros.

Capítulo 2 | Os processos emocionais


O que são Podemos caraterizar as emoções como estados mentais e fisiológicos ligados
as emoções? a uma grande diversidade de sentimentos, pensamentos, desejos, comporta-
mentos e situações.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 23

A que se deve As emoções desempenham uma importante função adaptativa. São, em boa
a sua importância? parte, sinais que enviamos aos outros sobre o que se passa em nós. Assim,
são uma forma de comunicação.

Que caraterísticas podemos As caraterísticas são as seguintes: durabilidade, intensidade, versatilidade,


atribuir às emoções? polaridade e expressividade.

Quais são os dois grandes tipos É habitual dividir as emoções em dois grandes tipos: as emoções primárias
de emoções? e as emoções secundárias.

Que critérios são usados Os dois critérios mais usados são os seguintes:
para distinguir 1. As emoções primárias têm de ser praticamente as mesmas em todas as pes-
os dois tipos de emoções? soas de diferentes culturas, ou seja, têm de apresentar um mesmo padrão
em todas as latitudes, como se fossem uma disposição natural resultante
de programação genética.
2. As emoções primárias têm de se exprimir muito cedo, o que pressupõe que
dependem de uma predisposição inata e não da aprendizagem.

O que distingue As emoções primárias são universais, inatas e precoces (alegria, tristeza,
as emoções primárias medo, cólera, surpresa, aversão ou nojo). As emoções secundárias são sociais
ou culturalmente condicionadas, aprendidas e menos precoces do que as pri-
das secundárias?
márias (vergonha, ciúme, culpa, orgulho).

O que distingue emoções, As emoções são reações relativamente intensas e passageiras a um dado estí-
sentimentos e afetos? mulo (objeto ou situação). Podem ser por vezes explosivas e descontroladas.
São reações publicamente observáveis, dado que se fazem acompanhar de
expressões faciais e vocais e de comportamentos.
Os sentimentos são a elaboração subjetiva de uma experiência emocional e
consistem em traduzir de forma relativamente consciente o que foi emocio-
nalmente vivido. São mais duradouros do que as emoções, menos intensos e
mais virados para o interior, pelo que prevalece a privacidade.
Os afetos são tendências ou predisposições para responder positiva ou nega-
tivamente a experiências emocionais relacionadas com pessoas ou objetos.
Têm a ver com aquilo a que damos valor, significado e importância ou que des-
valorizamos e desprezamos. São uma construção prolongada, observáveis
quando se exprimem através de emoções, e podem ser vividos de forma intensa
porque se exprimem de forma emocional.

Quais são as três componentes São as componentes fisiológica, cognitiva e social.


das emoções?

O que é É a componente que tem a ver com o papel que o cérebro e o sistema nervoso
a componente fisiológica em geral desempenham na experiência emocional.
das emoções?

Em que consiste Para Lange, a sequência de eventos numa experiência emocional é o inverso do
a teoria de James-Lange que a nossa experiência subjetiva nos diz. Em primeiro lugar, uma situação pro-
voca uma excitação fisiológica, que, por sua vez, conduz a uma resposta física.
sobre as emoções?
Os estados emocionais resultam de estados fisiológicos desencadeados por estí-
mulos ambientais. James defendeu que as pessoas se sentem alegres porque
riem e sorriem, tristes porque choram, zangadas porque gritam e insultam e ame-
drontadas porque tremem.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 24

Em que consiste Segundo Schachter, não podemos a partir de uma reação fisiológica experimen-
a teoria de Schachter-Singer tar uma emoção se não codificarmos cognitivamente essa reação. A componente
cognitiva de uma emoção – o modo como percecionamos ou interpretamos um
sobre as emoções?
estímulo e uma situação – determina o tipo de emoção que sentimos. Se está
em casa e a porta começa a ranger devido a fortíssimas rajadas de vento, pode
ficar amedrontado se percecionar e interpretar essa situação como sinal de que
um ladrão está a querer assaltar a sua casa.

O que é a componente social A componente social das emoções corresponde às manifestações exteriores
e cultural das emoções? das emoções.

Por que razão Porque, embora todos os seres humanos sintam medo, raiva, amor, ódio, tristeza
se fala de universalidade e alegria e as expressões faciais de emoções básicas sejam praticamente idên-
ticas nas diversas sociedades humanas do planeta, as várias culturas têm diver-
e diversidade das emoções?
sas formas de regular as expressões das emoções. Ou seja, exibem diferentes
regras tacitamente aceites sobre o modo como as emoções se podem exprimir
e quando e onde essa expressão é adequada.

Capítulo 3 | Os processos conativos


O que carateriza Os processos conativos estão ligados à ação, à tendência do ser humano
os processos conativos? para agir de forma deliberada, empenhando-se em alcançar um objetivo que
deseja e exige esforço e vontade.

Que elementos constituem Os processos conativos são constituídos pelos seguintes elementos:
os processos conativos? 1. Intencionalidade: Toda a ação tem um propósito, objetivo ou finalidade.
2. Tendência: É o impulso que dá força à ação e explica em parte por que per-
sistimos na sua realização.
3. Vontade: A intervenção da vontade é importante no processo deliberativo
para, pesando os prós e os contras de uma decisão, optar por uma das alter-
nativas disponíveis.
4. Esforço de realização: É o aspeto energético da ação e tem a ver com a ener-
gia e empenho que dedicamos à caminhada para a meta desejada.

Por que razão Porque envolve esforço, vontade de alcançar um objetivo.


a motivação é o processo
conativo por excelência?

O que se entende A motivação é o processo dinâmico constituído pelo conjunto de fatores (moti-
por motivação? vos) que ativam, sustentam e dirigem o comportamento para um objetivo que
é a satisfação de necessidades fisiológicas e psicológicas.

O que são Os motivos são o que move, a razão de ser do comportamento.


motivos?

Que forma Podem, em geral, assumir as formas de necessidades e impulsos.


podem assumir?
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 25

Que tipos de necessidades Existem os seguintes tipos de necessidades:


existem? 1. Primárias: Nascem com o indivíduo – são inatas –, formando-se indepen-
dentemente de qualquer aprendizagem. São também motivações fisiológi-
cas porque, desencadeadas por carências orgânicas, visam repor o equilíbrio
do organismo.
Exemplo: A fome e a sede, a necessidade de oxigénio, de segurança, de
alívio da fadiga e de eliminação dos resíduos orgânicos.
2. Secundárias: Denominam-se necessidades sociais porque são motivos adqui-
ridos através da experiência e da interação com os outros.
Exemplo: Desejo de riqueza, de prestígio, de realização pessoal.
3. Combinadas: Resultam do efeito combinado de caraterísticas aprendidas e
não aprendidas.
Exemplo: Os impulsos sexual e maternal.

O que é O esforço de realização é uma componente importante dos processos cona-


o esforço de realização? tivos. Se através das nossas ações queremos concretizar desejos e objetivos,
seria irrealista pensar que tal pode conseguir-se sem empenho, força de von-
tade e mesmo coragem e resiliência.

Qual é a tese central A tese de que a nossa motivação fundamental deve ser a de procurarmos
da teoria da motivação realizar a nossa natureza humana seguindo o ritmo das nossas próprias neces-
de Maslow? sidades.

Em que consiste Consiste em organizar as necessidades sob a forma de uma pirâmide estabele-
a pirâmide de Maslow? cendo cinco níveis hierárquicos que exprimem diferentes graus de motivação e
de realização. Na base da pirâmide estão as necessidades fisiológicas e de segu-
rança indispensáveis à sobrevivência e no topo e zona intermédia as necessida-
des superiores e propriamente humanas. O surgimento e a satisfação eventual
destas últimas necessidades tem como condição, segundo Maslow, a satisfação
das necessidades básicas.

As necessidades Não. As necessidades variam quanto à sua força e exigência. Quanto mais
são todas iguais? próxima da base da hierarquia tanto mais dominante e exigente é uma neces-
sidade. Grande parte da pirâmide motivacional é formada por necessidades
que Maslow considera deficitárias. Na base da hierarquia estão as necessida-
des fisiológicas. São fundamentais porque da sua satisfação depende a nossa
sobrevivência. As necessidades seguintes (as de segurança) são também
necessárias para a sobrevivência, mas são menos exigentes ou prepotentes.
À medida que subimos os degraus da pirâmide, as necessidades tornam-se
mais elaboradas, isto é, cada vez menos ligadas a causas fisiológicas e bio-
lógicas.

Como se dá a ascensão As necessidades deficitárias – orientadas para a satisfação de carências –


das necessidades são prioritárias, dado que é muito pouco provável que um indivíduo cuja vida
consiste em lutar pela sobrevivência se preocupe com objetivos espirituais,
na pirâmide motivacional?
como a beleza, a verdade. O facto de não serem superiores não quer dizer que
não tenham muita força. À medida que cada necessidade «inferior» (na hierar-
quia) é satisfeita, surge a seguinte (embora não seja necessária a completa
satisfação da necessidade anterior). A necessidade de segurança (futuro rela-
tivamente assegurado, vida estável, etc.), uma vez satisfeita, abre o caminho
a uma nova necessidade superior (necessidade de pertença e afeto). Con-
tudo, se a segurança for constantemente ameaçada, a ascensão na pirâmide
motivacional muito provavelmente não se efetuará, reduzindo-se o campo da
motivação.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 26

O que distingue essencialmente As necessidades de crescimento ou de ser (nas quais podemos incluir não
as necessidades deficitárias só a necessidade de autorrealização como também necessidades cognitivas
e estéticas) correspondem a uma necessidade de enriquecimento psicoló-
das necessidades
gico e existencial. Se as necessidades deficitárias nos motivam para a dimi-
de crescimento?
nuição da tensão e da estimulação, as necessidades de ser traduzem o desejo
de procurar mais estímulos que enriqueçam a existência e permitam a reali-
zação de todo o nosso próprio potencial humano. As necessidades de ser
crescem quanto mais são satisfeitas, isto é, o nosso ser tende a um desen-
volvimento cada vez maior. As necessidades deficitárias, quando devidamente
satisfeitas, perdem energia.

Capítulo 4 | Mente, pensamento e identidade


O que significa dizer Significa dizer que o funcionamento mental dos seres humanos resulta da
que a mente humana tem uma influência recíproca de fatores biológicos, culturais e sociais.
natureza biossociocultural?

Que dois processos estudados Os dois processos referidos são a sexualidade e a alimentação.
ilustram que é impossível
separar a atuação de fatores
biológicos e socioculturais?

No que respeita à sexualidade, Quanto aos fatores biológicos, a sexualidade depende do funcionamento do
no ser humano verifica-se sistema endócrino, da hipófise, do hipotálamo e do cérebro. Sabemos que um
alto nível de testosterona pode despertar intenso desejo sexual. Mas não somos
a combinação dos fatores
escravos das nossas hormonas. Aprendemos pela influência sociocultural o que
biossocioculturais?
é apropriado e desejável. Mesmo na fase inicial do impulso sexual que julga-
ríamos entregue por completo a fatores hormonais e fisiológicos a cultura inter-
vém, porque se aprende o que é atraente ou não. Por outro lado, a satisfação
do impulso sexual pode ser mais ou menos regulada por normas sociais.

No que respeita à alimentação, A fome é um impulso biológico, e a comida é o diverso conjunto de substâncias
no ser humano verifica-se que satisfazem ou reduzem esse impulso ou necessidade. Os investigadores
descobriram duas áreas do hipotálamo que afetam o impulso da fome. Mas
a combinação dos fatores
uma coisa é a origem deste impulso e outra a forma como o satisfazemos e
biossocioculturais?
em que condições é possível satisfazê-lo. Sabemos que não é culturalmente
lícito comer tudo (judeus e muçulmanos proíbem o consumo de carne de porco,
os hindus que se matem vacas, nós que se coma carne de gato ou de cão,
defensores dos direitos e interesses dos animais excluem a carne da sua mesa,
etc.), que há diferentes formas de confecionar os alimentos, diferentes horá-
rios, diferentes quantidades a cada momento do dia conforme a educação
cultural que recebemos.

Que relação existe entre As necessidades ativam o nosso funcionamento mental mobilizando energias
desejos e necessidades? e recursos para satisfazer os desejos que nos motivam a pensar e agir.

Que importância têm Além de possibilitarem o conhecimento de aspetos do mundo, permitem que
os processos mentais nos relacionemos de várias formas com ele quer através de atitudes quer
na nossa vida quotidiana? através de ações.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 27

O que é É o protagonista desta «construção» de significados que dão sentido ao nosso


o pensamento? mundo, desde que entendido como operação mental que envolve os processos
mentais que estudámos. Está ligado à ação porque elabora e aplica conceitos,
procura resolver problemas e está envolvido na tomada de decisões.

O que é A resolução de problemas é o confronto bem-sucedido com situações pro-


a resolução de problemas? blemáticas cuja solução não está habitualmente disponível ou pré-formada.

Que fases abrange A resolução de problemas abrange normalmente quatro fases:


a resolução de problemas? 1. Preparação; 2. Incubação; 3. Iluminação; 4. Verificação/Avaliação.

Que atividade mental É a criatividade. A criatividade é a capacidade de desenvolver respostas ori-


exige a combinação ginais, novas e apropriadas a um problema.
entre pensamento e imaginação?
O que a carateriza?

Que tipo de pensamento O tipo de pensamento que manifesta uma relação íntima com a criatividade e
está associado à criatividade? que, em parte lhe subjaz, é o pensamento divergente. Carateriza-o a capaci-
O que o carateriza? dade de descobrir soluções novas e originais para problemas. Ao contrário do
pensamento convergente, recorre mais à imaginação do que ao raciocínio lógico.

O que distingue O pensamento convergente é uma operação cognitiva de caráter essencial-


pensamento divergente mente lógico-dedutivo que resolve problemas aplicando esquemas mentais já
de pensamento convergente? utilizados em situações semelhantes às que se colocam no momento.
O pensamento divergente é um processo mental que se desenvolve afastando-
-se de esquemas preestabelecidos ou de formas padronizadas de resolução
de problemas.

Estas duas formas Não. O pensamento convergente, apesar de não ser considerado criativo, pode
de pensamento ser um instrumento de aquisição de informação que será usada na procura cria-
funcionam isoladamente? tiva de uma solução. O modo como utilizamos a informação disponível e adqui-
rida é um importante critério de distinção entre os dois tipos de pensamento.

O que é É o conceito e a perceção que cada um tem de si e usa para se descrever –


a identidade pessoal? falar de si – e compreender-se. É uma espécie de autorretrato. É a resposta
que cada um de nós dá à pergunta «O que sou eu?». A resposta é o conjunto
de crenças que cada pessoa tem acerca de si própria, um conjunto de atri-
butos pessoais que em nós reconhecemos. A identidade não é um conceito
puramente individual nem puramente social. É o resultado combinado de fato-
res biossocioculturais. É um processo, uma construção que mais intensamente
vivida em certas fases da vida se prolonga por todo o ciclo vital. Constrói-se
na interação social e mediante a comparação social.

Como concebe Concebe-a como um longo processo que, apesar de fases mais exigentes e
Erik Erikson conturbadas, dura toda a vida. O desenvolvimento e a construção do «eu» é um
a construção da identidade? processo orientado pela interação do indivíduo com o meio social e não sim-
plesmente com o meio familiar, só acabando quando a vida termina.

A que fase do desenvolvimento À adolescência. O estádio do desenvolvimento psicossocial que corresponde


dá especial atenção? ao período da adolescência é a época da vida em que a consciência do que
somos no presente é acompanhada pelo desejo do que queremos ser no futuro
Como se carateriza
quer no plano pessoal quer no plano profissional. A procura da independência
em termos gerais essa fase? em relação aos pais dinamiza o desenvolvimento social e afetivo.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 28

Por que razão, Este estádio é especialmente difícil porque é o único em que o autor fala expli-
segundo Erikson, citamente de «crise de identidade». A questão central («Quem sou eu? O que
irei fazer da minha vida?») envolve e engloba todos os aspetos do desenvol-
a época da adolescência
vimento do adolescente. Acresce que é precisamente quando reina a insegu-
é especialmente difícil
rança dos adolescentes quanto a quem são que a sociedade os questiona a
e problemática? esse respeito, pressionando-os, em certa medida, para se decidirem quanto
aos papéis a desempenhar no futuro. A «crise de identidade» conjuga dois
fatores: a exigência social e a insegurança pessoal.

Continuando e aprofundando Existem os seguintes tipos de necessidades:


o trabalho de Erikson 1. Realização da identidade (crise que conduz a um compromisso):
sobre a formação O/a adolescente atravessou uma crise de identidade e definiu um compro-
da identidade do adolescente, misso em termos ideológicos, profissionais e afetivos.
que quatro estatutos identitários 2. Identidade moratória (crise, mas ainda sem um compromisso):
definiu James Marcia? Vive-se uma crise de identidade, não se estabeleceu ainda nenhum com-
promisso, mas procura-se alcançar esse objetivo.
3. Identidade outorgada (compromisso sem crise):
Foi estabelecido um compromisso sem passar propriamente por uma crise
de identidade. Trata-se de uma identidade não construída, mas atribuída,
definida por outrem (normalmente pela família).
4. Difusão da identidade (nenhum compromisso, nenhuma crise):
O/a adolescente não vive uma crise – não está no meio de uma crise – e não
realizou qualquer compromisso. Esta situação pode significar que se está
no início do processo de realização da identidade pessoal (antes da crise)
ou que, tendo havido uma crise, se fracassou na tentativa de definir com-
promissos.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:02 Página 29

TEMA 3
EU COM
OS OUTROS
As relações precoces
e interpessoais

Capítulo 1 | As relações precoces


O que são As relações precoces são relações que se estabelecem numa fase em que
as relações precoces? os recém-nascidos são, apesar de algumas competências básicas, seres que
tudo precisam de aprender e seres completamente dependentes de quem
deles cuida. As relações precoces são as primeiras relações humanas de
quem chega ao mundo humano.

O que se entende Nascemos todos prematuros no sentido em que não conseguimos sobreviver
por imaturidade sozinhos. Nascemos biológica e fisiologicamente inacabados. No plano social
e afetivo, também nos espera um longo desenvolvimento. Quase nada em
do bebé humano?
nós surge pronto a ser usado e nada se aprende de um momento para o outro.

Apesar desse inacabamento, Apesar de terem meios comunicacionais ainda reduzidos e pouco sofistica-
que competências dos, as crianças ajudam os pais a desenvolver essa ligação através de certos
comportamentos intrinsecamente reforçantes, tais como sorrir, olhar de forma
já exibe o bebé?
prolongada e emitir vocalizações.

O que é A vinculação é, enquanto relação primeira, um forte laço emocional que pro-
a vinculação? gressivamente se desenvolve entre o bebé e a pessoa que satisfaz várias das
suas necessidades (sobretudo afetivas).

Qual é a importância O primeiro vínculo afetivo é crucial para um desenvolvimento saudável porque
do primeiro vínculo afetivo? funciona, em certa medida, como um protótipo para todas as relações futuras.
Dá à criança uma ideia – positiva ou negativa, conforme a evolução da pri-
meira ligação afetiva – do que pode esperar dos adultos quando crescer.

Em que se baseia Baseia-se mais no carinho, no contacto aconchegante e na sensação de segu-


essencialmente a vinculação rança e de conforto emocional do que na – imprescindível – satisfação de neces-
afetiva entre o bebé e a mãe sidades fisiológicas
ou a figura materna?

Na sua experiência da «situação A investigadora descobriu que a vinculação pode assumir três formas:
estranha», a que conclusão 1. Vinculação segura; 2. Vinculação evitante; 3. Vinculação insegura (ambi-
chegou Mary Ainsworth sobre valente/resistente).
a qualidade da vinculação?
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 30

O que carateriza A criança não manifesta excessiva ansiedade quando a mãe se ausenta. A pes-
a vinculação segura? soa estranha não é fonte de especial conforto.

O que carateriza A criança manifesta excessiva ansiedade quando a mãe se ausenta. Resiste a
a vinculação insegura? qualquer aproximação de estranhos.

O que carateriza A criança manifesta excessiva ansiedade quando a mãe se ausenta.


a vinculação evitante? A pessoa estranha é uma fonte de conforto tão importante como a mãe.

Quais são, em geral, A falta de uma relação afetiva segura pode ter efeitos nefastos. René Spitz e
as consequências no desenvol- John Bowlby chamaram a atenção para as perturbações que essa falta pode
vimento de perturbações provocar no desenvolvimento desde tenra idade.
nas relações precoces?

O que é O hospitalismo é, segundo Spitz, uma privação emocional que decorre do


o hospitalismo? rompimento de um vínculo afetivo duradouro e seguro. Traduzindo-se numa
separação prolongada ou total, o hospitalismo pode ter efeitos irreversíveis,
provocando, sobretudo se acontecer nos primeiros 18 meses de vida, atrasos
no desenvolvimento a todos os níveis.

Quais são para John Bowlby Segundo Bowlby, a construção e a manutenção do vínculo materno (com a mãe
as consequências de ruturas ou com uma figura materna) durante a infância tem um impacto duradouro
e persistente. A perda do vínculo afetivo primordial produz inevitavelmente
ou perturbações
futuros desequilíbrios comportamentais, incapacidade de cuidar dos outros,
no processo de vinculação?
falta de profundidade afetiva, insensibilidade à culpa e ao remorso, ou seja,
assinalável défice nas relações interpessoais.

Por que razão há quem pense Porque há quem argumente que:


que as teorias de Spitz 1. Uma vinculação segura nos primeiros tempos de vida não garante que mais
e de Bowlby tarde não haja problemas.
pecam por exagero? 2. Quanto à suposta irreversibilidade dos danos psicológicos causados pela
perda do vínculo afetivo nos primeiros tempos de vida, nem mesmo os que
nunca o tiveram estão condenados a permanentemente sofrerem os efeitos
negativos de tal vivência.
3. É importante não esquecer a capacidade que cada indivíduo tem de se autor-
restabelecer, de resistir às adversidades, de procurar ajuda e não se entregar
a situações que o fragilizam e deixam vulnerável. A essa capacidade dá-se o
nome de resiliência.

O pai é pouco mais Michael Lamb mostrou que os bebés também desenvolvem um forte apego em
do que um pobre substituto relação ao elemento paterno. Lamb descobriu que os pais e as mães intera-
da mãe? gem de modo diferente com os bebés: as mães tendem a abraçar os bebés e
a acariciá-los enquanto os alimentam e limpam; os pais desenvolvem o con-
tacto afetuoso enquanto brincam com as crianças (as suas brincadeiras têm
um caráter mais físico). O pai, além de poder cuidar da criança tão bem como
a mãe, desempenha um papel muito importante – pelo menos na nossa cul-
tura –, que é o de ser o companheiro de brincadeiras da criança, em especial
dos rapazes. Segundo Michael Lamb, os pais não são simples «mães substi-
tutas» porque dão à criança a oportunidade de experiências qualitativamente
diferentes das que têm com a mãe.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 31

Capítulo 2 | As relações interpessoais: os processos fundamentais da cognição social


O que é É o estudo do conjunto de processos cognitivos em que se baseiam a perce-
a cognição social? ção dos outros e a compreensão das atitudes e comportamentos dos atores
sociais.

O que é É o estudo da interação social que procura compreender como influenciamos


a influência social? e somos influenciados pelos outros.

O que é A perceção social é o juízo ou avaliação que um indivíduo faz das qualidades
a perceção social? dos outros. A perceção social tem a ver com o modo como formamos impressões
dos outros, como nos conhecemos a nós mesmos a partir da perceção dos
outros e como agimos com eles para influenciar a perceção que têm de nós.

O que é Uma impressão é a forma como organizamos a informação que temos acerca de
uma impressão? uma pessoa, integrando-a numa categoria com significado. Uma pessoa fisicamente
atraente e bem-disposta pode ser integrada na categoria «pessoa simpática».

Por que razão As impressões desempenham um papel importante na interação social, e a sua
as impressões são importantes? rápida formação tem a ver com a necessidade de enquadrarmos as pessoas
e grupos em categorias para avaliarmos, interpretarmos e nos posicionarmos
em relação ao seu comportamento, para «sabermos o que nos espera».

O que é O «efeito de halo» resulta do facto de, ao termos a impressão de que alguém
o «efeito de halo»? possui certa caraterística (é simpático), costumarmos associar-lhe outras cara-
terísticas (como a honestidade, a inteligência e a sociabilidade). Muita infor-
mação que até pode ser relevante é posta de parte quando colocamos uma
pessoa nalguma destas categorias.

As impressões Não. Trazemos já connosco um conjunto de crenças mais ou menos estereoti-


que temos dos outros padas e preconcebidas acerca de diversas situações e atores sociais.
formam-se a partir do zero?

Que padrões de avaliação 1. Tendemos a atribuir caraterísticas positivas às pessoas fisicamente atraen-
estão presentes tes.
nas impressões que formamos 2. Tendemos a atribuir caraterísticas positivas às pessoas bem-falantes e com
dos outros? boa capacidade de comunicação oral.
3. Tendemos a atribuir caraterísticas positivas às pessoas parecidas connosco,
que têm atitudes e gostos semelhantes, que partilham a mesma cultura e
visão do mundo.

O que são São um fenómeno que se carateriza pelo facto de as nossas expetativas indu-
profecias autorrealizadas? zirem nos outros comportamentos que as confirmam. As pessoas tendem a
responder positivamente quando as expetativas que temos sobre o seu com-
portamento são positivas e a responder negativamente quando as expetativas
que temos sobre o seu comportamento são negativas.

O que são Estatutos e papéis são modelos sociais de comportamento que dão a um indi-
estatutos e papéis víduo um quadro de referência relativamente estável para a relação com os
outros e permitem formar expetativas relativamente seguras acerca do com-
e qual a sua importância?
portamento dos indivíduos no meio social. Permitem também que formemos
impressões positivas ou negativas conforme os indivíduos agem em conformi-
dade com o que deles se espera ou agem em dissonância com o seu estatuto
e papel.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 32

O que se entende O papel é o conjunto de deveres que os membros do grupo ou da sociedade a


por papel? que pertencemos esperam que cumpramos. É o conjunto de obrigações e de
comportamentos que os outros têm direito a esperar de quem ocupa uma dada
posição social.
Exemplo: Enquanto professor, devo corresponder a legítimas expetativas
dos alunos (respeito, cumprimento de programas, capacidade pedagógica,
empenho, etc.).

O que se entende O estatuto é a posição que o indivíduo ocupa na hierarquia social. Essa posição
por estatuto? permite legitimamente esperar dos outros determinados comportamentos. Im-
plica um conjunto de privilégios e de direitos.
Exemplo: Os meus alunos devem-me respeito, empenho e participação no
processo de aprendizagem, etc.

O que é Uma atitude é uma predisposição aprendida para responder cognitiva, afetiva
uma atitude? e comportamentalmente a um dado objeto.
Uma atitude é uma reação avaliativa favorável ou desfavorável a respeito de
algo ou de alguém e que se manifesta nas nossas crenças, sentimentos e
eventuais comportamentos.

Quais são Podemos destacar três componentes numa atitude:


as componentes 1. Componente cognitiva (refere-se às crenças e ideias do indivíduo sobre esquiar
de uma atitude? – o objeto avaliado):
Exemplo: Tenho a convicção de que esquiar é um exercício que faz bem à
saúde e melhora a aparência.
2. Componente afetiva ou emocional (refere-se aos sentimentos ou reações emo-
cionais suscitados por determinado estímulo):
Exemplo: Esquiar é uma atividade que me dá muito prazer.
3. Componente comportamental (refere-se à predisposição para agir de forma
favorável ou desfavorável ao estímulo ou objeto da atitude):
Exemplo: Como adoro esquiar, tento, sempre que possível, praticar essa
atividade.

Como se formam As atitudes resultam de aprendizagem. Começamos a formar atitudes desde


as atitudes? a mais tenra infância mediante a nossa experiência direta e também através
da observação do comportamento dos outros.
Muitas das nossas atitudes formam-se devido ao papel das seguintes fontes
de influência:
1. Os pais:
A influência parental é, compreensivelmente, a mais importante fonte de
atitudes, sobretudo nos primeiros anos de vida.
2. Os grupos de pares:
A influência paternal torna-se progressivamente menos determinante. A influ-
ência dos pares – dos amigos e conhecidos de aproximadamente a mesma
idade – torna-se muito importante na fase da adolescência.
3. A escola e a educação:
A escola é uma instituição que transmite conhecimentos, competências e
forma atitudes. Pensa-se que quanto maior for o número de anos de educação
formal mais liberais e suscetíveis de mudança são as nossas atitudes.
4. Os meios de comunicação de massa:
Os mass media são, em parte, fontes de persuasão, isto é, processos destina-
dos a mudar atitudes.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 33

As atitudes Não. Também modificamos as atitudes que já temos. Deve notar-se que há mui-
são estáveis e duradouras. tos indivíduos e grupos interessados e empenhados em mudar as nossas ati-
Serão por isso imutáveis? tudes: políticos, publicitários, grupos religiosos, amigos e familiares tentam,
mais insistentemente uns do que outros, persuadir-nos a adotar os seus pontos
de vista.
Os psicólogos sociais identificaram quatro fatores que podem influenciar a
mudança de atitudes:
1. O comunicador ou a fonte da mensagem.
2. A mensagem.
3. O meio.
4. A audiência ou as caraterísticas de quem recebe a mensagem.

A mudança de atitudes Não. Muitas vezes somos nós os agentes responsáveis pela modificação das
deriva somente da ação nossas atitudes. A motivação para mudarmos nós próprios as nossas atitudes
dos outros? é mais forte quando vivemos uma situação de dissonância cognitiva.

O que é A dissonância cognitiva é um estado de tensão psicológica que vivemos


a dissonância cognitiva? quando temos consciência da inconsistência entre duas atitudes relacionadas
ou da inconsistência entre as nossas atitudes e o nosso comportamento. Esta
falta de consonância e o desconforto psicológico que provoca predispõem-nos
a reduzir o conflito intrapsíquico e a restaurar a consistência.

Quais são 1. As atitudes são relativamente estáveis e duráveis.


as caraterísticas típicas 2. As atitudes são aprendidas.
das atitudes? 3. As atitudes influenciam o comportamento das pessoas, embora muitas vezes
tenhamos crenças e sentimentos que não traduzimos em atos.
4. É mais fácil a mudança de atitudes acerca de objetos, pessoas e factos dos
quais temos fraco conhecimento e acerca dos quais há distanciamento afe-
tivo.

Quais são As representações sociais são conjuntos de valores, ideias e práticas que pos-
as caraterísticas típicas sibilitam:
das representações sociais? 1. A compreensão da realidade social.
2. A orientação na realidade social.
3. Definir a identidade social.
4. Justificar certos comportamentos e atitudes.

Capítulo 3 | As relações interpessoais: os processos fundamentais de influência social


O que é Fala-se de influência social quando acontecem modificações comportamen-
a influência social? tais suscitadas pela pressão de determinados agentes sociais. O processo de
influência social é interpessoal. Na verdade, se determinados modos de agir
e de pensar podem alterar o nosso comportamento, também é verdade que
podemos provocar alterações no comportamento dos outros.

Quais são as três formas mais As três formas mais frequentes de influência social são a normalização, o con-
frequentes de influência social? formismo e a obediência.

O que é A normalização é uma pressão que reflete as normas partilhadas por um grupo
a normalização? e que permitem ter expetativas a respeito do comportamento apropriado dos
membros desse grupo em determinadas situações.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 34

Quais são as duas formas As duas formas mais frequentes de exercício da influência social – uma menos
mais frequentes de exercício formal do que a outra – são o conformismo e a obediência.
da influência social?

O que é A obediência é uma mudança de comportamento em resposta a ordens e ins-


a obediência? truções de alguém reconhecido como autoridade. É uma tendência para a sub-
missão e o cumprimento de ordens ou instruções que emanam de alguém
dotado de autoridade ou a quem ela é reconhecida.

A obediência Nem sempre, porque alguma obediência é necessária para que uma socie-
é um defeito comportamental? dade ou um grupo funcionem, mas a obediência acrítica pode conduzir a
comportamentos e práticas atrozes, desumanas. O problema da obediência é
o de saber até que ponto é legítimo obedecer.

Que fatores influenciam 1. Identificação entre autoridade, competência e saber.


a tendência para a obediência? 2. Sentimento de desresponsabilização.
3. É uma forma de satisfazer o desejo de ser aceite.
4. Partilha ou difusão da responsabilidade pelas consequências de um ato.

Que situações favorecem 1. O grau de obediência diminui quando outras pessoas desobedecem à auto-
a diminuição da tendência ridade. Ver modelos desobedientes reduz a obediência.
para obedecer? 2. Quando temos de assumir responsabilidade direta pelos nossos atos, é menor
a predisposição para obedecer.
3. A ausência ou relativo afastamento da figura de autoridade diminui o gau de
obediência.

O que é O conformismo é uma mudança de comportamento ou de atitude que visa torná-


o conformismo? -los consistentes com as normas de um grupo ou as expetativas dos outros
atores sociais. Esta mudança resulta de pressão social e do desejo de seguir
as crenças, as convicções dos outros, os seus padrões de comportamento, de
modo a sentir-se aceite, integrado ou «enquadrado» (adaptado).

Que fatores 1. Baixa autoestima ou falta de autoconfiança.


influenciam o conformismo? 2. Sensação de isolamento («Só contra todos»).
3. O impacto da presença dos outros (o contacto visual).
4. A dimensão do grupo (há um aumento da tendência conformista até uma
maioria de quatro pessoas).
5. A coesão do grupo (um grupo de pessoas tal como um grupo de amigos, e
não de desconhecidos, com fortes laços a uni-los exerce mais pressão).
6. O estatuto do indivíduo no grupo (quanto maior a importância de um indiví-
duo no grupo tanto menor a sua inclinação para o conformismo).
7. O grau de dependência dos indivíduos do grupo uns em relação aos outros.

O conformismo Não. Há vários exemplos de comportamentos inconformistas. Além disso, muitas


é inevitável? vezes, basta haver uma pessoa que pensa como nós – contra a opinião da
maioria – para que diminua significativamente a tendência conformista.
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Capítulo 4 | As relações interpessoais: os processos de relação entre indivíduos e grupos


O que é Um grupo é uma unidade social constituída por duas ou mais pessoas cuja
um grupo? relação consiste numa interação regulada por determinados valores e nor-
mas, marcada por uma relativa estabilidade, coesão e permanência e orien-
tada por aspirações, sentimentos e objetivos comuns que permitem a cada
membro referir-se aos outros como «nós».

O que distingue 1. A dimensão:


os diversos grupos sociais? O grupo mais pequeno é a díade. Quanto mais amplo um grupo mais formal
ele se torna e menor a interação pessoal entre os seus membros.
2. A duração:
As famílias são grupos que sobrevivem a muitas gerações, adquirindo novos
membros através de nascimento e casamento e perdendo outros devido a fa-
lecimentos e divórcios; os membros de uma associação de estudantes formam
um grupo que habitualmente se desfaz um ou poucos anos depois de consti-
tuído.
3. Os valores e objetivos:
A Associação Portuguesa de Hemofílicos difere nitidamente dos membros de
um clube recreativo.
4. A amplitude das atividades realizadas:
Grupos como a família envolvem-se numa grande diversidade de atividades,
o que não será propriamente o caso de uma equipa de basquetebol.

Que tipos de grupos existem? Os grupos podem ser primários e secundários, formais e informais.

O que são Os grupos primários são unidades sociais cujos membros comunicam direta-
grupos primários? mente, sendo a relação entre eles presencial, baseada mais em vínculos afe-
tivos do que funcionais e caraterizada por intimidade e convivencialidade. Os
grupos primários são normalmente pequenos, e o contacto entre os seus mem-
bros é frequente.
Exemplo: Uma família, uma turma, um grupo de amigos.

O que são Os grupos secundários são unidades sociais cujos membros comunicam mais
grupos secundários? indireta do que diretamente (podendo alguns nunca virem a conhecer-se),
sendo escassa a vinculação afetiva e limitando-se a solidariedade a um campo
de interesses normalmente de natureza laboral e funcional.
Os grupos secundários, de maiores dimensões do que os grupos primários, são
tendencialmente mais formais e hierarquizados do que os grupos primários.
Exemplo: Um sindicato, uma empresa, um partido político, uma associação
de pais.

O que são Um grupo formal é um grupo hierarquizado segundo normas que definem com
grupos formais? exatidão o papel dos seus membros, estando as regras de funcionamento, na
maior parte dos casos, expressa por escrito num regulamento interno. É um
grupo relativamente estável e durável.
Exemplo: A família, uma empresa, uma assembleia de escola, um conselho
executivo, um partido político.

O que são Um grupo informal é um grupo cujos membros estão mais vinculados por
grupos informais? laços afetivos, gostos e interesses comuns do que por objetivos e normas de
funcionamento formalmente definidas. Não há hierarquias fixas, podendo
haver, contudo, liderança, desde que reconhecida pelos membros do grupo.
São grupos efémeros, como o caso dos grupos de amigos do liceu.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 36

O que é A atração é a tendência para uma pessoa se aproximar de outra, gostar dela e
a atração interpessoal? permanecer junto dela.

Que fatores favorecem 1. A aparência física.


a atração interpessoal? 2. Proximidade ou contacto social.
3. Semelhança de atitudes.
4. Familiaridade.

O que é A intimidade designa uma relação de proximidade e de envolvimento emocional


a intimidade? entre duas pessoas que, em geral, se carateriza pela partilha de vivências íntimas
e pessoais e à qual subjaz um desejo de comunicação autêntica com alguém
de que gostamos ou que amamos.

O que é o amor? O amor é um estado emocional intenso que envolve atração, desejo sexual e
profunda preocupação com o bem-estar da pessoa que se ama.

Segundo Sternberg, 1. O amor romântico:


que tipos de amor existem? Tipo de amor em que predomina a componente sexual e prevalece na pri-
meira fase de uma relação amorosa.
2. O amor afetuoso:
Tipo de amor que ocorre quando dois indivíduos desejam estar juntos e
desenvolvem um profundo carinho e afeto um pelo outro.
3. O amor consumado:
Tipo de amor que é a mais completa forma de amor porque nele estão pre-
sentes as três componentes do amor autêntico: a paixão, a intimidade emo-
cional e o compromisso.

O que é A agressão é um comportamento cujo objetivo consiste em infligir danos físicos,


a agressão? psíquicos e materiais a outra pessoa ou a certos grupos.

Que fatores predispõem 1. Fatores biológicos:


os seres humanos Uma explicação a que os investigadores dão muito crédito é a hipótese
para a agressão? testosterona. Nos seres humanos, algumas investigações mostraram que
os criminosos violentos têm naturalmente níveis de testosterona bem mais
elevados do que os condenados por crimes não violentos.
2. Fatores psicológicos:
A frustração é um tipo de acontecimento aversivo ou desagradável e pode
conduzir à agressão se despertar emoções negativas, em virtude da sua
intensidade e do seu caráter relativamente injustificável.
3. Fatores sociais:
Aprendemos a ser agressivos mediante a observação de comportamentos
agressivos e sobretudo quando vemos que esses comportamentos são re-
forçados ou socialmente valorizados.

O que carateriza A frustração é a situação em que se encontra um sujeito quando uma necessi-
a frustração? dade não pode ser satisfeita em virtude de um obstáculo interno (falta de talento,
incapacidade física, falta de confiança, medo, etc.) ou de um obstáculo externo
(convenções sociais, falta de dinheiro, proibições de agentes da ordem, dos pais,
dos professores, obstáculos intransponíveis, etc.).

A agressão dirige-se sempre Não. A agressão, enquanto resposta à frustração, nem sempre se dirige às pes-
à eventual causa soas que julgamos serem a sua causa. Se o alvo da agressividade do frustrado
é demasiado ameaçador, mais poderoso ou não está disponível, pode dar-se
da nossa frustração?
um deslocamento da agressividade.
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Que relação existe Os preconceitos têm como base os estereótipos – crenças e ideias simplistas
entre preconceitos, estereótipos que formamos acerca de certos membros da nossa sociedade – e podem con-
e discriminação? duzir-nos a discriminar certas pessoas e grupos.

O que são São um conjunto de crenças e de opiniões segundo as quais certos indivíduos
os estereótipos? possuem determinadas caraterísticas simplesmente por pertencerem a um de-
terminado grupo.

Como se formam? Baseados em impressões ou experiências pessoais e na interiorização de


modos de pensar próprios do grupo ou da sociedade em geral, os estereótipos
são construções mentais que se formam mediante um processo chamado
generalização.

Todos os estereótipos Nem todos os estereótipos são negativos, mas todos são distorções da reali-
são negativos? dade. Ignoram a diversidade existente no seio dos grupos sociais e promovem
perceções incorretas dos indivíduos que os integram.

Quais são 1. Os estereótipos inibem ou impedem que consideremos os membros dos outros
as principais deficiências grupos enquanto indivíduos.
dos estereótipos? Baseados num estereótipo, tendemos a tratar cada elemento do grupo como
se fosse a reprodução individual exata das caraterísticas do grupo, tenha ou
não essas caraterísticas.
2. Os estereótipos limitam excessivamente as nossas expetativas quanto às ati-
tudes e comportamentos dos membros do grupo estereotipado.
3. Podem ser a base de preconceitos e de atos discriminatórios.

O que é O preconceito refere-se a sentimentos negativos acerca dos membros de um


o preconceito? determinado grupo.

Que relação existe O preconceito é uma atitude prejudicial e nociva baseada em generalizações
entre preconceitos simplistas acerca dos elementos de um grupo. A generalização inadequada na
qual o preconceito se baseia é o estereótipo. O preconceito refere-se a avalia-
e estereótipos?
ções e juízos essencialmente negativos sobre membros de um grupo que se
baseiam na pertença desses indivíduos a um grupo e não necessariamente
nas suas caraterísticas concretas e particulares. O enquadramento cognitivo
que sustenta o preconceito denomina-se estereótipo.

O que é A discriminação refere-se ao comportamento que prejudica ou desfavorece in-


a discriminação? divíduos simplesmente em virtude da pertença a um grupo sobre o qual temos
sentimentos negativos ou preconceitos.

O que distingue o preconceito O preconceito unicamente sugere uma predisposição ou tendência para discri-
da discriminação? minar. A discriminação é uma ação ou comportamento negativo que visa afetar
os membros de um dado grupo, em virtude da sua pertença a esse grupo. A
discriminação é considerada a manifestação comportamental do preconceito.

Quais são 1. Dissemelhanças de atitudes – de crenças e de valores.


as fontes do preconceito? 2. Conflito social.
3. Aprendizagem social.
4. Representações sociais – esquemas simplistas que favorecem o que está
de acordo com as nossas expetativas.
5. Categorização social – dividir o mundo em «nós» e «eles».
6. Vitimização – vítimas de preconceito tornam-se preconceituosas.
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O que é O conflito entre grupos sociais é um estado de tensão que se exprime num
o conflito intergrupal? conjunto de comportamentos e atitudes competitivas – ou que pode ter a sua
origem na competição por bens caraterizados pela escassez ou rareza.

O que é A cooperação é a ação conjunta de indivíduos e grupos mobilizada por inte-


a cooperação? resses convergentes e que, em geral, acontece quando os recursos disponíveis
são suficientes para satisfazer ambas as partes.

O que é A competição é a atividade ou conjunto de atividades dirigidas para a realiza-


a competição? ção de um objetivo às custas dos interesses e desejos de um indivíduo ou de
um grupo.

A que conclusão chegou O experimento de Sherif mostrou que colocar os jovens em situações agradá-
o experimento de Sherif sobre a veis e não competitivas não reduziu o conflito. Mais contacto e proximidade
relação entre conflito e competição? física não reduziram a hostilidade.

Além da competição, 1. A sensação de se estar a ser tratado injustamente contribui também para
que outros fatores estimular a inclinação para o conflito e a violência.
podem desencadear conflitos? 2. Objetivos incompatíveis também desencadeiam conflitos entre grupos. Se
pensamos que o objetivo dos outros é prejudicar-nos, mais predisposição
temos para o conflito.

Que formas há 1. O contacto


de tentar resolver conflitos? É uma forma de melhor conhecer os outros, e fatores como a descoberta
de semelhanças e a atração podem resultar na resolução dos conflitos.
2. A negociação
É um processo conjunto, no qual cada parte tenta, sem prejudicar os inte-
resses da outra parte, alcançar mais do que poderia conseguir agindo por
conta própria.
3. Objetivos supraordenados
São objetivos que, desejados por ambas as partes, só podem ser alcançados
mediante colaboração e entreajuda.
No experimento de Sherif, revelou-se uma boa estratégia para criar senti-
mentos positivos em relação a elementos do grupo rival.
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TEMA 4

EU NOS
CONTEXTOS

O que é É a conceção segundo a qual o desenvolvimento é inseparável dos contextos


a perspetiva ecológica ambientais em que tem lugar, não podendo nenhum aspeto do desenvolvi-
mento ser compreendido se o isolarmos da relação com outros. Os contextos
do desenvolvimento?
do desenvolvimento são conjuntos de pessoas, ambientes, ideias, crenças e
acontecimentos que estão interligados, possuem relativa estabilidade e influen-
ciam os indivíduos ao longo do tempo.

Bronfenbrenner distingue 1. O microssistema.


quatro sistemas ecológicos 2. O mesossistema.
que correspondem a quatro níveis 3. O exossistema.
de influência ambiental.
4. O macrossistema.
Quais são?

O que é O microssistema é constituído pelas pessoas e objetos que fazem parte do


o microssistema? ambiente imediato do indivíduo: família, escola, grupo de pares, creches e infan-
tários, igreja, etc.

Que tipo de relações Só nos contextos do microssistema encontramos o tipo de relações a que Bron-
encontramos no microssistema? fenbrenner dá o nome de processos proximais. Os processos proximais são for-
mas de interação imediata e direta entre os indivíduos e os contextos mais
imediatos das suas vidas.

O que é O mesossistema representa a conexão e interligação entre vários microssis-


o mesossistema? temas.
O envolvimento dos pais na vida da escola e o modo como em casa acompa-
nham a aprendizagem é um exemplo.

Em que consiste O exossistema refere-se a contextos sociais que afetam o desenvolvimento


o exossistema? do indivíduo no seu meio imediato, mas não incluem aquele.
Uma criança de tenra idade vive no seu ambiente familiar, mas, por exemplo,
não participa do mundo do trabalho.
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O que distingue O mesossistema liga ambientes ou meios que incluem a criança e influenciam
o mesossistema o seu desenvolvimento. O exossistema refere-se a contextos sociais que afe-
do exossistema? tam o desenvolvimento do indivíduo no seu meio imediato, mas não incluem
aquele.
O que acontece no trabalho afeta muitas vezes o modo como pai e mãe se
comportam em casa. O modo como o pai lida com os filhos depois de ter sido
promovido difere do modo como lidaria após uma discussão com o patrão ou
um despedimento. O que acontece à criança no local de brincadeiras ou no
jardim de infância também afeta o seu comportamento e atitudes em casa.

O que carateriza O macrossistema não é um contexto específico. É o contexto mais amplo do


o macrossistema? nosso desenvolvimento. Refere-se aos valores, leis, costumes e padrões de
uma dada cultura.
Os padrões culturais sobre o certo e o errado, o permissível e o obrigatório,
o justo e o injusto influenciam as políticas sociais, a forma como se organiza
e rege a vida social, além de que os próprios pais e familiares mais próximos,
criados nesse ambiente, os transmitem através da educação aos seus filhos.

Que nome recebem Às mudanças nos contextos de vida que condicionam a relação do «eu com os
as mudanças nos contextos outros» dá Bronfenbrenner o nome de transições ecológicas.
que influenciam Entrar na escola, no mundo do trabalho, casar, ser mãe ou pai, divorciar-se,
as nossas vidas? reformar-se são exemplos destas transições.

A perspetiva ecológica encara o desenvolvimento individual no contexto de todos os ambientes


em que as pessoas vivem diariamente (microssistema). Estes ambientes ou cenários estão interligados
de diversas formas (mesossistema) e, por sua vez, estão ligados a meios e instituições sociais
a que os indivíduos em geral não pertencem – neles não participam e não estão incluídos –,
mas que têm grande influência no seu desenvolvimento (exossistema).
Todos estes sistemas são organizados e moldados pelas crenças, valores
e ideias dominantes da cultura em que o indivíduo é educado e socializado (macrossistema).
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TEMA 5

Problemas e conceitos
teóricos estruturadores
da Psicologia

Introdução | As grandes dicotomias


Em que consiste Consiste em colocar e dar uma resposta unilateral às seguintes questões:
a dicotomia As nossas caraterísticas comportamentais e pessoais são exclusivamente
inato/adquirido? herdadas dos nossos progenitores? Em que medida fatores ambientais –
as nossas experiências, relações, meio sociocultural, a época em que vive-
mos – nos modelam e influenciam?

De que resulta a dicotomia Esta dicotomia resulta de respostas unilaterais e, por isso, parciais às questões:
interno/externo? O que somos e o modo como nos comportamos depende de fatores externos
ou de fatores internos? O nosso comportamento depende exclusivamente
da nossa personalidade – de fatores internos como predisposições genéticas,
emoções, pensamentos e motivações – ou de fatores externos, ambientais?

Em que consiste a dicotomia Consiste em colocar e dar uma resposta unilateral à seguinte questão:
estabilidade/mudança? O que explica os comportamentos que temos em diversos momentos da
vida: a estabilidade ou a mudança?

De que resulta a dicotomia Esta dicotomia resulta de respostas unilaterais às seguintes questões:
continuidade/descontinuidade? Uma vez que mudanças e alterações são uma constante da vida, de que
modo mudamos? Essa mudança é gradual ou marcada por saltos qualitati-
vos bruscos?

Que questões estão associadas Esta dicotomia resulta de respostas unilaterais às seguintes questões:
à dicotomia O que somos depende do modo como somos socializados – depende do que
individual/social? os outros fazem de nós – ou depende de fatores como a nossa personalidade
entendida como alheia à influência social? Somos seres individuais ou
somos seres sociais?

Quais são os conceitos São os seguintes:


estruturantes da Psicologia? Consciência, inconsciente, comportamento, cognição e mente.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 42

Capítulo 1 | Wundt e a consciência


Qual era para Wundt o objeto Era a consciência, a experiência consciente.
da investigação psicológica?

Qual era o seu objetivo O objetivo de Wundt era o de identificar a estrutura das nossas experiências cons-
ao estudar a consciência? cientes. Acreditava que os processos ou experiências mentais podiam ser de-
compostos nos seus elementos básicos.

Como julgava que se podia Essa estrutura seria descoberta ao identificar as unidades básicas da consciên-
descobrir a estrutura cia (sensações, sentimentos e imagens) e o modo como se combinam.
das experiências conscientes?

Quais são as unidades básicas São as sensações, imagens e sentimentos.


que compõem
as experiências conscientes?

Que método usava Wundt Para descobrir os elementos básicos da experiência consciente, Wundt recorria
para atingir o seu objetivo? a uma técnica que está na origem do chamado método introspetivo.

Capítulo 2 | Freud e o inconsciente


Qual é a tese central A tese central de Freud é a de que somos governados e movidos por desejos
da teoria psicanalítica e impulsos inconscientes que secretamente influenciam o nosso comporta-
de Freud? mento.

Quais são os sinais São os sonhos, as neuroses e os atos falhados.


dessa influência?

O que é É a dimensão da nossa mente que mais influencia o nosso comportamento. O


o Inconsciente? Inconsciente é um «lugar psíquico» ou um sistema do nosso aparelho psíquico
que contém pensamentos, desejos, sentimentos, impulsos que estão «situados»
nas profundezas da nossa mente, aquém da consciência, em virtude de terem
sido recalcados. Freud persuadiu-se da existência do Inconsciente, em primeiro
lugar, através da prática clínica com pacientes que sofriam de distúrbios psí-
quicos ou neuroses. A prática da terapia psicanalítica, que Freud foi aperfei-
çoando ao longo de anos, permitiu-lhe descobrir que o psiquismo humano não
se reduzia, bem longe disso, à consciência.

Em que consiste Consiste não em descobrir o Inconsciente, mas sim em considerá-lo a dimen-
a revolução psicanalítica? são da nossa mente que exerce mais influência sobre os processos mentais
e o comportamento.

O que é É um mecanismo de defesa que consiste em manter aquém da consciência ou


o recalcamento? em afastar desta impulsos e desejos considerados inaceitáveis do ponto de
vista moral e social e que, libertos de qualquer censura, seriam perigosos e
destrutivos. O recalcamento também visa proteger-nos de recordações traumá-
ticas.

Que importância tem a infância Na primeira infância, passamos por experiências marcantes que, em muitos
para Freud? casos, podem ser dolorosas e traumatizantes. A nossa personalidade define-se
em grande parte nos primeiros seis anos de vida.
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Quais são as estruturas O Id, o Ego e o Superego são as estruturas essenciais da personalidade, esta-
da mente e da personalidade? belecendo entre si uma relação conflituosa.

O que carateriza 1. É a dimensão totalmente inconsciente da mente.


o Id? É constituído por pulsões, impulsos e instintos (agressivos e sexuais).
2. Não tem o sentido da realidade.
Não tem noção do que é realmente possível e socialmente apropriado.
Não se orienta pelo princípio de realidade.
3. Não tem o sentido da moralidade.
É amoral, porque pretende realizar tudo o que deseja, desconhecendo a dis-
tinção entre o correto e o incorreto, o proibido e o permitido.

O que carateriza 1. Atua segundo o princípio de realidade.


o Ego? Aprende que nem tudo é possível, que para termos certas coisas temos de
renunciar a outras ou de esperar pela ocasião apropriada para satisfazer
os nossos desejos.
2. Atua segundo o princípio de realidade, mas não rejeita o princípio do prazer.
Não se opõe absolutamente ao Id porque procura unicamente que este
adote formas mais realistas e apropriadas de alcançar o que deseja.
3. Rege-se pelo princípio de realidade, mas não por princípios morais.
Em si mesmo, o Ego não tem preocupações morais. O que o preocupa é que
a satisfação dos desejos não seja prejudicial para o indivíduo.

O que carateriza 1. Diz-nos, não o que podemos ou não fazer, mas o que devemos ou não
o Superego? devemos fazer,
2. Resulta do processo de socialização, sendo o resultado da educação que
recebemos, do conjunto de punições e de recompensas de que fomos alvo.
Procura impor ao Id e ao Ego os princípios e normas morais interiorizados
através do processo de socialização.
3. É, segundo Freud, tendencialmente moralista e repressivo.

O que é um desenvolvimento O desenvolvimento afetivo é saudável se na transição de um estádio para


afetivo ou psicossexual relativa- outro não ocorrerem fixações.
mente saudável?

Quais são os estádios do desen- São os estádios oral, anal, fálico, de latência e genital.
volvimento psicossexual?

O que é Para Freud, a sexualidade é a componente fundamental da realização do ser


a sexualidade para Freud? humano. O impulso sexual – a que podemos chamar libido – e a procura do
prazer erótico determinam de forma poderosa o desenvolvimento afetivo do
ser humano.

Em Freud, É um conceito amplo porque não é exclusivamente sinónimo de ato sexual


a sexualidade é um conceito ou genital: sexualidade é toda a atividade corporal que, centrando-se em dife-
restrito ou amplo? rentes zonas erógenas, em diferentes momentos, tende para o prazer.

O que carateriza É a fase inicial do desenvolvimento psicossexual caraterizada por atividades


o estádio oral? que se centram no prazer oral.

Qual é o problema principal O conflito mais significativo deste estádio tem a ver com o processo do des-
a resolver neste estádio? mame.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 44

O que pode resultar Se o bebé for desmamado ou demasiado cedo ou muito tarde, desenvolverá
de uma incapacidade uma fixação no estádio oral e posteriormente na vida sentirá a necessidade
em resolver este conflito? de atividades que consistem, simbólica e realmente, em obter gratificação
oral: fumar, beber e comer muito, roer as unhas, consumir frequentemente
pastilhas elásticas, bombons, passar horas a conversar ao telefone, etc.

O que carateriza É a fase do desenvolvimento em que o prazer erótico deriva da estimulação


o estádio anal? do ânus ao reter e expelir as fezes. Trata-se ainda de uma forma de sexuali-
dade autoerótica, centrada em determinada zona do corpo da criança.

Qual é o problema principal O conflito mais significativo deste estádio tem a ver como asseio.
a resolver neste estádio? A criança terá de aprender que não pode aliviar-se onde e quando quer, que
há momentos e lugares apropriados para tal efeito.

O que pode resultar Se a educação para o asseio for demasiado exigente e severa, a criança pode
de uma incapacidade reagir aos métodos repressivos retendo as fezes (infligindo sofrimento a si
em resolver este conflito? mesma) ou expelindo-as quando e onde bem entender (incomodando os ou-
tros). No primeiro caso, Freud diz que se formou uma personalidade reten-
tivo-anal. No segundo caso, uma personalidade expulsivo-anal.

O que carateriza O estádio fálico é a fase do desenvolvimento afetivo em que se vive a pri-
o estádio fálico? meira experiência sentimental significativa. O rapaz compete com o pai pelo
amor da mãe, e a rapariga compete com a mãe pelo amor do pai. É de tal
modo importante esta experiência que o estádio fálico poderia denominar-se
estádio do complexo de Édipo/Eletra.

Qual é o problema principal O problema a ser resolvido neste estádio é a superação do amor obsessivo
a resolver neste estádio? pelo progenitor do sexo oposto. O rapaz e a rapariga têm de superar a vontade
de serem o objeto exclusivo do amor do progenitor do sexo oposto e a ten-
dência excessiva para o idolatrar. Aprender a partilhar esse amor é a forma
de preparar uma atitude saudável no plano sentimental.

Em que consiste É um conjunto de inclinações e impulsos que se caraterizam pela rejeição


o complexo de Édipo/ Eletra? inconsciente do progenitor do mesmo sexo e pela vontade de ser o único objeto
do amor e afeto do progenitor do sexo oposto.

Como superar Para se tornar um adulto emocional e afetivamente equilibrado, o rapaz deve
o complexo de Édipo? identificar-se com o progenitor do mesmo sexo. O rapaz irá imitar e interiori-
zar certas atitudes e comportamentos do pai. Identificando-se com o pai (com
os aspetos desejáveis do pai), o rapaz transforma os seus impulsos eróticos
em afeto inofensivo pela mãe, ao mesmo tempo que, de uma forma indireta,
satisfaz os seus impulsos a respeito da mãe. «Como a mãe gosta do pai, se
eu for como ele a mãe gostará de mim.»

Como superar Tal como nos rapazes, a forma de resolver o conflito emocional consiste na
o complexo de Eletra? identificação com o progenitor do mesmo sexo. Procurando parecer-se cada
vez mais com a mãe, a rapariga possui, simbólica e indiretamente, o pai.
Contudo, a «inveja do pénis» e o sentimento de inferioridade a ela ligado dificultam
seriamente a identificação plena com a mãe. Este é, sem dúvida, um dos aspetos
mais polémicos – porventura o mais polémico – da teoria psicossexual de Freud.

O que pode resultar de uma Da incapacidade de resolução desses conflitos podem resultar relações sen-
incapacidade em resolver este timentais complicadas que conduzirão à frustração afetiva. A fixação nas ima-
conflitos, ou seja, os complexos gens materna e paterna fará com que se procure alguém à imagem da mãe
de Édipo e de Eletra? ou do pai e se chegue eventualmente à conclusão de que isso é impossível.
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O que é É um período de acalmia relativa das pulsões sexuais sublimadas e convertidas


o estádio de latência? em desejo de conhecimento, de competência intelectual e física e de reconhe-
cimento social, sobretudo dos grupos de amigos e dos professores. Nenhuma
fixação ocorre neste estádio.

O que é É a fase do desenvolvimento em que se deve liquidar o complexo de Édipo


o estádio genital? para que uma sexualidade equilibrada e uma vida psíquica saudável possam
construir-se. A passagem da sexualidade infantil à sexualidade madura exige
que as escolhas sexuais se façam, de forma realista e segundo a norma cultural,
fora do universo familiar, sendo os pais suprimidos enquanto objetos da libido
ou do impulso sexual.

Que conceção de ser humano A teoria freudiana apresenta, não só uma nova conceção do aparelho psíquico
está presente nesta teoria? (psíquico não é sinónimo de consciente), mas também uma nova visão do ser
humano. Em nós não é a razão que domina. Gostaríamos de pensar que esta
controla os impulsos irracionais. Contudo, Freud diz-nos que a nossa vida é diri-
gida por impulsos, desejos e pulsões de natureza inconsciente (sobretudo de
natureza sexual e agressiva). Não somos donos de nós próprios, somos uma
misteriosa e complexa unidade de impulsos agressivos e destrutivos e de inter-
dições quase do mesmo sinal.

Qual é o método de investigação O método, que celebrizou Freud, tem o nome de método psicanalítico.
utilizado por Freud?

Em que ideias A ideia básica que orienta a terapia psicanalítica é a de que o paciente se pode
se baseia esse método? libertar de tensões e ansiedades ao relembrar um acontecimento traumático
infantil. Tomar consciência de conflitos e traumas recalcados (escondidos no
Inconsciente) é condição essencial da cura.
Relembrar os traumas da infância torna o paciente capaz de resolver conflitos
que não pôde resolver no passado. Primeiro, porque se apercebe de que as
condições que determinaram esses conflitos já não existem (eram conflitos da
infância). Segundo, porque pode, confrontando-se com essas vivências passa-
das, rever a atitude que tomou a seu respeito e desenvolver comportamentos
mais saudáveis.

Que técnicas e processos As duas técnicas utilizadas por Freud são a associação livre e a interpretação
estão presentes dos sonhos. Além destas duas técnicas, há dois processos que acompanham
no método psicanalítico? a terapia psicanalítica: a resistência e a transferência.

Capítulo 3 | John Watson e o comportamento


Qual é No entender de Watson, não havia qualquer necessidade de recorrer à cons-
a tese essencial de Watson ciência ou a processos mentais para explicar o comportamento. Para Watson,
sobre o comportamento? as causas de um comportamento não estão no interior da personalidade do
indivíduo. A ideia de que o comportamento seria causado por fatores que
atuariam no interior do sujeito (temperamento, pensamentos, intenções, neces-
sidades e motivações) era para Watson cientificamente prejudicial e deveria
ser abandonada.

O que é o comportamento O comportamento é o conjunto de respostas observáveis a estímulos igual-


para Watson? mente observáveis provenientes do meio em que um organismo se insere.
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O que é O behaviorismo é uma corrente que define a Psicologia como a ciência do


o behaviorismo de Watson? comportamento (behavior). Também recebe o nome de comportamentalismo.

Utiliza-se a fórmula Esta fórmula significa que o comportamento é um conjunto de atos que são
R = f (s) totalmente determinados pelo meio ou situação (estímulo ou conjunto de estí-
para explicar o comportamento. mulos).
R é a resposta ou comportamento e S a situação (fatores ambientais, histó-
O que significa esta fórmula?
ricos culturais, educativos) que a condicionam e determinam. A letra f indica
que as respostas ou comportamentos variam em função das situações que
nos condicionam.

Que papel atribui Watson Todo o comportamento é totalmente determinada pelo meio ou situação. Se
aos fatores ambientais somos educados num ambiente religioso seremos religiosos, se crescemos
expostos a um meio que valoriza a violência para resolver problemas resolve-
na explicação
remos problemas de forma violenta, se vivemos num meio que considera o roubo
do comportamento
uma forma de vida estamos a ser condicionados para roubar. O que somos é
o resultado de vários condicionamentos ou influências externas a que desde o
início da vida fomos submetidos. A sociedade é um conjunto de condiciona-
mentos que influenciam e moldam o comportamento individual.

Assim sendo, como podemos Somos o resultado da influência social, mas a própria sociedade é modificá-
modificar o comportamento vel, e o indivíduo pode ser descondicionado, aprender mediante uma espécie
dos indivíduos para melhor? de reeducação.

Qual é o papel Watson põe o acento máximo na importância do ambiente (o meio em que
dos fatores hereditários? crescemos e somos educados e o modo como somos educados e crescemos)
e declara muito pouco relevante a influência dos fatores hereditários no com-
portamento humano.

Por que razão Porque Watson recusa conceber o desenvolvimento como uma sequência ge-
se dá à teoria de Watson neticamente determinada, em grande parte alheia às influências ambientais.
O comportamento difere de indivíduo para indivíduo devido a diferentes con-
o nome de
dicionamentos ou influências ambientais. A sociedade dá aos indivíduos as
modelo mecanicista
condições de aprendizagem e por isso molda os comportamentos ou os
de explicação modos de ser observáveis. Todo o nosso comportamento é influenciado pela
do comportamento? experiência, ou seja, somos produtos do meio e por ele somos modelados.

Que conceção de ser humano Watson concebeu o ser humano como o resultado de diversos processos de
está presente nesta teoria? aprendizagem. Somos o modo como fomos educados e a forma como cres-
cemos num determinado meio, respondendo às situações nele vividas. O
homem é um produto social.

Capítulo 4 | Piaget e o desenvolvimento cognitivo


O que entende Piaget O desenvolvimento cognitivo é o desenvolvimento da inteligência e das nos-
por desenvolvimento cognitivo? sas estruturas intelectuais desde fases mais simples para etapas mais comple-
xas. Esse desenvolvimento está ao serviço do nosso conhecimento enquanto
necessidade de adaptação ao meio.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 47

A sua teoria é conhecida Porque, para Piaget, o nosso desenvolvimento intelectual não depende exclu-
pelo nome de interacionismo. sivamente nem do meio nem de fatores genéticos e hereditários.
Porquê? Definindo o conhecimento como processo de adaptação ao meio, Piaget enten-
dê-lo-á como um comportamento que resulta da interação organismo-meio.
Este psicólogo suíço não é nem partidário do empirismo nem do inatismo:
1. Nega a conceção behaviorista que reduzia o ser humano a um organismo
relativamente passivo que respondia ao meio quando deste provinha o
estímulo apropriado.
2. Nega a conceção inatista porque esta dá muito pouca importância ao papel
do meio (o inatismo defende que a nossa relação com o meio é determi-
nada por estruturas inatas ou potencialidades genéticas e não pela inter-
ação entre essas estruturas e o meio).

Quais são os três princípios A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo ou intelectual baseia-se
em que se baseia a sua teoria em três princípios gerais:
do desenvolvimento cognitivo? 1. O desenvolvimento intelectual implica mudanças qualitativas. A criança não
é um adulto em miniatura, dotado do mesmo equipamento básico, mas com
menos aptidões ou com aptidões menos desenvolvidas. Para Piaget, há
uma diferença qualitativa entre o adulto e a criança quanto ao modo de
funcionamento intelectual.
2. O conhecimento é uma construção ativa do sujeito. O desenvolvimento cog-
nitivo não consiste na receção passiva da informação proveniente do meio
nem na pura e simples atualização de um potencial genético e na aplicação
de estruturas e esquemas dados a priori. O construtivismo de Piaget supera
quer o empirismo quer o inatismo. Excetuando alguns esquemas reflexos
simples, o que há de inato em nós? A necessidade de conhecer, ou seja,
de adaptação ao meio.
3. O desenvolvimento cognitivo é descontínuo, qualitativamente diferenciado,
processando-se ao longo de momentos distintos, denominados estádios.

O que são esquemas? Os esquemas são padrões de comportamento e de pensamento que organi-
zam a nossa interação com o meio e estão envolvidos na aquisição de conhe-
cimentos. Podem consistir em atos físicos – a visão, a sucção, agarrar e manipular
objetos – e em atos mentais, como comparar as propriedades de objetos e
organizá-los em classes – classificação.

O que é A adaptação é a tendência para dar sentido e responder à realidade envolvente


a adaptação ao meio? de forma adequada à garantia da nossa sobrevivência.

Quais são os mecanismos São a assimilação, a acomodação e a equilibração.


de adaptação ao meio?

O que é É um mecanismo e um processo adaptativo que consiste em incorporar novas


a assimilação? informações nos esquemas existentes.
Mediante a assimilação, respondemos a uma nova situação de modo seme-
lhante ao que adotamos numa situação familiar, sem necessidade de modifi-
car os esquemas existentes. Há assimilação quando um novo objeto ou
situação suscita uma atividade que já faz parte do nosso repertório.

O que é É um mecanismo e um processo adaptativo que consiste em ajustar os esque-


a acomodação? mas existentes às novas informações e experiências, modificando-os.
Quando temos de alterar os esquemas existentes para responder a uma nova
situação, dá-se a acomodação. A acomodação é o processo de ajustamento
dos esquemas existentes (ou de criação de novos) quando as novas informa-
ções e experiências não podem ser assimiladas.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 48

Estes dois mecanismos Não. O processo de assimilação implica sempre um mínimo de acomodação,
funcionam isoladamente? não é pura e simples recetividade. E a acomodação exige sempre o contributo
das estruturas constituídas porque não faz sentido prescindir completamente
do que já adquirimos.
Em várias situações, não há nem acomodação nem assimilação. Se não sei
alemão, não tentarei dar sentido à conversa entre dois alemães.
Adaptamo-nos a diversas e cada vez mais complexas situações usando os
esquemas existentes sempre que estes se revelam funcionais e dão sentido
aos novos dados (assimilação) e modificando os esquemas utilizados sempre
que a resposta às situações o exigir (acomodação).

O que é É o processo que consiste em procurar estabelecer um equilíbrio entre assimila-


a equilibração? ção e acomodação. Excessiva assimilação e excessiva acomodação impedem
ou perturbam o desenvolvimento cognitivo. Periodicamente, somente novos
esquemas ou estruturas permitem que assimilemos e acomodemos de modo
relativamente equilibrado. O desejo de equilíbrio move o desenvolvimento porque
nos conduz a patamares superiores de equilíbrio e por isso de adaptação ao real.
O equilíbrio entre assimilação e acomodação nunca é absoluto.

Quais são No seu estudo do processo de adaptação em que o desenvolvimento intelec-


os estádios tual consiste, Piaget distinguiu períodos qualitativamente diferentes a que
do desenvolvimento cognitivo? chamou estádios.
São quatro os estádios do desenvolvimento cognitivo ou intelectual:
1. Estádio da inteligência sensório-motora (do nascimento aos 2 anos).
2. Estádio da inteligência pré-operatória (dos 2 anos aos 7 anos).
3. Estádio das operações concretas (dos 7 aos 11 anos).
4. Estádio das operações formais ou abstratas (dos 11 anos em diante).

O que é É o estádio em que a inteligência se adapta ao meio essencialmente através de


o estádio sensório-motor esquemas sensório-motores (atividade percetiva e atos motores). É o estádio da
ou da inteligência inteligência prática. Ao longo de seis sub-estádios, a criança progride de simples
atos reflexos para comportamentos sensório-motores mais complexos. Progres-
sensório-motora?
sivamente, o comportamento torna-se menos repetitivo. Entre os 12 e os 18 me-
ses surge o comportamento experimental: adaptação do comportamento a situa-
ções específicas de forma intencional e mediante o método do «tentativa e erro».

O que é É a capacidade de organizar as perceções e os movimentos em «esquemas


a inteligência prática? de ação» que não integram ainda conceitos ou palavras. Baseia-se nas conse-
quências das ações.
Vigora durante quase todo o estádio sensório-motor, é a sua caraterística distin-
tiva. Segundo Piaget, a inteligência é, assim, anterior ao pensamento e à lin-
guagem.

Qual é o grande desafio É a aquisição da noção de objeto permanente ou de permanência do objeto.


do estádio sensório-motor?

Em que consiste a noção Consiste na capacidade de perceber que há, independentemente do sujeito,
de objeto permanente um mundo estável de objetos e pessoas, ou seja, que estes continuam a exis-
ou de permanência do objeto? tir, mesmo que não os vejamos nem pensemos neles.

Qual o significado O nascimento da capacidade de representação simbólica que torna possível pen-
da aquisição da noção sar e falar de objetos que estão fora do campo da sua perceção imediata. A capa-
de objeto permanente? cidade de representação simbólica permite formar imagens mentais de objetos
O que está nela implícito? e ações quando aqueles não estão presentes e estas não ocorrem efetivamente.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 49

O que é É o estádio do desenvolvimento cognitivo caraterizado pelo crescente uso do


o estádio pré-operatório? pensamento simbólico e da linguagem, mas ainda de forma pré-lógica.

Quais são Piaget considera que o estádio pré-operatório é constituído por dois períodos
os dois sub-estádios distintos:
que o integram? 1. A fase do pensamento pré-concetual, centrado na imaginação e por ela domi-
nado (dura dos 2 aos 4 anos).
2. A fase do pensamento intuitivo, centrado na perceção dos dados sensoriais
e a ela submetido (prolonga-se dos 4 aos 7 anos).

Qual é o grande desafio Ser capaz de libertar o pensamento da submissão à imaginação fantasiosa e
do estádio pré-operatório? à intuição sensível, atingindo assim a capacidade de pensamento lógico.

Qual é a caraterística geral É a centração ou egocentrismo.


do pensamento pré-operatório?

O que se entende A centração ou egocentrismo pode ser entendida de dois modos:


por centração 1. A criança é incapaz de compreender que há várias perspetivas acerca da
ou egocentrismo? realidade e dos objetos, considerando somente o seu ponto de vista;
2. A criança concentra-se num aspeto de um problema ou de uma situação,
ignorando outros aspetos igualmente relevantes.

O que é É o pensamento que é dominado pela imaginação. Egocêntrica, a criança tudo


o pensamento pré-concetual? explica por referência à sua imaginação, desejos e fantasias. Esta omnipresença
da imaginação fantasiada permite compreender que o pensamento pré-concetual
– cujos esquemas, desprovidos de generalidade, são mais imagens mentais do
que conceitos – seja essencialmente um pensamento mágico, que transforma o
imaginário em realidade.

Quais são os sinais São:


desse predomínio 1. animismo:
da imaginação? Tendência para atribuir aos objetos físicos e aos fenómenos naturais qua-
lidades psicológicas (sentimentos, vontade, pensamentos e emoções).
O animismo exprime-se em frases como «O Sol está a deitar-se porque
está com sono» e «A minha boneca está doente» e na ideia de que as estre-
las que se veem no céu à noite o iluminam para o Sol dormir sem medo
da escuridão.
2. O realismo:
Tendência para atribuir a realidades psicológicas (desejos, medos, fantasias)
uma existência física. Assim, a fada madrinha, o Lobo Mau e o Pai Natal não
são ficções.
3. O finalismo:
Tendência para acreditar que nada acontece por acidente e, sobretudo, que
tudo tem uma justificação finalista, isto é, existe em função do fim que cum-
pre. Assim, as nuvens movimentam-se para encobrirem o Sol, e este existe
para que não vivamos sempre de noite.

O que carateriza É o tipo de pensamento dominado, não pela imaginação, mas sim pela perceção.
o pensamento intuitivo? Contudo, a centração ou o egocentrismo continuam a condicionar o funciona-
mento intelectual.
Não sendo já influenciada como era pelas suas fantasias, a criança é excessiva-
mente influenciada pela sua perceção das propriedades dos objetos físicos e
confunde facilmente a realidade com as aparências.
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Qual é É a incapacidade de dominar a noção de conservação, especialmente a de


o comportamento intelectual quantidade.
que ilustra de forma mais
significativa a confusão entre
as aparências percetivas
e a realidade?

Por que razão Baseado na intuição e não na lógica, não compreende que há permanência
isso acontece? na mudança, confundindo aparência e realidade. A razão de ser desta inca-
pacidade tem a ver com a centração, ou seja, a criança centra a sua atenção
num aspeto do problema – a altura do copo, ou seja, o nível da água no exem-
plo mais conhecido –, ignorando completamente outros aspetos igualmente
relevantes, como o diâmetro do copo.

O que é o estádio É o estádio cognitivo em que, devido à progressiva descentração, se desenvolve


das operações concretas? a capacidade de pensar logicamente, mas não de forma abstrata.

Por que razão Porque o pensamento se tornou descentrado. A descentração mental é a con-
já há neste estádio dição essencial desta evolução cognitiva em direção ao pensamento lógico.
a capacidade de pensar Não se centrando num aspeto de um problema, a criança dotada de pensa-
mento lógico sabe que há várias formas válidas de classificação de um grupo
de forma lógica?
de objetos (os botões podem ser classificados segundo a cor, a dimensão ou
o número de buracos).

Apesar de lógico, o pensamento Não sendo presa fácil das aparências, o pensamento ainda está agarrado à
concreto apresenta uma realidade concreta, não se dá a passagem do real ao possível. O pensamento,
limitação importante. Qual é? nesta fase, é incapaz de resolver problemas sem pontos de referência concretos.

Qual é Ser capaz de raciocinar logicamente a partir de hipóteses e não só de factos


o grande desafio do estádio concretos.
das operações concretas?

Por que razão Porque, para que isso fosse possível, o pensamento teria de se libertar ou dis-
esse tipo de pensamento não é tanciar-se da realidade concreta, mostrando que distingue o real do possível.
exibido pela criança no estádio Mas o pensamento concreto só consegue distinguir o real do aparente.
das operações concretas?

Que aspetos positivos 1. A lógica prevalece sobre a imaginação e a intuição.


marcam esta fase 2. O pensamento torna-se reversível e muito mais descentrado do que ante-
do desenvolvimento cognitivo? riormente.
3. A aquisição da noção de conservação ou de identidade é sinal de que se
distingue o real do aparente.
4. Exerce-se a lógica indutiva, a capacidade de a criança, a partir das suas expe-
riências concretas e particulares, atingir princípios gerais.
5. Adquire-se a capacidade de compreender a inclusão de classes – a capaci-
dade de pensar que os objetos podem pertencer simultaneamente a dife-
rentes classes.
6. A classificação, a seriação, o desenvolvimento do raciocínio causal, a aqui-
sição das noções de espaço, tempo e velocidade são aquisições marcantes
desta fase do desenvolvimento cognitivo.

O que é o estádio É a fase da evolução intelectual em que se forma e desenvolve a capacidade


das operações formais? de usar conceitos abstratos, de pensar a partir de situações hipotéticas ou pos-
síveis. Predomina o raciocínio hipotético-dedutivo e a resolução lógica e siste-
mática de problemas.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 51

O pensamento Sim. No estádio pré-operatório, a aparência é a realidade; no estádio das opera-


relaciona-se com a realidade ções concretas, distingue-se a aparência da realidade (o que parece real mui-
de forma diferente tas vezes não o é); no estádio do pensamento formal, a distinção dominante
é entre o real e o possível. Pode dizer-se que o real é apenas uma hipótese entre
dos estádios anteriores?
várias possíveis.

Quais são São:


as aquisições fundamentais 1. A distinção entre o real e o possível – amplia o campo dos objetos do pen-
do estádio samento.
das operações formais? 2. A capacidade de pensar e de raciocinar de forma hipotético-dedutiva, de
pensar logicamente acerca de abstrações e de possibilidades (a justiça,
a verdade, a natureza da existência, o bem e o mal, a beleza, etc.). O adoles-
cente confronta o real com o possível, o que é com o que pode ser e o que é
com o que deve ser e assim clarifica os seus valores e atitudes.
3. A forma sistemática de resolução de problemas. O adolescente procura sis-
temática e metodicamente a resposta a uma questão. Coloca hipóteses e
testa-as, não omitindo possíveis soluções, recorrendo ao raciocínio lógico.
A combinação da forma sistemática de resolver problemas e do raciocínio
lógico-dedutivo é necessária para que haja raciocínio científico.

Que conceção de ser humano Segundo Piaget, somos seres programados para aprender na interação com o
está presente nesta teoria? meio. Piaget via o desenvolvimento cognitivo à imagem dos processos biológicos.
A necessidade de conhecer é um impulso inato, uma manifestação particular da
necessidade de sobrevivência.
O comportamento humano não é algo determinado pelo meio, mas construído
ao longo de um desenvolvimento em que interagem predisposições biológicas
do sujeito (potencialidades genéticas), a aprendizagem efetuada com os outros
e a nossa atividade sobre o meio.

Capítulo 5 | Jerome Bruner e o resgate do conceito de mente


O que se entende Fala-se de «revolução cognitiva» para designar o facto de nos anos 60 e 70
por revolução cognitiva? do século XX, no contexto da emergência das novas tecnologias da informação,
a psicologia cognitiva ter substituído o behaviorismo como corrente domi-
nante na Psicologia norte-americana.

Qual foi o impacto das novas Quando, no início, muitos dos partidários da Psicologia Cognitiva falavam de
tecnologias da informação compreender a mente, estavam a entender a mente como se fosse um dispo-
na compreensão da mente? sitivo de processamento de informação. A conceção de mente era influenciada
pelo modo como o computador processava informação.

O que significa a expressão Esta expressão designa a intenção de trazer o conceito de mente para o cen-
«resgate do conceito tro das preocupações da investigação psicológica, descobrir os seus meca-
de mente»? nismos internos e revalorizar as atividades simbólicas dos seres humanos –
a construção de significados – contra o objetivismo behaviorista.

Neste contexto, Bruner é um dos principais nomes da revolução cognitiva, mas marcou a di-
qual é a posição de Bruner? ferença, nunca se designando a si próprio como teórico do processamento
da informação.

Por que razão Porque a equiparação do funcionamento da mente à forma de funcionamento


recusa essa designação? dos computadores é superficial e errada. O modelo computacional do fun-
cionamento mental deve ser ultrapassado.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 52

Por que razões Por duas razões:


não pode o funcionamento 1. A mente não pode ser equiparada a um programa informático porque, ao
da mente ser equiparado processar informação, cria significados e resolve problemas de forma cria-
ao funcionamento tiva através da linguagem.
de um computador? 2. Os processos cognitivos não são compreensíveis sem levarmos em conta
o fator sociocultural.
Um computador funciona necessariamente do mesmo modo no Japão e nos
Estados Unidos, mas a mente de um japonês e a de um americano não inter-
pretam a realidade necessariamente do mesmo modo.

A que se deve a importância Deve-se ao facto de a pertença a uma dada cultura implicar que a construção
da cultura na compreensão de significados – ideias, crenças, narrativas – seja diversa conforme o contexto
dos processos mentais? social, cultural e histórico. Um mesmo facto pode ser interpretado de diversos
modos, ou seja, acerca dela podem construir-se vários significados.

Que relação há A mente constitui a cultura e é constituída por esta.


entre mente e cultura?

A construção de significados Não. As interpretações ou significados dos factos estão inseridos nos grandes
é meramente subjetiva? contextos do conhecimento, ou grandes contextos de significados da história
e da cultura. Uma atitude como o antissemitismo não é somente fruto de expe-
riências pessoais, mas também de um dado contexto sociocultural. Assim, ao
definirem-se como antissemitas, muitas pessoas estavam, no século XIX e XX,
a definir a sua identidade como participantes de uma comunidade histórica e
cultural que, em geral, tinha uma representação negativa dos judeus.

Qual é a importância Criam ambientes mentais que nos permitem:


das narrativas socioculturais? 1. Compreender certas atitudes.
2. Perceber que, influenciados por certas narrativas histórico-culturais, atri-
buímos aos outros uma certa identidade e construímos uma certa identi-
dade pessoal.
3. A definição da nossa identidade pessoal faz-se na interação mais ou menos
dinâmica com a comunidade histórica e cultural de que fazemos parte.

Qual foi o grande contributo Bruner lançou os fundamentos de uma Psicologia da Cultura. A cultura propor-
de Bruner ciona diferentes narrativas – romances, filmes, mitos, contos populares, crenças,
relatos históricos – sobre o modo de ser das pessoas, sobre as suas motiva-
para a compreensão da mente?
ções ao terem certos hábitos e atitudes e sobre o modo como resolvem pro-
blemas. Sem esse enquadramento, não conseguiremos perceber a cognição,
as emoções e as atitudes e comportamentos dos seres humanos.

Que conceção de ser humano O ser humano é um ser que constrói significados na sua relação com o mundo
está presente nesta teoria? e que ao mesmo tempo é produto das narrativas mediante as quais cada cul-
tura se transmite aos seus membros. As narrativas são as representações que
cada comunidade cultural elabora sobre como organizar a vida social, sobre
os valores que são estimáveis, sobre as suas aquisições fundamentais. São
descrições de formas padronizadas de agir, pensar e sentir que correspondem
a interpretações da realidade partilhadas por certos grupos sociais e que são
transmitidas, assimiladas e acomodadas ao longo do processo de socialização.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 10/03/15 10:03 Página 53

Capítulo 6 | António Damásio e as bases biológicas da mente


Qual é a tese central É a tese de que não é possível separar os processos cognitivos dos emocionais,
da teoria de Damásio? de que o corpo e a mente não são entidades separadas e independentes.

Em que se baseou Damásio Nos seus estudos de pacientes com lesões no córtex pré-frontal, Damásio repa-
para chegar a essa conclusão? rou que há uma participação substancial das emoções nos processos de tomada
de decisão e raciocínio. Ficaríamos incapacitados de tomar decisões e de
fazer escolhas se deixássemos de sentir emoções.

Qual é a relação Ficaríamos incapacitados de tomar decisões e de fazer escolhas se deixássemos


entre emoções de sentir emoções. Assim, a resposta de Damásio será a de que as emoções
e tomada de decisões? são uma componente indispensável dos processos de decisão racional.

Que casos Os casos de Gage e de Elliot mostraram a Damásio que a perda de capacidade
ilustram esta tese? de sentir emoções prejudica profundamente a vida dessas pessoas. Damásio
mostrou que um reduzido nível de emoção e de paixão é tão prejudicial como
um excesso de emoção. A emoção é tão importante como a razão na tomada
de decisões e subjaz a todos os nossos processos cognitivos.

O que entende Damásio O marcador somático é um mecanismo automatizado que suporta as nossas deci-
por marcador somático? sões a partir de determinadas experiências emocionais (resultantes da ligação
entre as situações vividas e respetivos estados somáticos, ou seja, estados do corpo).
É um instrumento de avaliação do meio que, em situações concretas da vida,
nos alerta para as consequências desfavoráveis de uma decisão e nos incentiva
a tomar uma certa opção quando esta se revela muito provavelmente benéfica.

Qual é a importância A hipótese do marcador somático é apresentada para explicar o papel das emo-
deste conceito ções na tomada de decisões.
na teoria de Damásio?

Que papel desempenham Sem os marcadores somáticos, sem a excitação da emoção, o processo de deli-
os marcadores somáticos beração da razão ficaria simplesmente vazio. Os marcadores somáticos ajudam
a limitar o leque de opções que possamos tomar de forma a dispor de um
na tomada de decisões?
pequeno conjunto de escolhas que serão analisadas racionalmente.
Numa determinada situação, ao analisarmos as possibilidades ligadas a uma
certa decisão, o cérebro marca as eventuais consequências futuras (ou cená-
rios imaginários) com um marcador positivo ou negativo. Se o cenário imagi-
nário desperta em nós sentimentos negativos, essa eventual consequência ou
possibilidade é marcada negativamente. Se o cenário imaginário desperta em
nós sentimentos positivos, essa eventual consequência ou possibilidade é mar-
cada positivamente.

Que conceção de ser humano O ser humano é uma realidade cuja dimensão biológica (o corpo) é a base da
está presente nesta teoria? constituição da sua identidade e subjetividade. O homem é sem dúvida um
animal racional, mas não no sentido em que se define só pela razão. A razão
abstrata não é o centro da nossa identidade, não é o que nos define. O que nos
carateriza fundamentalmente é o enraizamento biológico da nossa razão. Não
existem processos cognitivos puramente racionais (mesmo o recurso à lógica
está emocionalmente condicionado porque faz com que algumas pessoas se
sintam mais seguras), nem uma razão separada da emoção.
A nossa razão tem uma base biológica, e esquecê-lo é iludir-se sobre uma ver-
dade básica, no entender de Damásio: as emoções e os sentimentos são os
pilares do nosso funcionamento mental.
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 18/03/15 10:06 Página 54

TEMA 6

A PSICOLOGIA
APLICADA

Quais são No que respeita à atividade dos psicólogos, costuma distinguir-se Psicologia
as duas grandes divisões gerais Pura (investigação pura) e Psicologia Aplicada. Segundo esta distinção, a Psi-
cologia Pura dedica-se à investigação básica – procura aumentar e melhorar
da Psicologia?
a nossa compreensão do comportamento e dos processos psicológicos básicos.
A Psicologia Aplicada é a atividade desenvolvida por psicólogos cuja investi-
gação está essencialmente orientada para a resolução de problemas práticos.

Os dois grandes campos No entender da grande maioria dos psicólogos, a investigação básica ou pura
em que se divide a Psicologia e a investigação aplicada são dois procedimentos complementares: o conhe-
cimento teórico conduz frequentemente à solução de problemas práticos, e a
são compartimentos estanques?
prática, na tentativa de solucionar problemas, permite também a constituição
de novos conhecimentos teóricos.

O que é A Psicologia Educacional é, em termos gerais, uma área da Psicologia Aplicada


a Psicologia Educacional? centrada na promoção do sucesso educativo, do desenvolvimento e adequação
das instituições educativas à realidade global. O psicólogo educacional tem
um campo de intervenção bastante amplo, uma vez que trata dos aspetos psi-
cológicos da educação em crianças e pessoas adultas de todas as idades.
Questões:
Como promover o sucesso educativo? Como ligar a escola à comunidade?
Como melhorar o rendimento escolar e o sucesso educativo de crianças de
camadas sociais económica e culturalmente desfavorecidas? O processo
educativo deve envolver somente a comunidade escolar? Que papel devem
ter os pais? Como devem intervir na vida da escola? As crianças com neces-
sidades educativos especiais devem ser educadas à parte? Como adequar
os currículos às idades dos alunos?

O que é A Psicologia Organizacional é área da Psicologia Aplicada centrada nos pro-


a Psicologia Organizacional? blemas do mundo do trabalho e que procura promover a satisfação e a produ-
tividade no local de trabalho.
Questões:
Como promover a satisfação no trabalho e ao mesmo tempo a produtividade?
O trabalho é mais gratificante e motivador em grupo ou individualmente?
Qual a importância de fatores linguísticos na transmissão e receção de infor-
mação? Como será o mundo do trabalho dentro de alguns anos? Como pre-
parar patrões e empregados para os desafios do futuro? Que critérios usar
para selecionar candidatos a postos de trabalho?
Psic12 (Cad_Aluno1)_Apresentação 1 18/03/15 10:10 Página 55

O que é A Psicologia do Desporto e da Atividade Física é área da Psicologia Aplicada


a Psicologia do Desporto centrada na identificação de estratégias de intervenção, tendo em vista a melho-
ria do desempenho dos diferentes agentes desportivos, a gestão de situações
e da Atividade Física?
de grande stresse ou as consequências psicológicas de lesões prolongadas e
a otimização da atividade física conciliando-a com uma vida saudável.
Questões:
Como motivar um atleta que acumulou títulos para novos triunfos? O que se
deve incutir nos atletas, a vontade de ganhar ou a vontade de competir dando
sempre o máximo? Como ajudar um atleta a vencer a ansiedade que o inibe
em momentos importantes?

O que é A Psicologia Clínica é o ramo da Psicologia que estuda a natureza, o diagnós-


a Psicologia Clínica? tico, a classificação, o tratamento e a prevenção de perturbações comporta-
mentais ou emocionais. É uma especialidade da Psicologia Aplicada que se
dirige a indivíduos ou grupos com problemas e inadaptações ao nível da saúde,
da saúde mental, da educação ou do trabalho. É uma das especialidades mais
procuradas dentro da Psicologia.
Questões:
A que se devem e como prevenir e tratar as dependências, a ansiedade, a
depressão, distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia? De que resul-
tam e como diagnosticar dificuldades de aprendizagem e problemas relacio-
nados com as relações interpessoais, por exemplo, conflitos conjugais?

O que distingue O psiquiatra tem uma formação básica em Medicina e uma posterior especia-
o psicólogo clínico lização em Psiquiatria. Esta é, por definição, o estudo das doenças mentais, o
seu diagnóstico e tratamento. A sua perspetiva terapêutica é mais fisiológica e
do psiquiatra?
biomédica do que psicológica.
O psicólogo clinico, embora tenha uma formação básica em Biologia e Neuro-
logia, não tem formação em outras áreas da Medicina e prática clínica. Por isso
não pode prescrever medicamentos.

O que distingue O neurologista é um médico especialista no sistema nervoso e nos domínios


o psicólogo clínico a ele associados, enquanto o psicólogo clínico, que usufruiu dos mesmos co-
nhecimentos da Neurologia, estuda os problemas mentais e os distúrbios com-
do neurologista?
portamentais a eles associados fora da prática médica.

O que é A Psicologia Criminal, também designada Psicologia Forense, é o ramo da Psi-


a Psicologia Criminal/Forense? cologia que estuda os comportamentos ligados ao crime.

O que é É a área da Psicologia Aplicada que estuda os fatores que influenciam as esco-
a Psicologia Vocacional? lhas profissionais e a tomada de decisões acerca de futuras áreas de prosse-
guimentos de estudos.

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