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1 POR QUE CONHECER DIFERENTES ABORDAGENS DA

PSICOLOGIA?

Devido a riqueza e a complexidade do comportamento humano, é


compreensível que os psicólogos, ao longo da história, tenham
desenvolvido diferentes abordagens com o intuito de compreender o
comportamento (GLASSMAN, HADAD, 2008).
Portanto, a complexidade do comportamento indica que, atualmente,
nenhuma teoria isolada pode explicar efetivamente todos os aspectos
envolvidos no comportamento humano. Desse modo, a natureza da
formação da teoria na ciência indica que as diferentes abordagens se
desenvolveram em resposta a vários fatores pessoais e culturais.
Vamos estudar os principais eixos teóricos da psicologia, são eles:

 Ênfase no Biológico

 Ênfase na Psicodinâmica

 Ênfase no Comportamento

 Ênfase na Aprendizagem

 Ênfase na Cognição

 Outras Psicologias

2 ENFASE NO BIOLÓGICO

Esta abordagem encara o homem como um organismo biológico. O que


fazemos, e até mesmo o que pensamos, é visto como tendo sua base em
nossa estrutura física. A abordagem surgiu de tentativas de entender duas
questões fundamentais:

 A relação entre a mente e o corpo

 A influência da hereditariedade sobre o comportamento

Cada uma é um reflexo da nossa natureza biológica, no entanto o estuda


das duas às vezes se justapõe, mas os dois aspectos têm histórias
independentes.
3 A MENTE, O CÉREBRO E O SISTEMA NERVOSO CENTRAL
(SNC)

Um problema antigo com perspectivas modernas, onde está localizada a


mente? Qual o papel do cérebro? Como funciona o SNC?
Muito bem, a mente tem sido entendida, ao longo da evolução histórica,
como habitando em muitos órgãos do corpo – especificamente no coração.
A questão psicológica em essência é: se a mente e o corpo são separados
e distintos, ou se a mente é simplesmente a experiência subjetiva do
cérebro físico.
Ao longo da história os estudiosos acreditaram que a mente e o corpo
eram entidades separadas, e era a mente que controlava o corpo. Em
geral, essa crença se perpetuou devido às profundas crenças teológicas de
que a existência de uma alma divina e imortal é o que separa os humanos
dos animais. René Descartes (1596 – 1650), foi o grande filósofo francês
quem promoveu a primeira teoria de que a mente e o corpo eram
separados, no entanto, interligados (Dualismo).
A maioria das pessoas equipara a mente ao cérebro, pode-se dizer que
isso não está totalmente errado. Contudo, em termos mais precisos, a
palavra mente está relacionada a um conceito psicológico, não a um
conceito fisiológico, e em geral é entendida como a base da consciência, e
não como uma estrutura fisiológica. Atualmente é entendido que
o cérebro está envolvido na nossa experiência da consciência, em linhas
gerais.
A conclusão atual é que a mente e o cérebro estão conectados, ou que são
até fundamentalmente a mesma coisa, mas a relação específica entre os
dois não está totalmente esclarecida pelos pesquisadores dessa área.
Nenhuma resposta final, até o momento, foi fornecida pela ciência, no
entanto podemos examinar o que se conhece sobre a estrutura do SNC e a
sua influência sobre o comportamento. 

4 SISTEMA NERVOS CENTRAL (SNC)

O SNC é composto por infinitas células vivas denominadas neurônios que


transmitem mensagens eletroquímicas em suas comunicações. Cada
comunicação entre neurônios é realizada por meio das sinapses, que é um
espaço potencial entre neurônios onde ocorre a comunicação química (por
meio de neurotransmissores). O SNC é composto pelo cérebro e a medula
espinhal, já o Sistema Nervoso Periférico (SNP) é composto pelo sistema
Autonômico e o Somático (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005).
O SNC é o responsável por receber os estímulos do meio (luz, som,
partículas químicas) através dos órgãos dos sentidos e transformá-los em
percepção. Ou seja, o SNC é o responsável por nossa memória,
motivação, inteligência e emoções.
As funções cerebrais foram discutidas ao longo da história por diversos
cientistas. Esse cientistas propuseram idéias conflitantes sobre como o
cérebro realiza funções como memória, percepção e movimento. Desse
maneira, surgiram algumas questões, como por exemplo, como essas
tarefas são realizadas pelo cérebro? No vídeo de Ted Altschuler, educador,
pode-se verificar como esse debate ocorreu ao longo dos tempos. 
Vídeo de Ted Altschuler (YouTube- clique aqui)

5 PERSPECTIVA BIOLÓGICA

Os psicólogos dessa abordagem estudam as evidências com base


biológicas de muitas fontes diferentes, incluindo genética comportamental,
para entender como a hereditariedade afeta o comportamento e a
personalidade. Os estudos dos aspectos biológicos são avaliados com o
uso de técnicas de imagem cerebral, cujas duas formas mais comuns são a
eletrencefalografia (EEG) e a imagem por ressonância magnética funcional
(IRMf).
As pesquisas da perspectiva biológica buscam especificar os processos
neurobiológicos subjacentes ao comportamento e os processos mentais.
Por exemplo, a abordagem biológica da depressão tenta compreender
como esse distúrbio pode causar comportamentos anormais, isso em
níveis de neurotransmissores cerebrais. Esses neurotransmissores são
substâncias químicas essenciais ao funcionamento do SNC. A hipótese
monoaminérgica da depressão, por exemplo, refere-se à deficiência dos
neurotransmissores Noradrenalina, Dopamina e Serotonina que estão
relacionados ao transtorno depressivo.
A perspectiva biológica vem auxiliando nas pesquisas relacionadas à
memória, motivação, inteligência, emoções e muitos outros aspectos
cognitivos.
Na tabela abaixo é possível verificar as principais especialidades
dedicadas ao estudo do SNC humano, que são: neurobiologia,
neuroanatomia, neuropsicologia, neurofisiologia, entre outros (BEAR;
CONNORS; PARADISO, 2008). Esses cientistas dividem-se em
modalidades de pesquisas clínicas e experimentais. 

Tipos de neurocientistas experimentais

Tipo Descrição

Neurobiólgo do desenvolvimento Analisa o desenvolvimento e a


maturação do encéfalo

Neurobiólogo molecular Analisa material genético dos


neurônios para compreender a
estrutura e a função das células
cerebrais

Neuroanatomista Estuda a estrutura do sistema


nervoso

Neuroquímico Estuda a química do sistema nervoso

Neuroetólogo Estuda as bases neurais de


comportamentos animais específicos
de cada espécie no seu habitat
natural

Neurofarmacologista Examina os efeitos de drogas sobre


o sistema nervoso

Psicólogo fisiólogo, biológico ou Estuda as bases biológicas do


Tipos de neurocientistas experimentais

psicobiólogo comportamento

Psicofísico Mede quantitativamente as


capacidades de percepção.

6 ÊNFASE NA PSICODINÂMICA

Sigmund Freud (1856 ? 1939)


Nasceu na Morávia (atualmente parte da República Tcheca) e era o filho
mais velho entre oito crianças em uma família de classe média. Foi
educado em Viena, onde fez medicina. Em 1885 recebeu uma bolsa de
estudos para estudar com Charcot, importante médico francês. Em 1919
recebeu o título de professor na Universidade de Viena. Em 1923 começou
uma série de cirurgias para tratar um câncer na boca. Em 1938 mudou-se
para Londres fugindo dos nazistas. Morreu em Londres, em 1939, aos 83
anos. 
Sigmund Freud
Fonte: Ferdinand Schmutzer [Public domain], via Wikimedia Commons

7 PRIMEIRA TEORIA SOBRE O APARELHO PSÍQUICO

Em 1900 Freud publica o livro – A interpretação dos sonhos – no qual


elabora e apresenta sua teoria psicanalítica, a partir do atendimento clínico
de uma paciente (Ana O.). Procura por meio da elucidação/palavra atingir o
que não é observável o inconsciente. Apresenta a primeira teoria sobre o
aparelho psíquico (consciente, pré-consciente e inconsciente). Freud é o
pai da Psicanálise. 

8 DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL

Freud ao realizar suas investigações na prática clínica sobre as causas e o


funcionamento das neuroses, descobriu que a maioria dos pensamentos e
dos desejos reprimidos se referiam a conflitos de ordem sexual, localizados
nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, que na vida infantil
estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se
configuravam como origem dos sintomas atuais. 
Essas descobertas colocaram a sexualidade no centro da vida psíquica, e
assim foi postulada a existência da sexualidade infantil. Essas afirmações
tiveram profundas repercussões na sociedade vienense da época,
lembrando que a concepção vigente de infância era a inocência.
No processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, nos primeiros
anos de vida, apresenta a função sexual ligada à sobrevivência, portanto o
prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado, isto é, as
excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo, e há um
desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular as fases do
desenvolvimento sexual. São elas: fase oral – a zona de erotização é a
boca; fase anal – a zona de erotização é o anus; fase fálica – a zona de
erotização é o órgão sexual; em seguida vem um período de  latência –
que se prolonga até a puberdade e se caracteriza por uma diminuição das
atividades sexuais (intervalo). E finalmente é atingida a última fase, isto
é, fase genital – quando o objeto de erotização ou de desejo não está
mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo – o outro
(GLASSMAN; HADAD, 2008). 

9 SEGUNDA TEORIA SOBRE O APARELHO PSÍQUICO

Entre 1920 e 1923, Freud remodelou a teoria do aparelho psíquico e


introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos três
sistemas da personalidade.
O id constitui o reservatório de energia psíquica, é onde se localizam as
pulsões de vida e de morte. O id é regido pelo principio do prazer e é
totalmente inconsciente.
O ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências da
realidade e as ordens do superego. É o principio de realidade, que, com o
principio do prazer, rege o funcionamento psíquico.
O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização
das proibições, dos limites e da autoridade. A moral, os ideais são funções
do superego. O conteúdo do superego refere-se as exigências sociais e
culturais.
A Psicanálise teve muitos adeptos ao longo da história. Sua teoria foi
estudada por muitos outros pesquisadores e várias contribuições foram
realizadas. Alguns de seus conceitos originais sofreram alterações e outras
?psicanálises?surgiram desde então.

CONCEITOS IMPORTANTES
Associação livre – é uma técnica criada por Freud para estudar a mente,
baseada em solicitar à pessoa que simplesmente diga quaisquer palavras
que venham à sua mente e, então, buscar padrões.
Catarse – é a liberação da energia pulsional na forma indireta, quer
através do processo de recordar experiências carregadas emocionalmente
ou do envolvimento em uma atividade simbólica.
Catexia – investimento de energia psíquica na representação de um objeto
ou pessoa.
Consciente –é o  aspecto da mente que contém aqueles pensamentos e
sentimentos dos quais somos imediatamente consciente em um dado
momento.
Determinismo psíquico – é o pressuposto elaborado por Freud que
estabelece que todo comportamento tem uma causa e que a causa deve
ser encontrada na mente.
Histeria – é um transtorno caracterizado por sintomas físicos para os quais
não há causa física aparente; o termo foi utilizado por Freud, no entanto o
antecede.
Inconsciente – na teoria de Freud, é aquela porção que não pode ser
diretamente acessada pela mente consciente.
Libido – é uma forma de energia psíquica manifestada pelos instintos de
vida, especificamente o sexual, que empurra a pessoa para
comportamentos e pensamentos prazerosos.
Neurose – é um termo cunhado por Freud para os transtornos em que
altos níveis de ansiedade são um sintoma primário.
Princípio do prazer – é uma descrição inicial de Freud da base da
motivação humana, que estabelecia que somos direcionados a maximizar o
prazer e evitar o que não é prazeroso.
Pulsões ou instintos – no sistema de Freud são as representações
mentais de estímulos internos, como a fome, que levam uma pessoa a agir
de uma maneira determinada.

10 CARL GUSTAV JUNG (1875 – 1961)

Nasceu em Kesswil, uma vila em Lake Constance, na Suiça em 26 de julho


de 1875. Os pais de Jung tiveram três filhos. Em 1900, após completar sua
formação médica na Universidade da Basileia, Jung se tornou psiquiatra
assistente de Eugene Bleuler no Hospital Psiquiátrico de Burghöltzli, em
Zurique, talvez o hospital-escola com mais prestígio do mundo na época.
De 1902 a 1903, Jung estudou por seis meses em Paris com Pierre Janet,
sucessor de Charcot. Casou-se com Emma Rauschenbach, uma jovem
sofisticada de família suíça rica, em 1903, quando voltou de Paris. Jung leu
A interpretação dos sonhos de Freud logo que foi publicada, mas não teve
muito interesse por esse tema. Alguns anos depois releu o livro, teve maior
entendimento das ideias de Freud e o influenciou a começar a interpretar
os seus próprios sonhos. Em 1906, Jung e Freud começaram a trocar
correspondência constante. Em 1907, Freud convida Jung e Emma para
irem a Viena. Logo de início, Freud e Jung desenvolveram forte afeição e
respeito. O primeiro encontro durou 13 horas seguidas de conversa. Freud
acreditava que Jung era a pessoal ideal para ser seu sucessor na
psicanálise. Então, Jung foi escolhido por Freud como primeiro presidente
da Associação Psicanalítica Internacional. Em 1909 Freud e Jung são
convidados a realizar uma série de conferencias nos Estados Unidos da
América. Logo após o retorno dos Estados Unidos, as diferenças pessoais
e teóricas surgiram, ao mesmo tempo que enfraquecia os laços de
amizade. Em 1913, eles interromperam sua correspondência pessoal e,
logo depois, Freud retirou sua filiação da Associação Psicanalítica
Internacional. Jung dedicou seu tempo para sua autoanálise, logo após ao
rompimento com Freud. Em 1944 tornou-se professor de psicologia médica
na Universidade da Basileia, mas devido a seu estado de saúde teve que
renunciar. Morreu em 06 de junho de 1961, aos 85 anos, em Zurique.
Assim como Freud, Jung baseou sua teoria no pressuposto de que a
mente, ou psique, possui um nível consciente e um inconsciente. Diferente
de Freud, Jung afirmava de modo contundente que a porção mais
importante do inconsciente origina-se não das experiências pessoais do
indivíduo, mas do passado distante da existência humana –  inconsciente
coletivo. 
Carl Gustav Jung
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível aqui.
10.1 Inconsciente Coletivo

Em contraste com o inconsciente pessoal está o inconsciente coletivo, de


acordo com Jung. O inconsciente coletivo tem suas raízes no passado
ancestral de toda a espécie humana. Jung afirma que os conteúdos físicos
do inconsciente coletivo são herdados e transmitidos de uma geração a
seguinte como potencial psíquico. Os conceitos universais como Deus,
mãe, terra, entre outros, são as experiências dos ancestrais distantes que
foram transmitidos ao longo das gerações. Desse modo, as pessoas em
todos os climas e tempos foram influenciadas por experiências de seus
ancestrais primitivos. Ou seja, os conteúdos do inconsciente coletivo são
mais ou menos os mesmo para as pessoas em todas as culturas (FEIST;
FEIST; ROBERTS, 2015).
10.2 Arquétipos

São imagens antigas ou arcaicas que derivam do inconsciente coletivo.


Eles são similares aos complexos, pois são coletâneas de imagens
associadas carregadas de emoções. No entanto, os complexos são
componentes individualizados do inconsciente pessoal, os arquétipos são
generalizados e derivam dos conteúdos do inconsciente coletivo. Os
arquétipos devem ser diferidos dos instintos. Para Jung o instinto é como
um impulso físico inconsciente direcionado para a ação e considerava o
arquétipo como a contrapartida psíquica de um instinto.
10.3 Persona

É o lado da personalidade que as pessoas apresentam ao mundo. Esse


termo é bem escolhido, pois se refere à máscara usada pelos atores no
teatro antigo. Para Jung, cada indivíduo deve projetar um papel particular,
o que a sociedade determina como postura mais adequada para
determinados contextos sociais. Espera-se que enfermeiro tenha uma
postura e atitude característica à sua profissão à beira do leito do paciente.
10.4 Sombra

Consiste em tendências moralmente censuráveis, é o arquétipo da


escuridão da repressão, representa qualidades que não desejamos
reconhecer e tentamos esconder de nós mesmo e dos outros.  

10.5 Anima e Animus

Jung acreditava, assim como Freud, que todos seres humanos são
psicologicamente bissexuais. E possuem um lado feminino e um lado
masculino. O lado feminino dos homens, anima, se origina no inconsciente
coletivo como um arquétipo e permanece muito resistente à consciência.
O arquétipo masculino nas mulheres é denominado animus. Enquanto a
anima representa os humores e os sentimentos irracionais, o animus é
simbólico do pensamento e do raciocínio. Jung afirma que o animus pode
influenciar o pensamento de uma mulher, embora não pertença a ela. A
explicação é que o animus pertence ao inconsciente coletivo e se origina
dos encontros das mulheres pré-históricas com os homens. Em todo
relacionamento homem-mulher, a mulher corre o risco de projetar as
experiências de seus ancestrais distantes como pais, irmão, amantes e
filhos no homem desavisado.
Jung acreditava que a anima produz sentimentos e humores nos homens,
assim como o animus é o responsável pelo pensamento e pela opinião nas
mulheres.
10.6 Self

Jung acreditava que cada pessoa possui uma tendência herdada para
avançar em direção ao crescimento, à perfeição e à completude. Essa
disposição inata, Jung a denominou de self. O self é o arquétipo dos
arquétipos, o mais abrangente de todos eles, pois reúne os outros
arquétipos e os une no processo de autorrealização. Assim como os outros
arquétipos, o self possui componentes conscientes e inconsciente
pessoais, no entanto é formado com mais frequência por imagens
inconscientes coletivas.  
11 MELANIE KLEIN (1882 – 1960)

Nasceu em 30 de março de 1882, em Viena, Áustria. A mais jovem de


quatro filhos. Klein acreditava que não havia sido planejada – uma crença
que gerou sentimentos de rejeição por seus pais. Melanie Klein tinha uma
relação especial com sua irmã Sidonie, que era a mais velha e que a
ensinava aritmética e leitura. Quando Melanie tinha 4 anos, Sidonie
morreu. Morte essa que Melanie confessou nunca ter superado o luto.
Após a morte da irmã Melanie Klein vincula-se fortemente ao seu irmão
Emmanuel, que era quase cinco anos mais velho que ela. Quando Klein
tinha 18 anos, seu pai morreu, dois anos depois faleceu seu amando irmão
Emmanuel.  Essa última morte a deixou arrasada. Melanie Klein se casa
com o engenheiro Arthur Klein, amigo próximo do seu irmão Emmanuel,
aos 21 anos de idade. Tinha o sonho de ser médica, no entanto essa
frustração ela atribui ao seu casamento e lamentou pelo resto de sua vida
não ter alcançado esse objetivo. Klein teve um casamento fineliz, ela temia
o sexo e tinha ojeriza à gravidez. Mesmo assim, teve três filhos. Em 1909,
a família Klein se muda para Budapeste, lá ela conhece Sandor Ferenczi,
que era próximo à Freud,  e a apresentou ao mundo da psicanálise. Klein
se separou de Arthur em 1919 e iniciou uma prática psicanalítica em
Berlim, onde apresentou suas primeiras contribuições para a literatura
psicanalítica com um trabalho que abordava sua análise com Erich, que
era seu filho, no entanto só foi identificado muito tempo depois da sua
morte. Em 1926 Klein vai à Londres fazer uma série de conferências, que
resulta em seu primeiro livro – A psicanálise de crianças. Em 1927 Klein
fixa residência na Inglaterra, ficando lá até sua morte, em 22 de setembro
de 1960.
Melanie Klein
Fonte: By Douglas Glass [CC BY 4.0
(http://creativecommons.org/licenses/by/4.0)], via Wikimedia Commons

11.1 Posições esquizoparanóide e depressiva

Klein tinha um olhar para os bebês como constantemente em um conflito


básico entre o instinto de vida e o instinto de morte, ou seja, entre o bom e
mau, criatividade e destruição, amor e ódio. À medida que o ego avança
em direção à integração, naturalmente os bebês preferem as sensações de
gratificantes em detrimento às frustrantes. Na tentativa de lidar com essa
dicotomia (bons e maus sentimentos), os bebês organizam suas
experiências em posições. Duas posições básicas representantes da teoria
de Klein são a posição esquizoparanoide e a posição depressiva (FEIST;
FEIST; ROBERTS, 2015).

12 WILHELM REICH (1897-1957)

Nasceu em 24 de março de 1897 em Dobrianychi, Ucrânia. Em 1918, com


o final da primeira guerra mundial, matriculou-se na Universidade de Viena
para escudar medicina.  Em 1920 entrou para a Sociedade Psicanalítica de
Viena, sob o comando de Freud. Dois anos depois formou-se em medicina.
Morreu em 3 de novembro de 1957, aos 60 anos de idade, na penitenciária
de Lewisburg – Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Wilhelm Reich
Fonte: By ROBERT HUFFSTUTTER from TRAVELING SOUTHERN
CALIFORNIA, USA (WILHELM REICH, Creator of the Orgone Energy theory)
[CC BY 2.0 (http://creativecommons.org/licenses/by/2.0)], via Wikimedia
Commons
12.1 Análise do Caráter

Esta corrente também se originou a partir da Psicanálise, tendo como


principal expoente o psicanalista austríaco Reich.
Enquanto Jung considerava Freud exagerado em seus postulados acerca
da sexualidade, Reich o considerava tímido no seu enfoque, especialmente
no campo da sublimação.
Em sua teoria Reich considerava que a saúde mental estava diretamente
relacionada à saúde sexual, passando a estudar a função sexual. Devido
as divergências no campo da sublimação em 1934, Reich foi expulso do
movimento psicanalítico, levando-o a aproximar-se do marxismo.
A reunião de adeptos para uma militância marxista em associação com a
psicanálise em um movimento que chamou de “combate sexual da
juventude”, na busca de “uma sexualidade mais saudável”, também o levou
a ser expulso do Partido Comunista Alemão.
Sua psicologia contribui para a formação de uma teoria voltada para
a Análise do Caráter. Reich introduz ainda a questão corporal em seus
estudos, investigando o que chamou de couraças musculares. Do ponto de
vista dessa teoria, a energia dos conteúdos inconscientes ficaria
depositada em determinados pontos de nossa musculatura, formando anéis
de tensão. O objetivo era manipular essas couraças na tentativa de liberar
esses conteúdos inconscientes (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2005).
 
Reich foi incompreendido, também, nos Estados Unidos (local em que
escolheu para viver), foi perseguido e preso por charlatanismo e acabou
morrendo na prisão. A psicologia Reichiana conquistou muitos adeptos,
destacando-se aqueles que atuam com a abordagem corporal (derivada da
análise do caráter), que inspirou a psicoterapia bioenergética.

13 AUTORES IMPORTANTES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O

DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE

 
14 ANNA FREUD (1895 – 1982)

Filha de Freud, ela é reconhecida como a fundadora da psicanálise


infantil, apesar do fato de que seu pai muitas vezes sugeriu que as
crianças não poderiam ser psicoanalizadas, teve muitas divergências
teóricas com as ideias de Melanie Klein.
 
15 DONALD WINNICOTT  (1896 – 1971)

Médico pediatra, Winnicott desenvolveu sua psicanálise com base nas


relações familiares entre a criança e o ambiente. Foi um dos primeiros
autores a hierarquizar o papel da mãe no funcionamento mental da criança.
Segundo Winnicott, a mãe suficientemente boa (não necessariamente a
própria mãe do bebê) é aquela que efetua uma adaptação ativa às
necessidades do bebê.
 
16 ERIK ERIKSON (1902 – 1994)

Este autor psicanalítico concentrou sua obra na abordagem de estágios


contínuos de desenvolvimento. A teoria de Erikson tenta explicar o
comportamento e crescimento humanos em oito etapas, do nascimento à
morte. Ele compreendia que todos os aspectos da personalidade poderiam
ser explicados em termos de momentos decisivos ou crises que temos de
enfrentar e resolver em cada fase do desenvolvimento.
 
17 ENRIQUE PICHON RIVIÈRE (1907 – 1977)

Nasceu na Suíça e foi morar na Argentina quando tinha 3 anos de idade.


Foi um psiquiatra e psicanalista argentino. Suas principais obras foram a
Teoria do Vínculo e O Processo Grupal.
 
18 JACQUES LACAN (1901 – 1981)

Lacan foi um psicanalista francês. Depois dos estudos em medicina, ele se


concentrou em direção à psiquiatria. Lacan foi o analista da linguagem,
escolheu a linguística e a lógica para reconfigurar a teoria do inconsciente.
 
19 JOSÉ BLEGER (1922 – 1972)

Psiquiatra e psicanalista argentino.  É conhecido pela análise institucional


e desenvolveu o conceito de Psico-Higiene. Bleger acreditava que o
psicólogo deveria ultrapassar a atividade psicoterápica, que visa o doente
e a cura, e praticar a psico-higiene, que foca uma população sadia e a
promoção da saúde.

 
20 ÊNFASE NO COMPORTAMENTO

O Behaviorismo
John Broadus Watson (1878 ? 1958)
Foi o fundador do behaviorismo. Foi educado em uma pequena escola da
zona rural norte-americana, como era comum em sua época. Estudou
Psicologia na Universidade de Chicago, Estados Unidos, e doutorou-se em
Neuropsicologia. Faleceu na cidade de Nova York, aos 80 anos de idade.
O termo Behaviorismo foi inaugurado por Watson na publicação ?
Psicologia: como os behavioristas a vêem?, em 1913. A palavra
inglesa behavior significa comportamento, por isso par denominar essa
abordagem teórica usa-se Behaviorismo, que significa
Comportamentalismo ou Teoria Comportamental (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2005).
O Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o
ambiente, entre as ações do indivíduo, e suas respostas, e o ambiente, as
suas estimulações.
Watson reagiu contra a visão de que a experiência consciente era o
interesse central da psicologia. Ele não fez declarações sobre a
consciência quando estudou o comportamento de animais e bebês.
Watson acreditava que para a psicologia ser uma ciência, era importante
que os dados psicológicos fossem abertos para a inspeção do público,
assim como os dados de qualquer outra ciência. Logo, Watson entendia
que o comportamento é público, no entanto a consciência é da ordem do
privado.
A pesquisa do psicólogo russo Ivan Pavlov sobre a resposta condicionada
foi considerada uma importante área da pesquisa comportamental, contudo
foi Watson o responsável pela difundida influência do behaviorismo.
Muitos defensores do behaviorismo, e o próprio Watson, argumentaram
que quase todo comportamento é resultante do condicionamento e que o
ambiente dá forma ao comportamento, principalmente reforçando hábitos
específicos. Os behavioristas tende a discutir os fenômenos psicológicos
em termos de estímulos e respostas (S-R). Watson, além de fundar toda a
teoria psicológica, denominada Behaviorismo, também foi o primeiro
psicólogo a aplicar a teoria psicológica à publicidade e ao  marketing norte-
americano (NOLEN-HOEKSEMA, S. et al., 2012)
John Broadus Watson.
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível aqui.

21 Ênfase na Aprendizagem
Análise Experimental do Comportamento (AEC)
Burrhus Frederic Skinner (1904 ? 1990)
Iniciou sua carreira profissional como romancista, graduou-se em Inglês na
Hamilton College, Nova York. Sua carreira como escritor foi um fracasso.
Em 1928 ingressou na Universidade de Harvard para estudar psicologia e
obteve seu Ph.D. em três anos. Sua opção pelo comportamentalismo
levou-o a rejeitar os sentimentos e as emoções que tentara retratar como
escritor romancista.
Em 1945 Skinner se auto intitula Behaviorista radical, para designar uma
filosofia da Ciência do Comportamento, que ele próprio se propôs a
defender, por meio da Análise Experimental do Comportamento.
Além das interações entre o indivíduo e o ambiente (estímulo resposta),
Skinner diferenciou dois tipos comportamento ? o respondente e o
operante.
O comportamento respondente envolve uma resposta produzido ou
originada a partir de um estímulo específico, por exemplo a contração do
joelho, aplica-se um estímulo no joelho (uma pancada) e ocorre uma
resposta (a perna da uma sacudidela). Esse comportamento não é
adquirido, ele é inato ou reflexo. Não há necessidade de treinamento ou
condicionamento para produzir tal resposta.
O comportamento operante é todo comportamento emitido espontânea
ou voluntariamente que atua no ambiente para modificá-lo. Muitos
comportamentos do ser humano parecem ser espontâneos e não pode ser
diretamente relacionado a um estímulo específico. Tais comportamentos
são emitidos e não motivados por um estímulo. Logo, implica agir de uma
forma que parece voluntária, e não reagir involuntariamente a um estímulo
ao qual tenhamos sido condicionados.
Para entendermos o procedimento de condicionamento operante é
necessário observarmos o comportamento de um rato no aparelho de
condicionamento operante inventado por Skinner, que é a Caixa de
Skinner. Ao colocar um rato privado de água na caixa de Skinner, no início
seu comportamento é espontâneo e aleatório. Ele explora o ambiente,
cutuca, cheira, fica totalmente ativo. Esses comportamentos são emitidos,
não motivados, ou seja, o rato não está respondendo a nenhum estímulo
de seu ambiente (GLASSMAN; HADAD, 2008). 
Burrhus Frederic Skinner 
Fonte: By Silly rabbit [GFDL (http://www.gnu.org/copyleft/fdl.html) or CC BY 3.0
(http://creativecommons.org/licenses/by/3.0)], via Wikimedia Commons

Condicionamento operante – é o procedimento por meio do qual uma


mudança nas consequências de uma resposta afetará a taxa na qual a
resposta ocorre.
Em algum momento durante as atividades do rato na Caixa de Skinner ele
pressionará uma alavanca ou barra localizada numa parede da caixa,
causando o aparecimento de uma gota de água. O comportamento do rato,
de pressionar a alavanca, atuou sobre o ambiente e, como consequência,
modificou-o. O ambiente agora possui uma gota de água. A água é um
reforçador ao comportamento de pressionar a barra. O rato começa a
pressionar a barra com maior frequência, dessa forma ele recebe água –
mais reforço – e, pressiona a barra mais ainda. O comportamento do rato
agora está sob o controle dos reforçadores. A partir de agora as atividades
do rato na caixa são menos aleatórias e espontâneas, pois passa a maior
parte do tempo pressionando a barra para obter água.
O reforçamento é toda consequência que, seguindo uma resposta, altera
a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. Os  esquemas de
reforços podem ser positivos ou negativos. O reforço positivo é todo
evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz, já
o reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da
resposta que o remove ou atenua. 

O trabalho de Skinner teve amplas aplicações práticas, como por exemplo,


técnicas terapêuticas originadas a partir de suas pesquisas são utilizadas
em ambiente clínicos para tratar uma variedade de distúrbios, que incluem
deficiência mental, autismo, depressão, transtorno obsessivo compulsivo,
por exemplo. Suas técnicas de modificação do comportamento são também
utilizadas em escolas, negócios, instituições e hospitais.

22 Albert Bandura
Teoria da Aprendizagem Social Cognitiva 
Albert Bandura nasceu em 04 de dezembro de 1925, em Mundare, uma
cidade pequena das planícies do norte de Alberta, no Canadá. Único
menino de uma família de cinco irmãs mais velhas e foi encorajado por
estas a ser independente e autoconfiante. Formou-se em Psicologia na
British Columbia em apenas três anos. Na Universidade de Iowa, Bandura
concluiu o mestrado e doutorado em psicologia clinica, e o pós-doutorado
no Wichita Guindance Center.  Em 1953, passou a integrar o corpo docente
da Universidade Stanford, onde permaneceu como membro do Centro para
Estudos Avançados em Ciências Comportamentais.
Albert Bandura.
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível aqui.

Para os teóricos da aprendizagem os princípios da aprendizagem podem


proporcionar uma mudança comportamental. Ao estudarmos Bandura,
notamos que ele não adotou o behaviorismo radical como abordagem, ele
ampliou a teoria Skinnerianna, e a denominou inicialmente de Teoria da
Aprendizagem social, e atualmente, de Teoria Social Cognitiva, tal
mudança deixa clara a ênfase em processos cognitivos vitais para o
desenvolvimento.
 
23 Aprendizagem vicariante (observacional)
Em síntese, Bandura, acreditava que novos comportamentos podem ser
adquiridos pela aprendizagem vicariante (observacional)  e pela
aprendizagem enativa. Para ele o elemento central da aprendizagem
observacional é a modelação, que é facilitada pela observação das
atividades, pela codificação na memória, pela real execução do
comportamento e estar motivado o suficiente. Embora ele, ainda que
sejamos capazes de aprender com a experiência direta, aprendemos muito
pela observação do comportamento de outras pessoas.
24  
25 Aprendizagem enativa
Segundo Bandura a aprendizagem enativa, permite o aprendizado pela
experiência direta, ou seja, o comportamento humano pode ser aprendido
quando as pessoas pensam e avaliam sobre as conseqüências de seu
comportamento. Para ele, o processo de aprendizagem proporciona às
pessoas o controle sobre os eventos que moldam suas vidas. Tal controle,
dependerá da interação recíproca de variáveis pessoais, comportamentais
e ambientais. Vale ressaltar que, por pessoais, Bandura entende os fatores
cognitivos como memória, antecipação, planejamento e julgamento.
Para ele, as conseqüências de uma respostas informam os efeitos de
nossas ações, e assim retemos e usamos como guia em respostas futuras;
motivam nosso comportamento antecipatório, ou seja, podemos
representar simbolicamente os resultados de uma ação e agir em
conformidade (ex, vou viajar a um lugar frio, então levo o casaco de frio na
bagagem de mão, não preciso chegar e sentir o clima gélido para comprar
roupas apropriadas); e também reforçam o comportamento, o que foi
bastante descrito por Skinner, no comportamento operante, no entanto,  
Bandura discute que comportamentos complexos são bastante facilitados
pela intervenção cognitiva (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015).
 
26 Autoeficácia
Bandura afirma que a maneira como pessoas agem em uma situação
dependerá da interação dos fatores comportamentais, ambientais e
cognitivos, em especial os cognitivos relacionados às crenças de que elas
são capazes de emitir um comportamento necessário para obter o
resultado desejado. Ele define como autoeficácia crenças das pessoas em
sua capacidade de executar determinados comportamentos. 
27 Quadro: Diferenças e semelhanças da Teoria da Aprendizagem de
Skinner e Bandura, de acordo com Almeida (2013).
Teoria Social Cognitiva de Divergências entre a Teoria Social
Bandura  compartilha com o Cognitiva e o Behaviorismo
Behaviorismo Radical de Skinner Radical de Skinner

- a importância da aprendizagem - Bandura discordava da utilização


de um comportamento a partir da de organismos simples (pombos e
interação do indivíduo com ratos) e do ambiente do
situações e contextos específicos, laboratório para o
 - a importância do reforço para a desenvolvimento de uma teoria,
alteração ou permanência de - Bandura afirma que o
determinado comportamento, comportamento não é regulado
- ambos afirmam que a terapia apenas pelas consequências
tem como papel propiciar a externas, ele argumenta que
aprendizagem de novos padrões  expectativas e processos
comportamentais e não deve autorregulatórios internos
assumir o papel de estabelecer participam do processo de
cura  de uma doença aprendizagem.
caracterizada por sintomas. - Bandura acredita que
- ambos partem do princípio de autoavaliação obtida através de
que ?o comportamento humano é relatos verbais são úteis para se
amplamente adquirido e que os conhecer os processos cognitivos.
princípios da aprendizagem são - Para os behavioristas a ação do
suficientes para explicar o ambiente sobre a pessoa é o
desenvolvimento e a manutenção impulso para seu
desse comportamento? (ALMEIDA desenvolvimento, enquanto os
E COLS, 2013, p.86). teóricos da aprendizagem social
argumentam que processos
cognitivos individuais são
responsáveis pelo
desenvolvimento da pessoa.
- Teoria Social Cognitiva não
enfatiza apenas eventos externos,
mas, também, eventos internos,
ou seja, verifica a cognição e
emoção, e prioriza a relação
Teoria Social Cognitiva de Divergências entre a Teoria Social
Bandura  compartilha com o Cognitiva e o Behaviorismo
Behaviorismo Radical de Skinner Radical de Skinner

pensamento, sentimento e
comportamento.
- O papel do reforço é visto de
forma diferente por Bandura,
como no caso da aprendizagem
vicariante/observacional, já
mencionada, o reforço
proporciona a aprendizagem de
maneira antecipatória, visto que
possibilita ao indivíduo
atentar/observar e a ensaiar o
comportamento observado.

 
Devemos ter claro que apesar das divergências teóricas aqui
apresentadas, cada teoria procura responder aquilo a que se propõem.
Skinner, teve um papel decisivo para que a Psicologia ganhasse
o status de ciência, pois adotou uma psicologia objetiva, foi perspicaz na
escolha de seu objeto de estudo, utilizou métodos descritivos e
mensuráveis. Skinner nunca afirmou que comportamento observável se
limitava a eventos externos, no entanto optou em ser determinista e
ambientalista, decisão que foi coerente aos seus métodos de estudo. Ele
ampliou as teorias de Thornidike e Watson, ao adicionar o
condicionamento operante ao respondente que já existia.
Para finalizar, vale ressaltar que Skinner foi imprescindível na elaboração e
entendimento dos conceitos de modelagem, reforçamento, punição,
esquemas de reforçamento e extinção. Ele nunca negou a existência dos
estados internos, mas preferiu não estudá-los, visto que sua observação
era limitada. Por outro lado, Bandura ousou resgatar e estudar os estados
internos, e não teve medo de investigar uma esfera subjetiva e imprecisa.
Ele conseguiu esclarecer a influência de aspectos individuais (cognição,
memória, antecipação) como integrantes da constituição da personalidade
sem se distanciar da ciência ou criar constructos hipotéticos ou
especulativos. 

28 Ênfase na Cognição
Gestalt ? a psicologia da forma
Nascida na Europa e tendo origem na Fenomenologia, a Gestalt opõe-se
ao perfil da psicologia científica do século XIX que fragmentava o indivíduo.
Para os teóricos dessa abordagem, o ser humano deveria ser analisado em
sua totalidade não fazendo sentido sua fragmentação. Teve como
principais representantes os psicólogos alemães Max Wertheimer (1880 ?
1943), Kurt Koffka (1886 ? 1941) e Wolfgang Köhler (1887 ? 1967).

Max Wertheimer.
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível aqui.
Kurt Koffka
Fonte: Smith College Archives; photograph by Katherine E. McClellan

Wolfgang Köhler.

A gestalt é um termo alemão de difícil tradução, pode-se dizer que o termo


mais próximo do português seria “forma” ou “todo organizado”.
Considerando sua origem fenomenológica, a Gestalt apresenta uma
psicologia que considera as formas da percepção. Assim, além de analisar
o comportamento do homem também estuda como este homem percebe o
mundo a sua volta, considerando que sua percepção reflete diretamente
em seu comportamento. O ponto principal desta corrente é compreender
como a consciência decodifica o que é apreendido.
A Gestalt ainda introduziu a relação S – O – R (estímulo – organismo –
resposta), opondo-se a relação S – R (estímulo – resposta) do
behaviorismo, trabalhando com a possibilidade de múltiplas respostas
dependendo de como o estímulo é decodificado pelo organismo (indivíduo).
Desta forma, além do processamento psíquico da informação também seria
considerado o conhecimento anterior (nossas experiências), sendo estas
as bases cognitivas da percepção (GLASSMAN; HADAD, 2008).
A abordagem da Gestalt baseou-se na premissa de que o comportamento
é baseado em estruturas organizadas, não sendo meramente uma reunião
de elementos de estímulos. Assim, os psicólogos desse eixo teórico
encaram a resolução de problemas como um processo de mudança da
percepção que um indivíduo tem de uma situação para poder chegar a uma
solução, denominado insight – que envolve uma reestruturação dos
elementos envolvidos no problema de uma forma repentina e espontânea.   

29 Outras Psicologias
Psicologia Social Cognitivista 
Sofreu influência direta da teoria da Gestalt, tendo como um de seus
principais representantes Kurt Lewin (1890 ? 1947).
Kurt Lewin criou o conceito de campo social, que seria formado pelo grupo
e seu ambiente. Um de seus importantes trabalhos envolveu a investigação
experimental detalhada da dinâmica grupal. Seus trabalhos trouxeram
muitas contribuições para a construção de modelos de intervenção junto a
grupos sociais, sendo utilizados até os dias atuais.
Kurt Lewin
Fonte: By Kurt Lewin´s photgrapher (changecom.wordpress.com) [CC BY-SA
4.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)], via Wikimedia Commons

30 Fenomenologia
É um ramo da Filosofia e buscou fundar uma ciência nova, não empírica,
da subjetividade. Desejava-se chegar ao nível da consciência por meio da
análise dos fenômenos (“pura visão”). Tem como objeto de estudo
compreender como tomamos consciência do fenômeno. Esta corrente
influenciou o existencialismo tendo como representantes: Martin Heidegger
(1889 – 1976), Jean-Paul Sartre (1905 – 1980), Maurice Merleau-Ponty
(1908 – 1961).
Importante corrente gerado pela fenomenologia e representada
particularmente por Carl Rogers envolveu uma Abordagem centrada na
pessoa. Esta abordagem humanista foi bastante difundida nos campos
clínicos e educacionais na segunda metade do século XX.
 
31 Gestalt Terapia
Apesar do nome não se deriva da Gestalt, teve como criador o médico
alemão Frederick S. Perls (1893-1970). Embora Perls tenha estudado e
atuado por muito tempo em meio aos psicanalistas, as influências
marcantes em sua teoria revelam identificação maior com o campo da
Fenomenologia. O foco da Gestalt Terapia está no aqui-agora, sendo três
pontos de valorização importantes nessa corrente: da realidade temporal;
da tomada de consciência e aceitação da experiência; do todo ou
responsabilidade.
 
32 Psicodrama
Fundada pelo médico Búlgaro Jacob Levy Moreno (1889-1974). Moreno
viveu em Viena desde os cinco anos de idade interessando-se desde muito
cedo pelo teatro. Conviveu com o mundo intelectual de Viena,
fundamentando uma teoria que fazia relação entre o teatro e a
psicoterapia.
Inicialmente teve seus trabalhos incompreendidos, no entanto colheu os
frutos de sua teoria, conquistando muitos adeptos. O psicodrama pode ser
aplicado na psicoterapia, o sujeito interagindo com seu terapeuta e com o
ego auxiliar – podendo interpretar muitos papeis: sua própria vida, e de
pessoas com quem mantém vínculo, ou ainda dirigindo episódios do seu
cotidiano.
O psicodrama também pode ser utilizado em situações não terapêuticas e
aplicada ao sociodrama. Esta teoria gerou muita projeção para Moreno,
alguns conceitos muito empregados neste campo: ego auxiliar; sóciodrama
(vivência coletiva).
 
33 Neuropsicologia
Não é uma ciência psicológica, mas um campo de atuação do psicólogo em
fase de expansão. É um campo do conhecimento que integra várias
ciências, dentre elas a medicina, a fisiologia, neuroanatomia e a psicologia,
o que significa que profissionais de diferentes áreas se especializam e
atuam neste campo.
Estuda o cérebro e o comportamento humano, dedicando-se
particularmente à investigação das relações entre lesões e déficits em
áreas relacionadas à cognição. Dentre as áreas de atuação da
neuropsicologia pode-se citar: ensino e pesquisa, avaliação e diagnóstico,
acompanhamento clínico, reabilitação cognitiva, neuropsicologia forense,
entre outras.

34 Áreas e locais de atuação do psicólogo


Como ressalta Bock, Furtado e Teixeira (2008) falar em psicoterapia é algo
complexo em nosso meio, uma vez que engloba profissionais de outras
áreas além do psicólogo. Embora o psicólogo esteja bem instrumentalizado
para atuar como psicoterapeuta outros profissionais também se habilitam
para esta prática.
A psicoterapia (dos psicólogos) engloba a atuação mais comumente
conhecida deste profissional que envolve os atendimentos realizados em
consultórios particulares, clínicas, hospitais gerais e especializados,
ambulatórios, unidades de saúde ou ainda em instituições que necessitam
de práticas voltadas à saúde.
A Psicologia Clínica, que engloba a psicoterapia não se reduzindo a ela
será o principal tema abordado neste tópico. Na Psicologia Clínica está
inserido o psicodiagnóstico que antecede as terapias, tendo como outras
competências: realizar exame, diagnóstico e terapêutica (com enfoque
preventivo ou curativo) de pessoas com problemas intra e interpessoais, de
comportamento familiar ou social ou distúrbios psíquicos, empregando
técnicas psicológicas adequadas para cada caso. Os profissionais que
atuam em Psicologia Clínica quando desenvolvem suas práticas em outras
instituições podem desenvolver uma prática clínica, mas também atuar em
promoção de saúde acompanhando os processos específicos do tipo de
instituição que está inserido. Com base no Catálogo Brasileiro das
Ocupações do Ministério do Trabalho e nos enunciados de Bock, Furtado e
Teixeira (2008), apresentaremos aqui algumas das muitas áreas e locais
de atuação do psicólogo.
Empresas, indústrias e organizações ? envolvem atividades
especificamente voltadas ao campo da psicologia aplicada ao trabalho,
como recrutamento, seleção orientação, aconselhamento e treinamento
profissional.
Escolas e Instituições ? voltado à esfera da educação, realiza pesquisas,
diagnósticos e intervenção psicopedagógica em grupo ou individual, por
meio da investigação do sistema educacional e seus agentes (educadores
e educandos), das técnicas de ensino empregadas e aquelas a serem
adotadas; do conhecimento dos programas de aprendizagem e das
diferenças individuais, colaborando no planejamento de currículos
escolares e na definição de técnicas de educação mais eficazes.
Psicologia do Trânsito ? atua junto aos processos psicológicos,
psicossociais e psicofísicos relacionados aos problemas de trânsito
(implantando programas de treinamento à capacitação), elaborando e
aplicando técnicas psicológicas, como exames psicotécnicos, para a
determinação de aptidões motoras, físicas, sensoriais e outros métodos de
verificação, para possibilitar a habilitação de candidatos à carteira de
motorista e colaborar na elaboração e implantação de sistema de
sinalização, prevenção de acidentes e educação de transito. Alguns
exemplos de atuação contemporâneas deste campo envolvem
possibilidades de estudos das aplicações psicológicas do alcoolismo e de
outros distúrbios nas situações de trânsito; atuação como perito em
exames para motorista objetivando sua readaptação ou reabilitação
profissional; e assessoria e consultoria a órgãos públicos e normativos em
matéria de trânsito.
Instituições Jurídicas ? (também conhecida como psicologia forense)
colabora para o planejamento e execução de políticas de cidadania,
direitos humanos e prevenção da violência, centrando sua atuação na
orientação do dado psicológico, para possibilitar a avaliação das
características de personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial;
problemas no âmbito das varas da família e da infância e juventude (ex.:
disputas judiciais). Contribui também para a formulação, revisão e
interpretação das leis.

Embora a atenção pontual ao que determina o Código de Ética do


psicólogo seja um dever de todos os profissionais da psicologia. Neste
campo de atuação em particular devemos ter atenção redobrada em
algumas questões, como por exemplo, a quebra de sigilo profissional. Isso
ocorre porque o Psicólogo Jurídico poderá estar mais frequentemente
diante de contextos que lhe exigirão conhecimento amplo de suas
atribuições, direitos e deveres; forte senso crítico e analítico; sensibilidade
e bom senso para tomar decisões.
Práticas Esportivas ? envolve o exame do comportamento e das
características psicológicas dos esportistas, visando à elaboração,
desenvolvimento e aplicação de técnicas apropriadas, como testes para
determinação de perfis de personalidade, de capacidade motora, sensorial
e outros métodos de verificação para possibilitar o diagnóstico e orientação
individual ou grupal dentro da atividade esportiva desempenhada, bem
como a função dentro da equipe, por exemplo.
Instituições sociais e Práticas em comunidades ? exerce atividades na
psicologia aplicada ao trabalho social, orientando os indivíduos sobre
problemas de caráter social com o objetivo de levá-los a encontrar e utilizar
os recursos e meios necessários para superar suas dificuldades e
conseguir atingir metas estabelecidas. Geralmente atua junto a
organizações comunitárias e em equipes multiprofissionais.
Outros práticas ? ainda é possível observação a prática da Psicologia
Clínica em outras áreas e locais de atuação, dentre eles: instituições
prisionais; psicólogos envolvidos na área da comunicação (televisão, rádio,
teatro, internet e outras mídias comunicativas); práticas ambientais
(planejamento de ambientes com arquitetos, educação ambiental);
mediação de conflitos (associação de moradores, disputa entre vizinhos,
moradores de condomínio, disputa de herança); e ainda aqueles psicólogos
que atuam no âmbito da pesquisa.
 

Tenha em mente que os tópicos aqui abordados estão longe de esgotarem os conteúdos
de todos os assuntos apresentados. Contudo, acreditamos que fornece subsídios
importantes para que possa dar sequência aos seus aprofundamentos sobre este e outro
temas em psicologia.

 
Desejamos a você sucesso na sequência de sua jornada no conhecimento
da psicologia e do intrigante universo do psiquismo, do comportamento e
da subjetividade humana. Até um próximo encontro.
35 Quiz
Exercício Final
Psicologia:Abordagens Atuais
INICIAR 

36 Referências

ALMEIDA, A.P et al. Comparação entre as teorias da aprendizagem de


Skinner e Bandura. Cadernos de Graduação, Ciências Biológicas e da
Saúde. Maceió, v. 1, n. 3, p. 81-90,
2013. https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitsbiosaude/article/
viewFile/905/608  acesso em 05/04/2016.
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências:
desvendando o sistema nervoso. 3º ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias uma


introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
FEIST, J.; FEIST, G. J.; ROBERTS, T. Teorias da personalidade. 8º ed.
Porto Alegre: AGH, 2015.
GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência psicológica: mente,
cérebro e comportamento.  2º ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
GLASSMAN, W. E.; HADAD, M. Psicologia abordagens atuais. 4ª ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
MINISTÉRIO DO TRABALHO. Catálogo brasileiro de ocupações do MT
(CBO). Brasília: 2002.
NOLEN-HOEKSEMA, S. et al. Atkinson e Hilgard: introdução à
psicologia. 15ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 
PAPALIA, D.E; OLDS, S.W; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano.
10ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. Teorias da personalidade. 2ª ed. São
Paulo: CENGAGE Learning, 2014.

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