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Aplicação dos diversos transportes membranares à transmissão do impulso nervoso

Características da mensagem nervosa

• transmissão do impulso nervoso ao longo do neurónio – natureza elétrica


• transmissão do impulso nervoso de um neurónio para o outro/células efetoras – natureza química (intervenção
de neurotransmissores)
• transmissão do influxo nervoso/mensagem nervosa – eletroquímica
• os neurotransmissores atuam em células contíguas/próximas (após serem exocitados ligam-se a recetores
específicos das membranas das células efetoras/neurónio pós-sinático
• a mensagem é transmitida de forma rápida, mas a resposta tem uma curta duração

Constituição de um neurónio - Unidade básica do sistema nervoso: converte estímulos em impulsos nervosos

Figura 1 – Constituição de um neurónio

Transmissão do impulso nervoso


Ao longo de um neurónio a transmissão do impulso nervoso é de natureza elétrica. Na membrana do neurónio
verifica-se uma desigual distribuição de cargas, entre o meio intracelular e extracelular, existindo por isso um potencial
de membrana (potencial de repouso). É a alteração deste potencial de membrana que permite a transmissão do
impulso nervoso. Durante a passagem do impulso nervoso verifica-se uma despolarização da membrana, que conduz
ao potencial de ação, seguida de uma repolarização.

Potencial de ação


1º Potencial de repouso

Figura 2 – Alterações no potencial de membrana ao longo da transmissão do impulso nervoso.


1º - Potencial de repouso: quando o neurónio não se encontra estimulado. A membrana encontra-se polarizada,
uma vez que há uma diferença de potencial elétrico entre o interior e o exterior da membrana do neurónio – potencial
de repouso da membrana (distribuição assimétrica de cargas elétricas). Verifica-se uma maior concentração de cargas
positivas no meio extracelular comparativamente ao meio intracelular. A diferença na distribuição das cargas, ou seja,
o potencial de repouso é mantido devido à ação de vários transportadores membranares (figura 3):
- Canais iónicos de Na+ que por transporte passivo/difusão permitem a entrada de iões de Na+ (a favor do
gradiente de concentração)
- Canais iónicos de K+ que por transporte passivo/difusão permitem a saída de iões de K+ (a favor do gradiente
de concentração)
- Bomba Na+/K+ que por transporte ativo envia 3 Na+ para o meio extracelular e permite a entrada de 2 K+ (contra
o gradiente de concentração)

Fig.4 - Potencial de repouso no neurónio -


distribuição assimétrica das cargas (mais
cargas positivas no exterior que no meio
intracelular)

Canais iónicos
Bomba Na+/K+–
(Transporte passivo)
(Transporte ativo)

Fig 3. Tipos de transporte membranares envolvido na manutenção


do potencial de repouso

2º - Despolarização (potencial de ação): quando o neurónio é estimulado, ocorre uma despolarização da membrana
e o seu potencial elétrico é alterado – potencial de ação – verifica-se uma maior acumulação de cargas positivas no
meio intracelular comparativamente ao meio extracelular.
Esta alteração verifica-se, pois, o estímulo ao chegar ao neurónio conduz à abertura de vários canais de Na+ sensíveis
à voltagem. Consequentemente verifica-se uma grande entrada de iões de Na+, por transporte passivo, para o neurónio.
Fluído
extracelular

citoplasma

Fig. 6 - Potencial de ação neurónio. O potencial de


Fig. 5 - Tipos de transporte membranares envolvido na membrana inverte (menos cargas positivas no
despolarização da membrana - abertura de canais de exterior e mais cargas positivas no intracelular)
Na+ sensíveis à voltagem.

Nota: Na membrana do neurónio existem vários canais iónicos. Uns estão permanentemente abertos, outros, os canais
sensíveis à voltagem, apenas abrem e/ou fecham (controlando a maior ou menor passagem de iões) aquando da
passagem de um impulso elétrico.

3º - Repolarização (potencial de repouso): o potencial da membrana volta a alterar-se, verificando-se a repolarização


da membrana, atingindo de novo o seu potencial de repouso.
Os canais de Na+ sensíveis à voltagem fecham e canais de K+ sensíveis à voltagem abrem. Desta forma, diminui a
entrada de iões Na+ e aumenta a quantidade de iões K+ que sai do neurónio. Ao longo do tempo verifica-se uma
reposição das cargas positivas no meio extracelular. Na fase final da repolarização os canais de K+ sensíveis à voltagem
fecham e o potencial de repouso é reposto pela ação dos canais de Na+ e K+ (transporte passivo) e pela ação da bomba
Na+/ K+ (transporte ativo).

Fluído
extracelular

citoplasma Fig. 8 - A membrana retoma o potencial de repouso. (mais cargas


positivas no exterior e menos cargas positivas no intracelular)

Fig. 7 -. Tipos de transporte membranares envolvido


na repolarização da membrana - abertura de canais
de K+ sensíveis à voltagem.

Quando o impulso nervoso chega à arborização terminal ou as telodendrites a mensagem nervosa deixa de ser de
natureza elétrica a passa a ser de natureza química através da intervenção de neurotransmissores. Ocorre então a
sinapse. Na passagem da mensagem de um neurónio para outro intervêm os mecanismos de transporte de grandes
dimensões – a exocitose.
Transmissão da mensagem nervosa entre neurónios – Sinapse Eletroquímica

(1) chegada do potencial de ação à arborização terminal do neurónio pré-sináptico;


(2) despolarização da membrana terminal do axónio;
(3) conversão da mensagem elétrica em química;
(4) fusão das vesículas contendo os neurotransmissores com a membrana da arborização terminal do axónio –
Exocitose;
(5) os neurotransmissores difundem-se na fenda sináptica e ligam-se aos recetores das células pós-sinápticas;
(6) alteração da permeabilidade da membrana do neurónio pós-sináptico (ou célula efetora) originando uma
despolarização deste (criam um potencial de ação);
(7) degradação dos neurotransmissores por enzimas em compostos mais simples na fenda sináptica.

Fig. 9 – Exocitose envolvida na transmissão do impulso nervoso de um neurónio para outro

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