Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O suicídio-massacre
Ryan conseguiu, em fins de 1978, a autorização do Governo dos Estados Unidos para empreender
uma investigação profunda sobre as denúncias dos “Parentes Preocupados”. Organizou uma comissão
para visitar Jonestown levando consigo repórteres e alguns dos "Parentes Preocupados", que tinham a
intenção de convencer os seus familiares a rejeitarem as pregações apocalípticas de Jim Jones e a
regressarem aos Estados Unidos.
Depois de dois dias de preparativos e negociações com as autoridades guianesas e representantes
do Templo do Povo, o congressista Ryan e a sua comitiva seguiram, no dia 17 de novembro, para
Jonestown, a colónia agrícola de Jones. A visita começou ao início da noite e variou conforme o humor
de Jones, que oscilou, indo de uma calorosa receção, com comidas e músicas, até à expulsão da comitiva
no final da noite.
No dia seguinte, 18 de novembro, regressaram para nova visita às instalações de Jonestown. Esta
visita foi marcada pela tensão, porque Ryan insistia em levar consigo os seguidores que desejavam
desistir da seita. Apenas no final da tarde a proposta foi aceite por Jim Jones, mas com as observações
de que os desertores o traíam sempre ao sair e inventavam terríveis mentiras sobre si e o Templo do
Povo.
À medida que se aproximava a hora da partida, e confirmadas dez deserções, a tensão aumentara
ao ponto de um seguidor de Jones tentar assassinar o deputado Ryan com uma faca. Ryan escapou do
atentado graças à intervenção de um membro da comitiva, Mark Lane, que acabou por sofrer
ferimentos ligeiros. Decidiram partir imediatamente, pois em breve estaria escuro, e o clima de tensão
sugeria que algo muito grave estaria para acontecer. Embarcaram um total de 16 pessoas no camião
para seguirem até a pequena pista de Porto Kaituma.
Chegaram à pista por volta das 16h e 25m, quando da outra extremidade da pista surgiram, a uma
distância de 300 metros, um camião e um trator, vindos da colónia de Jonestown. Os ocupantes das
viaturas de Jonestown começaram a disparar. Uma parte da comitiva conseguiu escapar por ter fugido
para a mata próxima, mas o rápido ataque causou cinco mortos, entre eles Leo J. Ryan. Outros três
ficaram gravemente feridos. Enquanto ocorria o ataque à comitiva, Jones dava início ao macabro ritual
de suicídio coletivo, ou "suicídio revolucionário", como ele pregara diversas vezes durante os vários
ensaios anteriores aos quais chamava Noite Branca.
Segundo o relato dos sobreviventes, Jim Jones ordenou que todos os seguidores fossem ao pavilhão
de reuniões, dispondo os guardas armados ao redor do pavilhão para evitar qualquer fuga. Explicou
incansavelmente que estava tudo perdido e que em poucos minutos uma força militar guianesa estaria
na colónia para os prender e castigar severamente. Argumentou que todos deveriam morrer com
dignidade bebendo um líquido que o seu médico preparara, uma mistura de sumo de uva com cianureto
e tranquilizante. Para garantir a obediência dos adultos, o sacrifício começou pelas crianças. No caso
destas, a dose de veneno era injetada na boca, deixando-as sem qualquer opção. Os adultos agruparam-
se em filas para receberem (alegremente, como narra um dos sobreviventes) as suas doses de veneno.
Quando muitos começaram a cair, contorcendo-se, espumando pela boca e sangrando pelas narinas,
houve um lampejo de sanidade que causou certo pânico entre os seguidores. Alguns tentaram fugir,
mas foram detidos pelos tiros dos guardas de Jones. Outros poucos seguidores conseguiram fugir para a
selva, ficando centenas de cadáveres espalhados pelo chão. Completada a chacina, o reverendo Jim
Jones suicidou-se com um tiro na cabeça. A contagem final dos corpos apurou um total de 913
cadáveres.»
http://histatual.blogspot.pt/2011/01/o-suicidio-massacre-da-guiana-jim-jones.html (adaptado).
1. O que é a obediência?
3. Leia a descrição da experiência de Milgram sobre a obediência e procure determinar que situações ou
contextos, segundo o experimentador, fariam com que os participantes exibissem maior tendência
para obedecer?
4. Imagine-se numa situação em que lhe é exigida obediência para cumprir ordens imorais. Que
comportamentos preventivos julga que deve adotar para evitar o que considera indesejável?
5. No caso da tragédia de Jonestown, poderá dizer-se que estamos perante um caso de obediência
estrita? Por outras palavras, estaremos perante um caso em uma autoridade foi obedecida
simplesmente pelo facto de ser reconhecida como autoridade?
Podemos pensar que não supondo as seguintes razões:
6. Apesar do que foi dito na questão anterior, a verdade é que, segundo testemunho de sobreviventes,
muitas pessoas obedeceram a Jones. Que fatores podem explicar tal comportamento?
Entre outros, podemos salientar os seguintes: