Você está na página 1de 5

11/10/2020 Angela Davis – Wikipédia, a enciclopédia livre

Angela Davis
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Angela Yvonne Davis (Birmingham, 26 de janeiro de


1944) é uma professora e filósofa socialista estadunidense Angela Davis
que alcançou notoriedade mundial na década de 1970 como
integrante do Partido Comunista dos Estados Unidos, dos
Panteras Negras, por sua militância pelos direitos das
mulheres e contra a discriminação social e racial nos Estados
Unidos, referência entre os marxistas e por ser personagem
de um dos mais polêmicos e famosos julgamentos criminais
da recente história dos EUA.

Índice
Biografia
Notoriedade e prisão
Celebridade e liberdade
Posteridade
Documentário
Obra
Livros em português
Ver também
Referências Angela Davis em Bogotá, setembro de
2010
Ligação externa Nome Angela Yvonne Davis
completo
Nascimento 26 de janeiro de
Biografia 1944 (76 anos)
Birmingham, Alabama
Angela nasceu no estado do Alabama, um dos mais racistas Nacionalidade Estadunidense
do sul dos Estados Unidos e desde cedo conviveu com Ocupação Militante
humilhações de cunho racial em sua cidade.[1] Leitora voraz Professora
quando criança, aos 14 anos participou de um intercâmbio
colegial que oferecia bolsas de estudo para estudantes negros sulistas em escolas integradas do norte
do país, o que a levou a estudar no Greenwich Village, em Nova Iorque, onde travou conhecimento
com o comunismo e o socialismo teórico marxista, sendo recrutada para uma organização comunista
de jovens estudantes.[2]

Na década de 1960, Angela tornou-se militante do partido e participante ativa dos movimentos
negros e feministas que sacudiam a sociedade norte-americana da época, primeiro como filiada da
SNCC de Stokely Carmichael e depois de movimentos e organizações políticas como o Black Power e
os Panteras Negras.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Angela_Davis 1/5
11/10/2020 Angela Davis – Wikipédia, a enciclopédia livre

Angela lecionou por 17 anos no Departamento de História da Consciência[3] na prestigiada


Universidade da Califórnia-Santa Cruz.[4] Recebeu o título de professora emérita da Universidade da
Califórnia e se aposentou em 2008. Após sua aposentadoria continuou sua rotina de palestras e
cursos em diversas universidades e centros culturais por todo o mundo.[5] [6] Em 2019 passou a
integrar o National Women’s Hall of Fame dos Estados Unidos.[7]

Notoriedade e prisão

Em 18 de agosto de 1970, Angela Davis tornou-se a terceira mulher a integrar a Lista dos Dez
Fugitivos Mais Procurados do FBI, ao ser acusada de conspiração, sequestro e homicídio, por causa
de uma suposta ligação sua com uma tentativa de fuga do tribunal do Palácio de Justiça do Condado
de Marin, em São Francisco.[8]

Durante o verão daquele ano, Angela estava envolvida nos esforços dos Panteras Negras para
conquistar o apoio da sociedade a três militantes presos, George Jackson, Fleeta Drumgo e John
Clutchette, conhecidos como os “Irmãos Soledad”, por terem sido aprisionados na Prisão de Soledad,
em Monterey.[9]

No dia 7 de agosto, Jonathan Jackson, o irmão de 17 anos de George, em companhia de dois outros
rapazes, interrompeu de armas na mão um julgamento num tribunal na tentativa de ajudar a fuga do
réu do caso que estava sendo julgado, o amigo James McClain, acusado de ter esfaqueado um policial.
Jonathan e seus amigos se levantaram do meio da assistência na sala do júri e renderam todos no
recinto, conduzindo o juiz, o promotor e vários jurados para uma van estacionada do lado de fora. Ao
entrar na van, Jackson gritou que queria os “Irmãos Soledad soltos até o meio dia e meia em troca da
vida dos reféns”.[10][11]

No tiroteio que se seguiu com a perseguição policial ao grupo, Jonathan e um amigo foram mortos
pela polícia, não sem antes matarem o juiz Harold Haley com um tiro na garganta e o promotor
raptado ficou paralítico com um tiro da polícia. As investigações que se seguiram identificaram a
arma de Jonathan como registrada em nome de Angela Davis.

Com sua prisão decretada pelo estado da Califórnia e o FBI


em seu encalço, Angela fugiu do estado e desapareceu por
dois meses, sendo alvo de uma das maiores caçadas humanas
do país na época, acompanhada dia a dia pela mídia, até ser
presa em Nova Iorque em outubro. O julgamento de dezoito
meses que se seguiu, colocou uma mulher negra, jovem,
culta, assessorada por uma equipe brilhante de advogados,
no centro das atenções da imprensa num paralelo que só
seria igualado décadas depois pelo julgamento de O. J.
Simpson. Nos longos debates na corte, não apenas o caso
Manifestação em Boston pela libertação
criminal envolvido veio à tona, mas uma grande discussão
de Angela Davis, 1970
sobre a condição negra na sociedade norte-americana foi
travada. Manifestações diárias por sua libertação e
absolvição ocorriam do lado de fora do tribunal e por todo o país, transmitidos ao vivo pela televisão.

Dezoito meses após o início do julgamento, Angela foi inocentada de todas as acusações e libertada.
John Lennon e Yoko Ono lançaram a música Angela em sua homenagem e os Rolling Stones
gravaram Sweet Black Angel, cuja letra falava de seus problemas legais e pedia sua libertação.

Celebridade e liberdade

https://pt.wikipedia.org/wiki/Angela_Davis 2/5
11/10/2020 Angela Davis – Wikipédia, a enciclopédia livre

Finalmente livre, Angela foi temporariamente para Cuba, seguindo os passos de seus amigos,os
ativistas radicais Huey Newton e Stokely Carmichael. Sua recepção na ilha pelos negros cubanos num
comício de massa foi tão entusiástica que ela mal pôde discursar. De acordo com Carlos Moore, um
escritor bastante crítico das relações raciais na Cuba comunista, sua visita ao país causou grande
impacto entre a população negra num tempo em que expressões de identidade racial eram bem raras
em Cuba. Suas credenciais revolucionárias permitiram aos nativos se identificarem de público com
seus pensamentos, sem medo de serem taxados de contrarrevolucionários pelo governo cubano.

Em 1975, a militante socialista envolveu-se em novo embate polêmico, quando em discurso contra ela
o dissidente russo Aleksandr Solzhenitsyn, em Nova Iorque, acusou-a de hipocrisia por sua simpatia
para com a União Soviética, já que omitia as condições dos presos políticos sob regime comunista.
Em sua crítica, Solzhenitsyn mencionava carta de presos políticos checos endereçada a Angela, na
qual pediam socorro, esperando que sua condição de celebridade comunista contribuísse para livrá-
los da perseguição do Estado, e que denunciasse as duras condições de sobrevivência na cadeia. Os
missivistas diziam-se vítimas da mesma injustiça que a própria Angela sofrera antes deles, pois
também não tinham culpa, mas estavam presos. A resposta de Angela: “Eles merecem o que tiveram,
que continuem na prisão!”, repercutiu muito na mídia da época.

Posteridade

Angela Davis candidatou-se a vice-presidente dos Estados Unidos em 1980 e 1984 como
companheira de chapa de Gus Hall, presidente do Partido Comunista Americano, tendo votação
irrisória. Continuou sua carreira de ativista política e escreveu diversos livros, principalmente sobre
as condições carcerárias no país.

Não se considera uma reformista prisional, mas uma abolicionista. Em suas palestras, refere-se
sempre ao sistema carcerário dos Estados Unidos como a um complexo industrial de prisões; advoga
como solução para o problema a extinção do cumprimento de penas em presídios. Apontando a
maioria de negros e latinos entre os presidiários do país, atribui a causa disso à origem de classe e
raça dos apenados.

Nos últimos anos, continua a proferir discursos e palestras, principalmente em ambientes


universitários e se mantém como uma figura proeminente na luta pela abolição da pena de morte na
Califórnia. Em 1977-1978 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz.

Documentário
Shola Lynch dirigiu o documentário Libertem Angela Davis (2012).[12]

Obra

Livros em português
Mulheres. Raça e Classe (2016) - ISBN: 978-85-7559-503-9
Mulheres, Cultura e Política (2017) - ISBN: 978-85-7559-565-7
A liberdade é uma luta constante (2018) - ISBN: 978-85-7559-612-8
Estarão As Prisões Obsoletas? (2018) - ISBN: 978-85-7432-148-6
Angela Davis: Uma autobiografia (2019) - ISBN: 978-85-7559-683-8

Ver também
https://pt.wikipedia.org/wiki/Angela_Davis 3/5
11/10/2020 Angela Davis – Wikipédia, a enciclopédia livre

Feminismo negro
Feminismo marxista

Referências
1. Davis, Angela Yvonne (março de 1989). «Rocks». Angela Davis: An Autobiography. New York
City: International Publishers. ISBN 0-7178-0667-7
2. Davis, Angela. «Angela Davis Graduates 1965» (http://blogs.brandeis.edu/wgshistory/2013/04/09/
angela-davis-graduates-1965). Brandeis WGS 35. Consultado em 30 de abril de 2015
3. «Faculty Emeriti» (https://histcon.ucsc.edu/faculty/emeriti.php?uid=aydavis). histcon.ucsc.edu.
Consultado em 17 de junho de 2020
4. «Angela Davis, iconic activist, officially retires from UC-Santa Cruz» (https://www.mercurynews.co
m/2008/10/27/angela-davis-iconic-activist-officially-retires-from-uc-santa-cruz/). The Mercury
News (em inglês). 27 de outubro de 2008. Consultado em 17 de junho de 2020
5. Roland, Patrice. «Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3 - Angela Davis - Conférence
exceptionnelle à la Sorbonne Nouvelle» (http://www.univ-paris3.fr/angela-davis-conference-excep
tionnelle-a-la-sorbonne-nouvelle-211403.kjsp?RH=1268219980647). www.univ-paris3.fr (em
francês). Consultado em 17 de junho de 2020
6. «Angela Davis realiza conferência gratuita no Auditório Ibirapuera» (http://www.itaucultural.org.br/
secoes/agenda-cultural/angela-davis-realiza-conferencia-gratuita-no-auditorio-ibirapuera). Itaú
Cultural. Consultado em 17 de junho de 2020
7. Rappaport, Scott. «UCSC emerita professor Angela Davis to be inducted into the National
Women's Hall of Fame» (https://news.ucsc.edu/2019/07/davis-hall-fame.html). UC Santa Cruz
News (em inglês). Consultado em 17 de junho de 2020
8. Timothy, Mary (1974). Jury Woman (https://books.google.com/books?id=QKE_AAAAIAAJ&dq=edi
tions:UOM39015012851187). Palo Alto, California: Emty Press. Consultado em 31 de outubro de
2014
9. «Angela Davis Biography: Academic, Civil Rights Activist, Scholar, Women's Rights Activist» (htt
p://www.biography.com/people/angela-davis-9267589). biography. A&E Television Networks, LLC.
Consultado em 6 de maio de 2015
10. Aptheker, Bettina (1997). The Morning Breaks: The Trial of Angela Davis. [S.l.]: Cornell University
Press
11. «Search broadens for Angela Davis» (https://news.google.com/newspapers?id=4BkRAAAAIBAJ&
sjid=NuEDAAAAIBAJ&pg=6482%2C3554926). Eugene Register-Guard. Associated Press. 17 de
agosto de 1970. Consultado em 14 de setembro de 2009
12. «Libertem Angela Davis» (http://canalcurta.tv.br/filme/?name=libertem_angela_davis). Consultado
em 26 de janeiro de 2018

Ligação externa
«10 mujeres negras que han cambiado la historia» (http://www.enfemenino.com/feminismo-derec
hos-igualdad/mujeres-negras-en-la-historia-d30068c366561.html) (em espanhol)
«Angela Biography» (http://www.jayepurplewolf.com/PASSION/ANGELADAVIS/index.html) (em
inglês)
«Angela Davis: uma pantera negra» (http://www.dopropriobolso.com.br/index.php?option=com_c
ontent&view=article&id=780)

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Angela_Davis&oldid=59186400"

Esta página foi editada pela última vez às 20h54min de 27 de agosto de 2020.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Angela_Davis 4/5
11/10/2020 Angela Davis – Wikipédia, a enciclopédia livre

Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de utilização.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Angela_Davis 5/5

Você também pode gostar