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Nomes: Debora Francisco de Andrade Silva, Flora Lopes Barcelos, Gabrielli Ribeiro Antonio

e Juliana Ramos Fernandes.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016. cap. 2, cap. 6.

Angela Yvonne Davis é uma filósofa, ativista, negra, feminista, escritora e marxista muito
conhecida por todo o globo. Quando jovem, se tornou porta-voz sobre a libertação dos presos
políticos, equidade de gênero e direitos da população negra, além de ter integrado o Partido
Comunista e os Panteras Negras, o que ocasionou sua demissão da Universidade da
Califórnia, onde lecionava. Após ser incriminada injustamente e presa nos anos 70, se
tornando uma das dez pessoas mais procuradas pelo FBI, Davis começou a se tornar muito
popular. Atualmente, a acadêmica é uma das maiores referências do feminismo negro e é
reconhecida por vários de seus livros.
No livro "Mulheres, raça e classe", escrito pela renomada autora Angela Davis, é utilizada
uma abordagem interseccional para tratar de assuntos como racismo, feminismo e luta de
classes. Tal ótica utilizada pela intelectual é esclarecida e ressaltada nos capítulos 2 e 6, que
serão abordados no presente resumo.
A autora começa o segundo capítulo, "O movimento antiescravagista e a origem dos direitos
das mulheres", citando o escritor abolicionista Frederick Douglass que aborda a intersecção
que existe entre a pauta dos escravos da época e a causa feminina. Em seguida, Davis diz que
Douglass percebia a grande importância das mulheres no movimento da abolição e relacionou
o envolvimento do público feminino na mobilização antiescravagista com a radical
transformação da sociedade estadunidense a partir do início da Revolução Industrial. Nesse
período, as mulheres foram desfavorecidas em quesitos sociais, visto que a produtividade
gigantesca das indústrias acabou por tornar desnecessárias suas atividades manufaturadas. Tal
acontecimento desencadeou uma maximização da ideia de inferioridade feminina. Assim, o
texto conecta a opressão das mulheres e o inegável avanço do capitalismo e ainda explora o
quão revoltante era a situação, explicitando que a resistência era praticamente uma certeza,
além de ser indispensável.
Durante a década de 1830, as mulheres brancas de classe social mais desfavorecida e a
população negra realizavam, paralelamente, movimentos de resistência. A filósofa afirma a
existência de uma certa afinidade entre o grupo feminino branco e a comunidade negra pelas
semelhanças que existiam na opressão que sofriam. Dessa maneira, as mulheres brancas se
juntaram ao movimento abolicionista e começaram a lutar ao lado das pessoas negras,
reivindicando seus direitos. Davis diz que o movimento antiescravagista lhes concedeu a
oportunidade de lutar, implicitamente, contra a relação opressiva a que estavam presas dentro
de seus lares. Na campanha antiescravagista, eram valorizadas por seu trabalho de forma
concreta.
Durante o capítulo, a ativista também aborda o papel que os religiosos ocuparam durante esse
momento: calar as mulheres. É inegável o impacto que os movimentos religiosos tiveram
durante esse período, atrapalhando o movimento abolicionista e inferiorizando explicitamente
o sexo feminino. Essa mobilização machista foi fortemente refutada pelas mulheres da época
porém alguns homens abolicionistas supuseram que, se as mulheres agissem dessa maneira, o
combate a escravidão seria prejudicado. A partir dessa conjuntura, o texto aponta que é
fundamental lutar contra a supremacia masculina, ressaltada pelos clérigos, para que se torne
possível continuar lutando pela causa do abolicionismo.
A marxista encerra o capítulo 2 abordando como a opressão que as mulheres sofriam só seria
resolvida quando o povo negro alcançasse sua plena liberdade.
Já no sexto capítulo, intitulado "Educação e libertação: a perspectiva das mulheres negras",
Davis inicia mencionando que “milhões de pessoas negras - especialmente mulheres - foram
convencidas de que a emancipação era a “vinda do Senhor”. Essa sensação de liberdade trazia
a possibilidade de algo que a população negra tanto ansiava: a possibilidade de ter terras,
votar e, o mais importante para o capítulo, o desejo por escolas.
Em seguida Davis retoma ao escritor Frederick Douglas dizendo que o conhecimento quando
transmitido a uma criança a torna inadequada para a escravidão, o que vinha de encontro ao
pensamento escravocrata de que o ensino tornava os negros mais propensos a se rebelarem.
Davis ainda diz que a população negra possuía um anseio, muito manifestado, por
conhecimento, este que os tornariam inadequados para a escravidão que sofriam. Assim, o
texto segue com a descoberta da visão errada sobre o paraíso da emancipação e a busca pela
educação, e a relação direta da luta das mulheres, sejam elas brancas ou negras, pelo direito ao
estudo. Davis busca ao longo do texto evidenciar os anseios que essas pessoas têm pelo
estudo, retratando os esforços de mulheres negras que transmitiam as demais as habilidades
acadêmicas que lhe eram ensinadas de maneira clandestina por crianças brancas, pessoas
solidárias e etc.
Em 1877, durante a eleição de Hayes, foi o período em que o avanço na busca pela educação
evidenciou-se já que apesar de todos os regressos neste período a experiência da Reconstrução
não poderia ser apagada, devido ao número de escolas e universidades negras que haviam sido
criadas.
A autora conclui que a história da luta das mulheres pela educação nos Estados Unidos
alcançou o auge quando as mulheres negras e brancas comandaram juntas a batalha contra o
analfabetismo no Sul.

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