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“(...) por meio da submissão das mulheres à exploração mais cruel possível,
exploração esta que não fazia distinção de sexo, criavam-se as bases sobre as
quais as mulheres negras não apenas afirmavam sua condição de igualdade
em suas relações sociais, como também expressavam essa igualdade em atos
de resistência” – pág. 36.
“O estupro era uma arma de dominação, uma arma de repressão, cujo objetivo
oculto era aniquilar o desejo das escravas de resistir e, nesse processo,
desmoralizar seus companheiros” – pág. 36.
Esse período logo após a Guerra de Secessão ficou conhecido como “Período
da Reconstrução” (1865-1877). Dominado por republicanos, é marcado pela
reunificação dos Estados Unidos e a tentativa de integração dos ex-escravos.
O direito à educação era negado à população negra com base em dois motivos: 1.
Essa população seria incapaz de progressos intelectuais; 2. As pessoas negras não
haviam manifestado desejo pelo conhecimento.
Essa doutrina só começou a cair com o caso Brown versos Board of Education
(1954), mas diversas leis segregacionistas continuaram até a década de 70.
Portanto, em um momento crítico para a população negra estadunidense, a postura da
então presidente da Nawsa, Susan B. Anthony, foi de “neutralidade” frente aos
enforcamentos, torturas generalizadas e prisões injustificadas.
“Na melhor das hipóteses, essa postura evasiva em relação à luta pela
igualdade negra constituía uma aquiescência ao racismo e, na pior das
hipóteses, era um incentivo deliberado da parte de uma influente organização
de massa à violência e à destruição causadas pelas forças baseadas na
ideologia da supremacia branca daquela época.” – pág. 125.
A Nawsa também serviu aos interesses imperialistas estadunidenses em Cuba,
Havaí, Filipinas e Porto Rico. Embora exigissem o direito ao voto das mulheres
desses países, não contestavam o imperialismo.
O início do século XX celebrou a união entre a supremacia branca e a supremacia
masculina. As mulheres, inferiorizadas, eram vistas como “mães da raça” (anglo-saxã).
Dentro das convenções da Nawsa em 1901 e 1903 foram proferidas declarações
racistas e sexistas.
Outro argumento surgido na época foi que a educação profissionalizante para a
população negra, realizada no norte, era um incremento na luta entre as raças,
principalmente entre brancos e negros pobres.
“O homem branco pobre, amargurado por sua pobreza e humilhado por sua
inferioridade, não encontrará espaço para si mesmo e para suas crianças e,
então acontecerá a luta entre as raças.” – pág. 129, apud Judith Papachristou.
O argumento de Davis é que esse conflito foi pensado pela burguesia
ascendente como forma de desmobilizar a classe trabalhadora.
Belle Kearney acreditava que uma forma de manter o conflito racial dentro dos limites
era a concessão de voto às mulheres mais o estabelecimento de requisitos como
instrução e posses.
“Não eram os direitos das mulheres ou a igualdade política das mulheres que
tinham de ser preservados a qualquer custo, e sim a superioridade racial
reinante da população branca.” – pág. 131.
Cada uma lutou à sua maneira, sendo essenciais para o emergente movimento
associativo e de combate ao racismo.
O movimento associativo negro, todavia, não encontrou apoio nas mulheres brancas,
que faziam da Federação Geral de Agremiações de Mulheres (GFWC) um movimento
exclusivo. Isso ficou mais evidente a partir do “caso Ruffin”, em que a delegada negra
da Associação de Mulheres Era foi excluída.