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A presença

da mulher
na Segunda
Guerra
Mundial
A participação das mulheres nas guerra sempre foi diversificada, atuaram nos
bastidores e também na frente de combate, travaram lutas violentas, dirigiam
tanques e ambulâncias e foram operárias nas fábricas de armamentos e
munição, mas apesar de tanta ativismo, no início de 1930 ainda não tinham o
direito ao voto.
Apesar das mulheres terem lutado, trabalhado tanto como enfermeiras como
pilotos de aviões, ou para animarem as tropas, ou até se infiltrarem
clandestinamente e agremiar informações estratégicas. As mulheres
suportaram toda sorte de atrocidades tipicamente cometidas em guerra,
campos de concentração, incêndios provocados por bombardeios e até mesmo
a bomba nuclear.

Esse modesto texto aborda diferentes funções e mulheres, e nos faz concluir
que a Segunda Guerra Mundial foi um conflito de homens e mulheres. E, foi a
ocasião quando muitas mulheres de diferentes países foram conclamadas a
contribuir com esforço de guerra.

Nessa ocasião ocuparam funções que antes eram exclusivamente masculinas,


tais como engenheiras, supervisoras de produção, motoristas de caminhão, de
tanque e tantas outras profissões, resultando num impacto social que mudaria
toda a estrutura do mundo e, particularmente, da família.

Enquanto os Aliados[1] recrutaram as mulheres que passaram então a atuar


nas fábricas, enfermarias, escritórios e outros bastidores bem como soldados e
guerreiras[2]. Ao passo que a ideologia nazista[3] ainda considerava que as
mulheres deveriam permanecer distante das questões políticas e militares. O
ideal da mulher ariana alemã representava em ser o alicerce da família,
cuidando da casa e dos filhos.

Quando iniciou a Segunda Guerra Mundial[4] registrava-se que poucos países


onde as mulheres tinham seus direitos civis e cidadania respeitada e plena.

Nos EUA, por exemplo, o direito ao voto foi concedido às mulheres maiores de
vinte e um anos (apenas em alguns estados) em 1913. Já na Europa, países
como a Finlândia, em 1906 e, Noruega em 1913 que foram os pioneiros no
direito feminino ao sufrágio eleitoral.

O pioneiro país a garantir às mulheres o direito político foi a Nova Zelândia em


1893. Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha, Áustria, Dinamarca,
Holanda e Canadá fizeram o mesmo.

Na Inglaterra, as mulheres puderam votar a partir de 1918, mas somente as


casadas, as que exerciam a chefia de família com nível universitário e maiores
de trinta anos. Somente em 1928 é que o Parlamento britânico aprovou a
igualdade de condições em paridade com o voto masculino.

O movimento em prol do sufrágio feminino é um movimento social, político e


econômico de reforma, com a finalidade de estender o sufrágio (o direito de
votar) às mulheres. Participaram do sufrágio feminino, mulheres e homens,
denominados sufragistas. As raízes modernas do movimento situam-se na
França do século XVIII.

Foi a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a garantir feminino devido ao


movimento liderado por Kate Sheppard[5].

O sufrágio feminino em Portugal, de certa forma, veio a acompanhar o


fenômeno civilizacional do Ocidente caracterizado como liberal-judaico-cristão.
Em 28 de maio de 1911, Carolina Beatriz Ângelo, médica e viúva e ainda chefe
de família, aproveitando um lapso do legislador, participou das eleições para a
Assembleia Constituinte. Pois a lei permitia que pudessem votar os cidadãos
portugueses maiores de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem
chefes de família.

Então, Carolina Beatriz invocou a sua qualidade de chefe de família


alfabetizada, apesar de que, o seu pedido foi-lhe negado pelo então Ministro
António José de Almeida. Inconformada, Carolina Beatriz interpôs recurso e o
juiz João Baptista de Castro, o pai de Ana de Castro Osório[6], deferiu a sua
pretensão com a seguinte fundamentação, in litteris: “Excluir a mulher (…) só
por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as
próprias ideias da democracia[7] e justiça proclamadas pelo partido
republicano. (…) Onde a lei não distingue, não pode o julgador distinguir (…) e
mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral. Este
episódio gerou grande controvérsia na época. Dada a aproximação dos
republicanos com o movimento feminista do início do séc. XX Carolina Ângelo
terá aproveitado o facto de se tratar das primeiras eleições republicanas para
exercer a sua luta política pelo direito de voto das mulheres. No entanto, o
Governo rapidamente se apressou a clarificar a sua posição nesta matéria,
tendo vedado expressamente o voto às mulheres, pela Lei nº 3 de 03 de Julho,
do ano de 1913.".

São eleitores dos cargos políticos e administrativos todos os cidadãos


portugueses do sexo masculino, maiores de vinte e um anos, ou que
completem essa idade até ao termo das operações de recenseamento, que
estejam no gozo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler e escrever
português e residam no território da República Portuguesa.

Porque se teriam oposto os republicanos ao voto por parte da mulher, quando


ambos os movimentos políticos (o republicanismo e o feminismo) eram (e são)
ideologicamente tão próximos? A explicação desta recusa é encontrada no
anticlericalismo que caracterizava o movimento republicano aliado ao estigma
da mulher, vista na época como reacionária, religiosa e influenciável.

Havia, neste contexto, evidente receio da influência dos padres nas decisões
políticas das mulheres, como bem ilustram estes dois recortes dos debates
parlamentares: (…) No dia em que este assunto foi discutido na comissão,
tinha eu passado pela igreja de S. Mamede, donde vi sair centenas de
senhoras que ali tinham ido entreter os seus ócios e ilustrar o espírito na
prática do mês de Maria. O voto concedido a mulheres nestas condições,
vivendo sob a influência do clericalismo, seria o predomínio dos padres, dos
sacristães, numa palavra, dos reacionários (…). Diário do Senado: Legislatura:
1; Secção legislativa:2; Número:121; Página:18; Data:24/06/1912.

Somente no dia 26 de Dezembro de 1968 é publicada a Lei n.º 2137, que vem
finalmente remover qualquer discriminação em função do sexo. O diploma legal
não faz a distinção entre "cidadãos portugueses do sexo masculino" e
"cidadãos portugueses do sexo feminino". Do voto são apenas excluídos os
cidadãos que não saibam ler e escrever e nunca tenham sido recenseados ao
abrigo da Lei n.º 2015, de 28 de Maio de 1946 in litteris:

Base I - São eleitores da Assembleia Nacional todos os cidadãos portugueses,


maiores ou emancipados, que saibam ler e escrever e não estejam abrangidos
por qualquer das incapacidades previstas na lei; e os que, embora não saibam
ler nem escrever português, tenham já sido alguma vez recenseados ao abrigo
da Lei n.º 2015, de 28 de Maio de 1946, desde que satisfaçam aos requisitos
nela fixados. (...).

Na Rússia, com advento da Revolução de 1917[8] é que finalmente se


concedeu direito ao voto e estabeleceu a igualdade entre os cônjuges bem
como se providenciou a legalização do divórcio, aborto e da licença
maternidade. Evidentemente tais leis promoveram profundas transformações
em relações familiares e ainda possibilitaram a cidadania e maior autonomia
das mulheres de uma extensão que até então nunca havia ocorrido.

Podem-se observar as biografias de mulheres que estiveram à frente do


primeiro governo da Revolução de 1917, sob o comando de Vladimir Lenin
(1917-1923). Entre estas estavam Alexandra Kollontái (ministra de Assuntos
Sociais), Nadezha Krúpskaya (Vice-Ministra no Comissariado de Cultura e
Educação), Inessa Armand (Diretora Zhenotdel, órgão do PC, criado para
promover os direitos das mulheres na URSS), Natalia Sedova (responsável
pelos museus e monumentos no comissariado de Educação), Larisa Reisner
(jornalista e escritora e também dirigente do Exército Vermelho), dentre outras.

Infelizmente, logo em seguida, com o governo de Stálin[9] houve a abolição da


maioria das conquistas das mulheres em termos de direitos e, inclusive,
também a supressão de alguns direitos masculinos.

Segundo a professora e historiadora norte-americana Wendy Goldman, os


ideais de emancipação da mulher e amor livre inspiraram o movimento
feminista ocidental nos anos sessenta e setenta e já eram debatidos nos
primeiros anos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), na
década de vinte. Em “Mulher, Estado e Revolução: a política familiar e a vida
social soviéticas (1917-1936)” escrito em 1993, mas publicado no Brasil pela
editora Boitempo Editorial, Goldman reconta a história do "verão do amor"
soviético, que teve fim com a ascensão do stalinismo.

Para libertar as mulheres, foi proposta a socialização do trabalho doméstico. As


tarefas realizadas em casa e, de forma gratuita pelas mulheres passariam a ser
feitas por profissionais assalariadas em creches, restaurantes comunitários e
lavanderias públicas.
O fim do trabalho doméstico era apenas um passo, o objetivo dos bolcheviques
era o fim da família, pelo menos como figura jurídica. “Os revolucionários
marxistas viam a família como uma organização que mudava com o passar do
tempo. As famílias dos tempos das cavernas eram diferentes das famílias que
viviam sob o feudalismo, que eram diferentes das famílias do capitalismo”,
afirmou.

Os bolcheviques[10] acreditam que as condições do socialismo possibilitariam


o desaparecimento da família como ela existe no capitalismo. “O que não
significa que as pessoas deixariam de se amar, de se relacionar umas com as
outras e de se relacionar com seus filhos. Mas a família baseada na
dependência financeira e na coerção desapareceria.”

Aproveitando-se do crescente conservadorismo social, em 1936, o governo de


Josef Stalin[11] (1878-1953) decretou um conjunto de leis cujo objetivo era
valorizar a família, dificultar o divórcio e proibir o aborto.

A proibição, que vigorou até 1955, não resultou na diminuição do número de


abortos. “Em 1938, o número de abortos já era tão alto quanto em 1935,
quando ainda era legal”, afirmou Goldman. O desaparecimento da família saiu
da pauta dos comunistas e a proposta original de libertação sexual se perdeu.

Segunda Goldman, a experiência soviética nos leva a refletir melhor sobre a


proibição de aborto[12] que ainda vigora em muitos países, como o Brasil, por
exemplo. E, observamos que as mulheres vão recorrer ao aborto seja este
legal ou ilegal.

E caso seja ilegal, vão recorrer aos métodos perigosos, que podem levar à
morte. Outra lição se refere às possíveis soluções para antigos problemas, pois
quem irá cuidar das crianças, se os pais trabalham fora? E, outro busilis, como
se dedicar à família de forma adequada se trabalhamos cada vez mais? E a
solução soviética para harmonizar a contradição existente entre a vida
doméstica e o trabalho fora a socialização do trabalho doméstico. Assim,
inspirou as feministas dos anos setenta que acreditaram que tal
socialização[13], trouxeram os homens para fazer sua parte também no
trabalho doméstico.

O mesmo aconteceu com as espanholas com a ditadura de Franco. A ideologia


defendida pela ditadura franquista defendia que as mulheres deviam ser
submissas e domésticas. A Seção Feminina do Partido Falange educava as
mulheres para que fossem abnegadas. O casamento, maternidade e vida
doméstica eram os lugares apropriados para as mulheres dentro da ideologia
da ditadura do General Franco que vigorou em Espanha de 1936 a 1975. E,
outros países como a Itália e a França, as mulheres só galgaram o direito ao
voto com o final da Segunda Guerra Mundial.

E, em Portugal, só concedera esse mesmo direito às mulheres somente em


1976. Salazar lançou um slogan que se intitulava «A mulher para o lar»,
inserido na filosofia «Deus, Pátria e Família». Este slogan pretendeu afastar a
mulher da emancipação para que esta possa dedicar-se integralmente ao
homem, aos filhos e ao lar, e para que cumpra com a sua missão de dar à luz
«dignos filhos da pátria» e educá-los, «Educar é dar a Deus bons cristãos, à
sociedade cidadãos úteis, à família filhos ternos e pais exemplares» escreve
Salazar (In: Neves, Helena; Calado, Maria. O Estado Novo e as mulheres: O
Género como Investimento Ideológico e de Mobilização. Lisboa: Biblioteca
Museu República e Resistência, 2001).

O Estado Novo tentava dentro dos seus limites de ação fazer o possível para
dificultar esta conquista de independência por parte das mulheres. O emprego
feminino predominava no sector industrial, apesar de reduzidamente, existiam
também outras intervenções profissionais, de maior importância.

Assim, em 1933 o regime ditatorial impediu o acesso das mulheres à carreira


diplomática, à magistratura judicial, à chefia na administração local, aos postos
de trabalho no Ministério e das Obras Públicas e Comunicações (In: Brasão,
Inês Paulo. Dons e disciplinas do corpo feminino: os discursos sobre o corpo
na história do Estado Novo. Lisboa: Organizações Não Governamentais do
Conselho Consultivo da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das
Mulheres, 1999).

De 4 a 6 de maio de 2004 as feministas portuguesas, académicas, ativistas e


investigadoras de diversos setores reuniram-se para comemorar o 80º
aniversário do primeiro Congresso do movimento feminista no país.

Na ocasião discutiram-se questões como o aborto, a sexualidade e o direito ao


próprio corpo, a desigualdade entre homens e mulheres em setores como o do
trabalho e outros temas feministas. O Congresso decorreu na Fundação
Calouste Gulbenkian em Lisboa e durante os três dias da comemoração foram
homenageadas as mulheres importantes, não só considerando o feminismo,
entre eles por exemplo Adelaide Cabete, Maria Velleda, Elina Guimarães e
Maria Lamas.

A primeira República portuguesa não permitiu o sufrágio feminino e, concedeu


apenas em 1911, o direito aos portugueses com mais de vinte e um anos e que
soubessem ler e escrever e aos chefes de família, sem, no entanto, especificar
o sexo dos eleitores.

Curiosamente, foi o regime da ditadura militar português que surgira do golpe


de Estado proferido em 28 de maio de 1926 que veio atribuir à mulher
portuguesa que fosse chefe de família, o direito ao voto nas eleições para as
juntas de freguesia (mas não para as câmaras municipais) sendo que a sua
capacidade eleitoral era determinada somente em razão da chefia de família.

Em 1931, o Decreto 19.696 estipulou que as mulheres, chefes de família que


fossem viúvas, divorciadas ou separadas judicialmente e tendo a família a seu
cargo e ainda as mulheres casadas, cujo marido estava ausente nas colônias
ou no estrangeiro podiam pertencer às corporações administrativas inferiores.

No entanto, somente depois de 25 de Abril de 1974, com a lei n.º 621/74 de 15


de Novembro, o direito de voto se tornou universal em Portugal. O fim da
discriminação sexual do voto em Portugal teria de esperar por 1968. Nessa
altura, apenas foram excluídos do sufrágio os cidadãos que não sabiam ler. Já
que a lei eleitoral, conforme a conhecemos hoje, só foi aprovada em 1979.

Em 2014 o movimento feminista renasce em Portugal com algum impacto, com


a criação da plataforma Maria Capaz[14], com a participação de dezenas de
figuras públicas nacionais. Fundada pelas apresentadoras de televisão Iva
Domingues e Rita Ferro Rodrigues é em 2016 uma associação abertamente de
luta pelas mulheres.

Por toda a Europa se assiste os incentivos à natalidade[15]. Na Alemanha, por


exemplo, apesar das políticas que obrigavam as mulheres que não eram
consideradas etnicamente puras a abortar, as alemãs eram quase forçadas a
ter filhos, pois era como que um serviço à nação. “Elas deviam ser em primeiro
lugar: alemãs e em segundo lugar: mulheres”,

Em Itália inicia-se a politica de casamento coletivo que irá inspirar as «Noivas


de Santo António» nos anos 40 em Portugal, bem como outras políticas que
incentivam ao casamento e à natalidade.

De acordo com Neves e Calado existe uma relação indissociável entre o berço
e o túmulo, os lençóis e o véu de luto, pelo bem da Nação. O pragmatismo
apela a um masoquismo, a um sofrimento desmesurado do qual as mulheres
devem sentir-se orgulhosas, pois as suas lágrimas de sangue serão símbolos
da salvação da pátria e da redenção da mulher.

Os nazistas em seu auge na Alemanha retiraram também todos os progressos


e conquistas adquiridas pelas mulheres no período entre as guerras mundiais.

Na obtusa ideologia de Adolf Hitler, a mulher alemã, sobretudo, deveria ser a


dona de casa e mãe. Sendo condecoradas e homenageadas quanto maior
fosse o tamanho de sua prole. Tudo era sintetizado na velha teoria dos três K,
a saber: küche, kinder und kirche, significando, cozinha, filhos e Igreja. E, por
essa razão que uma lei alemã editada em 1937 proibia que as mulheres
fossem empregadas na administração. 

Apesar de que o Terceiro Reich[16] não fosse exatamente o inferno misógino


preconizado pelas historiadoras e historiadores feministas, porém tampouco
fosse o paraíso de igualdade de condições entre os gêneros humanos.

Um pouco antes da segunda guerra mundial, pelo menos metade das mulheres
alemãs efetivamente trabalhavam fora, sendo um número mais elevado e
expressivo se comparado aos Estados Unidos (25%) e a Grã-Bretanha (45%).

Em 1941 existiam quinze mil creches na Alemanha e as mulheres que tivessem


emprego fixo, já recebiam seis semanas de licença maternidade remunerada,
algo que não ocorria em outro lugar no mundo. Principalmente justificada
porque a reprodução era considerada uma benção para o regime, contando
com forte apoio do governo.
Aliás, o aniversário de nascimento da mãe de Hitler, 12 de agosto fora
escolhido para celebrar a Festa das Mães[17] Alemãs e, nessa data, eram
condecoradas com a Cruz de Honra da Mãe Alemã[18]. A medalha de bronze
era dada para as mulheres que tivessem de quatro a seis filhos e, a de prata
para as que tivessem de seis a oito filhos e, a de ouro para as que tivessem
dado ao Reich mais de oito filhos. Contabiliza-se que em 1939 quando da
primeira premiação condecorou três milhões de mulheres alemãs.

Enfim, o ideal nacional-socialista de beleza da mulher alemã era ser loura


deslumbrante, de ancas largas, com cabelos amarrados atrás da nuca ou
trançados e formando uma coroa na cabeça, o que caracterizou tanto a Liga
das Mulheres Nazistas como a Liga das Jovens Alemãs. Exaltava-se, na
ocasião, o corpo atlético enquanto que a maquiagem era considerada “nada
alemã” e quem insistisse corria o risco de ser tachada de prostituta.

Nessa doutrina, o sexo não significa mais uma atividade pessoal e, sim, um
dever sagrado voltado para a reprodução de seres humanos[19] superiores, ou
seja, arianos. Tanto que o soldado nazista para se casar precisava obter
autorização especial, emitida por Himmler, conforme a Lei de 1932, a Ordem
A65.

As mulheres “candidatas” se enquadravam em três categorias basilares, a


saber: as perfeitamente adequadas para a seleção, medianamente adequadas
e as totalmente inadequadas.

E a referida autorização matrimonial só era finalmente concedida depois de


preenchido adequadamente todos os vinte itens de ordem fisionômica, como a
estatura das candidatas, avaliada em pé e sentadas, a forma do crânio, a cor e
disposição dos olhos, a curvatura do nariz, o comprimento de membros, a
dimensão do tórax dos homens e da bacia das mulheres.

Himmler[20] defendia a tese do doutor Schallmayer de que os guerreiros que


voltavam da frente da batalha deveriam ter maiores possibilidades de dispor de
várias mulheres para reproduzirem-se ao máximo. Schallmayer acreditava que
o Estado tinha o dever de proteger e desenvolver a capacidade biológica de
seu povo.

Por isso, elogiou o Partido Social Democrata dando seu apoio à educação
científica e à propriedade coletiva, mas criticou os marxistas por sua
preocupação e crença na igualdade econômica para todos. Ainda acreditava
que os partidos políticos eram movidos por interesses especiais, mas a
eugenia[21] era a filosofia hábil para unir as partes para um propósito
significativo.

E, por isso, foram criados pela SS, os Lebensborn (fonte de vida) com o fito de
reproduzir os arianos perfeitos por meio do relacionamento entre indivíduos
aptos. Era uma espécie de haras nacional onde as mulheres perfeitamente
adequadas geravam arianos típicos e perfeitos, completamente dentro dos
padrões exigidos pelo Terceiro Reich.
A política racial da Alemanha nazista representou um conjunto de políticas e
leis implementadas em apoio à teoria de superioridade da raça ariana, baseada
em uma doutrina racista que alegava legitimidade científica.

Foi combinada a um programa de eugenia cuja finalidade era promover a


higiene racial[22] alcançada por esterilizações compulsivas e o extermínio dos
chamados subumanos, o que eventualmente culminou no Holocausto.

Tal teoria mirava particularmente, judeus, ciganos, polacos, negros,


homossexuais e deficientes mentais e físicos, que foram considerados
inferiores na hierarquia racial que posicionou os Herrenvolk ou a raça superior
da Volksgemeinschaft ou comunidade nacional[23].

No topo da hierarquia racial estavam os eslavos, especialmente os polacos,


sérvios e russos, romanos e pessoas de cor e os judeus foram colocados na
base. Mais de quatrocentos mil pessoas foram esterilizadas enquanto que mais
de setenta mil foram mortas pelo programa Aktion T4. (In: Ian Kershaw, Hitler.
A Profile in Power, Capítulo VI, Primeira Seção. Londres, 1991, rev. 2001.).

Aliás, o racismo biológico ou racismo científico é a crença pseudocientífica de


que existem evidências empíricas que apoiam ou justificam o racismo, a
discriminação racial ou a inferioridade ou superioridade racial.

O racismo científico recorre a conceitos de antropologia, antropometria


craniometria e outras disciplinas ou pseudodisciplinas para propor tipologias
que apoiem a classificação das populações humanas em raças fisicamente
distintas, que possam ser classificadas como superiores ou inferiores.

Atualmente as noções de racismo científico não são consideradas ciência e o


termo é usado de forma pejorativa para se referir a ideias pseudocientíficas. O
racismo científico foi relativamente comum no período entre o século XVII e o
fim da I Guerra Mundial.

Embora a partir da segunda metade do século XX tenha sido considerado


obsoleto e desacreditado, em alguns meios continuou a ser usado para apoiar
ou legitimar a ideias racistas, baseadas na crença de que existem categorias
raciais e raças hierarquicamente inferiores e superiores.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial[24] este passou a ser denunciado em


termos formais. Os avanços na genética populacional humana mostraram que
as diferenças genéticas são praticamente todas graduais e não determinam
superioridade ou inferioridade racial.

A fonte de vida era dirigida pelo médico da SS Gregor Ebner[25] e mais de


trinta fontes foram criadas na Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda,
Luxemburgo, Noruega, Dinamarca e Polônia. Nessa ocasião, registrou-se o
nascimento de mais de doze milhões de bebês arianos perfeitos.

Apesar de expressiva majoração da taxa de natalidade alemã, esta ainda era


insuficiente para os mirabolantes planos de Himmler[26], tanto que nos países
ocupados foram sequestradas crianças que correspondessem às
características desejadas e apregoadas pelo nazismo.

Desta forma, principalmente na Polônia cerca de duzentos mil loiros de olhos


azuis foram sequestrados durante a Segunda Guerra Mundial e levados à
Alemanha e aos novos assentamentos no leste a fim de se efetivar a tão
pretendida germanização.

Depois da guerra, vinte mil dessas crianças foram finalmente recuperadas pelo
governo polonês na zona de ocupação soviética da Alemanha e cerca de seis
mil crianças foram resgatadas nas zonas de ocupação dos Aliados ocidentais.

No entanto, o protagonismo das mulheres alemãs reprodutoras começou a


declinar quando a vitória começou a pender para o outro lado. Após, quatro
anos de guerra intensa e sangrenta, novecentas mil mulheres[27] foram
finalmente recrutadas para as frentes de trabalho, executando as mais variadas
atividades que antes eram exclusivamente masculinas.

Os Aliados, por exemplo, levaram menos tempo que os alemães para


identificarem a relevância da mulher[28] no esforço de guerra. Porém, na
Inglaterra e nos EUA a participação feminina esteve relacionada às atividades
de retaguarda.

E mesmo as mulheres que estiveram em postos administrativos elevados


sofriam com a resistência de seus colegas de farda. Aliás, o almirante
Nimitz[29], por exemplo, não aceitava mulheres em sua equipe.

Apesar enfrentaram o preconceito, cerca de três mil mulheres que trabalharam


como empregadas na codificação e decodificação de mensagens secretas na
Grã-Bretanha. E, em Liverpool existia um batalhão feminino, sendo todas
especialistas em línguas estrangeiras e responsáveis, por correspondências
dirigidas aos países neutros ou aliadas. Também foram responsáveis pela
censura das cartas dos solidados.

Em Northfolk onde havia mais de cem aeródromos da RAF e da Força Aérea


norte-americana e a base dos bombardeiros tinha cerca de dois mil e
quinhentos funcionários, dentro os quais, cerca de quatrocentas eram
mulheres.

Atuaram como voluntárias fora da área militar nas fábricas de uniformes, de


armamentos e nos estaleiros. Em 1942, registrou-se o número expressivo de
sete milhões de mulheres atuando nas frentes de trabalho, e atendendo ao
chamado “Mulheres da Grã-Bretanha”, venham para as fábricas.

Aliás, o primeiro país a reconhecer a necessidade do emprego da mão de obra


feminina durante a Segunda Guerra Mundial foi a Inglaterra, na época, a
grande maioria dos postos de trabalho era ocupada por homens.
No entanto, como a guerra veio a mobilizar cerca de 5,5 milhões de homens, a
força do trabalho feminina passou a ser decisiva para que o país se mantivesse
nesse período tão conturbado.

Diante da introdução da força laboral feminina maciça no mercado de trabalho


surgiram diferentes reações. Muitos inicialmente temiam que, finda a guerra, a
força do trabalho feminina permanecesse ativa e retirasse o trabalho dos
homens, que eram os naturais provedores do lar. A proteção da família
continuava em plano prioritário e, seguindo o exemplo da Inglaterra, também
outros países, passaram a adotar o trabalho feminino nas construções de
aviões, navios, caminhões, produção de armas e tantas outras atividades civis
e militares.

Inicialmente recorreu-se ao voluntariado, preferencialmente de mulheres


solteira, para não comprometer a harmonia do lar. Porém, o voluntariado não
foi suficiente e, em 1941, o governo britânico promoveu o recrutamento de
mulheres.

Inicialmente, o alvo eram as mulheres solteiras, depois, as casadas também


começaram a ser recrutadas. Apenas as mães com filhos menores de quatorze
anos estavam dispensadas de colaborar com o esforço de guerra. Em 1942,
seis milhões e setecentos sessenta e nove mil mulheres estavam envolvidas no
esforço de guerra na Grã-Bretanha.

Por outro lado, os países do Eixo, como a Alemanha e Itália, resistiram à ideia
de ter mulheres envolvidas no esforço de guerra. Mas depois, também
aderiram.

O Canadá chegou a mobilizar cinquenta mil mulheres em suas forças armadas,


chegando a representar vinte e cinco por cento da mão de obra envolvida no
esforço de guerra. No mercado de trabalho formal, registra-se que a
participação feminina cresce em média oitenta e nove por cento se comparado
com os anos anteriores.

Em 1944, o número de mulheres trabalhando era de oitocentos e doze mil, das


quais duzentos e sessenta e um mil trabalhavam nas fábricas de armamentos.
E, trinta por cento desse número trabalhava na indústria aeronáutica, sendo
responsável pela produção de dezesseis mil aviões. Havia ainda o trabalho
voluntário que também envolveu milhões de mulheres canadenses,
organizadas em associações e clubes locais.

A Força Aérea Canadense seria uma das primeiras a admitir as mulheres. Em


julho de 1942, foi criada a Força Aérea (CWAAF). Ainda naquele ano, o
exército cria o Serviço Feminino Armado Canadense (CWAC). A Marinha seria
a última a aceitar as mulheres em seu efetivo, em 1942, com a criação da
Reserva Feminina da Marinha Real do Canadá (WARCNS).

As mulheres[30] assumiam funções administrativas liberando, dessa forma, os


homens para o front. Assim como as mulheres que ocupavam funções no
mercado formal de trabalho, as militares também não recebiam uma
remuneração igual à de seus pares do sexo masculino. A guerra elevou o valor
social do trabalho feminino, porém, essas ainda recebiam salários menores,
mesmo quando executando a mesma atividade.

Nos demais países, muitas mulheres acabaram de uma forma ou outra, se


envolvendo no esforço de guerra. De sorte, que além das britânicas, as
canadenses e as alemãs, nossos primeiros exemplos, e vale destacar a
participação de brasileiras[31], norte-americanas e soviéticas.

Nos EUA, já próximo ao fim da segunda guerra mundial, vinte milhões de


mulheres labutavam, ocasionando um aumento de quase de sessenta por
cento em relação à situação anterior ao ataque de Pearl Harbor[32] em 1941.

Apesar de que recebiam salários consideravelmente inferiores aos pagos aos


homens, em média orçado em vinte dólares a menos, em uma época em que o
salário do trabalhador norte-americano era em torno de cinquenta e cinco
dólares por semana.

Fato este que ainda persiste mesmo nos dias atuais, infelizmente. Na Rússia,
as mulheres eram chamadas de “combatentes de macacão” devido ao uso da
roupa de brim utilizada comumente nas fábricas como, situada em Moscou,
quando se dizia que não havia vida pessoa fora da fábrica. O que gerou o
seguinte comentário: “Não morríamos, mas estávamos sempre com fome”.

Durante a segunda guerra mundial, a linha de produção fabril de tecidos para


agasalhos e redes de camuflagem para o exército foi mantida ininterruptamente
com operários e operários divididas em turnos de doze horas. Alimentavam-se
mal com pão e kasha, que era um mingau feito de trigo queimado e distribuído
nas bancadas de trabalho. A fome era tão severa que os operários e operários
comiam até cascas de batata.

Aliás, domingo era em tese, um dia de folga, mas o comitê do partido


Comunista da fábrica em geral nos convocava para os trabalhos externos,
como cavar trincheiras ou mesmo buscar madeira nas florestas ao redor de
Moscou[33]. (In: HASTINGS, Max. Inferno. O Mundo Em Guerra 1939-45.
Tradução de Berilo Vargas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011).

Depois da invasão alemã, as mulheres soviéticas acompanharam as mais mil e


quinhentas fábricas que foram transferidas das áreas ocidentais da União
Soviética para a região dos Urais, o que significava milhares de quilômetros de
distância da linha de frente.

O Exército Vermelho[34] fora o único grande exército[35] que utilizou


regularmente mulheres na frente de batalha, levando cerca de novecentos mil
“soldados de saias” e, um pouco mais de noventa guerreiras passaram para o
seleto grupo de Heróis da União Soviética.

Entre essas Lydia Vladimirovna Litvyak (1921-1943) foi aviadora de caças da


Força Aérea Soviética, foi um ás da aviação na Segunda Guerra Mundial junto
com Kátia Budánova, também conhecida como a Rosa Branca de Stalingrado,
apelido dado por suas ações durante a Batalha de Stalingrado[36]. Aos vinte e
um anos de idade, teve doze vitórias individualmente e outras duas a quatro
vitórias compartilhadas. Detém o recordo de tiroteios reais de combate nas
mãos de apenas uma mulher. Com tudo isso, e tendo desaparecido em ação
durante a Batalha de Kursk, foi finalmente reconhecida como Heroína da União
Soviética[37].

Maria Vasilyevna Oktybrskaya (1905-1944) foi uma combatente russa da


Grande Guerra Patriótica[38] e a primeira mulher a se tornar condutora de um
tanque. Em 1943, recebeu oficialmente a notícia do falecimento do marido,
morto em batalha contra os nazistas em Kiev, ocorridos dois anos antes.
Movida por sentimento de vingança, vendeu suas posses para obter e
comandar um carro de combate.

O governo soviético aprovou a iniciativa e após cinco meses de treinamento,


Maria passou a conduzir um T-34 da 26ª Brigada de Tanques. A impressão
inicial dos militares era que sua presença ali era de caráter propagandístico do
regime.

No entanto, Oktyabrskaya provou ser em batalha uma tanquista arrojada ao


destruir diversas posições de artilharia inimigas. Em uma ocasião seu tanque
foi atingido e ela saiu do interior para consertá-lo, mesmo sob fogo. Numa ação
noturna em 17 de janeiro de 1944 num povoado próximo de Vitebsk, uma
lagarta de seu tanque fora atingida.  Novamente saiu para consertá-lo. Ao
concluir, no entanto, foi atingida gravemente por uma mina. Após permanecer
dois meses em coma, faleceu em 15 de março do mesmo ano. Recebeu
postumamente o título de Herói da União Soviética.

Valentina Vladimirovna Tereshkova é a primeira cosmonauta e a primeira


mulher a ter ido ao espaço em 16 de junho de 1963, na nave Vostok VI. Foi
transformada em heroína soviética após o sucesso de sua missa, sendo
condecorada por líderes soviéticos, russos e estrangeiros de várias gerações.

E, nos anos seguintes, se tornou também proeminente na sociedade e na


política do país, primeiramente na União Soviética e, depois na Rússia. Até os
dias atuais é considerada a única mulher a ter feito o voo solo ao espaço.

As mulheres soviéticas mereceram de um oficial da Wehrmacht[39] menção


sobre elas em Stalingrado, in litteris: “As mulheres russas há muito tempo vêm
sendo preparadas para tarefas de combate e para ocupar qualquer posto
militar que seria capaz uma mulher”.

Outro alemão aduziu que as mulheres combatiam feito feras e, as tarefas


femininas consistiam em atuar como enfermeiras em campanha, pilotos de
avião, em baterias antiaéreas e também como atiradoras de elite.

A sniper[40] ucraniana Lyudmila Pavlichenko alvejou e matou trezentos e nove


alemães e tinha apenas vinte e cinco anos. E, num cômputo total, as atiradoras
soviéticas promoveram mais de onze mil mortes de oficiais e soldados
nazistas[41].
A famosa loura Marlene Dietrich foi, sem dúvida, a mais célebre das estrelas do
cinema norte-americano e atuou como garota-propaganda dos Aliados contra o
nazismo. A berlinense trocou a Alemanha por Hollywood em 1933. E, após seis
anos veio a naturalizar-se norte-americana. Foi contratada pelo Exército para
entreter as tropas aliadas e lhes manter o moral, desembarcou no Norte da
África e, apareceu pela primeira vez em abril de 1944, na ópera de Argel.
Quando cerca de dois mil soldados norte-americanos ficaram simplesmente
extasiados.

Conhecida como “Anjo Azul” conforme ficou conhecida devido ao filme Der
Blaue Engel, de 1930, o primeiro grande filme do expressionismo alemão e que
acompanhou os exércitos norte-americanos pela Itália, França, Bélgica e
também pela Alemanha[42].

Após a guerra, quando um jornalista lhe perguntou sobre seus inúmeros casos
amorosos, se entre estes, esteve o comandante supremo das Forças Aliadas
na Europa, Dwight Eisenhower[43], respondeu com ironia: “Como seria
possível? Ele nunca esteve na frente de batalha”.[44].

Como Dietrich renegou a Alemanha e ao nazismo de Goebbels, o então


ministro da propaganda de Hitler, encontrou uma substituta: a sueca Zarah
Leander que segundo afirmam tinha uma voz profundamente erótica e
nostálgica.

Apesar de que o ministro de Hitler não gostasse das letras das músicas
cantadas por Zarah, que em verdade, era uma espiã soviética. Com grandioso
sucesso na Alemanha, Leander não aceitou o convite dos estúdios norte-
americanos por questões óbvias e permaneceu a serviço do cinema e
propaganda nazista até 1943, quando sua mansão em Berlim fora destruída
pelos bombardeios dos Aliados e, seus serviços não mais eram necessários
aos russos. E, com apoio da NKVD[45], Leander retornou definitivamente a sua
terra natal (Suécia).

Realmente os alemães tinham um sensível interesse por atrizes estrangeiras,


notadamente, as dotadas de sangue alemão, tal como Olga Knipper, que fico
mais conhecida pelo sobrenome de seu ex-marido Mikhail Tchekov, sobrinho
ao grande escritor russo Anton Tchekov[46].

Olga Tchekova recebeu o título em 1936 de “melhor atriz do Estado”, do


Terceiro Reich e foi descrita por Goebbels em seu diário como sendo “uma
mulher encantadora”. Hitler também era seu fã tanto que se fotografou ao lado
de Olga, em uma recepção nazista de 1939. Também os boatos de ser espiã
soviética eram infundados, pois não era nazista e nem comunista.

O irmão de Olga Tchekova, Lev Knipper esteve mais amiúde envolvido em


questões de espionagem, tanto que o chefe da NKVD[47] ordenou que o
general Pavel Sudoplatov que era comandante do Grupo de Missões Especiais
organizasse uma atuação onde Knipper e sua mulher assassinasse Hitler
quando Moscou caísse em mãos germânicas, o Führer entrasse na capital
russa. Como isso não chegou a acontecer nada há que indique propriamente o
envolvimento de Olga[48].

Parte do seu trabalho era também de fazer visitas às frentes de batalha. Tal
qual Dietrich e, aliás, foi assim que Olga conheceu um de seus amantes que
era piloto da Luftwaffe e, ao fim da guerra, foi presa e interrogada pela NKVD e
encerrou sua carreira artística em 1974.

Hedy Lamar foi atriz da época de ouro do cinema, nas décadas de trinta e
quarenta e ficou bastante conhecida por protagonizar uma das primeiras cenas
de sexo no cinema. E, mesmo assim, deu uma grande contribuição com a
invenção de um sistema de comunicações para os EUA durante a Segunda
Guerra. A tecnologia serviu de base para o desenvolvimento da atual telefonia
celular.

As estrelas e celebridades femininas do Terceiro Reich eram conhecidas como


“brinquedinhos de Goebbels” [49] sendo selecionadas por suas aptidões tanto
quanto pelos caprichos pessoais do Ministro nazista. Existia até uma piada
corrente em virtude do insaciável apetite sexual de Goebbels, afirmava-se que
nem dormia na própria cama, mas em sua própria e grande boca (Klappe em
alemão significa uma gíria que serve tanto para boca como para claquete).

Goebbels tinha baixa estatura e era manco motivo pelo qual usava aparelho
ortopédico, tinha os pés toros e nem era louro e nem tinha olhos azuis. Seu tipo
era longe do descrito em ser o alemão ideal conforme seu ministério
apregoava. Aliás, o desenvolvimento acentuado de seu intelecto foi devido em
grande parte por seus defeitos físicos de que era portador.

Quando criança teria se tornado incapacitado pela poliomielite e, mais tarde,


pela osteomielite. Goebbels em sua infância fora muitas vezes insultado pela
fragilidade e deficiência o que naturalmente o impediram de participar de
atividades que exigissem velocidade ou agilidade. Daí, o porquê tanto se
esforçou por brilhar no campo do aprendizado, uma vez que nas façanhas
físicas estava mesmo condenado ao fracasso.

Apesar de seus problemas físicos possuía certa beleza, tinha cabelos pretos,
olhos castanhos bem colocados, bons dentes e mãos bem moldadas. Desde
criança, Goebbels cuidava ciosamente de sua aparência, exibindo os
elementos do exagerado apuro em trajar-se, o que resultou num guarda-roupa
que tinha mais de trezentos trajes.

Quando tinha dezessete anos e a Primeira Guerra Mundial estourou, ele se


apresentou como voluntário para o exército e, naturalmente, foi rejeitado por
causa dos defeitos físicos. Dificilmente poderia esperar ser aceito.
(Desapontado ou não, o fato é que ele tirou excelente partido da sua
coxeadura, informando os curiosos complacentes de que fora uma das
primeiras baixas na guerra.)

A rejeição deu-lhe a vantagem de poder continuar os estudos, coisa que os


pais consideraram caída dos céus para pô-lo no caminho do sacerdócio, onde,
acreditavam, Goebbels[50], com seu gosto pelo estudo, encontraria o seu
verdadeiro destino.

Apesar de seu voraz apetite sexual, há relatos que algumas atrizes se


decepcionaram com sua superioridade racial. A atriz Irene von Meyendorff uma
loira nascida na Estônia, afirmou que o ministro de Hitler era dono de uma
“minhoquinha” referindo-se ao seu órgão sexual. E para alguma atriz poder
trabalhar em Babelberg, onde ficavam os estúdios da UFAe (grande produtora
de filmes da Alemanha nazista) era preciso ceder aos caprichos do ministro da
Propaganda Nazista.

Aliás, Goebbels era apelidado de “bode de Babelsberg” embora fosse visto


como o ideal alemão a ser seguido. Sua esposa Magda Goebbels era
reconhecida como esposa-modelo nazista, a primeira dama do regime não
apenas por suas características tipicamente alemãs, mas também pelo grande
número de filhos.

E foi leal à Hitler até seus derradeiros dias de vida, quando teve a coragem de
matar seus seis filhos envenenados no bunker, antes de ela e seu marido
cometerem suicídio[51].

Todas as crianças da prole de Goebbels foram batizadas com nomes iniciados


com a letra H o que, segundo alguns historiadores, é uma homenagem a Adolf
Hitler. Magda Goebbels tinha também um sétimo filho, chamado Harald
Quandt[52], oriundo de seu primeiro casamento.

Enquanto a família Goebbels residia no Führerbunker, após assassinar todos


os seus filhos com veneno, Joseph e Magda seguiram o caminho da morte. Há
algumas versões que relatavam que ambos se suicidaram com um tiro, outras
versões, alegam que o ministro Goebbels se suicidou com uma bala na cabeça
e sua esposa havia se envenenado. Helga Susanne era a filha mais velha de
Goebbels e, segundo relatos, era a favorita de Adolf Hitler que a presenteou
com flores com flores em seu aniversário de um ano. Tanto que em 1935 teria
sido a capa de duas revistas.

Aliás, Magda acreditava ser impossível viver num mundo sem Hitler e o
nacional-socialismo. Johanna Maria Magdalena Goebbels (1901-1945) foi
também amiga e aliada pessoal de Adolf Hitler. Ficou conhecida,
principalmente, por durante a tomada de Berlim pelo Exército Vermelho, no fim
da Segunda Guerra Mundial, juntamente com seu esposo, assassinar seus seis
filhos com veneno.

Sua origem é controvertida, uma vez que no mesmo ano de seu nascimento,
sua mãe havia se casado com o empresário alemão Oskar Ritschel, mas este
se recusará a dar o seu sobrenome à menina. O dito casamento da mãe de
Magda com Ritschel durou até 1905, quando ela se divorciou.

Em 1908, Behrendt Magdalena se casou de novo, desta vez, com o pai


biológico de Magda, Richard Friedländer, indo morar em Bruxelas. Tal
casamento duraria até 1914. Recentemente, em 2016, o historiador Oliver
Himes anunciou que descobrira a verdadeira origem do pai de Magda, sendo
que este seria um comerciante judeu.

E, tal descoberta aponta para uma inconveniente verdade por detrás de boato
que existia dentro do Partido Nazista, ainda nos tempos da guerra, de que
Magda guardava grande segredo, porém, nada ficou provado se Goebbels
sabia de tal segredo da esposa, sendo, contudo, que em 1934 veio a escrever
em seu diário que sua esposa tinha um horrível segredo sobre seu passado,
sem mencionar, qual seria tal segredo.  Supõe-se que tal segredo seria a sua
linhagem judaica que contrariava toda a ideologia do Partido nazista.

Quanto o primeiro casamento de Magda que teve início em 1921, com o


industrial alemão Herbert Quandt que enriqueceu quando Hitler chegou ao
poder. Tendo fundado império composto de várias empresas, entre estas a
BMW Em 1939, no entanto, Quandt descobriu a infidelidade da esposa e, então
pediu o divórcio.

O cinema germânico era dominado por estrelas estrangeiras e, na música


havia uma estrela chamada Lale Andersen e sua versão para a música “Lili
Marleen” [53], cuja letra datava da época da Primeira Guerra Mundial, se
transformou em um clássico da guerra, apreciado em ambos os lados.

O curioso que a referida música foi utilizada pelos dois lados do conflito
mundial. Tratava-se de mais uma simples canção sobre a separação e
incerteza de um dia retornar aos braços da amada. Desde 1942, a propaganda
nazista não parava de tocar a música, inclusive na versão em inglês. Os
britânicos revidaram com a mesma canção, na interpretação de Anne Shelton,
muito popular entre os soldados.

A BBC de Londres divulgou uma paródia antinazista da canção, interpretada


pela atriz alemã Lucie Mannheim que havia fugido da Alemanha. Na
estratégica batalha de Tobruk, na costa da Líbia, tanto nazistas quanto aliados
ouviam a canção a partir de alto-falantes, instalados na frente de guerra.
Também as tropas soviéticas aproveitaram-se do motivo, através de panfletos
com apelos aos alemães para que retornassem às suas "lilis".

Eis a sinopse sobre a famosa música: “às vésperas da eclosão da Segunda


Guerra Mundial, a cantora de cabaret Willie (Hanna Schygulla) e o pianista
boêmio Robert (Giancarlo Giannini) se apaixonam em Zurique, na Suíça.
Robert é judeu e a família dele não quer o relacionamento, pois Willie é alemã”.
Ao voltar de uma viagem da Alemanha com Robert, Willie é impedida de cruzar
a fronteira e retornar à Suíça. Ela foi expulsa do país por dívidas, em uma ação
furtiva do pai de Robert, o poderoso David Mendelson (Mel Ferrer). Sem
alternativa, Willie é obrigada a ficar em seu país natal e acaba por se envolver
com Henkel (Karl-Heinz von Hassel), um poderoso comandante nazista.

Enquanto a Segunda Guerra Mundial se desenrolava, Henkel a ajuda a gravar


um disco e uma das canções, Lili Marleen, toca na Rádio de Belgrado e se
torna extremamente popular entre as tropas alemãs que estão na frente de
batalha. Lili fica famosa e recebe os privilégios do regime, inclusive
conhecendo pessoalmente Adolph Hitler. Robert não se conforma que Willie
tenha se tornado um símbolo do regime nazista e volta à Alemanha para falar
com ela, usando documentos falsos. Ele é feito prisioneiro e Lili passa a ser
suspeita de espionagem.

As tropas inglesas igualmente tinham sua musa que era Vera Lynn, chamada
de “namorada dos soldados” e serviu como ferramenta publicitária e funcionou
como slogan de forte apelo psicológico social. Foi contratada como cantora
oficial da BBC de Londres que era a principal emissora de rádio da Europa.
Vera Lynn[54] se tornou a voz feminina mais conhecida no mundo.

No Japão, a chamada “Rosa de Tóquio” [55] era Iva Toguri, uma norte-
americana de Los Angeles (nissei) que emprestou a voz à Rádio Tóquio é a
propaganda japonesa antiamericana no Pacífico.

Na verdade, Toguri usava frases como: “O que acham que fazem as mulheres
nos Estados Unidos com os conversíveis e os reservistas?”. Toguri foi presa
depois da guerra e acusada de traição, só sendo libertada em 1956[56].

Durante a segunda guerra mundial, o rádio teve relevante papel nas ações
desenvolvidas pelos países beligerantes. E, os japoneses foram os campeões,
espalhando mensagens patrióticas que visavam incentivar seus guerreiros e ao
mesmo tempo abater o moral das tropas do principal inimigo, os norte-
americanos.

A Rádio Tóquio através de suas ondas curtas levou programas, mensagens


lidas em inglês numa voz suave de mulheres, era a Rosa de Tóquio ou Tokyo
Rose, conforme ficou internacionalmente conhecida.

Através de artifícios técnicos, a emissora conseguia invadir as faixas da BBC


de Londres e da Voz da América de Washington dirigidas ao teatro da guerra,
espalhando ainda mais as mensagens como se fosse de emissoras ocidentais.

Embalada numa voz adocicada, ela dizia: "Vocês, soldados americanos, por
que não voltam para as suas casas? Tudo já terminou. Vocês perderam a
guerra. Se Mac Arthur (o comandante-chefe das operações de guerra dos
EUA) for capturado vivo, ser enforcado na Praça Imperial de Tóquio. (...)".

A Rosa de Tóquio ainda incessantemente falava sobre batalhas fictícias, que


os japoneses haviam vencido, criando apreensão e mal-estar entre as tropas
aliadas quando lembrava que as mulheres americanas estavam em casa, se
divertindo, enquanto que eles, os soldados, lutavam nas frentes de batalha.

A famosa Rosa de Tóquio era Iva Toguri era nissei, pois era norte-americana
filha de imigrantes japoneses e, ao retornar à terra de seus pais para visitar
parentes, fora surpreendida com a notícia de que o Japão havia bombardeado
a base naval americana de Pearl Harbor no Pacífico, entrando definitivamente
na guerra. Apesar de Iva não saber falar japonês, atendeu a um anúncio de
jornal que pedia pessoas que soubessem falar inglês fluentemente para
trabalhar na Rádio de Tóquio.
Foi também pelo rádio em um tom dramático que foi feito o pronunciamento a
partir do Palácio Imperial onde o Imperador Hiroito anunciou ao Japão e ao
mundo a sua rendição incondicional aos Aliados.

Foi conhecido também como Imperador Showa ou o Imperador Showa (1901-


1989) foi o 124º imperador do Japão, de acordo com a tradicional ordem de
sucessão, reinando de 25 de dezembro de 1926 até sua morte em 1989.

Apesar de bastante conhecido fora do Japão por seu nome pessoal que é
Hiroito, no Japão é reconhecido com seu nome póstumo, Imperador Showa.
Seu reinado foi o mais longo de todos os demais imperadores japoneses, e
coincidiu com turbulento período onde se deram muitas mudanças na
sociedade japonesa. Foi sucedido por seu filho, o imperador Akihito[57].

Perto do fim da ocupação, Hiroito estava preparado para se desculpar


formalmente aos EUA, através do General MacArthur, pelas ações do Japão na
Segunda Guerra Mundial, incluindo as desculpas pelo ataque de 07 de
dezembro, a Peral Harbor. Mas, MacArthur recusou-se a admiti-las ou
reconhecê-las.

O diário de Hiroito revelou remorsos pela Segunda Guerra. Quando morreu em


1989, manifestou em seus derradeiros anos de vida, o desejo de falecer em
breve para não prolongar uma existência atormentada pelos eventos danosos
da Segunda Guerra[58] e a culpa que lhe atribuiria por seu papel.

O imperador Hiroito nunca havia se pronunciado diretamente ao povo japonês.


E, quando o fez, exatamente em seu primeiro contato verbal com o público,
declarou o fim da guerra com os EUA. E, disse a todos para tolerar o intolerável
e disse que ao testemunhar o tamanho sofrimento de seu povo, seus órgãos
vitais haviam se partido, tentando assim, construir mais ainda, sua imagem
divina e uma ligação mágica com seu povo.

Porém, a imagem divida do imperador japonês não se sustentava mais. Pois,


após a guerra e a ocupação americana no Japão, o mundo entrou em crise e
os oficiais e líderes de vários países durante a guerra começaram a ser
investigados, inclusive Hiroito, que teve que mudar sua estratégia para
conquistar seus súditos[59].

Depois do suicídio de Hitler, da tentativa vã de fuga de Mussolini[60] em se


esconder na Suíça, onde foi morto. No Japão, o líder que mais causou danos
do que na Itália fascista se encontrava vivo e nem mesmo chegou a ser julgado
pelos seus crimes. Hiroito ficou no poder até seu último suspiro em 1989[61].

Mas, o General MacArthur havia ouvido do general Bonner Fellers que cogitar
em enforcar Hiroito[62] seria semelhante a promover a crucificação de Cristo
para nós, o que fez que se convencesse em inocentá-lo.

Outros historiadores acreditam que foi o próprio Hiroito quem o convenceu,


com seu jeito manipulador, de que havia sido obrigado por outros oficiais a dar
continuidade à guerra e fazer o que fez, senão iria ser morto.
Uma vez que os poderes do imperador japonês haviam sido diminuídos diante
da guerra, então decidiu fazer outra transmissão de rádio, exatamente em 1º
de janeiro de 1946 quando afirmou não ser um deus. Disse ainda que sua
família não tinha ligação divina e que seu sangue era exatamente como o dos
outros.

O sexo também foi uma moeda de troca e garantia de sobrevivência. E a


prostituição entrou na moda. Em junho de 1940 após a ocupação de Paris,
Himmler, requisitou uns quarenta bordéis para o uso exclusivo das tropas
alemãs.

Os mais sofisticados bordéis como Le Chabanais e o One-Two-Two eram


reservados especialmente aos oficiais nazistas[63].

A batalha da França foi também conhecida por Queda da França representou a


invasão da França e dos Países Baixos pela Alemanha Nazista, em 10 de maio
de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, terminando assim a chamada
Guerra de Mentira (foi o período inicial da guerra, que ocorreu entre 03 de
setembro de 1939 até 10 de maio de 1940. Foi o período compreendido entre a
declaração do Estado de guerra da França e Reino Unido à Alemanha
Nazista).

Nessa ocasião, unidades blindadas alemãs atravessaram a região florestal de


Ardenas, flanqueando a Linha Maginot[64] e derrotando os Aliados. A Força
Expedicionária Britânica foi evacuada no que ficou conhecido como sendo a
Batalha de Dunquerque na Operação Dínamo e, muitas unidades francesas
juntaram-se à Resistência ou passaram ao lado dos Aliados. A Itália declarou
guerra à França em 10 de junho e então Paris foi ocupada em 14 de junho e o
governo francês fugiu para Bordéus no mesmo dia.

Cumpre destacar que o discurso francês construído após a Segunda Guerra


Mundial é que o país foi libertado pela Resistência, com alguma ajuda dos
aliados, e que salvo um punhado de miseráveis nas palavras do General
Charles de Gaulle, o resto dos cidadãos franceses se comportou como
autênticos patriotas. O que realmente fica distante da realidade. E, o professor
britânico Robert Gildea desconfigura tal imagem nacional francesa, que já
estava bem fissurada com sua obra Combatientes en la Sombra (Combatentes
na sombra, em tradução livre) que traçou detalhado retrato da ocupação
nazista no qual mais que a Resistência Francesa, prefira cogitar em resistência
na França pelo enorme número de estrangeiros que se juntaram à luta contra o
nazismo[65].

A França foi derrotada e ocupada pela Alemanha e quando foi libertada e


unificada novamente, criou-se uma história única que afirma que todo o país
galgou a liberdade consolidada através da liderança do General De Gaulle e,
esse relato foi propagado por meio de cerimônias, condecorações e títulos,
conforme explicou Robert Gildea, professor de história moderna do Worcester
College da Universidade de Oxford, cujo livro publicado na Espanha, pela
Editora Taurus, com a tradução de Federico Corriente.
Aliás, os esquecidos não foram somente os espanhóis que fugiram do
franquismo, mas igualmente os judeus da Polônia ou da Romênia, os
comunistas e as mulheres, cujo trabalho como resistentes foi muito
subestimado.

La Résistance designou o conjunto de movimentos e redes que durante a


Segunda Guerra Mundial prosseguiu a luta contra o Eixo e seus delegados
colaboracionistas desde o armistício de 22 de junho de 1940 até a final
Liberação em 1944. Seus membros eram conhecidos como partisans
(partidários, em francês).

No Norte da França, tais núcleos da resistência existiam desde 1940 e, nesse


mesmo ano, uma manifestação estudantil foi dispersa à força e sob tiros. Na
Universidade foram-se formando grupos revolucionários que originaram os
jornais como o Resistência e a Organization Civile et Militaire e o Libération-
Nord.

No Sul a ação francesa de resistência estava mais dirigida para a propaganda,


porque em 1942 esta parte da França não estava ocupada pelos alemães. Eis
que os notáveis tinham alguma simpatia pelo governo de Vichy, ao passo que
os partidários da resistência vinham da ala esquerda. Em Lyon, por exemplo,
foi formada a Franc-Tireur, em torno do grupo de jornalistas liderados por Marc
Bloch que fora assassinado pelos nazistas.

Se, de fato, a invasão nazista à França fora feita com relativa facilidade pelo
exército alemão, o mesmo não se pode afirmar da resistência civil-militar por
grupo atualmente conhecidos como a "resistência francesa". Durante quatro
longos anos de ocupação nazista na França (1940-1944), diversos grupos
capitaneados principalmente pelos diretores do Partido Comunista Francês,
resistiram bravamente até final vitória contra os nazistas.

Em meio aos heróis do Francs-Tireurs et Partisans, nome de uma das mais


importantes organizações armadas de resistências francesas, uma
personagem em especial se destacou, a jovem Simone Segouin. Foi conhecida
como Nicole Minet, alcunha que usou durante a guerra. Simone se aliou à
organização em 1944, quando tinha somente dezoito anos, e sua fotografia
vestida de bermuda e chapéu, lutando ao lado dos soldados, tornou-se um
famoso símbolo da resistência francesa.

Além de sua óbvia juventude, durante toda a resistência o número de mulheres


não chegava a dez por cento na luta. Porém, sua força e determinação jamais
deixaram para trás, a jovem participou de ataques contra os trens nazistas, de
explosão de pontes, para sabotar as investidas alemãs e de ações que
terminariam na prisão e morte de dezenas de oficiais da SS. Credita-se a
Simone ter prendido vinte e cinco alemães.

O auge de sua atuação, segundo ela, foi ter estado em Paris, junto do General
Charles de Gaulle[66], quando da libertação da cidade, em 25 de agosto de
1944. “Eu não fui a única mulher a se juntar à Resistência”, ela disse. “Tenho
orgulho do que fizemos como uma equipe. Mas o momento de maior orgulho
foi ir a Paris com o General de Gaulle. Foi maravilhoso o sentimento de
adentrar a cidade, mas minha excitação era contida, pois tudo parecia muito
perigoso”.

Com o fim da guerra, Simone foi prestigiada com diversas condecorações e


promovida a Tenente. Ela tornou-se enfermeira em Chartres, região onde atuou
durante a Segunda Guerra Mundial, e seus feitos permanecem históricos e
reconhecidos – uma rua foi nomeada com seu nome. Simone é um ícone da
luta pela igualdade de gêneros, e essa talvez seja seu maior prêmio: estar viva
ainda hoje, aos 93 anos, como a heroína que de fato é.

Zynauda Martunovna Portnova tinha quinze anos quando o exército nazista


invadiu a Bielorrússia e sua avó teve uma discussão com um dos soldados e,
ele bateu nela. Este incidente deixou Portnova com um profundo ódio pelos
nazistas, tanto que se juntou ao movimento de resistência subterrânea. 

Portnova começou a distribuir propaganda soviética e a coletar armas para as


tropas soviéticas e ainda relatar os movimentos das tropas alemãs. Dentro de
um ano, aprendeu a usar armas e explosivos e ajudou a explodir vários
edifícios matando mais de cem alemães.

Também trabalhou como assistente de cozinha para as tropas alemães, e os


envenenou. Como se tornara suspeita, ela se defendeu comendo um pouco da
comida envenenada para prova que não havia feito nada de errado, e por não
ter ficado doente, sendo com isto, libertada. Portnova tornou-se batedora no
exército e foi capturada em uma de suas missões. Foi torturada e executada
quando tinha apenas 17 anos.

Stefania Podgorska de dezesseis anos foi trabalhar para uma família judaica a
Diamants, depois que seu pai morreu. Aproximou-se dos Diamants e mudou-se
para a cada deles. Infelizmente, Hitler logo quando invadiu a Polônia, os
Diamants foram forçados a viver em um gueto[67]. Voltou para viver com sua
família, depois que sua mãe e irmão foram enviados para os campos de
trabalhos forçados. Ela tinha que cuidar de sua irmã de seis. anos. Como eram
muito pobres, tinham que vendar roupas para se alimentar.

Quando Podgorska descobriu que as pessoas do gueto iriam morrer[68], sabia


que precisava ajudar os Diamants, Ofereceu-se para abrigar vários judeus,
incluindo Max Diamant, o filho de seus antigos patrões.  Arrumou emprego
numa fábrica e usou o dinheiro para alugar uma casa maior, e começou a
confeccionar camisolas por dinheiro e comida, e que tinha que comprar muitas
vezes somente no mercado negro.

Vivia com medo constante de que alguém descobrisse seu segredo, tanto que
parou de falar com pessoas de fora de sua casa. Com a chegada do exército
soviético que libertou a cidade, todos os judeus que abrigava foram libertados.
Max Diamant e Podgorska acabaram se casando e se mudando para os
Estados Unidos.
Charlotte Sorkine era a mais jovem integrante do grupo de resistência francesa,
criou milhares de documentos falsos para as pessoas perseguidas pelos
nazistas e levou grupos de pessoas procuradas para fora do país. Sorkine
ajudou seu próprio pai a escapar do país. No entanto, ela decidiu ficar, para
ajudar na luta contra os soldados alemães.

Depois que Maianne Cohn foi presa, torturada e morta pelos nazistas, Sorkine
assumiu seus deveres e, assim, ajudou a trazer dezenas de crianças para a
Suíça, onde estas estariam seguras. Continuou a fazer os documentos e a
levar as pessoas à segurança até que muitos de seus membros de seu grupo
de resistência foram presos.

Quando teve que se juntar a outro grupo de resistência diferente que se


concentrava nos combates. Sorkine obteve e transportou armas, plantou
explosivos em lugares onde soldados alemães se encontravam e participou
ativamente da libertação de Paris. Após a guerra, Sorkine recebeu muitos
prêmios por sua atuação, inclusive a Medalha da Resistência e a Croix du
combattant volontaire de la Résistance.

Sonia Butt, de dezessete anos, se juntou à Women’s Auxiliary Air Force no dia
em que ela se tornou elegível para o serviço. Dentro de dois anos, chamou a
atenção do Executivo de Operações Especiais que estava procurando
potenciais espiãs femininas.

Literalmente caiu de paraquedas no norte da França para atuar como


intermediária entre tropas aliadas e a resistência francesa. Era responsável por
descobrir novas informações. Ela teve que jantar alemães e flertar com eles
para consegui-las.

Butt era especialista em explosivos e uso as informações para conseguir


explodir pontos e comboios alemães. Depois que o oficial de armas da unidade
foi morto, ela assumiu os seus deveres e treinou as novas recrutas em armas e
explosivos.

Após a guerra, Butt recebeu um MBE (Membro da Mais Excelente Ordem do


Império Britânico) e se casou com um colega agente, e o casal se mudou para
o Canadá.

Registrou-se que cerca de três mil prostitutas tinha as carteiras de inspeção de


saúde exigidas por Himmler[69] e mais de mil e oitocentas destas trabalhavam
em casa, atendendo até quarenta clientes por dia.

Os prostíbulos funcionavam a pleno vapor, satisfazendo a ideologia higienista


nazista. Durante a ocupação alemã da França, cerca de cem mil mulheres se
tornaram prostitutas ocasionais para atender à ávida clientela nazista, o que
ficou conhecido como colaboração horizontal.

Nessa época, nasceram cerca de duzentos mil bastardos. Tanto assim que
num arroubo um oficial nazista declarou ao magistrado francês in litteris: “Suas
mulheres, até seus filhos, seu país não é mais seu!”.
Paris se tornara uma espécie de parque de diversões sexuais durante a
Segunda Guerra Mundial. Com as suntuosas festas oferecidas aos oficiais
nazistas de grande patente na embaixada da Alemanha, rega a champanhe,
atrizes e cantoras da moda cumpriam um ritual, especialmente denominado de
quintas-feiras de Florence que ocorriam no Hotel Bristol. Aliás, Florence Gould
era casada com o milionário das ferrovias, Frank Jay Gould e promovia os
encontros culturais que passaram a incorporar os alemães francófonos, entre
estes, os escritores e militares como Ernst Jünger e Gerhard Heller.

O caso mais escandaloso foi o da atriz Arletty que justificaria assim a sua
colaboração horizontal em um filme: “Meu coração é francês, mas meu traseiro
é internacional. Foi esse o lema adotado pelas prostitutas francesas, cujo
trabalho foi favorecido por uma lei que legalizava as chamadas maison close.
Os prostíbulos de luxo, muitas vezes listados em guias escritos em alemão,
passariam a funcionar a pleno vapor, satisfazendo inclusive a ideologia
higienista dos nazistas .

Fabienne Jamet, a dona do bordel One-Two-Two, um dos mais frequentados


da época, afirmou: "Jamais, na França, os prostíbulos foram tão bem cuidados
quanto na presença dos alemães". Chamados no passado de "boches" (cabeça
duras), os nazistas passaram a receber tratamento especial porque, entre
outras coisas, tinha o hábito de presentear as francesas com flores e
chocolates.

Além disso, o que a mulher de um soldado francês ganhava em um dia


prostituindo-se, correspondia a três vezes mais do que ela receberia do
governo como auxílio de sobrevivência. Para seduzir o inimigo, as mulheres
tingiam os cabelos de preto, porque acreditavam que assim ficariam mais
exóticas para os alemães.

A preocupação com sexo na guerra era tão grande que até mesmo nos
campos de concentração[70] havia os bordéis. O sexo obviamente era proibido
aos judeus e prisioneiros soviéticos.

Era paradoxal, mas existia uma hierarquia mesmo entre os prisioneiros no


campo de concentração e os frequentadores de bordéis, eram divididos em três
classes. No topo da hierarquia estavam os comandantes das diferentes frentes
de trabalhos, tais como cozinheiros, barbeiros, e funcionários dos correios.

Apesar de pouco numeroso, esse primeiro grupo era o que mais visitava o
bordel. E, abaixo, num bloco maior, que ia muito pouco ao bordel, era formado
pela grande massa trabalhadora das plantações e das fábricas. Nesse
segmento estavam muitos jovens que teriam sua primeira experiência sexual
no campo.

A última classe era a dos trabalhadores forçados pela SS que podiam


frequentar o bordel, mesmo que não quisessem ir ao prostíbulo, os militares
acreditavam que o sexo serviria para aumentar a produtividade deles. E, não
podiam recusar uma ordem do oficial por medo da punição.
Há relatos inclusive de homossexuais que foram forçados a manter relações
com prostitutas durante experimentos para que fossem devidamente curados.
Após, as experiências frustradas, os nazistas decidiam a infringir terror maior
aos gays. Pois diante da impossibilidade de curar os homossexuais, fez-se
necessário castrá-los, para privá-los de qualquer prazer, relatou o pesquisador
Daniel Borrilo em seu livro “Homofobia - História Crítica de um Preconceito”.

Os homossexuais foram um dos grupos perseguidos pelo regime nazista. Se


bem, que antes mesmo do Terceiro Reich, Berlim era considerada uma cidade
liberal, dotada de muitos bares e cabarés frequentados assiduamente pela
comunidade homossexual. Nesse contexto, Magnus Hirschfled teria começado
um movimento em prol dos direitos dos homossexuais durante a virada do
século dezenove. Contudo tais movimentos foram duramente reprimidos pelo
Partido Nazi.

A ideologia nazista sustentou que a homossexualidade era totalmente


incompatível com o nacional-socialismo, já que não permitiria a reprodução
necessária para enfim perpetuar a raça ariana, considerada como raça
superior.

Aliás, até mesmo a masturbação era considerada perniciosa e antipatriótica


pelo Reich. Ernst Röhm, líder da Sturmabteilung (SA) a primeira milícia do
Partido Nazi, considerado um dos homens de confiança de Hitler que tanto o
ajudou a ascender ao poder, era homossexual e assumido, e fora assassinado
em 1934 na Noite das Facas Longas. E, o mesmo ocorrera com outros líderes,
tal como Edmund Heines.

Inicialmente, Hitler proteger Röhm de outros elementos do Partido Nazi que


consideravam a homossexualidade como grave violação principalmente pelo
caráter homofóbico do partido. Mais, tarde, como passou a acreditar na
ameaça à consolidação do partido no poder, autorizou a sua execução na
chamada Noite das Facas Longas.

E, durante o holocausto, a perseguição prosseguiu, tendo muitos sido enviados


para os campos de concentração. A estimativa sobre o número de
homossexuais mortos varia entre 5 a 15 mil consoantes a diversos
historiadores consultados.

Nem mesmo com o fim da guerra as leis anti-homossexuais foram suprimidas,


tal como aconteceu com as leis antissemíticas[71], por exemplo. Alguns
homossexuais foram obrigados a terminar a pena a que estavam condenados
pelo governo militar Aliado do pós-guerra.

Outros, no entanto, ao regressar para a casa e ao seu país de origem tiver que
manter em silêncio o seu sofrimento, por medo de discriminação, pois as
chamadas leis sobre a sodomia só acabariam por ser suprimidas na Europa
Ocidental nos anos de 1960 a 1970.

A Noite das Facas Longas ou Nacht der langen Messer ou a Noite dos Longos
Punhais foi um expurgo que aconteceu na Alemanha Nazista na noite do dia 30
de junho para 01 de julho de 1934 quando a facção de Hitler do Partido Nazi
realizou uma série de execuções políticas logo após seu líder tornar-se
chanceler da Alemanha.

Os alvos do expurgo foram membros da facção strasserista do partido,


incluindo seu líder, Gregor Strasser[72]. Entre as vítimas estavam
proeminentes antinazistas como o ex-chanceler Kurt von Schleicher e Gustav
Ritter von Kahr, que havia suprimido o Putsch da Cervejaria de Hitler em 1923.

Muitos dos que foram mortos pertenciam às lideranças da Sturmabteilung (SA)


que era uma das organizações paramilitares do partido, chamada de “camisas
pardas”.

Hitler revoltou-se contra o líder da SA, Ernst Röhm, pois temia a independência
daquela facção[73] que já contava na ocasião com mais de três milhões de
integrantes.

Assim, desconfortável com o apoio declarado por Ernst à ideia de uma


segunda revolução para redistribuir a riqueza na sociedade alemã. Hitler
também queria conciliar os líderes da Reichswehr (exército oficial alemão) cuja
cúpula temia e desprezava a SA por causa da particular ambição de Röhm de
absorver o Reichswehs entre seus comandados.

Sob os diversos aspectos, os interesses de Ernst contrariavam os da


Reichswehr, cujos oficiais, especial o Marechal Paul Von Hinderburg[74],
presidente da Nação na época, demonizavam a figura de Röhm, a quem
acusavam de ser homossexual e viciado e que tinha aspirações de derrubar o
regime nazista, instigando uma revolta no povo alemão para forçar a queda de
Hitler.

Assim, Hitler já como chanceler da Alemanha e nomeado por Hindenburg,


decidiu não entrar em choque com o poder político dos militares e, ao invés
disso, executou o expurgo contra as autoridades máximas da SA, assim como
também de todos seus inimigos políticos.

Calcula-se que cerca de oitenta e cinco pessoas morreram durante esse


evento e milhares de opositores políticos foram presos. A maioria das mortes
fora ocasionada pela Schutzstaffell (SS), um grupo de elite especial e pela
Gestapo (Geheime Staatspolizei), a polícia secreta. Com a consolidação do
expurgo, deu-se a consolidação do apoio do exército alemão à Hitler.

Além de ter fornecido uma base jurídica para o nazismo, visto que os tribunais
alemães rapidamente deixaram de lado séculos de proibições de execuções
extrajudiciais para demonstrar total lealdade ao regime. A Noite das Facas
Longas representou um marco para o governo alemão e estabeleceu Hitler
como o juiz supremo[75] do povo alemão, como ele mesmo disso em um de
seus discursos no Reichtag, em 13 de julho de 1934.
A expressão "noite das facas longas" origina-se de um verso de uma canção
da SA que tem como tema principal a execução destes massacres. Mas,
devido ao peso pejorativo da expressão, a Alemanha se refere a esse
acontecimento com o nome Röhm-Putsch, nome empregado inclusive pela
propaganda nazista da época.

Hitler não governava sozinho era assessorado por vários ministros. Importante
relacioná-los para entender as tramas da história. Os ministros eram de crucial
relevância para o funcionamento e manutenção do Reich Nazista e, eram
escolhidos por Hitler e ainda, tinham a função de ajudá-lo a comandar a
Alemanha, alguns desses ministros também eram responsáveis pelas questões
políticas e, outros, porém, ajudavam nas questões da Guerra.

Joseph Goebbels[76] era o Ministro da Propaganda Nazista, sendo figura-


chave do regime, pois seu ministério exercia rígido controle sobre as
instituições educacionais e os meios de comunicação, além de elaborar
propagandas que tanto exaltavam a soberania da raça ariana e o povo alemão.

Albert Speer ocupava o Cargo de Ministro do Armamento do Terceiro Reich e


foi responsável pela grande produtividade da Alemanha neste setor nos anos
finais da Segunda Guerra Mundial. Seu talento para a arquitetura foi fartamente
usado pelos nazistas e também respondeu pelas construções feitas pelo
Estado alemão durante os anos de glória do Nacional-Socialismo.

Joachim Von Ribbentrop ocupou o caro de Ministro das Relações Exteriores


entre os anos de 1938 a 1945 Seu feito principal foi o Pacto Ribbentrop-
Molotov que assegurou ao Reich de Hitler, pacto de não agressão com a URSS
comandada por Stálin.

Walther Funk foi o Ministro da Economia e também presidente do Banco do


Reich por sua importância para os nazistas, por seus crimes que foram
julgados em Nuremberg, acabou preso em Spandau e foi solto em 1957, já
bastante debilitado, jamais retornou à carreira de jornalista, político e acabou
por morrer em 1966.

Wilhelm Frick foi o Ministro do Interior do Reich até 1946, quando passou a
ocupar o cargo de Protektor da Boêmia e Morávia. Formado em Direito, fez
graduação em Jurisprudência e depois acabou por se filiar ao Partido Nazi, e,
em 1923, ele já havia participado do Putsch da Cervejaria[77], portanto, era um
dos homens que estava com Hitler há muito tempo e desfrutava de sua
confiança. Foi sentenciado a morte nos Julgamentos de Nuremberg.

Hjalmar Schacht atuou em curto período de 1934-1937 foi Ministro da


Economia do Terceiro Reich e responsável por controlar a hiperinflação da
Alemanha, mesmo tendo sido ministro por apenas um triênio e, além de tudo,
foi capaz de conseguir com sua boa gestão, acabar com o desemprego na
Alemanha sem subir a inflação e adotando as políticas de déficit público, o que
certamente, o fez um dos maiores economistas de sua época.
Alfred Hugenberg foi ministro da Economia, Agricultura e Alimentação no
primeiro governo de Hitler em 1933. Mas, em junho do mesmo ano foi forçado
a renunciar aos seus cargos ministeriais; nos anos de 1933 a 1944, foi forçado
a vendar as suas companhias aos nazis. Após a guerra, Hugenberg foi detido
pelos britânicos e, morreu em 12 de março de 1951 perto de Rinteln.

Richard Walter Darré exerceu o Ministério da Alimentação e Agricultura do


Reich entre 1933 a 1942 e criou as colônias agrícolas gerenciadas pelo Estado.
Foi responsável pelo desenvolvimento da agricultura alemã e grande defensor
do campesinato.

Hermann Göring foi ministro em diversos escalões do governo nazista,


articulou o rearmamento alemão visando a uma nova guerra de conquista e
tornou-se o comandante e o primeiro Marechal do Ar da Luftwaffe em 1935. Em
1940, foi proclamado como sucessor de Hitler e foi promovido ao posto único
de Marechal do Reich[78] (Reichsmarschall) que correspondia a mais alta
patente do Reich alemão. Ocupou também o cargo de Ministro da Economia do
Reich, após do afastamento de seu titular por muito tempo, Hjalmar Schacht.

Konstantin Von Neurath foi diplomata alemão e Ministro de Relações Exteriores


no período de 1932 a 1938, participou do julgamento de Nuremberg, como réu
e foi condenado por crimes de guerra e atentado à humanidade e à paz.

Arthur Seyss-Inquart foi nomeado ministro sem-pasta do Reich por seus


serviços prestados durante a anexação da Áustria. Era graduado em Direito na
cidade de Viena e filiou-se ao partido nazista em 1938 e meses depois, tornou-
se o líder do país em seu país. Também foi julgado e condenado em
Nuremberg por crimes de guerra e atentado contra a paz, em 1946 foi
enforcado.

Há uma biografia romanceada que conta histórias de vida de três mulheres


durante o período nazista.

Leni Riefenstahl, chamada de deusa imperfeita, Sophie Scholl, notabilizada


pelo filme intitulado “Uma mulher contra Hitler” de autoria de Rothemund e
Traudl Junge que foi a secretária de Hitler por obra de Heller e Schmitler.
Traudl Junge foi secretária de Hitler de 1942 até sua morte, tendo sido para ela
que Hitler ditou seu testamento.

Após a guerra, trabalhou durante alguns anos em atividades diversas ligadas


aos meios jornalísticos e editoriais. Aposentou-se precocemente devido a uma
vigorosa depressão, e assim, se dedicou a ler para os cegos.

Já a história de Sophie Scholl no filme “Uma mulher contra Hitler” que foi
lançado em 2005 e dirigido por Rothemund, sendo indicado ao Oscar de
melhor filme estrangeiro e, entre outras premiações, recebeu dois Ursos de
Prata no Festival de Berlim.

Era uma estudante alemã que, juntamente com seu irmão Hans, foi presa após
a distribuição de alguns panfletos na Universidade de Munique, em 1943.
Submetidos a longos e cansativos interrogatórios, os dois foram guilhotinados
após um julgamento sumário, juntamente com Christoph Probst (também
membro do grupo Rosa Branca ou Blanche Rose).

Leni Riefenstahl foi retratada num longo documentário intitulado A deusa


imperfeita, dirigido por Ray Müller, e lançado em 1993, sobre a vida da cineasta
favorita de Hitler. O filme narra a sua vida desde o início de sua carreira como
dançarina e atriz. O núcleo está em relações como diretora de cinema com o
nazismo.

O documentário aponta uma personagem empenhada em afirmar sua total


ignorância quanto às atrocidades nazistas e a absoluta inocuidade política de
seu trabalho como cineasta, argumento que Leni procura sustentar postulando
uma dissociação entre a política e estética.

Percebe-se um rigoroso mea culpa de Traudl em oposição da tenaz recusa de


Leni em assumir qualquer responsabilidade por seu trabalho em divulgar o
nazismo. De qualquer forma, essas mulheres forneceram seus apoios tácitos.

As análises dessa filmografia nos levam ao cerne da importância sociológica do


problema relacionado com as fontes do comportamento moral, uma vez que a
diversidade de trajetórias possíveis em um mesmo contexto parece implodir a
concepção, de inspiração em Durkheim e recorrente na sociologia, da moral,
vista como código de valores e condutas extrínseco ao sujeito e internalizado
por meio de mecanismos variados de socialização.

Aliás, Zygmunt Bauman levantou tal questão sobre a fragilidade das reflexões
sociológicas sobre o Holocausto[79], as quais, estão comprometidas com essa
concepção moral como fato societário, tornariam impossível, a devida
compreensão teórica da emergência de escolhas individuais como a resistência
na Alemanha nazista.

Bauman analisando o Holocausto partiu de uma constatação que era a


precariedade das contribuições da sociologia par ao entendimento do
Holocausto, em particular, se comparadas às análises feitas por historiadores e
teólogos.

Na visão de Bauman há dois pontos fulcrais, a origem social e a capacidade de


coerção sobre a vontade individual.

A moral cumpriria assim uma função de integração social, sendo essa visão, de
acordo com Bauman, uma redução: uma estratégia que procede pela
suposição de que os fenômenos morais na sua totalidade podem ser
exaustivamente explicados em termos das instituições não morais que lhes
conferiram sua força indutora.

O comportamento moral viraria então sinônimo de conformidade e obediência


social às normas observadas pela maioria. Para Bauman, o social seria dotado
de uma tonalidade existencial, tendo, talvez, por isso mesmo, sido relegado
pelos sociólogos à esfera da filosofia; O social seria aquela condição primária
do "estar com os outros", que precederia a toa e qualquer forma de
organização dos grupos humanos histórica e culturalmente específica.

Além, o social como o "existir com o outro", seria condição de possibilidade de


emergência das estruturas societárias específicas. A definição de societário
aparece implícita já na definição de "social", seriam as formas histórica e
culturalmente configuradas de organização dos grupos humanos, calcadas
nessa condição primária batizada aqui de "social".

A crítica de Bauman visa ao privilégio, visto por este como quase exclusivo, do
societário nas análises sociológicas da moral. Afinal, para Bauman, se a moral
só pode aparecer em sociedade, isso não quer dizer que esta deva ao
societário sua origem, sob a forma de treinamentos e imposições.

Foi na obra do filósofo Emmanuel Levinas[80] que Bauman busco a


sustentação para formulação de um modelo teórico alternativo que permita
elaborar uma concepção de moral pré-societária. A principal ideia está na
noção de responsabilidade como forma de relação com o outro.

Para Levinas, a responsabilidade é a estrutura essencial, primária e


fundamental da subjetividade, sendo a essência mesma da constituição do
sujeito. Assim, a moralidade seria a estrutura primária da relação intersubjetiva,
refratária aos interesses ou coerções. Essa construção teórica permite a
Bauman concluir que a moralidade não é um produto da sociedade. É algo que
a sociedade manipula, explora, redireciona e espreme.

A Alemanha nazista experimentou um processo de inversão moral, que


combinado com outros fatores, como o nacionalismo e o racismo, encaminhou
o país a cometer crimes sem precedentes na história da humanidade.

E a partir da teoria de Arendt e por meio de análise dos diários alemães


envolvidos, seja por militantes ou simpatizantes, ou por seus críticos, passa a
entender como uma sociedade culta e sofisticada e bem desenvolvida se
deixou envolver pela noção de que sua sobrevivência, em última análise,
dependia da destruição do outro, ou seja, dos povos que não integravam o seu
ideal de civilização e humanidade.

O nazismo materializou o projeto de Estado Total, voltado para a supremacia


da raça ariana e conforme a visão de Hobbes construiu aparentemente um
sólido edifício moral, capaz mesmo de engendrar um massacre maciço como
se isso não passasse de mera tarefa burocrática e absolutamente necessária.
(In: GUTERMAN, Marcos. A moral nazista. Uma análise do processo que
transformou crime em virtude na Alemanha de Hitler. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-11042014-
121333/publico/2013_MarcosGuterman.pdf Acesso em 16.03.2019).

Na Ásia, somente com a ocupação de Nanquim, os japoneses recrutaram mais


de cinco mil chinesas como “mulheres de conforto” [81] ou “mulheres de alívio”.
Estima-se que duzentas mil mulheres chinesas, coreanas, filipinas, malaias e
de outros países ocupados e que eram como escravas sexuais durante a
segunda grande guerra mundial.

Também os japoneses se preocupavam com o sexo, tanto que criaram as


chamadas “instalações para recreação” na esperança de agradar os
vencedores e levar as moças de família.

O que resultou em treze mil bebês mestiços, apenas em Kansai e outras três
mil mulheres japonesas com filhos negros em Yokohama. Mesmo nos países
que não sofreram a ocupação militar na guerra, a prostituição se proliferou
crescentemente.

Em 1943, os Aliados reuniram na Grã-Bretanha um farto material bélico e


tropas destinadas à grande invasão do continente europeu no ano seguinte.
Em 1944, um grande grupo e não militar passou a se reunir em torno de
Picadilly, no centro de Londres eram chamadas de “as combatentes de
Picadilly” que eram prostitutas inglesas que por serem tão persuasivas com os
recém-chegados jovens que o episódio quase gerou uma crise diplomática
entre os governos dos Aliados. E, as inglesas não perdoavam e ainda diziam: -
“Muito dinheiro, muito sexo, muito tempo por aqui.”

Depois da guerra, pela Europa inteira e também no Japão, mulheres que


haviam dormido com alemães e japoneses tiveram seus cabelos cortados, os
corpos pintados de piche e muitas vezes, foram espancadas até a morte.

E as tinham colaborado, na maioria das vezes forçadas ou na esperança de se


manterem vivas, foram marginalizadas e excluídas da sociedade pós-guerra.
Foram culpadas por “indignidade nacional” tornaram-se indesejáveis.

Na França libertada em agosto de 1944, cerca de vinte mil mulheres jovens


foram humilhadas, apedrejadas e tiveram suas cabeças raspadas em praça
pública. E, na China e na Coreia, um grande número de mulheres cometeu
suicídio por causa das sucessivas humilhações e pela incapacidade de serem
aceitas novamente.

Na Alemanha derrota, Úrsula von Kardorff[82] escreveu que, mesmo depois


que todos os horrores tivessem passado, quando os homens voltassem dos
campos de prisioneiros, eram as mulheres que tinham a tarefa mais árdua da
guerra que era “dar conforto, compreensão, apoio e coragem a tantos homens
que estavam completamente derrotados e desesperados”.

O best-seller do Holocausto, o Diário de Anne Frank, que era uma menina que
viveu escondida com sua família em um sótão de Amsterdã, na Holanda
durante dois anos.

Escreveu até 01 de agosto de 1944, exatamente três dias antes de ser presa
com seus familiares e outros ocupantes do chamado “anexo secreto” onde
viviam, na rua Prinsengracht, 263.
O esconderijo fora descoberto em 04 de agosto de 1944 e as pessoas que ali
moravam foram deportadas para vários campos de concentração da Europa.
Apenas o pai da menina escritora, Otto Frank sobreviveu[83]. Como eram
judeus-alemães de Frankfurt, a família Frank havia deixado a Alemanha em
1933, na esperança de escapar das garras do nazismo.

Anne esperava transformar seus escritos em um livro depois que a guerra


terminasse, por isso, manteve um diário original, sem cortes e, outro em que
melhorava e corrigia algumas passagens. Como apenas o seu pai sobreviveu à
guerra, foi ele quem publicou a primeira versão original do diário em 1947.

Mas essa primeira versão, trouxe muitas passagens que foram omitidas e
suprimidas por Otto Frank[84]. Principalmente os trechos onde Anne escrevia
sobre as descobertas sobre o sexo e sobre sua própria sexualidade, sobre os
conflitos com a mãe e as opiniões depreciativas que tinha sobre os outros
habitantes do mesmo esconderijo.

Em verdade, existem três ou quatro versões diferentes do mesmo diário sendo


que a publicada sofrera diversos cortes. Annelies Marie Frank escreveu seu
diário exatamente entre 12 de junho de 1942 até 01 de agosto de 1944,
durante a guerra. A versão original foi publicada em 25 de junho de 1947, e
vendeu mais de trinta milhões de cópias, sendo publicado em mais de sessenta
países e, está traduzido em, aproximadamente em setenta idiomas.

Há quem cogite que existem quatro versões do mesmo diário, a saber: a


primeira, a versão original, retratava muito Anne, com sentimentos mais
explícitos, e mostra bem a implicância de Anne com a mãe.

Na segunda versão, é mais intermediária, não sendo tão explícita quanto à


primeira, mas não foi tão censurada. Nesta versão foi transmitida um pouco
menos dos sentimentos que Anne realmente tinha ao escrever o diário. Tal
versão ela expôs que planejava publicar o diário depois da guerra, é quase
uma novela em cartas avulsas.

Na terceira versão é bem menos explícita, possuindo trechos não tão pesados,
mas que ainda assim conseguem retratar o sofrimento que os judeus
passaram. Esta terceira versão foi editada por Otto Frank, onde se reuniram as
duas versões anteriores ainda que tivessem cortes.

A quarta versão foi criada e organizada em 1955 pela escritora alemã, Mirjam
Pressler, é bem a semelhante à segunda versão, que foi a organizada pelo pai
de Anne. É uma versão reorganizada, fazendo que esta seja menos conhecida.

Somente em 1986 foi publicada a primeira versão crítica e científica que


atestou que eles eram mesmo autênticos. Somente em 1990, um tribunal de
Hamburgo, na Alemanha confirmou e legitimou o diário como sendo um
documento original. O que não arrefeceram as críticas sobre as edições
anteriores realizadas pelo pai e as dúvidas sobre a sexualidade da
adolescente.
O judeu austríaco Ditlieb Felderer[85], por exemplo, em sua obra intitulada
Anne Frank’s Diary a Hoax (Os diários de Anne Frank, um embuste) chamou a
obra de pornografia, pedófila e sugeriu que em muitas partes sexuais do diário,
havia pedacinhos sujos que foram criados por Otto Frank, promovendo certa
prostituição literária clara de vender a obra com maior facilidade. Felderer
suspeitou da ideia de “complexo anal” da adolescente que narrou o problema
de flatulência em um sótão sem ventilação.

Anne além de abordar temas como menstruarão, contatos físicos, beijos e sexo
e, outros tabus para adolescentes da década de 1940, em pelo menos uma
passagem a menina relatou uma fantasia lésbica. Em 06 de janeiro de 1944, na
época escreveu: “Uma vez, quando estava pensando a noite na case de
Jacque não pude conter minha curiosidade sobre seu corpo, que ela sempre
havia escondido de mim e que eu nunca tinha visto. Perguntei se, como prova
de nossa amizade, poderíamos tocar os seios uma da outra, Jacque recusou...
Também tive um desejo terrível de beijá-la e beijei. Sempre que vejo uma
mulher nua, como a Vênus, em meu livro de história da arte, entro em êxtase”.
(...)

A versão inglesa do Diário de Anne Frank é mais branda e corresponde a


versão existente em português. Como Anne Frank também relatou em
envolvimento com Peter van Pels[86], um dos oito membros do sótão, onde a
família se escondia dos nazistas, depois que a versão sem cortes apareceu e
surgiram teorias. Sobre a sexualidade da autora, e seu nome passou a integrar
a lista de homossexuais e bissexuais famosos ao longo da história elaborada
pelo psicólogo Claudio Picazio[87].

Quanto à relação com a mãe, não há menor dúvida, há várias passagens


reveladoras na versão sem cortes, e chegou a afirmar que “simplesmente não
suporto mamãe”. E, outro trecho adiante, Anne Frank aduziu que “amar essa
pessoa insensível, essa criatura debochada, está se tornando mais e mais
impossível a cada dia”.

Os cortes realizados na obra de Anne pelo seu pai e editor original em 1947
subestimaram os aspectos mais complexos de sua personalidade e origem
judaica, facilitando, por sua vez, a transformação desta em uma figura
idealizada e universal de martírio da segunda guerra mundial.

Anne Frank e toda sua família foram deportadas para Auschwitz em setembro
de 1944. A mãe morreu ali de fome e exaustão. Anne e sua irmã Margot foram
enviadas para Bergen-Belsen, e morreram de tifo, provavelmente em fevereiro
de 1945. Incrivelmente Otto Frank sobreviveu a Auschwitz.

Oficialmente Hitler teria morrido por suicídio em abril de 1945, mas até hoje a
fuga do Führer está no topo das teorias de conspiração. Cogita-se que Hitler
teria passado seus últimos dias no Brasil, Argentina e até mesmo na África,
bem longe dos olhos dos Aliados.

Em 2014, publicou-se uma dissertação de mestrado em jornalismo pela


Universidade Federal de Mato Grosso, pois Simoni Renée Guerreiro Dias[88]
teria encontrado provas de que Hitler vivera no Brasil até os noventa e cinco
anos, morrendo apenas em 1984, na pequena cidade de Nossa Senhora de
Livramento, a 42 quilômetros de Cuiabá. Usando nomes falsos como Adolf
Leipzig ou Adolf Sopping e conhecido no local como velho alemão velho e até
teria casado com uma mulher negra chamada Cutinga[89].

Não foi a última a história sobre o fim de Hitler e sobre as teorias de fuga de
Hitler em uma Berlim cercada pelo Exército Vermelho ou qualquer outra
novidade sobre o líder nazista.

A Batalha de Berlim marcou o fim da Segunda Guerra Mundial e, foi um dos


principais conflitos armados, que ceifou muitas vidas e resultou na final queda
da Alemanha juntamente com Hitler e seus seguidores cometendo o suicídio. O
Exército Vermelho chegou ao Rio Oder, na Alemanha, com maior número de
soldados e munição do que tinham os alemães.

E, à medida que as tropas soviéticas avançavam de Berlim, Hitler não tinha


outra escolha senão arrumar pessoas para conter os soldados. Inflamados pela
poderosa propaganda nazista que mostrava a destruição causada pelos
soviéticos, os alemães não viam outra saída, senão atender aos pedidos do
ditador. Quando as tropas russas cercaram Berlim, Hitler havia recrutado a
Wehrmacht (as forças defensivas), a Volkssturm (milícia) e também a Waffen-
SS (a polícia de elite), além de milhares jovens inexperientes numa
desesperada tentativa de conter os ataques russos.

Mesmo assim, os alemães totalizavam trezentos mil soldados, enquanto que os


soviéticos passavam de milhões, estima-se que havia mais de dois milhões.
Após dois dias de intensos tiroteios, a cidade havia sido tomada pelas tropas
do Exército Vermelho.

Uma boa parte de tais notícias são mesmo sensacionalistas[90]. Em 1983, o


jornalista Gerd Heldemann, da revista alemã Stern[91], noticiou que havia
encontrado os Diários de Hitler. Aliás, foram mais de sessenta diários
supostamente escritos por Hitler no período entre junho de 1932 até abril de
1945.

Pressionada pela opinião pública e, por um grande número de importantes


historiadores, a revista permitiu que os documentos fossem analisados por um
grupo de especialistas. Os peritos constataram que, no entanto, a caligrafia
fora mesmo falsificada, os lacres eram falsos e também o monograma na capa
de algum dos diários continha inclusive um erro grosseiro com FA em vez de
AH (Adolf Hitler). Logo se descobriu a farsa e a Stern havia pagado quase
quatro milhões de dólares por uma falsificação.

Entre as incríveis mulheres da guerra, Virginia Hall foi norte-americana que se


tornou a primeira agente enviada para a França pela Executiva de Operações
Especiais. E, trabalhou como espiã por três anos, até que precisou fugir a pé
para a Espanha após a invasão nazista. Virginia foi mesmo uma heroína, pois
ela não tinha uma das pernas e utilizava uma prótese.
Infelizmente na Espanha foi detida por não ter documentos, mas depois veio a
ser solta e passou a trabalhar na Agência de Serviços Estratégicos. Uma vez
alistada pediu para ser enviada para a França, onde operava rádios e reportava
informações sobre as posições das tropas nazistas. Para não ser capturada,
Hall se disfarçava como uma senhora, e assim, andava livremente pelas ruas,
sem levantar suspeitas.

Jacqueline Cochran a fim de comprovar sua superioridade sobre as rivais na


indústria de beleza, Jacqueline decidiu obter uma licença de piloto de avião e
utilizar tal fato como marketing. Em apenas três semanas, finalmente
conseguiu o brevê e acabou deixando os negócios de lado, ganhando
medalhas em corridas e quebrando vários recordes.

Ao saber da aproximação de uma nova guerra mundial, propôs uma divisão


feminina de voo para a Aeronáutica, porém, não foi ouvida.  Algum tempo mais
tarde, tomou conhecimento da existência de um programa militar similar e
voltou a propor sua ideia. Além de comandá-lo, treinaria pilotos até o fim da
guerra. E, mesmo após o fim do conflito mundial, continuou a quebrar recordes.

Tornou-se a primeira mulher a quebrar a barreira do som e a entrar no Hall da


Fama da Aviação em Ohio. Ainda hoje é a pessoa que maior número de
recordes internacionais de velocidade, distância e altitude na aviação,
superando muitos pilotos.

Ruby Bradley era enfermeira que servia com militares quando foi capturada
após o ataque de Pearl Harbor. Tornou-se prisioneira de guerra, quando se
dedicou a se cuidar de colegas com necessidades médicas e lhes oferecendo a
própria comida.

Ficou detida por trinta e seis meses e, nesse tempo, realizou mais de duzentas
e trinta cirurgias e partos no campo de concentração, sem as condições
adequadas. Ainda contrabandeava suprimentos médicos e comida para os
prisioneiros. Quando foi libertada em 1945 estava pesando somente trinta e
seis quilogramas. Cinco anos mais tarde, Bradley serviu nas linhas de frente da
Guerra da Coreia.

Nancy Wake era aliada à Resistência Francesa e chegou a ser a mulher mais
procurada pelo exército nazista. Passou anos transportando pessoas com
documentos falsificados e refugiados da França durante a guerra. Até que foi
captura e mesmo a tortura dos longos interrogatórios, nunca revelou nenhum
segredo e, ainda, conseguiu escapar em 1943.

Fugiu para a Grã-Bretanha onde se alistou na Executiva de Operações


Especiais e foi treinada por oficiais e, voltou para a França como uma espiã
britânica. Liderou um exército de sete mil rebeldes contra os vinte e dois mil
nazistas.

Susan Travers quando as tropas nazistas cercaram um forte na Líbia, a inglesa


Susan se recusou a seguir as ordens dos inimigos para sair com as mulheres.
Ela se manteve firme com os demais soldados por quinze duas, mesmo que os
alemães não parassem de atirar contra eles. Quando chegou ao fim os
suprimentos,

Travers e seu parceiro, um general francês, perceberam que não teriam ajuda
e teriam que tomar alguma providência. Susan tomou a direção de um
caminhão e liderou uma comitiva de fugo no meio do deserto. E, durante o
caminho seu veículo chegou a ser baleado onze vezes, mas mesmo assim, ela
conseguiu chegar até a fronteira.

Com Travers chegaram também dois mil e quinhentos soldados que


conseguiram escapar do cerco nazista.

O mundo que surgiu com o fim do segundo grande conflito armado mundial foi
muito diferente daquele que existiu em 1939. As potências do Eixo estavam
vencidas, mas também a Grã-Bretanha e a França saíram debilitadas da
guerra.

Para se definir a nova relação das forças internacionais, criaram-se duas


expressões, a saber: superpotências e bipolarização, mostrando que o mundo
se encontra definitivamente dividido em duas zonas de influência econômica,
política e ideológica, controladas respectivamente pelos EUA e a URSS.

Do confronto das duas superpotências, resultou a Guerra Fria, e ainda a


Guerra da Coréia (1950-1953), a Guerra do Vietnã (1961-1975), a Guerra do
Afeganistão (1979-1989). E, somente em 1985, com o início da Perestroika
(reestruturação econômica) e da Glasnost (transparência política) implantadas
por Gorbachev na URSS, tal cenário instável e perigoso começou a ruir. Mas,
sem dúvida, a participação da mulher tanto de um lado como do outro da
guerra foi marcante e muitas vezes decisiva no resultado

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