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Contexto histórico

A jornada rumo às conquistas das mulheres


Em quase todas as sociedades ao longo da história, as mulheres assumiram o papel de subordinadas, sem
voz ativa, fadadas ao anonimato em suas casas e controladas pelos seus pais ou maridos.

Além disso, durante a Idade Média na Europa, muitas mulheres que expressavam tanto a sua sexualidade
como suas crenças de forma livre foram condenadas à morte e a guilhotinadas em praças públicas. Começa
aí a divisão da boa e má mulher, da santa e da puta, das resignadas e das bruxas, o que não difere muito de
hoje. Nesse sentido, ou é para casar ou para ficar: qualquer semelhança com o passado não é mera
coincidência, mas sim uma construção social de muitos e anos que ainda são reproduzidas nos dias de hoje.

No Renascimento
De acordo com a história, ainda durante o Renascimento, a mulher era conhecida como um ser naturalmente
inferior e, por isso, ela jamais poderia exercer qualquer função de poder. Contudo, a partir do século XVII,
temos os primeiros registros de precursoras da valorização da mulher, como Lucrécia Marinelli, que
escreveu “A Nobreza e a excelência da mulher”, onde defendia a igualdade dos sexos.

Moderato Fonte, em “Valor da Mulher” descreveu as mulheres em casa comparando-as com animais
“viviam como animais encurraladas entre paredes”. Arcangela Tarabotti, obrigada pelo seu pai a viver em
um mosteiro, escreveu obras em que denunciou o falso moralismo masculino e a falta de liberdade das
mulheres.

No Iluminismo
Durante o iluminismo, temos os registros de um começo de conquistas das mulheres, onde elas passaram a
ter acesso a uma educação formal. E, foi durante a revolução francesa, que muitas mulheres passaram a se
unir e a lutar pelos seus direitos, sendo essa época considerada o início do feminismo moderno.

Embora com o acesso a uma educação formal por parte de algumas mulheres, ela era destinada à elite. Nesse
sentido, acreditava-se que essas mulheres deveriam ser suficientemente educadas a fim de se tornarem
inteligentes e agradáveis aos seus maridos. E aquelas que não se casavam eram e ainda são ridicularizadas.

A Declaração dos Direitos das Mulheres e da Cidadã


Nos anos 1970, na França, existia a Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão, inferiorizando as
mulheres e subordinando-as aos homens. Em virtude dessa realidade, Olympe de Goudes escreveu
a Declaração dos Direitos das Mulheres e da Cidadã. Nessa declaração, Olympe defendia que as mulheres
também seriam propriedades delas mesmas e que podiam tomar as decisões sobre seu próprio corpo. No
entanto, a declaração de Olympe não foi aceita e, em 1973, ela foi condenada à morte e à guilhotina.

Sendo assim, a primeira da lista das conquistas das mulheres vem apenas em 1893, na Nova Zelândia, que
permitiu o voto feminino, fato que chegou à França muito tempo depois.

Além disso, durante a revolução industrial e o êxodo rural, a mulher conquistou o direito de trabalhadora
assalariada. Porém, como ainda nos dias de hoje, seu salário era muito inferior aos dos homens. Além do
salário inferior, começa aí a dupla jornada da mulher: trabalho fora de casa totalmente precarizado e não
valorizado somado ao trabalho doméstico.

Tem-se o registro de uma conversa entre uma brasileira e uma francesa, que data de 1835, onde a mulher
brasileira desabafa

Conquistas femininas ao longo da história do Brasil


As mulheres são a maioria da população brasileira (51,8%), segundo o IBGE. São elas também que
comandam os domicílios no país (IPEA, 2018). Ainda assim, enfrentam diferentes cenários de desigualdade,
seja na divisão de tarefas domésticas, nos salários no mercado de trabalho ou até no acúmulo de jornadas. 
No mês março ocorre o marco histórico da luta das mulheres por maiores oportunidades e reconhecimento.
O dia 8/03 foi instituído como o Dia Internacional da Mulher pela ONU, em 1975, mas teve sua primeira
aparição em 1910, segundo historiadores, quando Clara Zetkin, intelectual alemã, apresentou uma resolução
a fim de que se criasse uma “jornada especial, uma comemoração anual de mulheres”, durante uma
Conferência Internacional realizada na Dinamarca. Este episódio aconteceu um ano antes do incêndio da
Triangle Shirtwaist que é, muitas vezes, associado à instituição do Dia Internacional da Mulher.
A luta das mulheres por equidade e respeito na sociedade data de séculos atrás. Neste artigo, você conhece
outros importantes fatos históricos que resultaram em conquistas femininas no Brasil. Confira:

1827 – Meninas são liberadas para frequentarem a escola

Em 1827 as mulheres foram autorizadas a ingressar nos colégios para estudar além da escola primária;

1832 – A obra “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens” é publicada

Nísia Floresta foi a primeira brasileira a discutir a questão da diferença de gênero e a defender mulheres
como merecedoras de respeito igualitário. Seu livro é considerado o  pioneiro do feminismo brasileiro.

1852 – Primeiro jornal feminino

O Jornal das Senhoras foi o primeiro editado e direcionado para mulheres. No conteúdo, informava que as
mulheres não deveriam se limitar a aprender atividades domésticas. 

1879 – Mulheres conquistam o direito ao acesso às faculdades

Se em 1827 as mulheres puderam dar continuidade aos estudos, somente em 1879 ocorreu o acesso à
educação superior

1910 – O primeiro partido político feminino é criado

O Partido Republicano Feminino reivindicava o direito ao voto e à emancipação feminina. 

1932 – Sufrágio feminino

No Brasil, a mulher conquistou o direito ao voto em 1932. O sufrágio feminino, garantido pelo primeiro
Código Eleitoral brasileiro, foi uma conquista que aconteceu graças à organização de movimentos feministas
no início do século XX.

1933 – Eleição de uma parlamentar mulher

Neste ano foi eleita a primeira deputada federal brasileira, Carlota Pereira de Queirós.

1940 – Mobilização das mulheres negras

Foi por meio do jornal Quilombo, vida, problemas e aspirações do negro que a questão das mulheres negras
foi abordada na época, em um retrato que foi o início das mobilizações de gênero e raça no Brasil.

1962 – Criação do Estatuto da Mulher Casada

Em 1962 foi permitido que mulheres casadas não precisassem mais da autorização do marido para trabalhar.
A partir de então, elas também passariam a ter direito à herança e a chance de pedir a guarda dos filhos em
casos de separação. 

1974 – Mulheres conquistam o direito de portarem um cartão de crédito


Em1974 foi aprovada a “Lei de Igualdade de Oportunidade de Crédito”, para que clientes não fossem mais
discriminados baseados no gênero ou estado civil.

1977 – É aprovada a Lei do Divórcio 

O divórcio tornou-se uma opção legal no Brasil.

1979 – Direito à prática do futebol

Um decreto da Era Vargas estabelecia que as mulheres não podiam praticar esportes determinados como
incompatíveis com as “condições de sua natureza”.

1983 – Dia Internacional da Mulher Indígena

Comemora-se no dia 5 de setembro o Dia Internacional da Mulher Indígena. A data foi criada em 1983 para
registrar publicamente o enfrentamento e a luta da mulher indígena pela sobrevivência.

Segundo a Procuradoria Especial da Mulher, “o nome da mulher indígena, guerreira, que inspirou a
efeméride, é o da índia aimará Bartolina Sisa, que, juntamente com seu marido, Túpac Katari, da mesma
etnia, comandou uma rebelião contra os conquistadores e dominadores espanhóis, no Alto Peru, região atual
da Bolívia, em 1781.”

1985 – É criada a primeira Delegacia da Mulher

A Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (DEAM) surge em São Paulo e, logo depois, outras
unidades começam a ser implantadas em outros estados. 

1988 – Primeiro encontro nacional de mulheres negras

Aproximadamente 450 mulheres negras promoveram diversos eventos em diferentes estados do Brasil para
debater questões do feminismo negro 

1988 – A Constituição Brasileira passa a reconhecer as mulheres como iguais aos homens

Na Constituição de 1988 que as mulheres passaram a ser vistas pela legislação brasileira como iguais aos
homens. 

2002 – “Falta da virgindade” deixa de ser motivo para anular o casamento

O Código Civil brasileiro extinguiu o artigo que permitia que um homem solicitasse a anulação do seu
casamento caso descobrisse que a esposa não era virgem antes do matrimônio. 

2006 – Lei Maria da Penha 

A Lei 11.340/06, que recebeu o nome de “Lei Maria da Penha”, em homenagem a uma farmacêutica que
ficou sem os movimentos das pernas após ser vítima de violência doméstica, foi pioneira sobre a violência
doméstica no país. 

2012 – Lei Nº 12.737/2012- Lei Carolina Dieckmann

O nome advém de um caso ocorrido com a atriz Carolina Dieckmann, em 2011, quando um um hacker
invadiu seu computador pessoal e divulgou fotos íntimas da atriz.  Isso gerou uma grande discussão na
sociedade, de forma que a atriz abraçou a causa e cedeu seu nome à lei.
A lei prevê os crimes que decorrerem do uso indevido de informações e materiais pessoais que dizem
respeito à privacidade de uma pessoa na internet, como fotos e vídeos.

2014 – Dia da Mulher Negra

A data anual do dia 25 de julho remete ao Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu
no atual Estado de Mato Grosso durante o século XVIII, que têm por objetivo reafirmar a identidade, a
história e a luta das mulheres negras brasileiras

2015 – É sancionada a Lei do Feminicídio

A Constituição Federal reconhece a partir da Lei nº 13.104 o feminicídio como um crime de homicídio.

2018 – A importunação sexual feminina passou a ser considerada crime

A partir da Lei nº 13.718/2018 o assédio passa a ser considerado crime no Brasil

2021 – É criada lei para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher

A Lei 14.192/21 estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher
ao longo das eleições e durante o exercício de direitos políticos e de funções públicas. É violência política
contra as mulheres toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os
direitos políticos.

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