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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL I
PROFª. MS. NARA LUIZA VALENTE
ACADÊMICA: SIMONE BEATRIZ CARRERA DE ARAUJO

INTRODUÇÃO

Ao longo da história sempre houve diferenças entre homens e mulheres


relacionadas ao gênero, tanto na esfera domiciliar/doméstica, como também, nos últimos séculos, na
esfera profissional, quando a mulher finalmente chegou ao mercado de trabalho. Em muitas culturas
a mulher era, e ainda é, tratada como mercadoria, sendo vista como um ser inferior e submisso, um
mero objeto, uma propriedade do pai enquanto menina, do marido quando jovem e quando viúva
virava propriedade do pai do marido falecido.
Tendo em vista tal conjectura o presente artigo busca investigar e discutir a
evolução dos direitos das mulheres ao longo da história e suas principais contribuições para que a
mulher brasileira alterasse seu papel social, tanto no quesito de valores, como de práticas e papéis
que desempenha. Pretende-se averiguar também quais direitos colaboram para diminuir e amenizar
o preconceito contra as mulheres e a violência de gênero no Brasil. A metodologia a ser utilizada na
busca de uma resposta para o problema em questão propõe a realização de uma pesquisa
bibliográfica nas obras publicadas por estudiosos sobre o assunto, bem como na doutrina, em
jurisprudência, em leis, bem como, na própria Constituição Federal.

PANORAMA HISTÓRICO

Para compreender o percurso e evolução dos direitos das mulheres ao longo da


história é imprescindível debruçar sobre o contexto e as vivências do gênero feminino ao longo do
tempo, desde a antiguidade, perpassando pela idade média, idade moderna, atravessando a idade
contemporânea, até chegar aos dias atuais.
Desde o primórdio da humanidade a mulher sempre foi vista como ser que não
merecia confiança e nem credibilidade, tendo em vista que o pecado adentrou a humanidade pela
queda do homem, representada pela mordida de Eva na maça. A mulher era vista como meio de
procriação, sendo por isso considerada propriedade do homem, quem ela devia satisfazer e ser
submissa.
Como se percebe que na Antiguidade, entre 4000 a. C. a 476 d.C, no Egito, as
mulheres não possuíam acesso à escrita, sendo, por isso, excluídas do processo de registro e
produção de conhecimento, onde sua principal função era a constituir família. Isso permitia que elas
pudessem ser vendidas sem direito de escolha, formando casamentos arranjados.
Na Grécia Antiga, tal situação não era muito diferente, as mulheres eram
consideradas inferiores aos homens. Não podiam participar de discussões públicas ou políticas, não
era permitido a elas terem acesso à educação e seus trabalhos consistiam principalmente em tarefas
domésticas, podiam assistir a festivais religiosos e assistir a apresentações teatrais, ir a santuários e
oráculos, mas não podiam oferecer sacrifícios aos deuses, pois eram rituais exclusivamente
masculinos. A mulher também não podia possuir propriedades e não lhe era permitido administrar
negócios – ficando tutelada por familiares masculinos.
Já na Idade Média, na Europa, as mulheres começaram a exercer outros papéis
dentro da sociedade. Além das atividades domésticas e do artesanato, produziam cosméticos, pentes
e artigos de luxo. E as mulheres da nobreza já podiam administrar propriedades como senhoras
feudais.
Conforme Christine Rufino Dabat, até o século XII, as mulheres não podiam
legalmente possuir propriedades na maioria das sociedades medievais. No entanto, na região de
Champagne, na França, entre 1152 e 1284, 58 proprietários eram do sexo feminino. Este é um
número pequeno, mas demonstra o progresso histórico significativo que permitiu às mulheres
possuir propriedades. Citação Contudo, da perspectiva jurídica tal fato só aconteceu com a
permissão dos homens, em razão das mulheres não possuírem direitos políticos e eram dependentes
deles para participar na sociedade.
Este período foi marcado também pela grande influência e domínio da Igreja
Católica na sociedade. Como resultado, interpretações diferentes daquelas estabelecidas pela igreja
foram julgadas como heresias e consideradas inaceitáveis. Esse período foi sombrio para as
mulheres, as quais sofreram muitas perseguições decorrentes do movimento que ficou conhecido
como Inquisição. Qualquer ato e posicionamento realizados pelas mulheres diferentes dos
estabelecidos pela igreja foram identificados como feitiçaria e, como condenação, muitas delas
foram queimadas vivas.
Vale ressaltar que os direitos das mulheres foram inexistentes nesse período. Foi
somente séculos mais tarde que esses direitos começaram a ser reivindicados, e ganhando corpo
somente na Idade Contemporânea, mais precisamente após a Revolução Francesa, nos séculos
seguintes.
Na Idade Moderna surgiu os primeiros elementos, que mais tarde iriam a nortear,
o que conhecemos como os direitos das mulheres no Ocidente. Tais esboços surgiram somente após
a Idade Moderna (1453 – 1789), mais precisamente após a Revolução Francesa acontecer, em 1789,
reivindicando os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Tal acontecimento é um marco na
história, tal fato permitiu vir a tona o que se denomina hoje como Direitos Humanos,
proporcionando assim, inúmeros questionamentos em relação aos direitos civis e políticos do ser
humano. Contudo, a Revolução Francesa não foi suficiente para resultar em algum direito
específico às mulheres.
De acordo com Lima e Assmann, nesse contexto, durante a Revolução, surge duas
personalidades importantes que reivindicavam que as mulheres deveriam ter direitos igualitários aos
homens: Mary Wollstonecraft e Marie Gouze. Mary Wollstonecraft escreveu, como resposta a
exclusão das mulheres como cidadãs na Constituição Francesa, a obra “Reivindicação dos Direitos
da Mulher”, em 1792. Este livro é um marco histórico que pautou os direitos das mulheres na
Inglaterra do século XVIII, marcada pelas transformações da Revolução Industrial e Iluminista, que
excluía as mulheres dos direitos básicos como cidadãs. Esta obra é considerada um dos documentos
fundadores do feminismo. Já a Marie Gouze, que utilizava o pseudônimo de Olympe de Gouges,
escreveu a “Declaração de Direitos da Mulher e da Cidadã”. Tal documento foi enviado à
Assembleia Nacional da França, para que fosse aprovado, como havia ocorrido com a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão. Marie Gouze foi uma importante defensora dos direitos das
mulheres, participou de inúmeras frentes de luta, incluindo a luta pelo fim da escravidão. A ativista
denunciava que as mulheres eram impedidas de terem acesso a direitos básicos, como educação
formal, e condenava a condição de opressão em que as mulheres viviam na sociedade. Ela pertencia
ao grupo político girondino, que opunha-se a Robespierre, sendo por isso condenada a guilhotinada
em 1793, considerada como contrarrevolucionária.
Marie em seu documento propõe uma Declaração de Direitos da Mulher e da
Cidadã para igualar-se à outra do homem, que foi aprovada pela Assembleia Nacional. Como se
pode verificar na “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, transcrita abaixo:
Preâmbulo
As mães, as filhas, as irmãs, representantes da nação, reivindicam constituírem-se em
Assembleia Nacional.
Considerando que a ignorância, o esquecimento ou o menosprezo dos direitos da mulher
são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no governo, resolveram expor,
em uma declaração solene, os direitos naturais inalienáveis e sagrados da mulher. Assim,
que esta declaração, constantemente presente a todos os membros do corpo social, lhes
lembre sem cessar os seus direitos e os seus deveres; que, sendo mais respeitados, os atos
do poder das mulheres e os atos do poder dos homens possam ser acada instante
comparados com o objetivo de toda instituição política; e que as reivindicações das
cidadãs, fundamentadas doravante em princípios simples e incontestáveis, sempre
respeitem a constituição, os bons costumes e a felicidade de todos.
Consequentemente, o sexo superior em beleza e em coragem, em meio aos sofrimentos
maternais, reconhece e declara, na presença e sob a proteção do Ser Supremo, os seguintes
Direitos da Mulher e da Cidadã.
Artigo primeiro
A Mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. As distinções sociais só
podem ser fundamentadas no interesse comum.
Artigo segundo
O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis da Mulher e do Homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedade, a
segurança, e, sobretudo, a resistência à opressão.
Artigo terceiro
O princípio de toda soberania reside essencialmente na Nação, que nada mais é que a
reunião da mulher e do homem: nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade
que não emane expressamente deles.
Artigo quarto
A liberdade e a justiça consistem em restituir tudo que pertence a outrem. Sendo assim, o
exercício dos direitos naturais da mulher não tem outros limites senão a perpétua tirania
que o homem lhe impõe; estes limites devem ser reformados pelas leis da natureza e da
razão.
Artigo quinto
As leis da natureza e da razão proíbem todas as ações nocivas à sociedade; tudo que não é
defendido por tais leis, sábias e divinas, não pode ser impedido, e ninguém pode ser
constrangido a fazer aquilo que elas não ordenam.
Artigo sexto
A lei deve ser a expressão da vontade geral; todas as cidadãs e cidadãos devem colaborar
pessoalmente ou por seus representantes, para a sua formação; ela deve ser igual pra todos:
todas as cidadãs e todos os cidadãos, sendo iguais frente a ela, devem ser igualmente
admitidos a todas as dignidades, postos e empregos públicos, de acordo com sua
capacidade, e sem qualquer distinção a não ser por suas virtudes e seus talentos.
Artigo sétimo
Nenhuma mulher pode ser exceção; ela é acusada, presa e detida nos casos estabelecidos
pela lei: as mulheres obedecem, assim como os homens, a esta lei rigorosa.
Artigo oitavo
A lei só deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias, e ninguém pode ser
punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e
legalmente aplicada às mulheres.
Artigo nono
Com toda mulher declarada culpada, deve ser exercido todo rigor da lei.
Artigo dez
Ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo que sejam de princípio; a mulher
tem o direito de subir ao cadafalso; mas ela deve igualmente ter o direito de subir à tribuna,
contanto que suas manifestações não perturbem a ordem pública estabelecida pela lei.
Artigo onze
A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões constitui um dos direitos mais
preciosos da mulher, dado que esta liberdade garante a legitimidade dos pais em relação
aos filhos. Toda cidadã pode, portanto, dizer livremente: “eu sou a mãe de um filho que lhe
pertence”, sem que um preconceito bárbaro a force a esconder a verdade; sob pena de
responder pelo abuso dessa liberdade nos casos estabelecidos pela lei.
Artigo doze
A garantia dos direitos da mulher e da cidadã necessita de uma utilidade maior; tal garantia
deve ser instituída para vantagem de todos, e não para a utilidade particular daqueles a
quem ela foi confiada.
Artigo treze
Para a manutenção da força pública, e para os gastos administrativos, as contribuições da
mulher e do homem devem ser iguais; ela participa de todos os trabalhos ingratos, de todas
as tarefas pesadas; ela deve, por conseguinte, ter a mesma participação da distribuição dos
postos, dos empregos, dos cargos, das dignidades e da indústria.
Artigo catorze
As cidadãs e os cidadãos têm o direito de verificar por eles mesmos ou por seus
representantes a necessidade da contribuição pública. As cidadãs só podem aderir a ela
através de uma partilha igual, não apenas nos bens, mas também na administração pública,
determinando a quota, o tributável, a cobrança e a duração do imposto.
Artigo quinze
O conjunto das mulheres, igualada aos homens na contribuição, tem o direito de pedir
contas de sua administração a qualquer agente público.
Artigo dezesseis
Toda sociedade em que a garantia dos direitos não é assegurada, nem é determinada a
separação dos poderes, não tem Constituição; a Constituição é nula se a maioria dos
indivíduos que compõem a nação não contribuiu para a sua redação.
Artigo dezessete
As propriedades pertencem em conjunto ou separadamente a todos os sexos; para cada um,
elas constituem um direito, enquanto a necessidade pública, legalmente constatada,
evidentemente não o exigir, sob a condição de uma justa e prévia indenização.
Pós-âmbulo
Mulher, acorda! A força da razão faz-se ouvir em todo o universo: reconhece teus direitos.
O poderoso império da natureza já não está limitado por preconceitos, superstição e
mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da parvoíce e da usurpação. O
homem escravo multiplicou suas forças, precisou recorrer às tuas (forças) para romper seus
grilhões. Tornado livre, ele fez-se injusto em relação à sua companheira.
Mulheres! Mulheres, quando deixareis de ser cegas? Quais são as vantagens que obtivestes
na Revolução? Um menosprezo mais marcado, um desdém mais perceptível. Durante os
séculos de corrupção vós só conseguistes reinar sobre a fraqueza dos homens. Vosso
império esta destruído; o que vos sobra? A convicção das injustiças do homem. A
reivindicação de vosso patrimônio, fundada sobre os sábios decretos da natureza: o que
teríeis a temer por uma empresa tão bela? A boa palavra do Legislador das núpcias de
Caná? Temei que nossos Legisladores franceses, corretores desta moral, há muito
pendurada nos galhos da política, mas que não é mais oportuna, vos repitam: mulheres, o
que há de comum entre vós e nós? Tudo, tereis de responder. Se eles se obstinam, em sua
fraqueza, em pôr esta inconsequência em contradição com os seus princípios, oponde
corajosamente a força da razão às vãs pretensões de superioridade; reuni-vos sob os
estandartes da filosofia; empenhai toda a energia do vosso caráter, e vereis logo estes
orgulhosos se transformando, não em servis adoradores rastejando a vossos pés, mas em
orgulhosos por compartilharem convosco os tesouros do Ser Supremo. Quaisquer que
sejam as barreiras que se vos possam opor, está em vossas mãos superá-las; basta que o
queirais. Tenhamos agora em conta o pavoroso quadro do que vós fostes na sociedade;
dado que, neste momento, se trata de uma educação nacional, estejamos atentos para que
nossos sábios Legisladores pensem sãmente sobre a educação das mulheres.
As mulheres fizeram mais mal que bem. A coação e a dissimulação foram seu quinhão. O
que a força lhes havia arrebatado, a astúcia lhes devolveu; elas apelaram para todos os
recursos de seu charme, e o mais irrepreensível não lhe conseguia resistir. O veneno, o
ferro, tudo lhe era submetido. Elas mandavam no crime assim como na virtude. O governo
francês, sobretudo, dependeu, durante séculos, da administração noturna das mulheres; o
gabinete nada conseguia manter em segredo para sua indiscrição: embaixada, comando,
ministério, presidência, pontificado, cardinalato; enfim, tudo que caracteriza a parvoíce dos
homens, profana e sagrada, tudo foi submetido à cupidez e à ambição deste sexo outrora
desprezível e respeitado, e depois da revolução respeitável e desprezado.

Conforme Lima, ambas personalidades históricas deixaram um legado importante


e fundamental para que as mulheres tivessem uma voz política e exigissem seus direitos. Elas foram
as precursoras do movimento feminista, que viria a emergir nos séculos seguintes, e que lutaria
contra a violência de gênero e buscaria a igualdade de direito e de condições das mulheres na
sociedade.
Após as Revoluções, Industrial e Francesa, o mundo passou por plena
transformação, tanto na esfera científica, como também nas esferas: econômica, cultural, política e
social. As mudanças borbulhavam e novos paradigmas se projetavam para o futuro. Esse cenário
propiciou o surgimento do movimento sufragista, que aconteceu em vários países democráticos do
mundo, entre o fim do século XIX e o início do século XX, organizando a luta das mulheres pelo
direito ao voto. Entretanto, tal movimento encontrou forte oposição, mesmo em países em que já
eram considerados democráticos, em razão de questões sexistas, que mantinham o domínio político
nas mãos dos homens e excluía as mulheres com base na prerrogativa estereotipada de que as
mulheres eram incompetentes para atuar na esfera política. O movimento sufragista configurou a
primeira onda do feminismo, que buscava em sua primeira fase, garantir às mulheres o direito ao
voto.
De acordo com Porfírio, historicamente, a luta contra a discriminação de gênero
começou com o movimento sufragista. Este foi o primeiro movimento em grande escala na luta pela
igualdade de gênero; envolveu mulheres de famílias ricas exigindo educação, trabalho e
participação política igualitária. Muitas mulheres pobres trabalharam em fábricas e indústrias por
pelo menos 200 anos antes do início do movimento sufragista.
Em meio a esse momento histórico, surgiu o primeiro país democrático a conceder
às mulheres o direito ao voto, a Nova Zelândia, no ano de 1893. Tal acontecimento foi um marco
histórico, incentivando que mulheres de todo o mundo começassem a buscar direitos semelhantes
em seus países, vindo esse movimento a se espalhar para diversos países.
Após a 1ª Guerra Mundial a mulher lançou-se no mercado de trabalhado,
realizando funções, que ate então, eram exclusivamente masculinas. Tal prática alterou a dinâmica
social da época, ocorreu uma transformação das atribuições dos seres humanos na sociedade.
Mudando também os costumes e o mundo jurídico. Apesar dessa mudança o sexismo e o machismo
continuavam, causando obstáculos para o exercício da igualdade de gênero e de direitos.

Nesse passo, não se pode deixar de evidenciar que mesmo com tantas discussões teóricas e a
criação de legislações específicas para proteção e a concessão de direitos às mulheres, ainda
persiste certa fraqueza na sua eficiência e no seu cumprimento dentro da sociedade. Um
exemplo são os altos índices de violência contra mulher mesmo após a promulgação da Lei
Maria da Penha, havendo um crescimento de 13% para 37% no percentual
de mulheres agredidas por ex-companheiros entre os anos de 2011 e 2019, incluindo situações
em que os agressores eram ex-maridos e também ex-namorados, segundo a 8ª edição da
Pesquisa Nacional sobre Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Também há que se
falar nos casos alarmantes de Feminicídio, especialmente no período atual de pandemia da
Covid-19, em que muitas vítimas ficam reclusas em casa junto com seus agressores. Tal crime
hediondo consiste no assassinato de uma mulher vítima de violência doméstica e familiar, por
menosprezo ou discriminação à condição da vítima ser uma mulher, segundo a Lei do
Feminicídio (Lei nº 13.104/2015).
Com isso, é importantíssima a atuação estatal na coibição de crimes desta natureza e na
atuação em parceria com instituições em defesa à mulher, com a implementação de projetos
de conscientização e que tragam informação e educação para a população, de forma a se
resguardar a proteção aos direitos femininos e proporcionar uma sociedade justa, segura e
igualitária.

No século XIX, surge um novo discurso filosófico sobre a mulher. Com as manifestações contra a
discriminação feminina e a luta pelo direito ao voto, acontecimentos que prevêem uma melhoria na
perspectiva da forma de viver das mulheres.
A figura da mulher, de elemento secundário, passou a ser algo extremamente importante na sociedade
atual, onde ela exerce cada vez mais um papel de protagonista, embora ainda sofra com as heranças
históricas do sistema social patriarcalista em seu dia a dia. Com o tempo, graças às lutas promovidas,
a mulher vem conseguindo aumentar o seu espaço nas estruturas sociais, abandonando a figura de
mera dona de casa e assumindo postos de trabalho, cargos importantes em empresas e estruturas
hierárquicas menos submissas.
Apesar de uma maior presença no mercado de trabalho, ainda há uma desigualdade no que se refere
aos diferentes gêneros. A mulher, em muitos perfis familiares, acumula tanto as funções trabalhistas
quanto as domésticas e até as maternas, ficando, muitas vezes, sobrecarregada. Além disso, o
número de mulheres ocupando cargos de nível superior nas empresas ainda é menor, embora elas
constituam a maioria apta a pertencer ao mercado de trabalho. E por falar em trabalho, o salário da
mulher ainda é proporcionalmente menor do que o dos homens na sociedade atual, fator que fica
ainda mais crítico quando nos referimos às mulheres negras.
É por essa desigualdade ainda latente, fruto de um passado que deixou marcas na atualidade – em
que a mulher era vista apenas para a reprodução e como um complemento do homem –, que surge a
necessidade de lutar pelos direitos femininos.
Não por acaso, a influência do feminismo tem crescido na sociedade, apesar do fato de muitas
pessoas carregarem mitos sobre esse movimento, tal como pensar que feminismo é o contrário de
machismo ou que as mulheres feministas lutam contra os homens, entre outros erros. A luta feminista
é pela igualdade entre mulheres e homens na sociedade, é contra o machismo e o patriarcalismo,
lutando pela liberdade individual, tanto é que homens também podem atuar, embora as lideranças
devam ser obviamente compostas por mulheres.
Mais um entre os problemas vividos pelas mulheres na sociedade é a questão da violência. Embora
leis específicas (tais como a “Lei Maria da Penha”) e as Delegacias da Mulher tenham sido criadas no
Brasil, ainda são numerosos os casos de agressões no ambiente domiciliar, assédio, estupro,
assassinatos e outros. Isso sem falar no monitoramento social constante sobre as atitudes e o corpo
da mulher, que são cada vez mais cercados de “regras” e posturas morais que muitas vezes privam os
direitos e as liberdades individuais.
Por todos esses motivos, embora o papel da mulher na sociedade venha se tornando cada vez maior e
melhor, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados. É preciso, pois, combater a cultura
machista na sociedade (e isso não significa “combater os homens”!), melhorar o acesso das mulheres
a postos de trabalho e cargos elegíveis, promover melhores salários, efetivar o direito da mulher sobre
o seu próprio corpo e sobre a sua liberdade individual, além de efetivar a proteção de mulheres
ameaçadas em seus cotidianos.
Os desafios são grandes, mas quanto menor for a resistência das pessoas no sentido de questionar ou
combater as pautas femininas, mais ampla e melhor será a efetivação de uma sociedade mais
igualitária. Trata-se de uma missão a ser concluída por toda a sociedade, tanto pelas mulheres quanto
pelos homens.
Finalmente esperamos que um número cada vez maior de pessoas possam reconhecer que existem
mudanças urgentes e possíveis para acontecer, objetivando que os seres humanos possam articular
uma vivência mutuamente inclusiva. Onde homens e mulheres possam compreender suas vidas por
uma visão mais ampla, para que a partir daí, consigam participar das mais variadas formas da criação
de um futuro sustentável, igualitário e renovado.
Através destes relatos que este requerimento tem o intuito, no âmbito municipal, de fazer o
reconhecimento da importância das mulheres no desenvolvimento do nosso município, com uma
singela homenagem através da MOÇÃO DE APLAUSOS, ato este que temos a certeza de suma
importância para as mulheres, pois temos o reconhecimento de sua importância em nosso município,
estado e país. Para isso a ideia é de nominar representantes de algumas das nossas entidades, tais
como escolas, departamentos públicos, para estarem representando as mulheres do município,
recebendo esta singela homenagem que será realizada no dia 08/03/2019 pela Câmara Municipal de
Paraíso do Norte.
O processo histórico de aquisição de direitos para as mulheres foi um processo árduo e

lento, porém, com o advento da Revolução Industrial e principalmente durante a 1ª Guerra

Mundial, a mulher foi lançada ao mercado de trabalhado, exercendo funções tipicamente

masculinas, o que alterou a dinâmica social da época. Destaca-se que a mulher negra já

vivia muito antes uma jornada até tripla de funções, sendo mãe, dona de casa e

trabalhando fora. Pois bem, com a mudança na dinâmica das atribuições na sociedade, o

mundo se viu na obrigação de mudar! Junto com a história, os costumes e o mundo jurídico,

acompanhou, então, o compasso nesta dinâmica.

Porém, eis de salientar que mesmo com tamanha mudança, o machismo ainda se encontrava
nesses processos, causando entraves para o exercício da igualdade de gênero e de direitos!

Nesse passo, não se pode deixar de evidenciar que mesmo com tantas discussões teóricas e a
criação de legislações específicas para proteção e a concessão de direitos às mulheres, ainda
persiste certa fraqueza na sua eficiência e no seu cumprimento dentro da sociedade. Um
exemplo são os altos índices de violência contra mulher mesmo após a promulgação da Lei
Maria da Penha, havendo um crescimento de 13% para 37% no percentual
de mulheres agredidas por ex-companheiros entre os anos de 2011 e 2019, incluindo situações
em que os agressores eram ex-maridos e também ex-namorados, segundo a 8ª edição da
Pesquisa Nacional sobre Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Também há que se
falar nos casos alarmantes de Feminicídio, especialmente no período atual de pandemia da
Covid-19, em que muitas vítimas ficam reclusas em casa junto com seus agressores. Tal crime
hediondo consiste no assassinato de uma mulher vítima de violência doméstica e familiar, por
menosprezo ou discriminação à condição da vítima ser uma mulher, segundo a Lei do
Feminicídio (Lei nº 13.104/2015).
Com isso, é importantíssima a atuação estatal na coibição de crimes desta natureza e na
atuação em parceria com instituições em defesa à mulher, com a implementação de projetos
de conscientização e que tragam informação e educação para a população, de forma a se
resguardar a proteção aos direitos femininos e proporcionar uma sociedade justa, segura e
igualitária.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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em: https://www.nexojornal.com.br/explicado/2020/03/07/Feminismo-origens-conquistas-e-
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Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/interthesis/article/download/911/10852/0.
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https://www.bing.com/ck/a?!
&&p=aa0f5f804dcfe865JmltdHM9MTY2MTYwMjQ0OCZpZ3VpZD1mMTAxMWYyMS1kNTkz
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sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwijuunQqOX5AhWjr
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As conquistas das mulheres ao longo da história - Futura

História dos direitos femininos no Brasil e no mundo | Cidadania Ativa (uff.br)

Principais lutas e conquistas das mulheres ao longo da História - Esporte Clube Pinheiros
(ecp.org.br)

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EVOLUÇAO HISTÓRICA DA MULHER NA LEGISLAÇÃO CIVIL | Mundo Vestibular e Enem

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http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/729-4.pdf

https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/historia-dos-direitos-das-mulheres/?
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GOUGES, Olympe de. Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne. In: Bibliothèque
Jeanne Hersch. Textes fondateurs. Disponível em:
«http://www.aidh.org/Biblio/Text_fondat/FR_03.htm» Acesso em 11 fev 2007

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