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200 ANOS DE LUTA CONTRA A EXCLUSÃO
Os debates, assim como o processo de sujeição pela Tais discursos irão definir o que é mulher, seu
violência, não estão estanques no tempo. Eles íntimo e suas capacidades. Estabelecem assim, o
duram os 300 anos da modernidade. normal e o anormal das condições femininas e
masculinas.
Contribuem para ele, o nascimento do discurso
cientificista, que vai imbuir a nascente pesquisa A ideia do sexo oposto se plasma.
médica de restringir as mulheres ao corpo, declinar O protestantismo ao ampliar o acesso à leitura, traz
de sua capacidade cognitiva-moral e estabelecer tal
em seu bojo questionamentos morais que levam a
veracidade não mais fundada na religião revelada,
insubordinação das mulheres tendo como referência
mas na biologia de cunho científico.
a moralidade das escrituras e a hipocrisia masculina.
O Iluminismo e seu paradigma de racionalidade,
abrem margem para que se questione não apenas a
instrumentalização das mulheres para o pensamento,
como o poder exercido sobre elas.
As Precursoras europeias do pensamento
político feminista
Mary Astell (1666-1731) defendeu a educação formal
para as mulheres até as universidades, criticou a
instituição do casamento, especialmente os que eram
feitos na extrema juventude das mulheres.
Olimpe de Gouges (Marie Gouze, 1748-1793) defensora
da democracia, escreveu Os Direitos das Mulheres e das
Cidadãs, o que acabou por levá-la à guilhotina.
Mary Wollstonecraft (1759-1797) – hoje considerada a
mãe do pensamento feminista pela clara organização dos
argumentos anteriores em sua obra Reivindicação dos
Direitos das Mulheres. É a ideia de Direitos, no momento
em que estes estão se constituindo, que dá o grande
impacto da obra de Wollstonecraft.
Uma teoria política nascente
em um mundo hostil
Os eixos desse programa político eram: a educação das mulheres; o direito ao voto e a igualdade
no casamento, em especial a possibilidade de gerir os próprios bens.
Os argumentos de Wollstonecraft pretendem o livre desenvolvimento e a possibilidade de uma
mulher ser plenamente independente e não apenas “uma melhor companheira para o homem”.
O Movimento Feminista
19 e 20 de julho de 1848 – 1ª Convenção para os Direitos das Mulheres (Seneca Falls, Nova Yorque)
– Marco inicial do feminismo no ocidente.
Reflexo da Convenção Mundial contra a Escravidão, 1840, Londres, Inglaterra;
O movimento feminista nasce sob o impulso da luta contra a escravidão dos africanos e seus
descendentes. Mais por seu valor simbólico do que por suas conquistas, a convenção passou à
história como o primeiro esforço organizado para libertar as mulheres e reformular os ideais
predominantes de domesticidade em sua trajetória.
Apesar da convenção ter desencadeado uma oposição anti-feminista, não houve a aprovação de
resoluções de caráter radical.
A própria declaração resultante da convenção, embora baseada no modelo da Declara da
Independência dos EUA tinha um título sugestivo: Declaração de sentimentos e resoluções.
A questão do voto foi colocada em segundo lugar.
O Feminismo Negro
Ao longo do século XX, as principais pautas do feminismo foram sendo alcançadas no Ocidente: o
voto, o fim das barreiras a educação, o alargamento do espectro de profissões possíveis, a igualdade
de direitos dos cônjuges.
A subordinação das mulheres, no entanto, parecia ainda longe de acabar. Bem como, se constatava
que Ema Goldman tinha razão: era preciso lutar para se emancipar da emancipação.
As questões vinculadas a sexualidade e ao gênero como uma construção cultural e não natural ou
biológica ganham projeção.
A compreensão é que as mulheres estavam inscritas não somente em uma hierarquia, mas em uma
lógica que partia do masculino como referência.
Mesmo integradas ao mundo público ocidental, as mulheres continuavam sendo o outro.
Simone de Beauvoir
O Segundo Sexo, sua obra de 1949 é, provavelmente o mais
influente escrito do feminismo.
Não é um livro que possa ser lido sem problematização
Ainda assim, Beauvoir demonstra o feminino como um
conjunto de determinação culturais e expectativas que limitam
a autonomia e agência das mulheres.
r na -se
er, t o
mul h
se nasce
“Não r”
e
mulh
O auge da Segunda Onda
A ligação entre o ativismo e a construção da teoria política andou em
conjunto no pós-guerra, por outro lado, isso não quer dizer consenso.
O feminismo entra na academia e mantém seu pé nos movimentos
sociais, o que o torna duplamente incômodo.
Um dos livros mais importantes nesse período é o de Betty Friedam, A
Mística Feminina, uma crítica contundente aos padrões de feminilidade.
Ela será a embasadora dos protestos no concurso Miss América e a lenda
dos sutiãs.
Angela Davis, a mais perigosa mulher do ocidente segundo a CIA dos
anos 70, é uma reverenciada acadêmica que trouxe o ativismo negro
para o seio do feminismo.
Boa parte da reação e rejeição ao feminismo que conhecemos é em
função do ativismo dessa fase.
O anos 1960-70 trazem um feminismo novo, não domesticado nem pela
inclusão liberal, nem pelo socialismo moralista.