Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LITERATURA E NA POLÍTICA
Por: Aniele Dalarme Ribeiro; Maria Clara Camilo; Maria Fernanda; Maria Luiza Braz Ribeiro.
No Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países, existe uma depreciação
e uma resistência descomunal em torno da palav ra “feminismo”. Se ev ocarmos
ANTECEDÊNCIA DA MULHER todas as conquistas do mov imento feminista para todas as camadas sociais,
transformando as relações entre homens e mulheres, torna-se inexplicável o porquê
NA LITERATURA de sua desconsideração pelos formadores de opinião pública por aqui.
I nfelizmente, por não ter conseguido se impor como motiv o de orgulho para a
maioria das mulheres, a reação desencadeada pelo antifeminismo foi
av assaladora, pois não só promov eu um desgaste semântico da palav ra, como
transformou a figura da feminista numa mulher mal amada, “machona”, “feia” e
um ser oposto a imagem de “feminina”.Prov avelmente, por receio de serem
rejeitadas ou de ficarem “mal v istas”, muitas de nossas escritoras, intelectuais, e a
brasileira de modo geral, passaram enfaticamente a recusar tal título. Também é
uma derrota do feminismo permitir que as nov as gerações desconheçam a história
das conquistas femininas, os nomes das pioneiras, a luta das mulheres de
antigamente que, de peito aberto, denunciaram a discriminação, por acreditarem
que, apesar de tudo, era possív el um relacionamento justo entre os sexos.Soma-se a
isso o desconhecimento acerca da história do feminismo. A bibliografia, além de
limitada, costuma abordar fragmentariamente os anos de 1930 e a luta pelo v oto,
ou os anos de 1970 e as conquistas mais recentes. Na maior parte das v ezes,
entende-se como feminismo apenas o mov imento articulado de mulheres em torno
de determinadas bandeiras; e tudo o mais fica relegado a notas de
rodapé. Problemas A literatura, assim como a arte em geral, foi, por muito tempo,
realizada pelos homens, geralmente brancos, da classe média e heterossexuais, o
que sempre excluiu expressões artísticas feitas por negros, mulheres e outras
minorias marginalizadas por uma sociedade baseada no elitismo, no branquismo e
no gênero masculino. I sso levou, historicamente falando, à formação de um
modelo literário excludente, estabelecido de acordo com determinada sociedade
e sua cultura.É isso que explica a escassez, por séculos, de obras de escritores
v indos das ditas minorias como negros, mulheres e homossexuais. Para que a mulher
conseguisse alguma representatividade, foi preciso que, mediante a crítica
feminista, começassem os questionamentos quanto à construção social e cultural,
o que a teoria da desconstrução chama de logocentrismo e falocentrismo.
Feminismo e literatura:
O feminismo começou a questionar a organização sexual, social,
política, econômica e cultural de um mundo profundamente
FEMINISMO E LITERATURA hierárquico, autoritário, masculino, branco e excludente.
Consequentemente, o pensamento ocidental do cânone literário,
também veio a ser alvo de julgamento e análise.Mais recentemente,
feministas de outras áreas têm contestado o conceito tradicional de
identidade e tentado articular formas em que as mulheres possam
reconhecer suas diferenças e formar alianças através dessas
diferenças. Mulheres negras, operárias, trans e lésbicas começaram a
questionar uma identidade “mulher”, construída como universal, mas
que efetivamente, silenciava todas aquelas que não se enquadravam
no modelo. Por isso, a importância do conceito de diferença nas mais
recentes articulações acerca de gênero.Para que reais mudanças
aconteçam no mundo concreto, o projeto de emancipação da
mulher exige a reinterpretação da literatura, principalmente com
relação aos textos escritos por homens, cuja visão em maior ou menor
grau, externam mitos que não tem outro papel senão justificar a
submissão feminina.Os estudos feitos até agora sobre o assunto,
mostraram que a mulher, historicamente e culturalmente, definiu-se
por oposição: a mulher é o “Outro” em relação ao masculino. Na
contemporaneidade, após percorrer um longo trajeto de lutas pela
afirmação de sua identidade, a mulher conquistou, em certa medida,
um espaço próprio na sociedade. Apesar das reações de
estranhamento, ela deixou a posição de objeto para tornar-se
efetivamente sujeito, subvertendo uma tradição milenar de
silenciamento e reclusão nos limites da casa. Apesar de haver ainda
resquícios de um pensamento opressor que teima em barrar o
processo de construção indentitária da mulher, as conquistas das lutas
femininas se fazem fortemente presentes na sociedade.
A importância de se ler e estudar mulheres:
A literatura de autoria feminina, publicada à medida que o
feminismo foi conferindo à mulher o direito de falar, surge
A IMPOTÂNCIA DE SE LER E com a missão de trazer outros olhares, posicionados a partir
ESTUDAR MULHERES de outras perspectivas.De acordo com a ensaísta, escritora,
editora, crítica literária e pesquisadora brasileira, Heloísa
Buarque de Hollanda, no ensaio Os estudos sobre mulher e
literatura no Brasil: Uma primeira abordagem, foi a partir do
final da década de 70, que vários estudos começaram a
identificar uma “insistente presença da voz feminista” como
um dos traços mais salientes da cultura pós-moderna. O
próprio Lyotard, um dos mais contraditórios estudiosos do
pós-moderno, apesar de irônico, não deixa de reconhecer
que “as mulheres estão descobrindo uma coisa que pode
causar uma incrível revolução no ocidente, alguma coisa
que a dominação (masculina) nunca quis revelar: que a
classe que se estabelece sobre todas as classes é apenas
uma entre muitas”.Hollanda diz, que no caso da tendência
“literatura feita por mulheres” o reconhecimento institucional
é, sem dúvida, um passo importante, pois até muito
recentemente essa literatura não era considerada objeto
legítimo de pesquisa. Nesse sentido, é interessante observar a
proliferação de teses acadêmicas sobre autoras femininas e
os inevitáveis questionamentos sobre a construção da
historiografia literária, sobre a noção canônica de “gênero
literário”, incluindo a importantíssima questão da “oralidade”
na constituição da literatura, e dos paradigmas
estabelecidos para o mercado de valor literário.
Um marco no que diz respeito à história das mulheres
durante a Idade Média foi a perseguição a elas, mais
conhecida como “caça às bruxas”. Foi um genocídio
praticado contra o sexo feminino, na Europa e nas
Américas, em que muitas mulheres sofreram
QUEIMA DAS BRUXAS agressões e até mesmo perderam suas vidas por
serem consideradas feiticeiras. Na verdade, as
“bruxas” eram mulheres que agiam contra o
“tradicional” e questionavam o sistema. Por isso, era
preciso achar um motivo para que a sociedade se
voltasse contra elas, a fim de que fossem queimadas
– basicamente – por serem do sexo feminino.Não se
pode negar que a sociedade da Idade Média era
uma sociedade masculina, e os interesses giravam
em torno dos homens4. No final da Idade Média
começaram a surgir códigos que se referiam também
à esfera feminina, mas a maior parte deles continha
regras específicas que impunham restrições aos
direitos das mulheres, tanto dentro quanto fora da
família, atingindo a esfera pública e a privada. O que
mais chamava atenção nessas legislações era a
ev idência da inferioridade das mulheres perante os
homens.
RAINHA ELIZABETH