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Clara dos Anjos

a condição da mulata

MARINA FLORIM
SOBRE
A OBRA
Clara dos Anjos:
Jovem mulata, de família de
ex-escravizados;
Moradora dos subúrbios do
Rio de Janeiro;
Criada com a superproteção
das famílias burguesas;
Se apaixona por Cassi, branco
da elite, conhecido por se
envolver com mulheres
racializadas da periferia;
Abandonada na gravidez.
SOBRE
Lima Barreto
Escritor negro, de família de ex-
escravizados;

O AUTOR Morador dos subúrbios do Rio de


Janeiro
Teve acesso à educação e contribuiu
na imprensa da época;
Perdeu a mãe cedo e assumiu as
despesas da família aos 22 anos, pela
loucura do pai
Aos 33 anos, é recolhido ao hospício
por delírios decorrentes do álcool
excessivo;
Sua literatura é de natureza crítica,
abordando temas como desigualdade,
racismo, feminicídio e política
brasileira;
Sofreu com o elitismo da Academia.
RESQUÍCIOS
“crítica à hipocrisia da sociedade brasileira, que insistia, anos depois da
abolição, em manter no corpo da mulher de cor as sevícias que os

ESCRAVAGISTAS
senhores brancos perpetraram durante a vigência da instituição do
cativeiro contra suas escravas” (LIMA, 2022, p. 4)

EM CLARA “seu sentimento ficava reduzido ao mais simples elemento do Amor – a


posse. Obtida esta, bem cedo se enfarava, desprezava a vítima, com a
qual não sentia mais nenhuma ligação especial” (BARRETO, 1948, p. 102).

“Num meio social em que negras e mestiças continuavam a gozar de má


reputação, devido a uma cultura patriarcal e escravagista que havia
submetido, através de uma violência explícita ou implícita, milhares de
mulheres de cor a um permanente estado de prostituição, os pais da
jovem mulata, conscientes desse perigo da maior exposição da filha ao
assédio sexual, julgam que os excessos de zelo podem protegê-la de uma
pretensa superioridade que o homem branco tem em relação,
principalmente, às mulheres de ascendência negra” (BROOKSHAW, 1983,
p. 166)
“A crítica do narrador refere-se ao fato de […] não “mostrar que uma
mera imitação ou observação dos modos dos brancos não é suficiente,
seus filhos devem estar conscientes de sua posição particular na vida, de
modo a evitar situações que podem ser desagradáveis, ou mesmo
destrutivas quando nascidas de uma completa ignorância ou inocência”
(RABASSA, 1965, p. 371).
“Suas criações ficcionais refletem o abandono, o sofrimento e a
ausência de perspectivas dessa camada proletária, também

LITERATURA estigmatizada etnicamente” (LIMA, 2022, p. 2)

MILITANTE ”a importância de Clara dos Anjos decorre do fato de ser o primeiro


romance a trazer os dramas da personagem feminina pertencente
ao mais distante dos círculos concêntricos que envolvem o núcleo
[…] A protagonista dessa obra apresenta-se triplamente marcada
pelo pertencimento à esfera da nebulosa, por ser mulher, ser
mulata e ser pobre.” (LIMA, 2022, p. 5)

“As histórias das mulheres da família do escritor também ressoam


em seus textos. Afinal, não há como esquecer que sua avó,
Geraldina, fora escrava doméstica e a mãe, Amália, era “protegida”
da casa dos senhores em que nasceu. […] Essas são histórias que
Lima parece fazer questão de não esquecer, até porque dizem
respeito a um mundo que é muito seu.” (SCHWARKZ, 2017, p. 143)

“Novamente por meio dos detalhes podem ser tra- duzidas as


denúncias mais constantes desse escritor, para quem a literatura
tinha um papel a cumprir diante da realidade do país. Devia ser
militante, como temos dito, e a favor dos mais humildes.”
(SCHWARKZ, 2017, p. 144)
REFERÊNCIAS
BARRETO, Afonso Henriques de Lima. Clara dos Anjos. Fundação
Biblioteca Nacional, 1922

SCHWARKS, Lília Moritz. Clara dos Anjos e as cores de Lima. Sociologia &
Antropologia, v. 07, p. 125-155. Rio de Janeiro, 2017

LIMA, Marcos Hidemi de. Pobre, mulata e mulher: a estigmatização de


Clara dos Anjos. Literafro, 2022. Disponível em:
http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/28-critica-de-autores-
masculinos/446-pobre-mulata-e-mulher-a-estigmatizacao-de-clara-dos-
anjos

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