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TORTO ARADO
3. CONTEMPORANEIDADE
• literatura engajada
“Brasil profundo : um mundo rico em diversidade, desigual, e
que ainda pulsa muito forte neste país.”
• geraçã o de 30
- denú ncia das misérias e problemá ticas sociais
- questõ es ideoló gicas
• regionalismo universal
Influenciado por Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, João
Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz.
4. RESUMO DA OBRA
A histó ria se passa no interior do sertã o brasileiro quando duas
irmã s, ainda crianças, acham uma misteriosa faca de sua avó
Donana, a qual encontrava-se escondida e enrolada em um
pano dentro de uma velha mala debaixo da cama. Com aquela
curiosidade, tipicamente infantil, as duas colocam a faca na
boca e uma delas perde a língua. E assim começa a histó ria de
Bibiana e Belonísia.
Essa tragédia compartilhada pelas duas irmã s as aproxima de
um modo ú nico, quando uma se torna a voz da outra, uma
comunhã o e uma uniã o que metaforicamente representa o elo
que alicerça a comunidade daquela regiã o. Itamar constró i uma
narrativa envolvente ao nã o revelar de imediato qual das duas
irmã s perdeu a língua, sendo essa descoberta desvelada aos
poucos ao leitor.
Ao longo da histó ria, uma das irmã s abandona a regiã o em que
vive em busca de uma vida melhor. Isso provoca uma
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reviravolta na vida da irmã que fica, que perde sua metade e a
sua conexã o com o mundo.
Apó s um tempo, a irmã retorna a sua terra natal com sua nova
família e a regiã o passa a ser palco da luta pela terra e por
melhores condiçõ es de vida.
5. PERSONAGENS
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6. ESTRUTURA
• gênero : romance (de estreia)
• obra dividida em 3 partes
• narrado em 1ª pessoa — obra polifô nica
• publicado em 2018 em Portugal e em 2019 no Brasil
• linguagem sutilmente poética (metaforizada)
• objetividade e refinamento
7. ANÁ LISE
Acusaçõ es :
- cará ter panfletá rio do enredo
- linguagem incoerente para as personagens
- artificialidade da escrita
- semelhança na voz das narradoras
- texto que tenta se explicar demais no ú ltimo período
Sobre a linguagem :
“A força desses dois livros (Dois Irmã os) seria a criaçã o de uma
oralidade, de uma fala que nã o é uma reconstruçã o, mas é uma
criaçã o no sentido de que nã o estã o apenas representando a
linguagem falada, mas que tem a sensibilidade, o ritmo, a
sonoridade dessa fala.”
Temá ticas :
• abordagem de símbolos de resistência como : quilombos e
religiõ es de matriz africana
- papel agregador e nã o alienantes do Jarê
“A singularidade do jarê se deve ao encontro dois grupos de
escravos na Chapada, o primeiro oriundo de matrizes africanas
do Recô ncavo baiano e o segundo dos escravos das Minas
Gerais, fortemente influenciado pelo catolicismo”
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•perda de tradiçõ es com Santa Rita Pescadeira
“Sou uma velha encantada, muito antiga, que acompanhou esse
povo desde sua chegada das Minas, do Recô ncavo, da Á frica.
Talvez tenham esquecido Santa Rita Pescadeira, mas a minha
memó ria nã o permite esquecer o que sofri com muita gente,
fugindo de disputas de terra, da violência de homens armados,
da seca. Atravessei o tempo como se caminhasse sobre as á guas
de um rio bravo. A luta era desigual e o preço foi carregar a
derrota dos sonhos, muitas vezes”,
• racismo
• exclusã o social
• heranças coloniais
• trabalho aná logo à escravidã o
- “aceitaçã o” das personagens mediante o cená rio
• obra que fala sobre permanências
• cria resgate de memó rias
• mudez de Belonísia
- mutilaçã o da 1ª cena
• tomada de consciência
• busca por direitos de Sereno
- usucapiã o da terra
• valorizaçã o da educaçã o
• protagonismo feminino
- vozes femininas na narrativa
- insubmissã o
- denú ncia
“Todas nó s, mulheres do campo, éramos maltratadas pelo sol e
pela seca. Pelo trabalho á rduo, pelas necessidades que
passá vamos, pelas crianças que paríamos muito cedo(…)”
Sobre o título :
- arado : instrumento medieval, arcaico
“Sã o marcas indeléveis e deletérias da escravidã o, fundantes da
formaçã o da sociedade e do Estado Brasileiro, de suas mazelas
e desigualdades.”
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- torto : tortuosidade da batalha e suas consequências/ fala
“torta” de Belonísia
“Era um arado torto, deformado, que penetrava a terra de tal
forma a deixá -la infértil, destruída, dilacerada”.
Reflexã o final :
“Obra que entrelaça as narrativas de muitas gentes. É trama de
desigualdade, porque os donos da terra nã o sã o os que pegam
na enxada. É trama de violências, da fome, da falta, da seca, da
agressã o familiar, da perda, do medo. Sobretudo, é histó ria de
forças que brotam do solo, histó ria de ancestralidade, luta e
uniã o. “
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Simbologias :
faca - instrumento conhecido como
"arma branca"; no romance, serviu para defender opressã o
sofrida pela comunidade preta; segundo uma das irmã s,
Donana tinha mais medo do significado dela do que seu poder
de corte.
língua - ó rgã o fundamental na
comunicaçã o humana; no livro, simboliza a castraçã o verbal a
que eram submetidos pretos e indígenas, no brasil, desde
cabral; a perda da língua e a necessidade de se
comunicar com ajuda da irmã Bibiana expõ e sorororidade,
valor à uniã o e consciência de suas origens
mulheres
- Donana, salustiana, belonísia e Santa Rita Pescadeira
representam a histó ria acumulada pela ancestralidade que
sofreu peso do racismo institucional mas que graças à s suas
origens souberam resistir e, de alguma forma, enfrentar essas
adversidades.
8. QUESTÕ ES
01. No trecho "Tudo isso reacendeu a chama de escrever Torto
arado", conta o escritor, que lembra que o Brasil é um dos países
com maiores índices de violência no campo, a expressã o destacada
exemplifica um processo de significaçã o das palavras conhecido
como:
a) catacrese
b) metá fora
c) sinestesia
d) personificaçã o
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02. Numa trama tecida de segredos antigos que têm quase sempre
mulheres por protagonistas, e à sombra de desigualdades que se
estendem até hoje no Brasil. Seriam as possíveis marcas de
temporalidade da obra : (V ou F)
a) Diferentes Brasis de diversos períodos histó ricos, cabíveis aos
épocas de Colô nia, Império e Repú blica.
b) A obra e suas aná lises se restringem ao século XX , período em
que as personagens vivenciam os fatos.
c) As persongens de Torto Arado atravessaram o tempo sem
nunca conseguirem sair do anonimato, marcando como contexto
os anos de 1970 (evidenciados por pistas do autor), mas
abordando experiências que caberiam a qualquer outro momento
de um Brasil arcaico.