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Antiguidade Pré-Clássica
COORDENADOR GERAL
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
GERENTE DE PROJETOS
Valdemar Vieira de Melo
ADMINISTRAÇÃO DO AMBIENTE
José Alexandro Viana Fonseca
Prof. José Lopes Ferreira Júnior
Valquíria de Oliveira Leal
EQUIPE DE DESIGN
Anita Sousa
COORDENAÇÃO DE SUPORTE
Afonso Bione
Bruno Eduardo Vasconcelos
Severino Sabino da Silva
Wilma Sali
EDIÇÃO 2017
Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares
Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
Recife / PE - CEP. 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
PRÁTICA I
EPISTEMOLOGIA DA HISTÓRIA
Carga horária:
CONTEÚDO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
Objetivo Geral
* Antes da Era Comum, sigla equivalente a a.C. (antes de Cristo) que adotaremos nesta apostila.
Objetivos Específicos
CAPÍTULO 1
Prof. Dr. José Maria Gomes de Souza Neto
Carga horária:
Ainda hoje, especialistas nas mais variadas áreas trabalham para traduzir,
interpretar e compilar documentos, enquanto outros trabalham contra o
intenso contrabando de antiguidades, uma chaga que tomou proporções
jamais vistas no início deste século, depois da invasão norte-americana
CAPÍTULO 1
ao Iraque, em 2003, e a ascensão do Daesh (o Estado islâmico) em 2013.
Por tudo que vimos, a Antiguidade Pré-Clássica é um momento histórico
que o futuro profissional desta disciplina não deve deixar de estudar e
compreender.
Boa parte dessa região tem clima seco, com baixo índice pluviométri-
co; há, contudo, uma série de rios oriundos de áreas montanhosas, em
cujas margens as populações humanas se concentraram. Os maiores são 9
os Tigre e Eufrates, nascidos das montanhas do Cáucaso, e o Nilo, que
serpenteia desde o coração da África até o Mar Mediterrâneo. Essa abun-
dância de água fez que ele fosse denominado Crescente Fértil.
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O Oriente Médio foi o epicentro da cultura da Antiguidade Pré-Clássica,
mas não esteve, de modo algum, isolado do resto do mundo: o Egito
manteve relações intensas com a África subsaariana e a Arábia; a Me-
sopotâmia, com o Irã e a Anatólia (ou Capadócia). Populações da Ásia
Central, montadas em cavalos, frequentemente investiam contra os esta-
dos médio-orientais; a região da Grécia, hoje entendida como europeia,
fez parte da organização geopolítica do Oriente Médio, sendo amiúde
influenciada pelos acontecimentos políticos, econômicos e culturais que
lá ocorriam. Dessa feita, podemos perceber que estamos diante de uma
encruzilhada de gentes de todo o Velho Mundo, que desenvolveram as
mais variadas formas de contato, tais como conversão religiosa, conquis-
ta imperial, trocas comerciais e assim por diante, influxos mútuos que
edificaram as bases de um patrimônio compartilhado.
CAPÍTULO 2
IDADE DO BRONZE
Carga horária:
Até por volta de 10.000 AEC, existiam cerca de 10 milhões de seres hu-
manos no planeta inteiro. Já havíamos chegado a todos os quadrantes,
com exceção das massas polares e das ilhas mais afastadas. Éramos in-
variavelmente poucos, organizados em pequenos grupos, especializados
em meio ambiente específico, coletando determinados tipos de frutos
e bagas, movimentando-nos para outras paragens quando a safra ter-
minava; seguíamos rebanhos de animais selvagens, possivelmente co-
nhecíamos os períodos de desova de peixes, quando estes seguiam em
piracema rio acima; raras eram as comunidades que podiam dar-se ao
luxo de permanecerem no mesmo lugar o tempo todo. Essa existência
era profundamente integrada à natureza circundante, aos ritmos impos-
tos pelos elementos.
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CAPÍTULO 2
homem, a maior parte deles para a obtenção de proteína: o cão (Canis
lupus), oriundo da Ásia Central ou da Rússia, é a espécie mais próxima de
nós e, embora tenha sido utilizada também como alimento, sua função
primordial era ajudar na caça e na segurança das comunidades. Porcos
(Sus), cabras (Capra) e carneiros (Ovis), animais de pequeno porte e ma-
nejo simples, foram criados primeiramente no Oriente Médio. Os bois
(Bos) provêm da região do Mar Egeu e, ao mesmo tempo, da Índia, de
onde também vieram as galinhas (Gallus), enquanto do Egito e do Le-
vante criavam-se patos, gansos (Anser) e pombos (Columba). A caça e a
pesca continuaram existindo, mas o grosso da proteína consumida pe-
los agrupamentos humanos provinha dessas espécies e seus produtos, a
exemplo de leite e ovo.
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Outro local que chama a atenção para as mudanças que ocorreram nesse
período é Çatal Huyuk, nome turco atual de um povoamento a sul da
Anatólia, que pode ser vista abaixo numa reconstituição do professor
Maurizio Forte, da Durham University. Mais importante centro comer-
cial de sua época, em seu apogeu (c. 6500 AEC) abrigava entre 5000 e
10.000 habitantes, que viviam em sólidas moradias. Embora cercada por
campos férteis, seu florescimento deveu-se primordialmente ao comér-
cio, pois não era só um entreposto comercial, mas uma rica fonte de ob-
sidiana, vidro vulcânico extremamente afiado, que era empregado como
objeto cortante antes da invenção da metalurgia.
1Não confundir com a atual cidade de Jericó, fundada muito depois. A Jericó Neolítica é um assen-
tamento próximo à cidade de mesmo nome.
CAPÍTULO 2
Fonte: http://smartheritage.com/tartessos-awards/2009-awards
Fonte: https://blog.education.nationalgeographic.com/2014/01/15/explosive-evidence-
-for-the-worlds-oldest-map/
A metalurgia não foi uma criação divina, mas antes o acúmulo de milha-
res de anos de inovações tecnológicas e observação empírica. Um dos
primeiros alimentos cozidos foi o pão (c. 10500 AEC), que exigia estrutu-
ras de fornos; essas construções foram sendo adaptadas para outros fins,
em especial a cerâmica, que surge no Oriente Médio, em período muito
próximo, uma passagem que exigiu maior controle do calor das forna-
lhas; essa equação exigia o conhecimento tanto dos combustíveis quanto
da ação do ar (oxigênio) na manutenção das chamas. A observação da
natureza alertou espíritos atentos que determinadas rochas tornavam-se
líquidas quando submetidas a calor excessivo, por exemplo, de vulcões.
Por volta de 7500 AEC, este know-how acumulado permitiu-lhes atingir
a temperatura necessária (183º) para liquefazer algumas dessas pedras
e, concomitantemente, outros processos foram criados, da purificação
do material à descoberta das ligas: o cobre ligado ao estanho gerava o
16 bronze, mais resistente e cortante que os originais, uma descoberta que
mudou o rumo das populações médio-orientais de uma vez por todas.
CAPÍTULO 2
não só apresentavam alto crescimento vegetativo2 de suas populações
autóctones como também atraíam imigrantes e nômades. Alguns vinham
ameaçar as cidades, seus campos e comércio, mas a maioria se instalava
e contribuía para seu desenvolvimento. O Egito concentrava no vale do
Nilo gente oriunda de locais tão distantes quanto a Núbia e o Levante,
sendo palco de uma intensa troca cultural entre africanos e asiáticos.
Fonte: https://www.mirrorservice.org/sites/gutenberg.
18 org/5/2/6/6/52664/52664-h/52664-h.htm
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Standard_of_Ur_-_War.jpg
Essa imagem mostra uma das faces do Estandarte de Ur (2600 AEC), a
CAPÍTULO 2
caixa de ressonância de uma lira, e retrata a realidade da guerra entre os
sumerianos. As batalhas entre as cidades-estado eram uma constante:
os soldados eram armados com capacete, gibão de couro endurecido,
machado e adaga. Os carros de guerra eram puxados por quatro asnos,
e eram lançados sobre o exército inimigo, atropelando os combatentes.
Ao final, os derrotados eram sacrificados, e seus corpos deixados aos
animais carniceiros.
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Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Tableta_con_trillo.png
Fonte:https://en.wikipedia.org/wiki/File:Letter_
Luenna_Louvre_AO4238.jpg
Cerca de 2300 AEC, o chefe de uma dessas tribos, os acádios, reuniu to-
das as cidades-estado sob seu domínio, e adotou o título de Charrukénu,
rei legítimo – em português, Sargão. Seus descendentes permanecerão
no poder mais um século e meio, unificando não apenas a Suméria, mas
toda a Mesopotâmia, chegando até o Mar Mediterrâneo.
Ao fim do Império Acadiano, ocorreu nova fragmentação, um período
CAPÍTULO 2
conhecido como a Renascença Sumeriana. Nas últimas décadas do séc.
XVIII AEC, outra tribo semita, os amoritas, retomaram o ímpeto de unifi-
cação imperial e voltaram a reunir a Mesopotâmia sediados em sua capi-
tal, Babilônia, um período conhecido como Primeiro Império Babilônico.
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Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Milkau_
Oberer_Teil_der_Stele_mit_dem_Text_von_Ham-
murapis_Gesetzescode_369-2.png
CAPÍTULO 2
eira de Babilônia, Marduk, no ponto mais alto entre os deuses, um arran-
jo reafirmado a cada ano novo, quando o poema Enuma Elish (Quando
no Alto) era entoado, descrevendo a origem dos deuses e do universo,
na qual Marduk era o herói supremo.
julho e outubro era a estação da cheia, seguida pelo recesso das águas e
a semeadura (de novembro a fevereiro); por fim, vinha a época da colhei-
ta, de março até junho. A frase de Heródoto, “o Egito é uma dádiva do
Nilo”, ficou famosa, e com razão, mas este presente não significava pou-
co trabalho: a cada fim de temporada de enchente, as terras precisavam
ser novamente reorganizadas; o húmus, ser espalhado. Posteriormen-
te, com o crescimento populacional, serviços de irrigação precisaram
ser construídos para aumentar o terreno arável. Pescadores tiravam das
águas os peixes (os que seriam levados para lugares mais distantes pre-
cisavam ser salgados). Hortas de regadio produziam verduras, frutas e
legumes o ano todo. A vida dos habitantes de Kemet era qualquer coisa,
menos preguiçosa.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/
File:Narmer_Palette_smiting_side.jpg
CAPÍTULO 2
por possuir, inclusive, uma inscrição: entre as duas figuras com chifres
de touro, há um peixe-gato dentro de um símbolo para “palácio”, indi-
cando tratar-se do rei de nome Narmer (o termo egípcio para o animal
aquático). Essa fase de estabilização do estado unificado é chamada de
período Proto-dinástico (3150 - 2686 AEC).
3 O termo “faraó” para rei do Egito está popularizado e não é incorreto. Contudo, ele só será utiliza-
do muito tempo depois, no final do Novo Império. Desta forma, no momento optamos por manter
denominações gerais, como “rei” ou “monarca”.
CAPÍTULO 2
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cour_du_Heb_Sed.jpg
Fonte: https://ar.wikipedia.org/
wiki/%D9%85%D9%84%D9%81:Cheops_pyramid_01.jpg
CAPÍTULO 2
morada final.
Conhecida por nós como Núbia, era uma região contígua ao Egito; cul-
tural e etnicamente aparentadas, ambas populações viviam ao longo do
Nilo, só que os núbios mais ao sul, no último trecho montanhoso do rio
antes de chegar no Egito. Era uma região fértil, com vasta mão de obra,
ricas minas de ouro e contatos comerciais com a África subsaariana. A
dominação egípcia era de tal maneira importante que seguidos monarcas
mandaram construir fortes imensos ao longo do rio: um dos maiores,
Buhen, visto a seguir, ocupava uma área de 13.000m² e era virtualmente
inexpugnável.
CAPÍTULO 2
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Fonte: Franck Monnier, Les forteresses égyptiennes. Du Prédynastique au Nouvel Empire,
collection Connaissance de l’Égypte ancienne , Safran (éditions), Bruxelles, 2010, 978-2-
87457-033-9, http://www.safran.be/proddetail.php?prod=CEA11
CAPÍTULO 3
DA IDADE DO FERRO
Carga horária:
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CAPÍTULO 3
alimento no Egito, e Jacob disse aos seus filhos (...) Eis que escutei que
há alimento à venda no Egito; descei ali e comprai-os para nós, e vivere-
mos e não morreremos. E os 10 irmãos de José desceram pra comprar
trigo no Egito” (Gênesis, 42:1-3). Alguns desses asiáticos, chamados de
Hicsos pelos egípcios, chegaram a estabelecer um domínio na região do
Delta.
CAPÍTULO 3
nômica. Como vimos, as rotas comerciais estavam abertas desde milê-
nios, mas o contato entre os grandes estados se intensificou fortemente:
graças à documentação hitita e, especialmente, às egípcias encontradas,
sabemos que embaixadores dos diversos reinos visitavam frequente-
mente as cortes, oferecendo presentes reais, reafirmando ou estabele-
cendo alianças comercias. O Egito era, de longe, o estado mais abastado
e controlava não só os bens oriundos da África subsaariana, mas também
os incensos árabes, elemento de grande procura. Mesmo durante perío-
dos de guerra, o comércio não era interrompido de todo, mas os acordos
de paz tornavam os caminhos e as rotas navais mais seguras e confiáveis,
estimulando as trocas. Logo não eram apenas os grandes estados médio-
-orientais que se conectavam, mas também pequenas nações fora dessa
região: sabemos com certeza que Alashiya (o Chipre) e diversas cidades
micênicas (na região do mar Egeu) mantinham intenso comércio com o
Oriente imperial.
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2. As invasões dos Povos do Mar e o fim da Idade do
Bronze (séc. XII AEC)
O Egito, único país que, de alguma forma, resistiu às invasões, nos for-
neceu algumas das informações mais importantes sobre esse período
complexo: o faraó Ramsés III, vencedor das invasões, mandou registrar
em seu templo funerário que,
O grupo que veio por terra saiu atacando as cidades do Corredor Siro-
-Palestino, e chegou ao território egípcio por volta de 1178 AEC, quando
então foi derrotado. É interessante notar que muitos guerreiros foram
capturados, mas, além deles, os relevos no templo mostram pessoas
(inclusive mulheres e crianças) fugindo em carros de boi, demonstrando
CAPÍTULO 3
que refugiados também compunham essas ondas humanas, na busca
por novas áreas de assentamento e, certamente, se aproveitando do res-
to dos saques.
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Fonte: Gravura do séc. XIX mostra guerreiros sher-
den armados, conforme representados no templo
funerário do faraó Ramsés III. https://upload.wiki-
media.org/wikipedia/commons/d/d5/Relief_Sher-
den_Breasted_2.jpg
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CAPÍTULO 3
tepassadas pré-invasões; cada uma possuía total independência política
e instituições próprias, mas seus costumes religiosos e práticas econômi-
cas eram largamente comuns. Nos séculos que se seguiram, os gregos os
chamariam a todos de Phoenikés, os vermelhos (não há uma explicação
pacificada sobre a razão dessa denominação), donde vem nosso termo
atual, Fenícios. Eles recuperaram a estrutura da maioria das antigas pra-
ças fortes, reabriram rotas comerciais esquecidas havia décadas, e im-
plantaram as mais sofisticadas manufaturas do Oriente Médio. Dentre
todas as cidades, uma destacou-se, a maior de todas, Tiro, que assumiu
a proeminência por volta do séc. X AEC.
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Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hippos_2.
jpg?uselang=fr
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4 Imagine se em português, em vez de escrevermos BOLO, BOLA, BALA e BILE, escrevêssemos so-
mente BL: assim funcionava o primeiro alfabeto fenício, e assim funcionam os alfabetos semíticos,
como o hebraico e o árabe, até hoje. Somente o contexto no qual a palavra aparece poderá dizer
qual dos substantivos é o apropriado.
uma coleção de lendas, leis, poesia, profecias, filosofia e história escrita
CAPÍTULO 3
quase inteiramente em hebraico, com poucas passagens em aramaico,
que se tornou a língua usual do Oriente Médio depois de 6000 a.C.
essa coleção compreende 39 livros, divididos, a princípio, por assunto
ou por autor, ou, no caso dos mais longos, como Samuel 1 e 2, Reis 1 e
2, e Crônicas 1 e 2, pelo tamanho padrão dos rolos de papiro. A Bíblia
Hebraica é a principal escritura do judaísmo, a primeira parte do cânone
da cristandade e uma rica fonte de alusões e de ensinamentos éticos do
islã, transmitidos por meio do texto do Alcorão.” (Finkelstein, Silberman,
2003, p. 17).
Mas havia outro grupo, os assírios, povo semita que habitava a porção
mais ao norte de Mesopotâmia, uma região montanhosa, de agricultura
difícil e baixa produtividade econômica. Essa gente já fora citada em do-
cumentos acadianos e, frequentemente, organizava-se num reino unifica-
do que, após algum tempo, se esfacelava. Quando da chegada dos Povos
do Mar, haviam criado um império que conquistara a Babilônia e toda a
calha do Tigre e Eufrates, mandavam embaixadas à corte egípcia e repre-
sentavam a maior ameaça aos hititas. Inicialmente esse estado resistiu às
invasões, mas, possivelmente, a onda de refugiados desencadeada deve
ter provocado desestabilização e, embora jamais tenha sumido de todo,
o reino assírio reduziu-se apenas ao território em volta da capital, Assur.
Do século IX ao VIII AEC, contudo, o expansionismo assírio ressurgiu,
CAPÍTULO 3
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CAPÍTULO 3
seus ocupantes martelavam-nas com os aríetes, troncos de madeira com
ponta de ferro. Como esses muros não usavam argamassa (somente a
fricção e a força da gravidade que os mantinham em pé), a aplicação
dessa arma provocava, em tempo relativamente curto, o desabamento.
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Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Map_of_Assyria.png
CAPÍTULO 3
o Mar Negro até a Espanha. Quando as cidades fenícias foram domina-
das pelos assírios, seus descendentes, os cartagineses, tornaram-se um
império, reunindo as antigas colônias no Mediterrâneo Ocidental e am-
pliando-as: no séc. VII, seus navegadores estabeleceram contatos com
as Ilhas Britânicas e a costa africana até o Senegal, e o historiador grego
Heródoto chega a mencionar a circunavegação da África. Na esteira des-
se processo, povos como os etruscos e latinos, da Itália, e os celtas, da
Europa Ocidental, passaram a interagir econômica e culturalmente com
o Oriente Médio.
CAPÍTULO 3
não fossem alguns detalhes: herdeiro direto do padrão meda de gover-
no, instituiu uma administração provincial extremamente avançada para
a época; continuava havendo, e não deve restar dúvida a esse respeito,
a força como vetor principal – o exército persa era um dos maiores do
mundo e, assim, permaneceu durante séculos, mesmo após o fim dos
aquemênidas. Mas, contrariamente aos assírios, sua presença nas pro-
víncias não se baseava no terror, mas na obediência: as terras que acei-
tavam o Xá como seu regente eram pouco perturbadas, suas elites locais
permaneciam em seus postos, a população civil não era massacrada,
e os impostos eram calculados como porcentagem da produção anual,
respeitando flutuações de um ano para outro.
“Assim disse o Eterno a Seu ungido, a Ciro, cuja destra tenho forta-
lecido para que consiga submeter nações (...) Andarei à tua frente
e aplainarei os caminhos escarpados; destruirei portões de cobre e
partirei suas travas de ferro. Darei a ti tesouros escondidos, a rique-
za oculta em lugares secretos”.
O mais importante sucessor de Ciro foi Dario (521 - 486 AEC), um dos
maiores monarcas de todos os tempos. Nessa época, o império já era
a estrutura política mais extensa que o Velho Mundo conhecera, e as
tensões eram significativas, cabendo ao Xá desenvolver um conjunto de
reformas políticas e econômicas que tornaram possível a administração
de tão vastos territórios; estes foram divididos oficialmente em provín-
CAPÍTULO 3
FILMOGRAFIA
SITES
CAPÍTULO 3
Documentos:
Historiografia:
• SOUZA NETO, José Maria Gomes de; BUENO, André da Silva; BIR-
RO, Renan Marques (orgs). Antigas Leituras: Olhares do Presente ao
Passado. Rio de Janeiro: Autografia, 2016.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
• ARMSTRONG, Karen. A grande transformação – o mundo na épo-
ca de Buda, Confúcio e Jeremias. São Paulo: Companhia das Letras.
2008.
CAPÍTULO 3
ro: Record, 2000.