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Universidade Lúrio

Faculdade de Ciências Agrárias

Culturas Alimentares e
Industriais
Eng. Carlos Jairoce,MSc
Feijão vulgar

Phaseolus vulgaris L.
Origem e distribuição
• 2 maiores centros de origem sugeridos:
• Andiano - sul dos andes (Peru e Argentina) – Feijões de grão
grande e faseolina tipo T
• Mesoamericano – Originário da América central (México) - Feijões
de grão pequeno e faseolina tipo S.
• Cruzamentos entre espécies dos dois gene pools produz híbridos
ferteis
• Recentemente proposto um centro de domesticação adicional
localizado no Norte dos Andes – Colômbia - Feijões de grão
pequeno, com faseolina tipo B.
• Espécies silvestres crescem nestes locais a uma altitude de 500–
2000m.
• O feijão vulgar foi introduzido na Europa, África e Ásia pelos
Espanhois e Portugueses.
• Nas zonas tropicais produzido sobretudo nas áreas e estações
menos quentes, como planaltos e no inverno.
O que é Faseolina?
Principal proteína do feijão vulgar.

É responsável por cerca de 50% do N total retido na


semente.
Maiores produtores
• Mundo: India, Brasil, China, EUA e México

• África: Quénia, Etiópia, Uganda, Rwanda, Burundi,


Zaire, Tanzania, Malawi, Zambia, Zimbabwe e
Moçambique.
• Moçambique: 2 tipos de agro-ecologias
• Zonas altas no norte e centro (Niassa e Tete, 1300 –
1400m; Manica, 1200m).

• Sul: zonas baixas de Maputo e Gaza, na estação
fresca com rega.
Importância Económica do feijão vulgar

• Cultivado para obtenção de grão, vagem verde.

• Folhas e os rebentos novos usadas como


hortícolas em alguns trópicos e as restantes
partes da planta como forragem.

• Consumido em grão, é um alimento de grande


valor, sendo considerado o mais equilibrado de
todos os legumes.
Utilização
• Suplemento proteico à dieta rica em carbohidratos

• À semelhança das outras leguminosas é rico em lisina mas


pobre em amino-acidos de enxofre (metionina & Cysteina)
Valor nutritivo do Arroz e Feijão comparado com o Ovo (em mg/g
de aminoácidos essenciais).

Aminoácido Arroz Feijão Ovo % rel.ovo


Isoleucina 94 100 129 78
Leucina 188 201 172 117
Lisina 85 141 125 113
Aromáticos 281 273 195 122
Sulfurados 123 46 107 43
Triptofanos 79 113 99 115
Valina 121 115 141 82

 Teor de proteina no feijão situa-se em média entre 22 e 26%.


 Teor elevado de lisina, que exerce efeito complementar às proteinas dos cereais
 Deficiência de aminoácidos sulfurados (Cistina e Metionina, ambos essenciais para a
alimentação).
 Alto conteúdo de carboidratos e presença de vitaminas do complexo B.
 Fibra alimentar
 Rico em K, P, Fe, Ca, Cu, Zn, Mg e outros.
Limitantes para o uso do feijão vulgar
• Algumas variedades são flatulentes.

• Algumas literaturas indicam que a flatulância


pode ser removida através do mergulho
destes em água contendo soda por algumas
horas.
Market classes
• Tipo calima (Calima type): grande e vermelho raiado ex:
diacol calima, PVA 773; Andiano

• Tipo sugar (Sugar type): grande e creme raiado ex: Bonus,


Catarina; Andiano

• Vermelho (Red type): encarnado; Andiano

• Creme: manteiga; Andiano

• Small white: branco; meso-americano

• Black type: Ica pijão; meso-americano


Classificação Botânica
O feijoeiro vulgar pertence ao género Phaseolus

Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Sub-classe: Rosidae
Ordem: Fabales
Família: Leguminosa
Sub-família: Faboideae
Tribo: Phaseolae Benth
Sub-Tribo: Phaseolinae D.C.
Género: Phaseolus
Espécie: Phaseolus vulgaris L.

O F. Vulgar tem grande polimorfismo, principalmente nos caracteres:


hábito de crescimento, dimensão e cor da flor, cor e forma dos frutos e
sementes.

A planta é levemente pubescente.


Espécie: Phaseolus vulgaris L.
5 espécies cutivadas mas mais de 50 espécies de Phaseolus
foram reportadas nas Américas (Dedouck, 1991).

 Phaseolus vulgaris,
 Phaseolus polyanthus,
 Phaseolus coccineus,
 Phaseolus acutifolius e
 Phaseolus lunatus

Phaseolus vulgaris L. (Feijão vulgar): É a espécie de adaptação


ampla, e representa mais de 90% de todo Phaseolus cultivado no
mundo.
Aspectos morfológicos
• Raiz principal chega a alcançar rapidamente 1m de
profundidade
• Raizes laterais concentradas, principalmente na camada
superficial 15-20m
• Plantas erectas apresentam caule principal e ramos fortes,
com folhas trifoliadas
• Caules e folhas são um pouco pubescentes
• Flores pequenas, de cor que varia de branco a azul e
autopolinizadas.
• Comprimento de vagens:10-20cm erectas e curvadas
contendo 4-6 sementes; que variam de tamanho e cor
Descrição dos estádios de
crescimento
Fase Estádio Nome Descrição
no.
Vege- V0 Cotiledones próximo da superficie do solo.
tativa Parte da plântula visível.
V1 Emergência 2 folhas cotiledonares

V2 Vegetativa Primeira folha trifoliolada

V3 Vegetativa Terceira folha trifolialada


Descrição dos estádios de crescimento
(2)
Fase Estádio Nome Descrição
no.
Repro- R5 Primeiro botão Aparecimento do botao floral
dutiva floral
R6 Floração 50% das plantas em floracao

R7 Início da Inicio da formacao de vagens


vagem
R8 Vagem Desenvolvimento das vagens
completa
R9 Maturação Maturacao fisiologica
Germinação

Obtida com boa qualidade da semente. Semente


velha pode resultar na diminuição da
percentagem de germinação

A germinação processa-se em quatro fases


(figura 1).
1. Lançamento da radícula
2. Saída do epicótilo ou saída da terra
3. Abertura dos cotilédones e aparecimento
das folhas
4. Aparecimento das primeiras folhas.
A emergência é observada passados 5 a 8 dias se as condições form
apropriadas

Figura 1 – Diferentes fases de germinação para Phaseolus vulgaris L


Ciclo da cultura

60 -90 dias – Variedades erectas e semi-erectas

110 – 130 dias – Variedades trepadeiras


Hábito de Crescimento

Erecto Trepadeiro
Condições Edafoclimáticas
Temperatura, precipitação e a radiação solar são os mais
importantes.

O feijão é insensível ao fotoperiodo

Temperatura: determina o vingamento das vagens. Altas


temperaturas prejudicam a floração e frutificação.

Temperaturas baixas provocam aborto de flores, e por conseguinte


redução do rendimento

Alta temperatura acompanhada de baixa humidade relativa do ar e


ventos fortes reduzem o pegamento e retenção de vagens.
Adaptação edafo-climática
Suscetível à deficiência hídrica durante a floração e iniciação das
vagens.

O período crítico inicia 15 dias antes da floração. O déficite hídrico


nesta fase causa a queda do rendimento devido à redução do
número de vagens por planta e diminuição do número de sementes
por vagem.

Solos de baixa drenagem não recomendados; solos recomendados


ligeiros ou médios com boa drenagem.
Adaptação edafo-climática
• Tº ideal: 16 – 24ºC, diminuindo com o ciclo.

• Produz-se em todos trópicos menos quentes (fora das


semi-áridas e das zonas húmidas de baixa altitude)

• Não tolera geadas

• Tº de 20-32ºC durante a floração provocam a queda


dos botões e das flores reduzindo o rendimento.
Adaptação edafo-climática
• Precipitação: 300-600mm durante o ciclo.

• Menos tolerante ao stress que o nhemba.

• Precipitação necessária durante a floração e


formação de vagens.

• Período seco necessário para a colheita,


secagem e debulha.
Adaptação edafo-climática)
• Na África oriental é adaptado às altitudes

• Médias de 900 – 2100m, mas muitas vezes é encontrado


até 2700m em regiões do Quénia.

• Sucesso na sua produção é alcançado em solos bem


drenados com uma textura média

• Profundidade mínima 1metro.

• Não tolera acidez e salinidade.


Variedades
• Principais tipos de variedades: erectas e
trepadeiras.
• Tipos erectos:
Ciclo curto,
Plantas pequenas com altura de 20-60cm,
Inflorescências laterais e terminais
Crescimento determinado
Variedades (cont.)
• Variedades trepadeiras:
• Indeterminadas
• Altura:2-3m se forem suportados para o
crescimento.
• Dentre eles existem os sensíveis e insensíveis
ao fotoperíodo

Variedades (cont.)
• Produção comercial: as variedades erectas são
preferidas pq. Tem maturação uniforme o que
facilita a colheita mecanizada
• Tem rendimento baixo comparados com as
trepadeiras
Adubação
Estrume usado em caso de disponibilidade e
recomenda-se incorporar no solo 30-40 dias antes.

NPK necessário nesta cultura em função da análise de


solos; 1∕2 de N + Total de P e K devem ser aplicados
antes da sementeira. Outra 1∕2 de N aplicado por
cobertura antes da floração.

Recomenda-se a aplicação foliar do Mo.

A adubação básica, pré-plantio, deve ser feita a uma


profundidade de 10-15 cm. E a sementeira a 5 cm.
Colheita

A colheita do feijão pode ser feita:

Manualmente: plantas após arranque são postas a secar no solo


com raízes para cima

Semi mecanizada: arranque manual ou automotriz.

Mecanizada: arranque e debulha com máquina colhedora-


trilhadeira.

Melhor colher o feijão pela manhã e em horas frescas.

Normalmente o feijão é colhido com 18% de humidade.


Armazenamento
Para o armazenamento a curto prazo a humidade do
feijão deve estar em 14-15%;

Para armazenamento a longo prazo a humidade deve


ser por volta de 11%.

O ambiente para armazenamento deve ficar seco, fresco


e escuro e sem flutuação de humidade;

Os locais de armazenamento devem estar


rigorosamente limpos (livres de resíduos de colheitas
anteriores) e os grãos tratados com produtos
apropriados (fumigação e proteção).
Feijão Vulgar em
Moçambique
Principais Regiões Produtoras
Zona Sul: em condições de irrigação nas zonas baixas, a
partir de Março/Abril
Vale do rio Umbeluzi
Vale do rio Limpopo

Zona Centro: Sussundenga e Angónia, a partir de


Abril/Maio

Noroeste: Planaltos de Lichinga e Sanga, Planaltos de


Gurue e Alto Molocue, Terras altas de Malema
Sementeiras em Março.
Sistemas de cultivos e densidade de sementeira
Dois sistemas: Cultivo puro e consonciado.

Cultivo Puro:
50 x (6-8) cm
40 x (8-10)cm

Compasso de 40 x 40 cm com 2-3 sementes por covacho tem sido


observados.

Com esses compassos alcança-se a população de 200 mil a 240 mil


plantas por hectare.

Cultivo consonciado:
Consociado, principalmente com o milho.
Milho: 1 x0.25 cm
Feijão: semeado entre as linhas do milho com 10 cm entre plantas (10
planta/m)
Principais factores Limitantes de Produção
1.Padrão irregular das chuvas.

2.Pragas, doenças e infestantes.

3.Falta de semente de boa qualidade.

4.Cultivo de variedades locais não melhoradas.

5.Baixa fertilidade do solo.

6.Falta de oportunidade de comercialização.

7.Falta de implementos adequados e limitada força de trabalho.

8.Falta de pessoal técnico e de extensão


Variedades produzidas em Moç.
• 1) Variedades determinadas
• 2) Variedades indeterminadas
• 3) Variedades trepadeiras
Variedades determinadas
• Maior parte das variedades cultivadas em Moç;
feijão manteiga, encarnado, cor de vinho, branco,
raiado.

• Geral. plantas com flores brancas, precoces, grão


grande (40-55g/100 sementes) incluem feijão
manteiga, encarnado e raiado) e médio (29g/100
sementes) feijão cor de vinho e branco.

• Distinguem-se dentro deste grupo muitas


variedades com um nome local.
Varidades indeterminadas
• Variedadaes locais de feijão vulgar e outras,
geralmente misturadas com as erectas
determinadas.

• Flores roxas, grão de varias cores e


tamanhos

• Neste grupo encontram-se as variedades


introduzidas do Brasil
Variedades trepadeiras
• Geralmente destinadas à produção de vagem
verde na estação chuvosa

• Também usadas para o grão e geralmente


consociadas com milho quando está próximo
a maturação
Variedades cultivadas em Moç
 Diacol calima: Centro do país
 Bonus: Sul mas esta adaptado
a todo o pais
 Ica pijao: tolerante a ferrugem
 Manteiga: Centro e Norte; baixo
rendimento
 Enselene
 Encarnado
 Magnu
 PVA 773
 Catarina: centro do país
 Feijão branco: Branco e raiado;
norte, doutor
 Vagem verde: contenda é a
variedade mais usada
Pragas do feijão vulgar
 Mosca do feijão: bean fly (Ophiomyia phaseoli &
Ophiomyia spencerella; fase vegetativa

 Mosca branca; fase vegetativa

 Besouro da folha; fase vegetativa

 Nematodos; principalmente em solos leves; todas


as fazes de desenvolvimento

 Thrips da flor; floração

 Gorgulho do grão no armazem; armazenamento


Métodos de controle

Quando o ataque for severo algumas medidas de


controle são recomendadas como:

 Uniformidade da época do sementeira,


 Rotação de culturas,
 Destruição dos restos da cultura,
 Uso de variedades resistentes,
 Controle químico.

O controle químico só é recomendado caso se alcance


o nível económico do dano.
Doenças do Feijão vulgar
Antracnose ou pinta-preta, a mais grave do feijão, transmitida através
da semente. Grande problema no norte; no Sul pode ser mitigado pela
sementeira no cedo; Março e Abril.

Controle:
 Rotação de culturas; dado que o agente pode ficar mais de 2
anos no solo ou nos restos de cultura
 Sementeira no cedo (Março- Abril) no sul minimiza o problema
 Uso de variedades resistentes como carioca

bacteriose – seus sintomas são manchas arredondadas que


aparecem nas folhas e em cujo centro a folha fica seca. Temperaturas
elevadas e humidade concorrem para o aparecimento e evolução
dessa doença.

Controle:
Rotação de culturas e variedades resistentes (não muito importante)
Doenças do Feijão vulgar
• Ferrugem – manchas amarelas que depois tornam-se vermelho-ferrugem. As
temperaturas elevadas, de cerca de 25 ºC e muita humidade do ar favorecem o
desenvolvimento da doença.

• Controle:
 Variedades resistentes (Ica pijão); melhor estratégia
 Rotação de culturas
 Aplicação de fungicidas, são as medidas para combatê-la; controla-se com
mancozeb

• Podridão do pé; maior com excesso de humidade

• Viroses
• Mosaico comum do feijão (Common bean mosaic): predominante em Moçambique;
mosaico dourado e anão.
• Controle:
– Rotação de culturas,
– Variedades resistentes
– Aplicação de insecticidas contra os vectores (mosca branca e outros)
CONTROLE DE BACTÉRIAS
• Pulverização química

• Evitar a irrigação com excesso.

• Evitar plantio em lugares frios e húmidos.

• Uso de cultivares resistentes.

• Escolher um solo com boa drenagem.

• Uso de fungicidas cúpricos

• Rotação de culturas
Controle de Viroses
 Usar sementes sã proveniente de campos livres de
viroses.

 Controle de insetos vectores

 Eliminar as plantas com sintomas de viroses.


 Manter o campo livre de infestantes para evitar a
proliferação de vectores.

 No fim da campanha erradicar as plantações velhas ,


assim como plantas isoladas.
MOSAICO COMUM
Agentes causais: vírus (BCMV)
MOSAICO DOURADO

Agentes causais: vírus (BCMV)


CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM-
Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli
ANTRACNOSE

Fungo Colletotrichum lindemuthianum


MANCHA ANGULAR

Fungo Isariopsis griseola


FERRUGEM

Agentes causal:
Fungo Uromyces phaseoli

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