Você está na página 1de 115

FITOTECNIA 1

Curso Técnico em Agropecuária - Módulo Específico I

Victor de Souza Almeida


Engenheiro Agrônomo – D.Sc. em Fitotecnia
Sumário
• Introdução.
• Importância Econômica
• Morfologia Vegetal
• Cultivares.
• Solo e Clima
• Práticas culturais: época, espaçamentos e
densidade de plantio.
LITERATURA BASE
Introdução

O milho tem se destacado devido a:

• Múltiplas formas de uso


• Humana (≈30%)
• Animal (≈70%)
• Matéria prima para as agroindústrias
(amido, adoçante, óleo, etanol,...)

• Segundo cereal mais consumido no mundo (1º Trigo)

• Produção
• Brasil é o 3º (EUA e CHINA)
Produção de Milho em Mato Grosso do Sul (t)
Área de Milho Cultivada em Mato Grosso do Sul (ha)
Valor da Produção de Milho em Mato Grosso do Sul (R$
x 1000)
Rendimento Médio de Milho em Mato Grosso do Sul
(Kg/ha)
Ranking da Produção de Milho no Brasil (t)
Ranking da Produtividade de Milho no Brasil (Kg/ha)
Valor da Produção de Milho no Brasil (R$ x 1000)
MORFOLOGIA VEGETAL
Classificação Botânica
Divisão: Magnoliophyta

Classe: Liliopsida

Ordem: Poales

Família: Poaceae

Sub-Família: Panicoideae

Tribo: Maydeae

Gênero: Zea

Espécie: Zea mays


Raiz:

Raízes adventícias
Caule:

Colmo ereto

Atinge até 2 m

Não ramificado

Serve como órgão de reserva


Folhas:

Estreitas

Comprimento maior que largura


Ângulo de Inserção Foliar
Planta Monóica

Estrutura masculina e feminina na mesma planta, separados


em inflorescências diferentes
Inflorescência Masculina – Pendão

Espiguetas: 300
Grãos de pólen: 2 a 5 milhões
Deiscência das anteras e liberação de
pólen
Duração média: 5 a 8 dias
Máxima liberação: 3 dia
Dispersão: nas primeiras horas do dia
Inflorescência Feminina

Estilo-estigma – barba: 500 a 1000


óvulos
Emergência – 3 a 5 dias após o
pendão
Receptividade: 2 semanas
Fertilização: 15 a 36 horas após a
polinização
ESCALA FENOLÓGICA
Vegetativo Reprodutivo
Ve emergência R1 Embonecamento
1ª folha
V1 R2 Bolha d'água
desenvolvida
2ª folha
V2 R3 Leitoso
desenvolvida
3ª folha
V3 R4 Pastoso
desenvolvida
4ª folha Formação do
V4 R5
desenvolvida dente
nº folha Maturidade
V(n) R6
desenvolvida fisiológica
VT pendoamento
VE - Emergência

O ponto de crescimento da planta está localizado


entre 2,5 a 4,0 cm abaixo da superfície do solo
V3 – 3ª Folha Desenvolvida

Todas as folhas e espigas que a planta eventualmente


irá produzir estão sendo formadas. Definição da
produção potencial nesse estádio.
V5 – Cinco Folha Desenvolvida

Disponibilidade de água nesse estádio é fundamental

O controle de plantas daninhas nessa fase é fundamental


para reduzir competição por luz, água e nutrientes
V6 – Seis Folhas Definitivas

Colmo iniciando alongação acelerada

O sistema radicular fasciculado em pleno crescimento


V8 – Oito Folhas Definitivas

Estresse hídrico nessa fase pode afetar o comprimento


de internódios

V6 até estádio V8 (conhecida como fase do cartucho")-


ataque da lagartado-cartucho ( Spodoptera frugiperda )

V6-V8: Aplicada a adubação nitrogenada em cobertura


V12 – Doze Folhas Definitivas

Grãos em potencial em cada espiga são definidos

Período mais crítico para a produção, o qual estende-se até


a polinização.

Planta atinge cerca de 85% a 90% da área foliar

Início de desenvolvimento das raízes adventícias


("esporões")
V18 – Dezoito Folhas Definitivas

Observa que os "cabelos" ou estilos-estigmas dos óvulos


basais alongam-se primeiro em relação aos "cabelos" dos
óvulos da extremidade da espiga

Raízes aéreas, oriundas dos nós acima do solo

O milho encontra-se a uma semana do florescimento e o


desenvolvimento da espiga continua em ritmo acelerado.
VT – Pendoamento

Pendão está completamente visível

Inflorescência masculina antecede de 2 a


4 dias a exposição dos estilos-estigmas

Pendão libera- 2,5 milhões de grãos de


pólen durante 2 semanas
R1 – Embonecamento

Estilos-estigmas estão visíveis, para fora das espigas

O grão de pólen em contato com o "cabelo", demora


24 h para percorrer o tubo polínico e fertilizar o óvulo
R2 – Grãos Bolha d’água

O endosperma com coloração clara (conteúdo é


basicamente um fluido)

Acumulação de amido inicia-se nesse estádio

N e P continuam sendo absorvidos

A umidade é de 85% nos grãos


R3 – Grão Leitoso

Os grãos possuem rápida acumulação de matéria seca

80% de umidade

O grão com aparência amarela e, no seu interior, um


fluido de cor leitosa

Fase de colheita (milho verde)


R4 – Grão Pastoso

70% de umidade
Acumulo da metade do peso
Grãos passa de um estado leitoso para uma consistência
pastosa
Estruturas embriônicas totalmente desenvolvidas
Deposição de amido
Verificação no campo: grãos consistentes após pressão
com os dedos
R5 – Formação de Dente

Aparecimento de uma concavidade na parte superior


do grão, comumente designada de "dente“

Milho para silagem devem ser colhidos nesse estádio,


pois as plantas apresentam em torno de 33 a 37% de
matéria seca
R6 – Maturidade Fisiológica

30 a 38% de umidade
Os grãos na espiga alcançam o máximo peso seco e vigor
A linha do amido avançou até a espiga e a camada preta já
foi formada
Paralisação total do acúmulo de matéria seca nos grãos
Início do processo de senescência natural das folhas das
plantas
Exigências Climáticas do Milho
Temperatura

• Temperatura do solo menor que 10 ºC e maior que


42 ºC prejudicam a germinação (ideal 25 a 30 ºC)

• Florescimento à maturação: temperaturas maiores


que 26 ºC aceleram e menores que 15,5 ºC
retardam essa fase

• Formação de grão: temperaturas acima de 35-37


ºC reduz a composição protéica do grão

• Temperaturas noturnas acima de 24 ºC reduzem a


produção e o ciclo
Precipitação

• 400 a 600 mm com consumo diário de 4 a 6 mm

Fase crítica: pendoamento e enchimento de grãos

Planta intolerante a enxarcamento


Radiação Solar

Fase crítica: próximo ao pendoamento


Cultivares
Híbridos x Variedades
Resistencia Doenças AA x aa Produtividade

Aa
Resistente e Produtivo

Híbrido Simples (AA x aa) – Maior potencial produtivo (áreas


de maior tecnologia)

Híbrido Triplo (Aa x aa) – Média a alta tecnologia

Híbrido Duplo (Aa x Aa) – Média tecnologia

Variedade – Possui certa variabilidade, mas com


características genéticas comuns
Transgênicos

Maioria dos híbridos atuais

VT PRO®, Herculex l ®, YieldGard ®, Agrisure TL ®, Viptera


® - plantas com resistência a lagartas

Roundup Ready ® - plantas resistentes a glifosato

Liberty Link ® - plantas tolerantes ao herbicida glufosinato


de amônio

Viptera 3 – resistente a lagarta e glifosato


Ciclo

Super precoce – Florescem até 60 dias após a emergência

Precoce – Florescem aos 60-70 dias após a emergência

Normal – Florescem aos 70-80 dias após a emergência


Objetivo da Produção

Milho Grão

Milho Verde
Longo período de colheita e pós colheita

Milho Silagem
Alta produção de massa verde
Alta porcentagem de grãos na forragem
Boa digestibilidade da parte fibrosa
Plantabilidade
Plantabilidade

Distribuir as sementes e fertilizantes uniformemente ao logo


do sulco, na quantidade indicada e na profundidade correta
Plantabilidade
Plantabilidade

5 segredos do plantio de sucesso

Semente

Semeadora

Velocidade de Plantio

Solo

Cobertura do Solo
Plantabilidade

Semente

Alto vigor e germinação para garantir bom estande inicial

Maior arranque inicial


Plantabilidade

Semeadora

Regular corretamente a máquina

Quantidade de semente e adubo por linha


Plantabilidade

Velocidade de Plantio

Semeadora mecânica – velocidade menor

Semeadora pneumática – velocidade maior

Aumenta a velocidade de plantio, aumenta a rotação do


disco e a chance de ter falha e dupla.

Maior velocidade - maior abertura o sulco, pior corte da palha


Plantabilidade

Exemplo:

Velocidade de plantio = 12 km/h = 3,33 metros/segundo

Densidade de sementes = 10 sementes/metro

10 sementes x 3,33 metros/s = 33 sementes por segundo


Plantabilidade

Solo

Alta Umidade – Embuxamento

Baixa Umidade – Falha na germinação


Plantabilidade

Cobertura do Solo

Dessecação antecipada – palhada seca

Planta e desseca
Cuidados na Semeadura

Mecanismos da semeadora (dosador, limitador de


profundidade, compactador de sulco)

Velocidade de operação (4 a 6 km/h)

Profundidade (3 a 5 cm)

Posição semente/adubo (adubo não pode ficar em


contato com a semente)
Práticas Culturais
Época de Plantio

Cedo: Setembro
Normal: Out/Nov
Tardio: Dezembro
Safrinha: Fev/Mar

Milho está no campo todo o ano agrícola


População de Plantas

40 a 80 mil plantas/ha

Densidade plantio

Número e peso médio de espigas por planta

Diâmetro do colmo
Espaçamento Reduzido

Melhor distribuição das plantas na área


Exercício

Pretende-se plantar milho com uma população de


plantas de 60 mil plantas por hectare no espaçamento
de 0,9 m entre ruas.

Considerando o poder germinativo da semente de 90%,


quantas sementes serão necessárias por metro de linha
e qual o gasto por hectare?
Nutrição Mineral
Nutrição Mineral

Sintomas de Deficiência

Deficiência de Nitrogênio
Deficiência de Potássio
Deficiência de Fósforo
Deficiência de Cálcio
Deficiência de Magnésio
Deficiência de Enxofre
Critérios para Interpretação da Análise de Solo
Milho Grão

Milho Silagem
• Fazer a adubação nitrogenada em cobertura, no solo ou via água de irrigação, quando as
plantas apresentarem de seis a oito folhas bem desenvolvidas. Para os plantios em
sucessão e, ou, em rotação com soja, deduzir 20 kg/ha de N da recomendação de
adubação em cobertura. No plantio direto, recomenda-se aumentar a adubação
nitrogenada de plantio para 30 kg/ha de N. Em solos arenosos, a adubação nitrogenada
deve ser parcelada em duas aplicações, com seis e com dez folhas. Quando o fertilizante
nitrogenado for a uréia, esta deve ser incorporada a uma profundidade de cerca de 5 cm
ou via água de irrigação

• Quando o solo for arenoso ou a recomendação de adubação potássica exceder 80 kg/ha


de K2O, deve-se aplicar metade da dose no plantio e metade junto com a cobertura
nitrogenada.

• Nos solos deficientes em zinco, aplicar de 1 a 2 kg/ha de Zn.

• Aplicar, no plantio ou em cobertura, 30 kg/ha de S, quando se utilizarem adubos


concentrados.
Pragas

Pragas Iniciais

Lagarta Rosca (Agrotis ipsilon) Lagarta Elasmo ou Broca-do-Colo


(Elasmopalpus lignosellus)
Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Baculovirus spodoptera – Macerado de 10 lagartas em 600 mL de água ou 50g
do produto comercial em 250 a 300 L de água/ha;

Obs: Aplicar quando as lagarta estiver com no máximo 1,5 cm, aplicação com bico
leque e no final da tarde ou anoite.
Cigarrinha do milho
(Dalbulus maidis)
Curuquerê dos capinzais
(Mocis latipes)
Lagarta da espiga
(Helicoverpa zea)
Percevejo Barriga Verde (Dichelops spp.)
Doenças

Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)

Disseminação ocorre pelo vento e respingos de chuva

Condições favoráveis: 22 a 30ºC, períodos prolongados de


orvalho e neblina

Agente causal pode sobreviver nos restos da cultura


Lesões cloróticas ou necróticas de cor palha ou cinza, com
extremidade retangular e limitadas pelas nervuras
secundárias
Controle

• Cultivares resistentes
• Rotação de cultura (soja, sorgo, girassol e algodão)
• Evitar o plantio sucessivo de milho na mesma área
• Incorporação de restos culturais ao solo
• Evitar alta densidade de plantio
• Controle químico
Mancha Branca (Phaeosphaeria maydis)

• Atualmente, uma das principais doenças da cultura do milho


no Brasil e está presente em praticamente todas as regiões

• As perdas na produção podem ser superiores a 60%

• Os sintomas iniciais da doença são lesões foliares com


aspecto de encharcamento

• Estas lesões tornam-se necróticas e com coloração palha são


encontradas dispersas no limbo foliar

• Iniciam-se na ponta da folha e progridem para a base

• A doença é favorecida por temperaturas noturnas amenas e


elevada umidade relativa do ar (>60%) e precipitação
Ferrugem Polisora (Puccinia polysora)
Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae)
Helmintosporiose
(Exserohilum turcicum)
Enfezamentos

Doença sistêmica

•Considerados importantes em razão de perdas elevadas na


produtividade e por sua ampla ocorrência

•Plantios tardios e de safrinha contribuem para o aumento da


incidência e das perdas

•Aumento da população do inseto-vetor nessa época

•Transmissão realizada de forma persistente-propagativa pela


cigarrinha Dalbulus maidis
Enfezamento Pálido
Spiroplasma kunkelii
Enfezamento Vermelho
Controle

• O controle do vetor pode ser realizado por alguns inseticidas em


tratamento de sementes ou pulverização

• Uso de cultivares resistentes, adequação da época de plantio

• Evitar plantios consecutivos e eliminar plantas voluntárias

• Combinação de diferentes híbridos para minimizar possíveis prejuízos


causados pela doença

• Evitar a adaptação do patógeno a um híbrido específico


Colheita e Armazenamento

• Milho pronto para ser colhido a partir da maturação fisiológica


do grão
• Momento que 50% das sementes na espiga apresentam
mancha preta no ponto de inserção destas como sabugo
Se não houver a necessidade de antecipação da colheita, esta
deve ser iniciada quando o teor de umidade estiver na faixa
entre 18 a 20%.

A secagem natural do milho no campo traz benefícios, uma


vez que economiza energia, mas, à medida que o milho seca,
aumenta as plantas daninhas.

Este fato traz inúmeros problemas para a operação de


colheita mecânica, por exemplo o embuchamento das
colhedoras

Você também pode gostar