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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

Centro de Ciências Rurais


Curso de Agronomia
Departamento de Fitotecnia

A cultura do Algodão
(Gossypium hirsutum L.)

Prof. Lucio Zabot

Santa Maria, Novembro de 2007


H istórico:
- O algodoeiro é conhecido desde 8 mil anos
A. C..

- A Índia é tida como centro de origem do


algodoeiro.

- Indígenas transformavam o algodão em


fios e tecidos na época do descobrimento do
Brasil.
A -
lgodão no mundo:
Produção de algodão em pluma
(2005/2006): 24.700 mil toneladas.

- Maiores produtores mundiais: China,


Estados Unidos, Índia e Brasil.
A lgodão no Brasil:
- Maiores produtores nacionais (2005):

- Mato Grosso (54,36%).

- Goiás (13,17%).

- São Paulo (6,97%).

- Mato Grosso do Sul (6,94%).

- Minas Gerais (3,99%).

- Paraná (3,65%).

- Maior produtividade:
- Mato Grosso (2.471kg/ha).
A lgodão no Brasil:
- Principais regiões produtoras:

- Centro-Oeste (74,47%).

- Sudoeste (10,96%).

- Nordeste (10,92%).

- Sul (3,65%).
A lgodão no Brasil:
I mportância:
- 81 países cultivam o algodoeiro,
economicamente liderados pela China, E.U.A. e
Índia.

- No Brasil, estima-se que a demanda


aumentará das atuais 900 mil toneladas/ano para
1.200 mil toneladas/ano.

- US$25 bilhões/ano investidos na cadeia.

- 4% do PIB nacional e 13,5% do PIB


industrial.

(TÊXTIL, 2004).
I
mportância:
P
reços praticados:
C
usto médio de produção:
U so do algodoeiro:
- Aproveitamento:

- Fibra (35% do peso da produção).

- Caroço (65%).

- O caroço (semente):

- Rico em óleo (18-25%).

- 20-25% de proteína bruta.

- O óleo é refinado e destinado à


alimentação humana e fabricação de margarina e
sabões.
Descrição botânica:
- Família:

- Malvaceae.

- Nome cientifico:

- Gossypium hirsutum L.
S
ementes:
P lântulas:
D escrição botânica:
- Característica da planta:

- Ereta, anual ou perene.

- Raiz principal cônica, pivotante,


profunda e com pequeno número de raízes
secundárias grossas e superficiais.
R aízes:
P
orte ereto:
D escrição botânica:
- Caule:

- Herbáceo ou lenhoso.

- Altura variável.

- Ramos vegetativos:

- 4 a 5 intra-axilares, na parte
de inferior.

- Ramos frutíferos:

- Extra-axilares, na parte
superior).
D escrição botânica:
- Folhas:

- Pecioladas.

- Cordiformes.

- Consistência coriácea ou não.

- Inteiras ou recortadas (3 a 9
lóbulos).
F
olha:
C
obertura do solo:
D escrição botânica:
- Flores:

- Hermafroditas.

- Axilares.

- Isoladas ou não.

- Cor creme nas recém-abertas (que


passam a rósea e purpúreo).

- Com ou sem mancha purpúrea na


base interna.

- Abertura: a cada 3-6 dias.


C
oloração da flor:
C
oloração da flor:
C
oloração da flor:
D escrição botânica:
- Frutos:

- “Maçãs“, quando verdes.

- “Capulhos“, após a abertura.

- Cápsulas de deiscência (abertura)


longitudinal.

- 3 a 5 lojas cada uma, encerrando 6


a 10 sementes.
M
açã e capulho:
Descrição botânica:
- Características comerciais da fibra:

- Comprimento.

- Finura.

- Maturidade.

- Resistência.
D escrição botânica:
- Cultivares diferenciam-se quanto ao:

- Tamanho da fibra:

- Curta, média e longa.

- Ciclo:

- Curto (120-150 dias) ou ciclo


longo (150-180 dias).

- Porte:

- Alto ou baixo.
F
enologia:
C ondição de clima e solo:
- É uma planta de clima tropical.

- Exige:

- Umidade no solo para germinação,


início do desenvolvimento plantular e o período
entre a formação dos primeiros botões florais ao
início da abertura dos frutos (35 a 120 dias do
ciclo de vida).

- Condição ideal de desenvolvimento: muito


calor, muita luminosidade e umidade regular no
solo.
C ondição de clima e solo:
- Solos:

- Profundos, porosos, bem drenados


e de textura média.

- Faixa de pH entre 5,5 e 6,5.

- Declividade: inferior a 10%.

- Altitude: inferior a 1.500m.

- Extremamente exigente em
oxigênio no solo.
N utrição da planta:
- NITROGÊNIO:

- É o elemento que o algodoeiro retira


em MAIOR proporção do solo.

- Promove:

- Desenvolvimento da planta,
INCLUSIVE na floração.

- Comprimento e resistência à
fibra.
N utrição da planta:
- FÓSFORO:

- Concentra-se principalmente nas


folhas e frutos.

- É responsável:

- Pela boa polinização.

- Frutificação, maturação e
abertura dos frutos.

- Formação e crescimento de
raízes.
N utrição da planta:
- POTÁSSIO:

- Participa direta ou indiretamente na


fotossíntese e respiração, e no transporte de
fotoassimilados na planta.

- Aumenta:

- Tamanho das maçãs.

- Peso do capulho e sementes.

- Qualidade das fibras do


algodão.
A dubação:
- NITROGÊNIO:

- Base + Cobertura.

- Cobertura:

- Parcelada em 2 ou 3 vezes.

- Até 40 dias após a


emergência;
A dubação:
- FÓSFORO:

- Altamente exigente entre 30 e 50


DAE;

- POTÁSSIO:

- Exigente entre 30 e 50 DAE e


entorno de 90 DAE.

- OBS.:

- Em concordância com ROLAS e


histórico das áreas.
A spectos nutricionais:

Bonini, 2006
E
xtração de fósforo:
P reparo do solo:
- Eliminação total da “soca”.

- Restos da planta colhida, o mais


rapidamente possível, por incorporação ou
quimicamente.

- Recomenda-se a utilização de
grades leves (até 2 gradagens) e incorporação
com arado (preferencialmente “aiveca”).

- Portaria da Ministério da Agricultura


(n.º 75 de 16 de junho de 1993, n.º 77 de 23 de
junho de 1993 e n.º 116 de 16 de junho de 1994).
P
reparo do solo:

Oliveira, 2006
P reparo do solo:

Oliveira, 2006
P
reparo do solo:
P
reparo do solo:
P
reparo do solo:
P
reparo do solo:
P
reparo do solo:
S
emeadura:
- População de plantas:
- 200.000 a 320.000 plt/ha.

- Espaçamento:
- 0,75 m entre linhas.

- Profundidade:
- 5 a 6 cm.

- Época:
- Março/Abril.
S
emeadura:
C ultivares:
- Características de uma boa cultivar:

- Produtividade elevada (200 a 300


arrobas/ha).

- Alto rendimento de fibras (38 a


41%).

- Ciclo normal a longo (150 a 180


dias de ciclo).

- Maturidade acima de 82%.

- Teor de fibras curtas inferior a 7%.

- Comprimento de fibras acima de


28,5 mm.
C
ultivares:
- Algumas cultivares da Embrapa:

- CNPA ITA 90.

- CNPA ITA 92.

- BRS ITA 96.

- CNPA ITA 97.

- BRS ANTARES.

- BRS FACUAL.

- BRS AROEIRA.

- BRS IPÊ.
C
ultivares:
P
esquisas recentes:
- IAC (2006):
- Semeadura adensada:
- 0,75 m.
- 0,60 m.
- 0,45 m.
- 0,30 m.

- 0,75 m:
- Colhedora com esse espaçamento.

- Espaçamentos menores, como proposta.


Q uais as vantagens?
- 0,30 m:

- Maior produtividade.

- Maior cobertura do solo.

- Maior IAF (30 DAE já cobriu o solo).

- Melhor conservação de umidade no


solo.
O s dados encontrados:
- Semeadura adensada (7 plt/m):
- 0,30 m versus 0,75 m:
- Aumento de 22% no rendimento.

- 0,30 m versus 0,60 m:


- Aumento de 16% no rendimento.

- Inserção do primeiro ramo frutífero:


- 0,75 = 15 cm.
- 0,30 = 30 cm.
- Não suja a fibra e melhora a qualidade do
produto.
C omo isso seria possível?
- PLANTAS CLUSTERS:

- Capulho próximo a haste principal.

- Forma cilíndrica.

- PLANTAS NORMAIS:

- Capulho na extremidade dos ramos.

- Forma piramidal.

- OBS.:

- Que caminho está seguindo o


melhoramento de plantas?
A rquitetura de planta:
P ráticas culturais:
- Adubação.

- Controle de plantas invasoras:


- Período crítico de competição: dos
15 aos 56 DAE (anexo).

- Manejo da irrigação.

- Aplicação de fitorreguladores.
C ontrole de invasoras:
- Vários produtos registrados.

- Alachlor, Alachlor+Trifluralin,
Amônio – Glufosinato, Clethodim, Clomazone,
Cyanazine, Diuron, Diuron + MSMA, Diuron +
Paraquat, Fluazifop – P- Butil, Linuron, MSMA,
Norflurazon, Oxadiazon, Oxyfluorfen, Paraquat,
Pendimethalin, Propaquizafop, Pyrithiiobac –
Sodium, Sethoxidin e Trifluralin.
F itorreguladores:
- REGULADORES:

- Crescimento, desfolhantes e
maturadores.

- O por quê:

- Plantas acima de 1,5m de altura,


dificultam colheita mecanizada e controle de
pragas, além de determinar sombreamento das
partes mais baixas da planta resultando no
apodrecimento de maçãs.
F itorreguladores:
- REGULADORES DE CRESCIMENTO:

- Cloreto de mepiquat (PIX):

- 1,0 litro/ha.

- Cloreto de clormequat (TUVAL):

- 50 g/ha.

- Cloreto de clorocolina (CCC):

- 0,50 litro/ha.
F itorreguladores:
- DESFOLHANTES:

- Podem ser específicos (produzindo


a queda das folhas antes da senescência) e
herbicidas (ocasionando a morte da folha, que
permanece ligada à planta).

- A desfolha apressa a maturação do


fruto e a abertura dos capulhos facilitando a
colheita.
F itorreguladores:
- DESFOLHANTES:

- Posso usar herbicidas dessecantes


como desfolhante?

- Os dessecantes provocam o
secamento das folhas, que permanecem na planta,
aumentando as impurezas por ocasião da colheita.
F itorreguladores:
- MATURADORES:

- Os maturadores devem ser


aplicados quando 90% dos capulhos estiverem
abertos.

- O alvo único é o fruto, acelerando


sua maturação e abertura.
F itorreguladores:
- DESFOLHANTES E MATURADORES:

- Thidiazuron:

- 0,075 a 0,150 kg/ha.

- 60% de frutos abertos.

- Bromoxinil:

- 0,232 kg/ha.

- 60% de frutos abertos.

- Ethefon + cyclanilide:

- 0,72 + 1,20 ha.

- 90 % de frutos abertos.
P
rincipais pragas:
B
roca-da-haste:
- Eutinobothrus brasiliensis.
B
icudo:
- Anthonomus grandis
A rmadilha:
- Verificação da flutuação populacional.
C
uruquerê:
- Alabama argillacea.
L agarta-da-maçã:
- Heliothis virescens.
L agarta rosada:
- Pectinophora gossypiella.
P
ragas secundárias:
P
ulgão:
- Aphis gossypi.
T
ripes:
- Frankliniella spp.
P
ervevejo-de-renda:
- Gargaphia torresi.
Á caros:
- Tetranychus urticae.
P
rincipais doenças:
R amolose:
- Colletotrichum gossypii.
A ntracnose:
- Colletotrichum gossypii Southi worth.
M osaico comum:
- AbMV Vírus.
A lternaria:
- Alternaria gossypii.
T
ombamento de plântulas:
- Rhizoctonia solani e Fusarium spp.
T
ratamento de sementes:
- Principais produtos:
P
arte aérea:
- Ramulose.

- Mancha de alternaria.
E stratégias de controle:
- Biológico:

- Traduz-se na ação de parasitas,


predadores ou causadores de enfermidades nas
pragas, reduzindo sua população.

- Cultural.

- Mecânico.

- Químico.
C olheita mecanizada:
- De alto rendimento

- De menor custo que a manual, em


lavouras bem conduzidas tecnicamente e com bom
rendimento.

- Para a colheita mecânica a declividade do


terreno deve estar abaixo de 8% e não devem
existir obstáculos no terreno.
C olheita mecanizada:
- Teor de umidade ideal:
- 7 a 12% (colher em horas quentes
do dia).

- Livre de plantas invasoras, desfolhada e


uniforme.

- Perdas admitidas: até 10%.

- Velocidade de trabalho: 3,5 km/h.

- Rendimentos: entre 2500 e 3800 kg/ha


(até 250 @/ha).
C
olheita mecanizada:
C
olhedora/frontal:
C
olhedora/lateral:
T
ransferência:
E
nfardador:
A rmazenamento:
- Logo após colhido, o algodão é retirado da
colhedora e repassado para o enfardador, o qual
faz a prensagem do algodão, confeccionando
fardos de aproximadamente 10 toneladas, que são
depositados no solo e cobertos com “toucas”
(lonas), até que sejam transportados para a
unidade de beneficiamento.
F
ardo armazenado no campo:
P lataforma de recolhimento:
B eneficiamento:
- Para maior eficiência e para obter fibra e
semente de boa qualidade é recomendado que o
algodão em caroço, ao entrar na usina, apresente
as seguintes características:

- Umidade do algodão em torno de 7%.

- Sem excesso de impurezas.

- Isenção de pragas e doenças.

- Grau de maturidade ideal (verificado em


laboratório).
F ases do beneficiamento:
- 3 FASES:

- Recepção, qualificação,
armazenamento temporário.

- Separação da fibra/semente.

- Prensagem, enfardamento e
armazenamento da fibra.
R ecepção:
F ibra pura:
O brigado pela atenção!
- luciozabot@yahoo.com.br

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