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Plantação de feijão: veja as melhores


práticas para sua produção
CARINA OLIVEIRA - 30 DE MAIO DE 2022

GESTÃO AGRÍCOLA

Plantação de feijão: entenda mais sobre as épocas de plantio, variedades e


preparo do solo desta cultura.

A plantação de feijão tem uma grande importância para o agronegócio


nacional, uma vez que o grão é uma das bases da alimentação brasileira.

Na última década, conforme dados da Conab, a produção de feijão,


incluindo as três safras, foi de 3.133,8 milhões de toneladas.

Vários fatores influenciam na produtividade das lavouras. Neste artigo,


vamos falar sobre como fazer o melhor plantio de feijão e os principais
manejos para que você obtenha sucesso e lucro com sua produção!
Confira!

Índice do Conteúdo

1 Qual é a época de plantar feijão?


2 Como iniciar uma plantação de feijão: pré-plantio
2.1 Temperatura
2.2 Radiação solar
2.3 Precipitação pluvial
2.4 Solo
3 Como fazer o preparo do solo para a plantação de feijão
4 Espaçamento, densidade e profundidade ideais de plantio
4.1 Profundidade
4.2 Densidade
4.3 Espaçamento
5 Adubo para plantação de feijão
6 Colheita do feijão
7 Armazenamento do feijão
8 Hábito de crescimento e ciclo do feijoeiro
8.1 Vegetativa
8.2 Reprodutiva
9 Tipos de feijão
10 Conclusão

Qual é a época de plantar feijão?


As épocas recomendadas para semeadura do feijão podem ser divididas em
três: período das águas (nos meses de setembro a novembro), o período da
seca (de janeiro a março) e período de outono-inverno ou terceira época
(que vai de maio a julho).

A melhor época para plantar feijão, no entanto, varia por ser uma cultura de
ciclo curto. As recomendações também mudam conforme o Estado.

Épocas de semeadura para a cultura do feijão nos estados da região


Central brasileira

(Fonte: adaptado de ProEdu)

Aqui no blog nós já falamos em detalhes sobre qual a melhor época para
plantar feijão em cada região do país. Confira!

Como iniciar uma plantação de feijão: pré-plantio


Antes de iniciar o plantio, você precisa considerar diversos fatores que
interferem na produtividade final do grão. As condições edafoclimáticas
como clima, solo, temperatura e precipitação são decisivas no resultado no
plantio e para evitar quebra de safra.

Veja um pouco mais sobre cada uma delas.

Temperatura
A temperatura ideal de produção de feijão é de 21 °C. A faixa de 18 °C e 24
°C é ótima para o bom desenvolvimento das plantas, vagens e grãos.

Locais onde a média de temperatura fica abaixo de 12 °C e acima de 30 °C


são prejudiciais para produção de feijão. Essas temperaturas podem causar:

atraso na germinação;
redução na porcentagem de germinação;
atraso no desenvolvimento;
abortamento de flores, grãos e vagens.

Radiação solar
Se a quantidade de luz nas plantas for reduzida, ocorre menor índice de
área foliar. Isso gera menor captação de energia, afeta o metabolismo
fisiológico da planta e diminui a produção.

Quando a radiação solar é intensa durante todo o ciclo das plantas, ocorre
maior produção de massa foliar. A consequência disso é o auto-
sombreamento. Ele causa abortamento de flores, reduzindo a quantidade de
vagens e grãos.

O ideal é que as plantas de feijão consigam interceptar a maior quantidade


de radiação solar possível no período vegetativo.

No manejo, procure oferecer maior intensidade luminosa até o


florescimento. Fique de olho no espaçamento e na população de plantas.
Precipitação pluvial
A quantidade de chuvas ideias durante o ciclo do feijoeiro é de 300 mm a
400 mm. Essa quantidade deve ser bem distribuída até antes da época de
colheita.

Excesso de chuvas em locais de acúmulo de água reduz o tamanho das


plantas e favorece doenças no feijão. As plantas podem morrer nessas
condições.

Na época de colheita, as chuvas dificultam a retirada dos grãos do campo.


Isso causa acamamento de plantas e reduz a qualidade do produto.

A falta de chuvas durante o desenvolvimento das plantas também é


prejudicial. Essa falta causa falha no estande, caso ocorra no período de
germinação e emergência.

Durante o desenvolvimento, as plantas sem a quantidade de água


necessária crescem pouco. Isso influencia na quantidade de vagens
produzida. Na época da floração, a falta de água leva ao abortamento das
flores, menor quantidade de vagens e de grãos.

Solo
As plantas de feijão preferem solos soltos, fofos, bem areados, ricos em
matéria orgânica e livres de encharcamento.

Entretanto, regiões de várzea e de solos encharcados também servem para


o cultivo de feijão, com alguns cuidados. Isso ocorre desde que sejam
cultivados em épocas de seca, com baixa quantidade de chuva.

Assim, estes solos não ficam encharcados e fornecem água para o


desenvolvimento das plantas. Mesmo que seja possível, o cultivo de feijão
nesse tipo de solo deve ser evitado. Afinal, em casos de chuvas intensas, o
sistema radicular não suporta o alagamento.
Como fazer o preparo do solo para a plantação de
feijão
O feijão tem algumas exigências que precisam ser seguidas para que se
possa atingir produtividades elevadas.

No preparo do solo para plantio do feijão, uma das principais operações é a


calagem e a adubação do solo. Além disso, o pH do solo deve estar entre 6
e 7. A saturação por bases ideal é acima de 70%.

Para obter esses resultados é importante realizar a análise química do solo a


cada 2 ou 3 anos, somente assim você conseguirá ter a fertilidade ideal que
as plantas de feijão necessita.

Outro ponto importante é o sistema de plantio que você realiza na sua área,
ele pode ser: convencional ou direto. O preparo do solo convencional é
realizado normalmente com discos como arados, grades pesadas ou arado
de aiveca.

É importante evitar o uso frequente da mesma profundidade dos


implementos e trabalhar o solo com o teor de umidade ideal para evitar
camadas de compactação que prejudicam o desenvolvimento radicular das
plantas, reduzindo a produtividade do feijoeiro.

Já o plantio direto na palha visa o não revolvimento do solo e também a


cobertura total do solo por resíduos vegetais. Além de reduzir a erosão
causada pelas chuvas, isso aumenta a disponibilidade de água e diminui a
compactação do solo.

É importante na entressafra sempre utilizar diferentes espécies para


cobertura vegetal, assim o solo terá uma camada de palha constantemente,
o uso de espécies com raízes agressivas também é recomendado, como
nabo forrageiro, para descompactar a camada superficial do solo.
Espaçamento, densidade e profundidade ideais de
plantio
Para garantir uma plantação de feijão de sucesso, o planejamento começa
antes mesmo do plantio. Por isso, você deve estar de olho em aspectos
como:

Profundidade
O tipo de solo influencia na profundidade da semeadura do feijão.

Em solos arenosos, a profundidade ideal de plantio é de 5 a 6 centímetros.


Em solos argilosos, por sua vez, é ideal semear com profundidade de 3 a 4
centímetros.

Densidade
Outro fator importante na hora da semeadura é a densidade de plantio. A
densidade ideal para o feijão é aquela em que as plantas recobrem toda a
área durante o florescimento.

A média recomendada é de no mínimo 10 e no máximo 15 sementes a cada


metro. O número de plantas varia em média de 250 mil a 300 mil
plantas/ha.

Entretanto, no momento de definir a densidade, é necessário considerar o


histórico de doenças na lavoura.

Espaçamento
Feijões do tipo 1 e 2 requerem um espaçamento em torno de 40 cm a 50 cm
entre linhas. Para feijões do tipo 3, o espaçamento varia de 50 cm a 60 cm
entre linhas.
Pesquisas da Embrapa relatam que os melhores rendimentos têm sido
obtidos com espaçamentos de 40 cm a 60 cm entre linhas e com 10 a 15
plantas/m.

Adubo para plantação de feijão


Dos nutrientes exigidos pelo feijoeiro, os principais são nitrogênio, fósforo e
potássio. A absorção desses macronutrientes, no entanto, ocorre em épocas
diferentes.

Nitrogênio: durante todo o ciclo, com maior velocidade dos 35 aos 50 dias
após a emergência da planta – época do florescimento;
Fósforo: a maior absorção é entre 30 e 55 dias após a emergência do
feijão. Ou seja, antes de aparecerem os botões florais, indo até o
florescimento e início da formação das vagens;
Potássio: a máxima absorção pode ser observada em 2 períodos, o
primeiro entre 25 e 35 dias (período em que ocorre a diferenciação dos
botões florais) e o segundo dos 45 aos 55 dias (época final do
florescimento e início da formação das vagens).

Ao longo do desenvolvimento, a planta de feijão é capaz de exportar as


seguintes quantidades desses nutrientes:

35,5 kg de nitrogênio;
4 kg de fósforo;
15,3 kg de potássio;
3,1 kg de cálcio;
2,6 kg de magnésio;
5,4 kg de enxofre.

Essas quantidades consideram cada 1.000 kg de grãos produzidos.


Conhecer esses detalhes é fundamental para garantir uma adubação de
qualidade para o seu feijoeiro.
Colheita do feijão
Por ser uma cultura semeada de pequenas a grandes áreas, a colheita do
feijão pode ser feita de forma manual, semimecanizada ou mecanizada.

A época ideal de colheita é logo após a maturidade fisiológica do feijão


(estádio R9) o que ocorre normalmente de 80 a 100 dias após a germinação.
Um indicador de que se atingiu esse ponto é a mudança de coloração das
vagens do feijão de verde para “cor de palha”.

Em pequenas áreas, a colheita do feijão geralmente é realizada


manualmente devido ao menor volume de produção.

Neste método de colheita manual, as plantas são arrancadas, secadas e


trilhadas (separação do grãos da vagem) de forma manual.

Já na colheita semimecanizada, parte é feita manual e parte é mecanizada. É


feito o arranquio das plantas e o enleiramento manualmente. Já o
trilhamento e as etapas seguintes é feita mecanizada. Veja na figura abaixo:

Fluxograma de colheita semimecanizada de feijão

(Fonte: Unesp)

Em grandes áreas, devido à rapidez da operação, a colheita mecanizada é a


mais realizada.

A colheita mecanizada pode ser dividida em colheita indireta – onde são


utilizadas uma máquina para arranquio e enleiramento, e outra para trilha,
abanação e ensacamento; e colheita direta – onde todas as operações são
realizadas por uma única máquina.

Não é necessária grande quantidade de trabalhadores: uma ou duas


pessoas realizam a operação.

Colhedora automotriz para colheita de feijão

(Fonte: Miac)
Armazenamento do feijão
Após a colheita, a umidade dos grãos deve estar abaixo 13% para que o
armazenamento dos grãos seja seguro.

O local adequado para o armazenamento, tanto para semente quanto para


grãos, deve ser limpo, arejado, frio, com pouca luminosidade, seco e as
sacarias não devem ter contato direto com o chão, assim as características
desejadas são mantidas.

Exemplo de armazenamento de feijão para consumo em sacaria

(Fonte: Embrapa)

Hábito de crescimento e ciclo do feijoeiro


Existem 4 tipos de hábitos de crescimento desse grão. Você deve conhecê-
los antes de iniciar a plantação de feijão, porque cada um desses hábitos
exige manejos diferentes.

Tipo 1: o porte das plantas do tipo 1 é ereto, com arquitetura arbustiva. A


ramificação terminal é uma inflorescência. Como o ciclo deste tipo de
crescimento é rápido, entre 60 a 80 dias, a falta de água e luz
comprometem a produtividade.
Tipo 2: o crescimento de plantas do tipo 2 continua após o início da
floração. As plantas têm porte arbustivo, semi ereto e pouco ramificação
nos caules. A duração do ciclo é de 82 a 95 dias.
Tipo 3: as plantas do tipo 3 apresentam crescimento indeterminado com
boa ramificação. Isso favorece o acamamento das plantas e dificulta os
tratos culturais.
Tipo 4: plantas do tipo 4 exigem suporte para condução das ramificações.
O crescimento é indeterminado e trepador. Sem a condução das plantas,
elas formam um emaranhado de caules, aumentando a incidência de
doenças e pragas, dificultando a colheita.
Diferentes hábitos de crescimento das plantas de feijão

(Fonte: Embrapa)

Independente do hábito de crescimento do feijão, todos apresentam a


mesma fenologia, ou seja, apresentam fase vegetativa e reprodutiva.

Estádios de desenvolvimento da planta de feijão

(Fonte: Embrapa)

Veja abaixo, resumidamente, cada fase da planta de feijão:

Vegetativa
A fase vegetativa é composta por 5 etapas. Elas são classificadas de V0 até
V4.

V0 – Germinação

Ocorre o início da germinação, com desenvolvimento da radícula. Termina


com o rompimento do solo pelos cotilédones.

V1 – Emergência

Inicia quando 50% dos cotilédones estão visíveis e termina quando ocorre o
aparecimento das folhas primárias.

V2 – Folhas primárias

Ocorre quando as folhas primárias estão totalmente expandidas e termina


com a abertura da primeira folha trifoliolada.
V3 – Primeira folha composta aberta

Nesse momento, a primeira folha trifoliolada está totalmente aberta. Esse


estádio vai até o início do crescimento da terceira folha trifoliolada.

V4 – Terceira folha composta aberta

Com a terceira folha trifoliolada totalmente desenvolvida, começa o


desenvolvimento dos ramos secundários na planta. Esse estádio termina
com o surgimento dos primeiros botões florais.

A duração desse estádio é menor nas plantas com hábito de crescimento


tipo I, em comparação com as demais.

Estádios vegetativos da cultura do feijoeiro

(Fonte: Embrapa)

Reprodutiva
A fase reprodutiva também é dividida em 5 momentos, de R5 até R9.

R5 – Pré-floração

Em R5, as plantas já apresentam os primeiros botões florais. O período de


duração deste estádio é menor em cultivares de hábito de crescimento tipo 1
e 2.

R6 – Floração

O final de R5 e começo de R6 ocorre quando 50% das flores estão abertas,


e termina com 100% das flores abertas.
Em plantas do tipo 2, 3 e 4, a abertura das flores inicia de baixo para cima,
devido ao hábito de crescimento ser indeterminado. Nas de tipo 1, ocorre de
cima para baixo.

R7 – Formação das vagens

Com a fecundação, as flores murcham e ocorre a formação das vagens, este


é o sinal que iniciou o estádio R7. Neste estádio, o tamanho das vagens vai
desde canivete até a formação completa.

R8 – Enchimento das vagens

O enchimento de grãos ocorre neste estádio. As vagens começam a pesar,


as folhas começam a cair. No final de R8, os grãos de feijão já começam a
adquirir a coloração da cultivar, deixando de ser verdes.

R9 – Maturação

O último estádio de desenvolvimento do feijão ocorre quando os grãos


estão prontos. Ou seja, as vagens já estão secando e os grãos já estão com
coloração do cultivar semeado.

O acompanhamento quando as plantas estão em R9 é fundamental para


iniciar o momento de colheita.

Estádios reprodutivos da cultura do feijoeiro

(Fonte: Embrapa)

Aqui no blog nós já falamos em detalhes sobre o ciclo do feijão. Recomendo


que você confira tudo no artigo: “Manejos essenciais em cada um dos
estádios fenológicos do feijão”.
Tipos de feijão
Considerar a variedade a ser plantada também é uma etapa importante.
Afinal, cada variedade possui características que podem interferir no seu
manejo.

Grupo preto BRS Esteio: ciclo de 85 a 90 dias, adaptada à colheita


mecanizada devido à arquitetura ereta. Resistente ao vírus do mosaico
comum e a quatro raças do agente causador da antracnose,
moderadamente resistente à antracnose e ferrugem e moderadamente
suscetível à murcha de fusário.
BRS Esplendor: adaptado à colheita mecanizada, resistente ao
crestamento bacteriano comum e mosaico comum. É moderadamente
resistente à antracnose, ferrugem e murchas de fusarium e
curtobacterium.
BRSMG Madrepérola: cultivar de grãos tipo carioca, porte ereto e hábito
de crescimento indeterminado. Baixa tolerância ao acamamento,
considerada como semi-precoce, resistência ao mosaico comum e a
várias raças de antracnose.
Feijão-caupi: também conhecido por feijão-de-corda, feijão-miúdo e feijão-
fradinho. Tolera temperaturas elevadas, mas não muito altas durante o
florescimento.
Cultivar de feijão carioca BRS: alto potencial produtivo, arquitetura de
planta ereta, adaptada à colheita mecânica, moderadamente resistente à
antracnose, ferrugem e ao crestamento bacteriano comum, suscetível à
mancha angular, ao vírus do mosaico dourado e à murcha de Fusarium.
BRS FC104: cultivar de feijão superprecoce com ciclo abaixo de 65 dias, o
que permite diminuir o risco de perdas por estiagem na safra de verão e
escapar das doenças de solo. Possui moderada resistência à antracnose.
Feijão-vagem: não tolera frio e geadas, a temperatura ótima para o
desenvolvimento está entre 18 °C e 30 °C.
BRS FC402: é cultivar do grupo carioca, resistente à antracnose e à
murcha de fusário, adaptada às principais regiões produtoras, ciclo normal
de cerca de 90 dias, arquitetura de planta semiereta (favorece colheita
manual e semimecanizada).
Conclusão
Neste texto, você viu os principais fatores edafoclimáticos que influenciam
diretamente a produtividade da sua plantação de feijão.

Também viu todas as especificidades de espaçamento, densidade e


profundidade, todas fundamentais para garantir ótimas produtividades.

Reúna todos esses conhecimentos para estabelecer uma plantação de feijão


de sucesso na sua lavoura. Boa safra!

>> Leia Mais:

“Veja como identificar as principais pragas do feijão“

“5 passos para calcular o custo de produção de feijão por hectare”

“Plantas daninhas em feijão: principais espécies, manejo e combate“

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre a plantação de feijão? Adoraria ver o
seu comentário abaixo!

FEIJÃO

Sobre o Autor

Carina Oliveira
Sou engenheira-agrônoma formada pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp), mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia
pela Esalq-USP.

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