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PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA

FATORES DE CAMPO

Edição IV | 02 - Mar . 2000

José de Barros França Neto - jose.franca@embrapa.br

        A qualidade da soja pode ser influenciada por diversos


fatores, que podem ocorrer no campo
antes e durante a colheita e durante todas
as outras etapas da produção, como secagem,
processamento, armazenamento,
transporte e semeadura. Enquanto isso, no campo, as sementes
estão sujeitas a
vários fatores, que podem prejudicar seriamente a qualidade. Tais fatores
incluem
extremos de temperatura durante a maturação, flutuações na umidade
ambiente, incluindo má
nutrição de plantas, insetos presentes e adopção de
técnicas de colheita inadequadas. Vários
patógenos de campo também podem afetar
a qualidade da soja. Phomopsis sp
", Colletotrichum
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truncatum, causando antracnose, Cercospora kikuchii, causando a mancha roxa e Fusarium spp.
Eles
são alguns dos patógenos mais frequentes associados à soja.

     Há um ditado popular de extenso conhecimento na mídia


sementeira, que deve ser lembrado: "a
semente é feita no campo". Isso
significa que a qualidade das sementes é estabelecida durante a
fase de
produção no campo, sendo que as outras etapas, como secagem, processamento e
armazenamento, só podem manter essa qualidade. A seguir, os principais fatores
que podem afetar
a qualidade das sementes de soja no campo, assim como as
possíveis alternativas que podem ser
adotadas, tentando superar tais
limitações.

    1. Deterioração no
campo.

    A deterioração no campo, também conhecida como deterioração pela


umidade, é o processo de
deterioração que ocorre após o ponto fisiológico de
maturação e antes da colheita das sementes. É
um dos fatores que mais afeta a
qualidade da soja, principalmente nas regiões tropicais e
subtropicais.

        Sementes de soja geralmente têm a maior viabilidade na


maturidade fisiológica com vigor
máximo. Enquanto isso, as sementes não podem
ser colhidas mecanicamente nesse ponto, pois
possuem um alto grau de umidade. O
intervalo entre a maturação fisiológica e colheita, que pode
variar de alguns
dias a diversas semanas, é caracterizado como um período de armazenagem e,
raramente, as condições climáticas no campo são favoráveis ​para manter a
qualidade das sementes,
especialmente em regiões tropicais. A exposição da soja
a ciclos alternados de alta e baixa umidade
antes da colheita, devido à
ocorrência de chuvas frequentes, ou às flutuações diárias da umidade
relativa,
resulta em deterioração. Isso será ainda mais intenso se tais condições
estiverem
associadas a altas temperaturas, comuns em regiões tropicais. A presença
de rugas nos cotilédones,
na região oposta ao fio, é um sintoma típico de
deterioração pela umidade.

     Além das consequências diretas sobre a qualidade das


sementes, a deterioração  pode resultar
em uma maior taxa de danos mecânicos à cultura, já que as sementes deterioradas
são
extremamente vulneráveis ​a impactos mecânicos. A deterioração no campo
pode ser intensificada
pela interação com alguns fungos, como Phomopsis spp. e Colletotrichum truncatum, que, ao
infectar as sementes, pode
reduzir o vigor e a germinação. Várias práticas podem ser usadas para
minimizar
as consequências da deterioração da semente no campo, que serão abordadas a
seguir:

 a- Colhe na hora certa: as sementes devem ser colhidas no


tempo certo, evitando qualquer atraso
na colheita. As sementes são normalmente
colhidas quando, pela primeira vez, o grau de umidade
está na faixa de 15 a
13%, durante o processo de secagem natural no campo. O atraso da colheita
resulta em reduções na germinação e no vigor das sementes, principalmente quando
associadas a
condições climáticas adversas.

b- Antecipação da colheita: a operação de colheita pode ser


antecipada, quando a umidade das
sementes é em torno de 18 a 19%. Esta operação
pode ser adotada, caso o produtor de sementes
tenha Início
amplo conhecimento da
regulação do sistema
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de danos
mecânicos. Além disso, uma estrutura
adequada de secadores deve estar disponível para que o grau
de umidade das
sementes seja reduzido a níveis adequados, sem reduzir a germinação e o vigor.
A
antecipação da colheita, através do uso de dessecantes foliares, como o Paraquat,
não é
recomendada, quando o objetivo é a produção de soja de melhor qualidade.

c- Regiões selecionadas mais propícias para a produção de


sementes: a seleção de áreas mais
adequadas para a produção de soja de alta
qualidade requer estudos de investigação adequadas,
especialmente em regiões
tropicais. A produção de sementes exige condições de tempo seco
associados a
temperaturas amenas. Tais condições não são facilmente encontradas em regiões
tropicais, mas pode ser encontrado nas regiões acima de 700 m de altitude, ou
ajustando o período
de semeadura para a produção de sementes. Para cada
elevação 160 m de altitude ocorre, em
média, uma redução na temperatura de 1ºC.
Após cinco anos de avaliação da qualidade da soja,
estudos na soja Embrapa
possibilitada Zoneamento Ecológico Paraná para a produção de sementes
de alta
qualidade. Outros estudos similares possibilitou a identificação de regiões
propícias à
produção de soja em várias regiões brasileiras. Como exemplo,
pode-se citar a região de Serra de
Petrovina, perto de Rondonópolis no estado
de Mato Grosso, que permitiu que a produção de soja
na região.

 d- Período de semeadura apropriado: Em regiões tropicais e


subtropicais, há diferentes período de
semeadura para a produção de grãos e
produção de sementes. Para a produção de grãos, data de
plantio deve ser
ajustada de modo que a produtividade máxima pode ser obtida. Enquanto isso,
para a produção de sementes, o fator de qualidade tem precedência sobre fator
de produtividade.
Muitas vezes, as altas produtividades são sacrificadas em
favor da obtenção de sementes de alta
qualidade.

e-:Aplicação fungicidas foliares No Brasil, a aplicação de


fungicidas foliares é recomendado para
algumas doenças que aparecem no final do
ciclo (mancha castanha provocada por Septoria
glycines,
rugas, foliares provocadas por Cercospora Kikuchi) e o oídio, causada por Microsphaera diffusa.
Além de permitir que o controle de tais
doenças, o uso de fungicidas de tratamento foliar, é
recomendável, uma vez que
pode levar a melhores rendimentos e sementes de alta qualidade.
Entretanto,
deve ser mencionado que um dos melhores métodos para o controle de agentes
patogénicos de origem da semente é o uso de variedades resistentes. A criação e
utilização de
cultivares resistentes às principais doenças resultar em menor
necessidade de aplicação de
fungicidas foliares, levando a reduzir a poluição e
economia ambiental para os produtores de soja.

  f- Usando cultivares que produzem sementes de alta


qualidade: o sucesso de um programa de
produção de soja depende do uso de
cultivares adequadas. Além de ter um elevado potencial de
produtividade, estas
cultivares devem produzir sementes de alta qualidade, que garantam a
obtenção
de densidade adequada de plantas no campo. Tais requisitos são fundamentais,
especialmente para regiões tropicais, onde as condições climáticas são
raramente favoráveis à
produção de sementes de alta qualidade. Hoje diversas
instituições de pesquisa têm programas de
melhoramento específicos para
melhorar a qualidade da soja

 
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    2. Estresse causado
por temperatura alta durante o enchimento de grãos

     A ocorrência de altas temperaturas associadas à baixa


disponibilidade de água durante a fase de
enchimento de grãos pode resultar em
reduções na produtividade, bem como na germinação e no
vigor das sementes. Soja
sujeita a alta temperatura e estresse seco resulta em semente pequena e
menos
densa, imatura ou verde, enrugada ou deformada. A intensidade desses sintomas
depende
do nível de ocorrência dessas condições, bem como da cultivar que está
sendo utilizada.

    3. Nutrição de
plantas

    3.1 Deficiência de potássio

    O uso contínuo do solo sem a substituição necessária do


potássio extraído, resulta em problemas
de deficiência de potássio e reduções
na produtividade da soja. Além disso, sementes de soja
produzidas em condições
de baixa disponibilidade de potássio reduzem a germinação e o vigor e
aumentam
as taxas de infecção por Phomopsis
spp. No estado do Paraná, a deficiência de potássio
foi encontrada mesmo em
solos originalmente férteis. Enquanto isso, depois de vários anos de
cultivo
com soja e trigo, sem reposição de potássio adequada, tal solo começou a ter
problemas de
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baixa disponibilidade de potássio e um aumento da ocorrência de
plantas doentes. Além disso, a
qualidade das sementes foi extremamente afetada.
É importante mencionar que o reabastecimento
de potássio deve ser feito de
acordo com o nível de produtividade: para cada 1.000 kg de grãos
produzidos por
hectare, 35 kg de K2O / ha devem ser substituídos.

    3.2 Deficiência de fósforo

   A deficiência de fósforo pode afetar a qualidade das


sementes de soja, mas com uma intensidade
de resposta não tão drástica quanto a
observada com o potássio. É importante que a correção da
acidez do solo
(alumínio tóxico) seja realizada adequadamente, pois a disponibilidade de
fósforo
depende dessa correção. Experiências em solos ácidos em Campo Mourão,
PR mostrou que a
produção de sementes de melhor qualidade estava relacionado
com o nível de fósforo no solo e
também com a acidez, tomando como base o
método de saturação de bases para 70%.

    4. Danos causados


​​por percevejos

    Outro tipo de dano que está causando sérios danos à


indústria de sementes é o resultante da
incidência de percevejos. As espécies
mais frequentemente encontradas no campo são
Nezara
viridula, Piezodorus guildini e Euschistus heros. Quando os insetos atacam
as sementes de soja,
inoculam a levedura Nematospora
coryli. A colonização dos tecidos das sementes por essa levedura
provoca
necrose, resultando em perda de germinação e vigor. As sementes picadas podem
ter
manchas típicas, que podem ser deformadas e enrugadas.

   O controle de percevejos nos campos de produção de sementes


deve ser realizado com grande
atenção com constante monitoramento, pois o dano
causado por esses insetos à soja é irreversível.
Nos campos de produção de
sementes, o controle deve ser iniciado imediatamente, quando a
presença dos
insetos é verificada.

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    5. Colheita

        A colheita é a fase mais crítica de qualquer processo de


produção de soja. Todas as técnicas
específicas de produção de sementes
aplicadas no campo podem ser perdidas e a qualidade delas
arruinada, se os
cuidados especiais não forem tomados durante a operação de colheita. Quatro
parâmetros importantes devem ser considerados durante esta operação: época de
colheita, danos
mecânicos, mistura varietal e perdas de colheita. Idealmente,
as sementes devem ser colhidas o
mais rápido possível quando atingirem o ponto
de maturação da colheita. As consequências do
atraso da colheita já foram
ilustradas.

        A colheita pode ser uma fonte de mistura varietal, caso não


sejam realizados procedimentos
especiais: isolamento entre os campos de
produção de sementes e a limpeza completa das
colhedoras. Embora a mistura
mecânica durante a colheita possa causar uma redução na pureza
varietal, pouca
atenção tem sido dada à identificação e solução dos pontos críticos na
estrutura das
máquinas de colheita, onde as sementes podem ser alojados. Em
relação à troca de cultivares, é
importante realizar uma limpeza completa da
colhedora, com ênfase especial nas estruturas de
debulha e limpeza.
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        Recentemente, na Embrapa soja, uma metodologia prática e
simples foi desenvolvida para
selecionar genótipos de soja de acordo com sua
suscetibilidade a danos mecânicos, conhecida como
teste do pêndulo. Esse
procedimento permite a identificação de genótipos de soja mais resistentes
a
esse tipo de dano.  Danos mecânicos
resistência da soja está relacionado com o teor de lignina no
tegumento:
genótipos de soja com mais de 5,5% de lignina no tegumento são resistentes a
danos
mecânicos.

    Os níveis de dano mecânico são reduzidos se a soja for


colhida o mais rápido possível, após atingir
entre 15 e 13% de umidade. As
menores taxas de danos mecânicos e perdas na colheita são obtidas
quando a
colheita é feita quando a umidade das sementes é em torno de 13.

        Outras sugestões que podem ajudar o produtor de sementes a


reduzir os danos mecânicos
durante a colheita são: a) ajustar a velocidade do
cilindro (400 rpm ou menos), adequadamente para
a abertura completa das vagens,
com um nível mínimo de dano mecânico; b) a abertura do côncavo
deve ser o mais
ampla possível, de modo a permitir debulha adequada; c) as sementes debulhadas
devem ser avaliadas através do teste do hipoclorito de sódio, pelo menos três
vezes ao dia, para
fazer ajustes no sistema de trilha, se o nível de dano
mecânico estiver acima do aceitável; Uma
alternativa para o teste de hipoclorito
é o uso do copo medidor de sementes quebradas; d) todas as
partes do sistema de
trilha devem ser mantidas em boas condições de uso; e) velocidade adequada
de
deslocamento; f) motor regulado; g) evitar a produção de cultivares com
sementes suscetíveis a
danos mecânicos.

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