Você está na página 1de 6

Cultura do Milho

CULTURA DO MILHO
1 - INTRODUÇÃO mas os solos mais indicados são os que
apresentam na sua textura, 25% a 35%
O milho é o principal cereal explora- de argila.
do em Minas Gerais e no Brasil. É cultivado Quanto ao relevo, os terrenos com
em mais de 90% das propriedades rurais declividade até 12% são os mais reco-
do Estado. O milho se destaca pela gran- mendados, pois favorecem o uso de
de versatilidade de uso na alimentação máquinas e equipamentos. Declividades
humana e animal e na indústria. Do mi- maiores estão mais sujeitas à erosão, exi-
lho obtem-se uma infinidade de produtos gindo práticas conservacionistas mais dis-
para aproveitamentos distintos. A produti- pendiosas.
vidade da cultura do milho evoluiu muito Quanto ao clima, temperaturas abai-
nos últimos tempos, em função de melhor xo de 19º C são consideradas restritivas
manejo e utilização de solos e principal- ao cultivo do milho e abaixo de 17º C são
mente pelo melhoramento genético de inaptas. A cultura suporta temperaturas
novas cultivares. Entretanto uma parcela até 27º C. Acima de 27º C causa maior
significativa de agricultores ainda continua transpiração e decréscimo na produção.
com níveis de produtividade muito baixos,
necessitando de uma ação mais efetiva
3 - SELEÇÃO DE CULTIVARES
para melhorar esta produtividade.
A produtividade da lavoura de milho
2 - SOLO E CLIMA depende das condições ambientais, do
potencial genético da semente, do local
O milho é produzido em quase todo de plantio e do manejo da cultura. A es-
o território mineiro, mesmo em regiões colha correta da semente contribui para
com significativas diferenças de clima e o sucesso da lavoura. A escolha entre hí-
de solo. Para o cultivo com produtividade bridos e variedades deve levar sempre em
compensatória, alguns pontos devem ser consideração o sistema de produção que o
observados com relação às condições do agricultor adotará, tipo de solo e sua ferti-
terreno. lidade. Apenas semente de boa qualidade
Os solos ideais para a cultura do de nada adiantará, se o manejo e as con-
milho são os que apresentam estrutura dições da lavoura não permitirem toda a
granular bem desenvolvida, soltos e com expressão genética das sementes. As cul-
boa drenagem. A cultura deve ser ins- tivares apresentam diferenças quanto ao
talada, de preferência, em solos férteis e ciclo e quanto ao tipo (variedade e cultivar
não-ácidos. A textura pode ser argilosa; híbrida). Os híbridos podem ser simples,
duplos e triplos, sendo que os primeiros entre os existentes no mercado.
também podem ser modificados ou não.
3.2 - Quanto ao ciclo
3.1 - Quanto ao tipo O ciclo de uma cultivar é determina-
do pelo número de dias da semeadura ao
Variedades
pendoamento e deste à maturação fisio-
As sementes de variedades melhora-
lógica ou colheita.
das são de menor custo e exigem menos
cuidados na condução da lavoura. Os grãos Superprecoce
colhidos podem ser usados como semente Ciclo de 120 dias e florescimento
em plantios subsequentes, por até quatro aos 60 dias. No mercado, 25% das culti-
anos, sem perda do potencial produtivo. vares são de ciclo superprecoce.
São recomendadas a produtores que ainda
Precoce
utilizam pouca tecnologia.
Ciclo de 121 a 130 dias, florescimen-
Híbridos to aos 65 dias. No mercado, 55 a 65% das
Os híbridos só podem ser utilizados cultivares são de ciclo precoce.
em um plantio, sendo necessária, por-
Normais
tanto, a aquisição de sementes todos os
Ciclo de 131 a 140 dias, floresci-
anos. Caso os grãos colhidos sejam usa-
mento aos 70 dias. No mercado, 10 a
dos novamente como semente, haverá
15% das cultivares são de ciclo normal.
redução da produtividade entre 15% a
40%, dependendo do híbrido, além de 3.3 - Quanto à textura dos grãos
grande variação no porte das plantas. A textura dos grãos deve ser le-
Híbridos duplos apresentam varia- vada em conta, quanto ao objetivo da
ções quanto às plantas e espigas, e suas produção. Grãos duros ou mais duros
sementes têm o menor preço. O poten- apresentam boa vantagem para esto-
cial produtivo deste tipo de híbrido é me- cagem sendo preferidos pela indústria,
nor que o simples e os triplos, nas mes- que, normalmente, precisa de produtos
mas condições de cultivo. resistentes ao armazenamento mais pro-
Híbridos triplo apresentam uniformi- longado.
dade entre as plantas e espigas; seu po- Outro ponto fundamental a ser ob-
tencial produtivo é intermediário entre os servado é a qualidade do colmo. Deve ser
simples e os duplos; seu preço e sua produ- levada em consideração a resistência ao
tividade também são intermediários. acamamento e quebramento. O colmo
Híbridos simples são mais produtivos, fraco e quebradiço das cultivares aumen-
apresentam grande uniformidade de plan- ta as perdas na colheita.
tas e espigas. São também os mais caros
4 - PREPARO DE SOLO solos de Minas Gerais normalmente são
ácidos, principalmente aqueles sob vege-
4.1- Sistema convencional de culti- tação de cerrado, que apresentam tam-
vo: normalmente são realizadas uma ara- bém toxidez de alumínio e deficiência de
ção e duas gradagens, sendo a primeira cálcio e magnésio.
logo após a aração e a segunda para ni- A quantidade de calcário a ser apli-
velamento da área nas vésperas do plan- cada deve ser de acordo com o resulta-
tio. Estas operações podem ser feitas para do da análise química e física do solo. As
incorporação do calcário, quando neces- orientações devem ser feitas por um téc-
sário. nico que também recomendará o tipo e a
forma de aplicação do calcário.
4.2- Sistema de plantio direto: um
dos maiores avanços no processo produti-
6 - ÉPOCA DE PLANTIO
vo da agricultura brasileira foi a introdução
do Sistema de Plantio Direto. Seu objetivo A época de plantio deve seguir a
básico inicialmente foi de controlar a ero- recomendação do zoneamento agríco-
são hídrica. Em solos de igual declividade, la de risco climático do Ministério da
o Sistema de Plantio Direto reduz cerca Agricultura. Normalmente o plantio
de 75% as perdas de solo e em 20% as ocorre nos meses de outubro, novem-
perdas de água, em relação às áreas onde bro e dezembro. Em caso de utilização
há revolvimento. Além do mais é uma das de híbridos de ciclo precoce, com o uso
tecnologias preconizadas no Plano de Agri- de irrigação, o plantio poderá ser ante-
cultura de Baixa Emissão de Gases de Efei- cipado para o mês de agosto. Quando
to Estufa - ABC, capaz de contribuir para o plantio é realizado em dezembro, é
a mitigação das mudanças climáticas e o necessário escolher a cultivar de acordo
aquecimento global. No plantio direto não com as orientações de um técnico.
há o revolvimento do solo, o preparo é fei-
to pela dessecação das gramíneas, com uso
7 - ADUBAÇÃO
de herbicida e ou outro mecanismo, com
o objetivo de manter uma palhada que 7.1 - Adubação de plantio
funciona como cobertura morta do solo,
Adubar também de acordo com a
protegendo-o dos raios solares, facilitando
análise do solo. De modo geral, a reco-
a infiltração da água e outros benefícios.
mendação varia se a produção destinar-
-se a grãos ou silagem.
5 - CALAGEM
Na ausência da análise de solo, pode
De modo geral a cultura do milho ser utilizada uma das seguintes recomen-
é exigente em correção de acidez, e os dações básicas, por hectare:
300 a 600 kg NPK 04-14-08 + 2,5 kg de zinco;
de sementes adequados. Cada variedade
ou híbrido tem uma população de plantas
200 a 500 kg NPK 08-28-16 + 2,5 kg de zinco; ideal por hectare.
200 a 500 kg NPK 04-30-16 + 2,5 kg de zinco; O espaçamento varia entre 70 a 80
centímetros entre as linhas.
200 a 500 kg NPK 04-20-20 + 2,5 kg de zinco; Densidade: 5 a 7 sementes por
200 a 500 kg NPK 04-30-10 + zinco. metro para plantio em linhas.
Para plantio em covas, usar a mesma
Recomenda-se adicionar ao fertilizante quantidade de sementes em cada metro.
30 a 40 kg de FTE - BR 12 .
Profundidade: 3 a 5 centímetros.
7.2 - Adubação de cobertura
A adubação de cobertura pode ser 9 – CONTROLE DE PRAGAS
realizada em uma ou duas etapas, de As pragas que atacam a cultura do
acordo com a orientação técnica. A pri- milho têm aumentado de importância nos
meira é feita quando as plantas apresen- últimos anos. Junto com isto vem a preocu-
tarem 4 a 6 folhas, e a segunda, quando pação de qual a melhor estratégia de con-
as plantas apresentarem 8 a 10 folhas. trole para amenizar os danos econômicos,
Utilizar uma das seguintes recomenda- com o menor impacto ao meio ambiente.
ções, por hectare: Diante disto, o Manejo Integrado de Pra-
gas – MIP assume papel importantíssimo. A
200 a 250 kg nitrocálcio;
identificação da praga, seus hábitos, os da-
250 a 300 kg sulfato de amônia;
nos que ela pode acarretar para determinar
100 a 150 kg ureia. o momento certo de intervenção torna-se
imprescindível.
No caso de cultivo destinado à pro-
O tratamento de sementes é uma
dução de silagem, recomenda-se a utili-
forma de controlar as pragas iniciais que
zação de adubo formulado para aduba-
reduzem em grande parte a população
ção de cobertura:
de plantas, uma das maiores causas da
200 a 250 kg da fórmula 20-00-10 baixa produtividade.
Para o controle de pragas da parte
200 a 250 kg da fórmula 20-00-20
aérea, o monitoramento da lavoura torna-
-se indispensável para detectar o apareci-
8 - ESPAÇAMENTO E PLANTIO mento de pragas, o desenvolvimento delas
e determinar o momento certo de fazer o
A produtividade da lavoura depende
controle, com produtos químicos, com pro-
da população de plantas, por isso devem-
dutos alternativos e ou controle biológico,
-se utilizar o espaçamento e a quantidade
hoje bastante utilizado e com eficiência.
Podem ocorrer pragas aéreas, como: lagar- infestar os grãos antes mesmo da colheita,
tas e vaquinhas. no momento de armazená-los realizar o
No caso de controle químico, utilizar expurgo com produto específico ao trata-
somente produtos registrados no Minis- mento de grãos de milho.
tério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento e cadastrados para a cultura do 12 - COMERCIALIZAÇÃO
milho no Estado de Minas Gerais. Obe-
decer rigorosamente ao período de ca- Um dos gargalos da produção do
rência, às dosagens e aos cuidados na milho está na comercialização. Uma estra-
aplicação e ao uso de equipamentos de tégia de resolver ou pelo menos amenizar
proteção individual, para segurança do este problema é buscar uma aproximação
aplicador. dos setores envolvidos na cadeia produti-
va, no sentido de reduzir a distância entre
quem produz e quem compra (empresas
10 - COLHEITA
consumidoras). Portanto é fundamental a
A colheita deve ser realizada quan- organização da produção nos grupos de
do os grãos atingirem entre 15 a 18% de produção nas comunidades rurais, na for-
umidade, o que ocorre quando a planta ma de associações, grupos de produção
apresenta folhas e colmos secos, espigas e cooperativas, para dialogar com o setor
dobradas, facilmente destacáveis e com a comprador.
ponta voltada para baixo. A permanência
do produto na lavoura por muito tempo
aumenta o ataque de pragas que causam
prejuízo durante o armazenamento. Após EMATER–MG/MCTI/CONV.
a colheita, fazer a secagem dos grãos até 01.0191.00/2008
a umidade de 13%, para serem armazena-
dos. A colheita pode ser manual ou mecâ-
nica, realizada com colheitadeira, acoplada
a trator ou automotriz.
Departamento Técnico da Emater–MG
Foto da capa: Maurício Almeida
11 - ARMAZENAGEM
Janeiro de 2016
A armazenagem deverá ser feita em
Série Ciências Agrárias
armazém ou paiol, previamente limpo e Tema Agricultura
desinfestado. Como o caruncho começa a Área Culturas

Você também pode gostar