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TESE

EFICIÊNCIA DO USO DO FÓSFORO EM FEIJOEIRO


COMUM

DAIANA ALVES DA SILVA

Campinas, SP
2015
INSTITUTO AGRONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA
TROPICAL E SUBTROPICAL

EFICIÊNCIA DO USO DO FÓSFORO EM FEIJOEIRO


COMUM

DAIANA ALVES DA SILVA

Orientador: Dr. Sérgio Augusto Morais Carbonell


Coorientadora: Siu Mui Tsai

Tese submetida como requisito parcial para


obtenção do grau de Doutor em Agricultura
Tropical e Subtropical, Área de Concentração
em Genética, Melhoramento Vegetal e
Biotecnologia.

Campinas, SP
2015
À minha família, por sempre estar
presente e ser meu suporte em todas
as situações. Em especial aos meus
pais Sandra e Gilvan, minha avó
Lúcia e meus irmãos Sérgio e Felipe.
DEDICO

Às pessoas queridas que tive a


oportunidade de conhecer em
Campinas, João Guilherme, Esteves,
Tamires e Aurélio. Também às irmãs
de coração Cláudia, Maria Paula e
Viviani.

v
OFEREÇO

Agradecimentos

Agradeço a Deus por todas as coisas que me permitiu vivenciar, por conceder a oportunidade
e a sabedoria para trilhar o caminho de estudos, também por todas as dificuldades que
apareceram no caminho que me fizeram crescer como profissional e como pessoa.

Ao Instituto agronômico, em especial ao Programa de Pós-Graduação em Genética,


Melhoramento Vegetal e Biotecnologia pela oportunidade de realizar o curso de doutorado.

À FAPESP pela concessão da bolsa de estudo durante a realização do curso.

A meu orientador Sérgio Augusto Morais Carbonell, pela competência científica, pelos
ensinamentos, organização, amizade, assim como pelas valiosas discussões, críticas e
sugestões, além da confiança em mim depositada.

À Professora Doutora Siu Mui Tsai, agradeço pela coorientação, ao apoio que foi essencial
para a realização do projeto de pesquisa, além do conhecimento a mim transmitido.

Ao Doutor José Antônio de Fátima Esteves, pela amizade, parceria, paciência e toda ajuda em
relação à execução do projeto, meus sinceros agradecimentos.

Ao Doutor Alisson Fernando Chioratto, também pela amizade, parceria, discussões e


sugestões que contribuíram para o avanço nos estudos.

Aos colegas de trabalho e grandes amizades do Programa de melhoramento do Feijão e do


centro grãos e fibras: João, Tamires, Aurélio, Cléber, Estela, Daiane, Elaine, Ueliton, Fátima,
Boris, Juliana M., Juliana Rosa, Claret, Wesley, Baiano e Adelino, Elaine, Luzia e nossa
querida Rita (in memoriam). Meus sinceros agradecimentos pelos momentos de estudo,
trabalho e descontração.

A todos os professores da Pós-Graduação, em especial a professora Maria Elisa, Carlos


Colombo, Luciana Carlini, Luciana Benchimol, Cecília e Jorge pela transferência de
conhecimentos, pelas valiosas conversas e trocas de experiências.

"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si,
levam um pouco de nós."

vi
Antoine de Saint-Exupéry

“Os sete pecados capitais responsáveis pelas


injustiças sociais são:
Riqueza sem trabalho
Prazeres sem escrúpulos
Conhecimento sem sabedoria
Comércio sem moral
Política sem idealismo
Religião sem sacrifício e
Ciência sem humanidade.”

vii
Mahatma Gandhi

RESUMO

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é um importante constitiunte da dieta diária dos
brasileiros em virtude da sua constituição nutricional. As características químicas do solo são
fatores que atuam significantemente na produtividade da cultura e a deficiência de fósforo é
um dos principais fatores restritivos responsáveis para que a cultura não alcance seu potencial
produtivo. Desta maneira, o trabalho visou além de classificar os genótipos superiores quanto
ao uso eficiente do P, estabelecer uma metodologia de rotina de classificação, compreender os
mecanismos genéticos envolvidos com as respostas fisiológicas observadas em cultivares
mais eficientes na utilização do nutriente, gerando conhecimento a respeito de modelos de
expressão gênica, identificando os perfis dos genes diferencialmente expressos em genótipos
contrastantes. Inicialmente, foi realizado um experimento em hidroponia, em delineamento de
parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas da aplicação de quatro concentrações de
P, e as subparcelas constituídas por 20 genótipos, com seis repetições. No segundo
experimento, foram avaliados 42 genótipos em relação ao número de verticilos e raízes basais
e quanto a eficiência no uso do P em hidroponia a fim de validar a metodologia de
classificação dos genótipos, utilizando a dose para a indução do estresse estabelecida no
primeiro experimento de 4,00mg L-1 de P. O terceiro experimento foi conduzido em vasos
preenchidos com Latossolo Vermelho Eutrófico, com baixo teor de P. O delineamento
experimental utilizado foi um fatorial 2 x 20, sendo o primeiro fator constituído pelas doses
de P (45 e 90 kg ha-1 de P2O5) e, o segundo fator, pelos 20 genótipos de feijão utilizados no
primeiro experimento, com seis repetições. O quarto experimento foi instalado em hidroponia,
utilizando os genótipos contrastantes IAC Imperador (Eficiente) e DOR 364 (Ineficiente),
submetidos à deficiência do P. Os perfis de expressão gênica foram obtidos das bibliotecas
preparadas com a utilização do kit TruSeq RNA Sample Prepv2 LowThroughput (LT) e o
mapeamento realizado contra o genoma do feijão da base de dados Phytozome v.9.1. As
análises de expressão diferencial foram realizadas utilizando-se a ferramenta o pacote
Cufflinks e a anotação funcional realizada utilizando o programa Blast2Ge. Pelos resultados
inicialmente obtidos, foi possível verificar a existência de diferenças significativas no
desenvolvimento das plantas em relação às doses de P aplicadas, além disso, foi possível
eleger a dose de 4,00 mg L-1 de P como a mais eficiente na indução do estresse e, constatar a
existência de variabilidade entre os 20 genótipos em relação a eficiência de uso do nutriente,

viii
destacando os genótipos IAPAR 81, Carioca Comum, IAC Carioca Tybatã, IAC Imperador e
G2333 como eficientes e responsivos. No segundo experimento, foi possível selecionar os
genótipos G2333, Pérola, IAC-Carioca Taurino, Santa Rosa e PI-310724 por apresentarem os
melhores potenciais produtivos em condição de restrição do P; os genótipos Preto s.3888, G
2333, Pintado Rajado e Cal-143 por apresentarem os maiores comprimento do sistema
radicular. Os resultados também permitiram eleger a produtividade de grãos, número de
vagens cheias, área superficial de raiz, volume de raiz e número de verticilos como as
variávies de maior importância relativa e, finalmente correlacionar os caracteres de raiz
comprimento total, área superficial e volume com os componentes de produção. O terceiro
experimento possibilitou constatar que, assim como em hidroponia, as doses de P utilizadas
foram eficientes na indução do estresse, havendo uma certa representabilidade do
experimento realizado em hidroponia, possibilitando classificar os genótipos IAC Formoso, G
2333, IAC Carioca Tybatã, IAPAR 81, IAC Imperador, Esplendor e IPR Tangará como
Eficientes e responsivos. Por meio dos resultados referentes a expressão diferencial dos
transcritos obtidos pela técnica RNAseq o contraste entre os genótipos em relação à eficiência
de uso do P pôde ser confirmado pela obtenção dos diferentes perfis de expressão, sendo
também possível identificar os genes mais responsivos tanto para diferenciar o fator de
resposta à dose de P aplicada quanto para diferenciar o comportamento do genótipos.

ix
Palavras-chave: Deficiência de P, hidroponia, transcriptoma, RNAseq.

ABSTRACT

The common bean (Phaseolus vulgaris L.) is an important component of the Brazilian daily
diet in view of nutritional constitution. Soil chemical characteristics are one of the factors that
act significantly in crop yield and phosphorus deficiency is one of the main restrictive factors
responsible for low production potential. Therefore, this research project aimed to classify
superior genotypes for phosphorus use efficiency, validating a classification routine
methodology; understand the genetic mechanisms involved in the physiological responses
observed in the most efficient cultivars for nutrient use, generating knowledge about gene
expression models, identifying the profiles of differentially expressed genes in contrasting
genotypes. Initially, an experiment was conducted in hydroponics, in a split plot design, the
plots consisting of the application of four concentrations of P, and subplots consisted of 20
genotypes, with six replications. In the second experiment 42 genotypes were evaluated for
number of whorls and basal roots and for the efficiency of the use of P in hydroponics, in
order to validate the genotypes classification methodology, using the dose 4,00 mg L-1 of P
established in the first experiment for stress induction. The third experiment was conducted in
pots filled with Rhodic Eutrophic soil with low P content. The experimental design was an 2 x
20 factorial, the first factor consisted in the P doses (45 and 90 kg ha-1 of P2O5) and the
second factor, for the 20 genotypes used in the first experiment, with six replications. The
fourth experiment was conducted in hydroponics, using the contrasting genotypes IAC
Imperador (Efficient) and DOR 364 (Inefficient) subject of P deficiency. Gene expression
profiles were obtained from libraries prepared using the kit TruSeq RNA Sample Prepv2
LowThroughput (LT), the mapping was performed against the commom bean genome of
Phytozome V.9.1 database. The differential expression analyzes were performed using
Cufflinks package and the functional annotation was performed using the Blast2Ge program.
The results initially obtained, it was possible verified significant differences in plant
development relative to P doses, moreover, it was possible to choose the 4.00 mg L-1 P dose
as the most efficient in the stress induction and, verified the variability existence among the
20 genotypes in relation of nutrient use efficiency, highlighting the genotypes IAPAR 81,
Carioca Comum, IAC Carioca Tybatã, IAC Imperador and G 2333 as efficient and
responsive. On the second experiment, it was possible to select the genotypes G 2333, Pérola,
IAC Carioca Taurino, Santa Rosa and PI-310724 for yield potential in P deficiency condition;

x
the genotypes Black s.3888, G 2333, Pintado Rajado and Cal-143 for the greatest length of
the root system. The results allowed electing yield, number of filled pods, root surface area,
root volume and number of whorls as the most relative important variables and, finally
correlating the root traits length, superficial area and volume with yield components. The
third experiment allowed us to note that, as in hydroponics, the P doses used were efficient in
the stress induction, being consistent with the first experiment in hydroponics, also allowing
us to classify the efficient and responsive genotypes IAC Formoso, G 2333, IAC Carioca
Tybatã, IAPAR 81, IAC Imperador, Esplendor e IPR Tangará. Finally, through the results of
the differential expression of the transcripts obtained by RNAseq, the contrast in relation to P
use efficiency between the genotypes was confirmed with the obtaining of different profiles
of expression, it is also possible to identify the most responsive genes to differentiate the
response of the factor P dose applied as to differentiate the genotypes behavior.

xi
Keywords: P deprivation, hydroponics, transcriptome, RNAseq.

Sumário

Introdução................................................................................................................................... 1
Revisão de Literatura ................................................................................................................. 2
A Cultura do feijoeiro ............................................................................................................ 2
O Fósforo................................................................................................................................ 4
Estudo da eficiência da aquisição e uso do P ......................................................................... 6
Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 10
Capítulo 1 ................................................................................................................................. 15
Classificação e seleção de genótipos de feijoeiro o comum quanto à eficiência de uso do
fósforo .................................................................................................................................. 15
RESUMO ......................................................................................................................... 15
ABSTRACT ..................................................................................................................... 16
1. Introdução .............................................................................................................. 17
2. Material e Métodos ................................................................................................ 19
3. Resultados e Discussões ........................................................................................ 22
4. Conclusões ............................................................................................................. 40
5. Referências bibliográficas ...................................................................................... 40
Capítulo 2 ................................................................................................................................. 44
Avaliação da resposta de genótipos de feijoeiro à deficiência de P em sistema hidropônico.
.............................................................................................................................................. 44
RESUMO ......................................................................................................................... 44
ABSTRACT ..................................................................................................................... 45
1. Introdução .............................................................................................................. 46
2. Material e Métodos ................................................................................................ 47
3. Resultados e Discussões ........................................................................................ 51
4. Conclusões ............................................................................................................. 65
5. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 66
Capítulo 3 ................................................................................................................................. 69
Avaliação de genótipos de feijoeiro quanto à eficiência do uso do P em Latossolo
Vermelho Eutrófico .............................................................................................................. 69
RESUMO ......................................................................................................................... 69
ABSTRACT ..................................................................................................................... 70
1. Introdução .............................................................................................................. 71
2. Material e Métodos ................................................................................................ 72

xii
3. Resultados e discussões ......................................................................................... 75
4. Conclusões ............................................................................................................. 91
5. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 91
Capítulo 4 ................................................................................................................................. 94
Análise do Transcriptoma de Plantas de Feijoeiro Comum (Phaseolus vulgaris L) Quanto a
Eficiência do Uso do Fósforo. .............................................................................................. 94
RESUMO ............................................................................................................................. 94
ABSTRACT ..................................................................................................................... 96
1. Introdução .............................................................................................................. 98
2. Material e Métodos .............................................................................................. 100
3. Resultados e discussões ....................................................................................... 105
4. Conclusões ........................................................................................................... 138
5. Referências Bibliográficas ................................................................................... 138
Conclusões Gerais .................................................................................................................. 141

xiii
Introdução

O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é um dos mais importantes alimentos


constituintes da dieta da população brasileira, por ser reconhecidamente uma excelente fonte
proteica, além de possuir grande quantidade de carboidratos e ser rico em ferro (VIEIRA,
2008). A média nacional de produtividade ainda é considerada baixa, visto que o potencial
produtivo da cultura pode atingir valores acima de 4.000 kg.ha -1. Essa baixa produtividade,
segundo OLIVEIRA et al. (2005), pode ser atribuída ao uso de cultivares pouco produtivos,
semeadura fora do zoneamento agrícola, incidência de pragas e doenças, além de condições
adversas do ambiente.
Segundo MIKLAS et al. (2006), a maioria da produção de feijão nos países em
desenvolvimento ocorre em pequenas propriedades com pouco emprego tecnológico, onde
ocorre uma maior vulnerabilidade quanto ao ataque de pragas e estresses abióticos, incluindo
o déficit hídrico e a baixa fertilidade dos solos. Com relação à nutrição mineral, diferentes
nutrientes estão envolvidos estrutural ou funcionalmente no ciclo de vida das plantas e são
essenciais para o seu crescimento e reprodução. O fósforo (P) é considerado como o segundo
nutriente limitante da cultura do feijoeiro após o nitrogênio (N), sendo essencial para o
crescimento e desenvolvimento das plantas.
O fósforo se encontra no solo nas formas inorgânicas (Pi) e orgânicas (Po), é absorvido
pelas plantas do solo na forma de fosfato, sendo importante para o crescimento como
elemento constitutivo de numerosas moléculas participes no metabolismo vegetal, tais como:
ácido fítico, fosfolipídeos, fosfoproteínas, bases nitrogenadas, além de desempenhar uma
função importante na transferência energética entre o P consumido e os processos que
demandam energia por meio das ligações de alta energia nas moléculas de ATP.
O estudo da eficiência de aquisição e uso do P em feijoeiro tem sido abordado nos
últimos anos por diversos autores, no entanto, existe certa dificuldade devido à complexidade
da característica, sendo fortemente influenciada pelo ambiente. Estudos de avaliação de
cultivares de feijoeiro em condições de campo têm permitido verificar que existem materiais
mais eficientes na absorção e aproveitamento de P. Segundo PARENTONI et al. (2011), a
caracterização da eficiência no uso do P tem sido uma importante ferramenta na seleção de
genótipos em condições de deficiência do elemento no solo.
No que se refere à variabilidade genotípica da resposta à eficiência nutricional de
plantas superiores, MARSCHNER (1995) destacou que as diferenças genotípicas estão
relacionadas com a absorção, transporte e utilização do nutriente no interior das plantas, sendo

1
esses processos afetados por fatores morfológicos, fisiológicos e pela demanda nutricional.
Nesse contexto, é de extrema importância o estudo das relações gênicas que determinam
a maior eficiência de determinados genótipos à aquisição e uso do nutriente, além das recentes
abordagens em relação ao estudo do perfil de expressão gênica em larga escala, como uma
importante ferramenta para entender como as plantas respondem a estresses bióticos e
abióticos.
Assim, o presente estudo teve como objetivo geral a classificação de genótipos
superiores quanto ao uso eficiente do P, compreender os mecanismos genéticos envolvidos
com as respostas fisiológicas quanto à utilização do nutriente e como objetivos específicos:
Estabelecer uma dose ideal para a indução da deficiência;
Validar uma metodologia de rotina em larga escala para classificação de
genótipos;
Verificar se os resultados da classificação são coerentes com os observados em
solo;
Gerar conhecimento a respeito de modelos de expressão gênica, identificando
os perfis dos genes diferencialmente expressos em genótipos contrastantes para
a resposta ao estresse por P, identificando genes candidatos para futuros estudos
e, possivelmente, ampliando as possibilidades de incorporação dos mesmos em
cultivares elites.

Revisão de Literatura
A Cultura do feijoeiro

O Feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a leguminosa de consumo direto mais


importante do mundo. Cerca de 12 milhões de toneladas de feijão são produzidos anualmente
sendo a América Latina o maior produtor, produzindo cerca de 5,5 milhões de toneladas,
tendo o Brasil e o México, como os maiores produtores. A África é a segunda região mais
importante na produção do grão, participando com cerca de 2,5 milhões de toneladas, sendo
os principais produtores: Uganda, Quênia, Ruanda, Burundi, Tanzânia e Congo (CGIAR,
2015).
Dentre as principais culturas alimentícias, o feijoeiro apresenta uma grande variação
quanto ao hábito de crescimento, características de sementes (tamanho, forma, cor),
maturidade e adaptação. A coleção de germoplasma da cultura se compara a outras

2
commodities em nível mundial, havendo aproximadamente 40.000 variedades. O feijoeiro é
produzido e uma vasta gama de ambientes e sistema de cultivo, como a América Latina,
África, Oriente Médio, China, Europa, Estados Unidos da América e Canadá. Os maiores
produtores e consumidores de feijão são Brasil, México, Zona Andina, América Central e
Caribe (FAO, 1999).
O feijoeiro comum é uma espécie anual, diploide (2n=2x=22) e autógama, onde
predomina a autopolinização (95%). A cultura pertence à família Fabaceae, ordem Rosales e
gênero Phaseolus. Seu ciclo pode variar de 60 a 120 dias, podendo apresentar hábitos de
crescimento determinado ou indeterminado AIDAR (2007).
O feijão, originário do continente americano, foi domesticado independentemente em
diversas regiões, dando origem segundo SINGH et al. (1991) a dois pools gênicos distintos
principais, Andinos e Mesoamericanos. Por meio da análise aloenzimática da proteína
faseolina presente na semente de feijão foi possível verificar a existência de diversidade
dentro da espécie, separando geograficamente populações selvagens do norte do México até a
Colômbia (Mesoamericanas) e, das populações do Peru e da Argentina (Andinas), indicando
ter ocorrido fluxo gênico do feijão selvagem ao cultivado e, sugerindo também, a existência
de pelo menos cinco subgrupos dentro pool Mesoamericano e quatro subgrupos dentro do
pool Andino.
Em relação à qualidade nutricional o feijão, segundo BEEBE et al. (2000) tem um
grande potencial para combater a desnutrição e a fome, pois o alimento é rico em proteínas
de qualidade (20-28%), carboidratos (32%), fibras (56%), micronutrientes como o ferro (70
mg kg-¹) e o zinco (33 mg kg-¹), além de vitamina A. Segundo FACHINI et al. (2006), na
alimentação da população brasileira o feijão é considerado um dos principais alimentos e ,
juntamente com o arroz, são a base da alimentação nacional, sendo complementares em
termos de aminoácidos essenciais. Além disso, é um produto de alta expressão econômica,
visto que é uma fonte básica e barata de proteínas e calorias, sendo muitas vezes, a principal
fonte proteica da população menos favorecida.
Quanto à estrutura produtiva no Brasil, há um enorme contraste quanto aos sistemas de
produção utilizados. De um lado, encontram-se os pequenos produtores que empregam, na
sua maioria, mão-de-obra familiar e baixo nível tecnológico. No extremo oposto, encontram-
se os grandes produtores rurais que cultivam o feijoeiro em grandes áreas utilizando elevado
nível tecnológico como a irrigação, alcançando altas produtividades. No entanto, a cultura do
feijoeiro se caracteriza como uma atividade de pequenos e médios produtores rurais, uma vez

3
que, 75% das lavouras nacionais de feijão são cultivadas em áreas inferiores a 10 hectares
(FUSCALDI e PRADO, 2005).
De acordo com os dados da CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento (2014), a
estimativa da safra brasileira de 2013/2014 foi de aproximadamente 3,44 milhões de
toneladas, com uma área plantada de 3,33 milhões de ha e uma produtividade média de 1.033
kg ha-¹. A média nacional de produtividade ainda é considerada baixa, visto que o potencial
produtivo da cultura em condições adequadas pode atingir valores acima de 4.000 kg ha-1.
Essa baixa produtividade pode ser atribuída a diversos fatores, sendo a baixa fertilidade dos
solos um dos fatores mais limitantes ao desenvolvimento da cultura, em especial o
inadequado suprimento de fósforo nos solos brasileiros.

O Fósforo

O fósforo (P) é um macronutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento


das plantas, desempenhando papel fundamental na nutrição e, como um elemento essencial,
participa de vários processos fisiológicos e bioquímicos que ocorrem em todos os organismos
vivos. O nutriente é elemento constitutivo de numerosas moléculas participes no metabolismo
vegetal, tais como: ácido fítico, fosfolipídeos, fosfoproteínas, bases nitrogenadas, além de
desempenhar uma função importante na transferência energética entre o fósforo consumido e
os processos que demandam energia por meio das ligações de alta energia nas moléculas de
ATP. Respostas como desordens fisiológicas, diminuição do peso seco e redução da área
foliar estão associadas a teores inadequados de P nas plantas (ERICSSON e INGESTAD,
1988). Segundo VANCE et al. (2003), o P, após o N, é considerado o segundo nutriente
mais limitante na cultura do feijoeiro .
De acordo com SANTOS et al. (2008), o P no solo é constituído por compostos
derivados, principalmente, do ácido ortofosfórico e, a dinâmica do elemento no solo está
associada a fatores ambientais que controlam a atividade dos microrganismos, os quais
imobilizam ou liberam os íons ortofosfato às propriedades físico-químicas e mineralógicas do
solo. Assim, em solos jovens e nos moderadamente intemperizados, o P encontra-se em sua
maior parte na forma orgânica (Po), ou na forma mineral (Pi), adsorvida fracamente aos
minerais secundários. Já nos solos altamente intemperizados, como os Latossolos,
predominam as formas inorgânicas ligadas à fração mineral com alta energia e, as formas
orgânicas, estabilizadas física e quimicamente.

4
Grande parte dos solos brasileiros são intemperizados e apresentam óxidos de ferro e
alumínio como principais constituintes da fração argila. Em condições de reação ácida, os
óxidos de ferro e alumínio apresentam-se preferencialmente com cargas positivas, sendo
assim capazes de reter predominantemente os íons fosfatos (VALLADARES et al., 2003).
Assim, o fato de parte do nutriente apresentar-se adsorvido ao solo, em formas pouco
disponíveis as plantas, reduz a eficiência no uso dos fertilizantes fosfatados, sendo utilizado
pelas culturas, aproximadamente, de 10 a 20 % do nutriente aplicado (SANTOS et al.,
2011).
Segundo BARBOSA et al. (2005), diversos fatores influenciam o processo de adsorção
do P, como o tipo e a solubilidade do fertilizante fosfatado utilizado, localização e época de
aplicação, umidade do solo, além do desenvolvimento radicular da cultura, o que pode levar
ao aumento ou diminuição quanto as perdas por lixiviação e fixação. Solos com baixa
capacidade de armazenamento de água e, em consequência, pobres em condutividade
hidráulica, também são limitantes para a rápida mobilização e disponibilização do P. As
relações do P com outros elementos no solo como, por exemplo, Al e Fe provocam pouca
disponibilidade do nutriente para as plantas, além de toxidez que podem impedir o
desenvolvimento radicular e a absorção dos nutrientes (SCHAFFERT et. al., 1999).
A maioria das plantas cultivadas contém entre 0,2% e 0,5% de P em sua matéria seca,
sendo que, na agricultura intensiva, muito deste nutriente pode ser aplicado utilizando-se
fertilizantes fosfatados inorgânicos e orgânicos. Nesse contexto, a adubação fosfatada é
utilizada extensivamente a fim de minimizar o risco de deficiência de P no solo e,
consequentemente, aumentar a produtividade das culturas e melhorar a segurança alimentar
(KIRKBY & JOHNSTON, 2008).
Segundo SCHRÖDER et al. (2011), os fertilizantes fosfatados minerais,
intensivamente utilizados na produção de alimentos nos últimos 50 anos, são processados a
partir das reservas fósseis, no entanto, devido a ineficiências na cadeia de produção e
consumo de alimentos, apenas um quinto desse P suprem os alimentos consumidos pela
população global. Frente ao aumento da populacional mundial dos próximos 40 anos e da taxa
de esgotamento de reservas de P para a produção de fertilizantes, previstas para 50-150 anos,
é extremamente necessário que haja o uso eficiente do recurso.
BEEBE et al. (2013), afirmam que os atuais esforços quanto ao aumento da eficiência
de aquisição e utilização de nutrientes em condição de baixa fertilidade natural dos solos,
certamente contribuirão também para melhorar de maneira sustentável, a eficiência do uso de
fertilizantes. Os autores reforçam a importância da recuperação do P aplicado, antes de ser

5
irreversivelmente fixado por óxidos de ferro e de alumínio nos solos tropicais com alta
capacidade de fixação, o que implica na utilização de plantas com um sistema radicular
eficiente que acesse agressivamente os nutrientes do solo.

Estudo da eficiência da aquisição e uso do P

O estudo da eficiência da aquisição e uso do P em feijoeiro tem sido abordado nos


últimos anos por diversos autores, no entanto, devido à complexidade da característica, existe
certa dificuldade na seleção de genótipos tolerantes à essa deficiência, assim como na
compreensão dos mecanismos de resposta, na identificação de genes de efeitos maiores que
codificam para uma maior eficiência.
No que se refere à variabilidade genotípica da resposta à eficiência nutricional de
plantas superiores, MARSCHNER (1995) destacou que as diferenças genotípicas estão
relacionadas com a absorção, transporte e utilização do nutriente no interior das plantas, sendo
esses processos afetados por fatores morfológicos, fisiológicos e pela demanda nutricional. A
eficiência com que as plantas utilizam os nutrientes disponíveis no solo é diretamente
dependente da eficiência de absorção, armazenamento e remobilização.
Adaptações fisiológicas, morfológicas, bioquímicas e moleculares são associadas
comumente aos ambientes com níveis baixos e persistentes de P no solo. A presença de P
inorgânico induz o crescimento das raízes superficiais para sua absorção (LYNCH, 1995). O
crescimento das raízes capilares aumenta na ausência de altas concentrações de P, como
consequência da necessidade da planta de adquirir mais nutrientes em condições adversas
(GAHOONIA & NIELSEN, 1998).
Várias estratégias de adaptação à deficiência de P têm sido desenvolvidas pelas
plantas, envolvendo diversos mecanismos de absorção, uso e remobilização de fosfato
(VANCE et al., 2003; HAMMOND et al., 2004; LAMBERS et al., 2006). ZONTA et al.
(2006), antes de considerar a eficiência dos sistemas de absorção, enfocaram o tamanho do
sistema radicular, principalmente o comprimento e superfície totais, tendo considerado que
este fator se encontra relacionado com a eficiência na aquisição de nutrientes pelas plantas.
Modificações no crescimento e arquitetura de raízes têm sido apontadas como uma importante
resposta à deficiência de P (RAGHOTHAMA, 1999). Paralelamente, outros autores
(LYNCH, 1995; LIAO et al., 2001; LYNCH e BROWN, 2001;YAN et al., 2004; BEEBE et

6
al., 2006; HILL et al., 2006; OCHOA et al., 2006), têm salientado a importância das
adaptações radiculares, especialmente em leguminosas.
BEEBE et al. (1995) e SINGH et al. (2003) verificaram, em avaliações feitas em solos
com baixo nível de P, germoplasma tolerante à esta deficiência, abrindo oportunidades para o
desenvolvimento e seleção de novas variedades. MUCHHAL & RAGHOTHAMA (1999)
demonstraram que as plantas aumentam sua capacidade de absorver Pi durante períodos de
estresse de P, devido à síntese de moléculas transportadoras adicionais.
Os trabalhos de avaliação de cultivares de feijoeiro em condições de campo têm
permitido verificar que existem materiais mais eficientes na absorção e aproveitamento de P.
Estes estudos permitem classificar os cultivares em: eficientes e responsivos; eficientes e não-
responsivos; não-eficientes e responsivos; não-eficientes e não-responsivos (FAGERIA,
1998). MELISSA et. al. (2005), afirmaram que a adaptação das plantas está na habilidade das
mesmas em adquirir recursos no solo sem afetar sua produtividade. Plantas que não são
eficientes precisam de mais fertilizantes, aplicados com maior custo, para o produtor e maior
agressão ao ambiente, sobretudo em virtude dos desequilíbrios químicos e da acidificação das
águas.
OLIVEIRA et. al. (2012), observaram variabilidade genotípica quanto à eficiência do
uso do P em 19 genótipos de feijoeiro cultivados em ambientes de baixo e alto nível de P,
suplementados com respectivamente 20 e 120 kg.ha-1. Assim, os autores selecionaram no
Estado de Tocantins os genótipos IAC Una, IPR-Saracura, IPR-Juriti, IAC Centauro e IPR-
Corujinha como mais eficientes quanto à absorção e responsividade ao P, recomendando os
mesmos para cultivo em baixa, média e alta tecnologia.
PERILLA (2014), avaliando 13 genótipos dos grupos de tegumento preto e carioca
em solução nutritiva, utilizando as doses 6,25 e 25,02 µM L-1, observaram diferenças
estatísticas para as doses e genótipos avaliados, assim como para todos os índices de
eficiência de utilização do P estimados na maturidade fisiológica, destacando os cultivares
que apresentaram maior eficiência IPR Uirapuru, IPR Tuiuiú e BRS Esplendor do grupo preto
e IPR Eldorado do grupo carioca. Após elencar a eficiência dos genótipos foram realizados
sete cruzamentos entre os genótipos mais contrastantes, sendo conduzido até a geração F3 que,
pela avaliação dos parâmetros genéticos o autor verificou tanto a presença de efeitos aditivos,
como de dominância no controle da eficiência de utilização do nutriente.
Nesse contexto, é de extrema importância o estudo das relações gênicas que
determinam a maior eficiência de determinados genótipos à aquisição e uso do nutriente.
Segundo GEORGE & RICHARDSON (2008), as plantas possuem uma ampla gama de

7
mecanismos fisiológicos e características que facilitam o aumento da disponibilidade e
aquisição de P do solo. No entanto, aumentar a eficiência de utilização de P pelas plantas
cultivadas têm sido um desafio, em grande parte devido às interações complexas entre o
leque de mecanismos de aquisição e sua eficácia em diferentes ambientes.
É sabido que a restrição do P reduz rapidamente as taxas de crescimento da planta. No
entanto, a demanda de P nos tecidos e as respostas quanto à disponibilidade do elemento
variam muito entre genótipos. A deficiência do P altera a bioquímica celular, a alocação de
biomassa e a morfologia radicular para atender as exigências de P da planta. As respostas
típicas das plantas à restrição do nutriente incluem a remobilização, a redução ou a
substituição do P em compostos celulares não essenciais, a exsudação de metabólitos e
enzimas para a rizosfera, e alterações na morfologia da raiz, podendo ocorrer associações com
microrganismos para aumentar a eficiência de aquisição do P a partir do solo (WHITE &
HAMMOND, 2008).
YAN et al. (2001), obtiveram correlação entre parâmetros de arquitetura de raiz e
eficiência para o uso do P em feijoeiro. A habilidade para produzir fosfatases, induzidas pela
demanda de fósforo na planta, pode mobilizar P desde fontes orgânicas. BOSSE & KOCK
(1998) perceberam que em ausência de fosfatos no solo aumentaram as concentrações de P
nas raízes, assim como aumentaram a concentração de fosfatases, fitases e RNAses.
Deficiências de P originam mudanças na expressão gênica sendo observadas
alterações em genes que codificam fosfatases (PATEL et. al., 1995), RNAses (GREEN,
1994), fitases, e fosfotransportadores (MUCHHAL et. al., 1996), os quais desempenham
diferentes funções quanto a nutrição do P na planta. Estas adaptações repercutem na formação
de estruturas como “clusters” radiculares, incrementam a exsudação de ácidos orgânicos e
aumentam a atividade dos genes ligados à produção de fosfatases ácidas e
fosfotransportadores (VANCE, 2001; VANCE et al., 2003). RAGHOTAMA (1999),
observou que a deficiência de P pode afetar outros genes envolvidos na síntese de PEPcasa,
proteínas de armazenamento vegetativo e piruvatos, evidenciando um complexo sistema de
regulação ligado às respostas e mudanças celulares de acordo com os níveis de P presentes na
planta.
Para compreender a relação entre o genoma e o funcionamento das células, procura-se
estudar os produtos do genoma, as proteínas e RNAs expressos, com o intúito de preencher a
lacuna do entendimento do código genético, das moléculas funcionais presentes nas células e
os diferentes perfis de expressão gênica. Assim, a comparação de transcriptomas de diferentes
tipos de células, tecidos e condições fornece uma compreensão mais profunda do que

8
constitui um tipo específico de célula e, como as mudanças na atividade transcricional pode
refletir ou contribuir para a ativação ou repressão de genes em vários tipos de células e tecidos
(ADAMS, 2008).
RAMIREZ et al. (2005) e GRAHAM et al. (2006) em estudos referentes à análise de
ESTs (Expressed Sequence Tags) identificaram 52 genes candidatos para aumentar a
eficiência à absorção de fósforo através de 247 contigs em raízes de feijão cultivados em
situação de estresse de fósforo. Os genes identificados pertencem a várias categorias
funcionais envolvidos na aquisição, transporte e mobilização de fosfatos, tais como
transportadores de fosfato, aquaporinas, transportadores e fosfatases.
HERNÁNDEZ et al. (2007), estudando a genômica funcional de plantas de feijoeiro
submetidas a uma redução no suplemento de P de 1 mM e 5 µM P e coletadas 3 semanas após
a indução do estresse, obtiveram um perfil de transcrição do sistema radicular do genótipo
Negro Jampa 81 através de análises de macroarranjos. Do total de 2212 unigenes das
bibliotecas de cDNA de raiz sob deficiência, 126 sequências apresentaram expressão
diferencial em resposta ao P. Assim, os autores identificaram uma série de genes candidatos,
com funções diversas na adaptação das plantas de feijão à deficiência de P, contribuindo para
aumentar o rol de informações sobre a regulação e sobre as vias de sinalização durante a
deficiência do nutriente.
SCHMUTZ et al (2014), disponibilizaram a primeira versão V 1.0 da escala
cromossômica de feijoeiro comum na plataforma de dados genômicos de plantas
“Phytozome”, resultado do projeto de cooperação USDA-NIFA "Um mapa seqüência do
genoma para melhoramento do feijão" a fim de facilitar os estudos de genômica comparativa.
Esta versão inclui bibliotecas de cromossomos artificiais bacterianos (BAC), sequências finais
fosmidios e um mapa denso, saturado com 7.015 marcadores. Foram montados 473 Mb do
genoma de 587 Mb e 98% dessas sequências foram ancoradas aos 11 cromossomos da
escala, para tal, foram utilizados o sequenciamento de 60 indivíduos selvagens e 100
variedades crioulas dos conjuntos gênicos mesoamericano e andino. Além disso, o banco de
dados fornece livre acesso ao genoma sequenciado e anotado, facilitando os estudos de
mapeamento da espécie e de anotação funcional.
Segundo HIZ et al. (2014), recentes abordagens em relação ao estudo do perfil de
expressão gênica em larga escala têm se mostrado como uma importante ferramenta para
entender como as plantas respondem a estresses bióticos e abióticos. Os autores relatam que,
apesar do acúmulo de informações de dados de sequenciamento de transcritos de plantas
modelos e de culturas agronomicamente importantes, ainda há poucos estudos com relação a

9
essas espécies sobre a análise de transcriptoma em condições de estresse abióticos, sendo os
estudos mais abordados os de efeitos da seca e estresse salino em perfil de expressão gênica.
Os autores mencionam que, apesar de não haver disponível uma análise do transcriptoma do
feijoeiro em estresse abiótico, as análises de sequências de RNA de nova geração irão
fornecer informações valiosas para a identificação e clonagem de genes de tolerância ao
estresse, a fim de serem utilizadas como ferramenta no melhoramento de variedades com
aprimorados mecanismos de tolerância.

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14
Capítulo 1
Classificação e seleção de genótipos de feijoeiro o comum quanto à eficiência
de uso do fósforo

RESUMO

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é a leguminosa mais importante do consumo


alimentar brasileiro, fazendo parte da dieta diária como a principal fonte de proteína e ferro.
O feijoeiro é muito cultivado em solos com baixa disponibilidade de fósforo (P), sendo essa
uma das principais limitações de sua produção. O objetivo desse trabalho foi avaliar 20
genótipos de feijoeiro em hidroponia com diferentes concentrações de P, selecionar a dose
ideal para a indução de deficiência nutricional e classificar os genótipos quanto à eficiência de
utilização do nutriente. O delineamento experimental foi em parcelas subdivididas, com
aplicação de quatro concentrações de P, (8,00; 4,00; 2,00 e 0,05 mg L-1) e seis repetições. Aos
21 dias, na parcela com aplicação do estresse mais severo, dose 0,05 mg L-1 de P, foi
observado menor porte e abscisão foliar precoce. Para todas as concentrações de P ocorreram
diferenças significativas quanto ao desenvolvimento das plantas entre doses, genótipos e
interação para a maioria das características avaliadas. A dose com 4,00 mg L-1 de P foi a mais
eficiente na indução do estresse para discriminação de cultivares quanto à eficiência de
absorção e uso do P. Os genótipos IAPAR 81, Carioca Comum, IAC Carioca Tybatã, IAC
Imperador e G 2333 destacaram-se como eficientes e responsivos para P, enquanto os
cultivares DOR 364 e Jalo Precoce foram ineficientes e não responsivos.

Palavras-chave: Deficiência de P, Identificação de genótipos eficientes, Hidroponia.

15
ABSTRACT

The common bean (Phaseolus vulgaris L.) is the most important legume in the
Brazilian food consumption, doing part of the daily diet as the main source of protein and
iron. Common bean is frequently grown in weathered soils with low phosphorus (P)
availability, and this is one of the main limitations on its production. This study aimed to
assess 20 common bean genotypes in a hydroponic system to select the best P concentration
for inducing nutritional deficiency and to classify the genotypes in terms of nutrient
utilization efficiency. The experimental design was an split plot with application of four
concentrations of P in the plots (8.00, 4.00, 2.00 and 0.05 mg L-1), the subplots were the 20
genotypes, with six repetitions. At 21 days, in the plot subjected to an application of the most
severe stress, the 0.05mg L–1dose of P, had smaller plant size and early leaf abscission was
observed. All P concentrations resulted in significant differences in plant growth between the
doses, genotypes and interaction dose x genotypes for the most traits evaluated. The 4.00
mgL–1dose of P was the most efficient in inducing stress for discrimination of cultivars in
terms of efficiency of use of P. The following genotypes: IAPAR 81, Carioca Comum, IAC
Carioca Tybatã, IAC Imperador and G 2333 stood out as being efficient and responsive to P,
while the two cultivars DOR 364 and Jalo Precoce were the most inefficient and
unresponsive.

Keywords: P deficiency, efficient genotypes identification, hydroponics.

16
1. Introdução

O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L) é uma das principais culturas produzidas no


Brasil e no mundo. Sua importância vai além do fator econômico, considerando sua utilização
como alimento básico para a população brasileira e mundial. O feijão é considerado como
uma das principais fontes de proteína vegetal utilizadas na alimentação da população
brasileira. É reconhecido como um dos poucos alimentos ricos tanto em carboidratos (60%)
como em proteínas (20 a 30%); além disso, contém lipídios e sais minerais. (VIEIRA et al.,
1998).
Apesar da grande importância que esta cultura representa para o Brasil, o rendimento
médio nacional é muito baixo (1.042 kg ha-1), sendo inferior a produtividade média mundial.
Contudo, o potencial dessa cultura no Brasil é grande, pois em condições de cultivo
adequadas, pode chegar a produzir 4000 kg ha-1 (CONAB, 2014).
O feijoeiro é considerado uma cultura exigente em nutrientes por ser extremamente
sensível aos estresses ambientais, sendo que um dos fatores mais significativos para explicar
esse baixo rendimento da cultura no país é a baixa fertilidade dos solos tropicais, limitando a
nutrição da planta. Dentre os fatores mais importantes para essa limitação, está a
disponibilidade de fósforo nesses solos, geralmente apresentando teores extremamente baixos
(SILVA & VAHL, 2002).
Neste contexto, os programas de melhoramento genético são de fundamental
importância para aumentar a capacidade produtiva do feijoeiro, considerando diversas
características como: morfológicas, fisiológicas e rendimento, além de associar características
de qualidade nutricional e tecnológica, resistência às pragas e doenças e aumentar a eficiência
de absorção e uso dos nutrientes minerais pela cultura.
O fósforo (P) é um dos nutrientes minerais mais importantes para o crescimento e
desenvolvimento das plantas, sendo o segundo mineral, depois do nitrogênio, que mais limita
a produção de grãos. Sua disponibilidade esta relacionada com solos ácidos limitantes para a
agricultura e associados à imobilização do elemento no solo. Das terras agricultáveis do
mundo, cerca de 3,95 milhões de hectares, ou 30% da superfície do planeta, são afetadas por
este problema (VON UEXKULL & MUTERT, 1995). Estes solos predominam nas regiões
tropicais sendo considerados de difícil adaptação e utilização para o cultivo agrícola e
exploração econômica.
O P atua como elemento constitutivo de numerosas moléculas do metabolismo vegetal
tais como: ácido fítico, fosfolipídeos, fosfoproteínas e ácidos nucleicos, além de desempenhar

17
uma função importante na transferência energética entre o fósforo consumido e os processos
que demandam energia através das ligações de alta energia nas moléculas de ATP. Respostas
com baixo desempenho, desordens fisiológicas, diminuição do peso seco e redução da área
foliar estão associadas a suplementos inadequados de fósforo para as plantas (ERICSSON &
INGESTAD, 1988).
Varias estratégias de adaptação à deficiência de fósforo no solo têm sido
desenvolvidas pelas plantas, envolvendo diversos mecanismos de absorção, uso e
remobilização de fosfato (VANCE et al., 2003; HAMMOND et al., 2004; LAMBERS et al.,
2006).
ZONTA et al. (2006), enfocaram o tamanho do sistema radicular, principalmente o
comprimento e a superfície total das raízes, como fatores diretamente relacionados com a
eficiência na aquisição de nutrientes pelas plantas. Segundo LYNCH (1995) a presença de
fósforo inorgânico induz o crescimento das raízes superficiais para sua absorção e o
crescimento das raízes capilares aumenta na ausência de altas concentrações de fósforo no
solo, como consequência da necessidade da planta em adquirir mais nutrientes em condições
adversas (GAHOONIA e NIELSEN, 1998).
No que se refere à variabilidade genotípica da resposta à eficiência nutricional de
plantas superiores, MARSCHNER (1995) destacou que as diferenças genotípicas estão
relacionadas com a absorção, transporte e utilização dos nutrientes no interior das plantas, os
quais são processos afetados por fatores morfológicos, fisiológicos e pela demanda
nutricional.
Nos estudos realizados para avaliação de cultivares de feijão em condições de campo,
tem-se verificado que existem materiais mais eficientes quanto à absorção e aproveitamento
do fósforo. Estes estudos permitem classificar os cultivares em: eficientes e responsivos;
eficientes e não-responsivos; não-eficientes e responsivos; não-eficientes e não-responsivos
(FAGERIA, 1998). MELISSA et. al (2005) afirmaram que a adaptação das plantas está na
habilidade das mesmas em adquirir recursos no solo sem afetar sua produtividade. Plantas que
não são eficientes precisam de mais fertilizantes, aplicados com maior custo para o produtor e
maior agressão ao ambiente, sobretudo em virtude dos desequilíbrios químicos e da
acidificação das águas.
Como a absorção, transporte e redistribuição de nutrientes são controlados
geneticamente, existe a possibilidade de melhorar ou selecionar cultivares mais eficientes
quanto ao uso dos nutrientes (GABELMAN e GERLOFF, 1982). BEEBE et al. (1995) e
SINGH et al. (2003) verificaram em avaliações realizadas em solos com baixo teor de fósforo,

18
germoplasma tolerante a esta deficiência, abrindo oportunidades para o desenvolvimento e
seleção de novas variedades.
Segundo PARENTONI et al., (2011) a seleção precoce para a eficiência no uso do P
pelas plantas pode ser realizada no programa de melhoramento genético. Para tanto,
normalmente, são utilizados experimentos com restrição na disponibilidade de P no substrato.
Neste caso, as plantas são avaliadas na fase vegetativa, quanto às características relacionadas
ao desenvolvimento, como o acúmulo de massa seca e conteúdo de P, tanto na parte aérea
como nas raízes. Tem sido observada baixa correlação entre dados obtidos por métodos de
seleção precoce relacionados com desempenho das plantas avaliadas em condições de campo,
portanto apesar de onerosa, os autores afirmam a importância de se conduzir os experimentos
até a fase de produção para a classificação e seleção de materiais superiores quanto à
eficiência na absorção e uso do P.
Assim, os objetivos desse trabalho foram avaliar as respostas morfo-fisiológicas de 20
genótipos de feijoeiro quanto à absorção de P em condição de estresse em diferentes
concentrações do elemento, selecionar a dose ideal para a indução de deficiência nutricional e
classificar os genótipos quanto à eficiência de utilização do elemento, visando à seleção de
genótipos superiores e apoio ao Programa de Melhoramento de Feijão do Instituto
Agronômico (IAC).

2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Grãos e Fibras do


Instituto Agronômico (Fazenda Santa Elisa, Campinas - SP). Foram avaliados 20 genótipos
de feijoeiro (Tabela 1), dos quais dois (G4000 e G2333) foram utilizados como padrão para
eficiência na absorção de P e o genótipo Dor 364 utilizado como padrão de ineficiência na
absorção de P com presença de raízes pouco vigorosas (VIEIRA et al., 2007 e VIEIRA et al.,
2008).

19
Tabela 1. Genótipos utilizados no estudo quanto à eficiência de absorção e uso do fósforo.
Genótipos Ciclo Hábito de Crescimento Tegumento
1. IAC ALVORADA 92 dias Semi-Ereto (tipo III) Carioca
2. IAC CARIOCA TYBATÃ 86 dias Semi-Ereto (tipo III) Carioca
3. IAC DIPLOMATA 92 dias Ereto (tipo II) Carioca
4. IAC FORMOSO 85 dias Semi-Ereto (tipo II) Carioca
5. IAC IMPERADOR 75 dias Semi-Ereto (tipoI) Carioca
6. IPR UIRAPURU 86 dias Ereto (tipo II) Preto
7. BAT 477 77 dias Ereto (tipo I) Creme
8. SEA 5 75 dias Ereto (tipo I) Creme
9. CARIOCA COMUM 92 dias Semi-Ereto (tipo II) Carioca
10. IAPAR 81 92 dias Ereto (tipo II) Carioca
11. BRS PONTAL 85-95 dias Prostrado (tipo III) Carioca
12. BRS ESTILO 85-90 Ereto (tipo II) Carioca
13. PÉROLA 90-100 dias Semi-Ereto (tipo III) Carioca
14. IPR TANGARÁ 87 dias Ereto (tipo II) Carioca
15. DIAMANTE NEGRO 92 dias Ereto (tipo II) Preto
16. JALO PRECOCE 72 dias Ereto (tipo I) Amarelo
17. G4000 83 dias Semi-Ereto (tipo II) Marrom
18. DOR 364 75-85 dias Semi-Ereto (tipo II) Vermelho
19. G2333 95 dias Prostrado (tipo IV) Vermelho
20. BRS ESPLENDOR 85-90 dias Ereto (tipo II) Preto

O delineamento experimental utilizado foi o de parcelas subdivididas, constituído por


quatro parcelas (doses de P), 20 subparcelas (genótipos) e seis repetições. Nas parcelas foram
aplicadas soluções nutritivas, diferindo apenas quanto às doses de P utilizadas. Os 20
genótipos foram distribuídos aleatoriamente na parcela, sendo que cada repetição foi cultivada
em um vaso individual. Três repetições foram coletadas no pré-florescimento, para avaliações
biométricas e, as outras três repetições, foram conduzidas até a produção de grãos.
As plantas foram conduzidas em vasos de 3,5 L preenchidos com areia de filtro, sendo
cultivadas em sistema hidropônico. A solução nutritiva utilizada em todas as parcelas, foram
preparadas com água deionizada, sendo composta de 143,0 mg L-1 de N; 132,5 mg L-1 de K;
121,0 mg L-1 de Ca; 25,5 mg L-1 de Mg; 33,0 mg L-1 de S; 1,81 mg L-1 de Fe; 0,45 mg L-1 de
Cu; 0,18 mg L-1 de Zn; 0,45 mg L-1 de Mn; 0.45 mg L-1 de B; 0,09 mg L-1 de Mo e 0,09 mg L-
1
de Ni. Os tratamentos com P aplicados nas parcelas (PA, PB, PC e PD) constaram de: 0,05;
2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1 de P.
Na primeira quinzena após instalação do experimento, as plantas foram irrigadas com
solução nutritiva meia força, ou seja, metade da concentração total a ser utilizada. Foram
aferidos diariamente a condutividade elétrica, mantida entre 1,8 a 2,0 mS cm-1 e o pH da
solução nutritiva mantido próximo a 5,8.

20
Foram realizadas duas avaliações nas folhas mais velhas quanto ao índice relativo de
clorofila (IRC), utilizando-se o método não destrutivo (SPAD-502Plus – Konica Minolta). A
primeira avaliação foi realizada aos 28 dias após o transplantio (DAT), quando foram
observados os primeiros sintomas visuais de deficiência nas plantas da parcela que recebeu a
menor dose de P e, aos 43 dias, quando apresentavam sintomas severos de deficiência, como a
clorose acentuada, abscisão prematura de folhas, manchas escuras no limbo foliar e menor
desenvolvimento da planta.
Aos 54 DAT, foi atingido o estádio de pré-florescimento, sendo realizadas as coletas
de plantas para a avaliação dos seguintes caracteres biométricos: altura de planta (AP);
número de nós por planta (NNP); área foliar (AF); massa fresca de folhas (MFF), ramos
(MFRM) e raiz (MFR); massa seca de folhas (MSF), ramos (MSRM) e raízes (MSR).
Inicialmente, foi realizada a determinação da área foliar total (cm2) utilizando-se um
integrador de área - Modelo LI-3100C – LI-COR. Essas mesmas plantas foram utilizadas para
avaliação das massas totais fresca e seca, sendo separadas em folha e caule e pesadas em
balança de precisão. Para obtenção da massa seca, as amostras da massa fresca foram secas
em estufa de circulação forçada de ar com temperatura de 60 °C. Com relação às raízes, foram
avaliados os caracteres: comprimento total (CR) em cm; a área superficial (AS) em cm2; o
volume total (VR) em cm3 e o diâmetro médio (DR) em mm. As imagens das raízes de cada
planta foram obtidas em scanner LA2400 (EPSON) e as características de raiz foram
calculadas por meio da utilização do software WinRHIZO® (Regent Instruments Inc.,
Quebec, Canada).
Os caracteres avaliados para produtividade foram: número de vagens por planta (NVP);
número de sementes por planta (NSP); número de sementes por vagem (NSV); massa de cem
sementes em gramas (MCS) e produtividade de grãos em g planta-1 (PG).
Para determinar os teores de nutrientes nas folhas, amostras de 1,0 g de tecido foliar,
secas e moídas, foram submetidas à digestão nítricoperclórica para extração de P, K, Ca, Mg e
S. Nos extratos, os teores desses nutrientes foram determinados por espectrofotometria de
absorção atômica. Para determinação do N total, amostras de 0,2 g do tecido foliar foram
submetidas à digestão sulfúrica e o N total foi determinado por destilação (MALAVOLTA et
al., 1989).
Os resultados foram submetidos à análise de variância ANOVA e teste F em
delineamento de parcelas subdivididas. Para quantificação dos efeitos dos tratamentos
compararam-se as médias pelo teste Scott-Knot a 5% de probabilidade.

21
A Classificação dos genótipos para a eficiência de uso do P foi realizada através da
metodologia de PARENTONI et al (2011), por meio de plotagem dos valores em um gráfico
em que, a produtividade das parcelas em estresse é representada no eixo das abscissas (x) e, a
produtividade no ambiente sem estresse, no eixo das ordenadas (y), sendo permitida a
identificação dos genótipos nas categorias ER, ENR, IR e INR (Eficientes e responsivas,
eficientes e não responsivas, ineficientes e responsivas, ineficientes e não responsivas) pelas
duas retas que se cruzam nas médias dos ambientes.
Foi estimado um índice de seleção (IS) para auxiliar a seleção dos genótipos mais
eficientes, segundo a metodologia de PARENTONI et al. (2001), que considera as
produtividades nos dois níveis de disponibilidade de P. Nesse índice, é utilizado um
ponderador que possibilita a seleção de genótipos com tendência a serem mais eficientes no
uso do P que responsivos, sendo:
IS = [(YiE x YiS) / (ME x MS)] x (YiE / ME)
Em que:
YiE : produtividade media do genótipo i no ambiente com estresse;
YiS : produtividade média do genótipo i no ambiente sem estresse;
ME: média geral de produtividade no ambiente com estresse;
MS : média geral de produtividade no ambiente sem estresse.

3. Resultados e Discussões

Os primeiros sintomas de deficiência de fósforo foram observados aos 21 dias após


transferência das plântulas para o sistema hidropônico, as plantas da parcela que recebeu a
menor dose de P (PA - 0,05 mg L-1) apresentavam menor porte em relação às plantas das
demais parcelas, amarelecimento precoce e início de abscisão (Figura 1). WHITE &
HAMMOND (2008) relatam que os sintomas da deficiência de P em plantas refletem os
papéis do P nas células vegetais, resultando em hábito diminuto ou espigado, ângulos agudos
de folha, supressão do afilhamento, dormência prolongada, senescência precoce e diminuição
no número de flores e botões, sendo que os sintomas ocorrem primeiro nas folhas mais
velhas.

22
Figura 1. Plantas do cultivar IAC Alvorada submetidas às diferentes doses de fósforo (0,05;
2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1 de P) amostradas nas parcelas PA, PB, PC e PD.

Pelo resumo da análise de variância apresentado na tabela 2, foi possível detectar


diferença significativa nas avaliações realizadas aos 28 e aos 43 DAT para a o índice relativo
de clorofila entre os diferentes tratamentos. Ocorreram diferenças significativas (P>0,01)
tanto para as doses de P aplicadas nas parcelas, quanto para genótipos e para a interação doses
e genótipo (P x G).

Tabela 2. Resumo da análise de variância referente ao índice relativo de clorofila avaliado


nas folhas cotiledonares e no primeiro trifólio aos 28 e 43 DAT em 20 genótipos de feijoeiro
cultivados em hidroponia e submetidas às diferentes doses de fósforo (0,05; 2,00; 4,00 e 8,00
mg L-1 de P).

Índice Relativo de Clorofila


(Unidade SPAD)
Fonte da Variação GL
28 DAT1 43 DAT2
Quadrado Médio
Doses de P 3 3179,14** 5044,99**
Erro (a) 15 5,54 15,65
Genótipos 19 179,68** 291,2**
PxG 57 29,46** 77,71**
Erro (b) 385 12,48 20,18
Total 479
C.V. (a) % 5,59 9,54
C.V. (b) % 8,39 10,83
1
Índice relativo de clorofila das folhas cotiledonares aos 28 dias. 2Índice relativo de clorofila do primeiro trifólio aos 43 dias.
**Significativo a 1% pelo teste F.

Na primeira avaliação, as plantas submetidas às diferentes doses de fósforo diferiram


entre si de acordo com a dose de P recebida, sendo que, a parcela P A apresentou o menor
índice relativo de clorofila nas folhas, seguidas das parcelas PB, PC e PD. Na segunda
avaliação, apenas a parcela PA diferiu das demais, apresentando menor índice relativo de
clorofila, 31,75 unidades SPAD (Tabela 3).
Considerando apenas a parcela PA na segunda avaliação, quando os sintomas de
deficiência mostravam-se mais severos, a amplitude para índice relativo de clorofila variou de

23
44,3 a 18,1 unidades SPAD, possibilitando separar os genótipos em quatro classes distintas de
acordo com o IRC; os cultivares SEA 5, G 2333, IAC Imperador, IPR 81 e IPR Tangará
apresentaram as maiores médias para índice relativo de clorofila, enquanto que, os cultivares
Pérola, BAT 477, BRS Estilo e DOR 364 os menores IRC’s (Tabela 3). ZAFAR et al.
(2011), em estudo sobre a eficiência do uso de P pela cultura do milho obtiveram relações
positivas (r2 = 0.88) entre índice relativo de clorofila nas folhas e absorção de P pela planta, o
índice relativo de clorofila foi significativamente elevado com o aumento da dose de fósforo
fornecida, sendo que, o aumento de clorofila nos tratamentos variou de 41 a 118% comparado
ao controle.

Tabela 3. Médias referentes ao índice relativo de clorofila avaliado nas folhas cotiledonares e
no primeiro trifólio aos 28 e 43 DAT em 20 genótipos de feijoeiro cultivados em hidroponia e
submetidas às diferentes doses de fósforo (0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1 de P).

28 dias 43 dias
Genótipo PA PB PC PD PA PB PC PD
1- IAC Alvorada 30,87 b 42,03 c 41,92 b 43,52 c 35,73 b 44,02 a 42,82 b 43,28 b
2- IAC Carioca Tybatã 40,00 a 41,00 c 47,02 a 44,70 c 25,72 c 45,07 a 47,42 a 45,65 a
3- IAC Diplomata 25,93 b 39,05 d 43,57 b 45,58 b 25,95 c 44,42 a 47,03 a 46,92 a
4- IAC Formoso 35,07 a 39,07 d 39,40 b 43,42 c 31,07 b 44,92 a 41,15 b 41,90 b
5- IAC Imperador 44,63 a 50,05 a 48,77 a 51,88 a 41,78 a 47,98 a 45,53 a 43,22 b
6- Uirapuru 35,43 a 41,38 c 44,53 b 45,38 b 32,72 b 45,12 a 46,60 a 47,07 a
7- Bat 477 29,67 b 37,93 d 42,52 b 43,82 c 19,13 d 44,40 a 40,05 b 41,75 b
8- Sea 5 30,55 b 43,33 c 45,60 a 49,43 a 44,43 a 47,73 a 47,22 a 45,30 a
9- Carioca Comum 37,23 a 41,53 c 46,92 a 47,08 b 33,52 b 48,98 a 46,32 a 46,92 a
10- IAPAR 81 38,55 a 43,08 c 46,22 a 47,03 b 37,62 a 45,82 a 46,80 a 43,23 b
11- BRS Pontal 35,52 a 42,68 c 48,62 a 47,80 a 32,10 b 49,72 a 48,07 a 47,97 a
12- BRS Estilo 32,48 b 38,33 d 42,15 b 45,33 b 22,33 d 36,57 b 42,22 b 40,43 b
13- Pérola 34,23 b 47,35 b 46,97 a 50,97 a 18,82 d 39,48 b 46,77 a 45,73 a
14- IPR Tangará 36,73 a 43,22 c 47,93 a 46,85 b 40,40 a 51,50 a 48,38 a 47,17 a
15- Diamante Negro 37,03 a 42,28 c 44,55 b 45,43 b 33,17 b 41,48 b 45,23 a 45,75 a
16- Jalo Precoce 30,47 b 35,82 d 40,77 b 42,85 c 28,90 c 42,20 b 39,50 b 39,40 b
17- G 4000 33,40 b 46,58 b 49,32 a 50,83 a 30,53 b 47,57 a 46,12 a 45,70 a
18- DOR 364 32,63 b 43,13 c 46,78 a 45,48 b 25,07 c 38,90 b 40,33 b 40,55 b
19- G 2333 38,63 a 40,90 c 42,77 b 43,10 c 43,53 a 50,28 a 45,08 a 46,00 a
20- BRS Esplendor 38,25 a 44,37 b 46,53 a 46,10 b 32,60 b 46,45 a 40,95 b 42,27 b
Médias das Parcelas 34,87 D 42,16 C 45,14 B 46,33 A 31,76 B 45,13 A 44,68 A 44,31 A
Letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste Scott- Knot a 5% de probabilidade para cultivares e letras
maiúsculas diferentes na linha diferem entre si pelo teste Scott-knot a 5% de probabilidade.

Deficiências severas de P podem resultar em anormalidades nos cloroplastos, tal como


uma redução no número de grana e sua morfologia, redução da expansão das células, redução
da fotossíntese e da respiração (WHITE & HAMMOND, 2008). GROSSMAN et al. (2010),
descrevem que sob a privação de P as plantas podem regular negativamente a fotossíntese,

24
reduzindo assim o potencial de fotodano, em condições em que a energia da luz absorvida não
pode ser usada para o crescimento.
Além da abscisão prematura, foi observada a presença de manchas escuras no limbo
foliar (Figura 2). O desenvolvimento de folhagem verde escura está entre os primeiros
sintomas de deficiência de P, acrescidos do desenvolvimento de pigmentos nas folhas com
coloração vermelha, roxa ou marrom, principalmente ao longo das nervuras. Isto é uma
consequência de produção de antocianina, que é induzida pela acumulação crescente de
sacarose nas folhas, a fim de proteger os ácidos nucleicos contra a incidência de luz UV e
limitação da fotossíntese (WHITE & HAMMOND, 2008).

Figura 2. Sintomas de deficiência de P em feijoeiro. Plantas cultivadas em solução nutritiva


com 0,05 mg L-1 de P e com aproximadamente 45 dias.

As análises de variância para as características de parte aérea revelaram efeitos


significativos para doses e genótipos para todos os caracteres avaliados e para a interação
doses de P e genótipos (P x G), apenas a característica número de nós por planta não
apresentou efeito significativo (Tabela 4).
Para a característica altura de planta, verificou-se alta variabilidade entre os genótipos,
havendo uma amplitude média de 24,75 a 132,00 cm entre os genótipos da parcela com
menor e maior dose de P. O efeito dos tratamentos em relação à altura de planta ocasionou um
uma redução média aproximada de 4,0; 27,25 e 81,25% respectivamente nas parcelas PC, PB e
PA em relação a PD. Para efeito de genótipos é importante ressaltar que os mesmos
apresentavam diferenças quanto ao hábito de crescimento.

25
Tabela 4. Resumo da análise de variância dos componentes de parte aérea em 20 genótipos
de feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidas às diferentes doses de fósforo (0,05; 2,00;
4,00 e 8,00 mg L-1 de P).
Quadrado Médio
FV GL 1 2 3
AP NNP AF MFF4 MSF5 MFRM6 MSRM7
Doses P 3 1,5 e+5** 394,6** 3,3e+8** 1,1e+5** 1469,10** 63378,47** 751,53**
Erro (a) 6 436,27 2,78 89194,23 59,57 1,37 18,99 0.81

Genótipos 19 18866,2** 17,04** 2,05e+6** 666,68** 9,69** 1206,86** 18,47**

PxG 57 1588,39** 2,60 792314,07** 291,68** 4,87** 241,84** 4,75**

Erro (b) 154 493,29 1,95 229892,51 110,03 2,59 146,36 2,27

Total 239
CV (a) % 21,92 15,26 10,4 14,3 16,27 10.28 17,42

CV (b) % 23,31 12,76 16,7 19,44 22,39 28.53 29,25


1
Altura de planta (cm). 2Número de nós por planta. 3Área foliar total (cm2). 4Massa fresca de folhas (g). 5Massa seca de
folhas (g). 6Massa fresca de ramos (g). 7Massa seca de ramos(g). **Significativo a 1% pelo teste F.

MALIK et al., (2002), relatam a presença do efeito do P na altura de plantas de feijão-


arroz (Vigna umbellata), comparando dois níveis de adubação fosfatada (120 e 90 kg ha–1 de
P2O5) obtiveram aumento significativo na estatura de planta, de 136,07 cm em relação a
134,07 cm nas plantas que receberam a menor dose de P. EL-GIZAWY & MEHASEN
(2009) obtiveram um aumento de 28,55% na altura de plantas nas parcelas fertilizadas com 30
kg de P2O5 comparadas ao controle sem aplicação do nutriente. O P é um componente chave
para a geração de energia em plantas, assim, é razoável acreditar que o crescimento é
resultado do aumento na divisão celular devido à aplicação de P, aumentando a quantidade de
ATP nos centros de crescimento (ZAFAR et al., 2011).
Quanto ao número de nós por planta, houve diferenças significativas para genótipos e
parcelas, mas não houve efeito para a interação, havendo reduções de 3,8; 12,57 e 56,13% no
número de nós por planta nas parcelas PC, PB e PA em relação à PD. É interessante ressaltar que
o número total de nós por planta reflete também no número inserção de vagens e
consequentemente na maior produtividade.
Em relação à área foliar, foi possível verificar diferenças drásticas entre as parcelas,
sendo que, as áreas foliares médias das parcelas PD, PC, PB e PA foram de 5514,36; 4043,63;
1656,43 e 298,28 cm2, havendo reduções de 26,00; 69,96 e 94,59% com a redução na dose de
P nas parcelas PC, PB e PA (Figuras 4). Na análise de variância foram observadas diferenças
significativas para parcela, genótipo e interação doses de P e genótipos (P x G). Considerando
todos os tratamentos relativos à dose de P, os cultivares BAT 477, Carioca Comum, IAC-

26
Alvorada, Diamante negro e IPR Tangará se destacaram por apresentar maior área foliar,
enquanto, os cultivares G 2333, DOR 364 e BRS Esplendor tiveram as menores médias para
esta característica. Na parcela PA, na condição de maior estresse de P, os genótipos com
maior área foliar foram IPR Tangará, IAC Alvorada e Jalo precoce e os cultivares DOR 364,
BAT 477 e Pérola as menores (Tabela 5).

PA PB

PC PD

Figura 4. Plantas cultivadas em hidroponia e submetidas às diferentes doses de fósforo,


amostradas ao acaso nas parcelas PA, PB, PC e PD (0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1 de P).

ZAFAR et al. (2011), obtiveram em estudos com feijão submetidos a estresse de P,


uma redução de 50% no nível de ATP nas folhas e 60% de redução na área foliar total.
HERNÁNDEZ et al. (2007) observaram nos tratamentos estressados (dose 200 vezes menor
que o controle) uma redução de área foliar de quatro vezes em relação ao controle.
Apesar de a área foliar relacionar-se diretamente com os processos fotossintéticos,
aumentando a área de captação de luz e produção de fotoassimilados, foi possível verificar
que, genótipos com maiores áreas não são, necessariamente, os mais produtivos. Processos
que ocorrem com economia de P, promovendo maior eficiência na sua utilização, envolvem
diminuição do ritmo de crescimento, maior remobilização do Pi (P inorgânico) interno,
modificações no metabolismo de carboidratos, evitando-se as rotas que demandam alto

27
suprimento de P e utilização de vias respiratórias alternativas. A maior eficiência é atribuída
principalmente à eficiente retranslocação e reutilização do P armazenado nas plantas
(CAVATTE et al., 2011).

Tabela 5. Desempenho de 20 genótipos de feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidos


às diferentes doses de fósforo nas parcelas PA, PB, PC e PD, respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e
8,00 mg L-1 de P quanto à área foliar média (cm2).

Genótipo PA PB PC PD
1- IAC Alvorada 403,00 a 1971,33 a 4884,00 a 6476,33 a
2- IAC Carioca Tybatã 266,33 b 1390,67 b 4151,33 b 6726,67 a
3- IAC Diplomata 237,50 b 1150,33 b 3365,00 b 5460,00 b
4- IAC Formoso 318,33 a 2322,50 a 3465,67 b 4335,50 d
5- IAC Imperador 323,00 a 1711,00 a 3642,67 b 6128,67 a
6- IPR Uirapuru 335,00 a 1645,33 a 3692,00 b 4777,00 c
7- Bat 477 227,00 b 1768,67 a 5378,33 a 6854,33 a
8- Sea 5 312,67 a 1688,33 a 3616,67 b 5447,00 b
9- Carioca Comum 277,67 b 1859,67 a 5245,67 a 6632,00 a
10- IAPAR 81 376,00 a 2302,33 a 4471,67 a 5350,33 b
11- BRS Pontal 303,67 b 1716,00 a 4153,33 b 5097,33 c
12- BRS Estilo 240,00 b 1444,00 b 4037,00 b 5761,67 b
13- Pérola 230,67 b 1122,67 b 3459,33 b 5531,33 b
14- IPR Tangará 436,67 a 1788,67 a 4645,00 a 5727,33 b
15- Diamante Negro 260,67 b 2134,67 a 5156,00 a 5551,67 b
16- Jalo Precoce 387,33 a 1879,00 a 3718,33 b 5729,67 b
17- G 4000 261,00 b 1356,67 b 4654,33 a 5297,67 b
18- DOR 364 223,33 b 1346,00 b 3876,00 b 3607,00 d
19- G 2333 303,00 b 979,00 b 2386,00 b 4341,67 d
20- BRS Esplendor 242,67 b 1257,33 b 2874,33 b 5181,00 c
Médias das Parcelas 298,28 D 1656,43 C 4043,63 B 5514,36 A
Letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste Scott- Knot a 5% de probabilidade para cultivares e letras
maiúsculas diferentes na linha diferem entre si pelo teste Scott-knot a 5% de probabilidade,

As concentrações médias de P no tecido foliar para as parcelas P A, PB, PC e PD foram


1,01; 1,26; 1,75 e 3,58 g Kg-1 respectivamente, Em todas as parcelas, o genótipo G2333,
considerado eficiente para a absorção e uso do P, apresentou o menor conteúdo de P nas
folhas, o que pode ser resultado também de maior translocação, HERNÁNDEZ-DOMÍGUEZ
et al,, (2012) relatam que o teor de fósforo mensurado nos tratamentos estressados apresentou
redução em relação aos tratamentos supridos adequadamente, além desse conteúdo variar de
acordo com a posição da folha na planta, sendo que nas folhas mais novas o teor de P
diminuiu apenas 34%, enquanto que, nas folhas medianas a redução foi em média de 83%,
A análise foliar para os macronutrientes apresentou valores próximos aos citados por
AMBROSANO (1997) (Tabela 6), no entanto, devido à amostragem para a análise foliar ter
28
sido realizada pelo total de folhas com pecíolo, era esperado que ocorresse um pequeno
desvio, pois em análise de rotina, a amostragem é feita a partir da terceira folha do terço
médio da planta.

Tabela 6. Níveis dos macronutrientes no tecido foliar (g kg-1) submetidos às diferentes doses
de fósforo nas parcelas PA, PB, PC e PD, respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1 de P.
Tratamento N P K Ca Mg S
g kg-1
Adequado* 30-50 2,5-4,0 20-24 10-25 2,5-5,0 2-3
PA 41,82 1,01 31,20 15,19 2,58 2,19
PB 40,75 1,26 37,06 21,15 2,71 2,02
PC 43,12 1,74 38,25 27,86 3,31 1,76
PD 47,38 3,58 33,62 34,21 3,89 1,65
*Faixas de teores considerados adequados para os macronutrientes em folhas de feijoeiro amostradas no florescimento, nas
terceira folhas como pecíolo, tomadas no terço médio de 30 plantas (AMBROSANO, 1997).

Todas as características do sistema radicular avaliadas, exceto diâmetro de raiz,


apresentaram nas análises de variância diferenças significativas para parcela e genótipos, para
a interação doses de P e genótipos (P x G) não foi detectado efeito significativos para
comprimento total e diâmetro médio (Tabela 7).

Tabela 7, Resumo da análise de variância dos componentes do sistema radicular de 20


genótipos de feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidos às diferentes doses de fósforo
nas parcelas PA, PB, PC e PD, respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1 de P.
Quadrado Médio
FV GL 1 2
MFR MSR COMP3 AS4 VOL5 DIAM6
Doses de P 3 24854,09** 103,54** 7,84E+09** 99394723** 8237,46** 0,0036ns
Erro (a) 6 41,31 0,16 11613739 73215,06 4,71 0,0008
Genótipos 19 445,85** 2,87** 1,45E+08** 2337101** 374,95** 0,014ns
PxG 57 209,96** 1,32** 69582639 838900,1** 78,02** 0,0015ns
Erro (b) 154 103,35 0,51 23384283 294070,56 27,57 0,00
Total 239
CV (a)% 18,67 18,21 15,8 10,88 9,37 7,71
CV (b)% 29,53 32,29 22,42 21,81 22,69 0,00
1
Massa fresca de raiz (g), 2Massa seca de raiz(g), 3Comprimento total de raiz (cm), 4Área superficial de raiz (cm2), 5Volume
total de raiz (cm3), 6Diâmetro médio de raiz (mm). *Significativo a 1% pelo teste F. nsNão significativo pelo teste F.

Com relação ao desenvolvimento das raízes, foi observado que a redução nas doses de
fósforo resultou em maior desenvolvimento, no entanto, na menor dose, o desenvolvimento
das raízes é comprometido uma vez que o elemento é essencial para fornecer energia para a
planta. A parcela PC, que recebeu metade da maior dose de P, foi a que proporcionou maior e

29
melhor desenvolvimento das raízes, aumentando em 80% a produção de massa seca (Tabela
8).
O tamanho do sistema radicular é considerado uma característica importante em
plantas tolerantes à deficiência de P. No entanto, a deficiência severa de P além de limitar o
crescimento total da planta, limita também o crescimento da raiz. Para manter as taxas de
crescimento radicular satisfatórias, apesar da deficiência de P, é de extrema importância a
capacidade do desenvolvimento de um sistema radicular com grandes dimensões.
Alternativamente, a tolerância ao estresse pode ser conseguida por um aumento na eficiência
de absorção de P externo, definido pela absorção de P por unidade de comprimento de raiz
(área de superfície de raiz) (WISSUWA, 2003).
Nas avaliações do sistema radicular os genótipos que se destacaram pelo maior
desenvolvimento de raiz foram SEA-5, BAT 477, IAC Alvorada, IAPAR 81, IPR Tangará e
Diamante Negro, enquanto, os genótipos DOR 364, Pérola, IAC-Formoso e Jalo precoce
apresentaram os menores valores (Tabela 8).

30
Tabela 8. Desempenho de 20 genótipos de feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidos às diferentes doses de fósforo nas parcelas PA, PB, PC
e PD, respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1 de P quanto ao Comprimento total de raiz (cm) e Área superficial de raiz (cm²).

Comprimento Total de Raiz (cm2) Área Superficial de Raiz (cm3)


Genótipo PA PB PC PD PA PB PC PD
1- IAC Alvorada 8719,01 a 31046,35 a 44734,60 a 27242,808 a 1116,11 a 3620,28 b 4885,69 a 3322,34 a
2- IAC Carioca Tybatã 6507,81 b 25442,43 b 35717,23 b 16173,005 b 693,37 c 2679,95 c 3768,56 b 1881,34 b
3- IAC Diplomata 4840,97 c 18313,94 c 28443,48 b 24752,45 a 520,84 c 2101,87 d 3025,31 b 2679,84 b
4- IAC Formoso 6834,65 b 28778,48 b 26118,92 b 21174,155 b 746,41 c 3207,97 b 2719,70 b 2193,83 b
5- IAC Imperador 7924,12 a 25604,20 b 29170,36 b 17219,2 b 896,78 b 2822,58 c 3436,77 b 2149,29 b
6- IPR Uirapuru 8255,35 a 29099,46 b 34705,08 b 16072,148 b 858,51 b 3063,93 b 3616,07 b 1851,52 b
7- Bat 477 5108,23 c 24335,07 b 42603,73 a 18780,21 b 513,75 c 2893,56 c 4912,57 a 2369,20 b
8- Sea 5 8264,23 a 30655,16 a 35142,12 b 15392,841 b 1195,53 a 4338,76 a 5195,14 a 2628,00 b
9- Carioca Comum 5860,73 b 19152,73 c 38564,93 a 31698,064 a 622,84 c 2348,08 c 4200,43 a 3298,86 a
10- IAPAR 81 8818,76 a 33232,92 a 50308,70 a 24435,231 a 1006,93 b 3996,82 a 5661,19 a 2646,85 b
11- BRS Pontal 6786,63 b 20018,64 c 36556,18 b 17329,466 b 773,89 c 2342,49 c 4213,71 a 2180,71 b
12- BRS Estilo 5596,81 c 19398,75 c 28366,95 b 20550,294 b 655,28 c 2548,73 c 3457,03 b 2652,18 b
13- Pérola 4842,20 c 14726,79 c 34027,85 b 23031,103 a 540,09 c 1730,92 d 3634,98 b 2493,94 b
14- IPR Tangará 9511,99 a 34561,63 a 30737,29 b 24871,489 a 1168,59 a 3784,95 a 3225,86 b 2691,14 b
15- Diamante Negro 6778,02 b 32773,36 a 41496,17 a 22943,232 a 730,56 c 3535,41 b 4267,08 a 2554,24 b
16- Jalo Precoce 8423,52 a 17892,78 c 27838,89 b 18988,018 b 1019,23 b 2268,90 c 3230,21 b 2340,75 b
17- G 4000 7326,57 a 20977,43 c 39580,96 a 13662,522 b 883,03 b 2687,83 c 4649,45 a 1777,17 b
18- DOR 364 3952,57 c 10985,65 c 28513,94 b 14704,687 b 409,69 c 1265,76 d 2950,18 b 1539,12 b
19- G 2333 6607,83 b 18088,51 c 28011,69 b 30053,911 a 759,60 c 2048,86 d 3175,05 b 3643,19 a
20- BRS Esplendor 5603,22 c 20678,83 c 31280,13 b 21818,675 a 650,36 c 2474,44 c 3745,41 b 2484,27 b
Médias das Parcelas 6828,16 D 23788,15 B 34595,96 A 21044,68 C 788,07 D 2788,10 B 3898,52 A 2468,88 C
Letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste Scott-Knot a 5% de probabilidade para cultivares e letras maiúsculas diferentes na linha diferem entre si pelo teste Scott-Knot a
5% de probabilidade.
O efeito da relação Raiz x Parte aérea mostrou que houve aumento na produção de raiz
em relação à parte aérea de acordo com a diminuição na dose de P fornecida nas parcelas,
havendo aumento nas relações de 3,09; 2,814 e 2,257 vezes para PA, PB e PC em relação à PD
(Tabela 10).

Tabela 10. Relação Raiz x Parte aérea em relação à massa seca de 20 genótipos de feijoeiro
cultivados em hidroponia e submetidos às diferentes doses de fósforo nas parcelas PA, PB, PC
e PD, respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1.

Genótipo PA PB PC PD
1- IAC Alvorada 0,306 0,271 0,210 0,103
2- IAC Carioca Tybatã 0,331 0,359 0,227 0,064
3- IAC Diplomata 0,236 0,329 0,184 0,105
4- IAC Formoso 0,289 0,270 0,183 0,099
5- IAC Imperador 0,297 0,220 0,174 0,079
6- IPR Uirapuru 0,307 0,296 0,289 0,097
7- Bat 477 0,340 0,339 0,286 0,098
8- Sea 5 0,369 0,356 0,281 0,113
9- Carioca Comum 0,282 0,212 0,182 0,106
10- IAPAR 81 0,288 0,342 0,332 0,103
11- BRS Pontal 0,270 0,184 0,200 0,085
12- BRS Estilo 0,311 0,268 0,218 0,119
13- Pérola 0,205 0,190 0,179 0,099
14- IPR Tangará 0,457 0,337 0,156 0,112
15- Diamante Negro 0,297 0,336 0,215 0,104
16- Jalo Precoce 0,257 0,183 0,156 0,086
17- G 4000 0,431 0,349 0,222 0,081
18- DOR 364 0,291 0,178 0,204 0,100
19- G 2333 0,131 0,124 0,117 0,088
20- BRS Esplendor 0,310 0,314 0,361 0,102
Média das Parcelas 0,300 0,273 0,219 0,097

Uma resposta comum das plantas para deficiência de P é aumentar a sua raiz em
relação à parte aérea. Uma parte dessa aparente mudança de massa de matéria seca da parte
aérea para formação de raiz é alométrica, ou seja, relações de formação de parte aérea
normalmente diminuem com o crescimento de raízes, uma vez que, plantas supridas com
baixo P crescem mais lentamente, para que sua raiz possa atingir índices maiores. Alguns
genótipos apresentam um maior coeficiente de alometria em baixas concentrações de P. Baixa
disponibilidade de P reduz o aparecimento de folhas, expansão foliar e ramificação (LYNCH
& BROWN, 2008).
As análises de variância referentes aos componentes de produção apresentaram
diferenças significativas (P>0,01) de probabilidade pelo teste F para todas as características
avaliadas para doses de P e genótipos e, para a interação doses de P e genótipos (P x G)
apenas a característica produtividade de grãos não apresentou efeito significativo (Tabela 11),
demonstrando a estabilidade produtiva dos genótipos avaliados.

Tabela 11. Resumo da análise de variância dos componentes de produtividade em 20


genótipos de feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidos às diferentes doses de fósforo
nas parcelas PA, PB, PC e PD, respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1.
Quadrado Médio
FV GL
NVP1 NSP2 NSV3 MCS4 PROD5

Doses de P 3 9563,55** 276965,8** 23,31** 531,77** 22719,71**

874,27 0,39 24,27 38,12


Erro (a) 6 45,81
3984,63** 2,81** 246,91** 184,83**
Genótipos 19 233,45**
1084,68** 0,75* 20,37* 57,03ns
P*G 57 56,40**
588,35 12,57 44,93
Erro (b) 154 22,21 0,46
Total 239
Cv (a) % 35,82 33,02 13,56 19,52 26,85
Cv (b) % 24,94 27,09 14,8 14,05 29,14
1
Número de vagens por planta ; 2Número de sementes por planta; 3Número de sementes por vagem; 4Massa de cem sementes;
5
Produtividade. *Significativo a P 5% pelo teste F.**Significativo a P 1% pelo teste F. nsNão significativo pelo teste F.

Com a limitação do P nas parcelas foram observadas reduções altamente significativas


para todos os componentes de produtividade. As reduções apresentadas respectivamente para
PC, PB e PA em relação à parcela controle PD para número de vagens por planta foram: 16,62;
53,79 e 89,77%; número de sementes por planta: 29,76; 65,67 e 91,97%; número de sementes
por vagem: 15,78; 22,89 e 25,45%; massa de cem sementes: 12,09; 25,11 e 13,95% e
produtividade de grãos: 39,00; 73,96 e 93,14 5%, para produtividade de grãos (Tabela 12).
PARENTONI et al., (2011) relatam a importância da efetividade da indução ao
estresse, este deve ser capaz de reduzir o potencial produtivo entre 40 e 60%, considerando o
ambiente sem estresse como referência. Reduções muito drásticas podem promover também a
redução da variabilidade genética, por perda de plantas ou restrição na produtividade. Caso o
ambiente com baixo nível de P promova pouca redução no potencial produtivo, a correlação
entre os materiais genéticos avaliados, com e sem estresse, tenderá a ser relativamente alta.
No entanto, espera-se maior efeito genótipo x ambiente quanto maior é a intensidade de
estresse, resultando alteração na classificação dos genótipos em ambientes contrastantes.
Considerando a característica número de vagens por planta, os genótipos G4000,
Carioca Comum, IAPAR 81 e IAC Carioca Tybatã apresentaram as maiores médias

33
(respectivamente 26,08; 25,08; 24.58 e 24,25 vagens por planta), ao passo que, os genótipos
IPR Tangará, SEA 5, DOR 364 e Jalo precoce tiveram os mais baixos valores para a
característica (em média 15,83; 12,91; 12,0 e 10,83 vagens por planta).
Na avaliação de números de sementes por planta, os cultivares Carioca Comum,
IAPAR 81, IAC Imperador, e IAC Carioca Tybatã apresentaram melhor desempenho, com
médias de respectivamente 118,58; 116,66; 105,5 e 105,79 sementes por planta comparados
aos genótipos IAC Alvorada, SEA 5, DOR 364 e Jalo Precoce, com menor desempenho
médio, sendo respectivamente de 77,58; 71,41; 66,16 e 42,5 sementes por planta.
Para número de sementes por vagem os genótipos SEA 5, BRS Esplendor, BRS Pontal
e IAC Formoso apresentaram médias de 5,31; 5,24; 5,16; e 5,00 sementes por vagem e os
genótipos G4000, BAT 477, Jalo Precoce e Pérola com menores médias de respectivamente
4,10; 3,96; 3,81 e 3,71 sementes por vagem.
Os cultivar Jalo Precoce foi o genótipo que apresentou maior massa de cem sementes
(38,8g), seguido pelos cultivares Pérola (29,05g), IAC Alvorada (28,81) e IAC Carioca
Tybatã (28,69g), já os genótipos que apresentaram médias menores foram BRS Esplendor
(21,23g), BAT 477 (19,72), G4000 (19,00g) e IAC Diplomata (18,79). As diferentes doses de
fósforo influenciaram significativamente para a redução da massa das sementes com a
redução nas doses, no entanto a diferença entre genótipos deve-se principalmente às
diferenças morfológicas existentes entre os genótipos.
Em relação à produtividade de grãos, destacaram-se como os mais produtivos os
genótipos IAPAR 81, IAC Carioca Tybatã, Carioca comum e IAC Imperador, com médias de
respectivamente 31,06; 29,05; 28,99 e 27,76 gramas por planta e, os genótipos menos
produtivos foram DOR 364, Jalo Precoce e IAC Diplomata, com médias produtivas de
respectivamente 17,02; 17,22 e 17,65 gramas por planta (Tabela 13).

34
Tabela 13. Produtividade média por planta (g) dos 20 genótipos de feijoeiro cultivados em
hidroponia e submetidos às diferentes doses de fósforo nas parcelas PA, PB, PC e PD,
respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1.
Genótipo PA PB PC PD Média
1- IAC Alvorada 4,475 a 8,930 a 27,435 a 53,794 a 23,659 b
2- IAC Carioca Tybatã 4,097 a 17,804 a 34,214 a 60,113 a 29,057 a
3- IAC Diplomata 2,327 c 10,009 a 19,472 a 42,950 b 18,690 b
4- IAC Formoso 3,043 b 16,075 a 29,067 a 42,600 b 22,696 b
5- IAC Imperador 3,170 b 11,520 a 37,929 a 53,899 a 26,630 a
6- IPR Uirapuru 3,761 a 15,189 a 28,514 a 48,903 a 24,092 b
7- Bat 477 1,319 c 11,597 a 22,359 a 41,752 b 19,257 b
8- Sea 5 3,111 b 14,086 a 28,603 a 43,899 b 22,425 b
9- Carioca Comum 2,725 b 16,509 a 35,495 a 63,677 a 29,602 a
10- IAPAR 81 4,620 a 12,049 a 41,120 a 62,012 a 29,950 a
11- BRS Pontal 2,764 b 13,227 a 25,839 a 49,528 a 22,839 b
12- BRS Estilo 2,888 b 13,461 a 28,343 a 43,634 b 22,082 b
13- Pérola 1,826 c 12,349 a 24,617 a 53,642 a 23,108 b
14- IPR Tangará 5,115 a 15,226 a 32,643 a 42,210 b 23,799 b
15- Diamante Negro 3,992 a 9,690 a 31,028 a 45,920 b 22,657 b
16- Jalo Precoce 3,591 a 11,909 a 25,676 a 29,926 b 17,775 b
17- G 4000 3,603 a 7,559 a 25,948 a 36,589 b 18,425 b
18- DOR 364 1,897 c 14,053 a 21,172 a 37,474 b 18,649 b
19- G 2333 3,117 b 9,862 a 29,271 a 54,005 a 24,064 b
20- BRS Esplendor 3,688 a 5,858 a 30,268 a 42,268 b 20,520 a
Média das Parcelas 3,257 A 12,348 B 28,951 C 47,440 D 22,999
Letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste Scott-Knot a 5% de probabilidade para cultivares e letras
maiúsculas diferentes na linha diferem entre si pelo teste Scott-Knot a 5% de probabilidade.

Com a análise de correlação de Pearson foi possível observar correlações entre


diversos caracteres avaliados, com destaque às altas correlações entre a produtividade com os
caracteres área foliar, massa seca de folhas e massa seca de ramos, sendo respectivamente de
92,7; 92,3 e 85,6%, confirmando que o maior acúmulo de massa seca dos caracteres de parte
aérea reflete diretamente no aumento do rendimento de grãos. Como era esperado também
houve alta correlação maior que 90% entre os componentes de produtividade número de
vagens e número de sementes com a produtividade e correlações negativas com a massa de
cem sementes (Tabela 14). Segundo ZUCARELI et al., (2006), a influência do P na cultura do
feijoeiro resulta no aumento da produção de matéria seca da parte aérea e consequentemente
no aumento do número de vagens, massa de grãos e na produtividade.
Também foi possível verificar efeitos altamente significativos, índices próximos a
90%, entre as características do sistema radicular massa seca total com o comprimento total, a
área superficial e o volume total.

35
Em relação ao teor de P contido nas folhas, não verificou-se correlação significativa
com nenhuma característica do sistema radicular, mas foi possível verificar correlação
significativa entre o número de vagens por planta, número de sementes e a produtividade,
sendo as correlações de respectivamente 65,2; 55,0 e 46,8% (Tabela 14).
ZILIO et al (2011) também relata em estudo de correlação dos componentes de
produção que obteve resposta diferenciada dos 26 genótipos nos ambientes testados para
todos os caracteres avaliados, com exceção da massa de 100 grãos, A seleção indireta para
massa de 100 grãos para elevado rendimento de grãos não é uma boa estratégia para o
progresso genético, devido aos efeitos indiretos negativos, Mas, a seleção para número de
vagens por planta, número de grãos por vagem e número de lóculos por legume podem
contribuir efetivamente para incrementar o rendimento de grãos.

36
Tabela 14. Correlação de Pearson dos caracteres agronômicos nos 20 genótipos de feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidos às diferentes
doses de fósforo nas parcelas PA, PB, PC e PD, respectivamente, 0,05; 2,00; 4,00 e 8,00 mg L-1.
IRC1 IRC2 ALT NÓS AF MSF MSRM MSR P CR ASR VR DR NV NS NVP MCS PROD

IRC1 - 0,724** 0,538** 0,635** 0,718** 0,722** 0,708** 0,529** 0,595** 0,598** 0,609** 0,595** 0,051 0,764** 0,749** 0,36** 0,447** 0,705**

IRC2 - 0,566** 0,611** 0,526** 0,596** 0,609** 0,572** 0,287** 0,654** 0,667** 0,650** 0,130 0,606** 0,565** 0,302** -0,563** 0,513**

ALT - 0,810** 0,619** 0,708** 0,759** 0,483** 0,508** 0,578** 0,558** 0,508** -0,074 0,668** 0,626** 0,181 -0,261* 0,624**

NÓS - 0,692** 0,735** 0,743** 0,5647** 0,405** 0,661** 0,650** 0,606** -0,0687 0,688** 0,648** 0,247* 0,345** 0,636**

AF - 0,948** 0,867** 0,522** 0,774** 0,585** 0,586** 0,564** -0,0002 0,887** 0,914** 0,499** -0,222* 0,927**

MSF - 0,926** 0,562** 0,693** 0,616** 0,618** 0,591** -0,005 0,885** 0,907** 0,479** -0,256* 0,923**

MSRM - 0,639** 0,519** 0,673** 0,703** 0,703** 0,113 0,826** 0,827** 0,398** -0,233 0,856**

MSR - 0,091 0,926** 0,952** 0,936** 0,116 0,560** 0,469** 0,056 -0,447 0,395**

P - 0,168 0,172 0,174 0,046 0,663** 0,751** 0,556** -0,083 0,780**

CR - 0,981** 0,913** -0,077 0,652** 0,550** 0,064 -0,5038** 0,468**

ASR - 0,975** 0,083 0,640** 0,543** 0,081 -0,489 0,470**

VR - 0,265 0,596** 0,511** 0,102 -0,447** 0,451**

DR - -0,076 -0,061 0,080 0,080 0,029

NV - 0,966** 0,336** -0,454 0,901**

NS - 0,530** -0,381** 0,964**

NVP - -0,157 0,583**

MCS - -0,186

*Correlação significativa a 5% de probabilidade. **Correlação significativa a 1% de probabilidade.


Segundo PARENTONI et al, (2011), a caracterização da eficiência no uso do
fósforo tem sido uma importante ferramenta na seleção de genótipos em condições de
deficiência do elemento. Cultivares eficientes são aqueles capazes de produzir mais grãos
com doses inferiores às ideais e, cultivares responsivos, aqueles capazes de alcançar
aumentos de produtividade com o incremento da adubação.
Com as avaliações dos caracteres agronômicos foi possível verificar a alteração na
classificação do desempenho dos genótipos em relação às diferentes doses de P aplicadas,
ou seja, existência da interação genótipo x doses de P. Além disso, a redução na dose
aplicada à parcela PC, 50% com relação à maior dose (PD), resultou numa redução de
59,5% da produtividade, num aumento de 64,4% no crescimento radicular e redução de
produção de parte aérea em relação à maior dose, Portanto, a dose da parcela PC, pode ser
considerada como a dose ideal para indução de estresse de P visando a classificação e
seleção de materiais eficientes e responsivos no uso do nutriente.
A classificação relativa dos genótipos segundo metodologia de Parentoni et al.,
(2011) permitiu classificar os genótipos nos quatro grupos proposto por Fageria (1998)
(Figura 9), Nessa classificação destacaram-se como eficientes e responsivos os genótipos
IAPAR 81, Carioca Comum, IAC Carioca Tybatã, IAC Imperador e G2333 e, como
ineficientes e não responsivos, os cultivares DOR 364 e Jalo precoce, que tiveram menor
média para a maioria dos caracteres avaliados.

Produtividade (g/planta)
65

9
IR ER
2 10
60
55

13 1 19 5

11
50

6
Alto P

8 15
45

12
3 4 20 14
7
40

18
17
35

INR ENR
16
30

20 25 30 35 40

Baixo P
Figura 9 Desempenho dos 20 genótipos de feijoeiro quanto à eficiência no uso do fósforo,
classificados em quatro categorias: IR, Ineficientes e responsivos; INR, Ineficientes e não
responsivos; ER, Eficientes e responsivos; ENR, Eficientes e não responsivos, O eixo das
abscissas está representado pelos valores de produtividade em estresse de P e, o eixo das
ordenadas, pelos valores de produtividade em condições ideais de P, parcelas P C e PD
respectivamente.

No segundo método de classificação, proposto por Parentoni et al., (2001) foi


calculado o índice de seleção IS, considerando também as produtividades médias em dois
níveis de P (Parcelas PD e PC) (Tabela 10). Foi possível verificar que o índice variou de
0,41 a 2,63 e com índice de seleção de 20% poderemos selecionar também os genótipos
IAPAR 81, Carioca Comum, IAC Imperador e IAC Carioca Tybatã, Os cultivares DOR
364, IAC Diplomata e Jalo precoce obtiveram os menores índices de eficiência.

Tabela 10. Classificação do Índice de seleção (IS) de 20 genótipos de feijoeiro cultivados


em hidroponia quanto à produtividade de grãos (g) e submetidos às diferentes doses de
fósforo nas parcelas estressada e controle (Pc e PD), respectivamente 4,00 e 8,00 mg L-1.

N° Genótipos PC PD IS
1 IAC Alvorada 27,44 53,79 1,02
2 IAC Carioca Tybatã 34,21 60,11 1,77
3 IAC Diplomata 19,47 42,95 0,41
4 IAC Formoso 29,07 42,60 0,91
5 IAC Imperador 37,93 53,90 1,95
6 Uirapuru 28,51 48,90 1,00
7 BAT 477 22,36 41,75 0,52
8 SEA 5 28,60 43,90 0,90
9 Carioca Comum 35,50 63,68 2,02
10 IAPAR 81 41,12 62,01 2,64
11 BRS Pontal 25,84 49,53 0,83
12 BRS Estilo 28,34 43,63 0,88
13 Pérola 24,62 53,64 0,82
14 IPR Tangará 32,64 42,21 1,13
15 Diamante Negro 31,03 45,92 1,11
16 Jalo Precoce 25,68 29,93 0,50
17 G 4000 25,95 36,59 0,62
18 DOR 364 21,17 37,47 0,42
19 G 2333 29,27 54,01 1,16
20 BRS Esplendor 30,27 42,27 0,97
Médias 28,95 47,43 1,07

39
4. Conclusões

Todas as concentrações com P apresentam diferenças significativas no


desenvolvimento das plantas;
A dose de 4,00 mg L-1 de P aplicada na parcela PC foi a mais eficiente na indução
do estresse de P para discriminação de cultivares quanto à eficiência de absorção e
uso do nutriente;
Os genótipos IAPAR 81, Carioca Comum, IAC Carioca Tybatã, IAC Imperador e
G2333 destacaram-se como eficientes e responsivos, enquanto os cultivares DOR
364 e Jalo precoce como ineficientes e não responsivos para o P,

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43
Capítulo 2
Avaliação da resposta de genótipos de feijoeiro à deficiência de P em
sistema hidropônico.

RESUMO

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é comumente cultivado em solos intemperizados


com baixa disponibilidade de fósforo (P), sendo essa uma das principais limitações de sua
produção. Os objetivos desse trabalho foram avaliar 42 genótipos quanto ao número de
verticilos, raízes basais e quanto à eficiência do uso do P, a fim de validar o método de
classificação de genótipos para torná-lo rotina dentro do programa de melhoramento do
feijoeiro do IAC, e avaliar a existência de variabilidade entre os genótipos estudados.
identificando as variáveis de maiores efeitos e as correlações mais significativas. Os
genótipos foram avaliados quanto ao número de verticilos e raízes basais e para a
eficiência do uso do P. O delineamento experimental foi em parcelas subdivididas, com
aplicação de duas concentrações de P, (4,00; 8,00 mg L-1) na parcela, 42 genótipos nas
subparcelas e três repetições. Foram realizadas análise das Variáveis Canônicas e
correlação de Pearson, sendo utilizados os dados da parcela que recebeu o estresse de P. As
análises de variância revelaram efeito significativo de genótipos para número de verticilos
e de raízes basais, havendo uma alta correlação, R²=96,66, entre as características. A
análise foliar dos 42 genótipos confirmou a eficácia dos tratamentos, sendo o teor médio de
P no tecido foliar das plantas nas parcelas estressada e controle foram, respectivamente de,
2,20 e 3,50 g kg-1. Para a produtividade de grãos respectivamente nas parcelas estressada e
controle apresentaram médias produtivas de 10,55 e 9,79 g planta-¹. Os genótipos G2333,
Pérola, IAC-Carioca Taurino, Santa Rosa e PI-310724 se destacaram por apresentar os
melhores desempenhos, superiores a 15 g. planta-¹, enquanto os genótipos Preto s.3888, o
controle positivo G 2333, Pintado Rajado e Cal-143 apresentaram maior comprimento de
raiz. As características que apresentaram maior importância relativa às variáveis
canônicas foram produtividade de grãos, número de vagens, área superficial de raiz,
volume de raiz e número de verticilos. Com a correlação de Pearson, foi possível verificar
correlação significativa entre as características de raiz comprimeto total, área superficial e
volume com os componentes de produção.

Palavras chave: Deficiência de P, sistema radicular, variáveis canônicas, correlação.

44
ABSTRACT

The common bean (Phaseolus vulgaris L.) is widely grown in weathered soils with low
phosphorus (P) availability, which is one of the main limitations of the production. The
objectives of this study were to evaluate 42 genotypes for number of whorl, basal roots and
also for phosphorus use efficiency to validate a routine genotypes classification
methodology to be used at IAC bean breeding program and, to assess the variability
between genotypes, identifying the traits with greatest effects, as well to assess most
significant correlations. The genotype were evaluated for number of whorls, basal roots
and for P use efficiency. The experiment design was a split plot with application of two
concentrations of P, (4,00; 8.00 mg L-1) as plot, 42 genotypes as subplot and three
replications. The Canonical variables and Pearson correlation were performed using the
stressed plot. The variance analysis revealed a significant effect for genotypes for both root
traits number of whorls and basal roots, with a high correlation (R² = 96.66). Foliar
analysis of the 42 genotypes confirmed the treatments effectiveness, and the average
content of P in the leaves of plants in the stressed and control plots were 2.20 and 3.50 g
kg-1respectively. For Grain yield, the stressed and control plots mean were 10.55 and 9.79
g plant-¹, respectively. The genotypes G2333, Pérola, IAC-Carioca Taurino, Santa Rosa e
PI-310724 stood out for the best performance, greater than 15g per plant, while the
genotypes that presented higher root length were Preto s.3888, the positive control G 2333,
Pintado Rajado e Cal-143. The traits which showed higher relative importance in the
canonical variables were grain yield, number of pods, root surface area, root volume and
number of whorls. With Pearson correlation, we found significant correlation between the
root traits, total length, superficial area and volume with the yield components.

Keywords: P deficiency, root system, canonical variables, correlation.

45
1. Introdução

O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é considerado uma cultura exigente em


nutrientes por ser sensível aos estresses ambientais, sendo que um dos fatores mais
significativos para explicar o baixo rendimento da cultura no país é a baixa fertilidade dos
solos tropicais, limitando a nutrição da planta. Dentre os fatores mais importantes para essa
limitação, está a disponibilidade de fósforo (P) nesses solos (SILVA & VAHL, 2002).
Respostas como baixo desempenho, ajustes morfofisiológicos, diminuição de massa
seca, redução da área foliar estão associadas ao suprimento inadequado de P para as
plantas (ERICSSON & INGESTAD, 1988). Várias estratégias de adaptação à deficiência
de P no solo têm sido desenvolvidas pelas plantas, envolvendo diversos mecanismos de
absorção, uso e remobilização de fosfato (VANCE et al., 2003; HAMMOND et al., 2004;
LAMBERS et al., 2006).
Como a absorção, transporte e redistribuição de nutrientes são controlados
geneticamente, existe a possibilidade de melhorar ou selecionar cultivares mais eficiente
quanto ao uso dos nutrientes (GABELMAN & GERLOFF, 1982; FAGERIA, 1998).
BEEBE et al. (1995), SINGH et al. (2003), LIAO et al. (2004) e HENRY et al. (2010)
verificaram em avaliações realizadas em solos com baixo teor de P, germoplasma tolerante
a esta deficiência, variabilidade quanto à arquitetura e produção de raiz e obtenção de
linhas divergentes quanto à eficiência de absorção de P, criando oportunidades para o
desenvolvimento e seleção de novas variedades.
É sabido que, deficiências severas com relação ao P, limitam o desenvolvimento da
planta, incluindo as raízes. O tamanho do sistema radicular é considerado uma importante
característica de tolerância a essa deficiência, podendo ser demonstrada pelo aumento da
eficiência da absorção do nutriente por unidade de raiz (WISSUWA, 2003). Assim, a
caracterização dos acessos para a identificação de genótipos com maior desenvolvimento
de raiz em condições de estresse quanto ao nutriente constitui-se em uma etapa importante
para o uso efetivo de recursos conservados em Bancos de Germoplasma.
O feijoeiro apresenta ampla variabilidade genética para as características de raízes.
Diferenças genotípicas em feijão ocorrem em relação à massa de raiz e sua arquitetura
(RUBYO & LYNCH, 2007) gravitropismo de raízes basais (LIAO et al.,2001), número de
raízes basais e de verticilos (VIERA et al., 2008) e quantidade de pelos radicais (VIERA et
al., 2007).

46
O sistema radicular do feijoeiro é típico de uma planta dicotiledônea anual,
constituído por uma raiz primária e de raízes basais e adventícias (BASU et al., 2007). A
raiz primária do feijoeiro tem gravitropismo positivo e cresce normalmente em linha reta
descendente (LYNCH & BROWN, 2001). O feijoeiro pode apresentar de um a quatro
verticilos, que são anéis localizados na interface raiz-caule, de onde surgem as raízes
basais (VIEIRA et al., 2008). Cada verticilo pode apresentar de duas a quatro raízes basais
(BASU et al., 2007). Em conjunto com as raízes laterais que surgem delas, constituem a
maior parte do comprimento total de raízes da planta (BASU et al., 2007).
A identificação de caracteres de raiz importantes na aquisição de P permite que os
melhoristas que trabalham com a cultura do feijoeiro possam desenvolver novas cultivares,
com melhor rendimento em condições de baixa fertilidade de solo (ROSADO, 2012). Em
geral, a profundidade do sistema radicular determina a eficiência de exploração dos
recursos superficiais, como o P e recursos profundos, como a água. As raízes laterais
formam geralmente a maior parte da biomassa do sistema radicular. Em solos com baixa
disponibilidade de nutrientes, é vantajoso para a planta desenvolver um sistema radicular
com raízes laterais, pois grande volume de solo poderia ser explorado com baixo custo
metabólico até que os nutrientes fossem alcançados (LIMA, 2010).
Os objetivos desse trabalho foram avaliar 42 genótipos do banco ativo de
germoplasma do Instituto Agronômico - IAC, quanto às características número de
verticilos, número de raízes basais e à eficiência do uso do fósforo a fim de validar o
método de rotina para classificação de genótipos quanto à eficiência de uso do nutriente.

2. Material e Métodos

Foram utilizados 40 genótipos de feijoeiro pertencentes ao Banco de Germoplasma


de Feijoeiro do Instituto Agronômico – IAC (Quadro 1) previamente classificados como
quanto à tolerância ao déficit hídrico (TEIXEIRA, 2014) e duas testemunhas, G 2333 e
DOR 364, utilizadas como padrões Eficiente e Responsivo e Ineficiente e Não Responsivo.

47
Quadro 1. Genótipos de feijoero utilizados para as caracterizações quanto ao número de
verticilos e de raízes basais e quanto a eficiência ao uso do P.
Código Acesso Genótipo Cor do Tegumento Origem
1 33 Jalo Amarelo IAC

2 40 Retinto Santa Rosa Vermelho IAC

3 80 s. 38573 Preto IAC


4 84 s. LEG 50600 Preto IAC

5 89 Venezuela 350 Preto Venezuela

6 95 Mulatinho- Branco Creme IAC

7 203 Rosado-14 (Mulatinho) IAC 729

8 216 s. 91/71-212 Preto IAC

9 221 s. 12-D Preto IAC

10 243 s. 73-Vul-6621-CMG Preto IAC

11 288 Rosinha Rosinha IAC

12 325 Rosinha -G2 Rosinha IAC

13 457 Cavalo Amarelo Amarelo IAC

14 474 s. 73Vul-6686 Preto IAC

15 481 Carioca MG Carioca UFV

16 501 Preto (s. 3888) Preto IAC

17 485 Dom Timoteo Vermelho IAC

18 499 Vermelho Graúdo (s. CF-830186) Vermelho Embrapa

19 514 Santa Rosa (s. 810510) Vermelho Embrapa

20 531 PI – 310724 Preto CIAT

21 561 Lagartixa Precoce Creme/Preto IAC

22 575 Rai-76 Preto IAC

23 592 Cal – 153 Vermelho IAC

24 593 Emp-407 Marrom Embrapa

25 613 Diacol Calima Creme IAC

26 633 s. RG1342CH60(MA) Preto IAC

27 699 Bayo Creme IAC

28 707 IAC – Una Preto IAC

29 712 IAC - Bico de ouro Creme IAC

30 720 Car* (s. L476-2) Marrom CIAT


31 729 Car (s. L476-4) Creme CIAT

32 742 Car (s. 309-1) Creme CIAT

33 832 Pérola Carioca Embrapa

34 844 Pintado Rajado (Pinda) Verde CIAT

35 1139 IAC- Carioca Taurino Carioca IAC

36 1180 IAC-Alvorada Carioca IAC

37 1181 IAC-Galante Rosinha IAC

38 1996 BFS 39 Vermelho CIAT

39 1698 IAC- Boreal Vermelho IAC

40 1703 IAC-Jabola Verde IAC

41 2172 G2333 Vermelho CIAT

42 1381 DOR 364 Marrom CIAT

48
Caracterização do sistema radicular quanto ao número de verticilos e raízes basais

Quinze sementes de cada genótipo foram germinadas em duas folhas de papel


germitest umedecidas com água destilada, em quantidade equivalente a 2,5 vezes a massa
do papel seco. Os rolos de germinação foram transferidos para estufa BOD com
temperatura de 25 ± 3 ºC. Após cinco dias, as plântulas foram retiradas e avaliadas pela
contagem dos verticilos e das raízes basais (Figura 1). Foi utilizado delineamento
experimental inteiramente casualizado, com 15 repetições.

Fonte: TEIXEIRA (2014)

Figura 1. Sistema radicular do feijoeiro. A. Demonstração do número de verticilos e


número de raízes basais em plântulas. B. Demonstração do número de verticilos e número
de raízes basais em plantas adultas.

Avaliações de 42 genótipos de feijoeiro quanto à eficiência no uso do fósforo

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Grãos e Fibras do


Instituto Agronômico (Fazenda Santa Elisa, Campinas SP).
Foram avaliados 42 genótipos de feijoeiro (Quadro 1). O delineamento
experimental utilizado foi o de parcelas subdividas, sendo constituído por duas parcelas
(dose de P) e 42 subparcelas (genótipos), com três repetições. Nas parcelas foram aplicadas
soluções nutritivas, diferindo apenas quanto às doses de P. Os 42 genótipos foram
conduzidos até a produção de grãos.
As sementes dos genótipos foram pré-geminadas em papel de germinação
umedecido e incubadas à temperatura de 25οC. Posteriormente, as plântulas com quatro
dias de desenvolvimento e, apresentando as raízes com cerca de 5 mm de comprimento,

49
foram transferidas para vasos individuais de 3,5 L de capacidade, preenchidos com areia de
filtro, sendo cultivadas em sistema hidropônico.
As soluções nutritivas utilizadas foram preparadas com água deionizada, sendo
composta por 143,0 mg L-1 de N; 132,5 mg L-1 de K; 121,0 mg L-1 de Ca; 25,5 mg L-1 de
Mg; 33,0 mg L-1 de S; 1,81 mg L-1 de Fe; 0,45 mg L-1 de Cu; 0,18 mg L-1 de Zn; 0,45 mg
L-1 de Mn; 0.45 mg L-1 de B; 0,09 mg L-1 de Mo e 0,09 mg L-1 de Ni. Os tratamentos com
P aplicados nas parcelas PA (estressada) e PB (controle) constaram de: 4,00 e 8,00 mg L-1 de
P. A doses utilizadas foram definidas no experimento anterior (capítulo 1).
Na primeira quinzena, após instalação do experimento, as plantas foram irrigadas
com solução nutritiva meia força, ou seja, metade da concentração total a ser utilizada.
Foram aferidos diariamente na solução nutritiva, a condutividade elétrica, mantida entre
1,8 a 2,0 mS cm-1 e o pH mantido próximo a 5,8.
Aos 45 dias após a transferência das plântulas, foi atingido o estádio de pleno
florescimento, sendo realizadas as coletas de folhas do terço mediano da planta para a
determinação dos teores de nutrientes nas folhas. Amostras de 1,0 g de tecido foliar, secas
e moídas, foram submetidas à digestão nítricoperclórica para extração de P, K, Ca, Mg e S.
Nos extratos, os teores desses nutrientes foram determinados por espectrofotometria de
absorção atômica. Para determinação do N total, amostras de 0,2 g do tecido foliar foram
submetidas à digestão sulfúrica e o N total foi determinado por destilação pelo método
Kjeldahl e o P por espectrofotometria UV-VIS (MALAVOLTA et al., 1996).
Com relação às raízes, foram avaliados a massa seca de raiz (g), o diâmetro (mm), o
volume (cm3), o comprimento total (m) e a área superficial, utilizando-se o software
WinRHIZO®.
Os caracteres avaliados para produtividade foram: número de vagens por planta
(NVP); número de sementes por vagem (NSV); massa de cem sementes em gramas (MCS)
e produtividade de grãos em g planta-1 (PG).
Os resultados foram submetidos à análise de variância ANOVA (teste F) pelo
programa R, para delineamento de parcelas subdivididas, adotando o seguinte modelo
matemático:
Yijk = µ + ai + γi +bj + abij + eijK
Em que,
Yijk : Observação
µ : Média;
ai: Fator a,

50
γi: Erro do fator a;
bj : Fator b;
abij: Interação a x b
eijK:Erro experimental

Para quantificação dos efeitos dos tratamentos compararam-se as médias pelo teste
Scott-Knot a 5% de probabilidade.

Análises Multivariadas

Algumas metodologias têm sido empregadas na caracterização de germoplasma,


sendo a análise multivariada de dados morfológicos e agronômicos uma alternativa
eficiente, pois, além do cálculo, não exige trabalho adicional, uma vez que as informações
para as análises são obtidas dos próprios descritores tomado dos genótipos.

Foram utilizados os recursos computacionais do Programa Genes (CRUZ, 2001) na


realização da análise das Variáveis Canônicas, a qual leva em consideração a matriz de
variâncias residuais e médias e na análise de correlação de Pearson. As análises
multivariadas foram realizadas com os dados apenas da parcela que recebeu o estresse de P
(PA).

3. Resultados e Discussões

Caracterização do sistema Radicular quanto ao número de verticilos e raízes basais

As análises de variância individuais revelaram efeito significativo de genótipos


tanto para número de verticilos, quanto para número de raízes basais, apresentando valores
satisfatórios para os coeficientes de variação ambiental, indicando assim uma boa precisão
experimental (Tabela 1). Os coeficientes de variação genéticos apresentaram valores de
29,34 e 30,07%, respectivamente, para verticilos e raízes basais, o que é um indício da
existência de variabilidade genética entre os genótipos avaliados, que associados à alta
herdabilidade obtida para as duas características (99 e 98%, respectivamente), conferem
maior segurança na seleção para ambas as características.

51
Tabela 1. Análises de variância das características: número de verticilo e número de raízes
basais, referente à avaliação de 42 acessos pertencentes ao Banco de Germoplasma de
Feijoeiro do IAC.
Número de verticilos Número de raízes basais
Causa da variação G.L. S.Q. Q.M. F S.Q. Q.M. F
Tratamentos 41 269,665 6,577 103,962** 4108,071 100,197 92,344**
Resíduo 588 37,200 0,063 638,000 1,085
Total 629 306,865 4746,071
CVe (%)
11,20 12,19
CVG (%)
29,34 30,07
Herdabilidade (%)
99,04 98,92
**Significativo a 1% de probabilidade

O número de verticilos entre os genótipos variou de 1 a 4, sendo obtida uma média


geral de 2,25. O número de raízes basais variou de 4,2 a 14,84 com média geral de 8,55
(Figura 2).
Número de verticilos
Número de raízes basais
4

14
12
3

10
8
2

6
4
1

2
0

Genótipos (1-42) Genótipos (1-42)

Figura 2. Número de verticilos e raízes basais dos 42 genótipos de feijoeiro.

Os genótipos 13 (Cavalo Amarelo), 23 (Cal-153) e 39 (IAC-Boreal) se destacaram,


apresentando maior número médio de verticilos 4,00; 3,60 e 3,53, respectivamente. Os
acessos 5 (Venezuela 350), 6 (Mulatinho Branco) e 17 (Dom Timóteo) apresentaram a pior
média, apenas 1,00 verticilo (Tabela 3).
Os acessos 13 (Cavalo Amarelo), 21 (Lagartixa Precoce) e 31 (Car s. L476-4)
apresentaram maior média para número de raízes basais, 14,86; 14,86 e 14,33,
respectivamente; enquanto os acessos 5 (Venezuela 350), 6 (Mulatinho Branco) e 25

52
(Diacol Calima) apresentaram a menor média para número de raízes basais, 4,26; 4,26 e
4,20, respectivamente (Tabela 2).
Houve alta correlação positiva entre o número de verticilos e número de raízes
basais, com o coeficiente de regressão igual a 96,66 % (Figura 3), sendo que os genótipos
com maior número de verticilos foram também aqueles que apresentaram maior número de
raízes basais. Para número de verticilos, 10 genótipos se destacaram por apresentar média
igual ou superior a três, assim como, 10 genótipos apresentaram média igual ou superior a
10 raízes basais.

Tabela 2. Desempenho médio dos 42 genótipos de feijoeiro para as características número


de verticilos e número de raízes basais.

Genótipo NV Genótipo NRB


13 4,00 a 13 14,86 a
23 3,60 b 21 14,86 a
39 3,53 b 31 14,33 a
18 3,00 c 29 13,13 b
21 3,01 c 42 11,86 c
25 3,02 c 35 11,80 c
27 3,03 c 26 11,66 c
34 3,04 c 33 11,60 c
36 3,05 c 28 10,00 d
37 3,06 c 39 10,00 d
4 2,60 d 4 9,66 d
20 2,53 d 32 8,46 e
31 2,46 e 37 8,40 e
40 2,40 e 12 8,20 e
29 2,20 f 20 8,20 e
41 2,20 f 11 8,06 e
1 2,00 g 19 8,06 e
2 2,00 g 38 8,06 e
3 2,00 g 15 8,00 e
9 2,00 g 23 8,00 e
10 2,00 g 40 7,93 e
11 2,00 g 41 7,93 e
12 2,00 g 2 7,80 f
14 2,00 g 1 7,73 f
15 2,00 g 34 7,73 f
16 2,00 g 30 7,66 f
19 2,00 g 36 7,66 f
22 2,00 g 14 7,60 f
24 2,00 g 22 7,60 f
26 2,00 g 27 7,60 f

53
28 2,00 g 24 7,53 f
30 2,00 g 3 7,26 f
32 2,00 g 9 7,26 f
33 2,00 g 10 7,26 f
35 2,00 g 17 7,26 f
38 2,00 g 36 7,26 f
42 1,73 g 37 6,00 g
7 1,53 h 38 5,93 g
8 1,53 h 16 5,93 g
5 1,00 i 5 4,26 h
6 1,00 i 6 4,26 h
17 1,00 i 25 4,20 h

Figura 3. Regressão linear entre as variáveis do sistema radicular, número de verticilos e


número de raízes basais de 42 genótipos.

TEIXEIRA (2014), a partir da Distância Generalizada de Mahalanobis (D2), com o


método de agrupamento de Tocher identificou sete grupos de divergência analisando o
número de verticilos e raízes basais de mil genótipos do banco de germoplasma do
Instituto Agronômico (IAC), sendo que o número de verticilos observados variou de 1 a 4
entre os genótipos e número de raízes basais variou de 3 a 16, obtendo um altíssimo
coeficiente de correlação entre os caracteres, de 97,95%.
MIGUEL et al. (2013), observaram que acessos de feijão selvagem tendem a ter um
ou dois verticilos, enquanto os acessos cultivados atingem até cinco, além disso não

54
observaram variação dos caracteres com a disponibilidade de fósforo, demonstrando que
não ocorre plasticidade na característica para os genótipos avaliados. No entanto, os
autores observaram a importância do maior número de verticilos, que resulta no aumento
da aquisição de fósforo em solo de baixa concentração.

Avaliações de 42 genótipos de feijoeiro quanto à eficiência no uso do P

Para aferir a eficácia dos tratamentos, foram realizadas análises foliares no estádio
de pleno florescimento dos 42 genótipos. O teor médio de P no tecido foliar nas parcelas
com e sem estresse de P (PA, PB), foi, respectivamente, 2,20 e 3,50 g kg-1. O genótipo
G2333, testemunha considerado eficiente e responsivo ao uso do P, apresentou o menor
teor de P nas folhas nas duas parcelas, podendo ser explicada pela maior translocação do
nutriente para órgãos reprodutivos e pelo efeito de diluição pelo maior desenvolvimento
das plantas, assim como o genótipo DOR 364, testemunha ineficiente e não responsiva,
apresentou a maior concentração de P em ambas as parcelas, podendo também ser
explicada analogamente pela menor translocação do nutriente na planta (Figura 4).

Alto P Baixo P
3.0
4

2.5
2.0
3
g Kg-¹ de P

g Kg-¹ de P

1.5
2

1.0
1

0.5
0.0
0

Genótipos (1-42) Genótipos (1-42)

Figura 4. Concentração de P (g Kg-1) no tecido foliar dos 42 genótipos de feijoeiro em alto


e baixo teor de fósforo, parcelas PA e PB, respectivamente.

Os valores obtidos para teor de macronutrientes ficaram próximos aos apresentados


por AMBROSANO et al. , (1997) (Tabela 3), no entanto, como o experimento foi
conduzido em sistema hidropônico, era esperado um pequeno desvio com relação aos
resultados obtidos. A concentração média do P na parcela estressada PA, que recebeu

55
metade da dose do nutriente, foi 62% menor que a parcela que recebeu a dose completa,
PB.

Tabela 3. Níveis dos macronutrientes no tecido foliar (g kg-1) submetidos às diferentes


doses de fósforo nas parcelas PA e PB, respectivamente, 4,00 e 8,00 mg L-1 de P.
Tratamento N P K Ca Mg S
g kg-1
Adequado* 30-50 2,5-4,0 20-24 10-25 2,5-5,0 2-3
PA 44.2 2.2 41.1 24.3 3.5 2.3
PB 47.3 3.5 40.5 26.8 4.0 2.5
*Faixas de teores considerados adequados para os macronutrientes em folhas de feijoeiro amostradas no florescimento,
nas terceira folhas como pecíolo, tomadas no terço médio de 30 plantas (AMBROSANO, 1997).

Ao final do ciclo foram aferidas as características agronômicas e produtividade,


sendo submetidas às análises de variâncias individuais (Tabela 4). Para as características
de componentes de produtividade não foi possível verificar efeito significativo para as
parcelas (dose de P), uma vez que após o período de florescimento houve na casa de
vegetação uma severa infestação por ácaros brancos e rajados (Polyphagotarsonemus latus
e Tetranychus urticae). Apesar do controle ter sido realizado imediatamente após a
identificação das pragas, sendo aplicado acaricida composto pelo ingrediente ativo
Abamectina, de acordo com as recomendações do fabricante, a produtividade média dos
genótipos na parcela que recebeu maior dose de P, ficou comprometida, havendo maior
número de abortamento de vagens e chochamento de grãos e, consequentemente, menor
produtividade em relação à parcela que recebeu a menor dose.

Tabela 4. Resumo da análise de variância dos caracteres agronômicos de 42 genótipos de


feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidos às diferentes doses de fósforo nas parcelas
PA e PB, respectivamente, 4,00 e 8,00 mg L-1 de P.

FV GL PG1 NVT2 NVC3 NS4 NSV5 MCS6 AP7 NÓS8 DF9


ns ns ns ns ns ns ns ns
Parcela 1 1,179 0,019 0,0751 0,234 0,044 0,363 0,101 0,004 0,006*
Erro a 4 0,089 0,087 0,08 0,089 0,023 0,032 0,015 0,001 0.001
Subparcela 41 0,201** 0,051ns 0,165** 0.259** 0,015ns 0,020ns 0.222** 0,052** 0,008**
PXS 41 0,099* 0.054ns 0,0461ns 0,072ns 0,020ns 0,024ns 0,011ns 0,003ns 0,001
Erro b 164 0,062 0,046 0,033 0,506 0,012 0.025 0,008 0,003 0,001
Total 251
CVa (%) 32,54 25,54 27,95 18,62 25,49 13,73 6,32 2,91 0,84
CVb (%) 27,21 18,59 18,18 13,98 18,80 12,09 4,74 4,93 0,78
Herdabilidade
69,01 8,21 79,52 80,49 16,15 -23,182 96,21 93,77 97,94
(%)
1
Produtividade de grãos (g), 2Número de vagens totais, 3Número de vagens cheias, 4Número de sementes, 5Número de
sementes por vagem, 6Massa de cem sementes, 7Altura de planta, 8Número de nós por planta, 9Dias para o Florescimento.
Dados transformados para a escala logarítmica de base 10 (log x).

56
Quanto as características PG, NVC, NS, AP, NÓS e DF, houve diferença
significativa para subparcela, demonstrando o efeito dos genótipos, bons coeficientes
genéticos, variando de 27,21 para produtividade de grãos a 0,78 para dias até o
florescimento, e altos coeficientes de herdabilidade, maiores que 69%, o que nos confere
certa segurança na seleção de genótipos com base nessas variáveis.
Para a característica PG ocorreu variação de 24,76 a 3,54 g planta-¹, sendo que as
médias das parcelas PA e PB foram de 10,55 e 9,79 g planta-¹, respectivamente, que não
diferiram entre si estatisticamente. Os genótipos 41 (G 2333), 33 (Pérola), 35 (IAC-
Carioca Taurino), 19 (Santa Rosa) e 20 (PI-310724) se destacaram por apresentar os
melhores desempenhos, superiores a 15 g planta-¹, enquanto os genótipos 11 (Rosinha), 24
(EMP 407), 31 (Car s. L476-4), 30 (Car s. L476-2) e 5 (Venezuela 350), apresentaram pior
desempenho, com produtividade inferior a 6,2 g planta-¹.
A característica número de vagens totais (NVT) não apresentou diferença
significativa para dose, genótipo e efeito da interação dose de P x genótipos (P x G), no
entanto, a parcela PB foi numericamente maior, apresentando 17,33 vagens por planta,
comparado com a parcela PA, que apresentou 15,05. Vale ressaltar que, essa característica
foi afetada, principalmente, pela infestação de ácaros, pois era notável a perda de flores e
de vagens na parcela PB.
A característica número de vagens cheias (NVC) também não apresentou diferença
estatística significativa para as doses de P, sendo que as parcelas P B e PA apresentaram
12,03 e 11,59 vagens por planta, respectivamente. A amplitude média da característica na
análise conjunta foi de 22,5 para o melhor genótipo (G2333) até 5,33 para o pior genótipo
(Diacol Calima).
A característica número de sementes por planta (NS) apresentou para as parcelas P B
e PA, médias de 50,61 e 49,26, respectivamente. Na análise conjunta a característica variou
de 111,83 até 16 sementes por planta. Os genótipos 41 (G2333), 33 (Pérola), 16 (Preto
s.3888), 20 (PI 310724) e 35 (IAC-Carioca Taurino) apresentaram médias acima de 77
sementes e, os genótipos 25 (Diacol Calima), 39 (IAC-Boreal), 11 (Rosinha), 18
(Vermelho Graúdo) e 23 (Cal-143) as piores médias, menos de 23 sementes por planta.
As parcelas PA e PB apresentaram médias semelhantes para número de sementes por
vagens, 4,17 e 4,04, respectivamente. O genótipo 40 (IAC-Jabola) apresentou o maior
número médio de sementes por vagens, 5,14 e o genótipo 41 (G2333) o menor valor, 3,18.
As parcelas PA e PB apresentaram médias para a massa de cem sementes de 23,35 e
20,07 g, respectivamente. O resultado alcançado para essa característica mostra claramente

57
a influência que a infestação de ácaros acarretou na fase de enchimento de grãos, uma vez
que, era de se esperar que a parcela que recebeu a maior dose de fósforo, fosse a que
produzisse grãos mais densos, e consequentemente, fosse a mais produtiva. Na análise
conjunta, os genótipos 23 (Cal-143), 5 (Venezuela 350), 1 (Jalo), 2 (Retinto Santta Rosa) e
28 (IAC-Una) se destacaram por apresentar massa de cem sementes maior que 26g e os
genótipos 27 (Bayo), 19 (Santa Rosa), 32 (Car s. L476-4), 22 (Rai-76) e 15 (Carioca MG),
médias menores que 18g.
A altura de plantas apresentou médias de 100,89 cm para a parcela P A e 93,69 cm
para a parcela PB. Os genótipos com maiores médias, acima de 160 cm foram o 41 (G
2333), 17 (Dom Timóteo), 1 (Jalo), 13 (Cavalo Amarelo) e 34 (Pintado Rajado), os
genótipos com altura menor que 38 cm foram o 24 (Emp 407), 25 (Diacol Calima), 10 (s.
73 vul-6621-CMG), 31 (car s. L476-4) e 39 (IAC-Boreal).
As parcelas PA e PB apresentaram médias semelhantes para número de nós por
planta, 14,81 e 14,53, respectivamente. Os genótipos 29 (IAC-Bico de Ouro), 30 (Car*
(s.L476-2)), 20 (PI-310725), 26 (s. RG1342CH60 (MA)) e 41 (G 2333) apresentaram
médias superiores a 17 nós por planta e, os genótipos 25 (Diacol Calima), 21 (Lagartixa
Precoce), 23 (Cal-153), 39 (IAC-Boreal) e 27 (Bayo) os menores valores, inferiores a 10
nós por planta.
A avaliação do número de dias para o florescimento revelou efeito significativo
para parcelas e genótipos, sendo que, as médias para PA e PB foram 46,03 e 45,01 dias. O
início do florescimento variou de 36 para o genótipo mais precoce ate 51 dias para o
genótipo mais tardio. Os genótipos mais precoces que apresentaram médias inferiores a 40
dias foram o 2 (Retinto Santa Rosa), 5 (Venezuela 350), 23 (Cal-143), 39 (IAC-Boreal) e
21 (Lagartixa Precoce); e os genótipos mais tardios, com médias superiores a 48 dias: 6
(Mulatinho-Branco), 19 (Santa Rosa), 26 (s. RG1342CH60 (MA)), 7 (Rosado-14) e 29
(IAC-Bico de ouro).
As características CR, VR e MSR apresentaram diferenças significativas para dose
e, as características CR, ASR, VR diferenças significativas para genótipos e efeito da
interação doses de P e genótipos (P x G), evidenciando variabilidade entre os genótipos
(Tabela 5).
A variável comprimento de raiz apresentou maior média para a parcela P A, 52,69%
superior a parcela PB com a maior dose. Os genótipos 34 (Pintado Rajado), 1 (Jalo), 16
(Preto s.3888), 8 (s. 91/71-212) e 19 (Santa Rosa) apresentaram as maiores médias para a
característica, superiores a 16480 cm, assim como os genótipos 28 (IAC-Una), 17 (Dom

58
Timóteo), 31 (Car s. L476-4), 30 (Car* s. L476-2) e 25 (Diacol Calima) as menores
médias, 9200 cm.

Tabela 5. Resumo da análise de variância dos parâmetros avaliados do sistema radicular


de 42 genótipos de feijoeiro cultivados em hidroponia e submetidos às diferentes doses de
fósforo nas parcelas PA e PB, respectivamente, 4,00 e 8,00 mg L-1 de P.
FV
GL CR1 ASR2 VR3 DIAM4 MSR5
Parcela 1 6,224* 5,798ns 6,887* 0,001ns 55,98*
Erro a 4 0,293 0,556 0,218 0,002 0,912
Subparcela 41 0,077** 0.091** 0,093** 0,002ns 0,691ns
PXS 41 0,073** 0,085* 0,063** 0,001ns 0,576ns
Erro b 164 0,039 0,053 0,036 0,001 0,639
Total 251
CVa (%) 13,45 23,83 42,31 10,54 37,59
CVb (%) 4,91 7,35 17,19 9,55 31,46
Herdabilidade (%) 49,41 41,44 61,42 29,14 2,54
1
Comprimento total de raiz (cm). 2Área superficial de raiz (cm2), 3Volume total de raiz (cm3). 4Diâmetro médio de raiz
(mm).5Massa seca de raiz(g). *Significativo a P 0.05% pelo teste F; **Significativo a P 0.01% pelo teste F. nsNão
significativo pelo teste F. 1,2,3 Transformadas por log x (base 10). 5 Transformado por √x+1.4

O tamanho do sistema radicular é considerado uma característica importante na


avaliação de plantas tolerantes a deficiência de P. No entanto, a deficiência severa de P
além de limitar o crescimento total da planta, limita também o crescimento da raiz. Para
manter as taxas de crescimento radicular satisfatórias, apesar da deficiência de P, é de
extrema importância a capacidade do desenvolvimento de um sistema radicular com
grandes dimensões. Alternativamente, a tolerância ao estresse pode ser obtida pelo
aumento na eficiência de absorção de P externo, definido pela absorção de P por unidade
de comprimento de raiz (WISSUWA, 2003).
A classificação dos genótipos quanto ao comprimento de raiz através da plotagem
dos dados tanto na parcela com baixo P (PA), e alto P (PB), possibilitou verificar a
eficiência e responsividade ao nutriente, pelo crescimento da raiz (Figura 5). A
classificação desses genótipos quanto ao desenvolvimento de raiz abre caminho para a
seleção de genitores divergentes para a indução de cruzamentos dirigidos para a obtenção
de linhagens mais eficientes na absorção de nutrientes em ambientes com solos de baixa
fertilidade e dos responsivos, em cultivos mais tecnificados que fazem uso de aplicação
adequada de fertilizantes.

59
Comprimento de raiz (cm)

19
34

15000 2
13
10 1

33 20 23 41
Alto P

38 16
10000

32 40
29 7 27
21 26 22

3 5 42 39 14 8
28 31 18 37 35
25 11 9
30 15
5000

36
17 4
24 6 12

10000 15000 20000 25000

Baixo P

Figura 5. Desempenho dos 42 genótipos de feijoeiro quanto ao Comprimento total de raiz


e submetidos às diferentes doses de fósforo nas parcelas PA e PB, respectivamente, 4,00 e
8,00 mg L-1 de P. O eixo das abscissas está representado pelos valores de comprimento
total de raiz com estresse de P e, o eixo das ordenadas, pelos valores comprimento total de
raiz em condições ideais de P, parcelas PA e PB respectivamente.

Assim os genótipos que apresentaram os maiores comprimentos em ambas as doses


fornecidas foram o 16 (Preto s.3888), o controle positivo 41 (G2333), 34 (Pintado Rajado)
e 23 (Cal-143), enquanto os genótipos que apresentaram os menores desempenhos em alto
e baixo P foram 17 (Dom Timóteo), 28 (IAC-Una), 31 (Car s. L476-4), 25 (Diacol Calima)
e 30 (Car* s. L476-2).
A Área Superficial de raiz total mostrou diferenças significativas quanto à dose de
P, sendo que a parcela PA apresentou 2052 cm², enquanto a parcela PB 1385 cm², ou seja,
aumento de área de 67,49% em relação à parcela controle. Os genótipos que apresentaram
os melhores desempenho foram o 8 (s. 91/71-212), 19 (Santa Rosa), 29 (IAC-Bico de
Ouro), 40 (IAC-Jabola) e 34 (Pintado Rajado), os piores desempenho foram apresentados

60
pelos genótipos 28 (IAC-Una), 17 (Dom Timóteo), 30 (Car* s. L476-2), 25 (Diacol
Calima) e 6 (Mulatinho- Branco).
O Volume de raiz apresentou crescimento cerca de 50% maior da parcela P A em
relação à PB, com médias de 20,01 e 10,42, respectivamente. Os genótipos 34 (Pintado
Rajado), 22 (Rai-76), 16 (Preto s.3888), 26 (s. RG1342CH60 (MA)) e 8 (s. 91/71-212)
tiveram os melhores desempenhos, superiores a 8 cm³, enquanto que os genótipos 28 (IAC-
Una), 17 (Dom Timóteo), 30 (Car* s. L476-2), 6 (Mulatinho- Branco)e 11 (Rosinha) as
piores médias, inferiores a 10 cm³.
Para o Diâmetro de raiz, pode-se observar que não houve diferença significativa
para nenhum fator. As médias variaram de 0,426 a 0,347mm.
Com relação a Massa seca de raiz, houve aumento de aproximadamente 50% da
parcela PA em relação à parcela PB, 2,01 e 1,06 g, respectivamente. Não houve diferença
significativa para essa característica entre os genótipos.

Análise Multivariada

Análise das Variáveis Canônicas

Na Tabela 6, são apresentadas as estimativas dos autovalores, e percentagens das


variâncias acumuladas e os autovetores (coeficientes de ponderação) associadas a cada
uma das variáveis canônicas estimadas, obtidos a partir da matriz de correlação entre as
características em estudo. Em estudos de divergência genética, considera-se que o número
adequado de variáveis canônicas para expressar a variação nos dados originais deve ser tal
que a variância acumulada seja superior a 80%. Verifica-se, no presente caso, que as três
primeiras variáveis canônicas conseguiram “explicar” 90% da variação total, sendo,
portanto, suficiente para estudar a divergência genética dos genótipos em consideração.

61
Tabela 6. Autovalores e variância acumulada (%) das 16 variáveis de parte aérea, sistema
radicular e componentes de produção de 42 genótipos de feijoeiro cultivados em
hidroponia e submetidos à dose restritiva de 4,00 mg L-1 de P.

Estimativas dos autovetores


RAIZ RAIZ (%) % ACUMULADA
79,055 48,301 48,301
52,587 32,129 80,430
16,864 10,303 90,734
5,294 3,234 93,969
3,912 2,390 96,359
1,401 0,856 97,216
0,993 0,606 97,823
0,878 0,536 98,360
0,768 0,469 98,829
0,616 0,376 99,206
0,354 0,216 99,422
0,294 0,180 99,603
0,216 0,132 99,735
0,166 0,101 99,837
0,134 0,082 99,919
0,131 0,080 100,0

As variáveis que apresentaram maior importância relativa nas variáveis canônicas,


ou seja, que contribuíram mais para a variabilidade acessada foram produtividade de grãos
(PG), número de vagens cheias (NVC), área superficial de raiz (ASR), volume de raiz (V)
e número de verticilos (NV).

De acordo com XAVIER (1996), a viabilidade do estudo da divergência genética


por meio das distâncias geométricas em gráficos de dispersão, cujas coordenadas são
escores relativos às primeiras variáveis canônicas, é restrita quando estas concentram a
maior proporção da variação total, em geral, referenciada como acima de 80%. Nesse caso,
pode-se fazer uma análise bidimensional da dispersão gráfica em relação à primeira e
segunda variáveis canônicas, dado às duas primeiras variáveis canônicas terem superado o
limite de 80% da variação total. Dessa forma, para o presente estudo, apresentou-se a
dispersão gráfica (Figura 6), com base nos escores das duas primeiras variáveis canônicas.

62
Figura 6. Dispersão dos escores dos 42 genótipos de feijoeiro em relação às duas
primeiras variáveis canônicas (VC1 e VC2), tendo como base 16 variáveis, incluindo
caracteres morfofisiológicos agronômicos de produtividade e de raiz.

Atrávés da análise de dispersão gráfica foi possível verificar a formação de alguns


grupamentos, como também a presença de genótipos mais dispersos, demonstrando a
presença de variabilidade. É possível verificar que os genótipos testemunhas 41 (G 2333) e
42 (DOR 364) foram alocados em posições afastadas, confirmando a divergência entre
eles. Assim, graficamente é possível selcionar genótipos divergentes como possíveis
genitores na formação de blocos de cruzamento.

Outro objetivo do trabalho era avaliar a correlação entre as variáveis acessadas na


parcela estressada, PA. A análise de correlação de Pearson identificou diferenças
estatisticamente significativas para 34 combinações de variáveis (Tabela 7).

63
Tabela 7. Coeficientes de Correlação de Pearson das 16 variáveis analisadas nos 42 genótipos de feijoeiro submetidos à deficiência por P.

DF1 AP2 NÓS3 PG4 NVT5 NVC6 NS7 NSV8 MCS9 NV10 NRB11 CR12 ASR13 VR14 DIAMR15 MSR16
DF -0,190 0,664** 0,053 -0,031 0,168 0,313* 0,176 -0,097 -0,592** -0,064 -0,043 -0,051 -0,044 0,032 0,000
AP 0,200 0,393** 0,295 0,337* 0,195 0,079 -0,052 -0,148 0,046 0,179 0,082 0,008 -0,293 -0,170
NÓS 0,303* 0,204 0,386 0,473** -0,101 0,161 -0,505** -0,031 0,100 0,032 0,009 -0,138 0,090
PG 0,661** 0,836** 0,752** -0,007 -0,033 -0,080 0,178 0,395** 0,366* 0,330* -0,073 0,103
NVT 0,901* 0,801 -0,111 -0,211 -0,132 0,127 0,632** 0,640** 0,616** -0,062 0,067
NVC 0,905** -0,028 -0,154 -0,318* 0,101 0,490** 0,485** 0,464** -0,078 0,076
NS -0,051 -0,141 -0,407** 0,034 0,484** 0,483** 0,472** -0,047 0,064
NSV -0,514** -0,198 0,200 -0,287 -0,263 -0,271 -0,144 0,144
MCS 0,102 -0,005 -0,090 -0,125 -0,119 0,109 0,131
NV 0,385* 0,044 0,128 0,171 0,317* 0,136
NRB -0,099 -0,034 -0,020 0,085 0,319*
CR 0,968** 0,904** -0,035 -0,025
ASR 0,978** 0,152 -0,015
VR 0,3286* -0,019
DIAM -0,039
1
Dias para o florescimento, 2Altura de planta, 3Número de nós por planta, 4Produtividade de grãos (g), 5Número de vagens totais, 6Número de vagens cheias, 7Número de
sementes, 8Número de sementes por vagem, 9Massa de cem sementes (g), 10Número de verticilos, 11Número de raízes basais, 12Comprimento de raiz (cm), 13Área superficial
de raiz (cm²), 14Volume de raiz (cm³), 15Diâmetro de raiz (mm), 16Massa seca de raiz (g).
Como já era esperado houve correlação significativa entre as características de
raiz (CR, ASR e VR) com os componentes de produtividade (PG, NVT, NVC e NS). A
carcterística diâmetro de raiz, apresentou correlações significativas e positivas apenas
com as número de verticilos e volume de raiz. A variável massa seca de raiz apresentou
correlação apenas com número de raizes basais.

A variável Número de dias para o florescimento apresentou correlação


significativa com a variável número de nós, ou seja, quanto mais números de nós por
planta, mais dias a planta demorou para entrar no estádio de florescimento. Além disso,
essa variável apresentou correlação negativa com a variável número de vagens,
evidenciando que, plantas mais precoces tendem a produzir mais vagens quando
submetidas à deficiência de P.

A variável altura de panta também apresentou efeito siginficativo com a


produtividade de grãos e o número de vagens cheias.

A variável número de verticilos apresentou correlação significativa e negativa


com os componentes de produtividade números de vagens cheias e número de sementes,
o que demonstrou que essa característica não contribuiu para a maior produtiviade dos
genótipos.

4. Conclusões

Existe alta correlação entre as característica número de verticilo e número de


raízes basais;
Os genótipos G2333, Pérola, IAC-Carioca Taurino, Santa Rosa e PI-310724 se
destacaram por apresentar os melhores desempenhos para produtividade de
grãos;
Os genótipos que apresentaram maior comprimento de raiz foram: Preto s.3888,
o controle positivo G 2333, Pintado Rajado e Cal-143;
As variáveis que apresentaram maior importância relativa nas variáveis
canônicas foram: produtividade de grãos, número de vagens cheias, área
superficial de raiz, volume de raiz e número de verticilos.
Foi possível correlacionar as características de raiz, exceto número de verticilos
e número de raízes basais, com os componentes de produtividade.

65
5. Referências Bibliográficas

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68
Capítulo 3
Avaliação de genótipos de feijoeiro quanto à eficiência do uso do P em
Latossolo Vermelho Eutrófico

RESUMO
O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma das leguminosas mais
importantes na América Latina sendo que, na maioria das vezes, é cultivada em solos de
baixa fertilidade, com pouca disponibilidade de fósforo (P) e escasso uso de tecnologia
para sua produção. Desta forma, esse trabalho teve como objetivo avaliar em vasos as
respostas morfofisiológicas de 20 genótipos de feijoeiro e classifica-los quanto à
eficiência no uso do P. O delineamento experimental utilizado foi um fatorial 2 x 20,
sendo o primeiro fator constituído pelos tratamentos com doses de fósforo e, o segundo
fator, pelos 20 genótipos de feijão, com seis repetições, das quais, três foram coletadas
no estádio florescimento (R6), para as avaliações biométricas e, as outras três,
conduzidas até a produção de grãos. Como substrato utilizou-se uma mistura de um
Latossolo Vermelho Eutrófico, com baixo teor de P, misturado com areia na proporção
de 3:1. Para aplicação dos tratamentos com as doses de P utilizou-se o Superfostato
simples, constando de duas doses: restritiva e controle, com a aplicação respectivamente
de 45 e 90 kg ha-1 de P2O5. Aos 28 dias foi possível observar os primeiros sintomas de
deficiência do nutriente, com as mudanças na coloração das folhas mais velhas e
diminuição do Índice relativo de clorofila das plantas que receberam a dose restritiva,
evidenciando o início da abscisão foliar. Além disso, foi possível verificar que os
tratamentos com as doses de fósforo foram efetivos para diferenciar tanto os efeitos de
doses, quanto os efeitos de genótipos para os parâmetros: parte aérea, raiz e
produtividade de grãos. Foi possível classificar os genótipos quanto à eficiência de uso
e responsividade à aplicação do P de acordo com seus desempenhos produtivos médios
nas quatro classes: Eficientes e responsivos; Eficientes e não responsivos; Ineficientes e
responsivos; Ineficientes e não responsivos. Sete genótipos se destacaram apresentando
desempenhos superiores à média em ambas as doses de P aplicadas, sendo assim
classificados como Eficientes e Responsivos, sendo eles: IAC Formoso, G 2333, IAC
Carioca Tybatã, IAPAR 81, IAC Imperador, Esplendor e IPR Tangará.

Palavras chave: Eficiência no uso do P, feijoeiro, estresse abiótico, classificação de


genótipos.

69
ABSTRACT

The common bean (Phaseolus vulgaris L.) is one of the most important legumes
in Latin America and, in most cases, it’s grown in low fertility soils with low
phosphorus (P) availability and low use of technology for their production. Thus, this
study aimed to evaluate the morphophysiological responses of 20 bean genotypes grown
in pots and classifying then in terms of P use efficiency. The experimental design was
an 2 x 20 factorial, the first factor was composed by the treatments P levels and the
second factor by the 20 genotypes, with six replications, which three of them were
collected in the flowering stage (R6) for biometric evaluations and the other three, led to
the grains production. As substrate it was used a mixture of a red oxisol eutrophic with
low P content, mixed with sand in the ratio of 3: 1. For the application of the P
treatments it were used simple superphosphate, consisting of two doses: restrictive and
control, with the application of respectively 45 and 90 kg ha-1 of P2O5. At 28 days it was
observed the first symptoms of nutrient deficiency, with color changes in the old leaves
and chlorophyll relative index decrease in the plants that received the restrictive dose,
indicating the beginning of leaf abscission. In addition, it was observed that the
treatment phosphorus doses were effective to differentiate effects doses and genotypes
for the parameters: shoot, root and grain yield. It was possible to classify the genotypes
for use efficiency and responsiveness to the application of P according to their
productivity mean performances in four classes: Efficient and responsive; Efficient and
not responsive; Inefficient and responsive; Inefficient and unresponsive. Seven
genotypes stood out presenting higher performances in both P concentration, being
classified as Efficient and Responsive, namely IAC Formoso, G 2333, IAC Carioca
Tybatã, IAPAR 81, IAC Imperador, Esplendor and IPR Tangara.

Keywords: P use efficiency, common beans, abiotic stress, genotypes classification.

70
1. Introdução

Segundo BEEBE et al., (2012), o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a


leguminosa alimentícia mais importante na América Latina, onde é extensivamente
cultivada por pequenos agricultores, muitas vezes em solos deficientes. De acordo com
os autores, a baixa fertilidade dos solos tropicais é a principal causa do desvio entre a
pequena produtividade da cultura em relação ao seu potencial produtivo, sendo a pouca
disponibilidade do fósforo (P) o fator mais limitante ao desenvolvimento da cultura.
O P desempenha um papel fundamental na nutrição de plantas, como um
elemento essencial, participa de vários processos fisiológicos e bioquímicos que
ocorrem em todos os organismos vivos. A maioria das plantas cultivadas contém entre
0,2% e 0,5% de P em sua matéria seca, sendo que, na agricultura intensiva, muito deste
nutriente pode ser aplicado por fertilizantes fosfatados inorgânicos e orgânicos. Nesse
contexto, a adubação fosfatada é utilizada extensivamente a fim de minimizar o risco de
deficiência de P no solo e, consequentemente, aumentar o rendimento das culturas para
melhorar a segurança alimentar (KIRKBY & JOHNSTON, 2008).
De acordo com SANTOS et al., (2008), o P no solo é constituído por compostos
derivados, principalmente, do ácido ortofosfórico e, a dinâmica do elemento no solo
está associada a fatores ambientais que controlam a atividade dos microrganismos, os
quais imobilizam ou liberam os íons ortofosfato às propriedades físico-químicas e
mineralógicas do solo. Assim, em solos jovens e nos moderadamente intemperizados, o
P encontra-se em sua maior parte na forma orgânica (Po), ou na forma mineral (Pi),
adsorvida fracamente aos minerais secundários. Já nos solos altamente intemperizados,
como os Latossolos, predominam as formas inorgânicas ligadas à fração mineral com
alta energia e, as formas orgânicas, estabilizadas física e quimicamente.
Grande parte dos solos brasileiros são intemperizados e apresentam óxidos de
ferro e alumínio como principais constituintes da fração argila. Em condições de reação
ácida, os óxidos de ferro e alumínio apresentam-se preferencialmente com cargas
positivas, sendo assim capazes de reter predominantemente os íons fosfatos
(VALLADARES et al., 2003). Assim, o fato desse nutriente apresentar-se adsorvido no
solo, em formas pouco disponíveis aos vegetais, reduz a eficiência de uso dos
fertilizantes fosfatados, sendo utilizado aproximadamente pelas culturas de 10 a 20 %
do nutriente no ano de aplicação (SANTOS et al., 2011).

71
Segundo SCHRÖDER et al., (2011), os fertilizantes fosfatados minerais,
intensivamente utilizados na produção de alimentos nos últimos 50 anos, são
processados a partir das reservas fósseis, no entanto, devido a ineficiências na cadeia de
produção e consumo de alimentos, apenas um quinto desse P atinge os alimentos
consumidos pela população global. Frente ao aumento populacional mundial dos
próximos 40 anos e da taxa de esgotamento de reservas para a produção de fertilizantes
fosfatados, previstas para 50-150 anos, é extremamente necessário que haja o uso
eficiente do recurso.
BEEBE et al., (2013), afirmam que os atuais esforços quanto ao aumento da
eficiência de aquisição e utilização de nutrientes em baixa fertilidade natural dos solos
certamente contribuirão também para melhorar a eficiência do uso de fertilizantes, de
maneira sustentável. Os autores reforçam a importância da recuperação do P aplicado,
antes de ser irreversivelmente fixado por óxidos de ferro e de alumínio nos solos
tropicais com alta capacidade de fixação, o que implica num sistema radicular eficiente
que acesse agressivamente os nutrientes do solo.
Diante do exposto, e utilizando 20 genótipos de feijoeiro previamente
classificados em hidroponia, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as respostas
morfofisiológicas desses genótipos, em Latossolo Vermelho Eutrófico de média
fertilidade e baixo teor de P, com a imposição de adubação suplementar do nutriente e
classifica-los quanto à eficiência e responsividade no uso.

2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Instituto Agronômico


(Fazenda Santa Elisa, Campinas SP). Foram avaliados 20 genótipos de feijoeiro,
previamente classificados em hidroponia quanto à eficiência no uso do P (SILVA et al,
2014) (Quadro 1).

72
Quadro 1. Genótipos utilizados no estudo quanto à eficiência de absorção e uso do
fósforo, descrição do tegumento e da classificação realizada em solução nutritiva (1),
sendo classificados nas seguintes classes: Eficientes e responsivos (EF), Eficientes e
não responsivos (ENR), Ineficientes e responsivos (IR) e Ineficientes e não responsivos
(INR).
Genótipo Tegumento Classe Genótipo Tegumento Classe
1. IAC ALVORADA Carioca IR 11. BRS PONTAL Carioca IR
2. IAC CARIOCA TYBATÃ Carioca ER 12. BRS ESTILO Carioca INR
3. IAC DIPLOMATA Carioca INR 13. PÉROLA Carioca IR
4. IAC FORMOSO Carioca ENR 14. IPR TANGARÁ Carioca ENR
5. IAC IMPERADOR Carioca ER 15. DIAMANTE NEGRO Preto ENR
6. IPR UIRAPURU Preto IR 16. JALO PRECOCE Amarelo INR
7. BAT 477 Creme INR 17. G4000 Marrom INR
8. SEA 5 Creme INR 18. DOR 364 Vermelho INR
9. CARIOCA COMUM Carioca ER 19. G2333 Vermelho ER
10. IAPAR 81 Carioca ER 20. BRS ESPLENDOR Preto ENR
1
SILVA et al., (2014).

Foram utilizados vasos com volume de 5 dm3, contendo como substrato uma
mistura de um Latossolo Vermelho Eutrófico e areia na proporção respectiva de 3:1. De
acordo com a análise química e granulométrica (Tabela 1), o solo é considerado
argiloso, com fertilidade média, contendo teor de fósforo de 3 mg dm-3, considerado
muito baixo segundo RAIJ et al. (1997).

Tabela 1. Características química e granulométrica do solo utilizado na mistura


com areia (3:1) para o enchimento dos vasos.

pH MO Presina H + Al K Ca Mg SB CTC V
-3
(CaCl2) (g dm ) -3
(mg dm ) -3 ---------------------- mmolc dm ----------------------- (%)
--
5,9 14 3 14 2,2 29 8 39,3 53,3 74

Argila Silte Areia total Textura


------------------------------- (g kg-1) ----------------------------------------------

550,0 91,0 359,0 Argiloso

O delineamento experimental utilizado foi um fatorial 2 x 20, sendo o primeiro


fator constituído pelas duas doses de fósforo e, o segundo fator, constituído pelos 20
genótipos de feijão, com seis repetições. Os 20 genótipos foram pré-geminados e
transplantados para os vasos que foram distribuídos aleatoriamente na casa de

73
vegetação, sendo que, três repetições foram coletadas no florescimento (R6), para
avaliações biométricas e, as outras três, foram conduzidas até a produção de grãos.
Foram aplicados em cada vaso 500 mg de N, na forma de Ureia (correspondendo
a 90 kg de N ha-1) e, os dois tratamentos com fósforo nas parcelas aplicados na forma de
Superfostato simples, constando de: Parcela PA (dose restritiva): 45 kg ha-1 de P2O5 e
Parcela PB (dose controle): 90 kg ha-1 de P2O5. Dessa forma, na Parcela PA foram
aplicados 625 mg e na Parcela PB 1.250 mg de superfosfato simples por vaso. A dose
aplicada na Parcela PA é restritiva por corresponder á metade da dose da Parcela P B,
denominada controle, recomendada para aplicação nas condições da fertilidade do solo
(RAIJ et al., 1997). Aos 28 dias após o transplantio (DAT), foi realizada a avaliação do
índice relativo de clorofila (IRC) na folha cotiledonar, utilizando-se o método não
destrutivo (SPAD-502Plus – Konica Minolta).
No estádio R6, foram realizadas as coletas de plantas para a avaliação dos
caracteres biométricos: altura de planta; número de nós por planta; área foliar; massa
seca de folhas, caule e raízes; área superficial, comprimento, volume total e diâmetro de
raiz.
Para a determinação da área foliar total (cm2), foi utilizado um integrador de
área - Modelo LI-3100C – LI-COR. Para obtenção da massa seca de folhas, caule e raiz,
as amostras foram secas em estufa de circulação forçada de ar com temperatura de 60
°C, até atingir peso constante. As raízes foram avaliadas com a utilização do software
WinRHIZO® (Regent Instruments Inc., Quebec, Canada).
Na maturidade fisiológica foram avaliados os componentes de produção: número
de vagens por planta (NV); número de sementes por planta (NS), número de sementes
por vagem (NSV); massa de cem sementes em gramas (MCS) e produtividade de grãos
em g planta-1 (PG).
Para determinar os teores de nutrientes nas folhas, amostras de 1,0 g de tecido
foliar, secas e moídas, foram submetidas à digestão nítricoperclórica para extração de P,
K, Ca, Mg e S. Nos extratos, os teores desses nutrientes foram determinados por
espectrofotometria de absorção atômica. Para determinação do N total, amostras de 0,2
g do tecido foliar foram submetidas à digestão sulfúrica. O N total foi determinado por
destilação e o P por espectrofotometria UV-VIS (MALAVOLTA et al., 1989).

74
3. Resultados e discussões

Aos 28 dias após o transplantio foi possível observar o início da abscisão foliar
nas plantas que receberam a dose restritiva. Foram observadas diferenças estatísticas
para o Índice relativo de clorofila - IRC a 1% de probabilidade, tanto para o fator dose
de P, como para o fator genótipos (Tabela 2).

Tabela 2. Resumo da análise de variância quanto ao Índice relativo de clorofila de 20


genótipos de feijoeiro cultivados em Latossolo Vermelho Eutrófico e submetidos às
doses de P, restritiva e controle, respectivamente de 45 e 90 kg há-¹ de P2O5.
Fonte de variação GL IRC

Doses P 1 1027,9**

Genótipos 19 113,3**

PxG 19 39,5

Erro 200 33,7

CV % 19,19

A aplicação da dose restritiva de P resultou num decréscimo de 12,85% do IRC.


Em ambos os tratamentos foi possível separar em duas classes os genótipos em relação
ao IRC, sendo que, na dose restritiva o índice variou de 35,05 a 18,81 unidades SPAD e,
a amplitude para essa característica na dose controle foi menor, variando de 36,68 a
27,98 unidades SPAD. Os genótipos com maior IRC nas parcelas com dose restritiva
foram G 4000, G 2333, IAC Imperador, IAPAR 81 e DOR 364 e os que apresentaram
maior IRC na dose controle foram Pérola, BRS Esplendor, IAC Imperador, G 2333 e
SEA 5. Com maior IRC, em ambos os tratamentos, foram o G 2333, G 4000 e IAC
Imperador e, com menor IRC, os genótipos BRS Estilo, IAC Diplomata e IAC Alvorada
(Tabela 3).

75
Tabela 3. Médias para índice relativo de clorofila nas folhas cotiledonares do feijoeiro
aos 28 dias após o transplantio.

Genótipo Dose Restritiva Dose Controle Conjunta


1- IAC Alvorada 23,46 b 28,98 b 26,22 b
2- IAC Carioca Tybatã 28,05 b 33,50 a 30,77 a
3- IAC Diplomata 18,82 b 30,53 b 24,67 b
4- IAC Formoso 30,98 a 30,38 b 30,68 a
5- IAC Imperador 33,37 a 34,97 a 34,16 a
6- IPR Uirapuru 25,35 b 30,88 b 28,11 b
7- BAT 477 26,07 b 27,98 b 27,02 b
8- Sea 5 28,78 a 34,40 a 31,59 a
9- Carioca Comum 30,13 a 30,03 b 30,08 a
10- IAPAR 81 32,03 a 31,83 b 31,93 a
11- BRS Pontal 26,05 b 32,87 a 29,45 a
12- BRS Estilo 20,58 b 28,42 b 24,50 b
13- Pérola 27,08 b 36,68 a 31,88 a
14- IPR Tangará 27,47 b 31,97 b 29,71 a
15- Diamante Negro 27,03 b 34,33 a 30,68 a
16- Jalo Precoce 25,90 b 30,50 b 28,20 b
17- G 4000 35,05 a 33,58 a 34,31 a
18- DOR 364 31,82 a 34,23 a 33,02 a
19- G 2333 34,93 a 34,77 a 34,85 a
20- BRS Esplendor 31,00 a 35,88 a 33,44 a
Média das Parcelas 28,19 B 32,36 A 30,26
Valores médios seguidos por letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si para genótipos e valores médios
com diferentes letras maiúsculas na linha diferem entre si para as doses de P pelo teste Scott-Knott a 5% de
probabilidade.

A deficiência de P produz mudanças na coloração das folhas devido as


alterações no conteúdo de clorofila e carotenóides e, segundo TORRES NETTO et al.,
(2005), a determinação indireta do teor de clorofila pode ser usada como ferramenta para
diagnosticar a integridade do aparelho fotossintético, quando as plantas estão sujeitas às
adversidades ambientais. Outros autores como HERNÁNDEZ-DOMÍGUEZ et al (2012),
OLIVEIRA et al, (2012) também observaram a influência da deficiência de P quanto ao IRC, no
entanto, observaram aumento do IRC com a diminuição da dose de p, avaliando as folhas mais
novas da planta. GRAHAM et al., (2006) identificaram em análise em sílico, genes super
expressos que codificam para proteína de ligação clorofila A e B em condições de
deficiência de P, sendo esta observação consistente com as frequentes observações
sintomáticas de coloração verde escura da folha. Os autores salientam que folhas novas
são geradas continuamente à custa das folhas mais velhas e estas folhas recém-formadas
formam o aparelho de captura de luz.

76
Todas as características de parte aérea apresentaram diferenças estatísticas a 1%
de probabilidade para as doses de P e diferenças estatísticas a 1% de probabilidade para
os genótipos para todas as características, exceto para área foliar, sendo que, os
coeficientes de variação experimental observados foram considerados satisfatórios,
variando de 10,75 a 19,63% (Tabela 4).

Tabela 4. Resumo da análise de variância quanto às características de parte aérea de 20


genótipos de feijoeiro cultivados em Latossolo Vermelho Eutrófico e submetidos às
doses de P, restritiva e controle, respectivamente de 45 e 90 kg há-¹ de P2O5.

Quadrado Médio
FV
GL AFn MSFn MSRMn ALTn

Doses P 1 529,6** 1,96** 1,65** 22,44**

Genótipos 19 48,5 0,16** 0,17** 32,10**

PxG 19 46,7 0,11 0,05 1,76

Erro 80 40,9 0,06 0,03 3,00

CV % 19,25 13,95 10,75 19,63


n
Dados normalizados (√x+1), *,**significativo a 5 e 1% de probabilidade.

Para a área foliar houve uma redução de 25,42% com a aplicação da dose
restritiva de P. Nessas parcelas, a área foliar variou de 1752,66 a 707 cm², enquanto a
amplitude na dose controle foi de 1862,33 a 849,66 (Tabela 5). Apesar de não ter sido
detectada diferença significativa entre os genótipos, na análise conjunta dos dados as
maiores médias foram obtidas por BAT 477, Pérola, G2333, IPR Uirapuru e BRS
Esplendor.
Houve redução de 33,44% na produção de massa seca de folhas com aplicação
da dose restritiva em relação a dose controle. As médias dos tratamentos foram de 1,91
e 2,87 g, respectivamente para a dose restritiva e para a dose controle. Nas parcelas que
receberam a dose restritiva a amplitude das observações variou de 1,2 a 2,88 g, no
entanto, não foi possível verificar diferença estatística para a diferenciação dos
genótipos. Na dose controle a amplitude observada foi de 1,43 a 6,62, diferenciando os
genótipos em três categorias; os genótipos que apresentaram maior produção de massa
seca de folha foram: G 2333, Pérola e BRS Esplendor. Pela análise conjunta foi possível
observar que o genótipo G 2333 apresentou maior produção de massa seca de folhas
(4,73g), enquanto os genótipos IAPAR 81, IPR Tangará e Carioca comum apresentaram
os piores desempenhos (Tabela 5).

77
A produção de massa seca de ramos foi influenciada tanto pela dose de P quanto
pelos genótipos. As parcelas que receberam a dose restritiva apresentou média de 1,49
g, enquanto a parcela com a dose controle com média de 1,73 g, ou seja, houve uma
redução de 13,87%. A amplitude nas parcelas com dose restritiva foi de 2,44 a 0,64,
sendo que, os genótipos com maior massa seca de ramos foram: Jalo Precoce, G 2333 e
Pérola; os genótipos que apresentaram os piores desempenhos foram DOR 364, BRS
Estilo e BRS Esplendor. Os genótipos que apresentaram os melhores desempenhos nas
parcelas com a dose controle foram os mesmos genótipos que se destacaram nas
parcelas com a dose restritiva e, os piores desempenhos, foram dos genótipos DOR 364,
Carioca Comum e IAPAR 81(Tabela 5).
A característica altura de planta foi influenciada tanto pela dose de P como pelos
genótipos. A dose restritiva resultou na redução de 19,65% na altura das plantas, sendo
as médias das parcelas de 91,93 e 76,86 cm, respectivamente, para as parcelas com dose
controle e nas parcelas com dose restritiva. A altura de plantas variou de 217,33 a 31,33
cm na dose restritiva e de 262,33 a 40 cm na parcela que recebeu a dose controle. O
genótipo que apresentou a maior altura de plantas foi o genótipo G 2333, com hábito de
crescimento indeterminado, apresentando média de 239,83 cm em análise conjunta,
seguido dos genótipos Pérola, IAC Imperador, BRS Pontal e IAC Carioca Tybatã,
apresentando respectivamente as médias: 166,16; 126,66; 108,66 e 104,66. Os
genótipos que apresentaram as menores médias para altura de plantas foram IPR
Tangará, SEA 5 e DOR 364 com médias respectivamente de, 35,66; 40,00 e 43,83 cm
(Tabela 5).
Quanto ao número de nós por planta (NNP), houve redução de 6,98% com a
aplicação da dose restritiva, havendo uma variação no número de nós de 13,5 a 7,5.
Considerando o teste de média da análise conjunta dos dados, os genótipos IAC
Imperador, IAC Alvorada, IAC Carioca Tybatã e BRS Estilo apresentaram as maiores
médias, ou seja, mais do que 12,5 nós por planta. Os genótipos que apresentaram os
piores desempenhos para essa característica foram SEA 5, IPR Tangará, BRS Esplendor
e Jalo Precoce, com médias inferiores a 10,5 nós (Tabela 5).

78
Tabela 5. Desempenho médio de 20 genótipos de feijão comum quanto aos caracteres de parte aérea Área foliar (AF), Massa seca de folhas
(MSF), Massa seca de Ramos (MSRM), Altura de planta (ALT) e Número de nós por planta (NNP) submetidos à aplicação de duas doses de P,
sendo aplicados 45 e 90 kg de P2O5, respectivamente, nas parcelas PA (dose restritiva) e PB (dose controle).
AF MSF MSRM ALT NNP
Genótipo Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB
1- IAC Alvorada 1039,00 a 927,67 a 1150,3 a 2,19 b 1,71 a 2,68 c 1,67 b 1,28 b 2,40 b 86,3 c 78,33 c 94,33 d 12,83 a 12,67 a 13,00 a
2- IAC Carioca Tybatã 1107,50 a 779,33 a 1435,7 a 2,52 b 1,7 a 3,35 c 1,62 b 1,03 b 2,47 b 105 c 76,00 c 133,33 c 12,66 a 11,67 a 13,67 a
3- IAC Diplomata 1178,16 a 1101,33 a 1255 a 2,41 b 2,04 a 2,79 c 1,64 b 1,38 b 2,12 c 71,8 d 66,33 c 77,33 d 10,66 b 10,67 a 10,67 b
4- IAC Formoso 1092,83 a 1071,33 a 1114,3 a 2,32 b 2,14 a 2,51 c 1,57 b 1,46 b 1,55 c 65,3 d 50,33 c 80,33 d 12,16 a 11,67 a 12,67 a
5- IAC Imperador 1163,50 a 1105,33 a 1221,7 a 2,25 b 1,78 a 2,74 c 1,58 b 1,22 b 1,93 c 127 c 114,33 c 139,00 c 13,5 a 12,67 a 14,33 a
6- IPR Uirapuru 1313,50 a 1377 a 1250 a 2,32 b 2,06 a 2,59 c 1,53 b 1,19 b 1,62 c 60 d 56,67 c 63,33 d 11 b 10,33 a 11,67 b
7- BAT 477 1701,66 a 1752,67 a 1650,7 a 2,71 b 2,79 a 2,65 c 1,59 b 1,45 b 1,69 c 93,3 c 94,00 c 92,67 d 12,33 a 12,33 a 12,33 a
8- SEA 5 984,66 a 768 a 1201,3 a 2,34 b 1,6 a 3,1 c 1,49 b 0,98 b 1,55 c 40 d 32,00 c 48,00 d 7,5 c 7,00 b 8,00 c
9- Carioca Comum 977,83 a 1106 a 849,67 a 1,89 b 2,22 a 1,57 c 1,48 b 1,38 b 1,12 c 84,7 c 96,33 c 73,00 d 11,66 a 12,00 a 11,33 b
10- IAPAR 81 794,50 a 707 a 882 a 1,32 b 1,22 a 1,43 c 1,43 b 0,99 b 1,19 c 57,8 d 63,33 c 52,33 d 11,16 b 11,00 a 11,33 b
11- BRS Pontal 1188,00 a 1004 a 1372 a 2,2 b 1,67 a 2,73 c 1,56 b 1,05 b 1,96 c 109 c 101,67 c 115,67 d 12,66 a 12,00 a 13,33 a
12- BRS Estilo 1164,33 a 902,67 a 1426 a 2,01 b 1,2 a 2,83 c 1,6 b 0,86 b 2,43 b 54,8 d 41,00 c 68,67 d 12,66 a 12,33 a 13,00 a
13- Pérola 1391,16 a 1008,33 a 1774 a 3,27 b 2,22 a 4,33 b 1,91 a 1,87 a 3,61 a 166 b 148,00 b 184,33 b 12,5 a 11,67 a 13,33 a
14- IPR Tangará 931,25 a 777 a 1085,5 a 1,74 b 1,24 a 2,26 c 1,58 b 1,04 b 2,07 c 35,7 d 31,33 c 40,00 d 9,5 b 9,00 b 10,00 b
15- Diamante Negro 1187,33 a 1300 a 1074,7 a 2,22 b 2,12 a 2,33 c 1,5 b 1,22 b 1,34 c 55,5 d 66,00 c 45,00 d 10,5 b 10,67 a 10,33 b
16- Jalo Precoce 1093,33 a 1320,67 a 866 a 2,35 b 2,88 a 1,83 c 1,9 a 2,44 a 2,83 b 69,8 d 66,33 c 73,33 d 10,33 b 10,67 a 10,00 b
17- G 4000 1150,50 a 1009,67 a 1291,3 a 2,17 b 1,75 a 2,6 c 1,49 b 1,00 b 1,55 c 54,8 d 51,00 c 58,67 d 11,66 a 11,67 a 11,67 b
18- DOR 364 953,66 a 745,33 a 1162 a 2,09 b 1,73 a 2,45 c 1,34 b 0,64 b 0,99 c 43,8 d 40,00 c 47,67 d 11,16 b 10,33 a 12,00 a
19- G 2333 1350,50 a 838,67 a 1862,3 a 4,73 a 2,86 a 6,62 a 2,04 a 2,23 a 4,32 a 240 a 217,33 a 262,33 a 12,5 a 11,33 a 13,67 a
20- BRS Esplendor 1212,33 a 782,33 a 1642,3 a 2,76 b 1,34 a 4,18 b 1,63 b 0,89 b 2,59 b 68,2 d 47,00 c 89,33 d 10,33 b 9,33 b 11,33 b
Média das Parcelas 1148,78 1019,22 B 1278,3 A 2,39 1,91 B 2,88 A 1,61 1,49 B 1,73 A 84,396 76,86 B 91,93 A 11,463 11,05 B 11,88 B
Valores médios seguidos por letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si para genótipos e valores médios com diferentes letras
maiúsculas na linha diferem entre si para as doses de P pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

79
Pôde-se observar que a imposição da condição de deficiência do P influenciou
na redução de todos os caracteres avaliados relacionados à parte aérea. De acordo com
WHITE & HAMMOND (2008), muitas das respostas das plantas à deficiência de P
parecem ser iniciadas, ou moduladas pela diminuição do transporte do P inorgânico (Pi)
para a parte aérea e, consequentemente, ocorre a redução do Pi disponível para o
metabolismo, assim, na maioria das vezes, essa condição resulta na redução imediata da
taxa de crescimento da parte aérea, antes mesmo que o crescimento da raiz seja afetado.
Os autores ainda enfatizam que a redução do elemento a nível celular afeta diretamente
a fotossíntese, glicólise e respiração. Assim, as modificações no metabolismo de
carboidratos são reforçadas pela reprogramação transcricional, resultando na síntese de
ácidos orgânicos, amido e acumulação de sacarose nas folhas das plantas deficientes.
Os teores médios de P no tecido foliar determinados pela análise química foliar
foi de 1,49 e 1,24 g Kg-1, respectivamente para a dose restritiva e para a dose controle.
A menor concentração de P nas folhas que receberam a maior dose de P pode ser
explicada pelo fato de ter ocorrido maior acúmulo de massa seca de folhas “diluindo” a
concentração do elemento no total das folhas produzidas, constatado pela produção de
33,44 % maior nas parcelas com a dose controle em relação às parcelas com a dose
restritiva. RAPOSO et al., (2004) observaram em diferentes grupos de maturação de
soja cultivados em Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico, com médio teor de P,
relação negativa entre a concentração de P das folhas e a biomassa produzida,
enfatizando o efeito de diluição do nutriente. Foi determinado o conteúdo de P nas
folhas, pelo produto do teor de P foliar e da massa seca de folhas, sendo
respectivamente de 2,78 e 3,42 g de P para as parcelas com a dose restritiva e dose
controle, ou seja, 18,71% de redução do conteúdo nas parcelas com a dose restritiva,
confirmando o maior acúmulo do nutriente nas folhas, acompanhada pela maior
produção de massa seca.
Com a determinação do teor foliar dos macronutrientes foi possível verificar
que, assim como ocorreu com o P, houve também um maior acúmulo do N, K, Ca, Mg e
S nas folhas nas parcelas com a dose restritiva, ocorrendo o efeito de diluição do
nutriente, com a maior formação de massa seca das plantas controle. Os teores
apresentados na Tabela 6, para a maioria dos nutrientes, encontram-se próximos aos
indicados como adequados à cultura do feijoeiro por ABROSANO et al., (1997), sendo
os desvios também atribuídos a não utilização de amostragem das folhas mais novas
totalmente expandidas, mas a utilização total das folhas para a realização das análises.

80
Tabela 6. Níveis dos macronutrientes no tecido foliar (g kg-1) de 20 genótipos de
feijoeiro cultivados em Latossolo Vermelho Eutrófico submetidos às doses de fósforo
nas parcelas com dose restritiva e controle, respectivamente, 45 e 90 kg há-¹ P2O5.

Tratamento N P K Ca Mg S
-1
g kg
Adequado* 30-50 2,5-4,0 20-24 10-25 2,5-5,0 2-3
PA 54,27 1,49 23,64 20,61 3,99 1,04
PB 42,50 1,24 20,06 19,05 3,61 0,79
*Faixas de teores considerados adequados para os macronutrientes em folhas de feijoeiro amostradas no
florescimento, nas terceira folhas como pecíolo, tomadas no terço médio de 30 plantas (AMBROSANO et al., 1997).

Em relação ao crescimento e desenvolvimento do sistema radicular, foi possível


observar o efeito dos tratamentos com doses de P para todas as características, exceto
para diâmetro médio, uma vez que essa característica têm se mostrado pouco
influenciada pelo ambiente. Houve diferença estatística para efeito de genótipos apenas
para as características volume e diâmetro de raiz, a 5 e 1% de probabilidade,
respectivamente (Tabela 7).

Tabela 7. Resumo da análise de variância quanto às características do sistema radicular


de 20 genótipos de feijoeiro cultivados em Latossolo Vermelho Eutrófico submetidos às
doses de fósforo nas parcelas com dose restritiva e controle, respectivamente, 45 e 90 kg
há-¹ P2O5.

Quadrado Médio
FV
GL CRn ASRn VRn DIAM MSR R/PA

Doses P 1 1993,5* 250,50** 2,14** 0,01 0,78** 0,12**

Genótipos 19 638,7 51,09 0,39* 0,01** 0,06 0,02

PxG 19 247,1 25,53 0,20 0,01 0,04 0,01

Erro 80 377,3 32,72 0,21 0,01 0,05 0,01

CV % 20.55 18.92 15.84 7.95 34.34 18.63


n ,
Dados normalizados (√x+1), * **significativo a 5 e 1% de probabilidade.

O comprimento total de raiz variou de 13565,15 a 5256.52 cm, havendo uma


redução de 13,62% no comprimento total médio nas parcelas que recebeu a dose
restritiva em relação a dose controle. Assim, o genótipo Diamante Negro foi o que
apresentou maior comprimento médio e, o genótipo DOR 364, o pior desempenho. Nas
análises individuais, tanto nas parcelas que receberam a dose restritiva como nas
parcelas da dose controle, não foi possível separar os genótipos em classes, no entanto,

81
destacaram-se na dose restritiva os genótipos: BAT 477, IPR Uirapuru, Diamante Negro
e IAC Formoso, apresentando médias superiores a 11500 cm. Nas parcelas doa dose
controle, destacaram-se os genótipos: Diamante Negro, Pérola, IAC Carioca Tybatã,
com médias superiores a 12500 cm. Em ambas as condições de doses de P, o genótipo
DOR 364 apresentou o pior desempenho 4138,30 e 6374,75 cm para as doses com
restrição e dose controle, respectivamente (Tabela 8).
Houve uma redução de 15,5% na característica área superficial de raiz nas
parcelas com a dose restritiva, com as parcelas com a dose restritiva e controle
apresentando respectivamente médias gerais de 869,04 e 1028,48 cm². Os valores para a
característica variaram de 1345,52 a 542,06 cm², sendo que, os genótipos que
apresentaram melhor desempenho médio foram: BAT 477, Diamante Negro, IPR
Uirapuru e Pérola, enquanto que, os genótipos DOR 364, G 2333 e IAC Imperador
apresentaram os menores valores para a característica. Na dose restritiva, destacaram-se
os genótipos BAT 477, IAC Formoso e IPR Uirapuru e, na dose controle, os genótipos
de maior destaque foram Diamante Negro, BAT 477 e BRS Esplendor (Tabela 8).
O volume de raiz foi a única característica do sistema radicular a apresentar
diferenças estatísticas significativas tanto para o tratamento de doses, como para os
genótipos. O volume radicular sofreu uma redução de 17,46% com a aplicação da dose
restritiva de P, havendo uma variação total de 11,76 a 4,5 cm³, sendo que, os genótipos
que apresentaram os maiores volumes radiculares médios foram BAT 477, SEA 5 e
IAC Formoso, assim como os menores desempenhos foram observados nos genótipos
DOR 364, G 2333 e IAC Imperador. Nas parcelas que receberam a dose restritiva, os
melhores desempenhos foram observados pelos genótipos BAT 477, IAC Formoso e
Jalo Precoce. Na parcela controle, os genótipos que apresentaram os maiores valores
para a característica foram BAT 477, BRS Esplendor e SEA 5 (Tabela 8).
A característica massa seca de raiz foi a característica do sistema radicular mais
prejudicada pela redução na dose de P, apresentando 22,7% de redução, assim as médias
das parcelas com restrição e controle da adubação fosfatada foram de 0,565 e 0,726 g,
respectivamente. A amplitude das observações variaram de 0,790 g para o melhor
genótipo, Diamante Negro, à 0,394 g, para o genótipo DOR 364, com o pior
desempenho. Na condição de restrição do P, os genótipos que apresentaram melhores
desempenhos foram Diamante Negro, Jalo Precoce, IAC Formoso e IPR Uirapuru, Nas
parecelas com a dose controle, os melhores genótipos foram BRS Esplendor, Diamante
Negro e IAC Carioca Tybatã (Tabela 8).

82
Tabela 8. Desempenho médio de 20 genótipos de feijão comum quanto ao Sistema Radicular com as avaliações de: Comprimento total de raiz
(CR), Área superficial de raiz (AR), Volume de raiz (VR), Diâmetro médio de raiz (DR) e Massa seca de raiz (MSR), submetidos a duas doses
de P nas parcelas PA (dose restritiva) e PB (dose controle).
CR AS R VR DR MS R RPA
Genótipo Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB
1- IAC Alvorada 8315,05 a 8,167,577 a 8462,52 a 883,51 a 820,758 a 946,267 a 7,52 a 6,61 a 8,45 a 0,342 a 0,329 a 0,355 a 0,609 a 0,510 a 0,709 a 0,62 a 0,59 a 0,67 a
2- IAC Carioca Tybatã 10250,12 a 7,980,743 a 12519,5 a 993,42 a 758,687 a 1228,17 a 7,67 a 5,75 a 9,61 a 0,311 b 0,305 b 0,317 b 0,676 a 0,493 a 0,859 a 0,65 a 0,59 a 0,72 a
3- IAC Diplomata 10772,05 a 10532,16 a 11012 a 1059,4 a 1008,53 a 1110,32 a 8,31 a 7,69 a 8,93 a 0,317 b 0,310 b 0,326 b 0,72 a 0,655 a 0,786 a 0,56 a 0,65 a 0,47 a
4- IAC Formoso 10410,78 a 11507,02 a 9314,55 a 1078,3 a 1165,15 a 991,378 a 8,92 a 9,44 a 8,41 a 0,331 b 0,327 b 0,336 b 0,737 a 0,787 a 0,687 a 0,68 a 0,69 a 0,67 a
5- IAC Imperador 7774,73 a 7,418,584 a 8130,88 a 775,63 a 756,229 a 795,04 a 6,19 a 6,16 a 6,24 a 0,321 b 0,321 b 0,321 b 0,536 a 0,491 a 0,581 a 0,6 a 0,59 a 0,63 a
6- IPR Uirapuru 11982,85 a 12163,49 a 11802,2 a 1113,1 a 1108,8 a 1117,45 a 8,29 a 8,16 a 8,44 a 0,294 c 0,289 b 0,300 b 0,735 a 0,678 a 0,793 a 0,69 a 0,68 a 0,72 a
7- BAT 477 12317,05 a 13501,83 a 11132,2 a 1345,5 a 1424,5 a 1266,55 a 11,76 a 12,04 a 11,48 a 0,351 c 0,340 a 0,363 a 0,787 a 0,797 a 0,777 a 0,66 a 0,7 a 0,64 a
8- SEA 5 8271,28 a 6,575,561 a 9967 a 990,91 a 805,55 a 1176,29 a 9,49 a 7,87 a 11,11 a 0,385 a 0,392 a 0,379 a 0,709 a 0,584 a 0,835 a 0,63 a 0,6 a 0,67 a
9- Carioca Comum 9409,64 a 11497,94 a 7321,34 a 882,44 a 1068,24 a 696,652 a 6,61 a 7,92 a 5,31 a 0,3 c 0,300 b 0,301 b 0,562 a 0,652 a 0,472 a 0,62 a 0,64 a 0,61 a
10- IAPAR 81 8366,44 a 7,727,971 a 9004,9 a 915,47 a 857,377 a 973,568 a 7,98 a 7,59 a 8,39 a 0,348 a 0,348 a 0,348 a 0,61 a 0,516 a 0,705 a 0,51 a 0,36 a 0,66 a
11- BRS Pontal 8349,94 a 7,066,546 a 9633,34 a 835,84 a 684,184 a 987,513 a 6,68 a 5,30 a 8,06 a 0,316 b 0,307 b 0,325 b 0,561 a 0,455 a 0,667 a 0,62 a 0,58 a 0,67 a
12- BRS Estilo 7663,75 a 5,306,278 a 10021,2 a 855,15 a 591,044 a 1119,26 a 7,62 a 5,25 a 9,99 a 0,357 a 0,356 a 0,360 a 0,65 a 0,451 a 0,850 a 0,62 a 0,56 a 0,69 a
13- Pérola 12199,50 a 10528,82 a 13870,2 a 1110,4 a 982,626 a 1238,1 a 8,11 a 7,35 a 8,89 a 0,298 c 0,305 b 0,292 b 0,703 a 0,619 a 0,789 a 0,69 a 0,66 a 0,72 a
14- IPR Tangará 8426,45 a 6,783,009 a 10069,9 a 861,51 a 690,263 a 1032,76 a 7,01 a 5,59 a 8,44 a 0,326 b 0,325 b 0,328 b 0,633 a 0,498 a 0,769 a 0,65 a 0,6 a 0,7 a
15- Diamante Negro 13565,15 a 11923,5 a 15206,8 a 1205 a 1071,79 a 1338,27 a 8,53 a 7,69 a 9,38 a 0,28 c 0,290 b 0,271 b 0,79 a 0,717 a 0,864 a 0,72 a 0,69 a 0,76 a
16- Jalo Precoce 8982,71 a 9,707,179 a 8258,23 a 891,42 a 1021,07 a 761,772 a 7,08 a 8,55 a 5,63 a 0,317 b 0,333 a 0,301 b 0,646 a 0,717 a 0,576 a 0,66 a 0,67 a 0,65 a
17- G 4000 8135,51 a 8,096,303 a 8174,73 a 912,36 a 858,112 a 966,619 a 8,17 a 7,24 a 9,12 a 0,355 a 0,338 a 0,373 a 0,681 a 0,580 a 0,783 a 0,64 a 0,63 a 0,66 a
18- DOR 364 5256,52 a 4138,3 a 6374,75 a 542,07 a 443,741 a 640,399 a 4,5 a 3,84 a 5,17 a 0,339 a 0,361 a 0,319 b 0,394 a 0,298 a 0,491 a 0,52 a 0,44 a 0,6 a
19- G 2333 7353,85 a 5,732,142 a 8975,56 a 732,72 a 539,817 a 925,632 a 5,84 a 4,08 a 7,61 a 0,315 b 0,305 b 0,326 b 0,442 a 0,325 a 0,561 a 0,57 a 0,52 a 0,62 a
20- BRS Esplendor 8955,39 a 6,759,906 a 11150,9 a 991,12 a 724,467 a 1257,77 a 8,75 a 6,18 a 11,33 a 0,351 a 0,339 a 0,364 a 0,725 a 0,482 a 0,969 a 0,64 a 0,58 a 0,72 a
M édia das Parcelas 9337,94 8655,74 B 10020,1 A 948,76 869,04 B 1028,48 A 7,75 7,01 B 8,49 A 0,33 0,325 A 0,33 A 0,645 0,565 B 0,726 A 0,628 A 0,6 B 0,66 A

Valores médios seguidos por letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si para genótipos e valores médios com diferentes letras
maiúsculas na linha diferem entre si para as doses de P pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

83
Segundo LÓPES-BUCIO et al. (2003) os nutrientes do solo são elementos
críticos para o crescimento das plantas e produtividade. A biodisponibilidade de
nutrientes na solução do solo pode determinar o crescimento e proliferação das raízes,
sendo o P um dos nutrientes que podem alterar os processos de desenvolvimento pós-
embrionários do sistema radicular. Além disso, devido à baixa biodisponibilidade e
mobilidade de P na maioria dos solos, a capacidade do sistema radicular de explorar
eficazmente o solo a um custo metabólico mínimo é essencial para o desenvolvimento
da planta (LYNCH E BROWN, 2008).
TRINDADE & ARAUJO (2014) avaliando a variabilidade de 24 genótipos de
feijoeiro quanto aos caracteres do sistema radicular em Argissolo Vermelho-Amarelo
submetidos à aplicação de duas doses de P, 20 e 80 kg de P2O5, observaram que a maior
oferta de P no solo melhorou o desenvolvimento do sistema radicular, aumentando as
características massa de raiz principal, basal e lateral, massa de nódulos, área de raízes e
comprimento de raízes tanto no início de formação como no período de enchimento das
vagens. Os autores reforçam a importância da seleção de cultivares com maior
crescimento da raiz como uma estratégia para aumentar a absorção de P e produção de
grãos, especialmente em ambientes tropicais e subtropicais onde a disponibilidade de P
no solo é geralmente muito baixa.
Outra característica a ser levada em consideração é o maior desenvolvimento do
sistema radicular em detrimento da formação de parte aérea, ou seja, relação raiz x parte
aérea. A análise de variância para essa característica evidenciou significância apenas
para o efeito da dose de P, sendo que, a maior aplicação do nutriente aumentou também
a relação raiz x parte aérea de 0,60 para 0,66. Apesar de não ter sido possível verificar o
aumento médio dessa relação com a diminuição da dose do nutriente, pôde-se verificar
que os genótipos Diamante Negro, IAC Formoso, BAT 477, Carioca Comum e Jalo
Precoce apresentaram maior relação raiz parte aérea respondendo ao tratamento com a
dose restritiva de P (Tabela 8). Segundo RAGHOTHAMA (1999) o aumento da relação
raiz x parte aérea sob déficit de P é uma característica da resposta da planta à deficiência
de Pi, aumentando a área de superfície total disponível para a exploração do solo e
aquisição de nutrientes.
Em ambos os tratamentos aplicados não foi possível verificar uma correlação
significativa entre a produção de massa seca de raiz com a produtividade de grãos,
sendo observado baixos coeficiente de regressão, tanto para as parcelas com restrição de
P como para as parcelas controle. No entanto, é interessante ressaltar que os genótipos

84
IAC Formoso e BAT 477 apresentaram os melhores desempenhos produtivos médios e
os melhores desempenhos para a produção de massa seca de raiz na condição de
restrição do elemento. Nas parcelas com a dose controle, o genótipo Pérola foi o único
que apresentou elevada produtividade associada ao maior acúmulo de massa seca de
raiz (Figura 1).

Déficit Controle

7
4
19
5.0

2 13
Y= 0.793 - 0.016x R²=1.66%
10
4.5

Y= 0.657 - 0.026x R²=3.42% 5


7

6
5
4.0

20
14 19 14 1
9

5
3.5

12 11
PG

PG
6
10 17 4
18 17 2
3.0

1 13 20
3 4 8
11
6 12 18
2.5

8 7
3
16
2.0

15
9
15 16

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

MSR MSR

Figura 1. Análise de regressão linear simples entre os caracteres Massa seca de raiz e
Produtividade de grãos de 20 genótipos de feijoeiro cultivados em Latossolo Vermelho
Eutrófico, submetidos às doses 45 e 90 kg há-¹ de P2O5 nas parcelas com dose restritiva
e controle.

A análise de variância dos componentes de produção apresentou efeitos


significativos para a maioria dos caracteres avaliados para doses de P e para genótipos,
indicando a eficácia dos tratamentos e também a variabilidade existente entre os
genótipos, além de boa precisão experimental pelos coeficientes de variação
experimental apresentados que variaram de 15,6 a 22,21%. Como não houve efeito
significativo para a interação P x G, verifica-se um comportamento mais estável para os
genótipos em ambos os tratamentos (Tabela 9).

85
Tabela 9. Resumo da análise de variância quanto aos componentes de produção de 20
genótipos de feijoeiro cultivados em Latossolo Vermelho Eutrófico e submetidos às
doses 45 e 90 kg há-¹ de P2O5 nas parcelas com dose restritiva e controle.

Quadrado Médio

GL NVn NSn NSV MCS PGn


Doses P 1 1,2052** 9,008** 1,8915 114,10* 1,0923**
Genótipos 19 0,2154* 1,485* 1,8379* 106,91** 0,2394
PxG 19 0,1093 0,338 0,7621 19,44 0,1085
Erro 80 0,1216 0,745 0,8658 17,24 0,1488
CV % 16.36 21,94 22,21 15,6 17,63
n
Dados normalizados (√x+1), *, **significativo a 5 e 1% de probabilidade.

Houve com a aplicação da dose restritiva de P uma redução de 19,59 % no


número total de vagens por planta, sendo que, as parcelas com restrição do nutriente e
as com aplicação da dose controle, apresentaram valores médios de 3,28 e 4,08 vagens
por planta, respectivamente. Os genótipos que apresentaram maior número de vagens
foram o IAC Carioca Tybatã, IAPAR 81, G 4000, enquanto que, os genótipos Jalo
Precoce, SEA 5 e Diamante Negro apresentaram os menores valores. As parcelas que
receberam a dose restritiva apresentaram uma amplitude de 6,00 a 1,66 vagens por
planta, com as maiores médias obtidas pelos genótipos: IAC Carioca Tybatã, IAPAR
81, G 4000. Nas parcelas com a dose controle, a amplitude observada foi de 5,66 a 2,66
vagens por planta e, os melhores genótipos com maior número de vagens por planta
foram o Pérola e o BRS Pontal (Tabela 10).
Para o número de sementes por planta apresentou diferenças significativas tanto
para dose de P como para genótipos. A amplitude média observada foi de 20,33 a 7,16
sementes por planta, sendo que, os genótipos que apresentaram maior número de
semente para ambas as doses de P aplicadas foram BRS Esplendor, IAC Carioca Tybatã
e G 4000. Houve uma redução de 22,45% no número total de sementes por planta com a
aplicação da dose restritiva. Nas parcelas com aplicação da dose restritiva os genótipos
que mais se destacaram foram IAC Carioca Tybatã, BRS Esplendor e IAPAR 81, com
médias superiores a 20 sementes por planta. Na condição controle os genótipos com
maiores médias foram G 4000, BRS Esplendor e BRS Pontal (Tabela10).

86
Tabela 10. Desempenho médio de 20 genótipos de feijão comum quanto aos Componentes de Produtividade Número de vagem (NV), Número
de sementes (NS), Número de sementes por vagem (NSV), Massa de cem sementes (MCS) e Produtividade de grãos (PG), submetidos à
aplicação de duas doses de P, sendo aplicados 45 e 90 kg de P2O5, respectivamente, nas parcelas P A (dose restritiva) e PB (dose controle).
NV NS NS V MCS PG
Genótipo Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB Conjunta PA PB
1- IAC Alvorada 3,83 a 2,67 a 5,00 a 12,83 b 9,00 a 16,67 a 3,29 b 3,25 a 3,33 a 33,49 a 35,07 a 31,91 a 4,2 a 3,19 a 5,22 a
2- IAC Carioca Tybatã 5,33 a 6,00 a 4,67 a 21,16 a 21,67 a 20,67 a 3,98 b 3,50 a 4,47 a 22,31 d 22,83 b 21,80 b 4,76 a 4,97 a 4,55 a
3- IAC Diplomata 3,33 a 2,67 a 4,00 b 14,16 b 11,67 a 16,67 a 4,52 a 4,93 a 4,12 a 23,12 c 25,43 b 20,82 b 3,11 a 2,91 a 3,31 a
4- IAC Formoso 4,33 a 4,33 a 4,33 a 18,83 a 18,00 a 19,67 a 4,51 a 4,08 a 4,95 a 27,47 b 30,77 a 24,18 b 4,92 a 5,17 a 4,68 a
5- IAC Imperador 4,00 a 3,00 a 5,00 a 16,83 a 14,33 a 19,33 a 4,46 a 5,07 a 3,87 a 29,73 b 28,01 a 31,47 a 5,06 a 4,03 a 6,10 a
6- IPR Uirapuru 3,16 a 3,00 a 3,33 b 13,33 b 11,33 a 15,33 a 3,99 b 3,78 a 4,22 a 27,6 b 30,14 a 25,07 b 3,59 a 3,42 a 3,76 a
7- BAT 477 3,16 a 3,33 a 3,00 b 15,5 a 16,00 a 15,00 a 4,73 a 4,42 a 5,06 a 26,06 c 27,91 a 24,21 b 4 a 4,39 a 3,62 a
8- SEA 5 2,50 a 2,00 a 3,00 b 10,33 b 8,33 a 12,33 a 3,9 b 3,50 a 4,31 a 28,29 b 25,28 b 31,31 a 3,07 a 2,31 a 3,84 a
9- Carioca Comum 3,00 a 3,33 a 2,67 b 12,33 b 13,67 a 11,00 a 4,37 a 4,41 a 4,33 a 25,28 c 25,57 b 25,01 b 3,12 a 3,53 a 2,71 a
10- IAPAR 81 4,83 a 4,67 a 5,00 a 19 a 19,33 a 18,67 a 3,68 b 3,67 a 3,70 a 25,88 c 26,78 b 24,99 b 4,69 a 4,77 a 4,61 a
11- BRS Pontal 4,33 a 3,00 a 5,67 a 16,66 a 11,67 a 21,67 a 3,64 b 3,50 a 3,78 a 24,26 c 25,66 b 22,88 b 3,83 a 2,74 a 4,93 a
12- BRS Estilo 3,33 a 3,33 a 3,33 b 11,5 b 10,67 a 12,33 a 3,48 b 3,22 a 3,75 a 31,46 a 32,42 a 30,52 a 3,6 a 3,50 a 3,71 a
13- Pérola 4,16 a 2,67 a 5,67 a 15,33 a 10,67 a 20,00 a 3,83 b 4,17 a 3,50 a 33,13 a 30,25 a 36,02 a 5,06 a 3,14 a 6,99 a
14- IPR Tangará 3,66 a 3,00 a 4,33 a 15,66 a 12,67 a 18,67 a 4,28 a 4,03 a 4,53 a 29,15 b 29,95 a 28,37 a 4,52 a 3,77 a 5,29 a
15- Diamante Negro 2,66 a 2,00 a 3,33 b 11,41 b 7,50 a 15,33 a 4,25 a 3,83 a 4,67 a 20,4 d 22,01 b 18,81 b 2,29 a 1,68 a 2,91 a
16- Jalo Precoce 2,16 a 1,67 a 2,67 b 7,16 b 6,00 a 8,33 a 3,52 b 3,78 a 3,27 a 32,8 a 36,51 a 29,09 a 2,32 a 2,07 a 2,59 a
17- G 4000 4,66 a 4,33 a 5,00 a 20,33 a 17,00 a 23,67 a 4,36 a 3,85 a 4,87 a 19,94 d 20,31 b 19,58 b 4,01 a 3,38 a 4,66 a
18- DOR 364 3,33 a 3,00 a 3,67 b 13,83 b 11,67 a 16,00 a 4,31 a 4,33 a 4,31 a 24,84 c 26,27 b 23,43 b 3,47 a 3,19 a 3,75 a
19- G 2333 3,66 a 4,00 a 3,33 b 19,33 a 17,67 a 21,00 a 5,48 a 4,67 a 6,31 a 26,8 b 29,61 a 24,00 b 5,05 a 5,09 a 5,02 a
20- BRS Esplendor 4,16 a 3,67 a 4,67 a 21,33 a 19,33 a 23,33 a 5,11 a 5,28 a 4,95 a 20,19 d 21,05 b 19,34 b 4,19 a 3,93 a 4,47 a
M édia das Parcelas 3,68 3,28 B 4,08 A 15,34 13,41 B 17,28 A 4,18 4,06 A 4,31 A 26,61 27,59 A 25,63 B 3,943 3,56 B 4,33 A

Valores médios seguidos por letras minúsculas diferentes na coluna diferem entre si para genótipos e valores médios com diferentes letras
maiúsculas na linha diferem entre si para as doses de P pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

87
A característica número de semente por vagem não teve efeito de dose de P e, as
parcelas com aplicação das doses controle e restritiva apresentaram valores
aproximados, respectivamente, de 4,31 e 4,06 sementes por vagem, apresentando uma
redução de 5,8%. Foi observado efeito do genótipo influenciando a característica, sendo
que, os genótipos com melhor e pior desempenho médio foram o G 2333 e IAC
Alvorada, apresentando, respectivamente, 5,48 e 3,29 sementes por vagem. Os melhores
genótipos nas parcelas com a dose restritiva foram BRS Esplendor, IAC Imperador e
IAC Diplomata, nas parcelas com aplicação da dose controle os melhores desempenhos
foram dos genótipos G 2333 e BAT 477 (Tabela 10).
A característica massa de cem sementes sofreu influência tanto das doses de P
como do genótipo, no entanto, foi observado 7,10% a mais de massa de sementes na
parcela que recebeu a menor dose de P, sendo os valores médios das parcelas com dose
restritiva e controle, respectivamente, de 27,59 e 25,64 g. Avaliando a produtividade e a
qualidade de semente do cultivar Carioca Precoce submetidos a 6 níveis de adubação de
P o estudo de ZUCARELI et al., (2011) mostrou que as doses de P aplicadas não
influenciaram na massa de cem sementes e tão pouco na qualidade fisiológica, no
entanto, houve um aumento linear da produtividade em função da dose de P aplicada .
Os autores enfatizam que em situação de deficiência nutricional as plantas tendem a
ajustar a produção de sementes aos recursos disponíveis, sem prejudicar o vigor das
mesmas. Para essa característica os genótipos que apresentaram maior desempenho
médio, em ambas as condições de adubação com P, com valores superiores a 32g,
foram: IAC Alvorada, Pérola e Jalo Precoce e, os genótipos com menor massa de cem
sementes foram Diamante Negro, IAC Carioca Tybatã e IAC Diplomata (Tabela 10).
Na condição de aplicação da dose restritiva de P, os genótipos Jalo Precoce, IAC
Alvorada e BRS Estilo apresentaram os maiores valores, respectivamente, 36,51; 35,07
e 32,41 g. Na parcelas com a dose controle os genótipos que apresentaram os maiores
valores foram os cultivares comerciais de tegumento carioca Pérola, IAC Alvorada e
IAC Imperador, com valores médios de 36,01; 31,91 e 31,47 g (Tabela 10).
Em relação à produtividade de grãos foram observadas diferenças estatísticas
apenas para o fator dose de P. A produtividade média das parcelas que recebeu a dose
restritiva e controle foi respectivamente de 3,56 e 4,33 g por planta, ou seja, a dose
restritiva de P reduziu a produtividade em 17,78%. A produtividade de grãos apresentou
uma variação média de 5,06 a 2,29 g.planta -1, sendo que, os genótipos com os melhores
desempenhos em ambas as condições da aplicação de doses de P, foram IAC Imperador,

88
Pérola e G 23333 e, os genótipos que apresentaram os piores desempenhos foram
Diamante Negro, Jalo Precoce e SEA 5. Na condição de restrição do P a produtividade
variou de 5,17 a 1,68 g, sendo os melhores resultados alcançados pelos genótipos IAC
Formosos, G 23333, IAC Carioca Tibatã e IAPAR 81. Na dose controle, a
produtividade variou de 6,98 a 2,58 g e os genótipos com os melhores desempenhos
foram Pérola, IAC Imperador, IPR Tangará (Tabela 10).
Pela tabela de análise de Regressão linear simples entre as características
conteúdo de P nas folhas e produtividade de grãos nas parcelas com restrição de P, não
foi possível verificar correlação significativa entre os caracteres, no entanto, foi possível
constatar que o genótipo BAT 477 além de apresentar o maior conteúdo de P nas folhas
apresentou também alta produtividade. Nas parcelas com a dose controle, verificou-se
correlação positiva, ou seja, uma tendência de maior produtividade de grãos
correlacionado ao maior conteúdo de P foliar, sendo os genótipos Pérola e G 2333 os
que apresentaram maiores valores para ambas as características (Figura 2).

Déficit Controle
7

4 13
19 Y = 2,163 + 0,635 x R²= 28,29
5.0

10 2 Y = 3.827 + 0,096 x R²= 0.63


4.5

5
6

20
4.0

1
Produtividade
Produtividade

14 14
9 19
5

6 11
3.5

4 17
12 2
10
18 17 20
13
3.0

1
3 8
4

11
6
2.5

18 7
3 12
8
16
2.0

15
9
15 16

2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 2 3 4 5

Conteúdo de P Conteúdo de P

Figura 2. Análise de Regressão linear simples entre os caracteres Conteúdo de P foliar


e Produtividade de grãos de 20 genótipos de feijoeiro cultivados em Latossolo
Vermelho Eutrófico, submetidos a duas doses de P.

Os genótipos foram representados graficamente quanto à classificação relativa


de acordo com seus desempenhos produtivos médios nas classes: Eficientes e
Responsivos, Eficientes e Não Responsivos, Ineficientes e Responsivos e Ineficientes e
Não Responsivos (Figura 3). Assim foram classificados na categoria Eficientes e
Responsivos sete genótipos que apresentaram desempenhos superiores à média em

89
ambas as doses de P aplicadas, sendo eles: IAC Formoso, G 2333, IAC Carioca Tybatã,
IAPAR 81, IAC Imperador, Esplendor e IPR Tangará. SILVA et al., (2014) observaram
resultados similares classificando os mesmos genótipos de acordo com a eficiência ao
uso do P em solução nutritiva, foram classificados ainda cinco genótipos como
eficientes e responsivos: IAPAR 81, Carioca Comum, IAC Carioca Tybatã, IAC
Imperador e G 2333, ou seja, quatro destes apresentando resultados em comum. O
genótipo BAT 477, classificado como Eficiente e Não Responsivo, além de apresentar
um bom desempenho produtivo nas parcelas com a dose restritiva de P, apresentou
melhor desempenho quanto aos caracteres do sistema radicular.
OLIVEIRA et al., (2012) classificaram 19 genótipos de feijoeiro em Latossolo
Vermelho-Amarelo Distrófico com baixo nível de P, adubados com 20 e 120 kg de
P2O5, esses autores também verificaram variabilidade entre os genótipos e identificaram
cinco destes como eficientes e responsivos: IAC-Una, IPR-Saracura, IPR-Juriti, IAC-
Centauro e IPR-Corujinha.

Produtividade (g/planta)
7

13
IR ER

5
6

1 14
19
Alto P

11
17 10
20 4
2
4

8 18 6
7
12
3
3

15 INR ENR
9
16

2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0

Baixo P

Figura 3. Desempenho produtivo de 20 genótipos de feijoeiro quanto à eficiência no


uso do fósforo, classificados em quatro categorias: IR. Ineficientes e responsivos; INR.
Ineficientes e não responsivos; ER. Eficientes e responsivos; ENR. Eficientes e não
responsivos. O eixo das abscissas está representado pelos valores de produtividade de
grãos na dose restritiva de P e, o eixo das ordenadas, pelos valores de produtividade de
grãos na dose controle de P.

90
4. Conclusões

As doses de P utilizadas foram eficientes na discriminação dos cultivares,


resultando em diferenças significativas no desenvolvimento das plantas entre os
caracteres agronômicos avaliados;
Foi possível classificar os genótipos quanto a eficiência de uso do P em
Latossolo Vermelho Eutrófico;
Os genótipos IAC Formoso, G 2333, IAC Carioca Tybatã, IAPAR 81, IAC
Imperador, Esplendor e IPR Tangará apresentaram os melhores desempenhos
produtivos em ambas as condições sendo classificados como Eficientes e
responsivos.

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93
Capítulo 4
Análise do Transcriptoma de Plantas de Feijoeiro Comum (Phaseolus
vulgaris L) Quanto a Eficiência do Uso do Fósforo.

RESUMO
O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é um alimento de grande importância nas
regiões tropicais, onde a maioria da produção ocorre em pequenas propriedades com
baixo emprego tecnológico e, consequentemente maior vulnerabilidade aos estresses
abióticos como os estresses nutricionais, sendo o fósforo o nutriente mais limitante para
o crescimento da cultura nessas regiões. Assim, esse estudo teve como objetivo
caracterizar os perfis de expressão gênica dos genótipos de feijoeiro comum IAC
Imperador e DOR 364, previamente classificados como Eficiente e Ineficiente quanto
ao uso do P, utilizando a tecnologia de sequenciamento de transcritos RNAseq. As
plantas foram cultivadas em hidroponia, com aplicação de duas concentrações de P,
dose restritiva e dose controle (4,00; 8,00 mg L-1). O delineamento experimental foi um
fatorial 2X2, sendo o primeiro fator constituído pelo tratamento dose de fósforo e o
segundo fator pelos dois genótipos, com nove repetições. Seis repetições foram
coletadas no estádio de florescimento (R6) para a realização das análises dos caracteres
agronômicos e para a extração do RNA do sistema radicular, as outras três replicatas
foram conduzidas até a produção de grãos. Os perfis de expressão gênica foram obtidos
a partir de 12 amostras únicas e as análises de mapeamento genômico realizadas contra
o genoma do feijoeiro disponível base de dados Phytozome v.9.1. A análise de
expressão diferencial foi realizada primeiramente com a contagem bruta dos reads,
seguido da normalização dos dados e correção FDR utilizando o pacote
R/Bioconductor. Os contigs diferencialmente expressos foram anotados tendo como
referência a base de dados NCBI utilizando a ferramenta blastx, a classificação
funcional foi realizada utilizando o programa Blast2GO, além da Análise de
Enriquecimento (por teste de Fisher – Fisher 2-Tailed) para vias metabólicas
enriquecidas. As análises dos caracteres agronômicos evidenciaram a superioridade do
genótipo IAC Imperador. Foram mapeados 99,2% dos reads no genoma de referência, e
do total aproximado de reads únicos, 193 milhões foram observados no tratamento com
restrição do P e 180 milhões na condição controle. Em relação ao tratamento com
restrição do P foram associados 21725 termos GO, sendo distribuídos num percentual
de 0,04; 59,97 e 39,98% nas categorias funcionais componentes celulares, função
94
molecular e processos biológicos. No tratamento controle foram associados 7876 termos
GO, distribuídos num percentual de 89,02%, 10,74% e 0,22% para respectivamente
processos biológicos, função molecular e componente celular. Foi possível verificar
diferença no perfil de expressão gênica entre os genótipos em ambos os tratamentos,
sendo possível identificar 3217 genes diferencialmente expressos no genótipo IAC
Imperador e 15 genes diferencialmente expressos no genótipo DOR 364, considerando
as condições controle e de restrição do P.

Palavras-chave: RNAseq, restrição de P, hidroponia, sistema radicular.

95
ABSTRACT

The common bean (Phaseolus vulgaris L.) is a food of great importance in the tropics,
where most of the production takes place on small farms with low technologic and
therefore more vulnerability to abiotic stresses such as nutritional stress, being the
phosphorus the most limiting nutrient to the growth of crops in those regions. Thus, this
study aimed to characterize the profiles of gene expression of common bean genotypes
IAC Imperador and DOR 364, previously classified as Efficient and Inefficient in
regarding of P use efficiency, using RNAseq transcripts sequencing technology. The
plants were grown in hydroponics, applying two concentrations of P, dose control and
restrictive dose (8.00; 4,00mg L-1). The experimental design was an 2x2 factorial, with
P dose treatment as the first factor and the two genotypes as the second factor, with nine
replications. Six replicates were collected at the flowering stage (R6) to carry out the
agronomic traits analysis and to for RNA extraction from the root system, the other
three replicates were conducted until grain production. Gene expression profiles were
obtained from 12 single samples and the genomic mapping analyzes were realized
against the common bean genome available on the Phytozome V.9.1 database. The
differential expression analysis was performed first with the gross count of reads,
followed by normalization of the data and FDR correction using the R / Bioconductor
package. The differentially expressed contigs were annotated having as reference the
NCBI database, using the blastx tool and the functional classification was performed
using the program Blast2GO, beyond Enrichment Analysis (by Fisher test - Fisher's 2-
Tailed) for enriched metabolic pathways. The analysis of agronomic traits showed the
superiority of the genotype IAC Imperador. It was verified that 99.2% of reads were
mapped on the reference genome, and approximately 193 million unique reads were
observed in the treatment with P restriction and 180 million in the control condition.
Regarding the treatment with P restriction were associated 21725 GO terms, being
distributed in a percentage of 0.04; 59.97 and 39.98% in the functional categories
cellular components, molecular function and biological processes. In the control
treatment were associated 7876 GO terms, distributed a percentage of 89.02%, 10.74%
and 0.22% respectively for biological processes, molecular function and cellular
component. It was possible to verify differences in gene expression profile between
genotypes in both treatments, identifying 3217 genes differentially expressed in the

96
genotype IAC Imperador and 15 differentially expressed genes in the genotypes DOR
364, considering the treatments control and P restriction.

Keywords: RNAseq, P restriction, hydroponics, the root system.

97
1. Introdução

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é considerado um alimento central da


dieta diária de mais de 400 milhões de pessoas nos trópicos, sendo um alimento
altamente nutritivo, é fonte de proteínas, fibras, carboidratos complexos, vitaminas e
micronutrientes. Assim sendo, o consumo do feijão reforça fortemente a segurança
alimentar e nutricional entre os consumidores de baixa renda, além de reduzir o risco da
incidência de doenças cardiovasculares e diabetes (CIAT, 2015).
Segundo MIKLAS et al (2006) a maioria da produção do feijão nos países em
desenvolvimento ocorre em pequenas propriedades com baixo emprego tecnológico,
onde ocorre uma maior vulnerabilidade ao ataque de pragas e aos estresses abióticos,
incluindo o déficit hídrico e a baixa fertilidade dos solos. Assim, o desenvolvimento de
novos cultivares mais produtivos, com melhoramento para a resistência aos estresses
bióticos e abióticos é o principal objetivo dos programas de melhoramento genético ao
redor do mundo.
A produtividade das culturas, entre outras coisas, depende de nutrientes
disponíveis na solução do solo, assim como da captação de nutrientes pela planta.
Diferentes nutrientes estão envolvidos estrutural ou funcionalmente no ciclo de vida das
plantas e são essenciais para o seu crescimento e reprodução (WESTERMANN et al.,
2011). O fósforo, segundo RAGHOTHAMA (1999), é considerado o nutriente mais
limitante para o crescimento das culturas leguminosas em regiões tropicais e
subtropicais e por ser um recurso não renovável, os sucessivos cultivos resultam na
degradação contínua do P do solo na ausência de fertilização adicional. Devido à
interação do Pi com outros elementos, até 80% de Pi aplicada pode ser fixado no solo,
forçando os agricultores a utilizar até quatro vezes a mais que o necessário para a
produção.
Nesse contexto, é de etrema importância o estudo das relações gênicas que
determinam a maior eficiência de determinados genótipos à aquisição e uso do
nutriente. Segundo GEORGE & RICHARDSON (2008) as plantas possuem uma ampla
gama de mecanismos fisiológicos e características que facilitam o aumento da
disponibilidade e aquisição de P do solo. No entanto, aumentar a eficiência de utilização
de P pelas plantas cultivadas têm sido um desafio, em grande parte devido às interações
complexas entre o leque de mecanismos de aquisição e sua eficácia em diferentes
ambientes. MOURICE & TRYPHONE (2012) também reforçam a importância do uso

98
de variedades de feijão capazes de adquirir fósforo de ambientes com solos limitantes,
sendo essa capacidade atribuída á variabilidade genética.
É sabido que a restrição do P reduz rapidamente as taxas de crescimento da
planta. No entanto, a demanda de P nos tecidos e as respostas quanto à disponibilidade
do elemento variam muito entre genótipos. A deficiência do P altera a bioquímica
celular, a alocação de biomassa e a morfologia radicular para atender as exigências de P
da planta. As respostas típicas das plantas à restrição do nutriente incluem a
remobilização, a redução ou a substituição do P em compostos celulares não essenciais,
a exsudação de metabolitos e enzimas para a rizosfera, e alterações na morfologia da
raiz, podendo ocorrer associações com microrganismos para aumentar a eficiência de
aquisição do P a partir do solo (WHITE & HAMMOND, 2008).
Para compreender a relação entre o genoma e do funcionamento das células, têm
se procurado estudar os produtos do genoma, as proteínas e RNAs expressos, com o
intúito de preencher a lacuna do entendimento do código genético, das moléculas
funcionais presentes nas células e os diferentes perfis de expressão gênica. Assim, a
comparação de transcriptomas de diferentes tipos de células, tecidos e condições
fornece uma compreensão mais profunda do que constitui um tipo específico de célula e
como as mudanças na atividade transcricional pode refletir ou contribuir para a ativação
ou repressão de genes em vários tipos de células e tecidos (ADAMS, 2008).
HERNÁNDEZ et al., (2007), estudando a genômica funcional de plantas de
feijoeiro submetidas a uma redução no suplemento de P de 1 mM to 5 mM P e coletadas
3 semanas após a indução do estresse, obtiveram um perfil de transcrição do sistema
radicular do genótipo Negro Jampa 81 através de análises de macroarranjos. Do total de
2212 unigenes das bibliotecas de cDNA de raiz sob deficiência, 126 sequências
apresentaram expressão diferencial em resposta ao P. Assim, os autores identificaram
uma série de genes candidatos, com funções diversas na adaptação das plantas de feijão
à deficiência de P, contribuindo para aumentar o rol de informações sobre a regulação e
sobre as vias de sinalização durante a deficiência do nutriente.
Em 2014 SCHMUTZ et al. disponibilizaram a primeira versão V1.0 da escala
cromossômica de feijoeiro comum na plataforma de dados genômicos de plantas
“Phytozome”, resultado do projeto de cooperação USDA-NIFA "Um mapa seqüência
do genoma para melhoramento do feijão" a fim de facilitar os estudos de genômica
comparativa. Esta versão inclui bibliotecas de cromossomos artificiais bacterianos
(BAC), sequências finais fosmidios e um mapa denso, saturado com 7.015 marcadores.

99
Foram montados 473 Mb do genoma de 587 Mb e 98% dessas sequências foram
ancoradas aos 11 cromossomos da escala, para tal foram utilizados o sequenciamento
de 60 indivíduos selvagens e 100 variedades crioulas dos conjuntos gênicos
mesoamericano e andino. Além disso, o banco de dados fornece livre acesso ao genoma
sequenciado e anotado, facilitando os estudos de mapeamento da espécie e de anotação
funcional.
Segundo HIZ et al., (2014) recentes abordagens em relação ao estudo do perfil
de expressão gênica em larga escala têm se mostrado como uma importante ferramenta
para entender como as plantas respondem à estresses bióticos e abióticos. Os autores
relatam que, apesar do acúmulo de informações de dados de sequenciamento de
transcritos de plantas modelos e de culturas agronomicamente importantes, ainda há
poucos estudos sobre a análise de transcriptoma sob condições de estresse abióticos
nestas espécies, sendo os estudos mais abordados os de efeitos da seca e estresse salino
em perfil de expressão gênica. Os autores ainda mencionam que apresar de ainda não
haver disponível análise do transcriptoma do feijoeiro sob estresse abiótico, as análises
de sequências de RNA de nova geração irão fornecer informações valiosas tanto para a
identificação e clonagem de genes de tolerância ao estresse a fim de serem utilizadas
como ferramenta ao melhoramento de variedades com aprimorados mecanismos de
tolerância.
Assim, esse trabalho teve como objetivo avaliar os genótipos de feijoeiro comum
previamente classificados como eficiente e ineficiente ao uso do P, IAC Imperador e
DOR 364 tanto para os cracteres agronômicos das plantas cultivadas em hidroponia com
e sem restrição do P, quanto para os perfis de expressão gênica do sistema radicular pela
tecnologia de sequenciamento de transcritos RNAseq.

2. Material e Métodos

Material vegetal e Indução ao estresse

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Instituto Agronômico


(Fazenda Santa Elisa, Campinas SP). Foram avaliados os genótipos de feijoeiro
contrastantes quanto à eficiência ao uso do P, IAC Imperador e DOR 364, previamente
classificados por SILVA et al. (2014) como Eficiente e Responsivo e Ineficiente e não
Responsivo quanto ao uso do P.

100
O delineamento experimental utilizado foi um fatorial 2 x 2, sendo o primeiro
fator constituído pelas duas doses de fósforo e, o segundo fator, constituído pelos dois
genótipos, com nove repetições. No estádio de florescimento pleno (R6) foram
coletadas três plantas para a obtenção dos perfis de expressão gênica e três plantas para
as análises dos caracteres de parte aérea e do sistema radicular, as outras três repetições,
foram conduzidas até a produção de grãos.
As plantas foram conduzidas em vasos de 3,5 L preenchidos com areia de filtro,
sendo cultivadas em sistema hidropônico. A solução nutritiva utilizada nos dois
tratamentos foram preparadas com água deionizada, sendo composta de 143,0 mg L-1 de
N; 132,5 mg L-1 de K; 121,0 mg L-1 de Ca; 25,5 mg L-1 de Mg; 33,0 mg L-1 de S; 1,81
mg L-1 de Fe; 0,45 mg L-1 de Cu; 0,18 mg L-1 de Zn; 0,45 mg L-1 de Mn; 0.45 mg L-1 de
B; 0,09 mg L-1 de Mo e 0,09 mg L-1 de Ni. Os tratamentos com P constaram de 4,00 e
8,00 mg L-1 de P. As plantas foram irrigadas com solução “meia força”, ou seja, com a
metade da concentração total na primeira quinzena após instalação do experimento.
Foram aferidos diariamente a condutividade elétrica, mantida entre 1,8 a 2,0 mS cm-1 e
o pH da solução nutritiva mantido próximo a 5,8.
Aos 41 DAT, quando foi atingido o estádio de florescimento (R6) foram
realizadas as coletas de três repetições para a avaliação dos seguintes caracteres
agronômicos: altura de planta; número de nós por planta; área foliar; massa fresca e seca
de folhas, caule e raízes; área superficial, comprimento, volume total e diâmetro de raiz
e análise química foliar. Outras três repetições foram coletadas para a obtenção do perfil
de expressão gênica do sistema radicular, por meio de lavagem do substrato
delicadamente com água corrente, sendo a raiz imediatamente congelada em nitrogênio
líquido e armazenada em ultra freezer (-80 °C).
Para a avaliação dos caracteres agronômicos, as três repetições foram separadas
entre parte aérea e raiz. A da área foliar total (cm2) foi determinada utilizando-se um
integrador de área - Modelo LI-3100C – LI-COR. Essas mesmas plantas foram
utilizadas para avaliação da massa seca de parte aérea, sendo fracionadas em folha e
caule e pesadas em balança de precisão. Para obtenção da massa seca, as amostras
foram secas em estufa de circulação forçada de ar com temperatura de 60 °C, até atingir
peso constante.
O sistema radicular, depois da lavagem e retirada do substrato, foi avaliado
quanto ao comprimento total (cm), a área superficial (cm2), o volume (cm3), diâmetro
(mm) e massa seca (g). As imagens das raízes de cada planta foram obtidas em scanner

101
LA2400 (EPSON) e as características de raiz foram calculadas por meio da utilização
do software WinRHIZO® (Regent Instruments Inc., Quebec, Canada).
Para determinar os teores de nutrientes da parte aérea, raiz e dos grãos, amostras
de 1,0 g de tecido seco e moído, foram submetidas à digestão nítricoperclórica para
extração de K, Ca e Mg. Nos extratos, os teores desses nutrientes foram determinados
por espectrofotometria de absorção atômica. Para determinação do N total e P, amostras
de 0,2 g do tecido foliar foram submetidas à digestão sulfúrica. O N total foi
determinado por destilação e o P por espectrofotometria UV-VIS (MALAVOLTA et
al., 1989).
Os componentes de produção avaliados foram: número de vagens por planta
(NVP); número de sementes por vagem (NSV); massa de cem sementes em gramas
(MCS) e produtividade de grãos em g planta-1 (PG).

Análises dos caracteres agronômicos

Os resultados foram submetidos à análise de variância ANOVA e teste F em


delineamento fatorial 2x2 e para quantificação dos efeitos dos tratamentos compararam-
se as médias pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Os índices de eficiência foram estimados segundo metodologia proposta por
SIDDIQI & GLASS (1981) e modificados por MOURA et al.(1999) de acordo com as
seguintes equações:

 Eficiência de absorção de P (EAP): CONTPT (mg) /MSR (mg);


 Eficiência de translocação de P (ETP): CONTPPA (mg) /CONTPT (g) x 100;
 Eficiência de utilização do P na parte aérea (EUPPA): MSPA (g) /CONTPPA
(mg);
 Eficiência de utilização do P total (EUPT): MST (g) /CONTPT (mg);
 Eficiência de utilização do P da parte aérea para produção de matéria seca do
grão (EUPGA): MSG (g) /CONTPPA (mg);
 Índice de colheita de P ICP: CONTPG (mg) /CONTPPA (mg) x 100.

Em que,
 CONTPT: Conteúdo de fósforo total;
 CONTPPA: Conteúdo de fósforo de parte aérea;

102
 CONTPG: Conteúdo de fósforo no grão;
 MSR: Massa seca de raiz;
 MSPA: Massa seca de parte aérea;
 MST: Massa seca total;
 MSG: Massa seca de grãos

Extração dos RNAs totais do sistema radicular e preparo das bibliotecas

Cada amostra foi macerada e cerca de 100 mg foram utilizadas para extração dos
RNAs totais pelo método de extração TRIzol® Reagent (CHOMCZYNSKI & SACCHI,
1987). Para determinar a concentração dos RNAs, as amostras foram quantificadas em
Nanodrop 2000 a uma densidade óptica de 280nm e avaliadas quanto à pureza através
da verificação da relação 260/280 com valores entre 1,8 e 2. A integridade das amostras
foi verificada por meio de eletroforese em gel de agarose 1% a 70 v por 50 min e os
produtos visualizados através de coloração das bandas de RNA com SYBR® Safe (1x)
e obtenção de imagem em transiluminador U.V. a 280 nm.
As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Biotecnologia Animal da
ESALQ/USP, onde foram novamente quantificadas no equipamento Bioanalyser
(Agilent) e ajustadas a uma concentração de 500 ng/μL. As bibliotecas foram
preparadas com a utilização do kit TruSeq RNA Sample Prepv2 Low Throughput (LT)
da Illumina® de acordo com o fabricante. O método consiste no preparo das
bibliotecas “paired-end” do DNA genômico (gDNA) para a subsequente geração dos
“clusters” e o sequenciamento do DNA com a adição de adaptadores nas extremidades
dos fragmentos de DNA para gerar sequências únicas de leitura ‘indexed single read”
ou bibliotecas de sequenciamento paired-end “paired- end sequencing libraries”.
Assim, após o ajuste da concentração, as amostras de RNA total foram
purificadas e o RNA mensageiro foi isolado através da ligação entre a extremidade poli-
A do mRNA às moléculas poli-T ligadas a beads magnéticas, sendo posteriormente
eluídas e fragmentadas. Os cDNAs foram sintetizados por reação de trascriptase reversa
e, as extremidades da dupla fita do cDNA foram adeniladas, ou seja, foram adicionadas
uma adenina às extremidades 3’ da molécula, que além de evitar a formação de dímeros,
é complementar á timina da extremidade 3’ dos adaptadores, que foram então

103
adicionados. Após preparo das amostras, procedeu-se o sequenciamento no
equipamento Hiseq 2500 da Illumina®.

Análise de dados
Pré-processamento e montagem
A etapa de obtenção dos dados brutos foi realizada utilizando o software CASAVA
1.8.2 fornecido pela Illumina, que faz o base call dos dados brutos e os transforma em
reads no formato fastq acompanhados dos scores de qualidade phred. Os reads foram
visualizados utilizando o programa FastQC (www.bioinformatics.bbsrc.ac.uk/projects/).
A filtragem dos reads de baixa qualidade, sequências de adaptadores e vetores foi
realizada pelo programa Seqyclean (https://bitbucket.org/izhbannikov/seqyclean),
utilizando como cutoff bases com qualidade inferior a 24 QScore. A bases de dados de
contaminantes usada foi a Univec (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/VecScreen/UniVec.html).
Após filtragem, reads com comprimento inferior a 65pb foram removidos.
Mapeamento
O mapeamento das amostras foi feito contra o genoma de Phaseolus vulgares
(Pvulgaris 218 v1.0) da base de dados Phytozome v.9.1. Para o mapeamento foi utilizado o
programa Bowtie2 v2.1.0 (LANGMEAD & SALZBERG, 2012), com a seguinte linha de
comando:
 bowtie2 --very-sensitive-local -x Phaseolus_index -1 seqyclean_PE1.fastq -2
seqyclean_PE2.fastq -S mapping.sam

Em seguida a qualidade do mapeamento foi checada para cada amostra utilizando o


pacote Samtools v.0.1.18 (ferramenta flagstat, Li et al 2009). Utilizando o mesmo
programa, o mapeamento foi organizado (ferrament sort) e o arquivo foi usado para a etapa
de obtenção de isoformas utilizando o pacote Cufflinks 2.2.1 (TRAPNELL et al, 2010).
Nessa etapa foi usado o arquivo de anotação gtf disponível para P. vulgaris no Phytozome
e usou-se a opção RABT associada ao oferecimento do genoma de referência usado no
mapeamento.
Análise de expressão diferencial
Os arquivos dos transcritos obtidos para cada amostra foram então comparados
utilizando-se a ferramenta Cuffmerge do pacote Cufflinks, onde os transcritos e isoformas
compartilhados ou não são agrupados em apenas um arquivo .gtf. Esse arquivo foi usado
como a anotação oferecido ao script do HTSeq-count v.05.4.p2 (http://www-

104
huber.embl.de/users/anders/HTSeq/doc/index.html) para extração de contagens brutas dos
reads.
Após obtenção das contagens, os grupos foram analisados usando o script dentro do
programa DESeq2 (Love et al 2014), um pacote do R/Bioconductor (GENTLEMAN, et al
2004). Dentro do programa DESeq2 os dados foram normalizados pelo tamanho das
bibliotecas. Em seguida, as contagens normalizadas dos gens que passaram na filtragem
foram analisadas segundo um modelo linear generalizado (GLM) para obtenção do
log2foldchange. Sobre o teste foi aplicada a correção de FDR- Benjamini-Hochberg
(BENJAMINI & HOCHBERG, 1995) para múltiplos testes a fim de evitar os erros tipo I,
ou seja, os falso positivos.
Os contigs foram alinhados contra uma seleção da base de dados NCBI não-
redundante (nr, data: 12/11/2013) utilizando o subgrupo de proteínas da base de
greenplant (agosto/2014). Para isso foi utilizado o programa blastx com o cut-off de 1e-
10 (ALTSCHUL et al, 1990; CAMACHO et al., 2009). A anotação funcional dos
termos de ontologia gênica (GO) e seus derivados foi e realizada utilizando o programa
Blast2GO - b2g4pipe v2.5 (CONESA et al., 2005) a partir de 20 hits do Blast para cada
contig. O teste de enriquecimento foi feito pelo no próprio B2GO usando o teste exato
de Fisher e considerando apenas as categorias com FDR < 0.05. Foram utilizados como
background os genes que passaram pela filtragem do baseMean >5 de cada análise de
expressão diferencial.
3. Resultados e discussões

Análise dos caracteres agronômicos


Aos 41 dias após o transplantio foi atingido o estádio de florescimento (R6),
sendo coletadas as plantas de ambos os genótipos para a realização das análises
biométricas. Todas as características de parte aérea apresentaram diferenças estatísticas
altamente significativas (P>0,01) para o tratamento dose de fósforo e exceto para a
característica altura de planta. Assim, a maior disponibilidade do P dada pelo tratamento
controle, resultou no incremento da característica. Em relação aos genótipos, foi
possível verificar diferença estatística apenas para a característica massa seca de folhas,
sendo que o genótipo IAC Imperador apresentou 54,22% a mais de produção de massa
seca de folhas que o genótipo DOR 364 (Tabela 1).
Em relação aos caracteres do sistema radicular, não foi possível verificar
diferença estatística para o tratamento dose de P, no entanto foi possível verificar que o

105
tratamento que recebeu a dose restritiva, exceto para a característica diâmetro médio de
raiz, apresentou maior desenvolvimento que o tratamento controle. Em relação aos
genótipos, não foi possível verificar diferenças estatísticas para a característica diâmetro
médio de raiz (Tabela 1). Além disso, o genótipo IAC Imperador apresentou melhor
desempenho no desenvolvimento do sistema radicular que o genótipo DOR 364,
apresentando uma produção de 27,97; 27,55; 26,64 e 40,15% a mais nas características
comprimento de raiz, área superficial, volume radicular e massa seca de raiz.
É sabido que uma resposta comum das plantas em relação à deficiência de P é o
aumento do tamanho do sistema radicular em relação à parte aérea. Assim, a taxa de
formação da parte aérea normalmente diminui com o aumento do crescimento da raiz,
aumentando assim, a relação raiz/parte aérea. (LYNCH E BROWN, 2008). Nesse
experimento foi observado que, as plantas cultivadas em condição de restrição do
fósforo apresentaram uma relação raiz parte aérea maior que as plantas cultivadas na
condição controle, respectivamente de 0,186 e 0,094 e o genótipo eficiente IAC
Imperador apresentou uma relação de 0,160, superior que à apresentada pelo genótipo
DOR 364, de 0.121.
Em relação aos componentes de produção, as análises de variâncias mostraram
que só foi possível verificar diferença estatística para o fator dose de fósforo na
característica produtividade de grãos. No entanto, para o fator genótipos, foi possível
verificar diferenças altamente significativas (P>0,01) para todos os caracteres avaliados,
exceto para número de sementes por vagem. As análises também não identificaram
diferenças estatísticas para a interação dose de P x genótipos para os caracteres de
produção, o que nos remete à estabilidade dos genótipos aos tratamentos impostos
(Tabela 1).

106
Tabela 1. Resumo da análise de variância dos caracteres de parte aérea, do sistema
radicular e dos componentes de produção dos genótipos de feijoeiro IAC Imperador e
DOR 364, cultivados em hidroponia em condição de restrição do fósforo e em condição
controle.
Quadrado Médio - Parte aérea
FV. GL
AF MSF MSRAM ALT NÓS
Dose de P 1 56650111** 72.39** 114.56** 8164** 8.333**
Genótipos 1 2109247 84.85** 9.13 61 0.000
Dose de P x Genótipos 1 931304 15.52* 14.83 252 0.333
Resíduo 8 1861100 2.00 3.02 493 0.500
CV% 13.60 15.81 11.99 15.67 4.61
Quadrado Médio - Sistema Radicular
FV. GL
CR ASR VR DIAM MSR
Dose de P 1 65853831 279200 1.3 0.00121 1.26
Genótipos 1 389862011** 4831724** 370.1** 0.0000002 6.98**
Dose de P x Genótipos 1 27381 578 0.3 0.000046 0.17
Resíduo 8 15442839 261722 30.9 0.0003814 0.33
CV% 11.2 12.9 15.37 5.44 18.78

Quadrado Médio - Componentes de Produção


F.V. GL
NV NS NSV MCS PG
Doses de P 1 520 22360 0.6724 1.44 2408*
Genótipos 1 3710** 128961** 0.0559 39.5** 13967**
Doses x Genótipos 1 2 147 0.128 8.08* 227
Resíduo 8 130 4879 0.6057 1.14 387
CV% 29.71 30.23 13.18 3.69 28.67

Embora não tenham sido detectadas diferenças estatísticas para o fator dose de
P, todas as características dos componentes de produção apresentaram maior incremento
da característica com o incremento da dose fornecida. Também ficou evidente a
superioridade do genótipo IAC Imperador, pois apresentou desempenhos de 62,8;
61,97; 2,34; 11,84 e 66,19 % superiores que DOR 364, respectivamente para as
características número de vagens, número de sementes, número de sementes por vagem,
massa de cem sementes e produtividade de grãos.

Índices de Eficiência de Absorção, Translocação e Uso do P.

Os Índices de Eficiência de absorção e uso do P foram calculados e submetidos a


análises de variância, revelando efeitos significativos para todos os caracteres em
relação ao tratamento dose de P. Em relação ao fator genótipo, apenas o índice
Eficiência da translocação do P não apresentou diferença significativa. Os coeficientes
de variação experimental apresentaram valores satisfatórios, variando de 26,52% para a
107
característica Eficiência de absorção a 0,66% para a característica Eficiência da
translocação do P, que apresentou melhor eficácia experimental (Tabela 2).

Tabela 2. Resumo da análise de variância quanto aos Índices de Eficiência de absorção


e uso do P.
Quadrado Médio - Índices de Eficiência de absorção e uso do P
F.V. GL
EAP ETP EUPPA EUPT EUPGA ICP
Doses de P 1 1283.3** 0.0010274** 0.07074** 0.12117** 0.907* 62.75**
Genótipos 1 238.3* 0.0000757 0.02124** 0.0357** 4.474** 17.54*
Doses x Genótipos 1 33.1 0.0000009 0.0012 0.00003 0.465 3.07
Resíduo 8 34.1 0.0000413 0.00126 0.00199 0.133 1.96
CV% 26.52 0.66 8.17 9.22 28.5 19.16

Quanto ao Índice Eficiência de absorção do P, observaram-se diferenças


significativas entre os tratamentos de P aplicados, demonstrando que quanto maior a
oferta do nutriente, maior sua absorção, assim, o tratamento controle apresentou maior
absorção do elemento, 65,02% a mais que o tratamento com restrição do P, com índices
de 32,34 e 11,66, respectivamente, para os tratamentos que receberam dose controle e
dose restritiva. O genótipo classificado como Ineficiente ao uso do P DOR 364
apresentou maior eficiência na absorção do elemento, apresentando um índice de 26,46,
enquanto o genótipo IAC Imperador apresentou um Índice igual a 17,54. Esse resultado
se explica, uma vez que foram observados maiores teores de P em todos tecidos do
genótipo DOR 364 em comparação com o genótipo IAC Imperador que apesar de
apresentar os menores teores do nutriente nos tecidos apresentou maior produção de
massa seca, resultando num maior conteúdo do elemento na planta e, consequentemente
a diluição do nutriente.
Quanto ao Índice de Eficiência da translocação houve diferença estatística a 1%
de probabilidade apenas para o fator dose de P, sendo os índices iguais a 0,98 e 0,96
respectivamente para a dose controle e a dose restritiva. Os genótipos apresentaram
valores para o índice muito próximos, não sendo possível detectar diferença na
translocação entre eles. Apesar do genótipo DOR 364 ter apresentado maior índice de
absorção, o genótipo IAC Imperador demonstrou translocar o elemento da mesma
maneira, mesmo com uma menor quantidade de P disponível no tecido. Esse índice foi
o que apresentou menor coeficiente de variação ambiental (0,66%), portanto demonstra
a alta eficácia experimental quanto à característica.

108
O Índice de Eficiência da utilização do P na parte aérea revelou, com diferença
altamente significativa, uma maior utilização do elemento no tratamento com dose
restritiva, sendo 31,45% maior que no tratamento que recebeu dose controle, isso se
explica provavelmente pela maior ativação de genes de respostas ao estresse, e a relação
de menor produção de massa seca de parte aérea em relação ao maior conteúdo de P na
parte aérea na condição de estresse. Em relação aos genótipos, IAC Imperador
apresentou o melhor índice de utilização de parte aérea, equivalente a 0,48; enquanto o
genótipo Dor 364 apresentou um índice de 0,39, esses resultados se mostram coerentes,
uma vez que o genótipo IAC Imperador foi o genótipo que mais produziu massa seca de
parte aérea em ambas as condições.
Resultado semelhante foi observado para o Índice de Eficiência da utilização do
P total, havendo também uma maior utilização total do elemento pelas plantas que
receberam a dose restritiva, apresentando 34,48% a mais do que a dose controle. O
genótipo IAC Imperador mostrou-se mais eficiente também na utilização do P total,
apresentando um índice de 0,53, enquanto o genótipo Dor 364 apresentou índice de
0,43.
A análise de variância referente ao Índice da Eficiência e utilização do P da parte
aérea para a formação do grão apresentou diferença estatística para as doses de P e
genótipo. O tratamento que recebeu a dose restritiva de P apresentou maior índice
EUPGA, de 1,55 enquanto o tratamento controle apresentou índice de 1,01. O genótipo
IAC Imperador, mais produtivo em ambos os tratamentos, apresentou um índice de
1,89, quase três vezes maior que o índice do genótipo DOR 364, que foi de 0,66.
Para o Índice de colheita de P, foi possível verificar diferença altamente
significativa para as doses de P aplicadas, sendo que os tratamentos com dose restritiva
e controle apresentaram, respectivamente, índices de 9,59 e 5,01. Esse resultado implica
no maior acúmulo de P nos grãos dos tratamentos estressados, ou seja, nos tratamentos
em que foi observado menor produtividade de grãos. Houve também diferença
significativa para os genótipos, sendo o DOR 364 o genótipo que apresentou maior
índice de colheita do nutriente, de 8,51, enquanto o genótipo mais produtivo IAC
Imperador apresentou menor índice de colheita do P, de 6,09.

Sequenciamento
O sequenciamento das bibliotecas gerou aproximadamente 450 milhões de
sequências “paired reads” e após a filtragem dos reads de baixa qualidade, ou seja, após

109
a limpeza das sequências de adaptadores e vetores e de reads que apresentaram
tamanhos inferiores a 56pb, o total de reads filtrados foi de aproximadamente 400
milhões de sequências, das quais 207 milhões de reads foram provenientes das
bibliotecas que receberam a restrição do P e 193 milhões foram obtidas do tratamento
controle (Tabela 3).
Foram mapeados aproximadamente 396 milhões de reads no genoma do feijão
utilizado como referência (Pvulgaris 218 v1.0) da base de dados Phytozome v.9.1, desse
total de reads mapeados, cerca de 382 milhões foram alinhados, ou seja, em média
99,2% dos pares de reads foram mapeados na mesma região cromossômica do genoma
de referência. Como foi observada uma alta taxa de mapeamento dos reads, conferindo
boa precisão experimental, procederam-se as análises de expressão diferencial
utilizando os reads que alinharam apenas uma vez, ou seja, que mapearam em apenas
uma região do genoma sem ambiguidade. Do total aproximado de 373 milhões de reads
únicos, 193 milhões foram observados no tratamento com restrição do P e 180 milhões
na condição controle (Tabela 3).

Tabela 3. Total de sequências de cada biblioteca de expressão antes e após a filtragem


dos dados e mapeadas com o genoma de feijoeiro P.vulgaris (Pvulgaris 218 v1.0) da
base de dados Phytozome v.9.
% de
Biblioteca Total de reads Reads filtrados Reads mapeados Reads alinhados Reads únicos
Alinhamento
1 33102858 29423974 29173968 28174366 99.2 27380237
2 37317662 33048020 32839922 32839922 99.4 30938074
3 46820174 41487480 41200839 39480524 99.3 38938007
4 31422020 27923700 27690572 26435798 99.2 26157710
5 44912778 39872766 39608550 37795158 99.3 37382280
6 39172804 34819418 34542324 33037894 99.2 32501446
7 37250654 33000582 32580222 31214284 98.7 30826087
8 36177222 32088234 31821631 31821631 99.2 30140700
9 37405986 33129748 32851918 31366638 99.2 30986235
10 25803638 23017144 22770699 21799398 98.9 21385773
11 34744170 30941370 30686723 29418782 99.2 28892058
12 45380766 40433920 40097761 38493402 99.2 37697175

Alinhamento e Anotação
A anotação funcional das sequências únicas que apresentaram expressão
diferencial foram realizadas por meio de buscas de proteínas ortólogas utilizando o
programa BLASTx do banco de dados do NCBI, com teste de enriquecimento
considerando FDR < 0.05. O alinhamento desses unigenes contra o banco de dados de
110
proteínas e a busca de domínios funcionais foi realizado. Assim, as sequências dos
unigenes diferencialmente expressos foram associadas à proteínas com GO previamente
anotadas, ou seja, apresentaram similaridade com proteínas de ontologia gênica
conhecida.
A partir do alinhamento dos 29828 unigenes foram então identificados pelo
BLASTx cerca de 20 mil genes, ou seja, 66,5% dos unigenes foram anotados,
apresentando similaridade com GO conhecidos; 3% dos unigenes apresentaram
similaridade com proteínas não conhecidas, 26,5% das sequências não foram mapeadas
e em 4% dos unigenes não houve alinhamento (Figura 1). Assim, havendo similaridade
dada pelo BLAST, transferem-se os termos associados à proteína anotada à sequência
em estudo.

Figura 1. Resultado do alinhamento BLASTx dos 29828 unigenes diferencialmente


expressos, sendo representados os valores totais dos unigenes anotados, não anotados,
não mapeados e não alinhados.

O’ROURKE et al., (2014), com o objetivo aumentar a compreensão dos padrões


de expressão gênica da cultura do feijoeiro para compreender melhor as mudanças
devido à nodulação, desenvolvimento de semente e utilização de nitrogênio obtiveram

111
pela tecnologia RNAseq os padrões de expressão gênica de 24 amostras coletadas de
setes tecidos e em diferentes fases do desenvolvimento submetidos a três tratamentos
com o fornecimento de nitrogênio associado à Rhizobium tropici e Rhizobium Giardini.
Assim, os autores identificaram 11.010 genes diferencialmente expressos entre os
diferentes tecidos e no mesmo tempo de coleta, 15.752 genes diferencialmente
expressos dentro de um mesmo tecido nas diferentes fases de desenvolvimento, 2.315
genes expressos apenas em um único tecido e 2.970 genes com padrões de expressão
que parecem ser diretamente dependente da fonte de nitrogênio disponível.
Em relação ao enriquecimento das sequências, foram atribuídos os termos GO,
ou seja, as informações relativas à ontologia gênica aos genes anotados. Assim, foram
identificados 86785 termos GO relacionados às 29828 sequências alinhadas. Devido a
alguns desses genes apresentaram mais de uma categoria funcional, mais de um termo
GO pode ser atribuído à uma sequência. Os termos GO associados aos unigenes foram
categorizados em três categorias funcionais principais, sendo: componentes celulares,
função molecular e processos biológicos.
Em relação ao tratamento com restrição do P foram associados 21725 termos
GO, sendo distribuídos num percentual de 0,04; 59,97 e 39,98% nas categorias
funcionais componentes celulares, função molecular e processos biológicos. No
tratamento controle foram associados 7876 termos GO, sendo a categoria função
molecular a categoria a apresentar maior representatividade, com 89,02%, seguida pela
categoria processos biológicos, com 10,74% e finalmente a categoria componentes
celulares com uma pequena participação, 0,22% (Figura 2). A realização da anotação
nos faz inferir que na condição de restrição do P houve 63,75% a mais de atribuição de
termos de ontologia gênica, havendo uma participação mais efetiva de genes das
categorias funcionais função molecular e processos biológicos como resposta ao
estresse, já na condição controle 89% dos unigenes anotados foram da categoria
funcional função molecular.
PATEL et al, (2014) pela técnica RNAseq avaliaram 20,4 milhões de reads
únicos do banco de dados NCBI, desses reads 6.999 foram mapeados no genoma do
feijoeiro, identificando 1.679 genes conhecidos, dos quais, apenas 629 unigenes foram
anotados. Realizando a caracterização funcional, foram atribuídos aos 629 genes
anotados 3724 termos de ontologia (GO), sendo agrupados nas três categorias
funcionais GO principais, sendo assim distribuídos: 46,37% Função Molecular, 31,36%
Processo Biológico e 22,26% Componente Celular.

112
Restrição do P Controle
CC FM PB CC FM PB
0% 11% 0%

40%
60%
89%

Figura 2. Distribuição dos termos de ontologia identificados para os unigenes


identificados nos tratamentos com restrição do P e controle nas categorais: componentes
celulares, função molecular e processos biológicos.

Comparação 1 - Tratamentos com Restrição do P

Considerando as seis bibliotecas que receberam o tratamento Restrição de P,


foram identificados 30060 genes expressos, dos quais 27191 apresentaram similaridade
com unigenes do feijoeiro. Os valores referentes às expressões foram submetidos à
análise hierárquica e a análise de componentes principais e, em ambas as análises foi
possível verificar a representatividade das amostras, através da formação de dois grupos
distintos, referentes aos genótipos em estudo (Figura 3).

113
A

Figura 3. A. Análise hierárquica. B. Análise de Componentes Principais. Bibliotecas de


1-3 representam o Genótipo IAC Imperador e bibliotecas de 4-6 DOR 364, ambas em
condição de restrição do P.

Genes diferencialmente expressos na condição de restrição ao P entre os genótipos


IAC Imperador e DOR 364 foram identificados o pacote Bioconductor do programa R
(GENTLEMAN et al 2004), foi realizada a correção de FDR- Benjamini-Hochberg
(BENJAMINI & HOCHBERG 1995) a fim de evitar os erros tipo I (falso positivos). Assim,
do total de 24632 genes com sequências únicas, foram observados 4123 genes, ou seja,
16,72% com expressão diferencial. O genótipo Eficiente IAC Imperador apresentou 2159
genes superexpressos, enquanto o genótipo Ineficiente DOR 364 apresentou 1964. Pode-se
observar na figura 4 que os pontos em azul representam os genes diferencialmente
expressos, enquanto os pontos em vermelho representam os genes que mantiveram seu
perfil de expressão basal em ambos os genótipo na condição de restrição do P.

114
Figura 4. - Proporção de genes diferencialmente expressos na condição de restrição ao
fósforo. Pontos em azul representam genes diferencialmente expressos e pontos em
vermelho os genes com perfil expressão basais em ambos os tratamentos. À esquerda da
origem do plano estão representados os genes do genótipo IAC Imperador e a direita de
DOR 364.

OONO et al., (2013) analisando o perfil de expressão diferencial de quatro genótipos


de arroz submetidos à restrição do fósforo, também por RNAseq, identificaram os
transcritos mais responsivos à deficiência do nutriente do sistema radicular, sendo
observados 1.637 transcritos superexpressos e 1.443 transcritos reprimidos. Os autores
observaram tanto pela análise de agrupamento hierárquico dos transcritos superexpressos
como também pela análise de enriquecimento especificidade dos genótipos em resposta à
restrição do P, além de verificar que a maior parte dos transcritos superexpressos foram
mais expressos nos genótipos tolerantes.
O’ROURKE et al., (2014b), identificaram um total de 2.128 transcritos
diferencialmente expressos em resposta à deficiência do fósforo em tremoço branco.
Adicionalmente, foram identificados 8.371 transcrições que exibiam padrões de expressão
tecido-específicas, sendo descritos 3042 transcritos expressos exclusivamente em folhas
deficientes e 3086 transcritos expressos exclusivamente em raízes com deficiência. Em
resposta à deficiência observou-se uma alteração na expressão de transcritos que codificam
para transportadores de fosfatases (TP) e fatores de transcrição (TF) e, dos 2.128 transcritos
totais 110 foram identificados como TPs e 155 como TFs.
Observa-se por análise hierárquica o perfil de expressão dos 50 genes
diferencialmente expressos de maior abundância na condição de restrição do P (Figura 5).
Houve a clara formação de dois grupos de expressão, separando assim os genes que foram

115
superexpressos dos que foram reprimidos em cada genótipo avaliado. Ainda nessa figura, é
possível observar a alta fidelidade entre as bibliotecas referentes às repetições biológicas e
similaridade entre o perfil de expressão entre os genes analisados.

Figura 5. Perfil de expressão de 50 genes diferencialmente expressos na condição de


restrição do P. As bibliotecas de 1-3 representam as replicatas biológicas do genótipo
IAC Imperador e as bibliotecas de 4-6 do genótipo DOR 364. Em verde apresentam-se
os genes superexpressos e em vermelho os genes reprimidos.

Foram atribuídos aos 2159 genes diferencialmente expressos do genótipo IAC


Imperador na condição de restrição ao P 20750 termos de ontologia gênica, das quais
12406 representam sequências da categoria função molecular e 8344 representam a
categoria processos biológicos. Os termos de ontologia foram subdivididos em 123
subcategorias funcionais. Dentro da categoria Função molecular foi observada uma
maior participação de genes das subcategorias: atividade catalítica (8%), ligação (7%),
ligação de compostos orgânicos cíclicos (5%), ligação de compostos heterocíclicos
(5%) ligação iônica (5%), ligação de pequenas moléculas (4%), ligação nucleosídeo-
fosfato(4%) e ligação de nucleosídeo (4%). Na categoria Processos biológicos 71

116
subcategorias foram obtidas, dos quais obeservou-se maior participações das funções:
processos metabólicos (13%), processo metabólico de um único organismo (7%),
resposta à estímulo (5%), processo metabólico de pequenas moléculas (4%), processos
metabólicos de compostos organonitrogenados, processo metabólico do fósforo (4%),
processos metabólicos de compostos fosfatados (4%), resposta à estresse (4%), processo
metabólico oxoácido (3%) e processos metabólicos de ácidos orgânicos(3%) (Figura 6).

Figura 6. Distribuição das subcategorias dos termos de ontologia gênica obtidos dos
genes diferencialmente expressos do genótipo IAC Imperador em condição de restrição
de P dentro das categorias funcionais função molecular e processo biológico.

117
A tabela 4 representa as 20750 sequências (domínios funcionais)
subcategorizadas nos 123 termos de ontologia gênica, seguidos pelo valor da correção
de FDR, a significância estatística dada pelo P-valor e o número de termos que
representam cada subcategoria.

Tabela 4. Anotação funcional dos genes diferencialmente expressos das bibliotecas


referentes ao genótipo IAC Imperador em condição de restrição do P.
N° de
N Termo GO Categoria FDR P-Valor
termos GO
1 Catalytic activity FM 2,777E-21 3,926E-25 931
2 Defense response PB 1,273E-15 5,257E-19 158
3 Single-organism metabolic process PB 1,273E-15 5,4E-19 573
4 Carbohydrate derivative binding FM 6,62E-15 3,744E-18 395
5 Adenyl ribonucleotide binding FM 1,174E-14 8,3E-18 362
6 Adenyl nucleotide binding FM 3,163E-14 2,683E-17 364
7 Anion binding FM 3,466E-14 3,43E-17 426
8 Ribonucleotide binding FM 4,786E-14 6,201E-17 387
9 Purine nucleoside binding FM 4,786E-14 8,079E-17 382
10 Purine ribonucleotide binding FM 4,786E-14 8,079E-17 382
11 Purine ribonucleoside binding FM 4,786E-14 8,079E-17 382
12 Ribonucleoside binding FM 4,786E-14 8,306E-17 383
13 Nucleoside binding FM 4,786E-14 8,796E-17 383
14 Purine nucleotide binding FM 1,198E-13 2,37E-16 384
15 Nucleoside phosphate binding FM 3,112E-12 7,04E-15 436
16 Nucleotide binding FM 3,112E-12 7,04E-15 436
17 Small molecule binding FM 3,784E-12 9,094E-15 445
18 Ion binding FM 8,263E-12 2,196E-14 655
19 Protein kinase activity FM 8,263E-12 2,22E-14 194
20 Protein serine/threonine kinase activity FM 1,228E-11 3,472E-14 162
21 Kinase activity FM 2,99E-11 8,878E-14 224
22 ATP binding FM 3,211E-11 9,988E-14 314
23 Serine family amino acid metabolic process PB 4,064E-11 1,322E-13 171
Phosphotransferase activity, alcohol group as
24 FM 5,481E-11 1,86E-13 208
acceptor
25 Oxoacid metabolic process PB 5,558E-11 1,964E-13 266
26 Organic acid metabolic process PB 6,414E-11 2,358E-13 266
27 Cellular amino acid metabolic process PB 1,277E-10 4,876E-13 226
28 Purine ribonucleoside triphosphate binding FM 1,851E-10 7,329E-13 334
29 Carboxylic acid metabolic process PB 2,433E-10 9,974E-13 261
30 Alpha-amino acid metabolic process PB 5,772E-10 2,448E-12 211
Transferase activity, transferring phosphorus-
31 FM 6,359E-10 2,787E-12 250
containing groups
32 Protein phosphorylation PB 1,233E-09 5,577E-12 188
33 Response to stress PB 2,227E-09 1,039E-11 283
34 ADP binding FM 7,755E-09 3,728E-11 76
35 Phosphorylation PB 1,602E-08 7,925E-11 224
36 Organonitrogen compound metabolic process PB 3,118E-08 1,587E-10 341
37 Transferase activity FM 3,312E-08 1,773E-10 381
38 Organic cyclic compound binding FM 3,312E-08 1,779E-10 668
39 Heterocyclic compound binding FM 4,151E-08 2,289E-10 667
40 Small molecule metabolic process PB 6,472E-08 3,66E-10 373
41 Recognition of pollen PB 1,774E-07 1,028E-09 23
42 Response to stimulus PB 2,185E-07 1,298E-09 425
43 Pollen-pistil interaction PB 2,405E-07 1,496E-09 23
44 Cell recognition PB 2,405E-07 1,496E-09 23
45 Metabolic process PB 2,829E-07 1,8E-09 1086
46 Flavonoid biosynthetic process PB 4,351E-07 2,829E-09 21
Oxidoreductase activity, acting on paired donors,
47 FM 5,669E-07 3,767E-09 72
with incorporation or reduction of molecular
oxygen

118
48 Response to biotic stimulus PB 1,716E-06 1,165E-08 91
49 Oxidoreductase activity FM 2,246E-06 1,556E-08 197
50 Phosphorus metabolic process PB 2,681E-06 1,895E-08 325
51 Phosphate-containing compound metabolic PB 3,298E-06 2,378E-08 323
52 processbinding
Heme FM 7,298E-06 5,366E-08 62
53 Flavonoid metabolic process PB 9,054E-06 6,785E-08 21
54 Tetrapyrrole binding FM 1,549E-05 1,183E-07 63
55 Cell communication PB 1,592E-05 1,238E-07 145
56 Naringenin-chalcone synthase activity FM 2,076E-05 1,644E-07 8
57 Binding FM 4,726E-05 3,809E-07 914
58 Oxidation-reduction process PB 7,827E-05 6,419E-07 203
59 Phenylpropanoid metabolic process PB 0,0002032 1,695E-06 24
60 Multi-organism process PB 0,0002496 2,117E-06 100
61 Iron ion binding FM 0,0002597 2,239E-06 61
62 Response to karrikin PB 0,0003258 2,856E-06 27
63 Monooxygenase activity FM 0,0004716 4,201E-06 44
64 Secondary metabolic process PB 0,0006687 6,051E-06 31
65 Secondary metabolite biosynthetic process PB 0,0009358 8,6E-06 25
66 Signal transduction PB 0,0009776 9,122E-06 117
67 Oxidoreductase activity, acting on peroxide as FM 0,0010914 1,065E-05 26
68 acceptor reaction
Peroxidase PB 0,0010914 1,065E-05 26
69 Peroxidase activity FM 0,0010914 1,065E-05 26
70 Systemic acquired resistance PB 0,0011344 1,123E-05 13
71 Protein modification process PB 0,0013144 1,338E-05 225
72 Cellular protein modification process PB 0,0013144 1,338E-05 225
73 Pattern binding FM 0,0013436 1,413E-05 22
74 Polysaccharide binding FM 0,0013436 1,413E-05 22
75 Phenylpropanoid biosynthetic process PB 0,0013436 1,445E-05 18
76 Single organism signaling PB 0,0013436 1,463E-05 117
77 Signaling PB 0,0013436 1,463E-05 117
78 Defense response, incompatible interaction PB 0,0013974 1,541E-05 21
79 Antioxidant activity FM 0,0020526 2,315E-05 28
80 Dioxygenase activity FM 0,0020526 2,322E-05 36
81 Endopeptidase regulator activity FM 0,0022312 2,587E-05 9
82 Endopeptidase inhibitor activity FM 0,0022312 2,587E-05 9
83 Regulation of endopeptidase activity PB 0,0034254 4,165E-05 9
84 Negative regulation of endopeptidase activity PB 0,0034254 4,165E-05 9
85 Peptidase inhibitor activity FM 0,0034254 4,165E-05 9
86 Peptidase regulator activity FM 0,0034254 4,165E-05 9
87 Lipid transport PB 0,0044963 5,531E-05 17
88 Response to oxidative stress PB 0,0047486 5,908E-05 52
89 Regulation of peptidase activity PB 0,0050967 6,485E-05 9
90 Negative regulation of peptidase activity PB 0,0050967 6,485E-05 9
91 Response to other organism PB 0,0054172 6,97E-05 70
92 Immune response PB 0,00568 7,388E-05 29
93 Innate immune response PB 0,005925 7,791E-05 28
Oxidoreductase activity, acting on paired donors,
with incorporation or reduction of molecular
94 oxygen, 2-oxoglutarate as one donor, and FM 0,0061461 8,168E-05 27
incorporation of one atom each of oxygen into
both donors
95 Lipid localization PB 0,0061854 8,308E-05 17
96 Immune system process PB 0,0071216 9,666E-05 32
97 Cinnamic acid metabolic process PB 0,0077831 0,0001067 5
98 Negative regulation of hydrolase activity PB 0,010419 0,0001444 9
99 Cellular response to hypoxia PB 0,0115035 0,000161 7
100 Chitin binding FM 0,0117063 0,0001655 6
101 Single-organism biosynthetic process PB 0,0129244 0,0001846 87
102 Macromolecule modification PB 0,0147542 0,0002128 230
103 Response to fungus PB 0,0150197 0,0002187 30
104 Multi-multicellular organism process PB 0,0158321 0,0002373 29
105 Multi-organism reproductive process PB 0,0158321 0,0002373 29

119
106 Pollination PB 0,0158321 0,0002373 29
107 Cellular response to oxygen levels PB 0,0172891 0,000264 7
108 Cellular response to decreased oxygen levels PB 0,0172891 0,000264 7
109 Jasmonic acid and ethylene-dependent systemic PB 0,0198687 0,0003062 4
110 resistance binding
Coenzyme FM 0,0253441 0,0003942 51
111 Defense response by callose deposition PB 0,0256445 0,0004035 9
112 Cellular response to stimulus PB 0,0256445 0,0004061 164
113 Amino sugar metabolic process PB 0,0305558 0,0004882 17
114 Cofactor binding FM 0,0310382 0,0005003 66
115 RNA-directed DNA polymerase activity FM 0,0312351 0,0005079 14
116 Lignin metabolic process PB 0,0329884 0,0005438 15
117 Defense response to fungus PB 0,0329884 0,0005457 24
118 Nutrient reservoir activity FM 0,036145 0,000603 10
119 Cellular response to salicylic acid stimulus PB 0,0364842 0,0006138 11
120 Alkaloid biosynthetic process PB 0,0490308 0,000848 6
121 Phenylalanine ammonia-lyase activity FM 0,0490308 0,0008526 4
122 Cinnamic acid biosynthetic process PB 0,0490308 0,0008526 4
123 Response to indolebutyric acid stimulus PB 0,0490308 0,0008526 4

O genótipo DOR 364 na condição de restrição ao P apresentou 969 termos de


ontologia gênica atribuídos aos 1964 diferencialmente expressos, classificados nas
categorias funcionais: componente celular, função molecular e processo biológico. A
subcategoria componente celular apresentou nove sequências gênicas atribuídas aos
domínios codificadores do complexo kinase proteína histidina. A categoria função
molecular apresentou 15 subcategorias de ontologia gênica, sendo os domínios
codificadores para as os domínios funcionais mais frequentes atividades de oxiredutase
(28%), ligação de ADP (13%), atividade oxidoredutase sob doadores emparelhados com
incorporação ou redução do oxigênio molecular e ligação de íon ferro foram mais
frequentes (9%) e ligação do íon ferro (9%), ligação tetrapirrol (8%), ligação heme
(8%), atividade monooxigenase (7%), atividade transdutor molecular (6%) e atividade
transdutor de sinal (5%). Quanto à categoria de processo biológico, os genes foram
categorizados em sete subcategorias funcionais, em que, os domínios codificam em
maior frequência para processo de oxi-redução (51%), resposta de defesa (34%) e
Sistema de transdução de sinal à fosforilação (7%) (Figura 7).

120
Figura 7. Distribuição das subcategorias dos termos de ontologia gênica obtidos dos
genes diferencialmente expressos do genótipo IAC Imperador em condição de restrição
de P dentro das categorias funcionais função molecular e processo biológico.

121
Pode-se verificar que o genótipo DOR 364 apesar de apresentar 1964 genes
diferencialmente expressos, valor próximo aos 2159 unigenes observados no genótipo
IAC Imperador, foram atribuídos na análise de enquiquecimento 969 termos de
ontologia gênica, ou seja, foram associados 95,3% a menos de domínios funcionais às
sequências desse genótipo, que se mostrou ineficiente ao uso do nutriente em
comparação ao genótipo eficiente IAC Imperador. Assim, é possível verificar na tabela
5 a classificação dos 969 termos em 24 subcategorias de domínios funcionais, seguidos
pelos valores de correção (FDR) e significância estatística (P-valor).

Tabela 5. Anotação funcional dos genes diferencialmente expressos das bibliotecas


referentes ao genótipo DOR 364 em condição de restrição do P.
N° de
N Termo GO Categoria FDR P-Value
termos GO
1 ADP binding FM 8,774E-13 1,241E-16 81
2 defense response PB 1,193E-05 3,374E-09 116
3 phosphorelay signal transduction system PB 2,313E-05 9,81E-09 24
4 phosphorelay response regulator activity FM 0,0001098 6,212E-08 17
5 oxidoreductase activity FM 0,0001904 1,346E-07 172
oxidoreductase activity, acting on paired donors,
6 with incorporation or reduction of molecular FM 0,0011737 9,956E-07 59
oxygen
7 monooxygenase activity FM 0,0018841 1,865E-06 41
8 sulfotransferase activity FM 0,0044065 5,605E-06 8
9 oxidation-reduction process PB 0,0044065 5,607E-06 176
10 iron ion binding FM 0,0090326 1,277E-05 53
11 heme binding FM 0,0152621 2,435E-05 49
12 transferase activity, transferring sulfur-containing FM 0,0152621 3,093E-05 10
13 groups
tetrapyrrole binding FM 0,0152621 3,749E-05 50
14 phototransduction PB 0,0152621 3,817E-05 4
15 red, far-red light phototransduction PB 0,0152621 3,817E-05 4
16 detection of visible light PB 0,0152621 3,817E-05 4
17 molecular transducer activity FM 0,0152621 3,909E-05 28
18 signal transducer activity FM 0,0152621 3,909E-05 28
19 protein histidine kinase activity FM 0,0152621 4,963E-05 9
20 phosphorelay sensor kinase activity FM 0,0152621 4,963E-05 9
21 protein histidine kinase complex CC 0,0152621 4,963E-05 9
22 signal transduction by phosphorylation PB 0,0152621 4,963E-05 9
phosphotransferase activity, nitrogenous group as
23 FM 0,0152621 4,963E-05 9
acceptor
24 xylan catabolic process PB 0,0422046 0,0001432 6

Comparação 2 – Tratamentos que receberam a dose Controle

Considerando as bibliotecas dos genótipos IAC Imperador e DOR 364 na


condição controle foram identificados 21861 genes que apresentaram similaridade com
os unigenes do banco de dado de feijoeiro, num total de 24458 genes expressos. Tanto a

122
análise hierárquica, como a análise de componentes principais demonstrou a alta
confiabilidade do experimento, com o grupamento das replicatas biológicas de mesmo
genótipo (Figura 8).

Figura 8. A. Análise hierárquica. B. Análise de Componentes Principais. Bibliotecas de


7-9 representam o Genótipo IAC Imperador e bibliotecas de 10-12 DOR 364, ambas em
condição controle.

Das 24458 sequências de unigenes obtidos a partir das bibliotecas do tratamento


controle foram identificados 2161genes diferencialmente expressos, totalizando 8,83% do
total de genes sequenciados. Em comparação com o tratamento com déficit de P é possível
verificar que o estresse induziu a expressão de aproximadamente o dobro de genes que na
condição controle. Assim, o genótipo IAC Imperador apresentou 1069 genes
superexpressos e DOR 364 1093 genes (Figura 9).

123
Figura 9. - Proporção de genes diferencialmente expressos na condição controle.
Pontos em azul representam genes diferencialmente expressos e pontos em vermelho os
genes com perfil expressão basais em ambos os tratamentos. À esquerda da origem do
plano estão representados os genes do genótipo IAC Imperador e a direita de DOR 364.

OONO et al., (2013) analisando o perfil de expressão diferencial de quatro genótipos


de arroz submetidos à restrição do fósforo, também por RNAseq, identificaram os
transcritos mais responsivos à deficiência do nutriente do sistema radicular, sendo
observados 1.637 transcritos superexpressos e 1.443 transcritos reprimidos. Os autores
observaram tanto pela análise de agrupamento hierárquico dos transcritos superexpressos
como também pela análise de enriquecimento especificidade dos genótipos em resposta à
restrição do P, além de verificar que a maior parte dos transcritos superexpressos foram
mais expressos nos genótipos tolerantes.
A análise hierárquica do perfil de expressão gênica dos 50 genes mais
abundantes na condição controle mostrou claramente a formação de dois grupos de
expressão, superexpressos e reprimidos para cada genótipo, além da repetibilidade no
nível de expressão entre as repetições biológicas e a associação entre os genes pela
análise hierárquica (Figura 10).

124
Figura 10. Perfil de expressão de 50 genes diferencialmente expressos no tratamento
controle. As bibliotecas de 7-9 representam as replicatas biológicas do genótipo IAC
Imperador e as bibliotecas de10-12 do genótipo DOR 364. Em verde apresentam-se os
genes superexpressos e em vermelho os genes reprimidos.

A análise de enriquecimento atribuiu aos 2162 genes diferencialmente expressos


7876 termos de ontologia gênica, sendo 4244 termos funcionais identificados no
genótipo IAC Imperador e 3623 termos identificados no genótipo DOR 364.
Os genes diferencialmente expressos observados na condição controle no
genótipo IAC Imperador foram divididos nas categorias de função molecular e de
processos biológicos. A categoria Função molecular foi dividida em 24 subcategorias,
sendo observada uma maior participação de genes relacionados à: ligação (11%),
atividade catalítica (11%), ligação iônica (8%), ligaçao de pequenas moléculas (5%),
ligação fosfato nucleosídeo (5%), ligação de nucleosídeo e ligação aniônica (5%). Na
categoria Processos biológicos foram observadas apenas sete sub categoriass

125
relacionadas aos processos de: resposta à estimulo (36%), resposta à estresse (26%),
oxi-redução (18%), defesa (15%), biossíntese de flavonoides (2%), metabolismo de
flavonoides (2%) e catabolismo de terpenódes (1%) (Figura 11).

Figura 11. Distribuição das subcategorias dos termos de ontologia gênica obtidos dos
genes diferencialmente expressos do genótipo IAC Imperador em condição controle
dentro das categorias funcionais função molecular e processo biológico.

Na tabela 6 apresenta-se todas as 31 subcategorias funcionais de anotação dos


1069 genes superexpressos na condição controle do genótipo IAC Imperador, seguidos

126
do valor de correção FDR, da signifiãncia estatística dada pelo teste P-valor e pelo
número de sequências que compuseram cada sub classe de termos GO atribuídos.

Tabela 6. Anotação funcional dos genes diferencialmente expressos das bibliotecas


referentes ao genótipo IAC Imperador em condição controle.
N° de
N Term Categoria FDR P-Value termos
GO
1 ADP binding F 4,08E-11 5,77E-15 53
2 defense response P 8,79E-10 2,49E-13 83
3 naringenin-chalcone synthase activity F 8,54E-07 3,62E-10 8
4 response to stress P 7,6E-06 4,3E-09 143
5 ion binding F 2,74E-05 1,94E-08 307
6 flavonoid biosynthetic process P 0,001869 1,69E-06 12
7 catalytic activity F 0,001869 1,85E-06 398
8 adenyl ribonucleotide binding F 0,002196 2,49E-06 155
9 adenyl nucleotide binding F 0,002843 3,62E-06 156
10 anion binding F 0,003428 4,85E-06 183
11 flavonoid metabolic process P 0,006 9,34E-06 12
12 response to stimulus P 0,009725 1,65E-05 197
13 dioxygenase activity F 0,011718 2,16E-05 22
14 oxidoreductase activity F 0,013464 2,8E-05 93
15 small molecule binding F 0,013464 2,86E-05 192
16 ribonucleotide binding F 0,027083 6,43E-05 160
17 oxidation-reduction process P 0,027083 6,51E-05 98
18 carbohydrate derivative binding F 0,028378 7,23E-05 161
19 nucleoside phosphate binding F 0,040744 0,000115 184
20 nucleotide binding F 0,040744 0,000115 184
21 purine nucleoside binding F 0,043132 0,00014 156
22 purine ribonucleotide binding F 0,043132 0,00014 156
23 purine ribonucleoside binding F 0,043132 0,00014 156
24 ribonucleoside binding F 0,046987 0,000167 156
25 nucleoside binding F 0,046987 0,000169 156
26 terpenoid catabolic process P 0,046987 0,000182 4
27 purine nucleotide binding F 0,046987 0,000186 157
oxidoreductase activity, acting on paired donors, with
incorporation or reduction of molecular oxygen, 2-
28 F 0,046987 0,000186 16
oxoglutarate as one donor, and incorporation of one
atom each of oxygen into both donors
29 binding F 0,048587 0,000199 423
30 iron ion binding F 0,049163 0,000209 31
oxidoreductase activity, acting on paired donors, with
31 F 0,049947 0,000219 32
incorporation or reduction of molecular oxygen

A identificação dos 3623 termos de ontologia gênica para no genótipo DOR 364
resultou na classificação dos mesmos nas três categorias principais e em 37
subcategorias (Figura 12). É interessante observar, que este genótipo dado como
ineficiente, apresentou em ambas as condições a expressão de genes que desempenham
papéis relacionados aos componentes celulares, além disso, também pôde-se observar
que na condição controle o genótipo ativou a expressão de genes de mais categorias
funcionais que o genótipo Eficiente IAC Imperador.

127
Figura 12. Distribuição das subcategorias dos termos de ontologia gênica obtidos dos
genes diferencialmente expressos do genótipo DOR 364 em condição controle dentro
das categorias funcionais função molecular e processo biológico.

A anotação funcional dos 1093 genes diferencialmente expressos do genótipo


DOR 364 na condição controle subdividiu as sequências em 37 subcategorias de
ontologia gênica, sendo apresentados na tabela 7.

128
Tabela 7. Anotação funcional dos genes diferencialmente expressos das bibliotecas
referentes ao genótipo DOR 364 em condição controle.
N° de termos
N Term Categoria FDR P-Value
GO
1 ADP binding F 1,61E-26 2,27E-30 74
2 defense response P 4,22E-13 1,2E-16 89
3 heterocyclic compound binding F 4,04E-06 7,42E-09 321
4 organic cyclic compound binding F 4,69E-06 9,28E-09 321
5 adenyl ribonucleotide binding F 4,24E-05 8,99E-08 160
6 adenyl nucleotide binding F 4,9E-05 1,11E-07 161
7 phospholipid translocation P 0,00045 1,4E-06 8
8 aminophospholipid transport P 0,00045 1,4E-06 8
phospholipid-translocating ATPase
9 F 0,00045 1,4E-06 8
activity
10 phospholipid transporter activity F 0,00045 1,4E-06 8
regulation of membrane lipid
11 P 0,00045 1,4E-06 8
distribution
12 lipid translocation P 0,00045 1,4E-06 8
13 phospholipid transport P 0,00061 2,07E-06 8
14 ribonucleoside binding F 0,001214 4,62E-06 163
15 nucleoside binding F 0,001214 4,64E-06 163
16 purine nucleoside binding F 0,001358 5,76E-06 162
17 purine ribonucleotide binding F 0,001358 5,76E-06 162
18 purine ribonucleoside binding F 0,001358 5,76E-06 162
19 purine nucleotide binding F 0,001859 8,23E-06 163
20 ribonucleotide binding F 0,001859 8,42E-06 163
21 carbohydrate derivative binding F 0,001973 9,21E-06 164
22 cuticle hydrocarbon biosynthetic process P 0,004882 2,35E-05 5
23 anion binding F 0,005188 2,57E-05 177
24 COPII vesicle coat C 0,009898 5,45E-05 6
25 ER to Golgi transport vesicle membrane C 0,009898 5,45E-05 6
26 lipid transport P 0,01005 5,69E-05 11
27 lipid localization P 0,012466 7,58E-05 11
28 binding F 0,014133 8,8E-05 419
29 ER to Golgi transport vesicle C 0,016303 0,000106 6
30 cellular response to hypoxia P 0,023971 0,000163 5
31 response to stress P 0,024793 0,000175 121
32 lipid transporter activity F 0,027845 0,000211 8
33 cellular response to oxygen levels P 0,029268 0,000236 5
34 cuticle development P 0,029268 0,000236 5
cellular response to decreased oxygen
35 P 0,029268 0,000236 5
levels
36 nucleoside phosphate binding F 0,040554 0,000344 179
37 nucleotide binding F 0,040554 0,000344 179

Comparação 3 - IAC Imperador (restrição x controle)

A comparação entre as bibliotecas do genótipo IAC Imperador nas condições de


restrição do P e controle foi realizada. Tanto a análise hierárquica, como a análise de
componentes principais demonstrou a alta confiabilidade do experimento, com o
grupamento das replicatas biológicas de cada tratamento (Figura 13).

129
Figura 13. A. Análise hierárquica. B. Análise de Componentes Principais. Bibliotecas
de 1-3 representam o Genótipo IAC Imperador na condição de restrição ao P e
bibliotecas de 7-9 na condição controle.

Foram identificados 3217 genes diferencialmente expressos para o genótipo,


sendo que 1537 foram superexpressos na condição de restrição ao nutriente e 1680
foram superexpressos na condição controle (Figura 14).

130
Figura 14. Proporção de genes diferencialmente expressos do genótipo IAC Imperador.
Pontos em azul representam genes diferencialmente expressos e pontos em vermelho os
genes com perfil expressão basais em ambos os tratamentos. À esquerda da origem do
plano estão representados os genes do genótipo IAC Imperador sob restrição e a direita
na condição controle.

Assim, sobre deficiência do elemento o genótipo IAC imperador ativou a


expressão de genes de 118 subcategorias funcionais, enquanto que na condição controle
foram encontradas 62 subcategorias. Dentre os 1538 genes que foram ativados na
condição de estresse podemos eleger como genes candidatos em resposta ao déficit do
P, os 25 genes mais induzidos (Quadro 1) e os 25 genes mais reprimidos (Quadro 2) de
maior significância estatística.
Verifica-se que a expressão relativa dos 25 genes mais induzidos do genótipo
IAC Imperador variou de 33,2 a 10,6 vezes mais expressos na condição com restrição
do P em relação à condição controle. Já em relação aos 25 genes mais reprimidos a
expressão relativa variou de -44,5 a -9,9 vezes menos expressos. Além disso, treze
genes diferencialmente expressos não foram mapeados no genoma do feijão, revelando
novas sequências gênicas relacionadas ao estresse pelo nutriente P e, com potencial a
serem exploradas para maior entendimento das respostas funcionais do genótipo frente à
deficiência.

131
Quadro 1. Seleção dos 25 unigenes candidatos, mais induzidos do genótipo IAC Imperador (ordem decrescente de log2FoldChange). Da esquerda para a direita: gene
id (Phytozome); anotação do gene com base em blastx search utilizando a base de dados de P. vulgaaris (Phytozome) com cutoff de 1e-10; lfcSE (erro padrão);
pvalue, padj.
Expressão
N Unigene Anotação Funcional baseMean log2FoldChange lfcSE stat pvalue padj
Relativa
Hydroxyindole-O-methyltransferase and related SAM-
1 Phvul.007G091000 33,249 88,154 5,055 0,421 11,998 0,000 0,000
dependent methyltransferases/protein dimerization activity
Cytochrome P450 CYP2 subfamily/ oxidation-reduction
2 Phvul.002G126200 28,897 70,505 4,853 0,575 8,441 0,000 0,000
process/electron carrier activity
3 XLOC_002913 Sequência nova 25,543 49,207 4,675 0,628 7,449 0,000 0,000
4 Phvul.005G162800 Não anotado 24,253 56,416 4,600 0,467 9,856 0,000 0,000
5 XLOC_002909 Sequência nova 23,380 45,320 4,547 0,612 7,427 0,000 0,000
6 Phvul.009G173900 Não anotado 20,367 131,597 4,348 0,344 12,646 0,000 0,000
7 XLOC_013887 Sequência nova 19,425 130,317 4,280 0,396 10,820 0,000 0,000
Calcineurin-like phosphoesterase/acid phosphatase
8 Phvul.004G032300 17,466 88,602 4,126 0,403 10,242 0,000 0,000
related/hydrolase activity
9 Phvul.003G144700 Não anotado 15,730 340,916 3,975 0,363 10,951 0,000 0,000
Serine/threonine protein kinase/ATP binding/protein
10 Phvul.009G133000 15,170 434,203 3,923 0,423 9,264 0,000 0,000
phosphorylation
11 Phvul.002G065700 ALPHA-AMYLASE/cation binding 14,573 165,394 3,865 0,528 7,317 0,000 0,000
12 XLOC_029866 Sequência nova 13,624 26,165 3,768 0,597 6,316 0,000 0,000
Cytochrome P450 CYP2 subfamily/beta-carotene 15,15'-
13 Phvul.004G021300 12,882 59,317 3,687 0,420 8,772 0,000 0,000
monooxygenase /oxidation-reduction process
14 Phvul.002G003400 Cytochrome c oxidase, subunit vib/COX12/mitochondrion 12,767 35,312 3,674 0,628 5,851 0,000 0,000
Vacuolar H+-atpase V1 sector, subunit G/vacuolar proton-
15 Phvul.008G045800 12,526 18,212 3,647 0,566 6,447 0,000 0,000
transporting V-type atpase complex
Trypsin and protease inhibitor endopeptidase inhibitor
16 Phvul.011G169900 12,220 975,992 3,611 0,249 14,485 0,000 0,000
activity
17 Phvul.006G143200 MBOAT, membrane-bound O-acyltransferase family 12,018 42,499 3,587 0,479 7,484 0,000 0,000
18 XLOC_006513 Sequência nova 11,878 15,996 3,570 0,653 5,468 0,000 0,000
Cytochrome P450 CYP2 subfamily/beta-carotene 15,15'-
19 Phvul.002G025000 11,856 3423,318 3,568 0,276 12,935 0,000 0,000
monooxygenase /oxidation-reduction process

132
Putative Phosphatase/Predicted haloacid dehalogenase-like
20 Phvul.005G160800 11,586 1552,905 3,534 0,336 10,526 0,000 0,000
hydrolase
Xenotropic and polytropic retrovirus receptor 1-related/spx
(syg1/pho81/xpr1) domain-containing protein/Protein
21 Phvul.010G072000 11,464 2086,707 3,519 0,396 8,896 0,000 0,000
involved in vacuolar polyphosphate accumulation, contains
SPX domain
Trypsin and protease inhibitor/endopeptidase inhibitor
22 Phvul.011G166500 11,330 1295,436 3,502 0,230 15,253 0,000 0,000
activity
23 Phvul.010G034400 Mlo protein/cell death/integral to membrane 11,191 231,742 3,484 0,246 14,158 0,000 0,000
Calcineurin-like phosphoesterase/Predicted DNA repair
24 Phvul.007G249800 10,744 283,832 3,426 0,642 5,335 0,000 0,000
exonuclease SIA1/hydrolase activity
25 Phvul.004G099700 Leucine-rich repeat protein/protein binding 10,651 20,278 3,413 0,580 5,886 0,000 0,000

Quadro 2. Seleção dos 25 unigenes candidatos, mais reprimidos do genótipo IAC Imperador (ordem decrescente de log2FoldChange). Da esquerda para a direita:
gene id (Phytozome); anotação do gene com base em blastx search utilizando a base de dados de P. vulgaris (Phytozome) com cutoff de 1e-10; lfcSE (erro padrão);
pvalue.

Expressão
N Unigene Anotação Funcional baseMean log2FoldChange lfcSE stat pvalue padj
Relativa
1 Phvul.007G258500 Não anotado -44,563 43,720 -5,478 0,575 -9,529 0,000 0,000
2 Phvul.007G258600 Não anotado -44,563 43,720 -5,478 0,575 -9,529 0,000 0,000
3 Phvul.011G160700 Não anotado -41,063 173,434 -5,360 0,355 -15,087 0,000 0,000
Predicted carbonic anhydrase involved in protection against
4
Phvul.004G013500 oxidative damage -36,974 45,463 -5,208 0,567 -9,189 0,000 0,000
5 XLOC_029764 Sequência nova -34,849 43,296 -5,123 0,571 -8,974 0,000 0,000
Branched chain aminotransferase BCAT1, pyridoxal
6
Phvul.009G075100 phosphate enzymes type IV superfamily -20,455 2962,768 -4,354 0,329 -13,249 0,000 0,000
7 XLOC_019165 Sequência nova -18,631 16,058 -4,220 0,619 -6,812 0,000 0,000
8 XLOC_025262 Sequência nova -15,359 267,958 -3,941 0,626 -6,295 0,000 0,000
9 Phvul.006G087800 protein binding -14,156 482,425 -3,823 0,409 -9,337 0,000 0,000
10 Phvul.011G029200 Não anotado -13,742 126,533 -3,780 0,331 -11,419 0,000 0,000

133
11 Phvul.003G124300 Não anotado -13,161 72,624 -3,718 0,451 -8,237 0,000 0,000
12 XLOC_006364 Sequência nova -12,994 8239,221 -3,700 0,376 -9,840 0,000 0,000
13 Phvul.009G188800 Não anotado -12,918 21,557 -3,691 0,620 -5,954 0,000 0,000
14 Phvul.003G226900 Polysaccharide catabolic process/beta-amylase activity -12,493 1252,133 -3,643 0,303 -12,010 0,000 0,000
15 Phvul.010G165600 Serine/threonine-protein kinase -12,325 104,192 -3,624 0,344 -10,535 0,000 0,000
16 XLOC_016307 Sequência nova -11,741 29,163 -3,554 0,615 -5,774 0,000 0,000
Nucleobase-containing compound metabolic
17 process/intracellular/3'-5' exonuclease activity/nucleic acid
Phvul.002G068500 binding -11,348 62,755 -3,504 0,537 -6,523 0,000 0,000
18 XLOC_019294 Sequência nova -11,141 33,325 -3,478 0,508 -6,848 0,000 0,000
19 XLOC_019171 Sequência nova -11,119 12,963 -3,475 0,597 -5,825 0,000 0,000
Na+/dicarboxylate, Na+/tricarboxylate and phosphate
20
Phvul.006G142700 transporters -11,032 2113,055 -3,464 0,292 -11,865 0,000 0,000
21 Phvul.008G282600 Raffinose synthase or seed imbibition protein Sip1 -10,907 279,405 -3,447 0,243 -14,160 0,000 0,000
22 Phvul.001G085200 Light regulated protein Lir1 -10,804 1449,564 -3,434 0,263 -13,049 0,000 0,000
23 Phvul.011G033800 heat shock protein binding -10,349 412,640 -3,371 0,368 -9,164 0,000 0,000
24 Phvul.003G274700 CTP synthase (UTP-ammonia lyase) -10,179 1060,325 -3,347 0,278 -12,052 0,000 0,000
25 XLOC_029515 Sequência nova -9,939 22,511 -3,313 0,587 -5,646 0,000 0,000

134
DOR 364
As comparações entre as bibliotecas do genótipo DOR 364 nas condições de
restrição do P e controle foram realizadas, tanto a análise hierárquica, como a análise de
componentes principais verificou-se uma relação do comportamento do genótipo em
relação à sua classificação quanto à eficiência de uso do nutriente. Assim, apesar de ser
possível observar a formação de dois grupos relacionados aos tratamentos, não se
observa uma divisão mais pronunciada como foi observada no genótipo IAC Imperador,
pois por ser considerado ineficiente e não responsivo há uma maior aproximação entre o
perfil de expressão do tratamento controle e o de restrição (Figura 15).

Figura 15. A. Análise hierárquica. B. Análise de Componentes Principais. Bibliotecas


de 4-6 representam o Genótipo DOR 364 na condição de restrição ao P e bibliotecas de
10-12 na condição controle.

135
Ao contrário do genótipo eficiente IAC imperador que apresentou 3217 genes
diferencialmente expressos, o genótipo DOR 364 apresentou apenas 15 unigenes com
expressão diferencial, sendo dois deles induzidos na condição de restrição do P (Quadro
3) e 13 induzidos na condição controle (Quadro 4). Assim, é possível verificar na figura
o perfil de expressão do genótipo (Figura 16).

Figura 16. Proporção de genes diferencialmente expressos do genótipo DOR 364.


Pontos em azul representam genes diferencialmente expressos e pontos em vermelho os
genes com perfil expressão basais em ambos os tratamentos. À esquerda da origem do
plano estão representados os genes do genótipo DOR 364 na condição controle e a
direita sob restrição.

A expressão relativa dos dois genes superexpressos observados no genótipo


DOR 364 foi de 4,8 e 3,7 vezes maior na condição de restrição do P que na condição
controle, assim como as expressões relativas dos treze genes reprimidos variaram de 2,9
a 1,1 vezes mais reprimidos no tratamento com imposição do déficit do nutriente, sendo
observada uma sequência nova.

136
Quadro 3. Unigenes induzidos do genótipo DOR 364 (ordem crescente de log2FoldChange). Da esquerda para a direita: gene id (Phytozome); anotação do gene com
base em blastx search utilizando a base de dados P. vulgaaris (Phytozome) com cutoff de 1e-10; lfcSE (erro padrão); pvalue, padj.

Expressão
N Unigene Anotação Funcional baseMean log2FoldChange lfcSE stat pvalue padj
Relativa
Aminobenzoate/anthranilate synthase/ anthranilate synthase
1 Phvul.001G241600 4,810 12,652 2,266 0,494 4,583 0,000 0,022
component /Isochorismate synthase
Annexin/calcium ion binding/calcium-dependent 289,485
2 Phvul.005G030100 3,786 1,920 0,454 4,230 0,000 0,041
phospholipid binding

Quadro 4. Unigenes do genótipo DOR 364, reprimidos (ordem crescente de log2FoldChange). Da esquerda para a direita: gene id (Phytozome); anotação do gene
com base em blastx search utilizando a base de dados de P. vulgaris (Phytozome) com cutoff de 1e-10; lfcSE (erro padrão); pvalue.

Expressão
N Unigene Anotação Funcional baseMean log2FoldChange lfcSE stat pvalue padj
Relativa
Cytochrome P450 CYP2 subfamily/oxidation-reduction
1 Phvul.010G010900
process -2,982 173,066 -2,982 0,479 -6,225 0,000 0,000
2 Phvul.009G100300 Não anotado -2,714 15,997 -2,714 0,510 -5,327 0,000 0,001
3 XLOC_016307 Sequência nova -2,512 68,350 -2,512 0,512 -4,907 0,000 0,006
4 Phvul.006G139700 Não anotado -2,345 23,427 -2,345 0,466 -5,035 0,000 0,004
5 Phvul.010G062800 Domain of unknown function (DUF588) -2,222 54,550 -2,222 0,501 -4,440 0,000 0,029
Sequence-specific DNA binding transcription factor
6 Phvul.003G068700
activity -2,216 10,346 -2,216 0,524 -4,226 0,000 0,041
7 Phvul.007G136800 Ga1, dna binding / calmodulin binding / transcription factor -2,149 172,980 -2,149 0,485 -4,431 0,000 0,029
ANION EXCHANGE PROTEIN/inorganic anion
8 Phvul.005G174400
exchanger activity/membrane -2,097 20,695 -2,097 0,496 -4,229 0,000 0,041
CREB binding protein/P300 and related TAZ Zn-finger
9 Phvul.009G170600
proteins/histone acetyltransferase activity -1,963 170,855 -1,963 0,460 -4,268 0,000 0,041
10 Phvul.009G137700 Multitransmembrane protein -1,835 169,636 -1,835 0,413 -4,440 0,000 0,029
11 Phvul.011G026300 Não anotado -1,692 97,664 -1,692 0,390 -4,337 0,000 0,035
Hydrolase activity, hydrolyzing O-glycosyl
12 Phvul.011G077900
compounds/carbohydrate metabolic process -1,666 687,174 -1,666 0,398 -4,190 0,000 0,045
13 Phvul.007G229000 Não anotado -1,187 67,040 -1,187 0,273 -4,344 0,000 0,035

137
4. Conclusões

O sequenciamento e a análise dos transcritos pela técnica RNAseq possibilitou


verificar diferença no perfil de expressão gênica entre os genótipos em ambos os
tratamentos, confirmando também a superioridade do genótipo IAC Imperador em relação
a DOR 364, sendo possível identificar os genes candidatos mais induzidos e mais
reprimidos para cada condição.

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140
Conclusões Gerais

• É possível classificar os genótipos quanto à eficiência de uso do P em hidroponia;


• Foi possível verificar a existência de diferenças significativas no desenvolvimento
das plantas em relação às doses de P aplicadas;
• A dose de 4,00 mg L-1 de P foi selecionada como a mais eficiente na indução do
estresse em hidroponia;
• Os caracteres produtividade de grãos, número de vagens, área superficial de raiz,
volume de raiz e número de verticilos apresentaram-se como as variávies de maior
importância relativa na análise das variáveis canônicas;
• Com o experimento realizado em solo foi possível constatar que, assim como em
hidroponia, as doses de P utilizadas foram eficientes na indução do estresse,
havendo representabilidade do experimento realizado em hidroponia;
• A análise do transcriptoma possibilitou diferenciar os genótipos corroborando com os
resultados agronômicos observados, sendo possível identificar os genes candidatos
mais induzidos e mais reprimidos para cada condição.

141

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