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PROPAGAÇÃO DE PLANTAS VIVEIROS E MUDAS

CONCEITO

É um processo de multiplicação ou aumento do número de plantas de uma mesma espécie


e ao mesmo tempo perpetuando suas características desejáveis. A propagação de plantas é
realizada de duas formas diferentes, ou seja, sexuada ou assexuada.

1- PROPAGAÇÃO SEXUADA

A propagação sexuada é aquela feita por meio de sementes. As sementes são originadas
da união dos gametas masculino e feminino e são utilizadas para a formação de uma nova
planta.
A união desses gametas depende do sistema de reprodução da planta, podendo ser de
auto-fecundação denominando plantas autógamas, ou fecundação cruzada denominando
plantas alógamas. A dispersão do pólen, por sua vez, pode ter como veículo o vento, animais e
água.
Dessa forma, a semente se torna como meio mais comum de propagação das plantas e
muitas vezes, o único método de propagação possível ou viável.

CONCEITOS DE SEMENTES

a) Semente botânica: É o óvulo fecundado e desenvolvido, que se transforma em


semente. É quando ocorre o cruzamento dos gametas masculinos e feminino.
b) Semente agronômica: É qualquer parte ou segmento da planta capaz de originar outra
planta. Exemplo: folhas, raízes, galhos, etc.
c) Semente comercial: É a semente preparada com todos os pré-requisitos para serem
comercializadas.
d) Grão: é o que usamos para a alimentação e não apresenta características propícias
para o plantio.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO DAS SEMENTES

a) Cor
Característico de cada espécie e cultivar. Exemplo: feijão carioquinha – sementes claras e
rajadas, quando estão fisiologicamente velhas apresentam-se com aspecto escuro.
b) Tamanho e uniformidade
As sementes são separadas por peneiras de tamanhos diferentes (milho: 18, 20, 22...) Com
isso busca-se uniformidade no tamanho das sementes, facilitando as operações de semeadura
(escolha dos discos) e uma germinação mais uniforme.
c) Sanidade
As sementes devem estar livres de pragas e doenças, pois este é um dos principais veículos
de propagação de doenças em uma área. Normalmente, as empresas produtoras de sementes
fazem tratamento químico e/ou físico para controle das doenças das sementes.
d) Umidade
A umidade da maioria das sementes está entre 10 a 12%.
e) Pureza (P%)
Pureza (P%) é a quantidade (ou %) de sementes puras em uma amostra de sementes.
P= Peso de sementes puras / Peso total da amostra x 100
f) Poder germinativo
É o percentual de sementes que germinam numa amostra de sementes puras.
g) Valor cultural
É o percentual de sementes puras (viáveis) com capacidade de germinação.
VC= %pureza x % poder germinativo / 1002.2.8Vigor
É o percentual de germinação e desenvolvimento de plântulas sob uma faixa de condições
ambientais definidas.

CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA DA PROPAGAÇÃO SEXUADA

Uma das características da propagação por sementes é a variação que pode existir
dentro de um grupo de plântulas. Na natureza essa propriedade é importante, uma vez que se
torna possível a adaptação contínua de uma determinada espécie ao meio.
A principal desvantagem da propagação por sementes é o longo período exigido por
algumas plantas para atingir a maturidade, embora haja algumas exceções, como é o caso do
maracujazeiro, cujo período improdutivo é semelhante entre plantas oriundas da propagação
sexuada e assexuada. Existem casos em que a planta só entra em produção depois de sete a
dez anos, como por exemplo, a nogueira e jabuticabeira.
A propagação por sementes, também chamada sexual ou seminífera, deve ser feita
obedecendo a certos critérios. É importante o conhecimento da espécie e do hábito de
reprodução da planta fornecedora de sementes a qual deve ter as melhores características da
espécie ou variedade em questão, tais como: alta produção, boa características dos frutos,
precocidade, sanidade e vigor. O ideal é selecionar uma planta de meia idade, vigorosa,
produtiva, precoce, com frutos de boa qualidade, bom sabor, baixo número de sementes e que
seja sadia, isto é, não tenha doenças ou pragas.

2- PROPAGAÇÃO ASSEXUADA OU VEGETATIVA

A propagação assexuada ou vegetativa consiste no uso de órgãos da planta (estacas da


parte aérea, raiz, folhas, bulbos, estolões, rizomas, tubérculos, rebentos etc.) e/ou outras
estruturas especializadas capazes de brotarem ou germinarem e originar uma nova planta.
A propagação assexuada baseia-se no princípio de que todas as células da planta
contém toda a informação genética para a reprodução da espécie (totipotência celular). Esse
tipo de propagação possibilita a multiplicação de plantas que não produzem sementes viáveis
e também confere uma boa combinação de caracteres genéticos apresentada por certos
indivíduos, proporcionando plantios mais uniformes, mais produtivos, mais precoces e com
melhor qualidade dos produtos obtidos.
De modo geral, o uso da propagação vegetativa justifica-se nos seguintes casos:
a) Propagação de espécies e/ou cultivares que não produzem sementes. Ex: Figueira,
Limão Tahiti, Laranja Bahia;
b) Perpetuação de clones: Devido à heterozigose na reprodução por sementes;
c) Busca da sanidade do material: mudas produzidas por cultura de tecidos: Exemplo:
bananeira, morango, alho, etc.
Entre as principais vantagens no uso desse método de multiplicação de plantas destacam-
se:
 Manutenção dos caracteres da cultivar desejada (clones);
 Reduz a fase juvenil, induzindo uma frutificação precoce;
 Possibilita a perpetuação de anomalias úteis. Exemplo: Laranja Bahia;
 Obtenção de plantas uniformes (clones);
Entre as principais desvantagens destacam-se:
 Risco de disseminação de pragas e doenças.
 Pouca variabilidade genética.
Os processos de propagação vegetativa usualmente empregados, em especial para
frutíferas são:
Estaquia

Fonte: INTERNET

Enxertia

Fonte: INTERNET

Mergulhia

Fonte: INTERNET

Cultura de tecidos

Fonte: INTERNET
PROPAGAÇÃO POR ESTRUTURAS ESPECIALIZADAS

Existem estruturas especializadas muito comum utilizadas na propagação vegetativa


são elas:
- Bulbos: alho, narciso, açafrão
- Estolhos ou estolhões: morango, gerânio
- Rizomas: bananeira, gengibre
- Tubérculos: batata inglesa, cará
- Rebentos: abacaxi
- Raízes tuberosas: batata-doce (também pode-se utilizar ramas), begônia.

3- PRODUÇÃO DE MUDAS E VIVEIROS

Para a propagação de plantas, um dos aspectos de grande importância é a


infraestrutura da área de produção de mudas. Uma infraestrutura adequada, racional e
tecnificada é o primeiro passo para que o viveirista tenha uma atividade eficiente e
economicamente viável.

CONCEITOS

Entende-se por viveiro a área onde são concentradas todas as atividades de produção
de mudas. Quanto ao tipo os viveiros podem ser classificados como: temporários,
permanente, cobertura alta, estufa e à pleno sol.
Entende-se como sementeira os canteiros de alta densidade de plântulas por m². Nas
sementeiras são utilizadas espécies que levam muito tempo para germinar ou possuem
sementes muito pequenas.

CUIDADOS NA INSTALAÇÃO DO VIVEIRO

Para a instalação do viveiro deve-se adotar alguns critérios quanto às características do


local:
a) Topografia: área deve apresentar uma declividade baixa (1 à 2%) para evitar o acúmulo
de água;
b) Drenagem: o solo deve apresentar uma boa drenagem para também evitar o acúmulo
de água e, assim, evitar a incidência de doenças;
c) Área não sujeita à ventos fortes e com boa exposição ao sol;
d) Área deve estar próxima à fonte de água de boa qualidade
Viveiros de mudas

Fontes: INTERNET

ETAPAS NA PRODUÇÃO DE MUDAS

A atividade de produção de mudas se subdivide nas seguintes etapas:


 Semeadura: consiste na colocação das sementes na sementeira, germinador ou
recipiente;
 Repicagem: é transferência das plântulas, com raízes nuas, da sementeira para o
recipiente no viveiro. A repicagem tem como vantagem a seleção de plântulas com a
mesma padronização e com facilidade no manejo. Alguns cuidados devem ser
tomados nessa etapa como: não dobrar a raiz principal, evitar a entrada de ar, fazer a
correta cobertura das mudas e utilização de recipientes apropriados, como por
exemplo, o uso de tubetes.
 Transplantio: é a transferência das mudas para o campo ou local definitivo (saquinhos,
tubetes, citropotes, bandejas etc).

SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS

O substrato é o material usado com a finalidade de servir de base para o


desenvolvimento de uma planta até sua transferência para o viveiro ou área de produção;
podendo ser compreendido não apenas como suporte físico, mas também como fonte de
nutrientes para a muda em formação.
Em linhas gerais um bom substrato apresenta as seguintes características:
a) É firme e denso o suficiente para manter a estrutura de propagação;
b) Não contrai ou expande com variação de umidade;
c) Retém água em quantidade suficiente;
d) É suficientemente poroso;
e) Estar livre de invasoras, nematóides ou patógenos;
f) Permite a esterilização à vapor.
RECIPIENTES

Após o peneiramento, mistura (adubo, matéria orgânica, etc.) e expurgo, o substrato


está pronto para o enchimento dos recipientes.

FUNÇÕES DOS RECIPIENTES

 Biológica: propiciar suporte de nutrição das mudas, proteger as raízes de danos


mecânicos e da desidratação, moldá-las em forma favorável para o desenvolvimento
das mudas, assim como maximizar a taxa de sobrevivência e o crescimento inicial após
o plantio.
 Operacional: facilitar o manuseio no viveiro e no plantio.

TIPOS DE RECIPIENTES
a) Tubetes de Plástico Rígido (Polipropileno)
É um recipiente levemente cônico, de seção circular ou quadrática. São providos de
frizos internos, eqüidistantes, com função de direcionar as raízes ao fundo do recipiente,
evitando o desenvolvimento em forma espiral. Os tubetes podem ser colocados em suportes
de isopor, plástico ou tela, denominados bandejas, dispostos pouco acima do nível do solo
formando os canteiros. Outra forma é a utilização de mesas com tampo de tela, em cujas
malhas os tubetes são encaixados, ou a própria bandeja é colocada sobre a mesa, ajustada em
canteiros.
As principais vantagens destes recipientes são:
 Reaproveitamento da embalagem após o uso;
 Menor diâmetro, ocupando menor área;
 Menor peso;
 Maior possibilidade de mecanização das operações de produção de mudas;
 Menor incidência de pragas e doenças;
 Propicia operações ergonométricas;
Desvantagens:
 Custo elevado de implantação.

b) Saco plástico de polietileno


Com este tipo de recipiente, a semeadura não pode ser mecanizada, devido à necessidade
das embalagens estarem em perfeito alinhamento nos canteiros. Os sacos devem ser providos
de furos na sua parte inferior, com a função de escoar o excesso de umidade e permitir o
arejamento. O enchimento pode ser manual, através de uma lata ou cano em formato cônico e
sem fundo, ou com o uso de moega metálica. As principais vantagens desse recipiente são:
 Baixo custo;
 Maior armazenamento de água pelo torrão contido no saquinho;
Desvantagens:
 Difícil decomposição, sendo necessário sua retirada antes do plantio;
 Dimensões inadequadas da embalagem, bem como períodos muito longos da muda no
viveiro podem ocasionar deformações no sistema radicular pelo enovelamento e
dobra da raiz pivotante;
 Utilização de grandes áreas no viveiro;
 Alto custo de transporte das mudas ao campo;
 Baixo rendimento na operação de plantio.

MANEJO

Também é importante destacar alguns pontos no correto manejo no viveiro de


produção de mudas:
a) Adubação de base: parte dos nutrientes é misturada diretamente no substrato, antes
do enchimento dos recipientes;
b) Adubação de cobertura: o complemento dos nutrientes é aplicado em várias doses, no
decorrer do desenvolvimento das mudas.
c) Irrigação: é muito comum a irrigação por micro aspersão utilizando em média 6 litros
de água/m² do viveiro por dia. Os níveis de irrigação são variáveis em função da época
do ano, recipientes, tipos de substratos, tipo de cultura, estádio de desenvolvimento
da cultura, entre outros;
d) Desbaste: em alguns casos é necessário o "raleamento" das plântulas, a fim de reduzir
a competição das plantas por luz, água e nutrientes;
e) Aclimatação: é realizada cerca de 15 dias antes do plantio. Consiste na retirada do
sombrite e diminuição da irrigação a fim de aumentar a chance de estabelecimento
das plantas no campo;
f) Seleção: as mudas no final da etapa de aclimatação, deverão passar por um processo
de seleção e padronização;
g) Expedição e transporte: fase final na produção de mudas em que deve-se usar um
veículo fechado para o transporte para evitar a exposição da muda ao sol e vento.

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