Você está na página 1de 64

Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”


Casa do Produtor Rural

Propagação de
Árvores Frutíferas
Simone Rodrigues da Silva
Katia Fernanda Dias Rodrigues
João Alexio Scarpare Filho
Casa do Produtor Rural - CPR
Av. Pádua Dias, 11 - Cx. Postal 9 • CEP 13418-900 - Piracicaba, SP
cprural@esalq.usp.br

Comissão de Cultura e Extensão Universitára


Prof. Dr. Rubens Angulo Filho Presidente
Prof. Dr. Luiz Gustavo Nussio Vice-presidente

Serviço de Cultura e Extensão Universitária


Maria de Fátima Durrer Chefe Administrativo

Coordenação Editorial Fabiana Marchi de Abreu


Marcela Matavelli

Foto Capa Profa. Dra. Simone Rodrigues da Silva


Capa José Adilson Milanêz
Editoração Eletrônica Maria Clarete Sarkis Hyppolito
Impressão ESALQ/USP - Serviço de Produções Gráficas
Tiragem 2000 exemplares • 1ª Impressão (2011)

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:


Casa do Produtor Rural
Av. Pádua Dias, 11 • Bairro Agronomia • Piracicaba, SP • 13418-900
Fone: (19) 3429-4178/ 3429-4200 • cprural@esalq.usp.br

Distribuição Gratuita • Proibida a Comercialização


Simone Rodrigues da Silva1
Katia Fernanda Dias Rodrigues2
João Alexio Scarpare Filho3

1
Professora Doutora - Departamento de Produção Vegetal - ESALQ/USP
2
Aluna de Graduação em Engenharia Agronômica - ESALQ/USP
3
Professor Associado - Departamento de Produção Vegetal - ESALQ/USP

Propagação de
Árvores Frutíferas
Piracicaba
2011
Agradecimentos
À Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária
Ao Programa Aprender com Cultura e Extensão
À Casa do Produtor Rural
Aos viveiristas José Mauro da Silva e João Mateus da Silva (Taquaritinga, SP)
À Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB)
Aos técnicos agrícolas Éder de Araújo Cintra e David Ulrich
À Rosangele Balloni Romeiro Gomes (MAPA)

Apoio
Fundo de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão da Pró-reitoria de Cultura e
Extensão Universitária
Índice
Introdução 07
Razões do uso da propagação 09
Métodos de propagação 10
Estaquia 10
Alporquia 13
Mergulhia 14
Enxertia 16
Micropropagação 21
Estruturas especializadas 22

Legislação e produção de mudas de


algumas espécies frutíferas 24
Goiabeira 27
Figueira 31
Lichieira 36
Porta-enxertos de macieira 40
Citros 45
Pessegueiro 50
Abacateiro 54
Coqueiro 58

Bibliografia consultada 61
Propagação de árvores frutíferas 07

Introdução
Para se perpetuarem, as espécies se Pelo ciclo assexuado também deno-
multiplicam. Os vegetais superiores minado vegetativo, a nova planta ge-
multiplicam-se naturalmente por duas rada é oriunda de estruturas vegeta-
vias: pelo ciclo sexuado e assexuado. tivas (propágulos) como brotos, e nes-
No ciclo sexuado, também denomi- se caso não ocorre recombinação ge-
nado de ciclo reprodutivo a multiplica- nética, ou seja, elas possuem a mes-
ção ocorre pela união do gameta mas- ma carga genética da planta matriz.
culino (grãos de pólen) com o gameta Essas novas plantas são denominadas
feminino (oosfera) gerando um em- clones, que são cópias perfeitas, ou
brião que está presente nas sementes. seja, geneticamente iguais à planta
Nesse processo há recombinação que lhe deu origem.
genética, ocorrendo variabilidade no Em fruticultura, que é uma atividade
genoma. Por essa razão, a nova plan- com enorme potencial de crescimen-
ta que se origina da germinação da to, o Brasil encontra-se em posição
semente é denominada indivíduo, pois privilegiada em decorrência da exten-
será geneticamente diferente da plan- são territorial, posição geográfica e
ta matriz. condições de clima e solos, que per-
08 Propagação de árvores frutíferas

mite a produção de uma grande diver- das mesmas em campo.


sidade de frutas, em diferentes regiões, Como cada espécie apresenta uma
o ano inteiro. particularidade, é necessário conhecer
Nesse aspecto, a produção de mu- suas formas de propagação e, assim,
das ou a multiplicação de plantas con- utilizar o melhor método para forma-
trolada pelo homem representa um dos ção das mudas.
requisitos de maior importância para o A produção de mudas de árvores fru-
sucesso econômico da implantação de tíferas pode ser realizada pelo uso de
um pomar. sementes, cujas plantas originárias
Como a maioria das espécies frutí- não serão idênticas. É bastante utili-
feras são plantas perenes, que produ- zada na produção de porta-enxertos de
zem por um longo período, é de suma algumas espécies, em árvores silves-
importância que as mudas sejam de tres que ainda não possuem cultiva-
qualidade, pois terão influência direta res melhoradas e em algumas frutei-
na produtividade e rentabilidade do ras que apresentam vantagens na pro-
empreendimento agrícola. dução de mudas como maracujazeiro,
Diversas técnicas são utilizadas na mamoeiro e coqueiro.
produção de mudas de árvores frutí- Porém, os métodos mais adequa-
feras. O desenvolvimento dessas téc- dos para se produzir mudas de plan-
nicas permite que as mudas sejam tas frutíferas são os propagativos,
obtidas com as mesmas caracterís- pois eles garantem à nova planta as
ticas da planta que se deseja multi- características desejáveis da planta
plicar, o que garante a uniformidade matriz.
Propagação de árvores frutíferas 09

Razões do uso da propagação


A propagação deve ser utilizada plantas adultas;
para: • Produção de mudas de espécies em
• Manter as características da varie- que a propagação é o único meio
dade que se deseja propagar, como de multiplicação. Como exemplo,
produção e qualidade dos frutos e temos a bananeira, cujo método de
homogeneidade entre as plantas; propagação é por meio de rizomas.
• Multiplicar em larga escala uma úni- Outras espécies como a lima ácida
ca planta, selecionada como plan- tahiti, laranja-de-umbigo e figueira
ta matriz; também dependem de alguma téc-
• Combinar duas espécies para for- nica de propagação, pois as se-
mar uma só planta, pelo uso do mé- mentes que produzem não são viá-
todo de enxertia; veis;
• Produção precoce de frutos por evi- • Multiplicar espécies em que a pro-
tar a fase juvenil da planta, deven- pagação é mais fácil, rápida e eco-
do-se selecionar propágulos de nômica.
10 Propagação de árvores frutíferas

Métodos de propagação
Os principais métodos de propaga- a cultura, principalmente adubação e
ção, que proporcionam a clonagem de irrigação.
plantas com características desejáveis A seleção adequada do material
são: estaquia, alporquia, mergulhia, vegetativo que será retirado da planta
enxertia e estruturas especializadas. O matriz, o substrato, a disponibilidade
que vai definir a escolha de um ou ou- de água e as condições apropriadas
tro método será a adaptação e facili- de luz, aeração, temperatura e umida-
dade de formação de mudas em cada de são elementos fundamentais para
espécie. o sucesso de qualquer método de pro-
Um dos principais fatores para o su- pagação que se deseja utilizar.
cesso na produção de mudas, por meio
da propagação, é a escolha da planta Estaquia
matriz que deve ser representativa da A estaquia é um método de propa-
variedade, ter boa sanidade, ou seja, gação simples que consiste na retira-
sem pragas e doenças, ser produtiva da e utilização de partes da planta
e esteja sendo conduzida com todos matriz que deseja-se propagar. Esse
os tratos culturais recomendados para método consiste na capacidade de re-
Propagação de árvores frutíferas 11

generação dos tecidos da estaca e cial, a gema. Com exceção de algu-


emissão de raízes adventícias e mas espécies como figo da índia e
brotações. Pode ser utilizada na pro- framboesa, as estacas de folhas e de
dução direta de mudas ou para a pro- raízes, não são utilizadas na produção
dução de porta-enxertos. comercial de mudas de espécies frutí-
As estacas, ou seja, partes da plan- feras (Figura 1).
ta podem ser obtidas de órgãos aéreos São diversos os fatores que afetam
ou subterrâneos, tais como, folhas, ra- o enraizamento das estacas de ramos,
mos e raízes. tais como: condições fisiológicas da
planta matriz, juvenilidade, condições
Tip os d e Esta ca s do ambiente de enraizamento, posição
A preferência por um ou outro tipo e graus de lignificação dos ramos.
de estaca irá depender da espécie, da Quanto ao grau de lignificação,
facilidade de enraizamento e da pode-se classificar as estacas de ra-
infraestrutura do local. mos em herbáceas, semilenhosas ou
Em fruticultura, as estacas de ramos lenhosas (Figura 2).
com pelo menos uma gema, são as As estacas herbáceas são aquelas
mais utilizadas, pois precisam apenas cujos tecidos não estão lignificados, ou
formar novas raízes adventícias visto seja, estão com tecidos tenros e de
que já possuem um ramo em poten- coloração verde. São retiradas da parte
arte: Katia F.D. Rodrigues (ESALQ/USP)

Estaca de folha Estaca de folha com broto e raiz

Estaca de ramo Estaca de ramo com broto e raiz

Estaca de raiz Estaca de raiz com broto e novas raízes

Figura 1 - Tipos de estacas


12 Propagação de árvores frutíferas

apical dos ramos no período de prima- mantidas, assim como as estacas her-
vera/verão, épocas em que ocorrem os báceas, em ambiente com umidade
fluxos de crescimento vegetativo. relativa alta para reduzir a perda de
Como é um material sensível à desi- água pelas folhas. É bastante utiliza-
dratação, a coleta deve ser feita prefe- da na propagação de algumas espéci-
rencialmente pela manhã. As folhas es tropicais e subtropicais.
(inteiras ou pela metade) devem ser As fruteiras que perdem as folhas no
mantidas. A função da manutenção outono (caducifólias), como figo e uva,
das folhas é a continuação do proces- por exemplo, apresentam seus ramos
so fotossintético que fornecerá fo- lenhosos com boa capacidade de
toassimilados tanto para a manutenção enraizamento. As estacas são obtidas
da estaca, quanto para a formação das de ramos lenhosos, bastante lignifica-
raízes. A utilização de estacas herbá- dos, sem folhas, com idade superior a
ceas é muito utilizada na produção de um ano, sendo coletadas geralmente
mudas de goiabeira. no período de dormência da planta (in-
Estacas semilenhosas são obtidas verno). A propagação com esse tipo de
de ramos parcialmente lignificados, estaca é mais fácil e mais barata, pois
após o mesmo ter completado seu são mais resistentes e não exigem
crescimento. Para enraizar, essas es- ambiente com controle de temperatu-
tacas ainda com folhas, devem ser ra e umidade.
Simone R. da Silva (ESALQ/LPV)

LENHOSO

HERBÁCEO

SEMILENHOSO

Figura 2 - Graus de lignificação de ramos de seriguela


Propagação de árvores frutíferas 13

Após a coleta das estacas da planta instalações com sistema de


matriz, faz-se o preparo das mesmas, co- nebulização intermitente, que permite
locando-as para enraizar em substrato a emissão de pequenas gotículas de
adequado que possua boa capacidade água, de tempo em tempo, mantendo
de retenção de água, drenagem satisfa- a superfície das folhas molhadas. No
tória e esteja livre de patógenos de solo, caso de estacas lenhosas, essas ins-
planta daninha e nematóide. Um dos talações não são necessárias, poden-
principais substratos utilizados para o do ser colocadas em canteiros de areia
enraizamento de estacas é a vermiculita. ou saquinhos contendo substrato com no
Nessa etapa é importante garantir máximo uma tela de sombreamento para
que o substrato esteja bem aderido à evitar os efeitos do excesso de radiação
estaca. Então se faz uma leve compac- solar e chuva (Figura 3 a, b, c).
tação do substrato ao redor das esta-
cas, para evitar a permanência de Alporquia
bolsões de ar, que impeçam a aeração A alporquia é um método de pro-
na base das mesmas. pagação em que se faz o enraiza-
É importante lembrar que para algu- mento de um ramo ainda ligado à
mas espécies frutíferas o uso de regula- planta matriz (parte aérea), que só é
dores vegetais auxilia no enraizamento, destacado da mesma após o enrai-
principalmente os produtos com ação zamento.
auxínica comercializados no mercado O método consiste em selecionar um
com os nomes de ácido indolbutírico ramo da planta, de preferência com um
(AIB) e ácido naftalenoacético (ANA). Por ano de idade e diâmetro médio. Nes-
apresentarem difícil diluição em água, se ramo, escolhe-se a região sem
esses produtos podem ser dissolvidos brotação e faz-se um anelamento, de
em solução alcoólica ou hidróxido de po- aproximadamente dois centímetros,
tássio para serem aplicados na forma lí- retirando toda a casca (floema) e ex-
quida ou misturados em talco para se- pondo o lenho. Depois disso, deve-se
rem aplicados em pó. cobrir o local exposto com substrato
Depois de prontas, as estacas são umedecido, a base de fibra de coco e
levadas para ambientes propícios ao envolvê-lo com plástico, cuja finalida-
enraizamento. de é evitar a perda de água, amarran-
do bem as extremidades com um bar-
A m b iente pa ra enraiza m ento bante, ficando com o aspecto de um
Devido à evapotranspiração, estacas bombom embrulhado. Os fotoassimi-
semilenhosas e herbáceas requerem lados elaborados pelas folhas e as
14 Propagação de árvores frutíferas
Simone R. da Silva (ESALQ/LPV)

a b

Figura 3 - Nebulizador com alta umidade relativa (a); canteiros de areia com estacas lenhosas (b e c)

auxinas pelos ápices caulinares des- raízes e a brotação da parte aérea.


locam-se pelo floema e concentram-se Quando isso ocorrer, as mudas esta-
acima do anelamento, promovendo a rão prontas para serem plantadas no
formação das raízes adventícias nes- campo.
se local. Recomenda-se que a alpor- A alporquia é utilizada na propaga-
quia seja feita de preferência na épo- ção de muitas espécies frutíferas, e um
ca em que as plantas estejam em ple- exemplo do sucesso do método ocor-
na atividade vegetativa, após a colhei- re na cultura da lichia.
ta dos frutos, com o alporque mantido
sempre úmido.
A separação do ramo que sofreu Mergulhia
alporquia da planta matriz, depende da A mergulhia é um método de pro-
espécie e da época do ano em que foi pagação semelhante à alporquia. A
feito o alporque. Após a separação, o única diferença é que na mergu-
ramo enraizado é colocado num saco lhia, o enraizamento do ramo ain-
plástico contendo substrato e mantido da ligado à planta matriz ocorre no
à meia sombra até a estabilização das solo (Figura 4).
Propagação de árvores frutíferas 15
Simone R. da Silva (ESALQ/LPV)

Figura 4 - Mergulhia natural em cajueiro/ Natal-RN

Assim como ocorre no processo de pre o risco de contaminação das no-


alporquia, na mergulhia a planta a ser vas plantas por doenças e/ou pragas.
formada fica unida a planta matriz até o A mergulhia é um método bastante
enraizamento. A mergulhia é feita no solo, utilizado na obtenção de porta-enxer-
vaso ou canteiros, quando os ramos das tos de macieira, pereira e marmeleiro.
espécies são flexíveis e de fácil manejo.
O método de mergulhia consiste em Tipos de mergulhia
enterrar partes de uma planta, como Há vários tipos de mergulhia, mas
ramos, por exemplo, com o objetivo de em fruticultura utiliza-se principalmen-
que ocorra o enraizamento na região te a mergulhia de cepa, também cha-
coberta. É um processo usado na ob- mada de amontoa.
tenção de plantas que dificilmente se
propagariam por outros métodos. Mergulhia de cepa
O enraizamento ocorre devido ao A mergulhia de cepa é muito utilizada na
acúmulo de auxinas (hormônios produção de porta-enxertos de macieira.
endógenos) pela ausência de luz na Inicialmente faz-se uma poda drástica da
região enterrada ou coberta, que pro- planta matriz do porta-enxerto, deixando
move a formação das raízes adventí- somente uma pequena parte do tronco,
cias e também pelo aproveitamento do chamada de cepa. Essa poda irá favorecer
fornecimento contínuo de água e nu- a emissão de inúmeras brotações jovens a
trientes da planta matriz. partir da cepa. Após o desenvolvimento des-
É muito importante que o local para sas brotações, realiza-se a amontoa com
a realização da mergulhia esteja isen- terra, cobrindo a parte inferior das mesmas.
to de patógenos, pois como é utilizado Será nessa região enterrada que irá ocor-
o solo para o enraizamento, há sem- rer o enraizamento de cada brotação indi-
16 Propagação de árvores frutíferas

vidualmente. plantas adultas (sobreenxertia) ou


Após o enraizamento, cada brotação substituir o porta-enxerto (subenxertia).
será destacada da planta matriz, forman- O sucesso da cicatrização entre as
do um novo porta-enxerto. A planta ma- partes após a prática da enxertia de-
triz do porta-enxerto será novamente penderá da espécie que se estará tra-
podada drasticamente para iniciar um balhando; da habilidade do enxertador;
novo ciclo de produção, podendo ser uti- da atividade fisiológica do enxerto e do
lizada por muitos anos, dependendo de porta-enxerto; das condições a que as
como as plantas são cuidadas. plantas serão submetidas durante e
após a enxertia; dos problemas de pra-
gas e doenças e da incompatibilidade
Enxertia que possa ocorrer entre as partes.
A enxertia é um método de propa- É importante destacar também que
gação que consiste em unir partes de existem alguns limites na enxertia re-
plantas, de tal maneira, que conti- lacionados à combinação copa e por-
nuem seu crescimento como uma só ta-enxerto. A maior facilidade da enxer-
planta. A parte superior que formará tia ocorre entre plantas de um mesmo
a copa da nova planta recebe o nome clone, aumentando o grau de dificul-
de enxerto ou cavaleiro e a parte inferior dade à medida que se enxertam dife-
que formará o sistema radicular recebe rentes cultivares da mesma espécie, di-
o nome de porta-enxerto ou cavalo. ferentes espécies e diferentes gêneros.
Cada uma das partes possui suas O sucesso da enxertia intergenérica (en-
características próprias. O porta-enxer- tre gêneros) é bastante limitado, sendo
to tem a função de dar suporte mecâ- conhecidos alguns casos como o de pe-
nico à planta, retirar água e nutrientes reira sobre marmeleiro, por exemplo. Em
do solo, e em muitos casos beneficiar fruticultura não se conhece sucesso de
a copa pela resistência a pragas e enxertia entre plantas de famílias botâ-
doenças de solo, seca ou a solos nicas diferentes.
encharcados. O enxerto ou copa é res- Para o sucesso da enxertia, seja
ponsável pela fotossíntese que irá ali- qual for o tipo utilizado, é necessá-
mentar toda a planta para a produção. rio que os tecidos meristemáticos
(câmbios) tanto do enxerto como do
A enxertia deve ser realizada para
porta-enxerto fiquem em contato.
propagar espécies que não podem ser Por esta razão, deve-se sempre co-
facilmente multiplicadas por outros incidir a casca do enxerto com a
métodos, para obter benefícios do por- casca do porta-enxerto, em pelo me-
nos um dos lados.
ta-enxerto, mudar a cultivar copa em
Propagação de árvores frutíferas 17

Tipos de enxertia e o “escudo” refere-se ao formato des-


São três os tipos de enxertia: borbu- sa gema). O corte em “T” no porta-en-
lhia, garfagem e encostia. No primeiro xerto é feito abrindo uma incisão trans-
caso, o enxerto é uma borbulha, ou versal e outra longitudinal, onde será
gema; no segundo, um pedaço de ramo inserida a borbulha. A borbulha é um
ou garfo destacado da planta matriz fragmento de forma triangular, retira-
com uma ou mais gemas e no tercei- da da planta matriz após o corte do
ro, a união de duas plantas inteiras. ramo que a contém, também chamado
de ramo porta-borbulha. Esse fragmen-
Borbulhia to deve ter dimensões proporcionais ao
A borbulhia consiste na justaposição corte em “T” efetuado no porta-enxerto.
de uma única gema sobre um porta- Com a ponta do canivete de enxertia,
enxerto enraizado. Embora haja vári- abre-se a região da casca abrangida
os tipos de borbulhia, serão descritas pelas incisões, levantando-a para in-
as formas em “T” normal, “T” inverti- serção da borbulha que é introduzida
do, placa ou janela aberta e janela fe- com a gema voltada para o lado exter-
chada. Cada denominação varia em no. Em seguida, deve-se amarrá-la de
função do tipo de corte efetuado e na cima para baixo, com o auxílio de um
forma de fixação das gemas (borbu- fitilho plástico ou fita biodegradável.
lhas) no porta-enxerto (Figura 5). Toda essa operação deve ser rápi-
As borbulhias em “escudo” e em da, para que não ocorra resseca-
“T” referem-se a uma mesma técnica mento das regiões de união dos teci-
(“T” designa a aparência do corte no dos ou cicatrização dos cortes antes
cavalo, onde a gema será introduzida, que ela seja finalizada.
arte: Katia F.D. Rodrigues (ESALQ/USP)

a c

b d

Figura 5 - Borbulhia “T” normal (a); Borbulhia “T” invertido (b); Borbulhia em placa ou janela aberta
(c); Borbulhia janela fechada (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002)
18 Propagação de árvores frutíferas
O “T” invertido é muito parecido, ape- posta, pois ela é muito sensível e pode
nas o sentido do corte que o difere do se quebrar.
anterior, sendo o corte horizontal feito Na borbulhia tipo janela fechada, o
na extremidade inferior do corte per- corte da copa deve permitir a abertura
pendicular do porta-enxerto. O escu- da casca em duas partes, como as fo-
do retirado da planta matriz agora tem lhas de um portão, que serão fecha-
sua base invertida. O objetivo da va- das sobre a borbulha após sua inser-
riação na técnica é evitar a infiltração ção. Duas incisões transversais e para-
de água na região da enxertia. É im- lelas são feitas no porta-enxerto, e um
portante observar que a posição da bor- corte perpendicular une as duas pelo
bulha não muda. A amarração do escu- ponto central de seu comprimento. Le-
do deve iniciar-se de baixo para cima no vanta-se a casca entre os cortes e a bor-
porta-enxerto. A facilidade operacional é bulha retangular semelhante à janela
maior, além de impedir o acúmulo de aberta é introduzida, ficando em estreito
água nos cortes, por isso é o tipo mais contato com os tecidos internos do cau-
utilizado quando comparado ao corte em le. A casca deve ser fechada contra o es-
“T” normal. O “T” invertido é amplamen- cudo e amarrada com fitilho plástico, au-
te utilizado por viveiristas, principalmen- mentando o contato entre os tecidos.
te os produtores de mudas de citros.
Na produção de mudas de pesse- Garfagem
gueiro pode-se utilizar o método de Garfagem é um método de enxertia
borbulhia por janela aberta ou placa, que consiste na retirada e transferên-
onde a gema é retirada da variedade cia de um pedaço de ramo da planta
copa com um segmento retangular e matriz (copa), também denominado gar-
encaixada num porta-enxerto previa- fo, que contenha uma ou mais gemas
mente preparado com a mesma aber- para outra planta que é o porta-enxerto.
tura. São feitos dois cortes perpendi- Embora haja várias denominações,
culares paralelos e outros dois trans- os tipos mais comuns de garfagem
versais, formando um retângulo. O pe- são: meia-fenda, fenda cheia; fenda
daço da casca é retirado, com o auxí- dupla, fenda lateral, inglês simples e
lio de um canivete. Toma-se o cuidado inglês complicado (Figura 6).
para que os dois retângulos sejam de Na garfagem em meia fenda, o gar-
tamanhos bem próximos. Depois o es- fo é cortado em bisel duplo. O porta-
cudo encaixado é amarrado com fitilho enxerto é cortado transversalmente,
plástico ou fita biodegradável, sempre fazendo-se, em seguida, uma incisão
deixando a gema do pessegueiro ex- igual a largura do bisel. Aprofunda-se
Propagação de árvores frutíferas 19
arte: Katia F.D. Rodrigues (ESALQ/USP)
a b

c d

Figura 6 - Garfagem fenda cheia (a); Garfagem meia fenda (b); Garfagem
inglês simples (c); Garfagem inglês complicado (d). Fonte:
Adaptado de Hartmann et al. (2002)

a incisão para baixo, por meio de mo- fo coincidam por completo com o diâ-
vimentos com o canivete de enxertia, metro do porta-enxerto.
então introduz-se o garfo na fenda, de Para a prática da enxertia por inglês
tal modo que as camadas das duas simples é necessário que o garfo e o
partes fiquem em contato em pelo me- porta-enxerto tenham o mesmo diâme-
nos um dos lados. Esse tipo de garfagem tro. Corta-se o porta-enxerto a uma altu-
é utilizado quando os garfos são de diâ- ra conveniente do solo, talhando-o em
metros diferentes do porta-enxerto, sen- um bisel simples enquanto o garfo tam-
do necessário que pelo menos um dos bém é cortado em bisel, exatamente para
lados esteja em contato com os tecidos encaixar no porta-enxerto, a fim de que
para que ocorra o processo de cicatriza- possam coincidir em toda sua extensão.
ção e sobrevivência do enxerto. A garfagem por inglês complicado é
Já na garfagem em fenda cheia, a realizada como no caso anterior, mas
obtenção do garfo é idêntica ao caso com um encaixe mais perfeito. Colo-
anterior. O porta-enxerto é cortado ca-se a lâmina do canivete um pouco
transversalmente à altura desejada, acima do meio do bisel do porta-en-
praticando-se em seguida uma fenda xerto e, a partir deste ponto, em senti-
cheia, do mesmo tamanho do garfo do longitudinal e paralelo ao eixo, fen-
que será introduzido nessa fenda, de de-se o próprio cavalo, até que a fen-
maneira que os dois lados desse gar- da atinja o nível da base do seu bisel.
20 Propagação de árvores frutíferas
Faz-se o mesmo no bisel do enxerto. xerto deve ser transportado em um reci-
Então encaixa-se o garfo no porta-en- piente até a planta que se quer propa-
xerto, tomando o cuidado de fazer com gar sendo geralmente colocado na altu-
que as cascas de ambos se coincidam. ra da copa, através da utilização de su-
Os instrumentos utilizados para a portes de madeira que o sustentarão.
prática da garfagem são tesoura de Corta-se uma porção do ramo de
poda e canivete. cada uma das plantas, de mesma di-
Após a realização da garfagem, é mensão, e encostam-se as partes cor-
importante amarrar bem forte o garfo tadas, amarrando-as em seguida com
no porta-enxerto para manter as partes fita plástica para haver união dos teci-
perfeitamente unidas. Depois, cobre-se dos. O enxerto é representado por um
o enxerto com um saquinho plástico, os ramo da planta matriz, sem dela se
mesmos utilizados para sorvetes, para desligar até que ocorra a soldadura ao
evitar que ocorra perda ou infiltração de porta-enxerto. Após 30-60 dias, haven-
água na região de enxertia. do a união dos tecidos, faz-se o des-
Quando iniciar a brotação do enxer- ligamento da nova planta, cortando-se
to, retira-se o saquinho plástico o que acima do ponto de união do porta-en-
deve ocorrer por volta de 30 dias, de- xerto. Nessa fase, retira-se o fitilho plás-
pendendo da espécie. Já o fitilho plás- tico que estava amarrado e destaca-se
tico será retirado após 60 dias, para o ramo da planta original, formando uma
garantir a união das partes enxertadas. nova copa. Tem-se, assim, a muda,
Então é só esperar o desenvolvimento constituída de copa e porta-enxerto.
da brotação para que as mudas pos- A primavera é a estação mais ade-
sam ser plantadas em campo. quada para a prática da encostia e as
que são realizadas no outono desen-
Encostia volvem-se muito lentamente.
A encostia é um método de enxertia
arte: Katia F.D. Rodrigues (ESALQ/USP)

usado para árvores frutíferas que dificil-


mente se propagam por outros métodos.
Em resumo é uma técnica que con-
siste na junção de duas plantas inteiras,
que são mantidas dessa forma até a
união dos tecidos (Figura 7). Após essa
união, uma será utilizada somente como
porta-enxerto e a outra como copa.
Figura 7 - Enxertia por encostia. Fonte: Adap-
Para fazer essa enxertia, o porta-en- tado de Hartmann et al. (2002)
Propagação de árvores frutíferas 21
Incompatibilidade entre copa e ções ambientais desfavoráveis, tais
porta-enxerto como falta de água ou nutrientes, ata-
A compatibilidade pode ser definida ques de pragas, doenças ou inclusive,
como a capacidade que duas plantas ou enxertia mal sucedida.
parte de plantas enxertadas possuem de
se desenvolverem satisfatoriamente Micropropagação
como se fossem uma única planta. A propagação “in vitro” ou micropro-
Já a incompatibilidade pode ocorrer pagação, consiste na aplicação da téc-
devido a diferenças fisiológicas, bioquí- nica de cultura de tecidos para a pro-
micas e anatômicas entre as plantas dução de plantas idênticas a planta
que podem ser favoráveis ou desfavo- matriz. Este tipo de propagação per-
ráveis à união do enxerto. mite produzir mudas com alta qualida-
Os problemas de incompatibilidade de genética e fitossanitária.
ocorrem principalmente em função da É feita em laboratórios a partir de
enxertia entre espécies de diferentes pedaços de tecido vegetal. Estes frag-
famílias e gêneros. mentos retirados de vegetais são cha-
Os principais sintomas associados mados de explantes e multiplicados
à incompatibilidade de enxertia são: em meio artificial (sem solo), o qual
• expansão da união do enxerto quan- fornece nutrientes e outras substân-
do ocorre o super crescimento do diâ- cias necessárias à multiplicação e re-
metro do tronco acima ou abaixo do generação de novas plantas. A base
ponto de enxertia; para o cultivo de pequenas partes de
• quebra ou ruptura do enxerto na ocor- plantas só é possível pela proprieda-
rência de ventos fortes ou até mes- de da totipotência, que é a capacida-
mo quando a produção de frutos na de que toda célula vegetal tem de re-
planta for muito grande; generar uma planta completa, a par-
• morte prematura da planta; tir de informações genéticas contidas
• amarelecimento e queda prematura na mesma.
das folhas no outono; As técnicas de propagação “in vitro”
• aparecimento de uma linha escura na permitem multiplicar vegetativamente
região da enxertia pela morte dos te- espécies de difícil propagação pelos
cidos. métodos convencionais. Além disso,
A presença de um ou mais desses permite a produção de um grande nú-
sintomas não significa necessariamen- mero de plantas a partir de um explante
te, que a combinação seja incompatí- em menor tempo que os métodos tra-
vel. Podem ser resultantes de condi- dicionais de propagação.
22 Propagação de árvores frutíferas

Possibilitam também, a produção lizadas podem ser utilizadas na produ-


de mudas livres de patógenos causa- ção de mudas. Em espécies frutíferas,
dores de doenças que pelos métodos as principais estruturas são estolões,
convencionais de propagação, podem rebentos e rizomas que são úteis na
ser transmitidos pelas mudas. propagação de algumas espécies,
Entre as fruteiras tropicais multipli- como, por exemplo, o morangueiro, a
cadas pela cultura de tecidos desta- bananeira, o abacaxizeiro, a framboe-
cam-se as culturas do abacaxizeiro e seira e a amoreira-preta.
da bananeira que estão sendo produ- Os estolões são definidos como cau-
zidas em maior escala por algumas les aéreos especializados, muito co-
empresas do setor (Figura 8). muns na propagação do morangueiro;
já os rizomas são caules subterrâne-
Estruturas especializadas os que possuem gemas para formação
Algumas espécies possuem proces- de novas brotações, as quais origina-
sos naturais de propagação por meio rão novos pseudocaules e passarão a
de estruturas especializadas. Essas ter o seu próprio sistema radicular. É o
estruturas são caules, folhas ou raízes principal método de multiplicação das
modificadas que além de funcionarem bananeiras.
como órgãos de reserva de alimentos As mudas de bananeira são obtidas
podem também ser utilizadas na pro- a partir do desenvolvimento das gemas
pagação. Em condições adversas são do rizoma. A denominação das mudas
esses órgãos que possibilitam a sobre- é dada de acordo com o desenvolvi-
vivência das plantas. mento e peso do rizoma. As mudas
Vários tipos de estruturas especia- obtidas de rizoma inteiro são denomi-
João A. Scarpare Filho (ESALQ/LPV)

Figura 8 - Mudas de bananeira micropropagadas


Propagação de árvores frutíferas 23

nadas popularmente de: ra 9 a, b, c).


• Chifrinho – apresentam de 20 a 30 Essas mudas podem ser obtidas
cm de altura e têm unicamente fo- diretamente do bananal, tomando o
lhas lanceoladas (em forma de lan- cuidado de selecioná-las de plantas
ça) com até 1,5 kg; vigorosas, que represente a varieda-
• Chifre – apresentam de 50 a 60 cm de a ser propagada, esteja isenta do
de altura e folhas lanceoladas, com ataque de pragas e doenças e com
peso variando de 1,5 a 2,5 kg; idade que não seja superior a quatro
• Chifrão: apresentam de 60 a 150 cm anos.
de altura, com uma mistura de fo- Embora a propagação por rizomas
lhas lanceoladas e folhas caracte- seja muito utilizada, nos últimos anos
rísticas de planta adulta, com peso tem crescido muito a produção de
superior a 2,5 kg. mudas de bananeira utilizando a téc-
As mudas também podem ser ob- nica de cultura de tecidos, ou mi-
tidas de pedaços de rizomas com cropropagação, como visto anterior-
peso variando de 0,4 a 1,2 kg (Figu- mente.
João A. Scarpare Filho (ESALQ/LPV)

a b

Figura 9 - Mudas do tipo chifrão, chifre e chifrinho com folhas (a), sem folhas (b); Pedaços de
rizoma (c)
24 Propagação de árvores frutíferas

Legislação e produção de mudas


de algumas espécies frutíferas
A qualidade da muda é um dos itens gente, que no caso é regida pela Lei
de maior importância a ser considera- 10.711/2003 – de sementes e mudas,
do no momento da implantação de um o Decreto 5153/2004 que regulamen-
pomar. ta essa Lei e as Instruções Normativas
Na produção de mudas com boa nº9/2005, nº24/2005, nº 42/2009, nº02/
qualidade é preciso levar em conside- 2010 que estabelece normas para pro-
ração alguns aspectos importantes, dução, comercialização e utilização de
tais como a legislação de sementes e sementes e mudas e outras normas
mudas em vigor, a procedência do ma- específicas.
terial de propagação utilizado para a for- Pela legislação, pessoas físicas e
mação da muda, a sanidade e as técni- jurídicas que exerçam as atividades de
cas de manejo com que é produzida, produção, beneficiamento, embala-
antes do plantio definitivo no pomar. gem, armazenamento, análise, comér-
É de suma importância que o produ- cio, importação e exportação de se-
tor de mudas atenda a legislação vi- mentes e mudas estão obrigadas à ins-
Propagação de árvores frutíferas 25

crição no RENASEM (Registro Nacio- dastro no MAPA, o cadastro na Coorde-


nal de Sementes e Mudas). Essa ins- nadoria de Defesa Agropecuária da
crição é de competência do MAPA (Mi- Secretaria de Agricultura e Abasteci-
nistério da Agricultura, Pecuária e mento do Estado de São Paulo (CDA-
Abastecimento) e executada junto à SAA/SP), devido à delegação de com-
Superintendência Federal da Agricul- petência, para exercer a fiscalização
tura, Pecuária e Abastecimento no fitossanitária das mesmas e na emissão
Estado de São Paulo, órgão fiscaliza- de Guias de Permissão de Trânsito Ve-
dor da produção. É obrigatória a figu- getal (PTV) que permitem a comercia-
ra de um responsável técnico pelas lização dentro e fora do Estado.
atividades que também deve ser A legislação federal citada contém
credenciado junto ao MAPA. todas as informações sobre como as
O produtor de mudas deve produzir mudas devem ser produzidas em ter-
espécies e cultivares que estejam ins- mos de obtenção de material genéti-
critas junto ao Registro Nacional de co, estrutura de produção, comercia-
Cultivares (RNC), cadastro este que lização, transporte, penalidades, proi-
está disponibilizado no endereço ele- bições e sobre a necessidade do pro-
trônico do MAPA (www.agricultura. dutor de mudas em atender às exigên-
gov.br). Esse cadastro de cultivares cias fitossanitárias.
permite organizar e abastecer o merca- Como seria impossível descrever a
do consumidor de materiais diferencia- produção de mudas de todas as espé-
dos, com características de boa produti- cies frutíferas, foram selecionadas al-
vidade comprovadas pela pesquisa. gumas em específico, como as cultu-
Exclusivamente para o Estado de ras da goiabeira, figueira, lichieira, por-
São Paulo, todas as atividades que ta-enxertos de macieira, citros, pesse-
estejam envolvidas na produção de gueiro, abacateiro e coqueiro para se-
mudas cítricas requerem, além do ca- rem exemplificadas.
Propagação de árvores frutíferas 27

Goiabeira
A goiabeira (Psidium guajava L.) per- Para se propagar uma planta de goia-
tencente à família Myrtaceae é origi- beira, o método mais utilizado é a estaquia.
nária da América Tropical, possivel- O roteiro a ser seguido para a pro-
mente entre o México e o Peru, onde dução dessas mudas inicia-se com a
ainda pode ser encontrada em estado escolha da planta matriz (Figura 10 a).
silvestre. Pela sua capacidade de disper- O produtor deve optar por uma planta
são e rápida adaptação a diferentes am- que represente a variedade que ele
bientes, pode ser encontrada hoje tanto quer propagar, por exemplo, goiaba de
em áreas tropicais como subtropicais. polpa vermelha ou de polpa branca.
No Brasil, o estado de São Paulo Além disso, esta planta deve estar livre
destaca-se como principal produtor de pragas e doenças, ser produtiva, os
com a produção ocorrendo o ano todo, frutos devem apresentar boa qualidade
pelo uso da irrigação, poda, adubação e as plantas devem estar bem nutridas e
e variedades que possibilitam a produ- não apresentar déficit hídrico.
ção de frutos com dupla aptidão, tanto Escolhida a planta matriz, os ramos a
para indústria como para o mercado de serem coletados serão os situados na
fruta fresca. porção mediana da copa, ainda herbá-
28 Propagação de árvores frutíferas

ceos, de coloração verde, sem sinais visí- das estacas pode variar de acordo com
veis de lignificação. A coleta dos ra- as espécies e/ou cultivares, dependen-
mos, com tesoura de poda deve ser do da cultivar que esteja propagando, o
realizada preferencialmente nas pri- viveirista poderá utilizar ou não regula-
meiras horas do dia, quando a tempe- dores vegetais, ou seja, produtos com
ratura está mais amena, para evitar a ação auxínica que favoreçam o enraiza-
perda de água. mento, tais como AIB (ácido indolbu-
Então se inicia a etapa de prepara- tírico), ANA (ácido naftalenoacético), en-
ção das estacas (Figura 10 b, c, d, e). tre outros.
Geralmente utiliza-se a porção termi- A última etapa é a colocação das es-
nal dos ramos, desprezando a muito tacas numa câmara de nebulização in-
flexível, deixando as estacas com dois termitente, que permite a emissão de
a três pares de folhas (2 a 3 nós) e pequenas gotículas de água no ambien-
cerca de 15 cm de comprimento. No te, de tempo em tempo, mantendo a su-
ápice, deve-se manter um par de fo- perfície das folhas molhadas. Esse am-
lhas, totalmente expandidas, e, na biente é propício ao enraizamento, pois
base, deve ser feito um corte em bisel, evita a desidratação e o encharcamento
de forma a evitar desidratação e das estacas (Figura 10 g).
ressecamento dos tecidos. O restante Após um período de aproximada-
das folhas deverá ser retirado. Após o mente 60-90 dias, dependendo da épo-
preparo, as estacas deverão ser colo- ca do ano, as estacas devem ser reti-
cadas em recipientes, que podem ser radas do nebulizador. As enraizadas
bandejas de plástico cheias de (Figura 10 h) deverão ser transplanta-
substrato (Figura 10 f). A vermiculita, das para sacos plásticos com 2 a 3 li-
de textura média é considerada um tros de volume em ambiente coberto
excelente material por suas caracterís- por uma tela de sombrite (Figura 10 i).
ticas de manter a estaca na mesma Utiliza-se como substrato uma mistu-
posição e lugar durante o período de ra proporcional de solo, areia e maté-
enraizamento; fornecer umidade e ria orgânica. As mudas irão se desen-
aeração suficientes à base da estaca, volver e quando estiverem com 40-50
apresentar boa capacidade de retenção cm de altura, poderão ser plantadas no
de água, possuir drenagem satisfatória campo (Figura 10 j, k). A Figura 10 l
e ser livre de patógenos. Nessa fase é mostra uma planta adulta originária de
importante que a estaca não seja colo- muda produzida por estaquia.
cada em posição invertida. Para que o viveirista obtenha esta-
Como a capacidade de enraizamento cas de ramos o ano inteiro para a pro-
Propagação de árvores frutíferas 29

dução das mudas, é importante que o po em tempo, pois só assim obterá os


lote de plantas matrizes seja irrigado ramos herbáceos apropriados para o
e que a poda seja escalonada, de tem- enraizamento.

a b c
Viveiro José Mauro da Silva e João Mateus da Silva/Taquaritinga-SP

d e f

g h i

j k l

Figura 10 - Planta matriz (a); Preparo da estaca (b, c, d); Estaca pronta (e); Estacas colocadas em vermiculita
(f); Nebulizador (g); Estacas enraizadas prontas para o transplantio (h); Estacas transplantadas
em sacolas (i); Desenvolvimento inicial da muda (j); Mudas prontas (k); Planta adulta (l)
Propagação de árvores frutíferas 31

Figueira
Muito provavelmente, as plantas de roxos escuros e se adaptaram muito
figueira foram introduzidas pelos parti- bem às novas terras. Hoje, são nacio-
cipantes da primeira expedição de nalmente conhecidos como “Figo Roxo
Martin Afonso de Souza em 1532 na de Valinhos”.
Capitania de São Vicente. Somente no Apesar de ser considerada uma
início do século XX, por volta de 1910, planta de clima temperado, apresenta
é que a cultura da figueira passou a boa adaptação a diferentes tipos de
despertar interesse comercial no Es- clima e solo, podendo ser cultivada em
tado de São Paulo. regiões subtropicais e tropicais. As
A principal cultivar no Brasil é a principais regiões produtoras de figo no
“Roxo de Valinhos”, introduzida pelo Brasil são: Rio Grande do Sul, com
imigrante italiano Lino Busatto que che- mais de 40% da produção, São Paulo
gara a Valinhos por volta de 1898 e com aproximadamente 30% e Minas
teve a iniciativa de mandar buscar Gerais com 20%.
mudas de figueira na Itália, em uma A estaquia é o principal método utili-
região próxima ao Mar Adriático. Algu- zado para a produção de mudas de fi-
mas destas plantas produziram figos gueira. Podem-se utilizar tanto estacas
32 Propagação de árvores frutíferas

lenhosas como herbáceas para a pro- lenhosas são então plantadas direta-
dução dessas mudas e as mesmas mente no campo, duas por cova, de
podem ser enraizadas em viveiros, di- maneira que apenas duas gemas
retamente no pomar ou em recipien- apicais fiquem fora do solo ou 1/3 do
tes. O processo mais utilizado no Es- comprimento da estaca (Figura 11 e, f,
tado de São Paulo é a estaquia reali- g, h). Então faz-se a cobertura desse
zada diretamente no campo, com es- ápice com terra. Terminado o plantio
tacas lenhosas. das estacas, procede-se a rega e, com
As estacas lenhosas são obtidas uma enxada, faz-se uma coroa de ter-
após a poda de inverno que é realiza- ra ao redor da planta, colocando palha
da durante o período de repouso no seu interior, para conservar a umi-
vegetativo, entre os meses de junho a dade, diminuir a temperatura do solo e
agosto (Figura 11 a, b). Todos os ra- evitar a “queima” das brotações novas.
mos, com pelo menos um ano de ida- Espera-se então o enraizamento e a
de, que seriam descartados pela poda brotação das estacas.
são preparados e dispensam o uso de Embora a técnica de plantio direta-
estruturas de nebulização, pois são mente no campo seja a mais utilizada,
colocados para enraizar diretamente a formação de mudas em recipientes
no solo. Os ramos são cortados com (sacos plásticos, vasos, entre outros)
uma tesoura de poda em pedaços me- constitui uma prática muito importan-
nores, com no máximo 30 a 40 cm de te. A colocação das estacas lenhosas
comprimento e 1,5 a 3,0 cm de diâme- em sacos plásticos com substrato,
tro, e cada um será uma nova estaca após a poda, pode garantir a substitui-
cortada logo abaixo de um nó, na base ção, no período de dezembro–janeiro,
e, um pouco acima, no ápice, em bisel daquelas estacas que não enraizaram
(Figura 11 c). no campo, obtendo-se uma uniformi-
Preferencialmente escolhem-se as zação maior no número final de plan-
estacas situadas na base do ramo (Fi- tas pretendida. Como recipiente, é re-
gura 11 d), pois naturalmente apresen- comendado o uso de sacos plásticos
tam maior porcentagem de enraiza- pretos com capacidade de 4 litros de
mento do que as medianas e apicais. substrato.
A utilização de auxinas, como o ácido Outra opção é colocar as estacas
naftalenoacético e o ácido indolbu- lenhosas para enraizar diretamente em
tírico, favorecem o enraizamento das viveiros, a um espaçamento de 10 a
estacas de figueira. 20 cm uma da outra, deixando duas ge-
Depois do preparo, as estacas mas para fora. Quando iniciar a brotação,
Propagação de árvores frutíferas 33

deve-se selecionar o melhor broto, ras e também com fungicidas. Poste-


através da desbrota, a qual deverá ser riormente coloque as estacas em areia
feita quando as brotações atingirem de úmida (ou vermiculita) na posição verti-
5 a 10 cm de comprimento. A muda cal, deixando apenas duas gemas aci-
será então, conduzida em haste única ma do substrato por até dois meses no
até atingir 40 a 60 cm de comprimen- nebulizador. Após esse período, faz-se
to, sendo despontada no inverno se- o transplantio das estacas enraizadas
guinte nesse comprimento, estando para sacos plásticos e espera-se a muda
apta para ser comercializada e trans- desenvolver até a altura de 60 centíme-
plantada ao local definitivo. tros em haste única para que possa ser
Na produção de mudas utilizando comercializada (Figura 11 i, j, k, l, m).
estacas herbáceas, faz-se primeira- Com exceção das estacas lenhosas
mente a coleta e preparação de ramos que são plantadas diretamente no
herbáceos com aproximadamente 20- campo no fim do inverno, os outros ti-
30 cm de comprimento e 1,5 a 3,0 cm pos de mudas produzidas em reci-
de diâmetro, tratando a base dessas pientes, poderão ser plantadas em
estacas com acido indolbutírico na qualquer época do ano, de preferên-
dose de 100-200 mg/L durante 24 ho- cia na estação chuvosa.
34 Propagação de árvores frutíferas
João A. Scarpare Filho e Simone R. da Silva (ESALQ/LPV)

a b c d

e f gg

h i j

k ll

Figura 11 - Planta a ser podada (a); Poda e coleta de estacas lenhosas (b); Estaca pronta (c); Indicação
do corte das estacas na base do ramo podado (d); Preparo da cova e plantio das estacas
(e, f, g, h); Coleta de estacas herbáceas (i); Estaca herbácea em bandeja com vermiculita
sob nebulização (j); Estaca pronta para transplantio (k); Estacas transplantadas em sacolas
(l); Muda pronta (m)
36 Propagação de árvores frutíferas

Lichieira
A lichieira (Litchi chinensis Sonn.) é planta pode causar enormes danos à
originária da China, onde é cultivada mesma.
há muitos séculos. No Brasil, é uma Os ramos escolhidos para a alporquia
fruteira exótica com grande potencial devem estar maduros, em posição fácil
na diversificação dos pomares, princi- para o trabalho, situados na periferia da
palmente pelo aumento da demanda planta, e possuir diâmetro médio de 1,5
no mercado varejista e pelo alto preço a 2,5 cm, e 45 a 60 cm de comprimento,
da fruta. São Paulo e Minas Gerais com folhas no ponteiro.
destacam-se como os principais esta- Primeiramente escolhe-se uma re-
dos produtores. gião limpa do ramo e faz-se um
O método mais utilizado para a pro- anelamento na casca, de aproximada-
pagação da lichieira é a alporquia, com mente dois centímetros de comprimen-
até 90% de enraizamento. É importan- to, retirando-a e expondo o lenho. En-
te que várias plantas sejam selecio- tão cobre-se essa região exposta com
nadas como matrizes para essa práti- substrato úmido, à base de fibra de
ca, pois a obtenção de um grande nú- coco e amarre-a com um saco plásti-
mero de mudas a partir de uma única co para evitar a perda de umidade. As-
Propagação de árvores frutíferas 37

sim, tudo que for produzido nas folhas enraizamento dos alporques pode va-
será deslocado para essa região, in- riar de 60 a 90 dias, dependendo da
clusive as auxinas, que são hormônios época em que for realizado.
endógenos da planta que não serão Quando se observa a formação de
degradadas pela luz, na parte cober- raízes com coloração alterada de bran-
ta, promovendo o enraizamento (Figu- co para marrom cremoso, o alporque
ra 12 e Figura 13 a, b, c, d). já está pronto (Figura 13 e). Uma vez
Durante o período de enraizamento enraizado, o ramo deve ser separado
o alporque deve ser mantido sempre da planta matriz, utilizando uma tesou-
úmido. Na lichieira, o período para ra de poda que fará o corte abaixo do
Katia F. D. Rodrigues (ESALQ/USP)

a b c d

e f g h

i j k

Figura 12 - Anelamento do ramo e retirada da casca (a, b, c, d); Amarração do plástico no ramo (e, f,
g, h); Colocação de substrato à base de fibra de coco úmido (i, j, k).
38 Propagação de árvores frutíferas

a b c d
Simone R. da Silva (ESALQ/LPV); EECB (Bebedouro-SP)

e f g

Figura 13 - Cobertura do substrato úmido com plástico e amarrio (a,b,c,d); Alporque enraizado (e);
Muda pronta (f); Planta adulta (g)

plástico. Na seqüência, são eliminadas mitente para que ocorra a estabiliza-


cerca de 75% das folhas com o objeti- ção das raízes nos saquinhos e a so-
vo de reduzir a taxa de transpiração. brevivência das mudas. Após esse pe-
As novas mudas são então planta- ríodo, inicia-se o crescimento das no-
das em sacos plásticos com dimensões vas brotações, até as mudas estarem
de aproximadamente 17 x 35 cm, to- prontas para serem plantadas no cam-
mando o cuidado de não danificar as po (Figura 13 f). A Figura 13 g mostra
raízes. Após o plantio, essas mudas uma planta adulta originária de muda
devem ser mantidas em ambientes produzida por alporquia.
quentes, sombreados, com alta umida- A prática da alporquia em lichieira
de e protegida de ventos. O recomen- pode ser realizada em qualquer época
dado é deixá-las aproximadamente 15 do ano, desde que haja umidade e tem-
dias em câmara de nebulização inter- peratura suficientes.
40 Propagação de árvores frutíferas

Porta-enxertos de macieira
A macieira é uma frutífera típica de adaptado à região de cultivo, ter exce-
clima temperado, da família Rosaceae, lente afinidade com a cultivar copa e ser
tem suas origens nas montanhas do capaz de proporcionar às plantas bom
Cáucaso, Oriente Médio e Leste Asiá- desempenho em termos de produtivida-
tico. Espécie exigente em tratos cultu- de e qualidade dos frutos. Preferencial-
rais, principalmente no que diz respei- mente, deve ser resistente a pragas e
to à condução, poda e tratos fitossa- doenças do solo, principalmente ao pul-
nitários. Seu cultivo em São Paulo, e gão lanígero e a podridão do colo.
em regiões edafoclimáticas similares, Algumas técnicas de propagação são
somente é possível por meio de culti- utilizadas também para a produção de
vares locais adaptadas ou seleciona- porta-enxertos. No caso específico de
das em Instituições de Pesquisa como macieira, os porta-enxertos são produ-
o Instituto Agronômico de Campinas zidos pela técnica da mergulhia de cepa.
(IAC), Instituto Agronômico do Paraná No campo, ou em canteiros, faz-se
(IAPAR) e Empresa Brasileira de Pes- o plantio dos porta-enxertos enraiza-
quisa Agropecuária (EMBRAPA). dos de macieira, no espaçamento de
O porta-enxerto selecionado deve ser 2,0 x 0,5 m (Figura 14 a).
Propagação de árvores frutíferas 41
João A. Scarpare Filho ( ESALQ/LPV)

a b

c d e

f g

Figura 14 - Plantio de porta-enxertos de macieira enraizados (a); Brotação e cobertura da base dos
ramos com terra (b); Porta-enxertos enraizados (c); Corte e retirada dos porta-enxertos
da planta matriz (d, e); Enxertia de mesa (f); Transplantio das mudas para saquinhos (g).

No fim do inverno, quando a planta com terra, também chamada de amon-


está dormente, realiza-se a poda drásti- toa, que irá proporcionar o acúmulo de
ca desses porta-enxertos, 15 a 20 cm do auxina na região coberta. As auxinas
solo, formando a cepa. Com o aumento produzidas na parte apical dos ramos
da temperatura e da umidade relativa do são translocadas para as raízes e neste
ar, ocorrerá brotação de ramos na cepa. caso, não serão degradadas pela luz,
Com os brotos grandes, de 40 cm, faz- promovendo o enraizamento desses bro-
se a cobertura da base de cada ramo tos (Figura 14 b, c).
42 Propagação de árvores frutíferas

No fim do inverno seguinte, esses para iniciar um novo ciclo de produ-


porta-enxertos deverão ser retirados ção, podendo ser utilizado por muitos
da planta, pois já estarão completa- anos, dependendo de como as plan-
mente enraizados (Figura 14 d, e). tas são cuidadas, para que não per-
Os porta-enxertos enraizados e os cam o vigor e a capacidade de rebrota.
ramos contendo as borbulhas da cul- Atualmente, para controlar o vigor
tivar selecionada são transportados das plantas em macieira, utiliza-se
para um local onde será realizada a inter-enxertos ou “filtros” menos vi-
enxertia. Como é realizada sobre gorosos. Nesse caso, faz-se o plan-
uma mesa, recebe a denominação tio dos porta-enxertos no campo,
de enxertia de mesa, que nada mais lado a lado (Figura 15 a). Quando
é que a inserção de uma borbulha estiverem com o diâmetro de um lá-
retirada no formato de uma placa da pis, realiza-se a poda desses porta-
cultivar comercial no porta-enxerto enxertos a uma altura de aproxima-
enraizado. Após a enxertia, a planta damente 15 cm (Figura 15 b). Pa-
é transplantada para um saquinho ralelamente é realizada a enxertia
plástico com substrato (Figura 14 f, de mesa da variedade copa no
g). Espera-se a união dos tecidos e inter-enxerto, utilizando a garfa-
o desenvolvimento das mudas para gem em inglês simples. Essa com-
plantio definitivo no campo, que pode- binação é então enxertada nos por-
rá ocorrer em qualquer época do ano. ta-enxertos podados, pela garfa-
O matrizeiro de porta-enxerto será gem em inglês complicado (Figura
novamente podado drasticamente 15 c, d).
Propagação de árvores frutíferas 43

Edvan Alves Chagas (EMBRAPA/RR)


a c

b d

Figura 15 - Porta-enxertos no campo (a); Porta-enxertos podados (b);


Porta-enxerto preparado para receber a enxertia em inglês
complicado (c); Enxertia dupla, formada pelo porta-enxerto
(abaixo do amarrio do primeiro fitilho), inter-enxerto (entre
as duas amarrações do fitilho) e a cultivar copa (no ápice da
combinação) (d)
Propagação de árvores frutíferas 45

Citros
Os citros são originários principal- Até o fim do ano de 2002, toda a
mente das regiões subtropicais e tro- produção de mudas de citros era rea-
picais do sul e sudeste da Ásia, in- lizada em ambiente aberto, no cam-
cluindo áreas da Austrália e África, po. Mas com o aumento de doenças
sendo levados para a Europa na épo- disseminadas por vetores alados,
ca das Cruzadas. Chegaram ao Bra- como as cigarrinhas que transmitem
sil no século XVI, trazidos pelos por- a bactéria causadora da Clorose
tugueses. Variegada dos Citros (CVC) e o
O Brasil, maior produtor mundial psilídeo que transmite a bactéria cau-
de laranjas tem no estado de São sadora do Huanglonbing (HLB ou ex-
Paulo a sua maior produção tanto greening), entrou em vigor a partir de
de frutas como de mudas. A pro- janeiro de 2003 a produção e
dução de mudas de citros é feita comercialização obrigatória de mu-
utilizando-se o método de enxertia das e porta-enxertos cítricos prove-
em “T” invertido ou normal, sendo nientes de ambiente protegido com
esse último o exemplificado na Fi- o objetivo de garantir a sanidade e
gura 16. qualidade das mesmas.
46 Propagação de árvores frutíferas
O porta-enxerto de citros é obtido to a base de casca de pinus ou fibra de
exclusivamente por sementes que são coco sob bancadas ou telas suspensas
colocadas em tubetes contendo substra- em ambiente protegido (Figura 16 a).
EECB (Bebedouro-SP); Fiorese Citrus (Sales de Oliveira-SP)

a b c

d e h

f g

i j k

Figura 16 - Semeadura dos porta-enxertos em tubetes (a); Desenvolvimento dos porta-enxertos em


tubetes (b) e sacolas (c, d); Retirada das folhas do porta-enxerto na região de enxertia
(e); Retirada da borbulha para enxertia (f); Enxertia em T normal (g); Cobertura do enxerto
com fitilho plástico (h); Dobramento do porta-enxerto e brotação do enxerto (i);
Desenvolvimento da muda enxertada (j); Muda pronta (k)
Propagação de árvores frutíferas 47

As sementes da maioria das es- imediatamente após, curve ou do-


pécies utilizadas como porta-enxer- bre o porta-enxerto para que tudo
tos são poliembriônicas, ou seja, que for produzido nas folhas se
possuem mais de um embrião na desloque para a região da enxertia
mesma semente. Quando as se- e force a brotação da borbulha (Fi-
mentes germinam, a plântula mais gura 16 f, g, h, i).
vigorosa é a que foi originária do Quinze dias após a enxertia, faz-
embrião nucelar e a menos vigoro- se a retirada do fitilho plástico e a
sa do embrião zigótico ou popular- borbulha começará a brotar, o que
mente conhecido como “machinho” também poderá ocorrer antes da
pelos viveiristas. retirada do fitilho. Quando a nova
A seleção desses porta-enxertos haste estiver com aproximadamen-
é feita aproximadamente 3 a 4 me- te 20 a 30 centímetros de altura,
ses após a semeadura, por tama- faz-se o desligamento do porta-en-
nho e descarte dos “machinhos” xerto com o enxerto (“desmama”),
(Figura 16 b). pelo corte bem próximo à região da
Depois, faz-se o transplantio dos enxertia. A nova haste deve ser
porta-enxertos para outro viveiro, conduzida e amarrada a uma esta-
também protegido, colocando-os ca que pode ser de bambu ou ferro
em sacolas plásticas com substrato até a completa maturação da mes-
e espere que os mesmos cresçam ma (Figura 16 j).
e engrossem até atingirem o diâ- Da semeadura ao transplantio
metro de um lápis (Figura 16 c, d). podem decorrer 3 a 4 meses, do
Co m os po rt a-e nx er tos n es se transplantio a enxertia mais 3 a 4
ponto, faz-se uma limpeza no mes- meses e da enxertia até a muda
mo, retirando todas as folhas e es- pronta mais 3 a 4 meses,
pinhos que estiverem até a altura totalizando um tempo de 9 a 12
da enxertia (Figura 16 e) que deve meses para a produção de uma
ocorrer entre 10 a 15 centímetros muda de citros (Figura 16 k). Essa
e proceda um corte em “T” normal, variação no tempo irá depender
abrindo um pouco a casca. das condições climáticas de tem-
Em seguida, retire uma borbulha peratura e umidade, combinação
do ramo porta-borbulha e a encai- copa/porta-enxerto utilizada e ma-
xe nessa abertura. Amarre-a com nejo das mudas no que se refere a
fitilho plástico ou fita biodegra- fertirrigação e controle fitossani-
dáv el, cobr indo- a to talm ente , e tário.
48 Propagação de árvores frutíferas

Antes do início da produção das (CVC), nematóides e Phytophthora


mudas de citros, todo o processo (gomose). Somente com os resul-
deve estar cadastrado no órgão ofi- tados negativos dos exames é que
cial competente. Antes de serem será obtido o Certificado de Con-
comercializadas, é necessário que formidade Fitossanitária (CCF) e a
sejam feitos exames em laborató- P e r m is s ã o d e Tr â n s i t o Veg e t a l
rios credenciados quanto à presen- (PTV) para que as mudas possam
ça de Clorose Variegada dos Citros ser comercializadas.
50 Propagação de árvores frutíferas

Pessegueiro
O pessegueiro (Prunus persica L. Batsch) vereiro. Já na região Sudeste a colheita
é uma frutífera de clima temperado, nati- ocorre de agosto a outubro.
va da China que devido às exigências Mudas de pessegueiro podem ser
climáticas se expandiu principalmente obtidas por vários métodos de enxertia,
nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. entre elas, a borbulhia em “T” e em pla-
Pelo intenso trabalho dos programas ca e por garfagem.
de melhoramento genético, tanto do Abaixo será descrito todo o processo
Instituto Agronômico de Campinas - para obtenção dessas mudas pelo mé-
IAC, em São Paulo, como da Embrapa todo da borbulhia em placa, que como
Clima Temperado, em Pelotas-RS, todas as anteriores, envolve as fases de
muitas variedades de copa e porta-en- obtenção do porta-enxerto e do enxerto.
xerto foram lançadas, e algumas, pela Os porta-enxertos poderão ser obti-
menor exigência em frio, vêm possibili- dos de sementes ou por estacas. A va-
tando a expansão do cultivo dessa fru- riedade ‘Okinawa’ é um dos porta-en-
teira, com variedades que amadurecem xertos mais utilizados na produção de
em diferentes épocas. Na região Sul do mudas, por ser vigorosa e resistente a
país a colheita ocorre de novembro a fe- nematóides, sendo a mais indicada,
Propagação de árvores frutíferas 51

tanto para pessegueiro como para a verão ou começo de outono, chamada


nectarineira e ameixeira. “enxertia de gema dormente”.
Os caroços desse porta-enxerto são Primeiramente faz-se um corte no
obtidos de frutos maduros e por lavagens porta-enxerto de ‘Okinawa’, numa região
sucessivas em água corrente, elimina- limpa, que não contenha gema, retiran-
se o excesso da polpa. Esses caroços do-se a casca a aproximadamente 20
são quebrados com o auxílio de um tor- centímetros de altura. Em seguida, reti-
no mecânico ou morsa, e deles são reti- re um ramo contendo borbulhas da va-
rados as amêndoas ou sementes. Esse riedade copa que se deseja enxertar.
processo é chamado comumente de Desse ramo, apenas uma borbulha ou
escarificação (Figura 17 a, b) gema deve ser retirada na forma de pla-
As sementes são colocadas em cai- ca e encaixada na abertura feita no por-
xas plásticas, contendo serragem fina ta-enxerto, que deve ser do mesmo ta-
ou areia úmida e então acondiciona- manho do enxerto (Figura 17 f, g, h).
das em geladeira por um período de 30 Amarra-se a placa com um fitilho plás-
a 40 dias, para que ocorra a quebra de tico ou fita biodegradável, tomando o cui-
dormência. Esse processo é chamado dado para não cobrir a gema, que é mui-
de estratificação (Figura 17 c, d). to sensível e pode quebrar (Figura 17 i, j).
Após esse período é feita a semea- Depois de aproximadamente 20 a 30
dura em bandejas de isopor ou tubetes dias retira-se o fitilho plástico dos en-
(Figura 17 e), contendo substrato a base xertos e inicia-se a condução da bro-
de casca de pinus. Quando as plântulas tação do enxerto (Figura 17 k) que no
atingirem aproximadamente 15 cm de início poderá ser feita no próprio ramo
altura devem ser transferidas para sa- do porta-enxerto, que ainda não foi
colas plásticas onde completarão seu de- cortado rente ao local da enxertia utili-
senvolvimento até atingirem o ponto de zando alceador ou barbante. Poste-
enxertia, com o diâmetro de um lápis (6- riormente tutora-se essa brotação
8 mm) e altura de aproximadamente 40- amarrando-a em uma estaca de ferro
60 centímetros. ou bambu, para que a muda possa se
A enxertia da cultivar copa do pes- desenvolver na posição vertical. Para-
segueiro, por meio da técnica de lelamente ao desenvolvimento da
enxertia por borbulhia, pode ser reali- muda, ocorrem brotações no porta-
zada em duas épocas: no fim da pri- enxerto que devem ser retiradas.
mavera entre os meses de novembro O tempo para produção de uma
e dezembro, também chamada muda de pessegueiro, utilizando a téc-
“enxertia de gema ativa”, ou no fim de nica da enxertia por borbulhia em pla-
52 Propagação de árvores frutíferas
ca é de aproximadamente 9 meses, mas (Figura 17 l). A Figura 17 m mostra
contando da estratificação (período de uma planta adulta originária de muda
geladeira) à comercialização das mes- produzida por borbulhia em placa.

a b
João A. Scarpare Filho (ESALQ/LPV) e Fernando Mendes Pereira (FCAV/UNESP)

d e f

g h i j

k l m

Figura 17 - Caroços de pêssego (a); Escarificação (b); Estratificação (c); Emissão da radícula (d);
Porta-enxertos em tubetes (e); Ramo porta-borbulha da variedade copa (f); Corte da
casca do porta-enxerto em placa retangular (g); Colocação da borbulha (h); Fixação da
borbulha ao porta-enxerto com plástico (i); Gema exposta (j); Brotação (k); Muda pronta
(l); Planta adulta (m)
54 Propagação de árvores frutíferas

Abacateiro
O abacateiro (Persea americana lume das exportações brasileiras de
Mill.) é originário do México e América abacate, gerando divisas, emprego e
Central. renda, embora a baixa produtividade
O Brasil que ocupa a quinta posi- do abacateiro no Brasil em relação a
ção mundial tem suas maiores pro- outros países produtores ainda seja um
duções nos estados de São Paulo, dos principais entraves à expansão
Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do deste cultivo no país.
Sul e Ceará. A produção de mudas de abacateiro
A produção é destinada quase que utiliza a técnica de enxertia por
exclusivamente ao mercado interno de garfagem em fenda cheia como princi-
fruta fresca. No entanto, o cultivo das pal método de propagação.
variedades de exportação ‘Hass’ e O porta-enxerto utilizado no Brasil é
‘Fuerte’ tem se expandido significati- obtido de sementes, sem variedade
vamente no Estado de São Paulo, per- conhecida, por isso que os pomares
mitindo crescimento expressivo do vo- apresentam muitas diferenças entre as
Propagação de árvores frutíferas 55
plantas em termos de produtividade e forem diferentes é importante que em
qualidade de frutos e vigor. Recomen- pelo menos um dos lados ocorra o
da-se que as sementes sejam obtidas contato direto entre enxerto e porta-
de espécies vigorosas e adaptáveis às enxerto (Figura 18 i).
condições climáticas locais e às doen- Em seguida, amarra-se toda a re-
ças, além de compatíveis com as va- gião da enxertia com fitilho plástico ou
riedades copas que serão enxertadas fita biodegradável, com cuidado para
(Figura 18 a, b). não deslocar o enxerto. O ideal é co-
A enxertia deve ser realizada quan- meçar a amarração de cima para bai-
do o porta-enxerto estiver com altura xo, para evitar esse deslocamento.
de aproximadamente 30 centímetros e Depois, cobre-se o enxerto com um
diâmetro de um lápis. Com o canivete saco plástico transparente, o mesmo
de enxertia, faz-se um corte, ou aber- utilizado para sorvete, para evitar a
tura central no porta-enxerto de apro- perda de umidade (Figura 18 j, k, l, m).
ximadamente 2 a 3 centímetros, onde Depois de aproximadamente 30 dias
será colocado o garfo que se deseja faz-se a retirada do saquinho plástico e
enxertar (Figura 18 c, d, e) com 60 dias a retirada do fitilho plástico.
Para o preparo do garfo (enxerto), Os enxertos que estiverem enegrecidos
retira-se uma parte do ramo de prefe- poderão ser descartados. Nessa fase,
rência com diâmetro igual a do porta- faz-se a desbrota do porta-enxerto, para
enxerto, para facilitar a soldadura en- que o enxerto possa brotar com maior
tre as partes. Com canivete bem afia- intensidade, pelas reservas destinadas
do são realizados cortes rápidos e fir- ao seu desenvolvimento.
mes em ambos os lados, de maneira O enxerto deve ser conduzido ou
que o garfo fique em forma de cunha. tutorado na posição vertical com o
O comprimento da cunha deverá ser auxílio de uma estaca de arame ou
semelhante ao da profundidade da fen- bambu, até que a muda esteja pronta
da aberta no porta-enxerto (Figura 18 para ser plantada em campo (Figura
f, g, h). 18 n, o). A Figura 18 p mostra uma
Encaixa-se o garfo imediatamente na planta adulta originária de muda pro-
fenda do porta-enxerto, de tal maneira duzida por garfagem em fenda cheia.
que as regiões da casca de ambas as A garfagem em inglês simples tam-
partes fiquem em contato direto. Se o bém pode ser utilizada para a produ-
diâmetro do porta-enxerto e do garfo ção de mudas de abacateiro.
56 Propagação de árvores frutíferas

a c d e

f h i j

l m n

o p

Figura 18 - Semeadura e cobertura do porta-enxerto (a, b); Preparo do porta-enxerto para enxertia
(c, d, e); Preparo da variedade copa para enxertia (f, g, h); Enxertia (i); Fixação do
enxerto com fitilho plástico (j); Cobertura do enxerto com saco plástico (k, l, m); Muda
pronta (n); Viveiro de mudas (o); Planta adulta (p)
58 Propagação de árvores frutíferas

Coqueiro
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é propagação, é importante escolher
uma planta de clima tropical sendo uma boa planta matriz. Essas semen-
cultivado em muitos países. Da plan- tes deverão ser colhidas com aproxi-
ta, além dos frutos podem-se aprovei- madamente 11 a 12 meses quando os
tar também as folhas, a inflorescência frutos estiverem praticamente secos,
e outros produtos. Cada fruto de coco embora recomenda-se que ainda seja
é uma semente. ouvido um pouco do barulho da água,
A produção de mudas dessa fruteira ou o que resta dela.
é feita exclusivamente por sementes, Posteriormente elas devem ser co-
não utilizando nenhum método de pro- locadas ao ar livre para completar a
pagação, como a maioria das espé- maturação, não ultrapassando 10
cies frutíferas. Outro exemplo, cujas dias para sementes de coqueiros
plantas se multiplicam por sementes é anões e 21 dias para coqueiros gi-
o mamoeiro. gantes. É importante fazer uma se-
Para a produção de mudas por se- leção dessas sementes com relação
mentes, assim como ocorre quando ao tamanho, formato e ausência de
utilizamos algumas das técnicas de pragas e doenças.
Propagação de árvores frutíferas 59
Em seguida, as sementes poderão Quando as mudas no germinadouro
ser levadas para os germinadouros, estiverem com 3 a 4 folhas, o que ocor-
que nada mais são, que canteiros pre- re por volta dos 4 a 6 meses, poderão
parados com 1,0-1,5 metros de largu- ser plantadas diretamente no campo,
ra e comprimento variável pelo núme- em local definitivo. Antes, porém, de-
ro de sementes que se deseja colocar. verá ser feito o corte das raízes e a
Entre um canteiro e outro, deixe um manutenção das mudas à sombra até
espaço de pelo menos 0,5 a 1,0 m e o momento do plantio, para que elas
distribua as sementes no germi- não desidratem (Figura 20 b, c).
nadouro, tanto na posição horizontal Outra opção, quando se deseja
como vertical (Figura 20 a). comercializar mudas maiores, é trans-
Nessa fase, pode-se utilizar cober- ferí-las do germinadouro para viveiros.
tura morta para proteger as sementes No viveiro as mudas poderão ser
do excesso de sol, que provoca a quei- plantadas no solo, em triângulo
ma do broto terminal e para reter água, equilátero nas dimensões de 60 x 60 x
o que irá favorecer a germinação. O uso 60 cm (Figura 19) ou diretamente em
de cobertura também reduz os custos sacos de polietileno preto de no míni-
com capinas, pois impede que ocorra mo 40 x 40 cm, contendo substrato de
germinação de plantas daninhas. terra misturada com matéria orgânica.
É importante que os canteiros sejam De qualquer forma, a irrigação é se-
adubados, independentes da utilização melhante a da fase de germinadouro.
de um adubo orgânico ou químico, o
que fica a critério do produtor de mu-
das. Como complemento, para evitar
a deficiência de nitrogênio, é comum a
realização da adubação foliar com
uréia ou outra fonte de nitrogênio que
esteja disponível.
A necessidade de água nessa fase
é indispensável para acelerar a germi-
nação. A quantidade desejável está em
torno de 6 a 7 mm/dia ou seja, 6 a 7
litros de água/m², que devem ser dis-
tribuídas entre o início da manhã e fim
da tarde, para o melhor aproveitamen- Figura 19 - Esquema de plantio de mudas de
to, evitando perdas. coqueiro em triângulo equilátero
60 Propagação de árvores frutíferas

Mudas que permanecerem no vi- duzidas em sacos plásticos (Figu-


veiro por um período de 10 a 12 me- ra 20 d) poderão ser plantadas com
ses e apresentarem oito folhas pode- as raízes envolvidas pelo substra-
rão ser levadas ao campo. As produ- to. A Figura 20 e mostra uma plan-
zidas diretamente no chão deverão ta adulta de coqueiro originária de
ser plantadas de raiz nua e as pro- semente.
EECB (Bebedouro, SP)

a b

c d e

Figura 20 - Canteiro (a); Mudas em desenvolvimento (b); Mudas prontas (c); Mudas em sacolas (d);
Planta adulta (e)
Propagação de árvores frutíferas 61

Bibliografia consultada
ALVES, E.J.; LIMA, M.B.; SEREJO, S. J.A.; TRINDADE, A.V. Propagação. In:
BORGES, A.L.; SOUZA, L. da S. O cultivo da bananeira. Cruz das Almas:
Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. p.59-86.

CASTRO, P.R.C.; KLUGE, R.A. Ecofisiologia de fruteiras: abacateiro, aceroleira,


macieira, pereira e videira. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, 2003. 136p.

CORRÊA, L. de S.; BOLIANI, A.C. Cultura da Figueira do plantio à


comercialização. Ilha Solteira: Funep, 2000. 259p.

DONADIO, L.C. Abacate para exportação: aspectos técnicos da produção.


Brasília: FRUPEX, 1992. 109p.

LEITE, G.B.; FINARDI, N.L.; FORTES, G.R.L. Propagação da macieira. In: EM-
PRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E EXTENSÃO RURAL DE SANTA
CATARINA S.A. – EPAGRI. A cultura da macieira. Florianópolis:GMC/Epagri,
2002. p. 299-332.
62 Propagação de árvores frutíferas
FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J.C.; KERSTEN, E.; FORTES,
G. R. de L.; Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. Pelotas:
UFPEL, 1995. 178p.

FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J.C. Propagação de plantas


frutíferas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 221p.

FERREIRA, J.M.S.; WARWICK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. A cultura do coqueiro


no Brasil. Aracaju: Embrapa-CPATC, 1997. 292p.

FONTES, H.; R. A cultura do coqueiro. EMBRAPA, 2007. Disponível em:<http:/


/sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Coco/ACulturadoCoqueiro/
producao.htm> Acesso em: 01 abr 2011.

GOMES, R.P. Fruticultura brasileira. São Paulo: Nobel, 2007.446p.

HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JR, F.T.; GENEVE, R.L. Plant
propagation: principles and practices. 7ª Ed. New Jersey: Prentice Hall, 2002.
880 p.

HOFFMANN, A.; PETRI, J. L.; LEITE, G.B.; BERNARDI, J. Produção de mudas


e plantio. Disponível em: <http://ag20.cnptia.embrapa.br/Repositorio/
7ProducaoMudasPlantioProducao_000fi6d2h7d02wyiv80mr28rzpq3lced.pdf>
Acesso em: 10 jan 2010.

MELETTI, L.M.M.Propagação de frutíferas tropicais. Guaíba: Agropecuária,


2000. 239p.

NATALE, W.; ROZANE D.E.; SOUZA, H.A. de; AMORIM D.A. de. Cultura da goia-
ba do plantio à comercialização. v.2 Jaboticabal: FCAV; Capes; CNPq; FAPESP;
Fundunesp; SBF; 2009. 289p.

PEREIRA, F.M.; NACHTIGAL, J.C.; ROBERTO, S.R.Tecnologia para a cultura


do pessegueiro em regiões tropicais e subtropicais. Jaboticabal: Funep,
2002.62p.
Propagação de árvores frutíferas 63
RIBEIRO, G.D.; COSTA, J.N.M.; VIEIRA, H.A.; SANTOS, M.R.A dos. Enxertia em
fruteiras. Rondônia: EMBRAPA, Recomendações técnicas, 2005. 8p.

SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998. 760p.

Você também pode gostar