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A cenoura (Daucus carota L. v. sativus Hoffm) é a principal hortaliça da família das apiáceas
cultivada no mundo.
- Houve mudanças a partir de 1982, até então havia safras bem marcantes, sendo:
→ Maio a Agosto : Maior produção, daí menores preços.
→ Outubro a Abril : Entre safra, Maiores preços, mas não havia cultivares
adaptadas.
- Isto ocorria porque até então tinha-se apenas o grupo Nantes, cujas plantas possuem
raízes cilíndricas, mas altamente susceptível à doenças das folhas, principalmente Alternaria
dauci.
- A Nantes estabeleceu o padrão de mercado (cilíndrica), daí cenouras cônicas não são
bem aceitas.
- Em função da alta susceptibilidade à Alternaria, a cultura tornou-se inviável na entre
safra, ficando restrita ao inverno (quando exige menos pulverizações).
- A produção de verão ficava restrita a microclimas: Piedade e Ibiúna (SP), Castro (PR),
Mª de Fé e Andradas (MG).
- O maior produtor de cenoura no Brasil está localizado em Andradas: Organização
Manoel Lopes. O município com maior área plantada é São Gotardo.
- Havia o grupo Kuroda, com maior resistência à A. dauci, mas tem raízes tendendo à
cônicas.
- A mudança ocorreu com o cultivar Brasília, que tem raízes cilíndricas, mas não tão
regulares quanto a Nantes, sendo mais resistente a doenças foliares. Esta cultivar, em pouco
tempo (2 a 3 anos) revolucionou o mercado, fazendo com que os preços não oscilem tanto.
- Outra contribuição da Brasília é que esta é menos exigente em temperatura para
florescer, ao contrário da Nantes, havendo com isto também uma mudança no mercado de
sementes, que até então era 100% importada. Hoje importa 50%.
- Brasília, ainda não compete com a Nantes no inverno em função da qualidade da raiz e
também do florescimento.
- Os primeiros produtores de Brasília ( 1981) ficaram ricos, servindo então como um
difusor da cultivar.
- Outra cultivar lançada no Brasil é a ALVORADA (Jairo Vidal Vieira e colaboradores –
Embrapa Hortaliças). Possui raiz cilíndrica de alaranjado intenso, com coloração interna
alaranjada uniforme (sem miolo branco - pode ser usada para produção de mini cenoura).
Tem alto teor de carotenóides totais (35% a mais que as demais cenouras, sendo um novo
padrão visual nutricional; é resistente a Queima das folhas e aos nematóides das galhas,
propícia também para o cultivo orgânico. Pode alcançar produtividade de 30 a 35 t/ha. Pode
florescer na primavera das regiões CO, SE e SUL.
- O uso de sementes híbridas cresceu muito e atualmente é a realidade da maioria da
cenoura plantada no país. São sementes mais caras (6 a 10x) mas o ganho de produtividade
compensa. Os híbridos de inverno são a maioria Naiariti, Ferrari, Bangor, Soprano, etc...
Para o verão Juliana era praticamente o único até alguns anos atrás e hoje existem novos
híbridos como Verano e EX4098.
Principais países produtores de cenoura
País Área plantada (ha) Produção (t) Produtividade (t/ha)
China 482200,00 16907000,00 35,1
Rússia 68300,00 1565032,00 22,9
Estados Unidos 33430,00 1346080,00 40,2
Fonte: FAOSTAT, 2012.
No Brasil a cenoura (Daucus carota L.) ocupa a 5ª posição entre as hortaliças de maior
importância, mas é a mais importante raiz tuberosa cultivada que em 2020 teve produção de 750
a 780 mil toneladas, cultivadas em 15 mil hectares. Em 2017 produziu 480 mil toneladas em 23,4
mil estabelecimentos (Censo Agropecuário do IBGE, 2017). Segundo o Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada (Cepea) a cultura registrou em 2020 queda na área total das principais regiões
produtoras, de 13.427 para 13.077 hectares.
Destaca-se em produção os estados de Minas Gerais e Goiás, estimando produtividades
médias de verão em 54 e 56,5 t.ha-1, e no inverno em 85 e 95 t.ha-1, respectivamente (Revista
Campo & Negócios, 2020). Essas altas produtividades se dão pelo uso de variedades híbridas.
São sementes mais caras, mas o ganho de produtividade compensa, pois dão maiores respostas
ao manejo incluindo a adubação. Na cultura os grupos de cultivares incluindo os híbridos são
divididos em inverno e verão, pois essa cultura tem duas safras bem distintas sendo
outono/inverno e primavera/verão.
Brasil: Produção Regionalizada na Safra de 2015.
ORIGEM E SISTEMÁTICA
- Daucus carota
- Família Apiaceae
- Centro de Origem = Afeganistão (centro primário de diversidade)
- O gênero Daucus é altamente polimórfico, existindo várias espécies selvagens no
Mediterrâneo, Austrália, África, América do Norte. Na América Do Norte existe uma planta
infestante (Queen Anne’s Lace) que é D. carota, sendo um problema para produção de
sementes de cenoura, pois se cruzam, sendo o híbrido não comercial.
→ Forma Selvagem: existe na natureza sem ação do homem.
→ Forma Daninha: existe em função da ação do homem.
- Tem-se a hipótese de que a primeiras cenouras na Europa eram brancas, amarelas e
púrpuras, sendo as duas últimas propagadas no ano 1000 d.C. No século XIV e XV já era
conhecida na Europa.
- Na China no século XIV e no Japão no século XVII.
- As raízes brancas e alaranjadas vieram das amarelas, através de mutação gênica.
- Coincidentemente, a que predominou no mundo, em função de estética, foi a alaranjada,
que é rica em -caroteno (vitamina A).
Em resumo, segundo Vieira(2005), as cenouras cultivadas podem ser separadas em dois tipos:
Orientais/Asiáticas e Ocidentais. As plantas de cenoura Orientais apresentam raízes de coloração
vermelho/púrpura (presença de antocianina) ou amarela, com folhas pubescentes, e têm
tendência ao florescimento precoce. As cores predominantes das raízes de cenoura Ocidentais
são laranja, amarela, vermelha ou branca, com folhas menos pubescentes, e as plantas
apresentam menor tendência ao florescimento, quando sem exposição a períodos de baixa
temperatura.
BIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
CRESCIMENTO
FRIO
VEGETATIVO
- Este hábito é denominado de Bianual.
- Existe algumas formas que são anuais, por exemplo a Queen Anne’s Lace. A seleção
pelo homem foi no sentido de ocorrer a bianualidade, ou seja, não floresça precocemente.
- Qualquer florescimento que ocorre antes da formação da raiz comercial, é considerado
florescimento prematuro e é indesejável.
- A inflorescência é uma umbela.
- Quando é para produção de semente, recomenda-se cortar a 5 cm do início da raíz, ou
seja, com o caule, porque só assim se terá novas folhas e o pendoamento ocorrerá para
posterior produção de sementes.
- Existem umbelas de várias ordens (1ª, 2ª, 3ª, etc), mas 90% das sementes se concentram
nas 1arias, 2arias e 3arias.
- As flores são bem pequenas, sendo em geral hermafroditas e perfeitas (partes masculina
e feminina viáveis), mas existem flores masculinas (não dá semente), sendo estas últimas
mais frequentes nas umbelas de ordem superior, daí estas umbelas darem poucas sementes.
Existem flores macho estéreis sendo dois tipos, o petalóide e o antera marrom, mas só este
último aparece no Brasil, porém é muito sensível ao ambiente podendo produzir pólen.
Petalóide
Macho Estéril
Macho Fertil
AnteraMarron
Macho Estéril
Figura: Tipos de flor de cenoura (Fonte: Vieira, 2003)
- A abertura das flores não é uniforme, geralmente ocorre da periferia para o centro,
podendo dentro de uma umbela, demorar até 1 mês para que todas as flores se abram. Logo a
produção e maturação de sementes serem irregulares, o que implica lotes de sementes de
baixa qualidade.
- Para produção de sementes, seria interessante induzir umbelas de 1ª, 2ª e 3ª ordens para
maior homogeneidade de sementes.
- A cenoura e tipicamente alógama (95% de polinização cruzada), sendo feita por insetos
(abelhas) principalmente. Por isso sofre com a endogamia quando faz autofecundação. O
longo tempo de florescimento, a desuniformidade na abertura de flores e a protandria, são os
motivos desta alogamia, principalmente esta ultima característica, o que ocorre
semelhantemente com a cebola.
FISIOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
PREPARO DO SOLO:
Solos de textura média são os ideais
Aração e duas gradagens.
Após a última gradagem: construção dos canteiros com o sulcador.
Canteiros:
1,0 a 1,2m de largura e cerca de 20-25cm de altura.
4 a 5 fileiras-25 a 30cm entre fileiras e 4 a 6cm entre plantas.
Profundidade semeadura = 10-15mm
Semeadura direta em sulcos: tração mecânica ou manual.
Gasto de sementes:60 a 80 sementes/metro linear
OBS: 1 g = 800-850 sementes: 3kg/ha.
Outras possibilidades:
-linhas duplas – semeadura mecanizada. Normalmente são 4 linhas duplas no canteiro
-3 Linhas triplas – também semeadura mecanizada e esse arranjo ocorre com a distribuição
das sementes em zigue zague. Permite colheita é mecanizada
Leiras:
A forma mais recente de plantio de cenoura no Brasil é em leira, semelhante ao que ocorre
com a batata, com espaçamento de 0,8m e em cima da leira é semeada uma linha tripla. A
população de plantas por hectare é a mesma que no sistema tradicional em canteiro por volta
de 750mil sementes por hectare. Esse método também permite a colheita mecanizada.
Esse método já é muito usado na Europa, no Chile e Argentina.
Esse método permite um maior alongamento das raízes, tem menor severidade de bactérias
por ter um melhor arejamento e mais luz, além de diminuição do ciclo em até dias,
justamente devido ao maior alongamento das raízes.
O preparo do solo é o mesmo que quando no canteiros, o que muda é rotoencateiradora que é
ajustada para formar duas linhas por canteiro espaçadas em 0,8m. Aos 30 dias após o plantio
é realizada a amontoa semelhante como ocorre na batata, junto com adubação de cobertura,
podendo ser necessário, principalmente no verão, um segunda passada devido as chuvas que
abaixam a leira expondo a extremidade superior da raiz aumentando ombro verde ou roxo
-Independente do método de plantio a profundidade semeadura = 10-15mm
Semeadura direta em sulcos: tração mecânica ou manual.
Gasto de sementes: 60 a 80 sementes/metro linear
OBS: 1 g = 800-850 sementes: 3kg/ha.
Tradicional = 1,2 mil sementes e após o desbaste = 700 mil pls
Semeadura de precisão = 800mil (Inv) e 600mil (Ve) sementes sem desbaste
Obs: plantadeira a vácuo de alta precisão, sementes graúdas (acima de 1.8 mm)
-economia de 1800,00/ha
CULTIVARES
CALAGEM E ADUBAÇÃO
Adubação Foliar:
Pulverização aos 20 e 40 dias após a germinação:
0,15% de ácido Bórico e de 0,20% de sulfato de zinco
(quando a adição destes elementos ao solo no plantio não foi feita).
TRATOS CULTURAIS
Desbaste: 20/30 dias após a emergência, deixando-se 4-6 cm entre plantas. Caso utilize-se
semeadora de precisão, não há necessidade de desbaste.
Cobertura morta: após a semeadura: bagaço de cana, palha de café e casca de arroz: manter a
umidade nos primeiros; evitar o aparecimento e endurecimento da superfície do solo.
Espessura ideal é de 1 cm no sulco de plantio.
Irrigação:
Altamente exigente – solo com 100% água útil.
Até 40 dias após o plantio/desbaste: irrigação a cada 1-2 dias.
Após 40 dias/aumento da quantidade: intervalos de 2-3 dias.
Intervalos maiores podem causar rachaduras nas raízes.
Em relação à água, é preferível errar para mais!
Controle de Plantas Daninhas: A fase crítica de competição compreende o período que vai
da emergência até os 25 dias subsequentes. Neste período o controle é feito com herbicidas
(Exs:Trifluralin, Prometryne, Oxadiazon; Metribuzin; Lorox; Fluazifop).
PROBLEMAS FISIOLÓGICOS
Rachadura:
Em geral, rachaduras são causadas por irregularidades no regime hídrico, como por exemplo
falta de água seguida por excesso súbito de irrigação. A falta de Boro também influência.
PRAGAS E DOENÇAS
Pragas:
O controle mais eficiente destas espécies é alcançado através de práticas culturais como o
adequado preparo de solo, incorporação dos restos culturais e eliminação das plantas daninhas,
especialmente gramíneas.
Doenças:
2- Queima das folhas: É a doença mais comum da cenoura. É causada por Alternaria dauci,
Cercospora carotae e Xanthomonas campestris, pv. carotae. Caracteriza-se principalmente por
uma necrose das folhas que, dependendo do nível de ataque pode causar a completa desfolha da
planta e, consequentemente, resultar em raízes de tamanho pequeno. Os três patógenos que
causam a queima-das-folhas podem ser encontrados na mesma planta, e até em uma única lesão.
O controle químico, quando os três patógenos estão presentes, deve ser feito com produtos à
base de cobre (mais eficientes contra Xanthomonas campestris pv. carotae), intercalados com
outros fungicidas ditiocarbamatos que estjam registrados para a cultura da cenoura.
3- Podridão das raízes: Em geral é causada pelos fungos Sclerotium rolfsii, Sclerotinia
sclerotiorum ou pela bactéria Erwinia carotovora. As plantas atacadas apresentam crescimento
reduzido com as folhas superiores amareladas, as quais tornam-se murchas no horário mais
quente do dia. Os dois primeiros patógenos produzem podridão mole acompanhada da formação
de escleródios e profuso crescimento micelial branco. Os escleródios de Sclerotinia
sclerotiorumsão de cor preta, irregulares, com até 1 cm de comprimento, e os de Sclerotium
rolfsii são menores, redondos, assemelhando-se a sementes de mostarda.
A bactéria Erwinia carotovora produz uma podridão mole em pequenas áreas das raízes, que se
expandem sob condições de altas temperatura e umidade. As podridões ocorrem no campo
quando a umidade do solo é excessiva. Portanto, é essencial que se cultive a cenoura em solos
que não acumulem muita água, que o plantio em época chuvosa seja feito em canteiros mais
altos, e que a irrigação seja adequada, evitando-se o excesso de água. O controle químico
normalmente não é econômico para nenhum dos três patógenos.
Após a colheita, ocorrem podridões secas e podridões moles, sendo essas últimas as mais
importantes. O principal agente das podridões é a bactéria Erwinia carotovora, que causa
grandes perdas quando as raízes são colhidas em solos molhados e/ou após a lavadas, as raízes
não são adequadamente secas antes de serem embaladas (encaixotadas).
COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO
Colheita Mecanizada
Colheita Manual