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UNIVERSIDADE FEDEERAL RURAL DO SEMIÁRIDO (UFERSA)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS VEGETAIS

CULTURAS DO ABACATEIRO E DO
ABACAXIZEIRO

VANDER MENDONÇA
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS

Apoio Financeiro
BOLETIM TÉCNICO

VOLUME 5

- CULTURAS DO ABACATEIRO E DO ABACAXIZEIRO

VANDER MENDONÇA
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS

MOSSORÓ-RN, 2011

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AUTORES
VANDER MENDONÇA

Possui Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Lavras


(1997), Mestrado em Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semi-
Árido (2000) e Doutorado em Agronomia (Fitotecnia/Fruticultura) pela Universidade
Federal de Lavras (2005) e Pós-Doutorado em Agronomia (Fitotecnia/Fruticultura) pela
Universidade Federal de Lavras (2011). Atualmente é professor Adjunto III na
Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), responsável pelas disciplinas:
Fruticultura (Graduação), Propagação de Frutíferas, Fruticultura Tropical II e Citricultura
(Pós-graduação) e também Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 2.
É líder do Grupo de Pesquisa Propagação, Nutrição, Adubação e Tratos Culturais de
Frutíferas de Clima Tropical e Sub-Tropical e participa como membro do Grupo de
Pesquisa Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas ambos cadastrados no CNPq. Na
UFERSA é lider do Grupo de pesquisa Pesquisa em Fruticultura . Tem experiência na área
de Agronomia, com ênfase em Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas:
propagação, adubação e condução de espécies frutíferas de clima tropical. Contatos: Prof.
Dr. Vander Mendonça (Fruticultura) Fone (84) 3317-8548, E-mails: vander@ufersa.edu.br,
vander.mendonca@pq.cnpq.br, vanderm2000@hotmail.com,
fruticulturaufersa@yahoogrupos.com.br, Home page: http://prof-
vanderufersa.webnode.com.br/

LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS

Possui Graduação em Engenharia Agronomica pela Universidade Federal Rural do


Semiárido (2009). Atualmente é aluna do curso de mestrado em Fitotecnia da Universidade
Federal Rural do Semiárido. É Bolsista do CNPq. Participa do Grupo de Pesquisa
Propagação, Nutrição, Adubação e Tratos Culturais de Frutíferas de Clima Tropical e Sub-
Tropical cadastrado no CNPq. Na UFERSA também participa do Grupo Pesquisa em
Fruticultura. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Micropropagação de
Ornamentais, além de Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas:
propagação, adubação e condução de espécies frutíferas de clima tropical. Contatos:
Engenheira Agrônoma Luciana Freitas de Medeiros, Fone (84) 3317-8548 E-mails:
lucisfreitas@hotmail.com, fruticulturaufersa@yahoogrupos.com.br, Home page:
http://prof-vanderufersa.webnode.com.br/

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CAPÍTULO l
CULTURA DO ABACATEIRO
(Persea americana Mill)

1. INTRODUÇÃO
Originário da América Central, o abacateiro (Persea americana Mill), foi
cultivado por muito tempo pelos indígenas, que consumiam o fruto in natura em
saladas, como também utilizavam caroços, folhas e casca, além da própria polpa
para extrato de óleos e essências utilizados na medicina popular. Devido às suas
características florais é considerada planta melífera.
Há vários relatos em que se realça a importância do abacate junto aos Incas,
sendo encontrado referências ao abacate em sepulturas indígenas.
No Brasil a sua introdução é polêmica. O naturalista Alexandre Rodrigues
Ferreira relatou a presença de abacateiros no Rio Negro em 1987 (ITAL, 1992).
No Brasil a espécie ingressou oficialmente através do Jardim Botânico do
Rio de Janeiro em 1809, sendo que os grupos e variedades comerciais
exploradas só foram introduzidas mais recentemente.

2. TAXONOMIA E MORFOLOGIA
2.1. Taxonomia
Espécie pertencente à família Laureacea, o abacateiro possui três grupos
hortícolas (raças):
- Mexicana - Persea americana var. drymifolia
- Antilhana - Persea americana var. americana
- Guatemalense - Persea nubigena var. guatemalensis
Pela importância das raças para o cultivo comercial do abacateiro, é
interessante conhecer as características básicas das três raças citadas, as quais
foram sumariamente descritas na Tabela 1.
Dada a possibilidade de intercruzamento das três raças, as características
gerais, assinaladas Na Tabela 1, têm importância relativa na diferenciação das
variedades comerciais, servindo mais para uma caracterização geral. As
variedades mais importantes no momento, para exportação, possivelmente
derivaram do cruzamento natural de variedades das raças guatemalense e

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mexicana. Muitas outras variedades de origem híbrida, resultantes do cruzamento
de guatemalense x antiIhana são hoje importantes na Flórida e no Brasil

Tabela 1 Características utilizadas para diferenciar as três raças de abacateiro.


Antilhana Guatemalense Mexicana
Folhas Sem aroma Sem aroma de Cheira igual erva
20 cm 15 - 18 cm doce de 8 - 10 cm
Época de florescimento Ago - Set. Set - Out Jul – Ago
Estação de Dez - Mar Mar - Set Dez - Abr
amadurecimento
Tempo entre a formação 5 – 8 meses 10 – 13 meses 6 – 8 meses
do
fruto e a maturação
Tamanho do fruto 400 – 2.000g 200 – 2.000g 50 – 400g
Textura da casca Coriácea Grossa e quebradiça Macia e fina
Teor de óleo Baixo Médio a alto Médio a alto
Origem (altitude) 0- 1.000 m 1.000 – 1.800 m 1.800 – 2.600
Suscetibilidade a geada Alta (2,5 ºC) Média (-4 ºC) Baixa (-5,5 ºC)
(planta adulta)
Vida pós-colheita Baixa Alta Média
Tolerância à alcalinidade Alta Média Baixa
Tolerância a salinidade Alta Média Baixa

2.2. Morfologia
2.2.1. Planta
Na sua parte aérea o abacateiro possui uma copa aberta, com ramos
bifurcados, principalmente no caso de planta enxertada. Sua altura pode atingir
até 20 m, com diâmetro do tronco aos 30 anos de até 1 m, porém com menos da
metade desta medida na cultura comercial.
A casca dos ramos e tronco é suberosa, recortada, grossa, com espessura
de até 3 cm e cor variável entre cinza claro e escuro. O limbo é de cor creme
claro, quebradiço e com vasos grandes. Os ramos novos possuem pêlos e podem
variar de cor, dependendo da raça.

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2.2.2. Folha
As folhas são simples e inteiras, de forma elíptica. A inserção no ramo se
faz por meio de um pecíolo curto. Medições das folhas de algumas espécies
mostraram variações de comprimento de 14 a 19 cm, largura de 7 a 9 cm, com
pecíolos de 3 a 4,5 cm. O ápice da folha é geralmente afilado, com a base foliar
de ângulo maior, com 90 a 100 graus. A face superior é glabra e a inferior
pubescente. Apesar de as folhas serem perenes, pode haver renovação total na
época da florada, conforme a cultivar e as condições ambientais.

2.2.3. Flor
As flores são hermafroditas, simétricas, verde-amareladas, com
aproximadamente 1 cm de diâmetro. Ocorrem em panículas de até 200 flores,
originárias de gemas florais terminais, às vezes subterminais. Há variedades que
têm crescimento determinado; outras o têm indeterminado, isto é, após a emissão
das panículas saem ramos vegetativos.
Uma planta adulta pode produzir milhões de flores, embora apenas 1% ou
menos vá originar frutos. Não há correlação positiva entre maior florescimento e
maior produção.
A flor do abacateiro apresenta dicogamia protogínica, isto é, época de
maturidade dos órgãos reprodutores não coincidem, sendo que o estigma está
receptivo antes da senescência das anteras.
Dessa forma, de acordo com o comportamento floral distingue-se dois
grupos, A e B.
O grupo A é formado por variedades cuja primeira abertura da flor se dá no
período da manhã, onde o estigma se encontra receptivo, entretanto sem abertura
das anteras. O fechamento da flor se dá por volta do meio-dia, reabrindo no dia
seguinte à tarde onde haverá liberação de pólen, porém o estigma não mais
estará receptivo. No grupo B, estão as variedades cuja primeira abertura da flor
ocorre após meio-dia, estando o estigma receptivo, sendo o fechamento à noite.
No dia seguinte pela manhã ocorre novamente a abertura, estando as anteras
maduras e prontas para liberação de pólen, entretanto sem mais haver
receptividade do estigma (Tabela 2).

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Devido ao hábito floral do abacateiro a presença de insetos polinizadores é
de suma importância. O principal agente polinizador do abacateiro são as
abelhas, Apis melífera.
As variações das condições ambientais podem alterar o comportamento
das variedades atrasando ou prolongando a abertura da flor. Assim sabe-se que
plantas isoladas podem vir a produzir frutos embora em escala bastante reduzida.
Somado a este fato sabe-se que a viabilidade normal do grão de pólen chega a
mais de 24 horas após a liberação pelas valvas da anteras, o que poderá resultar
na autopolinização desde que com o auxílio de insetos.

Tabela 2 Dicogamia das flores do abacateiro.


Tipo A Tipo B
Manhã Flores abertas (estigma receptivo) ---------------------------
1º Dia Tarde Flores fechadas Flores abertas (estigmas receptivos)
Noite Flores fechadas Flores fechadas

2º Dia Manhã Flores fechadas Flores abertas ( estames deiscentes)


Tarde As flores abrem (estames ---------------------------
deiscentes)

2.2.4. Fruto
O início da produção (florescimento) pode ocorrer desde os três anos de
idade, nas plantas enxertadas, até os oito anos, nas de pé-franco. A polinização e
a fecundação são necessárias à produção de frutos pelo abacateiro. Pelo
comportamento floral citado é fácil entender que a participação de insetos é
essencial; dentre estes as abelhas são os mais importantes, com maior produção
obtida para diversas variedades, ocorrido nos pomares onde abelhas e
variedades interplantadas costumam conviver.
O fruto é uma drupa que possui uma casca (pericarpo), delgada, grossa ou
quebradiça, um mesocarpo carnoso (parte comestível contendo entre 5 e 30% de
óleo) e uma semente coberta pelo endocarpo, envoltório coriáceo que recobre os
cotilédones da semente. O pedúnculo do abacate, de tamanho médio a longo, é
inserido no centro ou lateralmente no fruto por uma parte mais grossa chamada
pedicelo. Grandes variações de cor, formato, tamanho, casca, polpa e semente

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podem ocorrer nos frutos do abacateiro, dependendo das raças e variedades. Seu
peso, por exemplo, pode ir de 50 g a 2,5 kg.

3. VARIEDADES
A definição de variedades é uma das ações mais importantes, pois como
visto no item biologia floral, o abacateiro necessita ser polinizado. Assim deve-se
escolher variedades de grupos distintos e que floresçam na mesma época.

3.1. Variedade para porta-enxertos


A utilização de porta-enxertos é comum na perseacultura, entretanto não
existe uma variedade amplamente difundida e recomendada.
Normalmente, o viveirista utiliza sementes de plantas vigorosas, obtidas na
região, sem a preocupação sobre a identificação do material e suas
características sanitárias.
Para regiões mais frias recomenda-se a utilização de "cavalos" da raça
mexicana ou seus híbridos. Já em regiões onde não há problemas com o frio,
utiliza-se variedades da raças antilhanas e guatemalense.
Atualmente a pesquisa tem-se concentrado na identificação de materiais
tolerantes à gomose e indutores de nanismo a copa.

3.2. Variedades copa


Devido ao tipo de polinização encontrada nesta espécie, existe um número
elevado de variedades oferecidas no mercado, cuja abrangência entre os tipos
culmina em oferta do produto em praticamente todos os meses do ano. Os preços
alcançados pelo produtor geralmente são melhores de outubro a dezembro, onde
a oferta de abacate no mercado é reduzida.
No Brasil, especificamente, não é comum a utilização das mesmas
variedades para mercado interno e externo. As variedades cultivadas para a
exportação normalmente não são aceitas pelo nosso consumidor, sendo que a
preferência recai sobre frutos grandes e com baixo teor de óleo.
Nas tabelas 3 e 4 são apresentadas as principais características de
cultivares para mercado interno e para exportação.

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Tabela 3 Características das principais cultivares de abacateiro para mercado
interno.
Cultivar Período de Polpa Óleo Tipo Floral Forma do fruto Peso (g)
colheita
Geada Jan - Fev A B B Pir elip 600 – 750
Quintal Abr - Jun A B B Ob - pes 400 – 600
Fortuna Mai - Ago A M A Pir 600 – 800
Ouro Verde Jul - Set A M A Elip 500 – 700
Solano Ago - Nov A M B Pir 600 – 750
Tatuí Mai - Jun M H B Ard 300 – 400
Dourado Out - Dez M M A Orb 580
Margarida Out - Dez A B B Obv 750
Reis Ago - Set A B B B Pir - pes 700 – 800
Campinas Set - Out A M B elip 600 – 700
A: alta – 68% ou mais; B: média 64 – 68%; B: baixa – Menos 64%; pir: piriforme; elip: elíptica; ob: oblonga;
pes: com pescoço; ard: arredondada; ord: orbicular; obv: obvocada.

Tabela 4 Características das principais cultivares de abacateiro para exportação.


Cultivar Raça* Peso do fruto Época de produção** Tipo Floral País de origem
(g)
Bacon MxG 250 - 300 P B EUA Califórnia
Zutano MxG 200 - 300 P B EUA Califórnia
Reed G 300 - 400 T A EUA Califórnia
Ettinger MxG 200 - 300 P B Israel
Edanol G 250 - 350 P-M B África do Sul
Horshim MxG 250 - 300 M B Israel
Gwen G 200 - 350 P A EUA Califórnia
Rincon MxG 150 - 300 P-M A México - EUA
Tova M 250 P-M A Israel
Nabal G 300 - 400 P B Israel
Fuerte MxG 150 - 250 P B México
Hass G 180 - 300 M A Califórnia
* M: Mexicana; G: guatemalense; **P: precoce; M: médio; T: tardio

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4. CLIMA
As características de clima são importantes referências para se
determinar a vocação de uma determinada região para o cultivo de uma dada
espécie.
É de relevante importância o conhecimento do clima, distribuição
pluviométrica, presença de deficiências hídricas ocasionais, ocorrência de
geadas, entre outros fatores, que vão orientar o produtor na tomada de decisão
para instalar um pomar.
Planta considerada como tropical, o abacateiro se adapta bem em
condições tipicamente subtropicais e temperadas, isto devido principalmente a
existência das diferentes raças e também de seus híbridos. Existem variedades
extremamente resistentes às geadas, como os da raça mexicana, passando por
aquelas da raça guatemalense com média resistência às geadas, semelhantes
aos cítricos, e até aquelas que sofrem injúrias com clima amenos.
Observa-se que variações de temperatura entre o dia e a noite, durante o
período de floração podem causar problemas na frutificação reduzindo a
produção.
São plantas exigentes em umidade, sendo aconselhável regiões com
precipitação anual em torno de 1.500mm. Áreas onde a distribuição das chuvas é
irregular ou insuficiente, recomenda-se a utilização de irrigação para suprir as
necessidades da planta e conferir maior qualidade aos frutos produzidos.
Períodos prolongados de seca podem provocar a queda de folhas
enfraquecendo a planta em relação a produção futura. Ao contrário o excesso de
chuvas no período de florescimento pode prejudicar a atividade dos polinizadores
e a qualidade do pólen, afetando a frutificação.

5. SOLO
Conhecimentos das características do solo, como textura, fertilidade,
profundidade do perfil e tipo vão nortear as atividades de manejo da propriedade.
Deve-se dar preferência à solos com características físicas adequadas ao
desenvolvimento radicular, particularmente com boa permeabilidade, evitando-se
o acúmulo de água e profundos.

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Solos rasos e com aeração reduzida causam asfixia ao sistema radicular
assim como propiciam o desenvolvimento de fungos, predispondo a planta às
podridões.
O preparo do solo requer cuidados específicos, especialmente se nunca foi
cultivado. Notadamente, nesse caso, deve-se desmatá-lo (de acordo com as
necessidades), fazer a distribuição das leiras com os restos da derrubada, após a
retirada de madeira e lenha.
Algumas precauções devem ser tomadas no sentido de não se arrastar a
camada fértil de solo utilizando-se de garfos para o enleiramento. A destoca deve
ser bem feita, prevenindo problemas futuros com cupim ou fungos dos gêneros
Rizoctonia e Armillaria, comuns em áreas recém-desbravadas. Logo a seguir
fazer duas arações profundas (geralmente são suficientes), seguidas de duas
gradagens. Entretanto, terrenos recém-desbravados não se recomenda o plantio
de frutíferas, devendo-se cultivar durante, no mínimo, dois anos com culturas
anuais. Nessa ocasião também se faz o combate sistemático às formigas. Nessa
fase deve-se observar, com detalhes se o solo é sujeito a compactação, caso
afirmativo fazer então a subsolagem. No caso de renovação de pomares adotar o
mesmo procedimento anterior.

6. PROPAGAÇÃO
O abacateiro durante muitos anos foi propagado exclusivamente por meio
de sementes. Devido à isso ocorreram dois fatos que marcaram o início da
abacaticultura comercial no Brasil.
Primeiramente devido à propagação seminífera obteve-se um grande
número de híbridos, visto que a semente do abacate é monoembriônica e desta
forma todas as plantas obtidas são híbridos e normalmente diferentes entre si.
Geralmente a semente de abacate quando germina apresenta vários caules, que
podem ser confundidos com a poliembrionia, mas neste caso trata-se de
policaulia, ou seja a formação de vários caules provenientes de apenas um
embrião gamético. Por esse fato, algumas cultivares com interesse comercial
surgiram e posteriormente foram fixadas através da enxertia. Por outro lado os
pomares que foram formados com mudas propagadas através de sementes
apresentavam grande variabilidade na forma e dimensão das copas das árvores e

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os frutos colhidos também eram muito diferentes em relação à forma, tamanho,
qualidade da polpa e época de maturação.
Desta forma a utilização de sementes restringe-se à formação de porta-
enxertos para serem enxertados com cultivares melhoradas.
A utilização da clonagem através da formação de plantas obtidas através
da estaquia, alporquia e cultura de tecidos tem apresentado resultados
animadores mas ainda não pode-se adaptá-los à produção em larga escala em
bases comerciais.

6.1. Propagação por enxertia


6.1.1. Preparo da semente
As sementes de abacate para formação dos porta-enxertos devem ser
retiradas de plantas adultas, sadias e produtivas, colhendo-se os frutos quando
maduros ou ‘de vez’, com o maior cuidado possível para que não caiam ao chão e
danifiquem a semente. As sementes devem ser lavadas retirando-se a película
que as envolve. Utiliza-se um banho com água quente à 49 - 50 °C por 30 minutos
e após devem ser lavadas com água fria colocando-as para secarem à sombra.
Se não for utilizado o banho com água quente, recomenda-se utilizar um fungicida
específico para proteção de sementes. A semeadura deve ser realizada o mais
rápido possível, pois o poder germinativo cai rapidamente.
Recomenda-se a utilização de sementes da raça mexicana, raça
guatemalense que amadurecem entre fevereiro e abril e da raça antilhana (grupo
manteiga) e seus híbridos que amadurecem normalmente entre dezembro e
fevereiro. Geralmente os viveiristas retiram as sementes de plantas vigorosas e
produtivas e que amadurecem até março - abril. Normalmente são híbridos da
raça antilhana que se adaptam melhor às condições tropicais.

6.1.2. Semeadura
O local para implantação do viveiro deve ser bem arejado em local
protegido de ventos frios e geadas e em terreno livre do fungo causador da
podridão radicular (Phytophthora cinnamomi) que é o principal problema para a
formação de pomares de abacate.
O método de semeadura atualmente utilizado é em sacos plásticos
medindo 20 cm de diâmetro por 40 cm de altura. A maioria dos viveiristas utilizam

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uma lâmina de madeira que forma um canudo dentro do saco plástico, que
protegerá o torrão da muda por ocasião do plantio no pomar. O substrato para
preenchimento dos sacos plásticos consiste de terra de boa qualidade isenta de
pragas e detritos, com 3,0 kg de superfosfato simples, 0,5 kg de cloreto de
potássio e 100 litros de esterco de gado curtido, por metro cúbico de terra. Os
sacos plásticos são encanteirados em viveiros cobertos com tela sombrite 50 %
ou com cobertura de bambu ou folhas de palmeiras. Normalmente são viveiros de
baixo custo de implantação e sem sofisticação. Apenas deve-se ter uma fonte de
água de boa qualidade para a irrigação.
O viveirista poderá também formar as mudas no campo plantando os porta-
enxertos no compasso de 1,00 x 0,30 m. Neste caso as sementes devem ser
semeadas em canteiros de areia em condições semelhantes às utilizadas para a
formação de mudas em sacos plásticos, e após a germinação das sementes, as
plantas são transplantadas para o viveiro. Entretanto esse método tem poucos
adeptos e não é aconselhada, pois existem vários fatores negativos para a
formação deste tipo de muda, como a necessidade de retirada das mudas do
chão e envasamento em jacazinhos ou outras embalagens semelhantes. Essas
mudas necessitam de maior tempo de aclimatação, pois o corte de raízes durante
o arranquio da muda causa um traumatismo muito grande. Essa muda deverá ser
podada e permanecer em local protegido do sol e receber irrigação constante.
Além disto a formação do porta-enxerto diretamente no solo poderá causar a
contaminação das raízes com o fungo causador da podridão das raízes. Outro
fator negativo é o tempo de formação da muda que neste caso é de pelo menos
24 meses, ao passo que a muda formada em saco plástico estará pronta com 12
meses.

6.1.3. Enxertia
Apesar de existirem vários métodos de enxertia, basicamente utiliza-se a
garfagem em fenda cheia e a borbulhia. Entretanto a enxertia por borbulhia é
empregada apenas no caso de porta-enxertos formados no campo, pois necessita
de maior diâmetro destes para a enxertia da borbulha que deverá ser mais
lenhosa. Devido às inúmeras vantagens da garfagem em fenda cheia, como o uso
de sacos plásticos para formação dos porta-enxertos, melhor pegamento da
enxertia, maior rapidez de aclimatação da muda e melhor pegamento das mudas

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no campo, atualmente a borbulhia tornou-se obsoleta para a produção de mudas
de abacate.

6.1.3.1. Enxertia por garfagem em fenda cheia


Os porta-enxertos estarão em condições propícias para a enxertia quando
atingirem a altura de 0,20 - 0,30 m de altura, com o caule de coloração bronzeada
e diâmetro de um lápis.
Os garfos deverão ser retirados de plantas matrizes de cultivares
selecionadas, registradas e de alta produtividade. Os ponteiros devem ser
cortados com 5 - 8 cm de comprimento retirando-se os pecíolos das folhas. Os
garfos devem ser guardados em saco plástico para evitar o ressecamento,
podendo também permanecerem em refrigerador por no máximo uma semana.
Os porta-enxertos devem ser aparados a 4 cm acima do ápice da semente,
efetuando-se um corte longitudinal de 3 cm de comprimento, ao longo do caule.
No garfo efetua-se dois cortes longitudinais convergentes de 3 cm de
comprimento formando uma cunha. Então introduz-se o garfo dentro da fenda do
porta-enxerto, fixando-o com um fitilho plástico, envolvendo-se toda a área do
corte, para proteção do local da enxertia. Após protege-se o enxerto com um saco
plástico transparente que é envolvido e fixado sobre o enxerto para evitar o
ressecamento e queimaduras do sol. Após 30 a 40 dias, o enxerto inicia a
brotação, quando deve-se retirar o saco plástico e cortar-se o fitilho plástico. De
40 a 90 dias após a enxertia, deve-se realizar a desbrota do porta-enxerto,
condução da muda e aclimatação gradativa da muda ao sol.
A muda de abacate estará pronta para o plantio no local definitivo quando
atingir 0,40 - 0,50 m de altura, que ocorrerá com 10 a 12 meses após a
semeadura do porta-enxerto.

7.CALAGEM
Deve-se fazer a calagem de acordo com a análise de solo, elevar a
saturação por bases a 60% empregando-se o calcário dolomítico. Esta é a única
oportunidade de se corrigir o solo em profundidade sem danificar o pomar.
Quando a cultura já está implantada e houver necessidade de correção a
profundidade máxima que o calcário atinge é de10 cm, com a agravante de
danificação do sistema radicular das plantas. Para realização da calagem em

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terrenos recém-desbravados, dar preferência ao calcário dolomítico e distribuí-lo
em área total, com antecedência mínima de 30 dias. A incorporação deve ser feita
em duas etapas, cinqüenta por cento antes da aração e a outra metade na
gradeação. Algumas frutíferas exigem além da distribuição em área total a
colocação de calcário nas covas.

8. ADUBAÇÃO
8.1. Adubação de cova
A adubação deve ser feita obedecendo os resultados da análise de solo e as
necessidades de cada cultura.
Para assegurar um bom desenvolvimento da planta recomenda-se a
utilização de matéria orgânica (esterco de curral, de galinha, composto de lixo,
torta de mamona ou similares) e adubação química com macros e
micronutrientes.
Deve-se, no enchimento da cova inverter a ordem de retirada do solo e
misturar a terra de superfície com a adubação orgânica e calcário. Depois do
fechamento da cova deve ser colocado novamente a estaca para demarcação do
centro de cova e efetuar o plantio após 60 dias.
Recomenda-se aplicar no cova de plantio 20 litros de esterco de curral, po
4 litros de esterco de galinha, 250 g de P2O5 misturando bem com a terra da
superfície, 30 dias antes do plantio. Em Cobertura, aplicar 60 g de N fracionado
em 3 vezes no período chuvoso aos: 30, 90 e 150 dias após o pegamento da
muda.

8.2. Adubação após o plantio


No segundo ano e terceiro anos, 100 a 150 g de N e, de acordo com a
análise de solo, 40 a 200 g de P2O5 e 0 a 100 g de K2O em três parcelas, ao redor
de cada planta e na projeção das copas. No quarto no, 300 g de N e, de acordo
com os teores no solo, 120 a 300 g de P2O5 e 0 a 200 g de K2. O os
micronutrientes zinco e boro serão aplicados nas formas de sulfato de zinco a
0,25% e ácido bórico a 0,10% em duas aplicações, via foliar, na primavera e no
verão, anualmente.

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8.3. Adubação de produção
Para uma produtividade esperada de 10 a 25 t/ha, aplicar 60 a 120 kg/ha
de N, quando o teor de N nas folhas for inferior a 20 g/kg. De acordo com a
análise de solo, aplicar 20 a 120 kg/ha de P2O5 e 30 a 150 kg/ha de K2).
Fracionar a dose anual de fertilizante N e K, em três vezes, durante a estação das
chuvas. Fazer duas pulverização foliares, em setembro e fevereiro, com 50 g de
ácido bórico e 250 de sulfato de zinco cetro de água.

9. PLANTIO
9.1. Escolha da muda e cuidados
O sucesso do pomar dependerá de muitos fatores, entretanto a muda se
reveste de capital importância. A boa muda é como se fosse o alicerce do pomar,
por isso sua escolha deve ser criteriosa. Geralmente as mudas são adquiridas de
raiz nua ou e torrão, dependendo da época e da espécie. Dar preferência para
mudas enxertadas e com torrão.
Para conservação das mudas com torrão deve se colocá-las durante 1 a 2
minutos em um recipiente com água, de maneira que sua profundidade cubra
todo o torrão. Logo a seguir colocá-la em local sombreado. Caso o plantio não
seja feito imediatamente, essas mudas de raízes deverão ser irrigadas
diariamente. No recebimento de mudas de raízes nuas, que de maneira geral são
transportados em feixes ou fardos é necessário a retirada da embalagem
imediatamente. Faz-se em seguida a lavagem do barro que envolve as raízes,
caso algumas se apresentarem secas, recomenda-se colocá-las num tanque com
água durante uma noite e no dia seguinte devem ser colocadas deitadas no sulco,
cobrindo as raízes por completo com uma camada de terra de 15 cm de altura.
Em seguida irrigar as mudas durante uma semana, período em que estarão aptas
para o plantio.

9.2. Época de plantio


O período mais recomendado para o plantio é no início do período chuvoso,
que na nossa região compreende os meses de outubro a dezembro. Entretanto,
se houver disponibilidade de irrigação pode ser realizado em outras épocas,
porém com maiores cuidados. Deve-se ter maiores cuidados para mudas de raiz-
nua.

16
9.3. Espaçamento
Normalmente utiliza-se espaçamentos de plantio amplo, variando de 10 x
10m x 12 ou 12m.
Atualmente tem-se utilizado espaçamentos mais reduzidos nos primeiros
anos de instalação do pomar, objetivando-se com isso aumentar a produção nos
primeiros anos do pomar e maximizar a utilização da terra.
No plantio adensado utiliza-se espaçamento de 6 x 6m, tendo já em mente
que passados alguns anos o desbaste é obrigatório.
Na instalação do pomar devemos lembrar que o abacateiro necessita ser
polinizado, devendo ser plantado cultivares de grupos diferentes (A e B).

9.4. Colocação de muda na cova


Para o plantio propriamente dito é necessário a utilização da tábua de plantio.
Maiores cuidados devem ser dispensados para mudas de raiz-nua, para essas
dar preferência para dias nublados, com chuva e com uma boa rega após o
plantio. Para o plantio de mudas com recipientes ou embalagens, deve-se atentar
para a retirada destes, antes do plantio. Na retirada da embalagem tomar o
máximo cuidado possível para não destorroá-la, expondo e destruindo raízes.
Nunca levantar ou transportar a muda pegando-se na haste principal, usar
sempre as duas mãos apoiadas no torrão, preservando-o. A altura do plantio deve
obedecer o nível do solo, recomendando que a planta seja colocada a 5 cm acima
do nível do solo. Após a colocação da muda na cova, com todos os cuidados já
citados, deve-se ter o cuidado de compactar bem, evitando deixar espaços
vazios. Logo a seguir, de preferência fazer o tutoramento da muda com uma
estaca de 60 a 80 cm visando protegê-la contra ventos e principalmente orientar o
seu crescimento vertical.

9.5 Construção da bacia para irrigação


Logo após a colocação da muda deve-se construir em volta dessa uma bacia
com aproximadamente 50 a 80 cm de diâmetro para facilitar as irrigações e
proteção
da muda. Uma prática recomendada é a colocação de cobertura morta (capim
seco, bagaço de cana ou similares), protegendo assim a muda com maior
aproveitamento de água e já impedindo o crescimento de plantas indesejáveis.

17
Finalmente, fazer irrigação logo após o plantio e nos dias subsequentes até o
completo pegamento da muda. Após essas operações deverão ser realizados
uma série de tratos culturais que serão discutidos em outro capítulo e para cada
cultura específica.

10. TRATOS CULTURAIS


As fases que se seguem ao plantio da muda devem ser conduzidos com
atenção e cuidados. Irrigações, controle e adubações serão realizados a medida
da necessidade e em fases críticas da cultura.
Devido as características de sistema radicular a planta de abacate não
suporta bem estresses provocados por deficiência hídrica, sendo desta forma
importantíssimo o acompanhamento do nível de umidade do solo e em caso de
redução significativa deste, haverá necessidade de suplementação.
A primeira adubação em cobertura deverá ser realizada após o pegamento
da muda utilizando-se 20g de N por planta.

10.1 Formação do pomar


Nos pomares em formação é necessário realizar uma poda durante o início
do desenvolvimento da muda a campo, com o intuito de induzir a formação de
bifurcações de modo a formar a copa, optando-se também por tutorar os brotos
no sentido de abri-la.
Ramos doentes ou mal formados devem ser criteriosamente eliminados.
Também é aconselhável a retirada das inflorescências nos dois primeiros anos
para que não haja um esgotamento prematuro do abacateiro.
O controle de planta daninhas deve ser sistemático, sendo recomendável o
plantio de culturas intercalares visando proteger o solo e minimizar os custos de
implantação.

10.2 Pomar adulto


No pomar adulto, ou seja, a partir do quarto ou quinto ano, as práticas
culturais são baseadas no controle de plantas daninhas, irrigação e adubação.
O controle de plantas daninhas pode ser realizado através de alguns
métodos: mecânicos, químicos ou manuais. O importante é lembrar que o sistema
radicular do abacateiro é sensível a ferimentos e a competição. Portanto,

18
recomenda-se manejar o mato entre as linhas de plantio com roçadeira ou
herbicidas e na linha, procurar manter limpo com a enxada ou mesmo com
produtos específicos.
Com relação a irrigação é sabido que na maioria da regiões brasileiras há
em determinada época do ano, redução da disponibilidade de água para as
plantas, o que para uma fruticultura competitiva e moderna deve-se lançar mão de
métodos que forneçam água às plantas neste momento. Vários métodos são
descritos e recomendados, e deverão ser escolhidos em função da
disponibilidade de água, clima, tipo de solo, topografia e recursos financeiros
disponíveis.
A adubação do pomar desde a sua formação até a fase adulta, deve ser
realizada baseando-se na análise de solo e de folhas. Fatores como o tipo de
solo, fertilidade natural, textura e desenvolvimento das plantas devem ser levados
em consideração quando da realização de adubações.

11. PRAGAS
O abacateiro é uma da culturas mais atacadas por pragas, estas incluem
pulgões, lagartas, besouros, formigas, coleobrocas, ácaros, entre outros.
Na tabela 5 estão sumarizadas as principais pragas que ocorrem na
perseacultura brasileira e métodos de controle.

19
Tabela 5 Principais pragas do abacateiro e respectivos defensivos para controle
Pragas Partes Defensivos Instruções para aplicação
atacadas
Ácaro-das- Gemas florais Enxofre Pulverizar o acaricia tão logo se
gemas-florais constate a presença de ácaros
semelhantes aos da ferrugem do
citrus, na base das
inflorescências, mediante o uso de
lente de 10 aumentos
Besouros Folhas fenitrotion, Pulverizar um dos inseticidas ao
malation , se observar o ataque da praga.
tricofon
Cochonilhas Folhas e frutos paration etílico, Proceder à pulverização no início
paration metílico do ataque da praga. Acrescentar 1
litro de óleo mineral miscível a
casa 100L de calda inseticida.
Repetir após 20 dias se
necessário
Coleobrocas Tronco, ramos Eliminar os ramos afetados
e frutos
Lagartas Folhas e frutos fenitrotion, Pulverizar um dos inseticidas no
malation tricoflon início da ataque da praga. Repetir
após 20 – 30 dias, se necessário.
Os inseticidas não atingem a
lagarta no interior dos frutos.
Fonte: Pizza Jr. et al. 1986; Campos, 1984.

12. DOENÇAS
As doenças que afetam o desenvolvimento do abacateiro são normalmente
de origem fúngica, sendo que com exceção da gomose, as demais doenças são
controladas através de produtos específicos. A Tabela 6 relaciona as principais
doenças e medidas de controle para a perseacultura

20
Tabela 6 Principais doenças do abacateiro e respectivos defensivos para controle
Doenças Partes atacadas Defensivos Instruções para aplicação
Antracnose Folhas, ramos, Benomyl, Pulverizar quando da abertura
inflorescência e mancozeb, das primeiras flores. Repetir
frutos oxicloreto de quando os frutinhos tiverem 2
cobre a 3 cm de comprimento
Cercosporiose Folhas, inflorescência Benomyl, Mesmas instruções dada para
e frutos mancozeb, a Antracnose
oxicloreto de
cobre
Gomose Raízes, colo e tronco Metalaxil, Preventivamente, utilizar
ácido mudas sadias, escolher solos
fosfórico profundos e bem drenados e
fosetil - Al fazer o plantio alto.
Murcha-de- Folhas e ramos Benomyl, Para evitar o aparecimento
verticilium mancozeb desta doença, seguir as
mesmas instruções dadas
para o controle da Antracnose
Oídio Folhas e flores Enxofre Fazer pulverizações geral da
copa por ocasião da florada
ou quando as plantas
apresentarem queda
excessivas de folhas, exibindo
pulverulência cinza.
Verrugose Folhas, frutos e Benomyl, Seguir as mesmas instruções
eventualmente ramos mancozeb dadas para o controle da
Antracnose.
Fonte: Pizza Jr. et al. 1986; Kotze & Darvas, 1983

13. COLHEITA
A colheita de abacate se dá em praticamente todos os meses do ano, com
pouca ou nenhuma intensidade nos meses de dezembro e janeiro.
A colheita, propriamente dita é realizada, no Brasil, manualmente, sendo
que um colhedor experiente é capaz de colher 900 kg de frutos por dia ou 36
caixas de 25 kg. Normalmente utilizam-se varas de colheita providas na

21
extremidade de uma sacola, tendo no seu lado oposto uma lâmina de metal
cortante de aproximadamente 5 centímetros.
O ponto de colheita pode ser determinado pelo teor de óleo, peso ou volume
do fruto, consistência da polpa, aderência do pedúnculo e coloração da casca.
Também em função da distância do mercado consumidor devem ser colhidos na
fase pré-climatérica. É importante lembrar que parte do pedúnculo deve
acompanhar a fruta ao mercado, com o intuito de reduzir o nível de podridão e
retardar o amadurecimento.
Em países onde o cultivo do abacate é extensivo, adota-se equipamentos
mecânicos de colheita, que consistem em plataformas que são elevadas até 5 m
de altura onde o operador retira os frutos mais distantes e difíceis de serem
colhidos.

14. RENDIMENTO
O rendimento das plantas é variável de ano para ano, em função do clima,
tratos culturais, doenças e pragas, e da própria variedade. De um modo geral o
número de frutos por árvores adulta está entre 200 a 800 o que dará em torno de
10 a 25t/ha..
O custo de implantação de um hectare de abacateiro varia de US$588,50 a
US$2.500,00, dependendo da Topografia, preparo, tipo e fertilidade do solo e
sistema de irrigação.

15. COMERCIALIZAÇÃO
A comercialização para mercado interno é feita em caixas K (23 kg) e caixa
M (27 kg). Para o mercado exterior a comercialização e feita em caixas de
papelão ondulado tipo telescópica total (tampa e fundo) com 4 a 6 kg de peso
líquido.

22
REFERÊNCIAS
DONADIO, L. C. Abacate para exportação: aspectos técnicos da produção.
In: DONODIO, L. C. (Ed.). 2ª ed. rev. e aumentada. MAARA: EMBRAPA – SPI,
1995, 53p. (Série Frupex)

DONADIO, L. C. Fruticultura para pomares domésticos. FCAV – UNESP.


Jaboticabal, 1983, 125p.

INSTITUTO AGRONÔMICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Instruções


agrícolas para as principais culturas econômicas, Campinas, SP, 396 p. 1998
(Boletim Técnico 200)

SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998. 760 p.

RAMOS, J. D.; CHALFUN, N. N. J; PASQUAL, M.; RUFINI, J. C. M. Produção de


mudas de plantas frutíferas por semente. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v. 23, n.216, p.64-72, 2002.

23
CAPÍTULO ll
CULTURA DO ABACAXIZEIRO
(Ananas comosus (L.) Merrill)

1. INTRODUÇÃO
O Brasil atualmente é um dos maiores produtor de frutas do mundo, com
34 milhões de toneladas produzidas em 2,2 milhões de ha, gerando 4 milhões de
empregos diretos e indiretos.
Na produção mundial de abacaxi a Tailândia ocupa o primeiro lugar com
(1.990.000t) sendo que o Brasil ocupa o segundo lugar (± 1.700.000t).
O abacaxizeiro é originário da região compreendida entre 15º e 30º,
Latitude Sul, e 40º e 60º, Longitude Oeste, na qual se incluem as zonas centrais e
sul do Brasil, o nordeste da Argentina e o Paraguai. O Brasil é o país de sua
origem; o abacaxi silvestre brasileiro Ananas microstachys Link. O abacaxizeiro
foi encontrado por Cristóvão Colombo na Ilha de Guadalupe, em 1493, e depois
em outras ilhas da Índia. Anos mais tarde foi levado para a Europa, onde
despertou interesse e se tornou bastante apreciado.

2. TAXONOMIA E MORFOLOGIA
2 .1. Taxonomia
O abacaxi pertence à espécie Ananas comosus L.da família Bromeliáceae.
O gênero Ananas é o mais importante da família Bromeliaceae pois nele estão
incluídas as espécies de Ananas comosus (L.) Merril e outras usadas para
produção de fibras ou para ornamentação

2.2. Morfologia
2.2.1. Folha
São inseridas sobre a haste, formando uma densa massa foliar, com 1,30 a
1,50 m de diâmetro e cerca de 70 a 80 folhas, dispostas em filotaxia 5/13. As
folhas diferem entre no comprimento e na forma, sendo divididas em dois grupos,
recebendo a denominação de folhas A, B, C, D, E, e F. A D é a mais jovem dentre
as folhas adultas e metabolicamente, a mais ativa de todas, sendo por
conseguinte usada na análise do crescimento e do estado nutricional da planta.
Em geral, a folha D forma um ângulo de 45° entre o nível do solo e um eixo
imaginário que passa pelo centro da planta, e apresenta os bordos da parte
inferior perpendiculares à base sendo fácil de ser destacada da planta.

2.2.2. Caule
Estrutura em que insere as demais partes da planta, apresentando forma
de clava com 25-30 cm de comprimento. Os internódios são muito curtos, com
comprimento variando de 1 a 10 cm, sendo que os mais longos localizam-se na
porção central. Por ocasião da formação da inflorescência algumas gemas
localizadas nas axilas foliares se desenvolvem, formando brotações laterais que
poderão servir de mudas.

2.2.3. Raiz
O abacaxizeiro é constituído por raízes primárias provenientes da radícula
do embrião e por raízes adventícias, originadas na base do talo ou haste. Desse
modo, a rizosfera do abacaxizeiro é bastante superficial (0-25 cm) encerrando
uma assimetria entre a parte subterrânea e a área da planta. Essa particularidade
diminui a capacidade de exploração do sistema radicular, fato que faz com que o
abacaxizeiro criasse mecanismo de compensação no seu sistema aérea, no que
diz respeito ao suprimento hídrico, e de reservas, em função de relativa e
pequena capacidade do sistema radicular em suprir a planta nas suas
necessidade metabólicas.

2.2.4. Inflorescência
A inflorescência é do tipo espiga, originada do meristema apical da haste,
cujo eixo é uma continuação do pedúnculo. É constituída por 120 a 180 flores
completas. Nas variedades cultivadas dá origem á inflorescência. A flor é
hermafrodita, auto-estéril, com três sépalas , três pétalas, seis estames dispostos
em dois verticilios de três e ovário tricarpelar, triocular, com um estilete e três
estigmas. Cada flor está associada a uma bráctea espessa e carnosa na base, e
fina na extremidade. A filotaxia da inflorescência e fruto é 8/21.

2.2.5. Fruto
O fruto do abacaxizeiro é uma infrutescência do tipo sorose formada pela
concrescência de uma grande número de frutos simples (frutilhos), tipo baga,

2
inseridos em uma haste central em disposição espiralada e intimamente soldados
uns aos outros.
A parte comestível é constituída principalmente pelos ovário, bases das
sépalas e das brácteas, e pelo cotex do eixo. Logo abaixo da casca encontram-se
os lóculos da flor que são em número de três por frutilhos (se houver sementes
estas estão nesses lóculos). Esses são um fator de depreciação do fruto, quando
profundos, pois seus espaços diminuem a massa da polpa do fruto (vaso da flor
do abacaxizeiro). A coroa, quando o fruto está maduro entra em repouso e só
continua a desenvolver quando for plantada.

3. CLIMA
Por ser planta tropical, o abacaxi é extremamente sensível às geadas,
preferindo regiões onde a temperatura média situa-se entre 21 e 23° C.
Em condições de calor e umidade elevados, a planta desenvolve-se
bastante e os frutos produzidos são grandes, com bagas planas, polpa colorida e
com elevado teor de açúcares e baixa acidez, mas a casca fica menos colorida
que a daqueles produzidos em condições de temperatura mais baixa.
Precipitações de 1.200 e 1.500 mm anuais, bem distribuídos ao longo do ano, são
consideradas ideais.

4. SOLO
O abacaxizeiro prefere os solos leves, de textura argilo-arenosa,
razoavelmente profundos, com boa drenagem, de topografia plana ou ondulada e
com pH entre 4,5 e 5,5.
Solos mal drenados ou que acumulem água após as chuvas devem ser
evitados, não só pelo fato de a planta ter seu crescimento retardado, como
também por favorecerem o aparecimento de podridões no colo e nas raízes.
Solos pesados também não são indicados, porque neles as raízes se
desenvolvem mal, especialmente na estação seca do ano.
Áreas com incidência de nematóides devem ser evitadas, pela grande
suscetibilidade da planta a esses inimigos.

3
5. VARIEDADES
A variedade mais cultivada atualmente é a Cayenne, cujas folhas
apresentam espinhos apenas em sua parte terminal. Os frutos são grandes, com
a polpa amarela e com um bom equilíbrio entre açúcares e ácidos.
Em algumas regiões é também cultivada a variedade Pérola ou Branco de
Pernambuco, cujas folhas têm espinhos ao longo das bordas, e os frutos de
formato cônico tem a polpa branca e quase não apresentam acidez. Muito
semelhante á a variedade Jupi, cujos frutos distinguem-se da anterior por se
apresentarem com formato cilíndrico.
Atualmente, existe grande interesse em outras variedades, que possuem
boa tolerância à fusariose, principal doença da cultura. Os frutos dessas
variedades, porém, não apresentam as mesmas qualidades das anteriormente
citadas. Dentre elas destacam-se Rondon e Perolera como as mais promissoras.

6. PROPAGAÇÃO
O abacaxizeiro produz três estruturas que permitem a sua propagação
vegetativa, assegurando assim, a uniformidade do novo plantio. As estruturas
são: o rebentão, formado a partir de gemas localizadas no talo da planta e que,
sob condições normais, produz um novo fruto após 12 a 18 meses do plantio; o
filhote, originados de gemas localizadas no pedúnculo da fruta e que frutifica
naturalmente de 18 a 24 meses após o plantio; e finalmente, a coroa, cujo ciclo de
produção é superior a 24 meses.
É importante notar que o ciclo de produção natural pode ser bastante
alterado pelos produtores, através da indução artificial do florescimento, conforme
será discutido posteriormente.
Normalmente, estas estruturas de propagação são obtidas de plantas que
já produziram a fruta, após a colheita do pomar. Dessa forma, as condições
fitossanitárias do pomar onde se obtém estas mudas, são fundamentais para os
novos plantios.
Visando à obtenção de mudas sadias, isentas de fusariose, é
recomendável a sua produção por meio de secções do talo da planta, da coroa ou
de mudas.
Após a retirada das folhas, o material escolhido é seccionado longitudinal e
transversalmente, de modo a se obterem pequenas secções, com 3 a 5 cm de

4
comprimento, contendo pelo menos uma gema. Após a sua desinfecção, os talos
são plantados no espaçamento de 15 x 15 cm, em canteiros preparados e
adubados com 100 gramas de superfosfato simples por metro quadrado. Após a
brotação das gemas, são feitas adubações quinzenais com fertilizantes
nitrogenados, na dose de 0,7 g de N por metro quadrado, e mensais com sulfato
de potássio, na mesma dose em K20. O canteiro deve ser regularmente
pulverizado com um bom fungicida, para o controle das podridões que
normalmente atacam essas plântulas. Quando bem conduzidas, as mudas
estarão aptas para o plantio no local definitivo de 6 a 8 meses após o início de
sua formação, quando apresentarem um tamanho de 20 a 30 cm.

7. PLANTIO
Enquanto em área pequenas o plantio pode ser feito, após um cuidadoso
preparo do solo, em covas rasas abertas com enxadão, em área maiores é
recomendável que seja feito em sulcos, abertos com dois sulcadores acoplados e
distante entre si no espaçamento adotado para as linhas duplas.
No caso das covas, elas são abertas com uma enxadada e, ao retirar-se a
ferramenta, as mudas são enfiadas inclinadas sob o solo, que é, firmado com os
pés. Para o plantio em sulcos, as mudas são firmemente seguras e então
enfiadas no terreno fofo que é, logo firmado com os pés.
Deve-se enterrar apenas um terço do comprimento total das mudas,
certificando-se que a gema apical esteja acima do nível do solo e livre de terra.
Produtores mais tecnificados podem fazer o plantio das mudas sobre leiras
de largura variável, suficiente para a implantação de uma linha dupla. Esta leiras
são construídas com um implemento tracionado por trator, conhecido como
curvanivelador.
Para se obterem culturas uniformes e produção concentrada em uma
determinada época, o que diminui os custos em tratos culturais e colheita, é
preciso que as mudas empregadas no plantio, sejam todas de um mesmo tipo e
cuidadosamente classificadas quanto ao tamanho ou peso.

8. ESPAÇAMENTO
O espaçamento ideal varia com o trato dispensado à cultura, com as
condições de clima e solo e com o destino da produção. Para o, nível tecnológico

5
aqui apresentado e para as culturas cuja produção destina-se à industrialização,
recomenda-se o plantio em linhas duplas de 45 cm de afastamento entre si, 30
cm entre as plantas nas linhas, com as plantas dispostas em quincôncio, ou seja,
dispostas triangularmente, um em cada canto e uma ao centro. As ruas entre as
linhas duplas devem ter 90 cm de largura, permitindo a produção de frutos com
1,5 quilo cada.
Para a cultura cujos frutos destinam-se ao mercado de frutas frescas
(pesando em torno de 2 quilos), o espaçamento indicado é 40 cm x 40 cm nas
linhas duplas, também em quincôncio, usando-se um intervalo de 120 cm para as
ruas, entre as linhas duplas.
Como o varão dos pulverizadores tem, geralmente, seis metros de
comprimento, a cada conjunto de oito ou dez linhas dupla deixa-se um carreador
com 3 a 4 metros de largura para o trânsito de máquinas. Isso resulta em uma
densidade de 40 mil e de 25 mil mudas por hectare, respectivamente.

9. CALAGEM
No preparo do solo, deve-se fazer calagem sempre que a saturação em
bases, revelada pela análise do solo, for inferior a 50%, procurando-se elevá-la
para 60%.

10. ADUBAÇÃO
As plantas deverão receber, no primeiro ciclo produtivo, 9 gramas de N, 3
gramas de P2O5 e 12 gramas de K2O por pé. O fósforo pode ser colocado todo no
sulco de plantio, enquanto o nitrogênio deve ser fornecido em três a quatro
parcelas, em doses proporcionalmente menores, a partir do pegamento das
mudas e desde que haja umidade suficiente no solo, terminando sua aplicação 90
dias antes da data prevista para o tratamento de antecipação de florescimento. O
potássio, por outro lado, deve ser fornecido em doses crescentes a partir da
segunda parcela do adubo nitrogenado, devendo a última aplicação ser feita
antes do florescimento.
No segundo ciclo, as doses deverão ser reduzidas à metade, observando-
se o mesmo critério de parcelamento.
Os adubos devem ser colocados na axila das folhas basais da planta, com
o auxílio de um funil conectado a um tubo, de forma que o operador realize a

6
adubação sem se abaixar, tomando o cuidado de não deixá-los cair no interior da
roseta foliar. Em culturas mais extensas, a adubação deve ser feita em uma faixa
contínua ao lado das plantas.
Sempre que possível, deverá ser utilizada matéria orgânica no sulco de
plantio, nas doses de 20 quilos de esterco de curral ou 4 quilos de torta de
mamona por 10 m lineares de sulco.

11. TRATOS CULTURAIS


O abacaxizeiro por ter um crescimento inicial bastante lento, sofre bastante
com as competições exercidas pela presença da plantas daninhas, exigindo um
período livre de competições relativamente longa, de cerca de 6 meses.
O controle das plantas daninhas nesta cultura é hoje feita
predominantemente por métodos químicos, sozinhos ou associados ao controle
mecânico. O controle químico só pode ser feito quando o solo se apresenta
suficientemente úmido, através do uso de um dos seguintes produtos: linuron,
ametrina, atrazina, simazina, diuron, afalon, dalapon e bromacil; ou suas misturas,
dependendo das ervas predominantes. As doses recomendadas variam com o
tipo de solo.

12. INDUÇÃO FLORAL


A diferenciação floral do abacaxizeiro ocorre naturalmente, nos meses de
inverno ou, no verão, com o aumento da nebulosidade, desde que a planta tenha
idade e tamanho suficientes para responder a esses estímulos.
Essa diferenciação pode ser induzida através da aplicação de
determinados produtos químicos na roseta central das plantas, o que permite, ao
produtor, estabelecer a época de colheita, reduzir o ciclo da cultura e uniformizar
a produção, facilitando e barateando os tratamentos fitossanitários e a colheita.
O tamanho da fruta produzida depende do porte da planta, por ocasião do
florescimento, que, por sua vez, está associado ao número de folhas que el
apresenta. As culturas cujas frutas destinam-se ao mercado de frutas frescas,
com peso médio em torno de dois quilos, devem ser tratadas quando a folha D,
grupo de folhas inseridas num ângulo de 45° ao talo , tiver em torno de 80 cm de
comprimento ou peso de 70 gramas. Para a cultura cujos frutos destinam-se à
indústria (peso de 1 a 1,5 quilos), o tratamento deve ser feito em plantas menores.

7
O tratamento poderá ser feito colocando-se uma pedra de mais ou menos
um grama de carbureto de cálcio, no centro da roseta foliar, desde que nela exista
umidade suficiente para assegurar a reação do produto. Outro método consiste na
dissolução de 450 gramas de carbureto de cálcio em 100 litros de água fria (3.500
mg.L CaC2), em temperatura mais baixa possível dada a reação ser explosiva,
aplicando-se 50 ml por planta, na roseta central: essa operação deve ser repetida
no dia seguinte.
Mais recentemente tem sido usado o Ethrel (com 21,66% de etephon), na
base de 50 ml do produto comercial por 100 litros de água, adicionando-se à
solução dois quilos de uréia, quando a aplicação for feita por "canequinha" na
quantidade de 50 ml por planta, aplicados na roseta foliar. Quando o produto for
aplicado em pulverizações, nas épocas quentes do ano ou em plantas muito
vigorosas, deverá ser utilizada a dose de 200 ml do produto comercial por 100
litros de água, na qual também se adicionam dois quilos de uréia.
Quaisquer dessas aplicações devem ser feitas de preferência de madrugada,
antes do nascer do sol.
O intervalo entre esse tratamento e a colheita dos frutos, varia de 190 a
250 dias, dependendo da época do ano.

13. ATRASO NA MATURAÇÃO


Com o objetivo de prolongar o período de desenvolvimento da fruta, pode-
se aplicar um produto comercial denominado Fruitone, que contém 7,40% de
ácido propiônico, quando as pétalas das flores próximas à coroa já se
apresentarem secas. O produto deve ser usado em doses que variam de 1,5 a 3
litros por hectare, sendo a solução aplicada em volume tal que permita molhar
bem as folhas e os frutos.
Além de provocar um atraso na maturação, a utilização desse produto, aumenta o
peso e o tamanho do fruto e provoca uma redução no tamanho da coroa, efeito
este proporcional à dose empregada, dentro dos limites estabelecidos acima.

14. REDUÇÃO DA COROA


Para que o fruto tenha melhor aspecto, é recomendável fazer a redução do
tamanho da coroa, podendo ser feito quimicamente pelo emprego do Fruitone ou,
se preferir, por métodos mecânicos através da eliminação do meristema apical

8
com uma lâmina em forma de calha, seis a oito semanas após a saída da
inflorescência.

15. PROTEÇÃO DAS FRUTAS


Os frutos que amadurecem nos meses quentes do ano precisam ser
protegidos contra os raios solares, que podem causar queimaduras na casca e na
polpa. Essa proteção pode ser feita com capins cortados e colocados sobre os
frutos, ou com uma folha de jornal cortada pela metade e presa nas extremidades
por um grampeador.
Mais recentemente, tem sido utilizados sacos de papel "kraft" sem fundo,
especialmente preparados para esta finalidade. O abacaxi é vestido com esse
saco e as duas extremidades, no pedúnculo e na base da coroa, são torcidas
para firmá-lo na posição.

16. ÉPOCA DA PRODUÇÃO


Teoricamente, de seis a oito meses após o tratamento da planta com
produto para diferenciação do florescimento, o abacaxi tem condição de ser
colhido, o que permitiria ao produtor planejar a sua produção ao longo de todo o
ano; na prática, isso não ocorre, porque as plantas são estimuladas naturalmente
ao florescimento por ação de baixas temperaturas e dias curtos ou alta
nebulosidade, desde que apresentem porte e idade para responder a esses
estímulos.
Nas condições do Estado de São Paulo, as plantas são estimuladas ao
florescimento natural no inverno seguinte ao plantio, mesmo que apresentem um
porte insuficiente para produzir um fruto de tamanho comercial.
Por essas razões, o plantio de rebentões grandes (maiores que 45 cm), só
pode ser feito, com sucesso, nos meses de março e abril. Mudas menores, como
rebentões pequenos e filhotes de 300g a 400g, podem ser plantadas de
dezembro a fevereiro, sem riscos de florescimento prematuro.
Essas plantas serão submetidas ao tratamento para diferenciação floral de
março a julho do ano seguinte, para produção nos meses de outubro a março.
Filhotes menores que 300g podem ser plantados de julho a fins de outubro,
permitindo a indução do florescimento no inverno seguinte, para colheita em
fevereiro e março do outro ano.

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17. PRAGAS
As pragas de maior incidência na cultura do abacaxi no Brasil são: a broca
do-fruto, a broca-do-talo e o ácaro alaranjado ou ácaro plano da base das folhas,
além da cochonilha associada à virose.

17.1. Cochonilha do abacaxi: (Dysmicoccus brevipes)


Homoptera, Pseudococcidae. Também conhecida como piolho-branco é
um inseto pequeno, sem asas, coberto por camada pulverulenta branca. Também
encontrada na batatinha, amendoim, bananeira, milho, soja, outras. É responsável
pela transmissão da doença murcha-do-abacaxi (causa sérios danos à variedade
Smooth Cayeime). Vivem em colônias nas raízes e axilas das folhas sugando a
seiva; com aumento populacional o inseto ataca flores e frutos. Vivem em
simbiose com formigas doceiras, atacam o abacaxizeiro a partir do 2º mês de
vida.
Controle: O controle pode ser feito pela aplicação de produtos químicos à
base de paration etílico ou metílico (Folidol ou Rhodiatox na dosagem de 90
ml/100 l água) ou dimetoato (60 ml/100 l água). Aplica-se pulverização preventiva
- 60 ml da calda por planta- entre 60 a 150 dias pós plantio.
Em períodos chuvosos usar inseticidas granulados sistêmicos de solo na dose de
0,5 a 1 g por planta (dissulfoton, aldicarbe) do produto comercial no solo junto a
planta.

17.2. Broca-do-fruto: (Thecla basilides)


Lepidoptera, Leycaenidae. Causa grandes danos em várias regiões
produtoras com nível de infestação em 80%. Adulto é pequena borboleta
cinzenta-escuro brilhante, com manchas circulares alaranjadas nas asas
posteriores; larva (forma jovem) é lagarta que, desenvolvida, tem cor amarelo-
escuro, corpo ligeiramente achatado com aspecto de lesma. As borboletas põem
ovos brancos na parte superior e média da inflorescência e no pedúnculo. A
lagarta ataca a inflorescência, flores, mudas, folhas e frutos. O fruto atacado
exsuda resina líquida que se solidifica com o ar. A lagarta empupa na parte
inferior da folha.
Controle- deve ser feitas pulverizações com produtos químicos do tipo
carbaryl 85 M(260 g em 100 l de água) paration metílico ou diazinom (90 ml em

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100 l de água) ou Bacilus thuringiensis ( Dipel PM -600 g/hectare) aplicando-se 30
a 50 ml da calda por inflorescência. As pulverizações devem ser feitas no "olho"
da planta desde o aparecimento da inflorescência - 45 dias pós indução floral até
40 dias depois em intervalos de aplicações de 15 dias (10 dias para o Dipel).
Tratamento de mudas, com dosagens acima de paration ou diazinom ( 90 ml/100 l
água) podem ser feitos mergulhando as mudas por 3-5 minutos.
O ácaro (Dolichotetranychus floridanus) incide nos tecidos brancos (sem clorofila)
da base das folhas, tanto em mudas como em plantas jovens e adultas, causando
danos, em geral, superficiais.

17.3 Principais medidas de controle para pragas


No caso da broca-do-fruto aplicam-se inseticidas fosforados (diazinon,
parathion metílico, fenitrothion etc.) ou carbamatos (carbaryl), com jato dirigido às
inflorescências, desde o seu surgimento no "olho" das plantas até o fechamento
das últimas flores. Em áreas infestadas são necessárias três a quatro
pulverizações em intervalos de 7 a 10 dias.
No caso da broca-do-talo, uma vez constatada a sua presença, o plantio
deve ser monitorado para a detecção de plantas atacadas, as quais devem ser
arrancadas e a larva localizada e eliminada. A aplicação de inseticidas não tem
eficácia satisfatória no controle desta praga.
O ácaro é normalmente controlado pelos mesmos inseticidas usados para
o combate à cochonilha, pois estes têm também efeito acaricida, não exigindo
medidas de controle específicas.

18. DOENÇAS
Entre as principais doenças estão a fusariose e a podridão-negra-do-fruto.

18.1. Fusariose (Fusarium moniliforme Sheld. Var. subglutinans)


A Fusariose é, responsável pela perda de 30% da produção brasileira. O
fungo infecta todas as partes da planta provocando exsudação de substância
gomosa na área afetada. A planta atacada exibe encurtamento e curvatura do
caule (lado da lesão). Fruto exsuda goma através da cavidade floral e a polpa
apodrece.

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O controle é feito utilizando-se mudas sadias nos novos plantios (mudas de
seccionamento do caule), de plantas que geraram frutos sadios; em áreas de
incidência de fusariose, proceder seleção rigorosa de mudas. Eliminação de
restos de antigas culturas e inspeções permanentes com eliminação de plantas
doentes concorrem para diminuir a infecção .
As pulverizações são feitas com início aos 45 dias pós indução floral e com
intervalos de 10 dias (quatro vezes), com produtos químicos à base de benomyl
(Benlate), thiabendazol (Tecto), tiofanato metílico (Cerconil) na dosagem de 250 a
300 g/100 l de água.

18.2. Podridão-negra-do-fruto (Thielaviopsis paradoxa)


A doença provoca perdas significativas de frutos destinados à exportação.
Essas perdas dão-se entre colheita e processamento. Podridão mole na polpa cor
amarela-intenso evolui para decomposição da polpa que se liqüefaz;
externamente há exsudação do suco que resulta em fruto oco.
O controle é feito colhendo-se os frutos com um segmento de pedúnculo (2
cm), evitando ferimentos no fruto, armazenando os frutos a 8°C e mantendo essa
temperatura no transporte, eliminar restos de antigas culturas nas proximidades
de área de estocagem/manuseio de frutos.
Imergir pedúnculo numa calda fungicida - para proteger corte de colheita -
em caldas de benomyl (Benlate a 0,8%) e triadimefon (Bayleton a 0,4%).

19. COLHEITA
O ponto de colheita varia com a distância do mercado. Para as condições
do Estado de Mato Grosso do Sul, cujos frutos destinam-se para o consumo ao
natural, recomenda-se que a colheita seja feita quando esses se apresentarem
3/4 da superfície com coloração amarelada.
A operação é feita segurando-se a fruta pela coroa e seccionando-se o
pedúnculo com facão.
As variedades que apresentam grande número de filhotes podem sofrer
uma operação de raleamento dessas estruturas, de modo a permitir que os
filhotes remanescentes assegurem uma melhor proteção das frutas no transporte.
As frutas são transportadas a granel, mas a carga é feita acomodando-as
individualmente na carroceria do caminhão.

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Em uma lavoura adequadamente conduzida, 85% das plantas devem
produzir frutos no primeiro ciclo, porcentagem essa que se reduz para 65% na
colheita seguinte.
A ocorrência de fusariose, cochonilhas e broca-dos-frutos poderá reduzir
sensivelmente esse rendimento.

20. RENDIMENTO
Com a adoção de praticas técnicas recomendas espera-se uma
produtividade por hectare de 25.500 frutos para a cultivar Perola, e de 34.500
para a cultivar Smooth cayenne, que por características suportam maiores
densidades no plantio.

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REFERÊNCIAS

CHOAIRY, S. A. A cultura do abacaxi : práticas de cultivo. João Pessoa - PB,


EMEPA, 1985. 21p. (Circular técnica,1) .

CUNHA, G. A. P. et al. Abacaxi para a exportação: aspectos técnicos da


produção. MAARA/SDR. Brasília. EMBRAPA/SPI, 1994, 41 p. (Série
Publicações Técnicas FRUPEX, 11).

CUNHA, G. A. P. Uso de Etephon na indução do abacaxi. Cruz das Almas- BA,


EMBRAPA, 1987. 3p. (Comunicado técnico,2).

CUNHA, G. A. P. & REINHARDT, D. H. Hora de aplicação do tratamento de


indução da floração do abacaxi. Cruz das Almas- BA, EMBRAPA, 1986. 3p.
(Comunicado técnico, 10. EPAMIG. Abacaxi. IN: Informe Agropecuário, Belo
Horizonte, 11:1-92, 1985.

GIACOMELLI, E. J. & PY, C. O abacaxi no Brasil. Campinas, Fundação Cargill,


1981. 101p.
___________. Abacaxi. IN: Instruções agrícolas para o Estado de São Paulo,
Campinas, IAC, 1986: 5-6

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