Você está na página 1de 177

Biologia e Ecologia

das plantas daninhas

Prof. Dr. Nicolau Brito da Cunha


Brasília
2022
Origem e Evolução das Plantas Daninhas
Três teorias (Baker 1974):

(i) espécies selvagens foram se adaptando e sendo selecionadas pelo


contínuo distúrbio do habitat;

(ii) hibridações entre espécies selvagens e raças cultivadas de espécies


domesticadas

(iii) espécies que foram abandonadas no processo de domesticação.


Dentre as formas de coevolução das plantas daninhas com as plantas
cultivadas destacam-se:

1) A mimetização das plantas daninhas com as culturas.

2) A mudança da flora em função da pressão de seleção causada pelos


métodos de controle.

3) A resistência de plantas daninhas a herbicidas.


Regra de ouro

Quanto maior a semelhança, maior será a


dificuldade de controle.

Um exemplo típico ocorre com a cultura do arroz e o


capim-arroz (Echnochloa spp.). Nesta mesma
situação, encontram-se o arroz vermelho e o arroz
cultivado, ambos Oryza sativa (Barret, 1983).
Ex: tolerância ao herbicida Glyphosate

Mesmo sendo um herbicida que controla um grande número de espécies daninhas, existem outras com alto grau
de tolerância ao glyphosate como a trapoeraba (Commelina benghalensis), a corda-de-viola (Ipomoea spp.), a erva-
de-touro (Tridax procumbens), o agriãozinho (Synedrellopsis grisebackii) e outras.

Repetidas aplicações de um mesmo herbicida ou herbicidas de mesmo mecanismo de ação podem causar uma
pressão de seleção em indivíduos resistentes, que ocorrem em baixa frequência.

O favorecimento do aumento da população de biótipos de espécies daninhas resistentes por meio da pressão
tende a tornar tais biótipos dominantes na população (Christooleti et al., 2008).
Keshktar et al., 2018
Cumulative increase of herbicide-resistant weed species around the world. The first herbicide-resistant case was
reported in 1957, and now more than 490 unique cases have been detected in 70 countries (Heap 2018).
The founder of plant functional ecology.

John Philip Grime (1935-2021)


Estresses: são fatores relacionados à limitação de
recursos ambientais (como luz, água e nutrientes) que
inibem o crescimento e o desenvolvimento vegetal

Distúrbios: são fatores que destroem a cobertura


vegetal do solo, como inundações, queimadas,
derrubada de árvores, capinas, revolvimento do solo
etc.
Ruderal é a designação dada em ecologia às comunidades vegetais que se desenvolvem em ambientes
fortemente perturbados pela ação humana, como seja cascalheiras, depósitos de entulho, aterros, bermas de
caminhos e espaços similares.
Classificação Botânica das Plantas Daninhas

- correta identificação das espécies

- primeira etapa na elaboração de um programa de


classificação manejo
botânica
- baseadas nas características morfológicas e
fisiológicas, no ciclo de vida e no habitat

- classes, ordens, famílias, gêneros e espécies


No campo: o mais importante é saber reconhecer os
gêneros e as espécies de plantas daninhas

1) principalmente nos estádios iniciais de


crescimento

2) momento em que as plantas daninhas são


mais suscetíveis ao manejo
classe das
monocotiledôneas (por classe das eudicotiledôneas
exemplo, famílias Poaceae e (por exemplo, famílias
Cyperaceae). Amaranthaceae e Asteraceae)

“Folha estreita” “Folha larga”


Classificação Ecológica ampla das Plantas Daninhas

1) Plantas ruderais

2) Plantas competidoras

3) Plantas tolerantes ao estresse


1) Plantas ruderais apresentam crescimento vegetativo rápido, produção rápida de
sementes e/ou propágulos com diversificados mecanismos de dormência, sendo
altamente prolíficas e, portanto, priorizam a reprodução e a formação de banco de como
base para a proliferação da espécie. Plantas ruderais são típicas de éreas de olericultura e
de cultivo convencional.

Amaranto
Amaranthus cruentus
2) Plantas competidoras maximizam a alocação de recursos no crescimento vegetativo
em detrimento da reprodução, priorizando o desenvolvimento do dossel e exploração
do solo para ocupar, eficientemente, os recursos e permitir o estabelecimento
consistente. Plantas competidoras são características de áreas de plantio direto.

Amendoim bravo ou leiteiro (Euphorbia heterophylla)

Capim-amargoso (Digitaria insularis),


3) Plantas tolerantes ao estresse apresentam crescimento mais lento em relação às demais
e se caracterizam por apresentar alta plasticidade fenotípica (facilidade de adaptação a
diversas condições) e adaptações especiais para superar as limitações referentes ao seu
crescimento, impostas pelo meio. Plantas tolerantes ao estresse são características de áreas
de florestamento, principalmente após o segundo ano de implantação.

Trapoeraba (Commelina benghalensis)


Classificação Ecológica detalhada das Plantas Daninhas

1) Conforme o meio ou habitat em que vivem

A)Terrestres

B) Aquáticas
(macrófitas)

Leiteiro (Euphorbia heterophylla) Aguapé (Eichhornia crassipes)


A)Terrestres

- agrófilas ou arvenses: são as que ocorrem infestando as


áreas agrícolas, especialmente as cultivadas;

- nomófilas: são as que ocorrem em pastagem;

- viárias: são as que ocorrem junto a estradas e caminhos;

- ruderais ou cledófilas: são aquelas que surgem em áreas


abandonadas pelo homem.
B) Aquáticas (macrófitas)

- emersas ou emergentes: são aquelas enraizadas ou ancoradas no solo


e adaptadas a crescer com a maioria de seu tecido vegetativo (caule e
folhas) acima da superfície da água, não se baixando ou elevando com
o nível da água.
Exemplos: Sagittaria; Cyperus; Eleocharis; Polygonum e Typha.

- flutuantes: são plantas de flutuação livre ou ancorada, adaptadas a


crescer com a maioria do seu tecido vegetativo acima ou à superfície da
água e baixando ou elevando-se com o nível da água.
Exemplos: Eichornia; Azolla e Salvinia.
- submersas: plantas aquáticas que crescem com todo ou com a
maioria de seu tecido vegetativo abaixo da superfície da água.
Exemplos: Elodea. Estas plantas podem ser ancoradas ou não.

- marginais: são espécies que vivem enraizadas no solo das


margens das massas d’água, com caule geralmente flutuante ou
submerso. Exemplos: Urochloa; Juncus e Heteranthera.
2) Conforme o ciclo de vida

- A) monocárpicas ou hapaxantas: incluem aquelas espécies que


florescem e frutificam apenas uma vez ao final do ciclo; podem ser
anuais, bienais e plurianuais ou efêmeras;
-

- B) policárpicas ou polacantas: englobam as espécies perenes que


vivem de poucos a muitos anos, florescendo e frutificando anualmente,
por diversos anos. São aquelas cujo ciclo é superior a 2 anos, podendo,
em algumas espécies, viver quase indefinidamente.
A) monocárpicas ou hapaxantas

A1) efêmeras são aquelas que apresentam um


ciclo biológico muito curto, de algumas semanas
apenas, podendo, desta maneira, formar duas
ou três gerações numa mesma estação de
crescimento.

Trillium grandiflorum

A2) anuais são aquelas que completam o ciclo


em menos de 1 ano; variando, em geral, de
alguns meses até as que necessitam 6 a 9 meses
para encerrar o ciclo.

Bidens pilosa, picão preto


A grande maioria das plantas daninhas de importância
agrícola no Brasil são anuais

A infestação em áreas agrícolas não se limita apenas à


época caracterizada pelas anuais de verão e/ou de inverno,
podendo encontrá-las em outras épocas ou durante todo o
ano
A3) bienais são aquelas cujo ciclo é superior a 1 ano e inferior a 2 anos, geralmente
completando o ciclo em 18 meses após a germinação. Costumam ser impropriamente
designadas como bianuais. Poucas espécies pertencem a este grupo e estas ocorrem
normalmente em áreas temperadas. São espécies que necessitam atravessar uma estação
fria para que seja induzido o seu florescimento.

Kalanchoe tetraphylla
Barbarea verna Orelha-de-elefante
(Erva-de-santa-bárbara) Ornithogalum saundersiae
Estrela-de-belém
- o primeiro ano é marcado pelo
início do ciclo de vida e do
crescimento vegetativo
nas espécies
bienais: - o segundo ano, pela floração,
produção de sementes e morte
das plantas
No Brasil, são poucas as espécies bianuais, e por isso maior
atenção deve ser dada às espécies de ciclos anuais, que
normalmente representam a grande maioria das sementes de
plantas daninhas enterradas em solos agrícolas, seguidas das
espécies de plantas daninhas perenes

Algumas plantas daninhas podem comportar-se como anuais


ou bianuais, em reposta às alterações no ambiente agrícola.
A2)Anuais

A2.1) plantas anuais de verão ou de estação quente. Costumam germinar na primavera, crescer
e desenvolver durante o verão, morrendo no outono, persistindo durante o inverno em forma
de sementes em dormência no solo até a primavera seguinte. Ex. caruru (Amaranthus spp.,
papuã (Urochloa plantaginea), milhã (Digitaria spp.),

Brachiaria plantaginea Cenchrus echinatus


Capim marmelada Capim carrapicho
A2.2) plantas anuais de inverno ou de estação fria. Geralmente germinam no outono,
vegetando durante o inverno, sendo que o florescimento e frutificação ocorrem na
primavera; durante o verão permanecem como sementes dormentes no solo. Ex nabiça
(Raphanus raphanistrum), mentruz (Lepidium virginicum), dentre outras.

Nabiça (Raphanus raphanistrum) Mentruz (Lepidium virginicum)


B) policárpicas ou polacantas

B1) perenes simples: quando se reproduzem naturalmente apenas por sementes;


podem, no entanto, originar novos indivíduos quando cortadas em pedaços de forma
artificial. São exemplos os gêneros Rumex; Plantago; Taraxacum.

Língua-devaca (Rumex spp.), Dente-de-leão (Taraxacum officinale)D


B2) perenes com reprodução por sementes e com propagação vegetativa

B2.1) rasteiras são aquelas que apresentam estolões (caule que se desenvolve acima da
superfície do solo) e rizomas (caules rasteiros subterrâneos), como Cynodon dactylon,

Grama-seda (Cynodon dactylon)


Capim-de-rhodes (Chloris gayana)
B2.2) perenes bulbosas são espécies que apresentam propágulos vegetativos em forma de
bulbos, bulbilhos e tubérculos, como ocorre em Allium vineale.

Alho-das-vinhas (Allium vineale)


Tiririca (Cyperus rotundus)
- plantas daninhas anuais: controle preferencial
antes da produção de sementes

Dicas para manejo


- plantas daninhas perenes: devido à habilidade de
com base nos ciclos colonizar rapidamente vários ambientes agrícolas,
de vida deve-se priorizar o manejo integrado

evitar o controle mecânico (aração e gradagem),


pois pode contribuir para o aumento significativo da
infestação por meio da multiplicação dos
propágulos vegetativos.
3) Conforme o hábito vegetativo
- herbáceas: são aquelas de porte baixo, incluindo a maioria das
espécies de ciclo anual e bienal e mesmo espécies perenes; tenras
(geralmente sem lignificação), prostradas ou eretas;

- subarbustivas e arbustivas: apresentam porte baixo e ramificação


desde a base. Incluem as espécies perenes lenhosas de porte ereto e
com ramificações

- arbóreas: seu porte é alto e a ramificação ocorre bem acima da base.


São plantas perenes lenhosas, de porte ereto e com ramificações

- trepadeiras: são aquelas que sobem numa planta-suporte, podendo


ser herbáceas ou lenhosas;
- hemiepífitas: são aquelas que na primeira fase do ciclo vivem sobre
outras plantas, mas que, posteriormente, lançam suas raízes até o solo,
tornando-se autônomas (exemplo: figueira estranguladora ou mata-
pau);

- epífitas: vivem durante todo o ciclo sobre outras plantas; porém, não
são parasitas (exemplos: musgos, liquens, samambaias, bromeliáceas –
como orquídeas);

- parasitas: vivem às expensas de outras plantas; podem conter clorofila


e realizar fotossíntese como erva-de-passarinho, sendo neste caso
denominadas de hemiparasitas, ou não conter clorofila, sendo
totalmente parasitas como Cuscuta, então designadas de holoparasitas.
Algumas plantas parasitas vivem fixadas sobre os sistemas radiculares
das plantas hospedeiras, como ocorre com Striga e Orobanche.
- distribuídas em todo o mundo

- geralmente estão associadas com parasitismo de


plantas ornamentais, árvores, arbustos e em
diversas culturas agrícolas
plantas daninhas
- Afetam negativamente os processos fisiológicos,
parasitas
reprodutivos e ecológicos das plantas hospedeiras

- promovem desequilíbrio na absorção de água e de


nutrientes

- Promovem redução da taxa de fotossíntese e de


respiração
- ampla variação de morfologias, estratégias de
vida e formas de crescimento

- (I) hemiparasitas, que contêm clorofila; e


holoparasitas, em que a clorofila está ausente;

- (II) parasitas obrigatórias, que precisam estar


plantas daninhas
conectadas a um hospedeiro imediatamente
parasitas
(continuação) após a germinação; e parasitas facultativas, que
são aquelas que se associam à planta
hospedeira após maturidade;

- (III) parasitas de brotos ou raízes, que se ligam


às plantas hospedeiras de acordo com a
posição do haustório (raízes modificadas)
Cuscuta racemosa
cipó-chumbo
Viscum spp
Erva-de-passarinho
4) Conforme a sua relação com fatores ambientais

4.1) radiação solar

- heliófilas (plantas adaptadas à plena radiação)

- ciófilas ou umbrófilas (quando estão adaptadas à sombra).


4.2) influência da luz sobre a germinação das sementes

- fotoblásticas positivas

- fotoblásticas negativas

- neutras
4.3) pH do solo

- acidófilas ou calcífugas, quando adaptadas a crescer em solos


ácidos

- basófilas ou calcífilas, as quais vegetam predominantemente em


solos alcalinos ou próximos da neutralidade
4.4) salinidade do solo

- halófitas são aquelas adaptadas a crescer em solos salinos, como


ocorre com algumas poliganáceas, que podem prosperar em
solos contendo de 1,2 a 1,5% (p/v) de cloreto de sódio.
4.5) umidade do solo

- xerófitas: adaptadas a crescer em solos secos

- mesófitas grupo intermediário

- hidrófitas adaptadas a solos úmidos ou encharcados


Plantas daninhas:

1) Naturalmente adaptadas ao ambiente em que estão inseridas


2) Crescimento rápido

Plantas cultivadas:

1) Domesticação
2) Selecionadas artificialmente
3) Melhoradas geneticamente com foco na produtividade.
Dessa forma, a habilidade competitiva
das plantas daninhas em relação às
cultivadas é maior.

Cury et al. (2011).


Características que conferem agressividade às plantas
daninhas

1) Tolerância a estresses bióticos

2) Tolerância a estresses abióticos

3) Rápido crescimento

4) Liberação de compostos alelopáticos

5) Apresentam diversas estratégias reprodutivas


Classificação das Plantas Daninhas quanto à
sua Agressividade

Silva e Silva, 2007


Estratégias reprodutivas

Proporcionam às Plantas Daninhas:

a) Maior desenvolvimento

b) Ocupação do solo

c) Propagação de novas gerações

d) elevada produção de dissemínulos/propágulos (rizomas, bulbos, estolão,


etc.)
e) Manutenção da viabilidade dos dissemínulos em condições
adversas

f) Capacidade de germinar e emergir em grandes profundidades

g) Desuniformidade de germinação devido à dormência

h) Reprodução alternativa

i)Facilidade na dispersão dos sementes

j) Rápido crescimento inicial

K) Menores exigências nutricionais


Crescimento e desenvolvimento

As plantas daninhas competem com as plantas cultivadas pelos recursos do


meio, como água, luz, nutrientes, espaço, polinizadores, dentre outros, para seu
crescimento e desenvolvimento.

1) Escassez de recursos vs demanda

2) Adaptação ao manejo e às condições locais, como manejo do solo,


variações climáticas e diversidade de espécies do banco de sementes
Ipomoea grandifolia. corda-de-viola

Barroso et al., 2019


Ipomoea grandifolia. corda-de-viola

Barroso et al., 2019


a) Plantas Daninhas Ruderais

Locais onde ocorre intenso cultivo do solo, com preparo de solo e ciclos de cultivos
consecutivos, curtos, ocorrem plantas daninhas ruderais.

Plantas ruderais são plantas muito bem adaptadas a ambientes humanos, sejam
ambientes urbanos (calçadas, margens de ruas) ou ambientes rurais (lavouras)
(LORENZI, 2008; CATTANI, 2009).
1) Agressivas

2) Com rápido crescimento

3) Arbustivas de porte baixo

4) Investem sua energia em se reproduzirem

5) Muito eficientes na utilização da luz

6) Não necessitam investir energia no desenvolvimento de raízes e da parte


aérea

7) Seu ciclo é curto


b) Plantas Daninhas Anuais e Perenes Não Ruderais

Plantas daninhas anuais e perenes possuem maior estratégia competitiva pelos


recursos de crescimento.

1) Investem mais em produção de biomassa do que em produção de


dissemínulos

2) Apresentam sistema radicular e parte aérea maiores, para melhor absorção


de água, nutrientes e interceptação luminosa

3) Apresentam maior crescimento e ocupação de espaço

4) Sob estresse, essas plantas reduzem a alocação de fotoassimilados para o


crescimento vegetal e para a produção de sementes, utilizando a energia
apenas para sua manutenção (COBB; READE, 2010).
Caruru (Amaranthus viridis)
Plasticidade genética e morfológica

“Como mecanismo de sobrevivência, as plantas daninhas adaptam-se ao ambiente em que estão


inseridas.” – Alteração genética

A alteração genética de uma população ocorre quando:

1) Em diversos ciclos da planta daninha, determinada característica se


manifesta e é herdada

2) A característica é selecionada pelas ações antrópicas, como, por exemplo, a


tolerância (melhoramento genético) ou resistência (pressão de seleção) de
plantas daninhas a herbicidas.
Genotype-phenotype predictions

The figure illustrates the


relationships between plant
genotype (G), plant
epigenotype (Eg), internal
phenotype (Pi; e.g.,
biochemical, physiological or
cellular properties), external
phenotype (Pe; e.g.,
morphological or
phenological properties), and
the surrounding environment
(E).

Handakumbura et al., 2019


Alterações genéticas:

a) Porte

b) Fisiologia

c) Morfologia (Ex.Formato de folha)

d) Capacidade de rebrota, dentre outros.


Mutações genéticas
Modificações epigenéticas
- Com menor quantidade de palha há maior predominância de espécies
monocotiledôneas e, ao aumentar a quantidade de palha, há predominância das
eudicotiledôneas

fotoblásticas positivas fotoblásticas negativas


Com a predominância de um grupo de plantas, há aumento
de dissemínulos daquelas espécies no banco de sementes, e
com o passar do tempo, haverá predomínio de determinadas
espécies na área.
Reprodução e disseminação

Disseminação de sementes

Mecanismos de
Disseminação de propágulos
sobrevivência

Manutenção da espécie
a) Grande produção de dissemínulos (sementes, rizomas, bulbos, estolões e
tubérculos).

- elevada produção de Maximizar as chances de


sementes perpetuação no ambiente

número de sementes (TS) taxa de sucesso no estabelecimento da


espécie

TS = número de sementes germinadas/número de sementes


produzidas
EX: cultura da soja

5,9 a 101,2 mil sementes m-2 de 250.000 sementes por planta de A.


B. pilosa e palmeri,

1,4 a 28,2 mil sementes m-2 de 514.000 sementes quando há 8 plantas


S. rhombifolia m-2
Desuniformidade de germinação e longevidade

sementes e tubérculos
germinação
dormência escalonada
no tempo

Diversos fluxos de germinação de


plantas daninhas
1) Quebrada a dormência
A germinação irá
ocorrer quando:
2) Fatores biológicos favoráveis

Longevidade + dormência = presença da semente no solo por diversos


anos
Capacidade de germinar e emergir em diferentes
profundidades

Em geral, sementes com maior quantidade de reservas possuem a capacidade de


germinar em maiores profundidades, desde que os demais fatores necessários para a
germinação (umidade, luminosidade, etc.) não sejam limitantes.

Ex:
- sementes de S. obtusifolia podem germinar na profundidade de 10 cm
- sementes de B. pilosa podem germinar na profundidade de 5 cm.
- sementes de Tridax procumbens (erva-de-touro): baixa germinação abaixo de 1
cm e nula a 3 cm
- sementes de buva: germinação praticamente nula abaixo de 1 cm
Jetirana (Merremia aegyptia)

Orzari et al., 2013


Viabilidade do propágulo em condições adversas.

Mondo et al., 2010


Dispersão através de diferentes meios
- Água

- Vento

Dispersão de - Homem
dissemínulos
- Máquinas

- Animais

- Torrões de mudas

- junto com os grãos cultivados,


Sementes de C. echinatus Sementes de A. hipidum

Sementes de B. pilosa Sementes de Desmodium tortuosum


Silva et al., 2019
Sementes de D. insularis
Crescimento inicial rápido

ambiente favorável rápido crescimento inicial

- plantas daninhas ruderais

- bom preparo de solo (elevada fertilidade)

- disponibilidade de água

- gramíneas (Urochloa sp., Sorghum sp.)

- daninhas com grande produção de biomassa


Diversidade dos mecanismos de reprodução
1) adaptação às variações
reprodução por do ambiente
diferentes tipos 2) Manutenção e
de dissemínulos perpetuação das espécies

Ex 1: A tiririca (Cyperus sp.) reproduz-se por tubérculos,


rizomas, bulbos e sementes

Ex 2: A a grama-seda (C. dactylon) reproduz-


se por estolões e sementes
1) Produção de sementes

1) Principal unidade de propagação das plantas daninhas, especialmente para


as plantas anuais

2) Essencial para a sobrevivência de muitas das angiospermas

3) Uma das características mais marcantes das plantas daninhas é justamente a


grande produção de sementes: dezenas, centenas ou milhares de sementes
por indivíduo.

4) O número de sementes varia em função da espécie e das condições


ambientais.
Reprodução depende da polinização e fecundação do
seminífera óvulo
- plantas daninhas frequentemente são
autocompatíveis (autógamas)
Plantas
- característica que confere alto potencial de
daninhas
infestação
autógamas
- Autógama: uma planta pode autofecundar-
se e gerar vários descendentes
- apresentam polinização cruzada (alógamas)

- geralmente não requerem agentes polinizadores


Plantas específicos
daninhas
alógamas - frequentemente, a polinização ocorre por ação do
vento

- colonização de novas áreas é mais rápida e fácil


- condições edafoclimáticas iguais ou melhores às
daquelas quais estão adaptadas

- ausência ou menor competição com outras plantas


sucesso de
- ausência ou poucos inimigos naturais
novas
colonizações
- capacidade reprodutiva
pelas plantas
daninhas
- o número inicial de indivíduos

- a plasticidade fenotípica

- potencial de preservação da linha genética no tempo


- habilidade de produzir sementes quando jovens

- apresentar um curto tempo entre a floração e a


maturação das sementes
Características
- maioreschances de sucesso na produção de sementes
reprodutivas
especiais - redução na duração do estágio reprodutivo

- produção de sementes em ampla faixa de condições


edafoclimáticas
língua-de-vaca Pode florescer e produzir sementes com um palmo de altura,
Rumex obtusifolius aproximadamente 20 cm
2) Estruturas vegetativas

a)Reprodução assexuada

b)Produção de clones

c)Características genéticas idênticas à planta-mãe


germinação de gemas (raízes, caules e
folhas)

multiplicação
vegetativa
enraizamento de estruturas de
propagação,
(propágulos), como bulbos,
tubérculos, rizomas e estolões
Estruturas vegetativas

Bulbos estruturas subterrâneas que servem tanto de reserva (nutricional e


energética) quanto de reprodução vegetativa. São formadas por parte do
caule e folhas modificadas, onde se desenvolvem gemas vegetativas que
originam novas plantas com o mesmo material genético da planta de
origem. Ex. Trevo-azedo (Oxalis spp.) e alecrim-da-prata (Bulbostylis
capillaris (L.) C. B. Clarke)

Oxalis conrniculata (bulbos)


alecrim-da-prata (Bulbostylis capillaris (L.) C. B. Clarke)
Rizoma tipo de caule subterrâneo longo, que produz raízes adventícias
e parte aérea. Possui função de reserva e de reprodução
vegetativa, podendo produzir raízes e parte aérea. De aspecto
de raiz bem grossa e rudimentar, os rizomas apresentam grande
potencial para colonização e reprodução.
Ex. capim-amargoso (Digitaria insularis), tiririca (Cyperus spp.), losna-brava (Artemisia
verlotorum) e grama-seda (Cynodon dactylon)

Rumex obtusifolia (rizoma)


capim-amargoso (Digitaria insularis)
tiririca (Cyperus spp.)
grama-seda (Cynodon dactylon)
Tubérculo

caule arredondado, resultante da elongação dos rizomas, que se


desenvolve abaixo do solo e tem função de reprodução vegetativa e
reserva energética, pois muitas vezes concentra amido em sua
estrutura.
Podem apresentar gemas germinativas espalhadas por toda sua
superfície, na parte superior ou localizadas numa determinada
extremidade.
Ex; tiririca (Cyperus spp.), falsa-tiririca (Hypoxis decumbens) e aguapé
(Sagittaria guyanensis Kunth).
Cyperus rotundus (tubérculos)
falsa-tiririca (Hypoxis decumbens)
aguapé (Sagittaria guyanensis Kunth).
Estolão é um tipo de caule longo com função reprodutiva, que se desenvolve
formando raízes adventícias e parte aérea na região dos nós.
Apresenta aspecto de um perfilho, às vezes sem folhas.
Algumas plantas daninhas que apresentam estolões são: grama-seda
(Cynodon dactylon), grama-boiadeira (Luziola peruviana) e capim-de-
rhodes (Chloris gayana)

Oxalis conrniculata (estolão)


grama-seda (Cynodon dactylon)
grama-boiadeira (Luziola peruviana)
capim-de-rhodes (Chloris gayana)
Importante
O controle mecânico ou manual de plantas
daninhas que possuem estruturas vegetativas
como forma de propagação, como a tiririca, o
capim-massambará e a grama-seda, por exemplo,
deve ser feito de forma cuidadosa, pois o corte
destas estruturas pode provocar aumento no
número destas, pela fragmentação dos
propágulos, uma vez que cada fragmento poderá
dar origem a uma nova planta
Dispersão trata-se da locomoção/transporte de sementes de plantas
daninhas.

Disseminação o espalhamento tanto de sementes como de estruturas


vegetativas.
Facilidade de dispersão das sementes: uma característica importante das
plantas daninhas, que faz com que sejam capazes de colonizar locais
distantes da planta geradora (planta-mãe).
Mohler at al., 2021
Mohler at al., 2021
Mohler at al., 2021
Por meios próprios (autocoria)

Dispersão

Com auxílio de agentes


externos (alocoria)
Autocoria: em que os frutos caem no solo ou abrem-se na própria planta
produtora, liberando suas sementes.

É o caso de espécies com sementes grandes, como as gramíneas capim-arroz


(Echinochloa spp.) e arroz-vermelho (Oryza sativa), ambas importantes invasoras em
lavouras de arroz irrigado. Entre as dicotiledôneas, citam-se a mamona (Ricinus
communis), o quebra-pedra (Phyllanthus niruri) e o leiteiro (Euphorbia heterophylla).

Esta última espécie é um dos poucos casos de plantas daninhas que apresentam
propulsão mecânica das sementes (deiscência explosiva). Ao fruto se abrir, pode lançar
suas sementes de 2 a 5 metros de distância da planta-mãe (LORENZI, 2008).

https://www.youtube.com/watch?v=FvCaDK_rlCk
https://www.youtube.com/watch?v=91-TfzggrCM
- vento (anemocoria)

- a água (hidrocoria)
Alocoria - os animais (zoocoria)

- homem (antropocoria)
As sementes podem apresentar estruturas especiais que lhe favorecem este
processo de dispersão para que sejam capazes de flutuar (vento ou água) ou então
para terem habilidade de se agarrar/prender-se a algo.
Algumas espécies que hoje são daninhas foram introduzidas acidentalmente
ou para fins forrageiros, como as gramíneas de origem africana: capim-
brachiária (Urochloa decumbens), capim-marmelada (Urochloa plantaginea) e o
capim-annoni (Eragrostis plana). Cabe ressaltar que as braquiárias ainda são
utilizadas como plantas forrageiras, mas são recorrentemente invasoras em
cultivos agrícolas. Já o capim-annoni não é mais utilizado como forragem
devido a seu baixo valor nutricional. No entanto, é uma das espécies
invasoras mais preocupantes em áreas de pastagens no Sul do Brasil, sendo
de difícil controle. No final da década de 1950, foi multiplicada e vendida
como uma forrageira milagrosa, e agora ocupa cerca de 20% das pastagens
nativas (MEDEIROS et al., 2007).
Dormência

a) É considerada uma forma de dispersão das plantas daninhas no tempo

b) Caracterizada quando as sementes de determinada planta não


germinam, embora sejam fornecidas todas as condições ambientais
favoráveis

c) Baseada em mecanismos físicos e fisiológicos

d) Mecanismo de sobrevivência da espécie a determinadas condições


climáticas desfavoráveis

e) Permite que as sementes escapem de estresses ambientais e germinem


quando as condições são mais favoráveis para sua sobrevivência
As sementes de plantas daninhas passam por ciclos anuais
de maior ou menor dormência.

Mecanismos básicos da dormência

1) eventos internos das sementes (embrião)

2) características externas do tegumento, endosperma ou barreiras


impostas pelo fruto.
- Variação de temperatura

- Variação da luz

- Mudanças nas características do solo


Causas da
dormência - Alterações na precipitação pluviométrica

- Práticas culturais

- Profundidade das sementes no solo

Você também pode gostar