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CAPÍTULO 7
7. UMIDADE DE EQUILÍBRIO
GRAFICAMENTE:
(U%) (U%)
Ui Ue
DESSORÇÃO ADSORÇÃO
Ue Ui
tempo tempo
Ue = f ( pv,t)
Ue = f (pv) t= constante
Isoterma de sorção é uma curva que descreve a quantidade de água sorvida por
uma substância sob uma determinada temperatura constante como conseqüência da
pressão de vapor de equilíbrio, da atividade da água ou da umidade relativa. A forma
típica das isotermas para produtos agrícolas corresponde às isotermas de materiais
coloidais capilares porosos que são curvas do tipo sigmoidal.
C
Ue
0 A B
Umidade Relativa
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Processamento de Produtos Agrícolas
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7.2. Histerese
U (%)
Dessorção
HISTERESE
Adsorsão
Quando uma certa quantidade de água é adsorvida por uma superfície, essa
superfície libera uma certa quantidade de calor, chamado de calor de adsorção. Quando
essa mesma quantidade de água é dessorvida de uma superfície, verifica-se o oposto, a
entrada de certa quantidade de calor, denominado calor de dessorção.
Chung e Pfost (1967) formularam a hipótese de que a histerese ocorre em virtude
de que o calor de dessorção é maior do que o de adsorção, ou seja, a mesma quantidade
de energia mobiliza uma maior quantidade de vapor d'água quando o processo é de
adsorção do que quando é de dessorção. Por exemplo: imagine que se tenha uma
amostra de grãos com umidade, em base seca, de 0,10 g de água/ 100g de matéria seca e
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Flávio Meira Borém
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outra amostra com 0,20 g de água / 100g de matéria seca. Se uma certa quantidade de
energia é liberada durante a adsorção de 0,5g de água / 100g de matéria seca na primeira
amostra, obtendo-se assim uma amostra com 0,15 g de água / 100g de matéria seca, essa
mesma quantidade de energia é capaz de dessorver uma quantidade inferior a 0,5 g de
água / 100g de matéria seca, ficando, assim, a segunda amostra com uma umidade
superior 0,15 g de água /100g de matéria seca.
A histerese não ocorre sempre. Após alguns ciclos de dessorção/adsorção cessa o
efeito da histerese.
Graficamente,
Ue1
Ue2
Ue3
Temperatura (ºC) 20 25 30 35 50
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Processamento de Produtos Agrícolas
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Graficamente,
U (%)
Ue3
Ue2
Ue1
35 30 7,2
50 10 3,1
Observa-se que usando-se temperaturas mais elevadas com baixas UR, o valor da
Ue, muitas vezes, é menor do que os valores do teor de água recomendados para o
armazenamento. Assim, durante a secagem com ar nessas condições, o processo deverá
ser interrompido antes que se atinja a umidade de equilíbrio.
1 1 1
UR ---- - ---- = ------
Ue Uo C Uo
em que,
UR 1 C-1
----------------- = --------- - -------- UR
(1 - UR ) Ue Uo C Uo C
em que,
A equação BET fornece um bom ajuste para diversos produtos para valores de
umidade relativa entre 5 e 45%.
Henderson, em 1952, desenvolveu a seguinte equação para descrever as
isotermas:
n
ln ( 1 - UR ) = CTUe
em que,
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Processamento de Produtos Agrícolas
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C e n: Constantes
UR : Umidade relativa (decimal)
T : Temperatura ( K )
A equação de Henderson foi por muito tempo e ainda hoje é usada para estimar a
Ue de produtos agrícolas em função da UR. Entretanto a equação original foi
questionada por vários pesquisadores. Em 1968, Thompson modificou a equação de
Henderson adicionando outra constante à temperatura.
1/N
1 ln ( 1- UR)
Ue = ------ -------------------
100 -K(t+C)
em que,
K, C e N : Constantes
t : Temperatura (º C)
A equação de Henderson modificada foi adotada como uma das duas equações
padrão pela Sociedade Americana de Engenharia Agrícola ( ASAE, 1996, padrão
D245.4 ) para descrever a relação entre o teor de água de equilíbrio (Ue) e a umidade
relativa de equilíbrio (UR).
Grão Faixa
K N C UR(%) t (ºC)
Arroz("rough") 1,9187 10-5 2,4451 51,161 20 - 95 0 - 50
Feijão 2,0899 10-5 1,8812 254,23 20 - 95 0 - 50
Milho (dentado) 8,6541 10-5 1,8634 49,810 20 - 95 0 - 50
Soja 30,5327 10-5 1,2164 134,136 20 - 95 0 - 50
Sorgo 0,8532 10-5 2,4757 113,725 20 - 95 0 - 50
Trigo (duro) 2,3007 10-5 2,2857 55,815 20 - 95 0 - 50
Fonte : Pabis et al (1998)
Ue = E - F ln [ - ( t + C ) ln (UR) ]
em que,
E, F e C : Constantes
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Flávio Meira Borém
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Grão Faixa
E F C UR(%) t (ºC)
Arroz("rough") 0,29394 0,046015 35,703 20 - 95 0 - 50
Feijão 0,43001 0,062596 160,626 20 - 95 0 - 50
Milho (dentado) 0,33876 0,058970 30,205 20 - 95 0 - 50
Soja 0,41631 0,071853 100,288 20 - 95 0 - 50
Sorgo 0,35649 0,050907 102,849 20 - 95 0 - 50
Trigo (duro) 0,35616 0,056788 50,998 20 - 95 0 - 50
Fonte: Pabis et al (1998)
Exemplos:
1 ) Uma lavoura de milho foi colhida com umidade de 18% b.u. Considerando que a
temperatura do ar ambiente é de 25ºC e a umidade relativa de 75%, pergunta-se:
a) É possível utilizar o ar ambiente para secagem do milho?
b) E se for utilizado um ventilador que normalmente aquece o ar ambiente em 5ºC,
é possível a secagem do milho para um armazenamento seguro?
2) Num silo armazenado com soja verificou-se um foco de temperatura elevada em
torno de 30ºC. Considerando que a noite a temperatura do ar é de 18ºC e a
umidade relativa de 80%, você recomendaria a utilização desse ar para resfriar
os grãos sem aumentar os riscos de deterioração do produto?
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