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Introdução à Matologia.

Conceitos iniciais acerca das plantas daninhas.

Prof. Dr. Nicolau Brito da Cunha


Brasília
2022
Matologia

Carvalho, L. 2021, UNESP


Carvalho, L. 2021, UNESP
Carvalho, L. 2021, UNESP
Carvalho, L. 2021, UNESP
Carvalho, L. 2021, UNESP
Carvalho, L. 2021, UNESP
Á área da Biologia e Manejo de Plantas Daninhas tem
importância fundamental no agronegócio do Brasil.

Campo de soja infestado com Buva (Conyza spp). Embrapa


Competição
Plantas
daninhas
Alelopatia

Lorenzi, 2014
Estudos no Brasil
-1800 ~1940/50: Controles manual e mecânico.

-1946 Início do controle químico com o ácido diclorofenoxiacético


(2,4-D).

Nortox® (2,4-D).

diclorofenoxiacético (2,4-D). Auxina


Barroso & Murata, 2021
- Década de 1950: - trabalhos técnicos
- levantamentos da flora infestante
- controle dessas espécies

-1956: 1º Seminário Brasileiro de Herbicidas e Ervas Daninhas


(Antiga Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro - Hoje
UFRRJ)
- 1963: Sociedade Brasileira de Herbicidas e Ervas Daninhas
- 1963: Sociedade Brasileira de Herbicidas e Ervas Daninhas

- 1969: primeiro curso oficial como disciplina de graduação


ESALQ/USP
- Déc. 1970: expansão e multiplicação dos cursos de manejo e
controle de plantas daninhas
- Ano 2000
Ciência das Plantas Daninhas

O termo planta-daninha
Plantas infestantes, plantas invasoras, plantas
voluntárias, plantas espontâneas, ervas daninhas ou,
ainda, termos mais populares e menos acadêmicos,
como: mato, tiguera, inço, juquira...

INDESEJABILIDADE
plantas que afetam negativamente as
atividades humanas
Planta Daninha (definições)

Carvalho, L. 2021, UNESP


DEFINIÇÕES:
- Plantas se desenvolvendo em local inadequado, sob o ponto de vista
humano.
- Planta fora de lugar, sob o ponto de vista humano.
- Riscos naturais às atividades do homem.
- Em princípio, qualquer planta pode se enquadrar nessas definições,
uma vez que podem ser consideradas como daninhas para atividades
humanas dependendo do contexto (plantas daninhas em geral x plantas
daninhas verdadeiras).
- Plantas daninhas verdadeiras: trata-se das espécies consideradas importantes
nas atividades do homem e ainda não cultivadas.

- Plantas daninhas não verdadeiras: são as plantas cultivadas, mas que em


situações específicas afetam negativamente atividades humanas.
- Ex: Cynodon dactylon (grama bermuda): considerada uma das piores plantas
daninhas do mundo para culturas agrícolas. Entretanto, trata-se de gramínea
de excelente valor forrageiro, sendo muito usada para pastoreio e fenação.

- Plantas de milho infestando lavouras de soja ou de outras espécies agrícolas


podem ser consideradas daninhas. Inclusive, a legislação para a produção de
sementes limita ou impede a ocorrência de sementes de outras espécies
agrícolas, sob pena de condenação de lotes.
- São plantas pioneiras: as primeiras que surgem após a destruição total da
vegetação (anuais).

- Há relato na literatura acerca da descrição de cerca de 7.000 espécies de


plantas daninhas verdadeiras.

- 250 são realmente importantes.

- 75 delas são responsáveis por 90% das perdas agrícolas atribuídas às plantas
daninhas.
Plantas daninhas são indesejadas:

1) Problemas quanto à produtividade agrícola

2) Aumento dos custos de produção

3) Dificuldades de manutenção da integridade de reservas ambientais

4) Aumento dos riscos com acidentes em rodovias, ferrovias e


hidrovias

5) Riscos à integridade de ambientes aquáticos e à geração de energia


elétrica, (PITELLI, 2015).
Competição
Silva et al., 2022
Pala & Mennan, 2022
Dittmar et al., 2019
Dittmar et al., 2019
Alelopatia
Terminologia (resumo)
Planta daninha: em princípio nenhuma planta pode ser considerada daninha,
a não ser em contextos específicos. Termo oficial da Sociedade Brasileira da
Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD).
Erva daninha: além da limitação acima, trata-se de expressão restritiva, uma
vez que ervas são plantas herbáceas. Há diversas plantas lenhosas que
podem ser mais problemáticas do que as herbáceas, dependendo da
atividade. Ex: pastagens.
Planta invasora: se a planta coloniza determinado habitat é porque se
encontra adaptada às condições edafoclimáticas locais. Portanto, há críticas
ao termo invasora.
Erva má: limitações semelhantes aos termos erva e má.
Planta nociva: limitações semelhantes.
Planta infestante: o termo infestante também conduz a conotação negativa. Em
contextos específicos, essa palavra pode estar correta, mas não de forma generalizada.
Planta silvestre: esse termo é muito amplo, podendo englobar em princípio qualquer
planta não cultivada, mesmo as que não prejudicam atividades humanas.
Mato: termo muito usado no estado de São Paulo, inclusive por escolas de Agronomia,
em que a disciplina relacionada a essa área é denominada de Matologia. Entretanto, o
termo mato tem diversas outras conotações.
Inço: termo isento de outras conotações, entretanto muito regionalista (RS).

Planta indicadora: indicando algum tipo de manejo inadequado. O problema é que


generaliza também um adjetivo que pode não ser sempre verdadeiro.
- Plantas ruderais: desenvolvem em áreas não agrícolas perturbadas pelo homem.
- Tiguera: plantas infestantes correspondem à(s) cultura anterior(es).
O termo “planta invasora” não é o mais adequado

“Plantas invasoras”: plantas não nativas, plantas que foram introduzidas em um


novo ambiente, ou ainda para plantas exóticas.

a) Toda espécie introduzida é potencialmente invasora, mas


nem toda é realmente invasora.

b) A “invasão” pode ser benéfica em algumas situações.

c) Muitas plantas daninhas são consideradas espécies nativas.

Espínola et al. (2007)


Aristolochia gigantea é uma trepadeira ornamental nativa que pode ser considerada daninha (Foto: Creative
Commons)
(fotos: Evandro Marques)

Caruru (Amaranthus viridis) é uma planta de origem americana. Atualmente é conhecida


como PANC, Planta Alimentícia não Convencional e amplamente divulgada por causa de
seus nutrientes benéficos à saúde.
O termo“erva daninha”: inconsistente

cerca de 20% das espécies vegetais daninhas não são herbáceas, sendo
arbustivas ou arbóreas (LORENZI, 2008).

Nicandra physaloides (juá de capote)


Nicandra physaloides (juá de
capote)
Solanum mauritianum (fumeira, fumo bravo)
Solanum mauritianum (fumeira, fumo bravo)
- O termo oficial adotado pela Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas
(SBCPD) é “Plantas Daninhas” apesar de suas restrições.

O termo “planta-daninha”: está correto Pitelli (2015).

Expressa o conceito de interferência negativa nas atividades humanas.

Ressalva: em Ecologia, a vegetação que infesta áreas agrícolas e de pecuária


pode ser denominada de comunidade infestante ou o conjunto de plantas-
daninhas que habitam determinado ambiente.

O conjunto de todas as populações de plantas daninhas que habitam


determinado ecossistema ou área definida em função de um objetivo específico
de estudo é chamado comunidade infestante (PITELLI, 2000).
Outros termos importantes que se aplicam para as plantas
daninhas
“praga quarentenária”, que é toda espécie que, quando presente, mesmo sob
controle permanente, constitui ameaça à economia agrícola do país ou da
região.

Há dois grupos de pragas quarentenárias:

1) A1 (pragas exóticas não presentes no país ou na região).

2) A2 (já presentes no país ou na região, porém com disseminação localizada e


submetidas a programa oficial de controle).
Pragas quarentenárias A1

Cirsium arvense conhecida


como cardo-das-vinhas ou cardo-
canadense, se caracteriza por ser
extremamente nociva e estar presente
em diversos países de clima
temperado. É nativa da Europa e Ásia
tem- perada, sendo, posteriormente,
introduzida na América do Norte e no
Hemisfério Sul (Tiley, 2010).
Striga spp. (erva-de-bruxa)

-30 espécies de Striga spp foram descritas

As plantas do gênero Striga spp. se


caracterizam por serem parasitas
obrigatórios que necessitam do
hospedeiro para se desenvolver. A
maioria das espécies parasitam plantas
pertencentes à família das Poaceae
(Teka, 2014).
Dentre as culturas de interesse agrícola
parasitadas, pode-se citar, como
exemplo, milho (Zea mays), sorgo
(Sorghum bicolor), arroz (Oryza sativa),
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum),
milheto (Pennisetum glaucum), além de
diversas espécies forrageiras e plantas
daninhas pertencentes a esta família
(Sibhatu, 2016).
Distribuição geográfica de Striga asiatica.
- compreendem parasitas obrigatórios de raízes e inibem o
crescimento normal do hospedeiro

1) Competição por nutrientes

2) Prejuízo na fotossíntese

3) Efeitos fitotóxicos após a ligação ao


hospedeiro

(Joel, 2000; Gurney et al., 2006).


“Pragas prioritárias”, representam aquelas espécies de interesse econômico ou
social, não necessariamente enquadradas como pragas quarentenárias, para as
quais haja regulamentação e ações em âmbito local.

As pragas prioritárias possuem prioridade no registro de agrotóxicos.

1) Importância econômica

2) Maior risco fitossanitário para as


culturas agrícolas no Brasil

3) Atualizada ano a ano (MAPA, 2018)

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