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PLANTAS DANINHAS

E
SEU CONTROLE

Prof. Vinícius Vilela


Eng. Agrônomo
DEFINIÇÃO
• Planta daninha pode ser definida como toda planta cujas
vantagens não têm sido ainda descobertas ou como a planta que
interfere com os objetivos do homem (Fisher, 1973).

• Planta que cresce onde não é desejada (Ashton & Mônaco,


1991).

• Qualquer planta que cresça espontaneamente em um local de


atividade humana e que cause prejuízos (ou potencial prejuízo) a
essa atividade (Carvalho, 2013)
• É uma planta que se desenvolve onde não é desejada.
• É uma planta que causa mais danos que benefícios.
• É uma planta que causa danos à outras plantas de
interesse.
• É uma planta fora de lugar.
• É uma planta indesejável.
• É uma planta que ocupa espaço destinado à outras
atividades.
• É uma planta que domina todas as artes de sobrevivência,
exceto a de crescer em fileiras.
SINONÍMIA:
 Planta daninha - "daninho" é atributo humano .
 Mato - termo usado por profissionais do Paraná e São Paulo. Termo
mais popular.
 Erva daninha - não engloba todas as espécies.
 Planta infestante - pode não causar danos, o que significa um novo
conceito.
 Planta invasora - a maioria das vezes não é ela que invade.
 Invasora - bastante geral e muito usado.
 Erva má - pouco usado e dependendo do local ou situação pode não
ser má.
 Inço - arroz, Rio Grande do Sul.
 Juquira/Saroba - Pastagem.
“Uma espécie só deve ser considerada daninha
se estiver direta ou indiretamente prejudicando
determinada atividade humana, como, por
exemplo, plantas interferindo no desenvolvimento
de culturas comerciais, plantas tóxicas em
pastagens, plantas ao lado de refinarias de petróleo,
plantas estranhas no jardim etc” (Silva; Silva, 2007).
CARACTERÍSTICAS DAS PLANTAS DANINHAS

• Rápido crescimento;
• Baixa exigência nutricional e hídrica;
• Alta capacidade de florescimento;
• Alta Produção de sementes;
• Habilidade de dispersão;
• Adaptação as práticas de manejo – Variação Genética;
• Tolerância a variação ambiental;
• Germinação não sincronizada – Banco de sementes
• Formação de raças fisiológicas.
Por que controlar plantas daninhas ?
POR QUE CONTROLAR PLANTAS
DANINHAS?
• Competem por luz solar, por água e nutrientes;
• Dificultam ou impedem os tratos culturais (nível de infestação e
espécie);
• Redução da produtividade e do valor da terra;
• Perda da qualidade do produto final (grão, semente,silagem);
• Problemas com manejo;
• Hospedeiras para pragas e doenças;
• Alelopatia;
• Tóxicas ao homem/animais.

• Controle - Até 30% do custo total.


REDUÇÃO POTENCIAL DE PRODUTIVIDADE SEM CONTROLE
DE PLANTAS DANINHAS
DISPERSÃO
Não intencional

vento
água
animais
ser humano INVASÃO
etc.
NOVA ESPÉCIE
LOCAL DE
ORIGEM LOCAL DE
DESTINO

INTRODUÇÃO
ser humano

DISPERSÃO
intencional
Origem e Evolução
Várias formas de classificação quanto à origem:

• espécies silvestres adaptadas à áreas de formação natural (glaciação a 2,5 milhões


de anos);
• novas espécies que desenvolveram-se junto com a agricultura.

Autóctones (nativas, naturais, apófitas, selvagens).

Alóctones (introduzidas, naturalizadas, cosmopolitas, antropófitas).


Origem e Evolução

Alóctones:

◦ Introduzidas com devida finalidade, no entanto, tornam-se


problema:

◦ Plantas trazidas para o Brasil como forrageiras

 Brachiaria decumbens, Panicum maximum, da África;


 Cyperus rotundus, EUA.
Origem provável de plantas daninhas ocorrentes no Brasil:
Espécie Nome vulgar Família Origem
Amaranthus hibridus Caruru-roxo Amaranthaceae América Tropical
Amaranthus retroflexus Caruru-rasteiro Amaranthaceae Europa
Cenchrus echinatus Capim carrapicho Poaceae América Tropical
Commelina benghalensis Trapoeiraba Commelinaceae Índia
Cyperus rotundus Tiririca Cyperaceae América do Norte
Cynodon dactylon Grama-seda Poaceae África e Ásia
Eichornia crassipes Aguapé Pontederidaceae Amazônia
Eleusine indica Capim-pé-de-galinha Poaceae Índia e Ásia
Lollium multflorum Azevém Poaceae Mediterrâneo
Leonotis nepetifolia Cordão de frade Lamiaceae África
Ricinus communis Mamona Euphorbiaceae África
Sida rhombifolia Guanxuma Malvaceae Brasil
Sonchus oleraceus Serralha Asteraceae Mediterrâneo
Sorghun halepense Capim-argentino Poaceae Egito e Norte da África
(Adaptado Deuber,1992)
DINÂMICA POPULACIONAL

• a) Sucessão
• b) Reprodução
• c) Produção de sementes
• d) População de sementes no solo
• e) Disseminação
• f) Multiplicação Vegetativa
◦ f.1) Importância - extrema agressividade e prejuízos
◦ f.2) Dormência dos propágulos vegetativos: curto período após a
separação
◦ f.3) Disseminação dos propágulos
◦ f.4) Profundidade de regeneração
◦ f.5) Fatores que envolvem a distribuição ecológica
DINÂMICA POPULACIONAL

a) Sucessão:

• Série de estágios consecutivos, através dos quais a


vegetação de um local, partindo de um ponto inicial,
alcança um estágio final de equilíbrio, chamado
clímax, compatível com as condições climáticas do
local e estável, enquanto tais condições não sofrem
alteração.

• O controle das plantas daninhas tenta impedir o


desenvolvimento natural da sucessão, mantendo a
vegetação espontânea num estágio herbáceo inicial.
DINÂMICA POPULACIONAL

b) Reprodução:

Semente ⇒ principal órgão de perpetuação e disseminação;

• vital para espécies desprovidas de meios vegetativos;


devido a:

 capacidade de distribuir a germinação no espaço;

 capacidade de distribuição no tempo.


DINÂMICA POPULACIONAL

A reprodução por sementes ocorre num determinado


estádio do ciclo de vida, que pode servir para classificar
as plantas em:
1) plantas anuais
2) plantas bienais
3) plantas perenes
DINÂMICA POPULACIONAL
c) Produção de sementes
 O êxito da produção de sementes depende do número e
viabilidade das sementes produzidas:

a) Avena fatua ⇒ 250 sementes;


b) Sisymbrium officinale (Brassicaceae) ⇒ ½ milhão;
c) Amaranthus albus ⇒ 6 a 11 milhões;
d) Conyza bonariensis ⇒ 100 a 200 mil.
CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DE SEMENTES
DINÂMICA POPULACIONAL

d) População de sementes no solo


Banco de sementes = montante de estruturas viáveis de
reprodução presente no solo ou em restos vegetais sobre o
solo.
(produzidas na estação + dormentes + disseminadas) -
(germinadas + destruídas).
• Produzidas na estação
• Dormentes
• Disseminadas
• Germinadas
• Destruídas
DINÂMICA POPULACIONAL

CHUVA DE PLANTA
DETERIORAÇÃO/ SEMENTES ADULTA
SENESCÊNCIA
MORTE

microorganismos BANCO DE GERMINAÇÃO


SEMENTES

Predação por
vertebrados ou
invertebrados TRANSPORTE
(maquinário, água,
vento, animais, etc.)
DINÂMICA POPULACIONAL

Estimativas do tamanho de bancos de sementes

• algumas áreas ⇒ mais de 250 milhões/ha


• áreas bastante infestadas ⇒ mais de 550 milhões/ha
• poucas áreas tem menos que 20 milhões/ha
DINÂMICA POPULACIONAL

e) Disseminação
 Sementes são bem adaptadas para a dispersão:
estrutura, peso e condições ambientais

 Agentes de disseminação:

• Autocoria – planta
• Alocoria – externos:
o Anemocoria
o Hidrocoria
o Zoocoria
o Antropocoria
DINÂMICA POPULACIONAL

1. Naturais
 Vento (anemocoria): meio natural mais comum ⇒ estruturas especiais
ou peso.
DINÂMICA POPULACIONAL

 Água (hidrocoria): unidades de dispersão flutuantes e duráveis.


◦ Sementes
◦ Frutos
 Animais (zoocoria): agentes eficiêntes para curtas e médias
distâncias:
◦ Endozóica e Epizóica
DINÂMICA POPULACIONAL

AUTOCORIA – mecanismos das próprias plantas:

Deiscência explosiva (balocoria):


◦ mamona: > de 10 m
◦ leiteiro:  1 m
DINÂMICA POPULACIONAL

Gravidade (barocoria): carurús


DINÂMICA POPULACIONAL

2. Artificiais
Homem (antropocoria): um dos mais importantes
- junto à roupa
- veículos e equipamentos
DINÂMICA POPULACIONAL

f) Multiplicação Vegetativa

 Propagação por órgãos ou fragmentos de tecidos


especializados capazes de regenerar uma nova planta.

 Produz poucos indivíduos com altas chances e idênticos


aos pais e entre si (clones).

 Órgãos como rizomas, tubérculos, estolões, bulbilhos,


bulbos e gemas adventíceas.
DINÂMICA POPULACIONAL
f.1) Importância ⇒ extrema agressividade e alto potencial de
prejuízos

• Possuem crescimento vigoroso desde o início ⇒ mais


resistentes aos herbicidas que as originadas de sementes.
• Mas as partes vegetativas são mais facilmente destruídas
em condições adversas.
• Capim argentino ⇒ 60 a 90 m de rizomas e mais de 20.000
sementes durante o ciclo.
DINÂMICA POPULACIONAL
f.2) Dormência dos propágulos vegetativos: curto período
após a separação
Dois tipos de dormência:

- apical (própria planta):


◦ dominância apical
◦ imaturidade fisiológica
◦ camadas externas impermeáveis [02 e H2O]
- ambiental:
◦ condições de solo
◦ relação entre gases (O2 e CO2)
◦ temperatura
◦ umidade
DINÂMICA POPULACIONAL
f.3) Disseminação dos propágulos:

• menos eficientes que sementes: grandes, pesados e menos


resistentes;
• meios: trabalhos de solo, movimento de máquinas, palhas,
fenos e água de irrigação.
DINÂMICA POPULACIONAL
f.5) Fatores que envolvem a distribuição ecológica

 ambiente agrícola: comunidade de pl. cultivadas em


associação com pl. daninhas;

 monocultura: espaço ocioso em ambientes perturbados,


aos quais as pl. daninhas são adaptadas;

 sistemas de produção, através das práticas de manejo,


criam uma associação específica entre cultura e pl.
daninhas;
DINÂMICA POPULACIONAL
A ocorrência, abundância, variação e distribuição das plantas
daninhas são determinadas por fatores climáticos, edáficos e
bióticos que caracterizam um ambiente.

a) climáticos:
◦ luz
◦ temperatura
◦ água
◦ vento
DINÂMICA POPULACIONAL
b) edáficos:
◦ água do solo
◦ aeração
◦ temperatura
◦ pH
◦ fertilidade
◦ efeito do sistema de cultivo sobre o solo e sua estrutura

c) bióticos:
◦ plantas
◦ animais
COLONIZAÇÃO DE ÁREAS NOVAS
ADAPTADAS
AMBIENTE
(FILTROS)

BIÓTICOS
POOL DE
+
ESPÉCIES
ABIÓTICOS

NÃO
ADAPTADAS
CONDIÇÕES LIMITANTES

ALTA PRESSÃO DE SELEÇÃO (SELEÇÃO NATURAL)


HIBRIDAÇÕES (VARIABILIDADE GENÉTICA)

PLANTAS DOMESTICADAS PLANTAS DANINHAS

SELEÇÃO PELO SER HUMANO  REDUZIDA VARIABILIDADE GENÉTICA


BAIXA PRESSÃO DE SELEÇÃO (AMBIENTAL)

CONDIÇÕES ÓTIMAS
PREJUÍZOS E ASPECTOS BENÉFICOS

PREJUÍZOS

• Competem por luz solar, por água e nutrientes;


• Dificultam ou impedem os tratos culturais (nível de infestação e espécie);
• Redução da produtividade e do valor da terra;
• Perda da qualidade do produto final (grão, semente,silagem);
• Problemas com manejo;
• Hospedeiras para pragas e doenças;
• Alelopatia;
• Tóxicas ao homem/animais.
PREJUÍZOS E ASPECTOS BENÉFICOS

BENEFÍCIOS?

a) fonte potencial de plantas úteis;


b) valor apícola;
c) valor medicinal;
d) reduzem erosão;
e) adicionam matéria orgânica;
d) espécies aquáticas extraem metais pesados.
ESPÉCIES DANINHAS MAIS IMPORTANTES
No mundo
1. Cyperus rotundus (p);
2. Cynodon dactylon (p);
3. Echinochloa colonum (a);
4. E. crusgalli (a);
5. Eleusine indica (a);
6. Sorghum halepense (p);
7. Eichornia crassipes (p);
8. Imperata cilyndrica (p);
9. Lantana câmara (p)
ESPÉCIES DANINHAS MAIS IMPORTANTES

Nos Estados de GO e MG em áreas de milho e soja:

1. Brachiaria plantaginea (p);


2. Digitaria horizontalis (a);
3. Cenchrus echinatus(a);
4. Digitaria insularis (p);
5. Chamaesyce hirta(a);
6. Commelina benghalensis(p);
7. Euphorbia heterophylla (a);
8. Conyza canadensis (a);

(Karam,2014)
Brachiaria plantaginea – capim marmelada, capim papuã
Digitaria horizontalis- capim colchão, capim milhã
Cenchrus echinatus – capim carrapicho, timbete
Digitaria insularis – capim amargoso, capim açu
Chamaesyce hirta – Erva de santa luzia, erva andorinha
Commelina benghalensis – Trapoeraba, maria mole,andacá
Euphorbia heterophylla – Leiteiro, amendoim bravo
EM RELAÇÃO AO CICLO DE VIDA

a) monocárpicas ou hapaxantas
• anuais, bienais e plurianuais ou efêmeras
• anuais: < a 12 meses; ciclo de 40 a 60 dias
◦ verão (~ de 120)
◦ inverno (~ de 80)
◦ indiferentes
• bienais: > 12 e < 24
• efêmeras: duas a três gerações/ano
EM RELAÇÃO AO CICLO DE VIDA

b) policárpicas ou polacantas

◦ perenes simples
◦ perenes só com multiplicação vegetativa
◦ perenes complexas
EM RELAÇÃO AO HÁBITO DE CRESCIMENTO

 herbáceas: < a 1,0 m (eretas ou prostradas)


 sub-arbustivas: de 0,8 a 1,5 m (eretas)
 arbustivas: de 1,5 a 2,5 m
 arbóreas: > de 2,5 m
 trepadeiras: cirríferas ou volúveis
 hemiepífitas
 epífitas
 parasitas
EM RELAÇÃO AO MEIO EM QUE VIVEM

Plantas de hábito terrestre e de hábito aquático:

a) Terrestres

b) Aquáticas
• emersas ou emergentes
• flutuantes
• submersas (livres e ancoradas)
• marginais
PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO

• Denomina-se período crítico de competição o período no qual a


presença de plantas daninhas reduz expressivamente o rendimento
das plantas cultivadas.

• Varia de acordo com a cultura e cultivar;


• Fase inicial livre;
• Redução da população principal;
• Competição no fechamento do dossel;

Prof. Márcio Rodrigues Taveira


Referências
• CHRISTOFFOLETI, P.J. Aspectos da resistência de plantas daninhas a
herbicidas. Londrina: HRAC-BR, 2003.
• DEUBER, R. Ciência das Plantas Infestantes: manejo. Campinas,
Editora do autor, 1997.
• KISSMANN, K.G.; GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. São
Paulo: BASF, 1992.
• LORENZI, H. Manual de identificação e controle de plantas
daninhas: plantio direto e convencional. São Paulo, Plantarum,
1990.
• OLIVEIRA JR., R.S; CONSTANTIN, J. Plantas daninhas e seu manejo.
Guaíba, Agropecuária, 2001.
Obrigado!

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