Você está na página 1de 63

A CULTURA DO MAMÃO (Carica

papaya L.)
IF Goiano – Campus Ceres
Curso de Agronomia
Turma: 8º Período

Prof. Luís Sérgio Rodrigues Vale

Ceres-GO
A CULTURA DO MAMÃO
Carica papaya L.
1. ORIGEM E DOMESTICAÇÃO:

A primeira descrição sobre a origem do mamoeiro foi feita na


Europa em 1535 pelo cronista G. H. de Oviedo onde afirmava ter
visto o crescimento destas plantas entre o Sul do México e o
norte da Nicarágua.

Há várias hipóteses sobre a origem do mamoeiro, a mais forte


evidência é de que o centro de origem do mamoeiro é no
noroeste da América do Sul (vertente dos Andes) localizado na
parte alta da bacia Amazônica, onde ocorre a maior diversidade
genética (Medina, 1980).
Centro de origem:
ORIGEM E DOMESTICAÇÃO
• Após o descobrimento das Américas o mamoeiro foi
amplamente distribuído pela África e Ásia por
navegadores espanhóis e portugueses e depois por
comerciantes Árabes.

• De acordo com Babadillo (1971), citado por Dantas


et al. (2002), vários autores permitiram levantar o
ano em que o mamoeiro foi introduzido em vários
países, tais como, Brasil (1587); Cuba (1540); Índia
(1611); Europa (1626); Paraguai (1648) e EUA (1773).
Produção Brasileira de Mamão
Produção Mundial de Mamão
Uso da papaína:
• A papaína é uma enzima alcaloide proteolítica.
• Exemplos: Bromelina (abacaxi); Ficina (figo); Actinidina (kiwi);
Papaína (mamão).
• Semelhante à pepsina gástrica.
• Digestão de proteínas: amaciamento.
• Aplicações na indústria farmacêutica, têxtil, alimentícia e
cosmética.
3. Espécies de mamão:
• Família Caricaceae.
• 35 espécies:
• Gêneros: Carica (1 espécie); Horovitzia (1 espécie)
Jaracatia (7 espécies); Cylicomorpha (2 espécies),
Vasconcellea (21 espécies) e Jarilla (3 espécies). A
espécie Carica papaya L., 2n = 18 cromossomos, é a
mais importante e cultivada em várias regiões do
mundo.
Babaco (Vasconcellea x Heibornii)
Cariograma da espécie Carica papaya L.
Diplóide: 2n = 18 cromossomos
Cruzamentos entre plantas:
Plantas femininas: alelo m
Plantas hermafroditas: alelo M2m
Plantas masculinas: alelo M1m
Mudança da nomenclatura do sexo do
mamoeiro:
4. Biologia floral do mamoeiro:
Plantas com flores masculinas
Flores masculinas, femininas e hermafroditas
Cultivar Papaia
• Pode ocorrer flores hermafroditas e femininas em 4 situações
com 3 plantas na cova:
1) Todas hermafroditas
2) 2 hermafroditas e 1 feminina
3) 1 hermafrodita e 2 femininas
4) Todas femininas

• A seleção das mudas deverá seguir o seguinte procedimento:

a) Para a situação 1 e 2 escolher a muda hermafrodita mais


vigorosa e eliminar as demais.
b) Para a situação 3 eliminar as duas femininas
c) Para a situação 4 escolher a muda feminina mais vigorosa.
O Sexo do mamoeiro e as características dos frutos

• Frutos oriundos de flores femininas e de flores hermafroditas


(O mercado exige frutos oriundos de flores hermafroditas: polpa mais
espessa, maior densidade de polpa, maior peso, como é o caso do Papaia
e do Formosa).
Cultivares de mamão
São 3 grupos de mamão: Solo, Formosa e Caipira.

As mais exploradas no Brasil são: Solo (ex: 'Sunrise


Solo' e 'Improved Sunrise Solo cv 72/12') e Formosa
(ex: 'Tainung nº 1, nº 2').

'Sunrise Solo': mais conhecida como mamão Havaí,


Papaya ou Amazônia. Tem forma de pera, com peso
médio de 500g. Possui polpa vermelha-alaranjada de
boa qualidade e cavidade interna estrelada. A produção
começa entre 8 e 10 meses após o plantio, produzindo
em média 40 t ha-1 ano-1.
Cultivares de mamão

'Improved Sunrise Solo cv. 72/12': comumente


conhecida como mamão Havaí. A polpa é espessa e de
coloração vermelha-alaranjada, de boa qualidade, com
boa resistência ao transporte e maior resistência ao
armazenamento. A produção começa a partir do nono
mês após o plantio.
Cultivares de mamão
Tainung nº 1': apresenta casca de coloração verde
claro e cor de polpa laranja-avermelhada, de ótimo
sabor; Produção média de 60 t ha-1 ano-1
Tainung nº 2': apresenta polpa vermelha de bom
sabor, maturação rápida, com pouca resistência ao
transporte. Produção média de 60 t ha-1 ano-1.
Grupos de mamão
CULTIVARES DE MAMÃO
Cultivares de mamão
Produção de Mudas:
Irrigação das Mudas
Em viveiros cobertos, as irrigações devem ser diárias, contudo
sem excesso. Para os viveiros descobertos irrigar no mínimo duas
vezes por dia.
Produção de Mudas
As mudas podem ser produzidas em leiras ou em canteiros e
recipientes de plásticos.
Produção de Sementes
As plantas escolhidas para a produção de sementes devem ser
hermafroditas, ter boa sanidade, baixa altura de inserção das
primeiras flores, precocidade, alta produtividade.
Seleção das Mudas
Entre 20 a 30 dias após a emergência das sementes inicia-se a
seleção das mudas para o plantio. Devem estar livres de pragas e
doenças e com altura entre 15 a 20 cm.
Sementes:
Ciclo produtivo
Ciclo produtivo
Ciclo produtivo
Propagação vegetativa: Estacas de caule

INCAPER/PAPAIA BRASIL- 2003: trabalho com estacas


de caule:
Autores: Adelaide de Fátima Santana da Costa e
Aureliano Nogueira da Costa.
- Estacas de caule com 14-15cm.
- AIB a 0,4% de diluição.
DOENÇAS DO MAMOEIRO

• PRINCIPAIS DOENÇAS FÚNGICAS DO MAMOEIRO:

Oídio (Oidium caricae Noack)

• Medidas preventivas e controle: Fungicidas à base de enxofre,


em dias cuja temperatura seja inferior a 21o C, evitando a
queima dos frutos. Utiliza-se 600-700g/100L de água,
evitando aplicações em dias de temperaturas altas, por
possíveis problemas de fitotoxicidade.
Varíola ou Pinta preta ou bexiga do mamoeiro (Asperisporium
caricae):
• Etiologia: É a doença mais comum no mamoeiro. Os esporos
são disseminados pelo vento e respingos de chuva.

• Sintomatologia: É uma infecção do mamoeiro que se inicia


nas folhas inferiores da planta, mas algumas vezes pode
começar nas folhas novas e nos frutos.
Medidas preventivas e controle: fungicidas à base de cobre
(Oxicloreto de cobre e mancozeb); sementes de origem
conhecida.

Fazer as sementeiras e viveiros em locais distantes das


plantações de mamoeiro; Eliminar folhas infectadas que
juntamente com aquelas caídas deverão ser queimadas por
constituírem focos ativos da disseminação do patógeno. Os
frutos muito atacados devem ser retirados e enterrados.
Sintomas da Varíola ou Pinta Preta
Varíola ou Pinta Preta
Tombamento ou "Damping-off"
• Tombamento ou "Damping-off" - sintomas -
encharcamento dos tecidos na região do colo,
encolhimento da área afetada, apodrecimento de
raízes, tombamento e morte das plantas.
• Controle - com produtos à base de PCNB
(Pentaclonitrobenzeno) (300g/100 L de água),
regando o solo semanalmente até o
desaparecimento dos sintomas.
Podridões de Phytophthora

• Podridões de Phytophthora - manchas aquosas no


colo seguida de apodrecimento de raízes,
amarelecimento de folhas, queda dos frutos,
murchamento e curvatura do ápice (ponteiro).
• Controle - evitar o plantio em solos pesados, dar
preferência a solos virgens, erradicar plantas
irrecuperáveis e fazer o controle químico com fosetil
Al (250 g/100 L de água) em três aplicações anuais.
Antracnose
Colletotrichum gloeosporioides
• Antracnose - aparecem nos frutos em qualquer
estágio de desenvolvimento, mas principalmente em
frutos maduros. As lesões começam com a formação
de pontos negros, que vão aumentando de tamanho
até transformar-se em lesões deprimidas, com até
5cm de diâmetro.
• Controle - retirar e enterrar frutos atacados, colhê-
los ainda verdoengos, desinfestar galpões e
vasilhames de transporte e aplicar quinzenalmente
fungicidas à base de cobre.
Antracnose
Principais doenças viróticas do mamoeiro:

a) Vírus Vírus do mosaico do mamoeiro (VMM)


b) Vírus da mancha anelar (VMAM)
c) Vírus da Meleira
Meleira do mamoeiro
Viroses
• Medidas de controle aplicáveis às viroses - devem
incluir: produção de mudas em áreas isoladas para
evitar a infecção ainda no viveiro; vistoria no viveiro
e/ou no pomar duas a três vezes por semana;
eliminação de pomares velhos e improdutivos;
erradicar e/ou evitar o plantio de cucurbitáceas,
berinjela, quiabo, algodão, couve, couve flor,
pimenta e repolho (hospedeiras do vírus do
mosaico), além de se fazer rotação de culturas.
Pragas:
Ácaro branco (Polyphagotarsonemuis latus (Banks
1904), Tarsonemidae: - conhecido como ácaro tropical
ou ácaro da queda do chapéu. As folhas novas ficam
reduzidas quase que somente às nervuras, paralisando
o crescimento. Ocorre principalmente durante os
períodos mais quentes e de umidade mais elevada.

Ácaros rajado e vermelho: Ácaro rajado: Tetranychus


urticae, ácaro vermelho: Tetranychus desertorum-
provoca o amarelecimento, necrose e perfurações nas
folhas. Ocorrem nos meses quentes e secos. O
controle é feito eliminando-se as folhas velhas e
aplicando-se acaricidas.
Implantação da cultura

Exemplos de espaçamentos utilizados:


a) Grupo Solo: fileira simples: 3 x 2 m (1.666
plantas/ha), 3,60 x 1,80 (1.543 plantas/ha); fileira
dupla: 3,60 x 1,80 x 1,80 m (2.057 plantas/ha).
b) Grupo Formosa: Fileira simples: 3 x 3 m (1.111
plantas/ha); fileira dupla: 4 x 2,5 x 2,5 m (1.250
plantas/ha)
Calagem, adubação e gessagem
• Calagem:
A recomendação de calagem com base na
saturação por bases (V%), visa elevar o valor
de V% do solo a 70%, sempre que esta for
inferior a 60%.
• Gessagem:
Quando a camada subsuperficial apresentar
teores muito baixos de cálcio (Ca < 0,3
Cmolc/dm3) e/ou toxidez de Al (Al > 0,5
Cmolc/dm3 ), o uso do gesso agrícola
(CaSO4.2H2O) é recomendado para promover
melhor desenvolvimento do sistema radicular,
associando-se sua aplicação ao calcário.
A necessidade de gesso (NG) é recomendada
com base na determinação da necessidade de
calagem (NC), substituindo, por gesso, 25% da
quantidade de calcário recomendada para a
camada de 20 a 40 cm, ou seja:

NG (t/ha) = 0,25 x NC (20-40cm)


Adubação:
Análise foliar
A folha a ser amostrada para análise foliar é aquela que
apresenta em sua axila uma flor prestes a se abrir ou
recentemente aberta.
Amostragem: os passos a seguir devem ser seguidos para
retirada de folhas para análise química do pecíolo.
• Coletar somente folhas sadias, no mínimo 12 por amostra.
• As folhas devem ser amostradas de uma mesma variedade, de plantas com
a mesma idade e que representem a média da plantação.
• Retirar apenas as folhas que apresentarem em sua axila uma flor
recentemente aberta.
• Escolher as horas mais frescas do dia para retirada das folhas.
• Destacar o pecíolo do limbo e analisá-los separadamente.
• Amostrar isoladamente áreas com plantas cloróticas, de diferentes
variedades e idades e cultivadas em solos diferentes.
• No caso de áreas no pomar com sintomas suspeitos de representarem
deficiência, retirar amostras compostas pareadas, das plantas com
sintomas e das plantas sadias.
• Colocar os pecíolos num saco de papel comum, encaminhando-os para o
laboratório o mais rápido possível.
Estudos desenvolvidos no Norte do Espírito Santo,
em várias lavouras em produção, foram determinados os teores padrões para o
mamoeiro, onde se observou que a época da seca apresentava os índices
nutricionais melhores ajustados.
Nutrição:
Sintomas de deficiência de boro
• Na deficiência severa os pontos de crescimento
da parte aérea e de raízes são afetados, os frutos
se apresentam com aspecto encaroçado e mal
formados, com escorrimento de látex pela casca
em 1 a 5 pontos bem distintos.
• Ocorrem ainda abortamentos de flores em
períodos de estiagem, produção de frutos de
forma alternada no tronco, folhas amareladas
com pecíolos curtos e o sistema vascular pode ou
não se apresentar escurecido.
Correção com boro

• Efetuar duas pulverizações foliares durante o ano,


aplicando-se 250g de bórax por 100L de água.
• O boro recomendado pela análise de solo deve
ser parcelado duas vezes no ano. Optando-se
pelo uso de FTE, deve-se aplicar na cova em torno
de 50 a 100g de FTE BR 12, sempre se baseando
na concentração de B do produto (de 1 a 2 g de
B/cova).
FTE BR 12 Pó
Garantias:

• Cálcio (Ca): 7,1%


Enxofre (S): 5,7%
Boro (B): 1,8%
Cobre (Cu): 0,8%
Manganês (Mn): 2,0%
Molibdênio (Mo): 0,1%
Zinco (Zn): 9,0%
Tratos culturais:
• Controle de plantas invasoras: pode ser feito com capinas manuais ou mecânicas
(grades ou roçadeiras - grades até primeiros 6 meses). Deve-se evitar lavras
profundas. Capina química (herbicida) pode ser usada.

• Irrigação: o consumo anual de água pelo mamoeiro oscila entre 1.200 e 3.100mm.
Há maior exigência hídrica quando as plantas são jovens. Com déficit hídrico na
produção aparecem áreas do tronco sem frutos.

• Desbaste de Plantas: no início da floração 3-5 meses pós-plantio, efetuar desbaste


deixando 1 planta por cova, sempre com flores hermafroditas.

• Desbrota: brotações laterais que nascem nas axilas das folhas devem ser
eliminadas quando ainda pequenas. Iniciar essa prática 30 dias pós-plantio.

• Desbaste de Frutos: no início da frutificação desbastam-se frutos defeituosos e de


pequeno tamanho; é uma operação periódica (uma vez por mês) em frutos
pequenos e verdes. Deixar 1 a 2 frutos por axila da folha.

• Erradicar plantas atacadas de viroses e outras doenças, de modo sistemático.


Colheita
• O mamão completa a maturação 4 a 6 meses
após a abertura da flor.
• Os frutos devem ser colhidos antes da
maturação total.
• Para comercialização os frutos devem ser
colhidos quando apresentam estrias ou faixas
com 50% de coloração amarela.
• O mamão é colhido manualmente (torção) até
a ruptura do pedúnculo.
• O tratamento dos frutos pós-colheita visa a
prevenção contra doenças fúngicas e mosca-
das-frutas (tratamento térmico a 47ºC por 20
minutos e rápido resfriamento) para moscas
- e de thyabendazol ou benomyl para fungos.

• Após, fazer a classificação pelo tamanho em:


pequenos, médios e grandes, etiquetagem
(nome/endereço do produtor) embalagem
em caixa de madeira ou de papelão
(exportação). Para a frigoconservação
utilizam-se temperaturas entre 13ºC e 16ºC.
Preços do mamão Papaya e Formosa no atacado
(CEASA/GO) em 2014, 2015 e 2018 (R$/Kg)

Você também pode gostar