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Governador

Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
MAMÃO
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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

II. CULTIVARES ............................................................................................ 4

III. BOTÂNICA ......................................................................................... 6

IV. CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS ........................................................ 11

V. PROPAGAÇÃO E FORMAÇÃO DE MUDAS ......................................... 12

VI. TRATOS CULTURAIS ............................................................................. 15

VII. PLANTIO .................................................................................................. 18

VIII. PRAGAS E DOENÇAS .............................................................................. 20

IX. COLHEITA E PÓS-COLHEITA ................................................................ 24

X. COMERCIALIZAÇÃO ............................................................................... 26

XI. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 28

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I. INTRODUÇÃO

Segundo artigo publicado na Revista Brasileira de Fruticultura (v. 32, n. 3 p.


657-959), o mamoeiro (Carica papaya L.) é uma das fruteiras mais comuns em quase
todos os países da América Tropical, sendo descoberto pelos espanhóis na região
compreendida entre o sul do México e o norte da Nicarágua. Após a descoberta, o
mamoeiro foi amplamente distribuído em várias regiões tropicais, estendendo-se a 32°
de latitude norte e sul, com possível introdução no Brasil em 1587.
É considerada como uma das fruteiras mais cultivadas e consumidas nas
regiões tropicais e subtropicais do mundo. Seus frutos, conhecidos como mamão ou
papaya, são excelentes fontes de cálcio, pró-vitamina A e vitamina C (ácido ascórbico),
por isso são amplamente utilizados em dietas alimentares.
A cultura desenvolve-se, satisfatoriamente, em locais com temperatura média
anual de 25ºC, com limites entre 21ºC e 33ºC, e precipitação pluviométrica de 1.500
mm anuais bem distribuída.
Segundo a FAO (2010), a produção mundial de mamão representa 10% da
produção mundial de frutas tropicais, girando em torno de 8 milhões de toneladas, das
quais 39% são produzidas na América Latina e Caribe. Os principais produtores
mundiais são o Brasil, México, Nigéria, Índia e Indonésia, enquanto os maiores
exportadores são o México e a Malásia.
Em 2008, o Brasil produziu 1,9 milhão de toneladas em 36,5 mil hectares, com
um valor da produção estimado em R$ 1 bilhão (IBGE, 2010). Também em 2008, o
Brasil exportou cerca de 30 mil toneladas (7% menos que em 2007), gerando uma
receita de US$ 38,6 milhões (IBRAF, 2010). A Comunidade Europeia (Holanda,
Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Suíça) e os Estados Unidos
são os principais importadores do mamão brasileiro, representando 80% e 14%,
respectivamente (BRAPEX, 2010).
Quanto à produção nacional, os principais produtores são os Estados da Bahia
(902 mil toneladas), Espírito Santo (630 mil toneladas), Rio Grande do Norte (106 mil
toneladas) e Ceará (100 mil toneladas). No quesito exportações, o Estado do Espírito
Santo responde por 50% do total.

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As cultivares de mamoeiro mais exploradas no Brasil são classificadas em dois


grupos: ‘Solo’ e ‘Formosa’. As cultivares do grupo ‘Solo’ possuem alto potencial de
endogamia, e seus frutos, de menor tamanho (≈ 0,35 a 0,70 kg), são destinados para o
mercado interno e, principalmente, para o mercado externo. As principais cultivares do
grupo ‘Formosa’ são híbridas importadas que produzem frutos de maior tamanho (>1,0
kg) que são destinados, principalmente, ao mercado interno. Os municípios de
Pinheiros-ES, Prado-BA e Porto Seguro-BA são os maiores produtores de mamão do
grupo ´Formosa’ (principalmente o híbrido importado ‘Tainung 01’), e Linhares-ES e
Sooretama-ES são os maiores produtores de mamão do grupo ‘Solo’ (principalmente
‘Golden’ e ‘Golden THB’ para exportação e ‘Sunrise Solo’ para o mercado nacional).
No cultivo de mamoeiros híbridos do grupo ‘Formosa’, em cada plantio, o
produtor necessita adquirir novas sementes, fato que eleva o custo de produção.
Entretanto, ainda neste ano, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural (INCAPER) lançará ao mercado o mamoeiro ‘Rubi INCAPER 511’,
uma cultivar do grupo ‘Formosa’ de polinização aberta, que permitirá aos produtores
obterem suas próprias sementes. Em diversas avaliações realizadas, o mesmo
apresentou produtividade e qualidade de frutos semelhantes ao principal genótipo de
mamoeiro ‘Formosa’ cultivado no Estado, o híbrido importado ‘Tainung 01’,
apresentando frutos com casca de coloração verde-escura, polpa vermelho-alaranjada,
peso médio de 1,47 kg, polpa suave e sólidos solúveis totais de 10,2°Brix.

II. CULTIVARES (Revista Frutas do Brasil, nº 3)

A cultura do mamoeiro sustenta- se em uma estreita base genética, sendo


bastante limitado o número de cultivares plantadas nas principais regiões produtoras. As
cultivares de mamoeiros mais exploradas no Brasil são classificadas em dois grupos,
conforme o tipo de fruto: Solo (ex.: Sunrise Solo e Improved Sunrise Solo Line 72/12) e
Formosa (ex.: Tainung nº 1). As variedades do grupo Formosa são adequadas somente à
comercialização no mercado interno, enquanto que as do grupo Solo são
comercializadas nos mercados interno e externo.
O grupo Solo, no qual se encontra a maioria das cultivares de mamão utilizadas
no mundo, apresenta no Brasil um domínio quase que absoluto de duas cultivares:
Sunrise Solo e Improved Sunrise Solo Line 72/12.

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As cultivares desse grupo são linhagens puras, isto é, possuem material


geneticamente uniforme, fixado por sucessivas gerações de autofecundação. A seguir,
são apresentadas as suas principais características:
Sunrise Solo - Cultivar procedente da Estação Experimental do Havaí (EUA),
mais conhecida no Brasil como mamão Havaí, Papaya ou Amazônia. O fruto
proveniente de flor feminina é ovalado e o de flor hermafrodita é piriforme, com peso
médio de 500 g possui casca lisa e firme, polpa vermelho-alaranjada de boa qualidade e
cavidade interna estrelada. Começa a floração com três a quatro meses de idade, 70 cm
a 80 cm de altura e sua produção tem início nove a dez meses após o plantio,
produzindo em média 45 t/ha/ano. É resultado do cruzamento do mamão Pink Solo com
a linhagem Kariya Solo de polpa amarela, em 1961.
Improved Sunrise Solo Line 72/12- Cultivar também procedente do Havaí,
introduzida em 1982 e melhorada pela Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária
(Emcapa). É conhecida comumente como mamão Havaí, e amplamente disseminada nas
regiões produtoras do Espírito Santo. O fruto proveniente de flor feminina é ovalado e o
de flor hermafrodita, piriforme, com casca lisa, firme, e peso médio de 500 g, de grande
aceitação nos mercados interno e externo. A cavidade interna é pequena e de formato
estrelado; a polpa é espessa e de coloração vermelho-alaranjada, de boa qualidade, mais
resistente ao transporte e ao armazenamento que a Sunrise Solo. O início de produção
ocorre a partir do oitavo mês após o plantio, quando a altura de inserção das primeiras
flores atinge de 60 cm a 70 cm. A produtividade média está em torno de 40 t/ha/ano.
Outras linhagens puras do grupo Solo são conhecidas, a exemplo da: Kapoho
Solo, Waimanalo, Higgins e Baixinho de Santa Amália, esta última difundida em
diversas áreas produtoras.
As sementes das cultivares Sunrise Solo e Improved Sunrise Solo Line 72/12
podem ser obtidas no país, em produtores idôneos, registrados no Ministério da
Agricultura e do Abastecimento. Por serem linhagens puras, estas cultivares também
pode ser obtido diretamente na propriedade rural, sem perda de suas características,
desde que observados alguns princípios básicos de coleta de sementes.
O grupo "Formosa", constituído por alguns híbridos que se caracterizam pela
produção de frutos de polpa avermelhada e de tamanho médio, entre 1 e 1,3 quilo.
Tainung nº 1, apresenta casca de coloração verde claro e cor de polpa laranja-
avermelhada, de ótimo sabor. A produção média é de 60t/ha/ano. Tainung nº 2, presenta

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polpa vermelha de bom sabor, maturação rápida, com pouca resistência ao transporte. A
produção média é de 60 t/ha/ano.

III. BOTÂNICA

Para Rigotti (2010) o mamoeiro é uma árvore de crescimento rápido da família


Caricaceae que inclui 31 espécies em cinco gêneros (Carica, Jacaratia, Jarilla,
Horovitzia e Vasconcella).
O mamão é uma planta perene arbórea que vive por cerca de 5-10 anos,
embora as plantações comerciais geralmente sejam replantadas mais cedo. O Mamoeiro
normalmente cresce como árvore monocaule com uma coroa de folhas grandes
palmadas emergindo do ápice do tronco, mas as árvore podem tornar-se multi-caule
quando danificado. O tronco é cilíndrico, mole e oco, varia de 30 cm de diâmetro na
base de cerca de 5 cm de diâmetro na coroa. Em condições ideais, as árvores podem
chegar a 8-10 metros de altura, mas em cultivo, eles geralmente são cortados quando
atingem alturas que tornam a colheita dos frutas difícil. Árvores cultivadas são
geralmente substituídas antes da copa atingir 4 m de altura.

3.1. Formas florais do mamoeiro (Adaptado de Costa, 2005)


Segundo MARIN & GOMES (1986), o mamoeiro apresenta, basicamente, três
tipos de flores, que dão origem às plantas do sexo masculino, feminino e hermafroditas.
a) Plantas do sexo masculino
Caracterizam-se por apresentar flores distribuídas em pedúnculos longos,
originados nas axilas das folhas localizadas na parte superior do mamoeiro, sendo
que grande quantidade de flores está localizada bem distante do talo das folhas
(figura 2).
As flores apresentam o tubo da corola estreito e
muito longo, terminando em cinco pétalas livres (figura
3 A e B), em cujo interior estão os órgãos masculino e
feminino (figura 3 C). O primeiro é constituído de dez
estames funcionais, soldados às pétalas e dispostos em
duas séries, sendo cinco superiores e cinco inferiores. O

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segundo é muito rudimentar e, geralmente, estéril impedindo essas plantas de


produzir frutos.
As plantas do sexo masculino, popularmente conhecidas como mamoeiros
machos, em certas épocas do ano podem produzir algumas flores hermafroditas que se
desenvolvem em frutos, denominados mamões-de-corda, mamões-machos ou mamões-
de- cabo.

b) Plantas do sexo feminino


Apresentam flores isoladas ou em números de duas a três, que estão localizadas
bem próximas do talo das folhas e são formadas em pedúnculos curtos, inseridos nas
axilas das folhas (figura 4).

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São flores maiores do que as masculinas, possuindo pétalas totalmente livres


até a parte inferior da corola (figura 5 A e B). Internamente, só apresentam o órgão
feminino, que é composto de um ovário grande, arredondado, afunilando-se para o
ápice, onde se inserem cinco estigmas em forma de leque (figura 5 C). Por essa razão,
necessitam de pólen de flores masculinas ou hermafroditas para fecundação e formação
de frutos normalmente arredondados ou ligeiramente ovalados, cuja cavidade interna é
grande, em relação à espessura da polpa.

C) Plantas hermafroditas
Formam flores em pedúnculos curtos nas axilas foliares, reunidas em grupos
compostos por pequenos números (figura 6), idênticos às femininas. No entanto, são
flores menores e que apresentam as pétalas soldadas na base ou até quase a metade do
seu comprimento (figura 7 A e B).

O órgão feminino é constituído de um ovário, geralmente alongado, podendo-


se encontrar variações de piriforme a cilíndrico, com cinco estigmas em forma de leque,
no ápice. O órgão masculino é distinguido pela presença de cinco a dez estames

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funcionais, com anteras de cor amarela (figura 7 C). Por essa razão, não necessitam de
pólen de outras flores, uma vez que são capazes de se autofecundar. Após a fecundação,
produzem um fruto, cuja forma decorre do tipo de flor que lhe deu origem, ou seja:

- Flor hermafrodita pentândrica


Assemelha-se muito à flor feminina, porém dela difere por apresentar o órgão
masculino com cinco estames curtos, cujos filamentos se inserem em sulcos profundos
na parede do ovário. Os frutos formados são arredondados, com cinco sulcos
longitudinais bem profundos, caracterizando-os de modo inconfundível (figura 8 A e
B).

- Flor hermafrodita carpelóide


É um grupo composto de numerosas formas anormais, causadas pela tendência
de os estames se tornarem carpelóides em vários graus. Os estames são em número de
dois a dez com variados graus de fusão às pétalas, ao ovário ou a ambos. Origina frutos
malformados, que recebem a denominação de cara-de-gato, frutos carpelóides ou
carpeloidia (figura 9 A e B).

- Flor hermafrodita estéril


É uma flor hermafrodita que sob determinadas condições climáticas não
desenvolve seu ovário, tornando-se quase essencialmente uma flor masculina. Este tipo

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de flor predomina em algumas plantas hermafroditas durante os meses quentes do ano, e


é indesejável por não produzir frutos (figura 10).

- Flor hermafrodita elongata


É a típica flor perfeita ou bissexual. O órgão masculino apresenta dez estames
funcionais e o feminino, um ovário alongado, geralmente composto de cinco estigmas.
Origina frutos alongados com variações de piriforme a cilíndrico (figura 11).
Em todos os tipos de flores hermafroditas, porém, a cavidade interna dos frutos é
bem menor do que a dos produzidos por plantas femininas, portanto, com maior valor
comercial por terem a polpa mais espessa (figura 12).
No período que vai desde o plantio à floração, ocorre competição entre os
diferentes tipos de plantas do mamoeiro, por água, sais minerais e nutrientes, fazendo
com que o produtor tenha um gasto desnecessário, já que irá aproveitar apenas as
plantas hermafroditas. Pretendendo diminuir os gastos do produtor e,
consequentemente, reduzir os preços do produto ao consumidor. Portanto, há muito
interesse na sexagem precoce do mamoeiro, ou seja, antes do florescimento.

3.2.2. Frutos

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Os frutos estão prontos para colheita de cinco a seis meses após a floração, que
ocorre cinco a oito meses após a germinação das sementes. Os frutos variam em
tamanho, 7-30 cm de comprimento e variam em massa de cerca de 250 a 3000g. Os
frutos são arredondados a ligeiramente ovais, os frutos das árvores do sexo feminino são
esféricos, considerando que a forma dos frutos das árvores hermafroditas são afetadas
por fatores ambientais, principalmente temperatura, que modificam a morfologia floral
durante o desenvolvimento precoce da inflorescência. O fruto maduro tem casca lisa,
amarela ou alaranjada. Dependendo do cultivar, a espessura da polpa varia de 1,5 a 4 cm
e a cor pode ser do amarelo-pálido ao vermelho. Frutos maduros contêm numerosas
sementes de coloração cinzento-negro, esféricas de 5 mm de diâmetro. Um pomar com
plantas femininas necessita de mamoeiros masculinos - em 10-12% dos indivíduos -
uniformemente distribuídos no pomar para assegurar a produção. (FIGURA 13)

Figura 13: Morfologia do Mamão

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IV. CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS

4.1. CLIMA

A temperatura média ideal está em torno de 25ºC, com boa distribuição e


quantidade de chuvas, ou com irrigação. A umidade relativa do ar entre 60%e 85% é a
mais favorável ao desenvolvimento. A altitude mais indicada é de até 200 m acima do
nível do mar.
Os ventos muito fortes podem provocar o fendilhamento e a queda das folhas,
reduzindo a área foliar da planta e, consequentemente, a capacidade fotossintética, além de
expor os frutos ao sol, sujeitando-os a queimaduras. Podem provocar a queda de flores e de
frutos, principalmente, das plantas em fase de produção. Obs. O uso, ou construção de
quebra-ventos é recomendado.

4.2. SOLO

Características desejáveis: boa permeabilidade, com textura média ou areno-


argiloso, com pH variando de 5,5 a 6,7. Evitar solos muito argilosos, pouco profundos ou
localizados em baixadas.
As plantas cultivadas em solos com problemas de encharcamento apresentam-se
estioladas, com desprendimento prematuro das folhas inferiores, amarelecimento das
folhas mais jovens, troncos finos e altos, desenvolvimento atrasado, produções reduzidas e
maior incidência da doença podridão-do-colo-do mamoeiro, causada por fungos do gênero
Phytophthora.
A presença de camadas adensadas, coesas ou compactadas, na superfície ou
subsuperfície, limitam o crescimento de raízes, diminuindo o volume de solo a ser
explorado pelas plantas e, consequentemente, restringindo o acesso aos nutrientes e à
água das camadas abaixo da limitante, agravando as deficiências hídricas nos períodos
de estiagem.

V. PROPAGAÇÃO E FORMAÇÃO DE MUDAS (RIGOTTI), 2006

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- Propagação/Sementes
O mamoeiro pode ser propagado por sementes, estaquia e enxertia;
comercialmente é multiplicado por sementes. As plantas fornecedoras de sementes
devem ser hermafroditas, (elongata) que devem ser provenientes de flores
autopolinizadas, em plantações distantes das de outras variedades, plantas com bom
estado sanitário, baixa altura de inserção das primeiras flores, precocidade, alta
produtividade, entre outras características.
Os frutos fornecedores devem ser colhidos maduros, cortados superficialmente
e sementes retiradas com colher. Elas são lavadas em peneira sob jato de água (eliminar
mucilagem) e dispostas em camadas finas sobre jornal para secar à sombra por 2 a 3 10
dias. Em seguida são tratadas com fungicidas PCNB 75 PM13 g/kg de semente ou
Thiram 70 S -2,5 g/kg ou Captan 3,0 g/kg. Por fim a semente é ensacada e armazenada
na parte inferior da geladeira (6ºC), se necessário.

- Formação de mudas
Característica do viveiro: a céu aberto, com cobertura a 2 m de altura, ou a 80
cm de altura (bambu, folhas de palmeira, etc). As ripas ou a maior dimensão do viveiro
devem estar orientadas no sentido Norte-Sul; a cobertura deve permitir que as mudas
recebam, inicialmente, 50% de sol e gradualmente permite-se mais e mais entrada de
luz solar até o transplantio.
Os canteiros devem ter 1 m a 1,2 m de largura e comprimento variável; entre os
canteiros deve exister rua com 50-60 cm de largura.O viveiro deve estar em local de
fácil acesso, em terreno de boa drenagem, longe de plantio de mamoeiros, próximo a
fonte de água e em terreno plano a levemente ondulado
Preparo das mudas:
Como recipientes a receber as sementes são utilizados sacos de polietileno
preto com furos, tubetes, bandejas de isopor, outras. Muito usado, o saco de polietileno
deve ter dimensões 7 cm x 18,5 cm x 0,06 cm ou 15 cm x 25 cm x 0,06 (largura x altura
x espessura). O substrato - mistura para enchimento do saco - deve conter terra de mata
(terriço): areia lavada; esterco de curral bem curtido na proporção 3:1:1. Esse substrato
deve sofrer fumigação com brometo de metila e depois, cada m³ da mistura, deve
receber 1 kg de cloreto de potássio e 4,0 kg de superfosfato simples, 10 kg de calcário
dolomítico.

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- Com sementes de flores hermafroditas lança-se 3 sementes por recipiente (6 a


8 sementes de origem desconhecida) e 2 sementes da variedade Formosa; lançadas ao
recipiente as sementes devem estar distantes entre si por 1 cm e serem cobertas com 1 -
1,5 cm de terra peneirada; irriga-se sem encharcar e cobre-se levemente a superfície
com palha (arroz, outra). A germinação deve dar-se após 10 a 20 dias.
- Em viveiros cobertos as irrigações devem ser diárias; para os descobertos 2
vezes por dia (micro-aspersão); após o desbaste aumentar o volume de água e espacejar
os turnos de rega. Quando as plantinhas alcançarem 5cm. de altura desbasta-se deixando
a mais vigorosa.
Aplicações quinzenais de calda contendo triclofron 50S, (240ml/100l. de água)
e mancozeb (150g./100l.) de água podem prevenir o aparecimento de pragas e doenças
30 a 40 dias pós emergência das plantinhas, plantinha com 15-20cm. de altura, torna-se
muda apta ao plantio em local definitivo. Rejeitar mudas fracas e afetadas por doenças
ou pragas. Com solução de ureia a 0,1% fazer aducação foliar se as folhas mais velhas
amarelecerem.
Para implantação de pomar com variedades do grupo Solo, levando-se em
consideração que:
1. Um grama de sementes da cultivar Sunrise Solo contém aproximadamente
60 sementes;
2. Um hectare de mamoeiro no espaçamento 3,0 m x 2,0 m contém 1.666
plantas;
3. Serão utilizadas duas sementes por saquinho, no viveiro, e duas mudas por
cova; no campo;
4. Será produzido um excedente de 15% de mudas.
1.666 x 2 x 3 x 1,15 = 127,8
Serão necessários então 130 g de sementes para o plantio de um hectare de
mamoeiro.
Nessas mesmas condições, caso sejam utilizadas três sementes por saquinho,
no viveiro, e três mudas por cova; no campo, devem ser adquiridos 300 g de sementes
para o plantio de um hectare de mamoeiro.
Para a implantação de pomar com híbrido do grupo Formosa, levando-se em
consideração que:
1. Um grama de sementes do híbrido Tainung N° 1 contém aproximadamente
60 sementes;

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2. Um hectare de mamoeiro no espaçamento 3,0 m x 3,0 m contém 1.111


plantas;
3. Será utilizada uma semente por saquinho, no viveiro, e uma muda por cova;
no campo,
4. Será produzido um excedente de 15% de mudas.
Serão necessários 22 g de sementes para o plantio de um hectare de mamoeiro.

VI. TRATOS CULTURAIS (RIGOTTI, 2006)

O terreno a cultivar deve de estar em zonas distanciadas um mínimo de 1,5Km


de hortas de mamão com problemas de viroses, assim como de cucurbitáceas,
principalmente (melancia, melão, abóbora, pepino, etc.) e solanáceas (tomate, pimentas,
malaguetas, batata, etc.).
Os dois problemas mais importantes no desenvolvimento de uma plantação
são: o vírus da mancha anelar do mamão (VMAM) e as doenças por fungos
(principalmente a antracnoses), nos dois casos são necessários conservar uma atitude
preventiva mais que corretiva, seja através de uma gerencia adequada ou da utilização
de outros tipos de controles.
O terreno deve ser preparado com uma antecipação mínima de um mês antes
do transplante, isto com a finalidade de poder semear milho, cana o outro tipo de planta
nas margens da plantação de mamão que sirvam de barreira-armadilha para os pulgões
que são os transmissores do vírus da mancha anelar do mamão. Quando se faça o
transplante do mamão, a barreira deve de estar estabelecida e deve de ser mantida
durante todo o ciclo produtivo, sugere-se que esta prática seja apoiada com o uso de
armadilhas.
A plantação deve de ter um abastecimento de água próprio para uma boa
administração de água de rega durante todas as etapas de desenvolvimento da planta e
evitar encharcamentos o inundações por períodos superiores a 48 horas que podem
provocar apodrecimento das raízes, amarelecimento das folhas ou até a morte das
plantas, principalmente nas adultas.
 Preparo do solo
Uma aração a 60 dias antes do plantio e uma a duas gradagens 20 a 30 dias
após consistem no preparo do solo. Antes da aração deve-se efetuar o controle de
formigas e grilos e antes e depois da aração a calagem.

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 Espaçamento
Recomenda-se utilizar os espaçamentos de 3,00 m x 2,00 m a 3,00 m x 2,50 m
para variedades do grupo Solo e a adoção do espaçamento 4,0 m x 2,0 m para
variedades do grupo Formosa.
O mamoeiro pode ser plantado em fileiras simples e fileiras duplas. No sistema
simples os espaçamentos podem ser 3,6m x 1,8m ou 4m x 2,5m; No sistema duplo os
espaçamentos podem ser de 36m x 1,8m x 1,8m ou 4m x 2,5m x 2,5m.
Em terreno declivoso as linhas de plantio devem seguir as curvas de nível; em
terreno plano a linha de plantio é marcada no sentido da maior dimensão
(comprimento).
 Coveamento
- As covas devem ter 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm e os sulcos
30 a 40cm de profundidade (grandes plantações).
 Calagem
No preparo do solo, faz-se uma calagem sempre que a saturação em bases,
revelada pela análise, for inferior a 50%, procurando-se elevá-la para 60%.
 Adubação
- A adubação básica na cova pode ser constituida pela mistura de 6,5 kg de
esterco de curral bem curtido ou 1,2 kg de torta de mamona + 50g de cloreto de potássio
+ 400g de superfosfato simples + 70g. de FTE Br-8; essa mistura é adicionada à terra
retirada dos primeiro 10-15cm. (na abertura da cova) e lançada no fundo da cova.
Usando tortas aplicar adubo 30-40 dias antes do plantio. Sem recomendação, de análise
do solo aplicar 300g. de calcario dolomitico no fundo da cova.
- De formação: Após o pegamento das mudas no campo, inicia-se a adubação
de formação aplicando-se 20g de nitrocálcio por cova e por vez, aos 30 e 60 dias após o
plantio. Aos 90 e 120 dias, fazem-se novas adubações, agora com 50g de nitrocálcio e
30g de cloreto de potássio por cova e por vez.
- De produção: A partir do inicio do florescimento, devem ser feitas adubações
mensais, usando-se 24g de nitrogénio, 12g de P2 O5 e 36g K2 O por planta e por vez, o
que corresponde à aplicação de 150 g de uma formula hipotética 16-8-24. Estas
adubações devem ser feitas em solo com umidade suficiente para permitir o
aproveitamento dos adubos, evitando-se aplicações em solos secos, o que poderia
resultar em queimaduras nas raízes.

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 Irrigação
O consumo anual de água pela cultura oscila entre 1.200 a 3.125mm, sendo que
precipitações de 1.000 a 3.000mm bem distribuídas são suficientes para o bom
desenvolvimento da cultura.
O déficit hídrico do solo afeta sensivelmente o mamoeiro, independentemente do
estádio da cultura. No período de desenvolvimento vegetativo, entre a 7ª e 11ª semana após
o plantio, a planta pode tornar-se ainda mais sensível ao déficit hídrico, causando atraso no
seu desenvolvimento pela redução da taxa de crescimento do caule e das folhas, com
conseqüente redução no diâmetro do caule e da copa. Além disso, sob estresse hídrico,
durante a floração pode haver queda de flores ou estímulo à produção de flores estéreis.
Como sintoma decorrente do déficit hídrico pode ocorrer a mancha-fisiológica, que
acarreta clorose ou amarelecimento das folhas mais velhas, seguida de queda, o que expõe
os frutos aos raio solares, resultando na queima da sua superfície, causando prejuízos
comerciais.
O mamoeiro reduz, significativamente, suas atividades fisiológicas a partir de 24
horas sob condições de encharcamento, sendo que a continuidade dessas condições por
dois a quatro dias pode ser suficiente para a morte das plantas. Os sintomas característicos
de deficiência de aeração pelo mamoeiro encontram-se principalmente, na abscisão de
folhas velhas e na clorose das folhas remanescentes.
A irrigação leva à obtenção de plantas mais vigorosas, com maiores e melhores
frutos, maior cobertura das folhas e aumento de produtividade: 60 a 90 t/ha em áreas
irrigadas, contra 40 a 60 t/ha em áreas não irrigadas de mamoeiros da variedade Sunrise
Solo.
Métodos de irrigação
Os métodos pressurizados são os mais empregados. Dentre eles, a aspersão
convencional pode ser encontrada funcionando tanto com aspersores de média pressão
como com aspersores de baixa pressão sob copa, no caso espaçados de 12m x 12m, com
pressão de 200 kPa a 350 kPa e vazão de 0,6m3/h a 0,9m3/h. Nesse caso, espera-se uma
uniformidade de distribuição de água inferior a 80% devido ao bloqueio do jato pelos
troncos e pelas folhas.
O pivô central tem sido usado em algumas regiões produtoras. Os mais comuns
são dimensionados para áreas de aproximadamente 53 ha, com vazão variando entre
150mm/h a 300mm/h.

Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Caju Página 17


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O autopropelido também tem sido adotado em plantios de mamoeiro com uma


faixa de vazão de 30m3/h a 200m3/h, irrigando normalmente, uma faixa de 100m x 400m a
uma taxa de aplicação de 5 a 35mm/h.
O método de aspersão, considerando principalmente sistemas de alta pressão,
contribui para o aumento de queda de flores, causada pelo impacto do jato com as plantas,
e propicia condições microclimáticas favoráveis ao aparecimento de doenças e pragas.
A microaspersão é preferida para essa cultura, sendo que várias propriedades têm
substituído a aspersão nos últimos anos por esse método de microirrigação. O sistema
funciona com baixa pressão (100 kPa a 300 kPa) e vazão por microaspersão entre 20l/h a
175l/h. A disposição dos microaspersores é, normalmente, de um para duas ou quatro
plantas, sendo esperada uma uniformidade de distribuição de água acima de 85%.
O gotejamento, também vem sendo muito adotado, que funciona na faixa de
pressão de 50 a 250 kPa com vazões mais comuns entre 1l/h e 8l/h. Recomenda-se o uso
de dois gotejadores de vazão próxima ou igual a 4l/h para cada planta, instalados 0,3 a 0,5
m do pé da planta. O sistema de gotejamento pode ser superficial ou enterrado. Quando
enterrado recomenda-se o uso de gotejadores de fluxo turbulento e vazão próxima a 2 l/h,
enterrados 0,25 a 0,30m de profundidade.

VII. PLANTIO (RIGOTTI, 2006)

O plantio ocorre em agosto e setembro, no início do período chuvoso, em dia


fresco e nublado, com solo úmido, em covas de 30 x 30 x 30 cm, cavadas ou feitas com
sulcador na profundidade 30cm. São necessários 1.500 a 1.700 laminados ou sacos
plásticos/hectare, com três a quatro mudas por recipiente. No plantio, retirar o recipiente
para o bom desenvolvimento das raízes e comprimir cuidadosamente o terreno que
circunda os torrões para que estes não se desfaçam. Em pomares de Formosa formados
com sementes importadas, encontram-se apenas, plantas femininas e hemafroditas.
Como grande parte dos pomares brasileiros é implantada com sementes
retiradas de frutos produzidos em pomares comerciais é também comum a presença de
plantas masculinas. Já que, comercialmente, é mais interessante a produção de plantas
hermafroditas, devem-se plantar três mudas de mamoeiro por cova, em linha, espaçadas
de 15cm entre si, para posteriormente, no início do florescimento, eleger a planta
desejada na cova, eliminando as demais. Cobrir o solo, em volta da muda, com palha ou

Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Caju Página 18


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capim seco (s/sementes). Para combater a erosão, recomenda-se o plantio em nível, uso
de terraços, patamares e banquetas, capinas em ruas alternadas.
 Plantio de mudas
- Distribuição Das Mudas:
Faça uma irrigação no viveiro um dia antes de transportar as mudas para o
campo;
Retire as mudas do viveiro;
Distribua as mudas próximas a cada cova.
A distribuição das mudas é realizada no dia do plantio, as mudas são retiradas
do viveiro e colocadas junto ao local do plantio, observando a quantidade de três mudas
por cova para o mamão Papaia e duas mudas no caso do plantio de mamão híbrido.
- Plantação
Fazer três pequenas covas para mamão papaia
Em cada cova são abertas, com enxadão, três pequenas covas de 20 cm de
profundidade e distanciadas de 15 cm uma da outra, orientadas no sentido da linha de
plantio.
Fazer as duas pequenas covas para o mamão híbrido
Em cada cova são abertas, com enxadão, duas pequenas covas distanciadas de
20 cm uma da outra.
- Retirar a sacola plástica
Rasgue a sacola com um canivete;
Retire a sacola plástica segurando a base da muda.
- Verificação da terra ao torrão
Com as mãos, chegue a terra da cova para junto do torrão até firmar a muda, a
muda é colocada na cova de forma que o torrão fique 3 cm acima do nível do solo.
- Preparação da bacia
A bacia é uma proteção para a muda contra o excesso de água junto ao caule,
com uma enxada, é raspada a terra ao redor da cova fazendo um sulco de forma que a
muda fique em posição mais elevada.
- Colocação da cobertura morta
A cobertura morta é uma prática recomendada para plantios sem irrigação, é
utilizado, com mais freqüência, capim seco sem semente, com as mãos, o material é
distribuído dentro da bacia de proteção, formando uma manta de 5 cm de espessura.
- Fazer irrigação com regador

Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Caju Página 19


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Esta prática é obrigatória para garantir o pegamento das mudas, a irrigação é


feita vertendo a água do regador, sem crivo, dentro da bacia de proteção, de forma a
arrastar a terra para junto do torrão, gasta-se, no mínimo, 5 litros de água em cada muda
plantada.A irrigação é realizada mesmo com o terreno molhado, pois o objetivo é
chegar a terra da cova para junto do torrão.
 Tratos culturais
Aos 100 120 dias do plantio no campo, as plantas iniciam o florescimento,
sendo este o momento mais apropriado para se identificar o sexo das flores produzidas.
- Sexagem das mudas/Desbaste de plantas.
Por essa ocasião, faz-se uma seleção de mudas, procurando-se deixar uma
planta hermafrodita por cova e eliminado as demais com um corte rente ao chão.
Elimina-se duas das três plantas do grupo Solo plantadas por cova (desbaste), por
ocasião do florescimento, deixando-se na cova apenas a muda que possuir a flor
hermafrodita. Para mamoeiros do grupo Formosa desbasta-se plantas masculinas.
- Desbrota
A brotação lateral que nasce na axila das folhas deve ser eliminada quando
ainda pequena. Iniciar essa pratica 30 dias pós-plantio.
- Desbaste de frutos
Essa prática tem por finalidade a eliminação de frutos defeituosos, com
tamanho reduzido e com pedúnculos muito curtos, pois a forma, o tamanho e o peso dos
frutos são fatores limitantes na comercialização do mamão. Como norma de orientação
ao desbaste, recomenda-se que sejam deixados um ou dois frutos por axila.
Erradicar plantas atacadas de viroses e outras doenças, de modo sistemático.

VIII. PRAGAS E DOEÇAS (RIGOTTI, 2006)


8.1. Doenças
Doenças de maior importância econômica
- No viveiro: "damping-off" ou tombamento das mudas.
- No campo: mancha anelar, amarelo letal do mamoeiro, meleira, podridões de
Phytophthora, antracnose, varíola, oídio, nematóide-das-galhas e nematóide reniforme.
- Pós-colheita: podridões de Phytophthora e antracnose.
Controle de viroses

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Usar sementes obtidas de plantas sadias para a formação de mudas,


preferencialmente oriundas de pomares onde não tenha ocorrido viroses. Utilizar mudas
sadias na implantação do pomar.
Estabelecer os viveiros distantes de plantios de mamoeiro. Treinar pessoal para
reconhecimento visual das plantas com sintomas de viroses, no início da
ocorrência.Vistoriar o plantio duas vezes por semana, eliminando as plantas com
sintomas de viroses. Para que a erradicação de plantas doentes dê bons resultados, é
necessário que todos os produtores da região façam este tipo de controle.
Manter o pomar limpo de plantas daninhas, para evitar a formação de possíveis
colônias de vetores. Mergulhar os instrumentos de corte utilizados nos tratos culturais e
colheita em solução com hipoclorito de sódio, a 5%. Antes de instalar o viveiro,
erradicar das imediações hortaliças como abóbora, pepino, melancia e solanáceas, que
são hospedeiras de vetores. Erradicar as plantações velhas de mamoeiros, assim como
plantas isoladas.
Medidas para evitar o tombamento de mudas
Instalar o viveiro em local ensolarado, usar sementes tratadas com fungicidas
(e se o plantio for a partir de sementes, diminuir a densidade de plantas, utilizar solo ou
substrato permeável e preferencialmente tratado e irrigação moderada).
É muito importante conhecer o agente etiológico envolvido para que se possa
recomendar um controle adequado da doença, uma vez que diferentes patógenos
produzem sintomas muito semelhantes, porém exigem métodos de controle distintos.
Após identificar o agente causal, deve-se adotar as seguintes medidas:
Rhizoctonia = aplicar produtos à base de PCNB (pentacloronitrobenzeno), sob
a forma de rega no solo;
Fusarium = aplicar chlorotalonil em pulverização no colo da planta;
Phytophthora e Pythium = aplicar metalaxyl.
Controle da antracnose
Controle precisa ser feito de forma preventiva, com pulverizações quinzenais
com produtos à base de cobre, benzimidazol mais chlorotalonil ou mancozeb, os
galpões de armazenamento e os vasilhames de transporte e embalagem devem ser
desinfetados.
A colheita deve ser feita com os frutos ainda em estado verdoengo, os frutos
atacados devem ser retirados das plantas e enterrados.
Controle da pinta preta

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Deve ser feito um monitoramento do pomar localizando as lesões que


aparecem na parte inferior das plantas mais velhas. As folhas devem ser arrancadas das
plantas, colocadas em sacos plásticos e levadas para fora da área, não devendo ser
arrastadas pelo pomar.
As pulverizações com fungicidas à base de cobre devem começar quando a
lesão inicial ainda esta com a coloração pardacenta.
Controle de nematóides
Se o nematóide já estiver estabelecido na área de cultivo, a eliminação das
plantas e isolamento da área são as medidas mais seguras. Contudo, o melhor controle é
o preventivo. Deve-se conhecer o histórico da área, e sempre efetuar o monitoramento.
Recomenda-se o plantio de mudas sadias e água de irrigação de boa qualidade.
O uso de matéria orgânica, de plantas não-hospedeiras, antagônicas ou
supressivas a fitonematóides, em consórcio ou rotação, que podem constituir-se em
métodos alternativos para o controle químico.
Evitar a utilização de máquinas agrícolas vindas de áreas contaminadas por
nematóides. Construir na propriedade pedilúvio e rodolúvio para desinfecção de
calçados e máquinas em trânsito, respectivamente. Adicionalmente, deve-se fiscalizar a
entrada e saída de equipamentos utilizados nos tratos culturais e não permitir trânsito de
pessoas e equipamentos não autorizadas na área.
8.2. PRAGAS
As principais pragas do mamoeiro são o ácaro-branco (Polyphagotarsonemus
latus), o ácaro-rajado (Tetranychus urticae) e o ácaro-vermelho (T. desertorum).
Controle do ácaro-branco
Recomenda-se a retirada das brotações laterais das plantas de mamoeiro, bem
como a aplicação de acaricidas nos ponteiros. Devem ser aplicados produtos à base de
enxofre, na formulação pó-molhável, evitando-se a mistura com óleos emulsionáveis ou
produtos cúpricos.
Em função da rápida multiplicação dos ácaros brancos, devido ao seu curto
ciclo de vida, torna-se importante realizar inspeções periódicas no pomar
(monitoramento), utilizando-se uma lupa de bolso de dez aumentos, com o objetivo de
identificar os primeiros focos de infestação. Com esse monitoramento, é possível
determinar o período mais adequado para o início das medidas de controle sem que haja
prejuízos ao pomar.

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O ácaro-branco prefere folhas novas, enquanto o ácaro-rajado aloja-se na parte


inferior das folhas mais velhas, entre as nervuras mais próximas do pecíolo.
Controle dos ácaros tetraniquídeos
O controle é feito eliminando-se as folhas velhas e aplicando-se acaricidas nas
restantes, sempre direcionando o jato para a superfície inferior das folhas.
Controle da coleo-broca
Tão logo se observe a presença do inseto na propriedade, deve-se realizar
monitoramento constante do pomar, localizando as plantas atacadas e destruindo as
larvas e os adultos mecanicamente. Em seguida, deve ser aplicado um inseticida que
tenha ação de contato ou de profundidade, pincelando-se ou pulverizando-se o caule,
desde o colo até a inserção das folhas mais velhas. As plantas drasticamente infestadas
devem ser arrancadas e queimadas.

8.3. "System approach"


O "system approach" pode ser traduzido como uma análise sistêmica de todo o
processo de produção das frutas, desde as práticas culturais em campo, passando pelo
processo de embalagem da fruta em casas de embalagem, até o seu embarque com
destino ao consumidor.
O sistema visa a produção de frutas de alta qualidade, sem resíduos de
agrotóxicos e sem a presença de pragas qualificadas como quarentenárias pelos países
importadores, especialmente as moscas-das-frutas.

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IX. COLHEITA, PÓS-COLHEITA E EMBALAGEM (RIGOTTI, 2006)

Características do fruto de mamoeiro para o comércio

Para as variedades do grupo Formosa, o peso médio dos frutos deve variar de
800 a 1.100 g. Para as variedades do grupo Solo, os frutos devem variar de 350 a 550 g,
apresentar casca lisa e sem manchas, polpa vermelho-alaranjada, cavidade ovariana
pequena e em formato de estrela, polpa com espessura superior a 20 mm, sólidos
solúveis acima de 14° Brix e maior longevidade pós- colheita.

Momento certo da colheita do mamão

Para comercialização e consumo local, deve-se colher os frutos quando


apresentarem estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. Frutos destinados à
exportação ou armazenamento por períodos longos devem ser colhidos no estádio
entremaduro ("de vez"), caracterizado pela mudança da cor verde-escura para verde-
claro da casca, pelo início da coloração rósea da polpa e pelo amadurecimento das
sementes, que tornam-se negras.

Cuidados durante a colheita

Devem ser evitados danos mecânicos aos frutos, tais como: cortes, abrasões e
choques, pois os frutos mecanicamente danificados apodrecem mais rapidamente do que
aqueles intactos. Durante a colheita, o operário deve se proteger com luvas e blusa de
manga comprida, para evitar queimaduras com o látex que escorre dos frutos.

Conservação dos frutos

A conservação é feita em câmaras refrigeradas com umidade mínima de 80% e


temperatura entre 12 a 13ºC.

Processamento

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A composição do mamão pode variar em função dos teores de nutrientes do


solo, época do ano, da cultivar e do grau de maturação do fruto mas, em média, o pH do
fruto varia de 5,0 a 5,7; a acidez total titulável de 0,05 a 0,18 %; os sólidos solúveis
totais de 7,0 a 13,5 % ; os açúcares totais de 5,6 a 12,0 %; os açúcares redutores de 5,4 a
11,0 %; a pectina de 0,5 a 1,5 %; a vitamina C de 40 a 90 mg por 100 g de polpa e a
vitamina A de 0,12 a 11,0 mg por 100 g de polpa. Os produtos de destaque são a polpa
ou purê de mamão, o néctar, o doce em calda, o doce cristalizado e geléias. Além
destes, existem outros produtos como a papaína, a pectina e o óleo.

Embalagem

As embalagens mais usadas são as de papelão ondulado e de madeira. Mais


recentemente, a embalagem plástica (caixa plana) tem recebido grande aceitação pelo
mercado de frutos. As ceras recomendadas para o mamão são a de carnaúba, de
polietileno, de éster de sacarose, todas na concentração de 1:4 (20 litros de cera para 80
de água).

Custos e receitas

A comercialização da produção normalmente é feita por meio de cooperativas,


intermediários, exportadores ou pelo próprio produtor, mediante entrega direta nas
centrais de abastecimento. Considerando o grande volume de mamão comercializado
nas CEASAs, considera-se que este é o principal centro de distribuição da produção. A
partir das CEASAs, volumes menores são distribuídos às feiras livres, supermercado,
quitandas, frutaria, bares e hotéis.
Considerando as principais regiões produtoras de mamão no Brasil e a
sazonalidade da produção, os menores preços ocorrem nos meses de dezembro a
fevereiro, que nos últimos anos variaram em torno de US$ 0,12/kg de frutos.
O custo de implantação e manutenção é variável em função de diversos fatores,
como variedades, nível de tecnologia, local de instalação, uso ou não de irrigação,
disponibilidade de mão-de-obra, espaçamento etc. No caso da utilização de irrigação,
deve-se acrescentar a estes custos, aproximadamente, R$ 1.200,00/hectare/ano,
considerando o custo do investimento (vida útil do equipamento de 10 anos) e os custos
variáveis (energia elétrica e mão-de-obra).

Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Caju Página 25


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X. COMERCIALIZAÇÃO

Os frutos devem ser padronizados por tamanho e coloração da casca


Para exportação
- Caixas de papelão com capacidade para 3,5 k;
- Caixas com frutos Papaia tipo 6 e 12.
Para o mercado interno
Na comercialização para o mercado interno, usam-se dois tipos de embalagem:
a caixa de papelão e a de madeira.
- Caixa de papelão com capacidade para 1,8 kg
- Caixa de madeira com capacidade para 8 kg
Para serem colocados nas caixas, os mamões são embrulhados em papel.
- Embrulhe o fruto com papel;
- Coloque o fruto na caixa
O planejamento antecipado da comercialização é da máxima importância por
ser o mamão um fruto perecível e a colheita realizar-se por semana, o fruto deve ser
colhido conforme as exigências do mercado consumidor, considerando-se variedade,
formato, peso, maturação e padrão de qualidade.
- Classificação por maturação;
- Classificação por peso

IDENTIFICAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DO MERCADO

Para fruto de mesa


Somente são comercializados frutos de formato periforme.
Mamão Papaia
A preferência é por frutos de 400 a 450g de polpa vermelha e cavidade interna
pequena, normalmente, é vendido por unidade.
Mamão híbrido
O mercado tem preferência por frutos de 900 a 1.100g com polpa vermelha.

Para industrialização

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O maior rendimento da produção do mamão híbrido, por área plantada, garante


a sua preferência para a industrialização, neste caso, o mamão de formato redondo
também é comercializado.

Identificação dos processos de comercialização


Existem quatro canais de comercialização:
Venda direta nos centros de abastecimentos
O produtor necessita cadastrar-se na administração da Central de
Abastecimento para poder comercializar o mamão no Barracão do Produtor, que
também é chamado de "Pedra" (local de venda de produtos agrícolas).
Venda aos atacadistas
Os agentes intermediários entre o produtor e o mercado varejista possuem
barracões dentro da CEASA ou na periferia das grandes cidades, a comercialização é
realizada entre as partes conforme a cotação do mamão no atacado.
Venda para "sacolões" e supermercados
A venda direta para as redes de "sacolões" e supermercados é realizada com
base em contratos previamente discutidos.
Venda para exportadores
- Embalagem para exportação;
- Armazenagem das caixas para exportação.
A exportação de mamão é feita somente por empresas especializadas, o
produtor necessita estar previamente integrado ao processo e deve adotar as práticas
agrícolas e os procedimentos exigidos tanto pelo Ministério da Agricultura como pêlos
países importadores.

XI. BIBLIOGRAFIA

Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Caju Página 27


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O CULTIVO DO MAMOEIRO NO BRASIL. Revista Brasileira De Fruticultura, v. 32,


n. 3 p. 657-959

Jorge Luiz Loyola Dantas. Mamão Produção. Frutas do Brasil, 3

BIOLOGIA FLORAL DO MAMOEIRO


http://www.todafruta.com.br/portal/icNoticiaAberta.asp?idNoticia=8691 de Raquel
Silva Costa 2005

Revista Frutiséries. Nº 07. Mamão. Minas Gerais, 2000.

RIGOTTI, M. Cultura do mamoeiro. Disponível em:


http://www.portaldahorticultura.xpg.com.br/CulturadoMamoeiro.pdf

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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