Você está na página 1de 24

Universidade federal do acre

Centro de Ciências Biológicas e da


Natureza
Engenharia Agronômica

USO DE INSETOS NO CONTROLE BIOLÓGICO


DE PRAGAS

Rio Branco – Acre - 2021


USO DE INSETOS NO CONTROLE BIOLÓGICO
DE PRAGAS

Docente: Professor Farley William Souza


Discentes:
Luma Beatriz Castro
Nayllane da Costa Bezzera
Ryan da Cunha Feitosa
Samuel Lima Cardoso
INTRODUÇÃO
• O número de indivíduos de uma população é controlado por
processos ecológicos.
• Os ambientes agrícolas sofrem interferência humana para favorecer
a abundância de uma ou de poucas espécies cultivadas.
• Resulta em uma concentração de recursos homogêneos;
• Equilíbrio populacional dinâmico
• Inimigos naturais, sejam eles patógenos, predadores, atuam sobre as
populações, prestando o serviço ecossistêmico de controle biológico.
• Forma alternativa ao uso dos agrotóxicos.
CONCEITO DE CONTROLE
BIOLÓGICO
• “A supressão de populações de insetos pela ação de seus
inimigos naturais nativos ou introduzidos” (Harry Smith 1919).

• Caracterizado por relações ecológicas.

• DeBach e Rosen (1991) e Van Driesche e Bellows (1996)


descrevem três formas de manipulação do controle biológico:
importação, aumento e conservação de inimigos naturais.
 Controle biológico por importação
• Espécie EXÓTICA que não possui inimigos naturais e cresce sem
limites.

• Identificação do inimigo natural e posteriormente sua liberação no


ambiente.

• NÃO PODE SER REALIZADO PELO AGRICULTOR.

• Necessita de muito estudo preliminar.


 Controle biológico conservativo
• Conservação dos inimigos naturais no ambiente;

• Promoção de um ecossistema favorável

• Fornecimento de recursos e de refúgio;

• Demanda muito conhecimento da cadeia trófica do


agroecossistema a ser trabalhado.
 Controle biológico aumentativo
• Necessário quando os inimigos naturais não atendem a demanda.

• Aumento feito por liberações do agente de controle biológico por meio das
táticas inoculativa e inundativa.

• Na estratégia inoculativa, são realizadas liberações de inimigos naturais


durante certos períodos do ciclo da praga-alvo e/ou ciclo da cultura.

• Na estratégia inundativa, os organismos benéficos são liberados


periodicamente em GRANDES DENSIDADES buscando o controle IMEDIATO das
populações de pragas.
RELAÇÕES ECOLÓGICAS NO CONTROLE
BIOLÓGICO
• “População é um grupo de indivíduos da mesma espécie, que
habita a mesma área e cujas mudanças numéricas são
determinadas por processos de nascimento e morte, dispersão
e migração” (Andrewartha; Birch, 1984).

• O controle biológico ocorre na forma de interações tróficas;

• Essas relações ocorrem entre populações que habitam o mesmo


ambiente e formam uma comunidade.

• Cada espécie cumpre com uma função;


CONTROLE DE ARTRÓPODES-PRAGA
COM INSETOS PREDADORES
O que é predação?

“A predação pode ser definida como qualquer interação entre dois indivíduos,
na qual um deles (predador) se alimenta do outro (presa) com benefício para
o predador e prejuízo para a presa do ponto de vista de acúmulo energético e
de biomassa.”
 Princípios básicos da predação
• Os predadores precisam subjugar ou capturar suas presas para poder matar e
se alimentar delas.

• Os insetos possuem diversos artifícios para predação, o que lhes permite caçar
presas maiores que ele mesmo.

• Essa busca ativa requer deles alto custo energético por envolver um conjunto
de etapas que compreende:
• a) localização do habitat da presa;
• b) localização da presa;
• c) aceitação da presa;
• d) adequação da presa (Hagen, 1987, Garcia, 1991).
 Características biológicas e ecológicas
da predação
• Os predadores exercem papel importante como fator de mortalidade de
artrópodes-praga.

• O equilíbrio populacional e a interação não competitiva entre predadores são


fatores primordiais para o efetivo controle biológico das populações de pragas
potenciais em agroecossistemas.

• Quanto maior a interação trófica, mais complexa e resiliente é a comunidade.

• O predador deve estar adaptado as condições da presa.


• Sincronia Fenológica entre presa e predador.
• O ambiente deve ser favorável ao predador.
CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA E
NOMENCLATURA
 Ordem coleóptera
• Coccinelídeos
• Possuem o corpo arredondado ou ovalado, são coloridos e podem medir de 1 mm a
10 mm.

• Alimentam-se principalmente de pulgões, mas algumas espécies predam ácaros,


cochonilhas e psilídeos entre outros hemípteros;

• Podem suplementar sua dieta com pólen, néctar e honeydew.

Hippodamia
H. axyridis convergens
• Exemplos de gêneros e espécies: Scymnus, Cycloneda sanguinea (L.), Eriopis connexa (Germar),
Coleomegilla maculata (DeGeer), Hippodamia convergens (Guërin-Mëneville) e H. axyridi.s
Gênero Scymnus
• Família Carabidae
Chaetodera regalis
• Se abrigamCalosoma
no solo egranulatum
podem caçar tanto no solo como nas plantas.
Perty

• Os adultos possuem corpo achatado dorso-ventralmente e levemente


convexo, cores metálicas e tamanho entre 1 mm e 70 mm.

• As larvas possuem o corpo mole, com pernas e mandíbulas bem


desenvolvidas, e apresentam o hábito de se alojar em galerias no solo,
aguardando a passagem da presa.
• Estafilinídeos
• Possuem corpo alongado, podem medir de 0,5 mm a
50 mm e suas asas anteriores são curtas e rígidas

• São importantes predadores de larvas de moscas que se


alimentam de raízes de hortaliças, como aliáceas e
brássicas.

Potó
Staphylinidae
 Ordem Hemiptera

• Heteroptera
• São sugadores conhecidos como percevejos;

• Seu hábito alimentar pode ser fitófago, hematófago ou predador;

• Os predadores possuem o rostro curto e curvo, os fitófagos reto, delgado e longo


ultrapassando a inserção do primeiro par de pernas.

• São capazes de alimentar-se de ninfas de mosca-branca, cigarrinhas, tripes, pulgões,


ácaros, lagartas pequenas e ovos de insetos;

• Utilizam pistas químicas associadas às plantas atacadas para localizarem suas presas.
Também se alimentam Orius insidiosus
de pólen de diversas plantas, cultivadas e espontâneas.
• Família Geocoridae
• Medem cerca de 3 mm de comprimento e chamam atenção pelos olhos grandes,
destacados do corpo.

• Importantes agentes de controle de moscas-brancas, lagartas pequenas, ovos de


insetos e ácaros;
Geocoris punctipes

• Alimenta-se também da traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Meyrick), em tomate, e


de diversas pragas da soja, do algodão e da alfafa.
As famílias Miridae, Reduviidae e Nabidae incluem percevejos comuns em áreas
Himacerus mirmicoides
agrícolas e podem, contribuir para o controle de pragas como lagartas de tamanho
-Nabidae
médio a grande, percevejos fitófagos, ovos de mariposas, moscas, vaquinhas e outros
insetos.
• Família Reduviidae Macrolophus basicornis -
• “pescoço” destacado, cabeça finaMiridae e alongada, que termina em um aparelho bucal
picador-sugador curvo e evidente
• Esses percevejos são extremamente vorazes e generalistas e podem predar insetos
adultos e benéficos como abelhas e outros predadores (predação intraguilda);
• Família Nabidae Percevejo assassino - Reduviidade
• facilmente reconhecidos pelo aparelho bucal longo e antenas e olhos bastante
evidentes
• Família Miridae
• Esses insetos possuem como característica a extremidade da asa dobrada para
baixo;
• A família possui espécies de predadores verdadeiros e facultativos, que podem se
desenvolver alimentando-se somente de plantas
 Ordem Hymenoptera
• Familia Vespidae

• Em geral, são insetos de tamanho médio a grande (5 mm a 20 mm de comprimento) e


suas cores variam de preto, com tons metálicos, a listrados de amarelo ou branco e
preto;

• Os principais gêneros de vespas associadas a áreas cultivadas são Polybia, Polistes e


Brachygastra;

• No cafeeiro, a predação dolecheguana


Brachygastra bicho-mineiro Leucoptera coffeella (Guérin-Méneville) por
vespas representa a maior causa de mortalidade natural da praga;
Polybia paulista
 Formicidae
• Se alimentam de ovos, larvas e pupas de insetos, néctar, honeydew, fungos e
seiva das plantas;

• Algumas plantas atraem as formigas para que as defendam de herbívoros;


algumas produzem néctar extrafloral para, por exemplo, atrair as formigas e
outrosCrematogaster
predadores; scutellaris

• Em algodão, são importantes predadores do bicudo-do-algodoeiro e de


lagartas desfolhadoras; no cafeeiro, da broca-do-café

• Os principais gêneros de formigas predadoras são Pheidole, Solenopsis,


Iridomyrmex perpeus
Camponotus, Crematogaster e Iridomyrmex.
ESTRATÉGIAS PARA UTILIZAÇÃO DE
PREDADORES
• As principais estratégias de uso de predadores para o controle biológico de pragas nos
agroecossistemas são as seguintes: importação (controle biológico clássico), inoculação,
inundação e conservação das espécies nos ambientes.

• Vários fatores afetam a predação e, segundo Holling (1961), eles podem ser classificados
em cinco grupos principais: a) densidade da presa; b)densidade do predador; c)
características do ambiente (por exemplo, variedade de alimento alternativo); d)
características da presa (por exemplo, seus mecanismos de defesa); e) características do
predador (por exemplo, estratégias de ataque).
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
• Os avanços no conhecimento sobre interações predador-presa e a avaliação
dos casos de sucesso de programas de controle biológico demonstram que
os predadores, mesmo sendo generalistas, podem contribuir
substancialmente para a regulação populacional de fitófagos (Symondson et
al., 2002).
• No entanto, a introdução de predadores generalistas deve ser objeto de
análise de risco e avaliação de impacto cuidadoso, pois existe a possibilidade
de sua liberação no ambiente causar o deslocamento e a extirpação local de
outras espécies benéficas;
REFERÊNCIAS
DEBACH, P.; ROSEN, D. Biological control by natural enemies. 2. ed. London: Cambridge University,1991. 440 p.
VAN DRIESCHE, R. G.; BELLOWS JUNIOR, T. S. Biological control. New York: Chapmann & Hall, 1996. 539 p.
HEIMPEL, G. E.; MILLS, N. J. Biological Control: ecology and applications. Cambridge:
Cambridge University Press. 2017. 297 p. DOI: 10.1017/9781139029117.

LACEY L. A.; GRZYWACZ D.; SHAPIRO-ILAN D. I.; FRUTOS R.; BROWNBRIDGE M.; GOETTEL M. S. Insect pathogens as biological
control agents: back to the future. Journal of Invertebrate Pathology, v. 132,p. 1-41, 2015. DOI: 10.1016/j.jip.2015.07.009.

ANDREWARTHA, H. G.; BIRCH, L. C. The ecological web: more on the distribution and abundance of animals. Chicago: University
of Chicago, 1984.

SYMONDSON, W. O. C.; SUNDERLAND, K. D.; GREENSTONE, M. H. Can generalist predators be effective biocontrol agents? Annual
Review of Entomology, v. 47, n. 1, p. 561-594, Jan. 2002. DOI:10.1146/annurev.ento.47.091201.145240.

BEGG, G. S.; COOK, S. M.; DYE, R.; FERRANTE, M.; FRANCK, P.; LAVIGNE, C.; LÖVEI, G. L.; MANSION-VAQUIE, A.; PELL, J. K.; PETIT,
S.; QUESADA, N. A functional overview of conservation biological control. Crop protection, v. 97, p.145-158, July 2017. DOI:
10.1016/j.cropro.2016.11.008.

Controle biológico de pragas da agricultura / Eliana Maria Gouveia Fontes, Maria Cleria Valadares-Inglis, editoras
técnicas. – Brasília, DF : Embrapa, 2020. 510 p.: il. color. ; 18,5 cm x 25,5 cm.

Você também pode gostar