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ENTOMOLOGIA

GERAL – LEA 322

Interações Inseto – Seres Vivos


Ordem Hemiptera

Prof. Marcoandre Savaris


savaris@usp.br

14 outubro 2019
Roteiro da aula

1. Interações Inseto – Seres Vivos

❖ Inseto x Planta
❖ Inseto x Inseto

2. Ordem Hemiptera
2.1. Subordem Auchenorrhyncha
2.2. Subordem Sternorrhyncha
2.3. Subordem Heteroptera
Interações inseto-planta
• Plantas

Níveis tróficos
Comunidades • Herbívoros
terrestres
• Inimigos naturais de
herbívoros

Por que os insetos se relacionam com outros


seres vivos?
Sobrevivência

Recursos nutricionais Desenvolvimento

Reprodução
Interações inseto-planta
Insetos

Plantas Animais
Fungos

artrópodes mamíferos

insetos Homem
e
animais

Grimaldi & Engel (2005)


Interações inseto-planta

INSETOS

PLANTAS

Grimaldi & Engel (2005)


Interações inseto-planta

Insetos x Plantas
❑ São interações ecológicas mais importantes e
frequentes da natureza (ex: herbívora e polinização);

❑ Diversidade atual de insetos fitófagos está relacionada


ao longo processo evolutivo de interação com as
plantas - angiospermas;

❑ A interação entre os organismos está em um contínuo


processo de evolução, sendo que quem rege este
processo é a natureza bioquímica da planta.
(Ehrlich & Raven 1964; Prado & Lewinsohn 2000)
Interações inseto-planta
❑ As plantas ao longo do processo de evolução
desenvolveram mecanismos e estratégias para repelir
ou evitar o ataque dos insetos fitófagos, que podem ter
origem física ou química;

❑ No mesmo tempo evolucionário os insetos fitófagos


desenvolveram mecanismos para se adaptar ou
explorar essas defesas. (Gilbert 1971)

CORRIDA ARMAMENTISTA

As plantas se tornaram mais tóxicas e os insetos


mais especializados na exploração dos recursos
Interações inseto-planta

Classificação dos insetos quanto ao número


de plantas hospedeiras

Monófagos

❖ Insetos que se alimentam estritamente em


plantas de uma única espécie.

Estenófagos

❖ Insetos que se alimentam de plantas de um


mesmo gênero.
Interações inseto-planta
Classificação dos insetos quanto ao número
de hospedeiros
Oligófagos
❖ Insetos que utilizam mais de uma espécie de
hospedeiros relacionados, por exemplo,
pertencentes à mesma família.

Polífagos

❖ Insetos que se alimentam de plantas de


muitas famílias ou até mesmo ordens
distintas.
Interações inseto-planta

Mecanismos e estratégias das plantas para


repelir ou evitar o ataque dos insetos
fitófagos

FATORES DE DEFESA

Dureza
❖ Físicos ou morfológicos
Tricomas

❖ Químicos Aleloquímicos
Interações inseto-planta

FATORES FÍSICOS OU MORFOLÓGICOS


➢ Dureza (lignina)
❖ Lignina em plantas de sorgo resistente e
suscetível à mosca-do-sorgo (Atherigona
varia soccata)

resistente suscetível
Interações inseto-planta
FATORES FÍSICOS OU MORFOLÓGICOS
➢ Dureza (Sílica)
❖ Mandíbulas de lagartas de Spodoptera frugiperda em
diferentes instares alimentada em folhas de milho com
silício e sem silício.

Mandíbula gasta
com silício

Mandíbula normal
(Goussain, 2001)
Interações inseto-planta
FATORES FÍSICOS OU MORFOLÓGICOS
➢ Tricomas
❖São apêndices epidérmicos formados por
uma ou mais células e que promovem a
proteção do vegetal.

Não glandulares Glandulares

Sem Com
exsudatos exsudatos
Interações inseto-planta
FATORES FÍSICOS OU MORFOLÓGICOS
➢ Tricomas não glandulares
❖ Sem secreção – reduzem a perda de água e
atuam na defesa contra insetos.

Ninfa

Capim-andropogon
Interações inseto-planta
FATORES FÍSICOS OU MORFOLÓGICOS
➢ Tricomas glandulares

❖ Com secreção – atuam na defesa contra


insetos.

Capim-gordura
Interações inseto-planta

FATORES QUÍMICOS

Substâncias não nutritivas


(aleloquímicos)

Efeitos

Biologia Comportamento
Interações inseto-planta
Efeito na biologia de
insetos

Aleloquímico
Azadiractina (Nim)
Interações inseto-planta
Efeito no comportamento e fisiologia dos insetos
por aleloquímicos

Alomônios
❖Favorecem o emissor – funciona como
substância de defesa.

Cairomônios
❖Proporcionam vantagem adaptativa ao
organismo receptor – desvantagem para o
emissor. (ex: cucurbitacina e tricosano).
Interações inseto-planta
Efeito no comportamento e fisiologia dos insetos
por aleloquímicos
Sinomônios
❖ Substância produzida por uma espécie e
recebida por outra, sendo ambas
beneficiadas (planta atrai parasitoide);

Apneumônios
❖ Substância produzida por alimento não vivo
que atraem o inseto (farinha – parasitoide).
Interações Inseto x Animais

INSETOS

ANIMAIS

Grimaldi & Engel (2005)


Interações Inseto x Animais

Insetos x Insetos

Inimigos Naturais

“São insetos que se alimentam de outros


insetos”
ENTOMÓFAGOS
Interações Inseto x Inseto

Inimigos Naturais

PREDADORES PARASITOIDES
Interações Inseto x Inseto

Diferenciação entre Predador e Parasitoide

Predador ?
Organismo de vida livre durante todo o ciclo de vida e
que mata as presas.

Parasitoide ?
Organismo que mata o hospedeiro e exige somente um
indivíduo para completar seu desenvolvimento; o adulto
tem vida livre.
Interações Inseto x Inseto

Diferenciação entre Predador e Parasitoide

Predador
• Geralmente maior que a presa
e predam tanto imaturos
quanto adultos;

• Necessita de vários indivíduos


para completar o
desenvolvimento;

• Pouca dependência da presa -


generalistas.
Interações Inseto x Inseto
Predadores
Ordem Coleoptera - Besouros
▪ Família Carabidae
▪ Generalistas – predadores de
lagartas em trigo, soja, milho...

Adulto

Larva
Interações Inseto x Inseto
Predadores
Ordem Coleoptera - Besouros
▪ Família Coccinellidae - Joaninhas
▪ Afidófagas, coccidófagas,
acarófagas.
Interações Inseto x Inseto
Predadores Adulto
Ordem Hemiptera – Percevejos
▪ Família Pentatomidae

▪ Predadores de lagartas,
ninfas e lagartas.
Ninfa
Podisus sp.
Interações Inseto x Inseto

Diferenciação entre Predador e Parasitoide

Parasitoide

• Geralmente menor que o


hospedeiro;

• Necessita de apenas um
indivíduo para completar o
desenvolvimento;

• Muita dependência do
hospedeiro - especialistas.
Interações Inseto x Inseto
Principais tipos de parasitoides e formas de
parasitismo
Parasitoide primário
• É aquele que se desenvolve sobree
hospedeiros não parasitados.

Hiperparasitoide ou parasitoide
secundário
• Desenvolve-se em outro parasitoide (é
um parasitoide do parasitoide). Podem
existir vários níveis de
hiperparasitismo.
Interações Inseto x Inseto
Principais tipos de parasitoides e formas de
parasitismo
Exemplo
Interações Inseto x Inseto
Principais tipos de parasitoides e formas de
parasitismo
Endoparasitoide

• Desenvolve internamente no corpo do


hospedeiro.

Solitário: uma única larva completa o


desenvolvimento em um hospedeiro.

Gregário: várias larvas completam o


desenvolvimento em um hospedeiro.
Interações Inseto x Inseto
Principais tipos de parasitoides e formas de
parasitismo
Ectoparasitoide
• Desenvolve-se externamente. A
larva alimenta-se pelo tegumento da
vítima. Pode ser solitário ou
gregário.

Multiparasitismo
• Mais de uma espécie de parasitoide
ocorre dentro ou sobre um único
hospedeiro.
Interações Inseto x Inseto
Principais tipos de parasitoides e formas de
parasitismo
Superparasitismo
• Vários indivíduos de uma mesma
espécie de parasitoide podem se
desenvolver num hospedeiro.

Adelfoparasitismo ou autoparasitismo
• Parasitoides parasitam indivíduos da própria espécie. O
macho é parasitoide obrigatório da fêmea.
Interações Inseto x Inseto
Parasitoides – Hymenoptera e Diptera
Ordem Hymenoptera – vespinhas e micro-himenópteros
▪ Família Trichogrammatidae
▪ Parasitoides de ovos
Broca-da-cana-de-açúcar Curuquerê da couve

T. galloi em ovos de Diatraea T. pretiosum em ovos de Ascia


saccharalis (Lepidoptera) monuste orseis (Lepidoptera)
Interações Inseto x Inseto
Parasitoides
Ordem Hymenoptera – vespinhas e micro-himenópteros

▪ Família Braconidae
▪ Parasitoides de ninfas

múmia

Parasitoide Aphidius ervi parasitando o pulgão-da-ervilha Acyrthosiphon pisum


Interações Inseto x Inseto
Parasitoides

Tachinidae
Ordens Hymenoptera e Diptera

▪ Parasitoides de larvas

Cotesia flavipes (Braconidae) parasitando a broca-da-cana


(Lepidoptera)
Interações Inseto x Inseto
Parasitoides
Ordem Hymenoptera – vespinhas e micro-himenópteros
▪ Família Ichneumonidae
▪ Parasitoides de pupas

Diadromous collaris parasita pupas da traça-das-crucíferas


(Plutella xylostella).
Interações Inseto x Inseto
Parasitoides
Ordem Diptera – Moscas
▪ Família Tachinidae
▪ Parasitoides de adultos

Trichopoda nitens
parasitoide de adultos
de Nezara viridula
ENTOMOLOGIA
GERAL – LEA 322

Ordem Hemiptera

PARANEOPTERA
Relações com os outros grupos:

PARANEOPTERA

4 ordens

Grupo irmão
de
Holometabola

Wheeler et al. (2001b)


Relações com os outros grupos:
PARANEOPTERA, o grupo irmão de
Holometabola

Psocodea
• Psocoptera
+
• Phthiraptera

Condylognatha
• Thysanoptera
+
• Hemiptera
Diversidade

Paraneoptera

11%
diversidade
de insetos

Grimaldi & Engel (2005). Evolution of the Insects


HEMIPTERA - QUEM SÃO?

Percevejos, Maria-fedida, Barata-da-água


QUEM SÃO?

Cigarras, Cigarrinhas, Soldadinhos


QUEM SÃO?

Cochonilhas, Pulgões, Moscas-brancas, Psilídeos


Hemiptera
Ordem Hemiptera 4 subordens
metade asa

Subordens

Sternorrhyncha Auchenorrhyncha Heteroptera

Cochonilhas, Cigarras, Percevejos, maria-


pulgões, psilídeos e cigarrinhas fedida, barbeiro,
mosca-branca. percevejo-da-cama

* Coleorrhyncha que não ocorre no Brasil


Ordem Hemiptera

Subordens

Sternorrhyncha Auchenorrhyncha Heteroptera

Cochonilhas, Cigarras, Percevejos, maria-


pulgões, psilídeos e cigarrinhas fedida, barbeiro,
mosca-branca. percevejo-da-cama
Aspectos morfológicos
Auchenorrhyncha e Sternorrhyncha
❖ Tamanho: variável (<1 mm a 70 (200 mm));
❖ Olhos compostos geralmente bem desenvolvidos.
Aspectos morfológicos
❖ Ocelos: 0, 2 ou 3.
Aspectos morfológicos
❖ Antenas
Curta e setácea Longa e filiforme
Aspectos morfológicos
❖ Aparelho bucal: sugador labial tetraqueta (2 MD + 2 MX)
Aspectos morfológicos
❖Pernas: ambulatórias (atrofiadas em algumas
cochonilhas).
Aspectos morfológicos
❖Asas
Anteriores
Membranosa Tégmina

Posteriores - Membranosas
Aspectos morfológicos
❖Asas
▪ Cochonilhas: fêmeas ápteras e machos alados.
Aspectos morfológicos
❖Asas
❖ Pulgões (fêmeas): formas ápteras e aladas.

Multiplicação Migração
Aspectos morfológicos
❖Abdome
▪ Sifúnculos (pulgões): liberação de feromônio
de alarme.
Aspectos morfológicos
❖Abdome

▪ Órgãos sonoros – cigarras (machos)


Aspectos morfológicos
❖Abdome

▪ Glândulas de cera - cochonilhas


Aspectos biológicos
Excreção (honeydew) Câmara-filtro

Estomodeu

Mesêntero
Proctodeu
Aspectos biológicos
❖ Reprodução:

▪ Sexuada
▪ Assexuada - Partenogênese telítoca
Aspectos biológicos

❖Desenvolvimento

Hemimetabolia

Ovo Ninfas Adulto


Importância Agrícola

SEMPRE
FITÓFAGOS

▪ Sucção de seiva;

▪ Injeção de saliva tóxica;

▪ Transmissão de microrganismos
fitopatogênicos.
Importância Agrícola
❖Sucção de seiva e injeção de toxinas

▪ Enfraquecimento encarquilhamento da planta.


▪ Desenvolvimento de fumagina
Importância Agrícola

▪ Transmissão de microrganismos fitopatogênicos;

▪ Necrose dos tecidos até a morte da planta.


Ordem Hemiptera

Subordens

Sternorrhyncha Auchenorrhyncha Heteroptera

Cochonilhas, Cigarras, Percevejos, maria-


pulgões, psilídeos e cigarrinhas fedida, barbeiro,
mosca-branca. percevejo-da-cama
HETEROPTERA
Do grego hetero = diferente; pteron = asa →
hemiélitros: metade coriáceo, metade membranoso.

© Marc Kummel
Aspectos morfológicos
❖ Tamanho: variável (0,5 a 200 mm);
Belostomatidae Geocoridae
Aspectos morfológicos

❖ Rostro com 3 ou 4 artículos.


Aspectos morfológicos
❖ Tipos de Rostro

Predador
Fitófago

He Hematófago
Aspectos morfológicos
Identificação do hábito alimentar
Fitófagos

❖ Rostro: reto e longo (4 segmentos), ultrapassando as


coxas anteriores.
❖ Em repouso, forma um ângulo agudo com a superfície
inferior da cabeça.
Aspectos morfológicos
Identificação do hábito alimentar
Predadores

❖ Rostro: curvo e curto (3 segmentos), não ultrapassando


as coxas anteriores.

❖ Em repouso, forma um ângulo curvilíneo com a superfície


inferior da cabeça.
Aspectos morfológicos
Identificação do hábito alimentar
Hematófagos

❖ Rostro: reto e curto (3 segmentos), não ultrapassando as


coxas anteriores.
❖ Em repouso, forma um ângulo agudo com a superfície
inferior da cabeça.
Aspectos morfológicos
❖ Aparelho bucal: sugador labial tetraqueta (2 MD + 2 MX)

Rostro: comprimento e formas variáveis de


acordo com o hábito alimentar.
Aspectos morfológicos

Olhos compostos: geralmente bem desenvolvidos.

Ocelos: nenhum ou dois.

Antenas:

• Longas, filiformes com 3 a 5 artículos


(terrestres).

• Curtas e escondidas
sob a cabeça (aquáticos).
Aspectos morfológicos

❖ Asas anteriores do
tipo hemiélitro;

❖ Asas posteriores do
tipo membranosa.

As
Aspectos morfológicos

❖ Há espécies ápteras e braquípteras.


Aspectos morfológicos

Pernas geralmente ambulatórias fossorial

preensora
Escutelo

natatória
Aspectos morfológicos

❖Abdome tipo séssil


Aspectos morfológicos

❖Apêndices Margens laterias do


abdôme achatadas e
visíveis dorsalmente.
Tubo respiratório
Conexivo
Aspectos biológicos
❖ Fede-fede ▪ Adulto – 0 ou 1 par
.....(metapleural).
❖ Canais excretores – abertura no
tegumento através do ostíolo ou
fenda ostiolar.

▪ Ninfas – 0 a 3 pares
(4º ao 6º urotergito);
.... .(metapleural).
Aspectos biológicos

❖Desenvolvimento pós-embrionário:
• Hemimetabolia

Ovo Ninfas Adulto


Aspectos biológicos

❖Desenvolvimento embrionário:

Oviparidade
(Ovos geralmente agrupados e em forma de barril)
Aspectos biológicos
❖Desenvolvimento pós-embrionário:

▪ Reprodução Sexuada

▪ Ovíparas (geralmente);

▪ * Algumas espécies vivíparas.


Classificação
❖ Heteroptera

▪ ~ 38 mil espécies – ~5400 no Brasil;


▪ 6 Subfamílias;

➢ Geocorisae: terrestres.
3 divisões: ➢ Amphibicorisae: semi-aquáticos.
➢ Hydrocorisae: aquáticos.
Ordem Hemiptera
❖ Chave para as subordens de Hemiptera que ocorrem no
Brasil

1. Asa anterior tipo hemiélitro....Subordem Heteroptera


2. Asa anterior tipo membranosa ou tégmina

2.1 Antenas curtas e setáceas ......Subordem Auchenorrhyncha


2.2 Antenas longas e filiformes......Subordem Sternorrhyncha
Auchenorrhyncha
• Rostro com três artículos, originando-se da região
posterior da cabeça.
• Flagelo aristiforme (antena setácea).
• Asa anterior membranosa. Tarsos trímeros.
Sternorrhyncha
• Rostro emergindo da parte posterior da cabeça (aparente
entre as pernas anteriores);
• Antenas sem filamento apical.
• Tarsos monômeros ou dímeros.

© Marc Kummel

Tarsos de 1 ou 2
segmentos
Obrigado pela atenção

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