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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

UNIDADE 1

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Compreender a
morfologia e a fisiologia
dos principais insetos de
importância agrícola.
> Estudar os tipos de
reprodução.

MULTIVIX EAD
12 Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

1 MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DOS


INSETOS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará o estudo da morfologia e da fisiologia dos insetos de
importância agrícola, com o intuito de apresentar o grupo de animais mais
expressivos em quantidade e em diversidade do planeta, correspondendo a
70% das espécies catalogadas. Essa abundância mostra a importância dos
insetos na natureza e, consequentemente, a necessidade de estudo e com-
preensão das características morfológicas, fisiológicas e comportamentais
desses animais.
Entre as 926.990 espécies de insetos espalhados por todos os habitats do
planeta, temos os insetos-pragas, que causam prejuízos para a agricultura,
seja direta ou indiretamente (GULLAN, 2017). Esses insetos promovem a di-
minuição ou a perda da produção de grãos, em razão de sua alimentação e
da disseminação de patógenos (Figura 1), o que aumenta a necessidade do
uso de agrotóxico.
Nos sistemas agrícolas brasileiros, cerca de 500 espécies de insetos podem tra-
zer prejuízos econômicos inestimáveis ao setor agrícola (MOURA, 2019), cres-
cendo, assim, a importância da entomologia agrícola para mitigar esses danos.
No decorrer de nossas análises, veremos o modo de proliferação dos insetos
que apresentam ciclo de vida curto, reprodução sexuada e desenvolvimento
em fases, características que ajudam no sucesso de sua rápida incidência nas
plantações e na resistência aos agrotóxicos.

1.1 MORFOLOGIA DOS INSETOS


Estudar a anatomia e a fisiologia dos insetos é fundamental para diferen-
ciá-los e classificá-los em grupos. A nomenclatura da anatomia dos insetos
é uma linguagem universal, usada nas discussões entre pesquisadores de
todo mundo.

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FIGURA 1 – INSETO-PRAGA: FORMIGA

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: formiga vermelha, em uma folha verde.

1.1.1 ANATOMIA EXTERNA


Os insetos, em geral, apresentam forma alongada e cilíndrica, simetria bilate-
ral e corpo dividido em segmentos. Esses segmentos, conhecidos por metâ-
meros, são agrupados em regiões distintas (tagma): cabeça, tórax e abdômen
(GULLAN; CRANSTON, 2017).

Cabeça

Funções na percepção sensorial, integração neural e coleta de


alimentos (antena; olho composto, regiões bucais).

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Tórax

Segmento locomotor, onde estão inseridas as pernas e as asas (sutura


pleural; episterno; epiproc; tergos; protórax; mesotórax; metatórax;
sutura pleural).

Abdome

Abriga a maior parte dos órgãos (incluindo componentes dos sistemas


digestivo, excretor e reprodutor) e vísceras (paparroto, espiráculos,
cerco, ovipositor).

Exoesqueletos são formados por escleritos (placas


endurecidas), que fazem parte da parede corporal
externa dos artrópodes.

Uma das características dos artrópodes é a presença do exoesqueleto, res-


ponsável pela sustentação e pela proteção do corpo, pela contração muscu-
lar, pela difusão de água e oxigênio (saída e entrada no corpo) entre outros. A
observação das modificações do exoesqueleto e dos apêndices (peças bucais,
pernas, asas e ápice abdominal) é importante para identificar a função e para
agrupar os insetos em ordens, famílias e gêneros (GULLAN; CRANSTON, 2017).
O tegumento dos insetos (cobertura mais externa) é formado pela epider-
me (camada celular), pela membrana basal (camada acelular delgada) e pela
cutícula (camada acelular) (Figura 2).
A epiderme está envolvida com o processo de muda (ecdise), ou seja, a saída e
a produção de um novo exoesqueleto, permitindo o crescimento do animal. É
também responsável pela produção de: cutícula (composta por cadeias de um
polissacarídeo, quitina e matriz proteica), ceras, cimentos, feromônios, substân-
cias de defesa e outros compostos para o lado externo da cutícula dos insetos.

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A cutícula, por sua vez, produz: o exoesqueleto do corpo e dos membros (tu-
bos traqueais, ductos glandulares, trato digestivo); os suportes internos, pon-
tos de fixação da musculatura (apódemas); e as asas. A cutícula corresponde
a uma procutícula mais espessa, revestida por uma epicutícula fina (Figura
2). As características da cutícula estão relacionadas com a tensão mecânica
do exoesqueleto (características químicas e físicas), com o formato (curvadas,
onduladas ou tubulares) e com o diferenciamento de grupos taxonômicos
(GULLAN; CRANSTON, 2017).

FIGURA 2 – TEGUMENTO DOS INSETOS

apodéma

epicutícula

exocutícula

endocutícula

epiderme

Fonte: Triplehorn et al. (2017, p. 7).

#PraTodosVerem: camadas do tegumento de inseto.

1.1.2 ANATOMIA INTERNA


A cavidade corporal dos insetos é denominada hemocele, sendo preenchida
por hemolinfa (incolor), delimitada por endoderme e ectoderme. O sistema
circulatório dos insetos é aberto, com poucos vasos e compartimentado, para
controlar o movimento da hemolinfa. A hemolinfa é o “sangue” dos inverte-
brados (20% do peso corporal em adultos), sendo importante na ventilação
do sistema traqueal, na termorregulação, na reserva de água, na ruptura e

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no crescimento de cutícula (muda). Além disso, atua na proteção e na defe-


sa contra ferimentos físicos, parasitas ou outras substâncias estranhas, assim
como diante das ações de predadores (GULLAN; CRANSTON, 2017).
Os processos motores, sensoriais e fisiológicos nos insetos são controlados
pelo sistema nervoso (cérebro e cordão nervoso) e pelos hormônios. Os hor-
mônios são substâncias químicas secretadas no corpo do inseto por centros
neuronais, neuroglandulares ou glandulares, e transportados pela hemolinfa.
Vejamos, na Figura 3, a anatomia interna dos insetos.

FIGURA 3 – SISTEMA DIGESTÓRIO DOS INSETOS

Estomodeu Mesêntero Proctodeu

Ceco gástrico
Ventrículo Íleo
Proventrículo
Papo ou inglúvio

Esôfago
Ampola retal ou reto

Faringe

Ânus

Cólon
Tubo de Malpighi Membrana peritrôfica
Glândula salivar
Cavidade oral

Fonte: Moura (2021, p. 82).

#PraTodosVerem: anatomia interna de insetos.

Os insetos não são capazes de controlar a temperatura corporal por processos


internos, ou seja, sua temperatura corporal reflete a temperatura ambiente
(poiquilotérmicos, ectotérmicos).

1.1.3 COLETA, MONTAGEM E CONSERVAÇÃO


DE INSETOS
A coleta, a montagem e a conservação de insetos são essenciais para descre-
ver sua anatomia. Você saberia dizer como montamos uma coleção entomo-
lógica? Isso mesmo! Essa montagem ocorre por etapas (MOURA, 2021).

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Coleta de insetos

O método depende do hábitat e do hábito


do inseto de interesse. Desse modo, deve-
se, primeiramente, anotar as informações
da coleta (data, local e hábitat dos insetos
capturado). As técnicas de captura podem
ser passivas (armadilhas para a coleta:
armadilha luminosa e bandeja com água) ou
ativas (materiais como pinças, frascos, redes
entomológicas, aspiradores entomológicos
e/ou guarda-chuva entomológico).

Figura 4 – Rede entemológica


Fonte: Wikimedia Commons.
#PraTodosVerem: rede de pano com haste metálica sendo segurada por uma mão e, ao
fundo, grama e vegetação.

Armazenamento temporário e morte

O armazenamento pode ser na forma


líquida (álcool 70%) ou em envelopes de
papel (mariposas, borboletas e libélulas). A
morte de insetos adultos e ninfas coletados
vivos pode ser realizada por álcool 70% ou
em congelador. Mariposas e borboletas
podem ser mortas comprimindo-se com os
dedos os lados do tórax, sem tocar as asas,
e as larvas e lagartas, com água quente.

Figura 5 – Imagem de larvas de insetos mortas


Fonte: Wikimedia Commons.
#PraTodosVerem: imagem de larvas de insetos mortas.

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Montagem de insetos para coleções


entomológicas

A montagem deve ser realizada poucas


horas depois da coleta e da morte. Uma das
maneiras de montagem é a transfixação
(uso de alfinetes entomológicos de aço),
usado para a maioria dos espécimes. O
cartão ou o triângulo isóscele é usado para
insetos muito pequenos.

Figura 6 – Coleção de insetos


Fonte: Wikimedia Commons.
#PraTodosVerem: diversos insetos armazenados e organizados em um quadro com vidro de
proteção.

Para obter mais informação sobre a metodologia


para coleta de insetos no campo, assista ao vídeo,
clicando aqui.

Cada ordem de inseto apresenta características próprias, as quais devem ser


respeitadas na coleta, no armazenamento e na montagem das coleções en-
tomológicas. E lembre-se: somente insetos adultos podem ser transfixados.

1.2 FISIOLOGIA DOS INSETOS — PARTE I


A fisiologia está associada à anatomia, e estuda o funcionamento dos organismos.

1.2.1 SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CIRCULAR


O sistema respiratório ou traqueal apresenta um sistema de tubos cuticulares
que se abrem nos espiráculos (Figura 7) e se ramificam internamente, em
traquéolas, as quais penetram os tecidos. Portanto, o oxigênio entra no corpo
pelos espiráculos, passa pelas traqueias até as traquéolas e se difunde pelas
células corporais (TRIPLEHORN et al., 2016).

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FIGURA 7 – SISTEMAS FISIOLÓGICOS DE INSETOS

Sistema Nervoso Sistema Excretório Sistema Digestivo Sistema Circulatório

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem dos sistemas fisiológicos de insetos, identificando, com cores,


cada um dos sistemas: sistema nervoso (azul); sistema excretório (verde); sistema digestivo
(amarelo); e sistema circulatório (vermelho).

O volume do sistema traqueal corresponde a cerca 5 até 50% do volume


do corpo, uma vez que sua extensão varia conforme a espécie, o estágio de
desenvolvimento e as necessidades de oxigênio da espécie. As traqueias po-
dem se dilatar para aumentar os reservatórios de ar através de sacos aéreos,
principalmente, em insetos voadores ativos (abelhas e dípteros ciclórrafos).
Os sacos aéreos auxiliam o voo, por aumentarem a flutuabilidade (GULLAN;
CRANSTON, 2017).

1.2.2 SISTEMA DIGESTIVO


O sistema digestivo da maioria dos insetos é um tubo que se estende da boca
até o ânus, dividido em três regiões principais, descritas a diante. Esse sistema
presenta um par de glândulas, localizado logo abaixo da parte anterior do ca-
nal alimentar, na cabeça ou no tórax (Figura 8). As glândulas labiais participam
do processo de digestão ao secretarem saliva para umedecer os alimentos.
O sistema digestivo é dividido em (MOURA et al., 2021):

Intestino anterior (ou estomodeu)

Dividido em faringe (após a boca); esôfago (tubo delgado); papo


(armazenamento de alimento para ação de enzimas digestivas);
proventrículo (dentes quitinosos para trituração); e válvula cardíaca
(impede o retorno do alimento).

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Intestino médio (ou mesêntero)

Formado pelo ceco gástrico (bactérias e de outros organismos


produtores de enzimas digestivas) e pelo ventrículo (completa a
digestão).

Intestino posterior (ou proctodeu)

Responsável pela absorção de água, sais, nutriente das fezes e urina.

FIGURA 8 – SISTEMAS FISIOLÓGICOS DE INSETOS

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem do sistema digestivo, em destaque, nas cores amarela e verde.

No caso de insetos hematófagos, a saliva possui substância anticoagulante


sanguínea

1.2.3 SISTEMA MUSCULAR


A locomoção é realizada pelos músculos, em conjunto com o exoesqueleto
(pontos de fusão, tonofilamentos). Os insetos possuem apenas músculos es-
triados (aparência de bandeamento), e a inervação acontece por meio de 1

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até 3 axônios motores, por feixe de fibras. As larvas, em razão do esqueleto


hidrostático, locomovem-se rastejando, por meio de ondas de contração e de
relaxamento, desde a cabeça até a cauda.

Os tonofilamentos são finas fibrilas de conexão que


ligam a extremidade do músculo ao exoesqueleto.

Os insetos com exoesqueletos rígidos conseguem se locomover pela contra-


ção e pelo relaxamento de pares de músculos agonistas e antagonistas, que
se prendem na cutícula. As asas funcionais em posição dorsolateral (segundo
e terceiro segmento torácico) só ocorrem nos insetos adultos. O voo precisa
vencer as forças do peso (gravidade) e do arrasto (resistência do ar ao movi-
mento). A maioria dos insetos alados voa batendo as asas em alta frequência
de batimento.

1.3 FISIOLOGIA DOS INSETOS — PARTE II


Nesta parte da unidade, estudaremos o sistema neuroendócrino, os órgãos
do sentido e os tipos de reprodução e desenvolvimento dos insetos.

1.3.1 SISTEMA NEUROENDÓCRINO


No sistema nervoso complexo dos insetos, tem-se os neurônios, liberando
substâncias químicas (acetilcolina, ecatecolaminas, dopamina) nas sinapses,
para responder a um estímulo (Figura 9). Os neurônios podem ser de quatro
tipos (GULLAN; CRANSTON, 2017):

Neurônios sensoriais

Recebem o estímulo do ambiente no qual os insetos se encontram e o


transmitem para o sistema nervoso central.

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Interneurônios ou neurônios de associação

Recebem a informação de um neurônio e a transmitem para outros


neurônios.

Neurônios motores

Recebem a informação de interneurônios e a transmitem para os músculos.

Células neurossecretoras ou células neuroendócrinas

Células com características tanto endócrinas quanto de células nervosas.

A  sinapse  é a região de encontro entre um


neurônio e outra célula por onde é transmitido o
impulso nervoso.

FIGURA 9 – SISTEMA NERVOSO DE INSETOS

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem do sistema nervoso de insetos, em amarelo.

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O sistema endócrino secreta hormônios que interferem nas funções de cres-


cimento e de reprodução nos insetos. Vamos conhecê-lo?

Ecdisteroides

Esteroides com atividade de estimular a muda, produzidos pelo ovário


de fêmeas adultas. Também estão envolvidos na maturação do ovário
ou na deposição de vitelo, nos ovos, para serem metabolizados durante
a formação da cutícula embrionária.

Hormônios juvenis

Moléculas sinalizadoras (sesquiterpenoides aparentados, símbolo


HJ) responsáveis pelo controle da metamorfose e pela regulação
do desenvolvimento reprodutivo. Em fêmeas adultas de insetos, o
HJ estimula a deposição de vitelo nos ovos e afeta a atividade de
glândulas acessórias e a produção de feromônio.

Neuro-hormônios (ou neuropeptídios)

Representam a maior classe de hormônios dos insetos, sendo


formados por peptídios (proteínas pequenas). São reguladores de
processos fisiológicos, tais como desenvolvimento, homeostase,
metabolismo e reprodução, assim como da secreção dos HJs
(hormônios juvenis) e dos ecdisteroides.

1.3.2 ÓRGÃOS DO SENTIDO


Os órgãos sensoriais (sensilas, células especializadas) projetam-se da cutícu-
la ou se encontram dentro ou abaixo dela, detectando estímulos mecânicos,
térmicos, químicos e visuais do ambiente. Os neurônios em contato, as sensi-
las no tegumento, transmitem a mensagem para o sistema nervoso central,
desencadeando a ação (comportamentos adequados) para a situação, tais
como movimento, alimentação, acasalamento e oviposição. O corpo dos in-
setos é coberto por projeções cuticulares chamadas de microtríquios (célula,
pelos ou cerdas) (Figura 10) ou macrotríquios (origem multicelular) (GULLAN;
CRANSTON, 2017).

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Os proprioceptores detectam a orientação do corpo, em relação à gravidade,


de músculos, tendões e órgãos internos (receptores de percepção do próprio
corpo). Os insetos podem identificar fatores microclimáticos (variações na
umidade, temperatura e correntes de ar) e seus predadores de forma eficien-
te. Por exemplo, as espécies noturnas orientam-se por pistas visuais (menos
eficiente a noite), odores e sons (comunicação).

FIGURA 10 – IMAGEM MICROSCÓPICA DA ANTENA DE DROSOPHILA MELANOGASTER


MOSTRANDO OS PELOS SENSORIAIS RELACIONADOS COM SEU OLFATO

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem microscópica, em preto e branco, mostrando os órgãos


sensitivos de uma abelha, destacando os pelos sensoriais.

O som desempenha um papel importante para os insetos na comunicação


acústica intraespecífica, como corte (cantos dos machos) e percepção de pre-
dadores (por meio de tímpanos), entre outras. Insetos aquáticos comunicam-
-se por sons subaquáticos (sons de tamborilamento). O método mais comum
de produção de som pelos insetos é a estridulação (parte especializada do
corpo). As vibrações do corpo (pernas e substrato — folha) podem ser detec-

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tadas pelas fêmeas, estando envolvidas na localização do parceiro para acasa-


lamento a curta distância. O zunido (ou zumbido), produzido por pernilongos,
mosquitos e mosquitos-pólvora, é produzido pela frequência de batimento
das asas (Figura 11) (TRIPLEHORN, 2016).

FIGURA 11 – ZUMBIDO DE PERNILONGO (MURIÇOCA): BATIMENTO DAS ASAS

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem de um pernilongo (muriçoca), em uma folha.

O funcionamento e a localização de termorrecepção são pouco conhecidos.


Estudos mostram que a maioria dos insetos percebe a temperatura com suas
antenas (quimiorreceptores de distância, contato e muitos mecanorrecep-
tores). Por exemplo: cada antena do macho do bicho-da-seda tem cerca de
17.000 sensilas, de diversos tamanhos e várias morfologias na ultraestrutura
(Figura 12) (TRIPLEHORN, 2016). O inseto pode variar sua temperatura, utili-
zando o calor externo (ectotermia), ou por mecanismos fisiológicos (endoter-
mia, relacionada com o voo).

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FIGURA 12 – ANTENA DO BICHO-DA-SEDA

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem de um bicho-da-seda, com pelos brancos, olhos pretos e antenas


marrom, em uma folha verde.

Um dos odores químicos são o feromônio, um importante componente tanto


na comunicação interespecífica quanto na intraespecífica. Os feromônios são
voláteis (ou líquidos) e são produzidos por glândulas exócrinas. Os machos
e as fêmeas de insetos da mesma espécie, geralmente, comunicam-se por
meio de feromônios sexuais.

1.3.3 TIPOS DE REPRODUÇÃO E


DESENVOLVIMENTO
A maioria dos insetos possui reprodução sexuada, sendo as condições repro-
dutivas sincronizadas por estímulos fisiológicos internos (sistema neuroen-
dócrino, feromônio), o que desencadeia: o amadurecimento; os comporta-
mentos de acasalamento (luzes piscantes dos vaga-lumes, canto dos grilos,
cacofonia das cigarras); e a produção de ovos.

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Os aspectos fisiológicos bem-sucedidos permitem a multiplicação de inse-


tos-pragas, os quais devastam plantações. A monocultura e a falta de preda-
dor também são fatores que podem levar à devastação de plantações. Veja,
na Figura 13, a anatomia dos órgãos reprodutivos dos insetos.
Na parte anal-genital do abdome (terminália), está localizada a genitália dos
insetos (segmentos oito e nove), sendo esse o órgão responsável pela cópula
e pela deposição de ovos (várias formas, valor taxonômico).
A maioria das fêmeas de insetos possui ovário (grupo de ovaríolos, germário),
oviduto, poro genital (vagina), espermateca (armazenamento de espermato-
zoides), glândulas acessórias e ovipositor. As oogônias sofrem mitose, origi-
nando os oócitos e os trofócitos (ou células nutritivas, vitelogênesse).
O ovipositor (tubo para depositar os ovos) pode ser de dois tipos: (GULLAN;
CRANSTON, 2017)

FIGURA 13 – SISTEMA REPRODUTIVO DAS FÊMEAS

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem do sistema reprodutivo das fêmeas.

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Ovipositor apendicular

Formado a partir de apêndices dos segmentos abdominais oito e nove.

Ovipositor de substituição

Composto por segmentos abdominais posteriores extensíveis (número


variável de segmentos terminais).

A genitália externa dos machos de insetos (alta diversidade entre espécies) é


formada por um par de gônadas; testículos; ductos eferente e deferente; ve-
sículas seminais; glândulas acessórias; espermatóforo; e estruturas que agar-
ram e seguram a fêmea (lóbulos ou parâmetros) durante o acasalamento. Os
espermatozoides entre as espécies diferem tanto em forma como em tama-
nho (Figura 14).

FIGURA 14 – DIFERENTES FORMAS DE ESPERMATOZOIDE DE INSETOS DO GÊNERO


TUNGA

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem de diferentes formas de espermatozoide de insetos.

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A maioria dos insetos possui oviparidade (postura de ovos diretamente no am-


biente) e exoesqueleto incapaz de crescer. A fecundação pode ser realizada
por meio de poros minúsculos, encontrados na casca externa do ovo (córion),
o que permite a entrada dos espermatozoides (Figura 8). Existem, também,
as reproduções assexuadas, conhecidas como partenogênese. A borboleta é
um inseto que sofre a metamorfose completa, com as fases do ovo, da larva,
da pupa e o estágio adulto (Figura 15).

FIGURA 15 – METAMORFOSE

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: imagem mostrando os estágios da metamorfose da borboleta, tendo,


à esquerda, a lagarta; depois, o casulo em formação (verde) e o casulo formado (tons de
marrom); e, por fim, a borboleta, recém-saída do casulo, com as asas semifechadas e,
depois, com as asas abertas.

A produção de ovos é controlada por: hormônios (HJ e outros); estágios ini-


ciais da oogênesse; e deposição do vitelo (TRIPLEHORN, 2016) (Figura 15). Os
ovos entre espécies variam em aparência (esférica, oval, alongada, barril, dis-
co). A casca pode ser influenciada pela espessura, pela escultura e pela cor
(cristas, espinhos). Algumas espécies de insetos envolvem seus ovos com ma-
terial protetor antes da deposição; outras, desenvolvem os ovos no interior do
corpo, sendo os jovens vivos depositados. Algumas espécies mantêm o ovo e
a larva no interior de seu corpo por um tempo prolongado.

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FIGURA 16 – EXOESQUELETO DE UM CAMARÃO

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem do exoesqueleto de um camarão.

Os insetos apresentam uma grande diversidade de anatomia e fisiologia de,


as quais auxiliam na classificação em grupos.

CONCLUSÃO

Esta unidade teve como objetivo maior permitir a compreensão dos aspectos
morfológicos e fisiológicos dos principais insetos de importância agrícola, as-
sim como os respectivos tipos de reprodução.
Como vimos, os insetos-pragas, que tantos prejuízos trazem para a agricultu-
ra, podem ser conhecidos e combatidos, tanto direta quanto indiretamente.
No que diz respeito à nomenclatura da anatomia dos insetos, trata-se de uma lin-
guagem universal, usada nas discussões entre pesquisadores de todo o mundo.

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Os insetos, como sabemos, são o maior grupo de animais em quantidade e


diversidade do planeta, espalhados por todos os hábitats do planeta. Diante
desse fato, diferentes métodos de controles de pragas podem ser pesquisa-
dos. No sistema agrícola brasileiro, por exemplo, cerca de 500 espécies de in-
setos podem trazer prejuízos econômicos inestimáveis ao setor.
Este estudo, como mencionado acima, apresentou a morfologia e a fisiologia
dos insetos, abrangendo a anatomia externa e interna, a fisiologia e os tipos
de reprodução. Os insetos, em geral, apresentam forma alongada e cilíndrica,
simetria bilateral e corpo dividido em segmentos. Uma das principais carac-
terísticas dos artrópodes é a presença de um exoesqueleto e o processo de
muda (ecdise).
A cavidade corporal dos insetos é denominada hemocele. A cabeça apresenta
funções na percepção sensorial, na integração neural e na coleta de alimen-
tos, funções que contribuem para a sobrevivência dos insetos em diferentes
hábitats e para a proteção contra predadores. O tórax é um segmento loco-
motor, o qual permitiu o voo, levando o inseto a explorar diferentes ambientes
e a evoluir.
O funcionamento dos organismos foi discutido apresentando as característi-
cas dos sistemas respiratório, sistema circular, sistema digestivo, sistema mus-
cular, sistema neuroendócrino e os órgãos do sentido. Os processos motores,
sensoriais e fisiológicos nos insetos são controlados pelo sistema nervoso (cé-
rebro e cordão nervoso) e pelos hormônios. O som desempenha um papel
importante para os insetos na comunicação acústica intraespecífica: corte
(cantos dos machos) e percepção de predadores (por meio de tímpanos).
O ciclo de vida curto, a reprodução sexuada, a oviparidade e o desenvolvimen-
to em fases são características que ajudam o inseto-praga a se propagar rapi-
damente nas plantações e a desenvolver resistência aos agrotóxicos.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Conhecer as principais


pragas agropecuárias.
> Aprender os tipos
de danos e injúrias
provocados por pragas.

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2 PRINCIPAIS ORDENS DE INSETOS


DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Neste capítulo, aprenderemos sobre os principais artrópodes que causam
danos à agricultura, atualmente, mas lembre-se: mantenha-se sempre atua-
lizado, pois um inseto-praga pode deixar de ser nocivo e tornar-se importan-
te economicamente se a cultura-alvo também deixar, e o oposto também é
válido. Começaremos o nosso estudo pela identificação dos principais grupos
e pragas, chamando de grupos as principais ordens dos insetos que causam
impacto econômico na agricultura. A seleção das principais ordens acontece
devido ao fato de os insetos apresentarem uma enorme diversidade.

2.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE


PRAGAS
O que é um inseto praga? E quais são os principais insetos-pragas? O inseto
praga, segundo Gullan e Craston (2017), é todo artrópode capaz de provocar
danos econômicos ao ser humano. Esse dano econômico é proporcional à
densidade populacional das pragas, ou seja, o nível de dano será caracteriza-
do por diferentes níveis populacionais para as pragas agrícolas. O dano eco-
nômico pode ser direto, quando o produto com um furto é injuriado por uma
mosca das frutas, e indireto, quando o dano não correr diretamente no pro-
duto econômico, porém esse dano o prejudicará indiretamente.
Como posto por Penteado et al. (2009), os danos e as injúrias nas plantas po-
dem variar de acordo com a ordem de inseto.

2.1.1 PRINCIPAIS PRAGAS DE HORTALIÇAS


A horticultura é responsável pelo cultivo de hortaliças na agricultura. Trata-
-se de uma atividade econômica realizada por pequenos e médios agricul-
tores. Ela é realizada tanto em centros urbanos como no interior do país. A
sua importância é altíssima, visto que grande parte dos alimentos humanos
é proveniente da horticultura. Uma particularidade da horticultura está no

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fato de os insetos-pragas encontrarem plantas hospedeiras em abundância


no ambiente. Ocorre que um inseto praga pode atacar diferentes espécies de
plantas em um mesmo local ou ao mesmo tempo. A produção de hortaliças
em campo aberto exige investimento considerado de médio a alto, e boa par-
te desse investimento é focada no controle de pragas. A correta identificação
dos insetos pragas é o caminho mais rápido para obtenção de um controle
efetivo, econômico e eficaz.

2.1.1.1 PULGÃO (AFÍDEOS – HEMÍPTERA).


Os pulgões são insetos muitos importantes, como pragas hortícolas, por al-
gumas razões, tais como: o seu ciclo curto de vida, a infinidade de diferen-
tes espécies e a possibilidade de transmitirem doenças. Os fatores abióticos,
principalmente a temperatura influencia, diretamente, a população desses
insetos. Quando a temperatura aumentar, a população de afídeos aumen-
ta consideravelmente; quando ela diminui, ocorre o oposto. A espécie Mizus
persicae é uma das mais importantes, por atacar culturas economicamente
relevantes, da família Solonaceae (batata e tomate).

FIGURA 1 – O MIZUS PERSICAE É UM DOS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DOS AFÍDEOS

Fonte: Wikimedia Commons (2021).

#PraTodosVerem: imagem com vários pulgões verdes sobre uma planta.

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Como você pode visualizar na imagem anterior, o pulgão da espécie Mizus


persicae tem coloração verde-claro, com, aproximadamente, 2 mm de com-
primento. Ele é transmissor do vírus Y, do mosaico e do vírus do enrolamen-
to das folhas. Observe que apenas um inseto pode transmitir três diferentes
vírus prejudiciais à planta hospedeira, além da debilitação nutricional e das
injúrias causadas pelo ataque em si ao floema e ao xilema.

2.1.1.2 TRIPES
Os tripeses são insetos pequenos, com asas franjadas. A espécie Thrips tabaci
é mais importante praga das hortícolas. Entre os sintomas do infestamento,
está o secamento das folhas (inicialmente, com estrias prateadas e, posterior-
mente, com clorose). Em plantas da família solonaceae, como o tomate, e em
cucurbitáceas, ocorrem espécies de Frankliniella sp., transmissor do vírus do
vira-cabeça do tomateiro. O ciclo biológico da tripes dura entre 12 a 25 dias,
em média, tendo o adulto de 0,8 a 1,55 mm de comprimento. Os adultos e as
larva perfuram a planta e sugam o conteúdo das células. Normalmente, os
tripes preferem as folhas mais jovens, e a região injuriada apresenta peque-
nas machas irregulares de coloração esbranquiçada com alguns pontos escu-
ros. As injúrias podem favorecer a infeção por bactérias como Xanthomonas
campestrreis.

2.1.1.3 MOSCA BRANCA (BEMISIA TABACI)


Os adultos medem cerca de 1 mm a 2 mm, com coloração amarelo-palha,
quatro asas membranosas recobertas com uma pulverulência branca. Eles
se alimentam na face inferior das folhas, em que pode ser encontrada tam-
bém a fumagina, decorrente da excreção açucarada dessa espécie. O ciclo
biológico tem de 14 a 27 dias. A mosca branca ataca as plantas em diferentes
ambientes, como viveiros ou lavoura, procurando infestar, principalmente, as
folhas jovens e os brotos. Os adultos sugam a seiva e diminuem a capacidade
fotossintética da planta. Quando ocorre a alimentação, os insetos injetam to-
xinas, as quais podem gerar anomalias nas plantas. A infestação severa pode
ocasionar o nanismo, a murcha e até a morte de mudas e de plantas jovens.

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FIGURA 2 – MOSCA BRANCA

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem de uma mosca branca em uma planta verde.

Saiba mais sobre a mosca branca no texto do link:


Bemisia tabaci. Disponível em: https://www.irac-br.
org/bemisia-tabaci.

2.1.2 PRINCIPAIS PRAGAS DE FRUTEIRA


Os insetos pragas, em geral, podem prejudicar os frutos ou as plantas. Quan-
do o prejuízo é diretamente nos frutos, o impacto é muito maior e irreversível,
visto que o produto econômico perde, consideravelmente, o valor. A trans-
missão de patógenos e doenças pode impactar, indiretamente, as frutíferas.
Nesses casos, a produção fotossintética não é atingida pelo inseto praga, mas
a sua sanidade é comprometida.

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2.1.2.1 MOSCA-DAS-FRUTAS (DIPTERA)


A mosca das frutas é a principal praga das frutíferas, em razão da postura dos
ovos no interior dos frutos; logo, o fruto, que é o produto econômico mais im-
portante, fica afetado. Após o adulto fazer a postura dos ovos dentro do fruto,
alguns dias depois as larvas eclodem e começam a consumir o fruto durante
sua alimentação. Nesse processo, as larvas abrem galerias dentro dos frutos,
que podem fazê-los cair no chão. As principais espéceis de mosca-das-frutas
são: Anastrepha fraterculus (ocorre em todas as regiões) e Ceratitis capitata
(mais importante em regiões de clima temperado).
A espécie Ceratitis capitata apresenta coloração amarelada e desenhos escu-
ros no tórax, com faixas transversais no abdome. A Anastrepha sp também tem
o corpo amarelado, contudo, com uma coloração mais uniforme, e apresenta o
ovopositor bem mais longo. A espécie Anastrepha sp é dona de um aparelho
opositor mais longo e quitinoso, que permite a postura em frutos mais verdes.
Já a Ceratitis capitata realiza a ovoposição em frutos mais maduros.
As moscas-das-frutas são insetos pragas generalistas, ou seja, atacam diver-
sas espécies de plantas frutíferas,e, por esse fato, o seu controle é muito difícil,
uma vez que ocorre a sucessão hospedeira.

Na sucessão hospedeira, não há quebra do ciclo


de vida da mosca das frutas. Aprofunde os seus
conhecimentos sobre o manejo e o monitoramento
das moscas-das-frutas no texto apresentado no
link: http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/files/
rifib/IIIRifib/43-49.pdf.

2.1.2.2 BICHO-FURÃO (ECDYTOPHOLA


AURANTIANA)
O bicho furão é uma mariposa com coloração marrom-escura, que ataca por
meio da ovoposição nos frutos dos citros. Depois que a fêmea realiza a ovopo-
sição nos frutos, as lagartas eclodem nos frutos e ficam na superfície dos fru-
tos, alimentando-se dele. É característica do bicho furão a raspagem da casca,
a penetração no fruto e o fato de que, ao redor do local de entrada da larva,
forma-se uma lesão marrom e dura, com a acumulação de excrementos.

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2.1.2.3 LAGARTA MINADORA


A lagarta minadora pertence à ordem lepidóptera, vivente no interior das
folhas das frutíferas. As folhas atacadas ficam retorcidas e secas, e as lesões
favorecem a disseminação de outra doença, chamada cancro cítrico, cau-
sado pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. Citri. O inseto adulto tem,
aproximadamente, 4 mm, com escamas de coloração branca e prateada,
com um ponto preto nas asas anteriores, sendo esse ponto preto caracterís-
tica da espécie.

FIGURA 3 – CIGARRINHA

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: exemplo de uma cigarrinha branca, com asas fechadas, pousada em uma
folha verde com pintinhas verde-amarelas.

2.1.2.4 MOLEQUE-DA-BANANEIRA
(COSMOPOLITES SORDIDUS)
Trata-se de um pequeno besouro de, aproximadamente, 11 mm de coloração
preta uniforme. A postura do besouro é realizada no pseudocaule da bananeira.
A forma jovem representada pelas larvas é responsável pela abertura de galerias
no rizoma da bananeira. No caso da bananeira, as galerias abertas provocam a

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queda da planta e podem levar até a morte. O ataque facilita o tombamento


das bananeiras pelo vento e os ofícios abertos pelo moleque-da-bananeira fa-
vorecem as infestações pelo mal-do-panamá. O inseto adulto apresenta o ciclo
evolutivo completo entre 27 e 40 dias, enquanto o período larval é de 12 a 22
dias do ciclo evolutivo completo. Ele possui cerca de 11 mm de comprimento e
4 mm de largura, com coloração preta e uniforme, os élitros são estriados lon-
gitudinalmente e o restante do corpo é finamente pontuado.

2.1.3 PRINCIPAIS PRAGAS DE GRANDES


CULTURAS
As grandes culturas agrícolas como a soja, algodão, milho são responsáveis
por grande parte da produção agropecuária no Brasil. Os insetos pragas das
grandes culturas são responsáveis por aumentar o custo de produção, e, caso
não sejam adequadamente controlados, a sua polução dizimará a lavoura.
Em geral, os insetos das ordens Lepidoptera e coleóptera são os que mais
atacam as grandes culturas.

2.1.3.1 BICUDO-DO-ALGODOEIRO
(ANTHONOMUS GRANDIS)
O bicudo do algodoeiro é considerado uma das principais pragas da cultu-
ra do algodão, desde a sua detecção, em 1983. Esse inseto tem como hábito
alimentar-se dos botões florais das plantas. As fêmeas dos adultos realizam a
ovoposição nos botões florias, que, por consequência, ficam deformados. Tan-
to o adulto quanto a forma jovem alimentam-se, internamente, das maçãs do
algodão; logo, os prejuízos ocasionados são enormes.

2.1.3.2 LAGARTAS
Provenientes da ordem lepidóptera, apresentam uma infinidade de insetos-
-pragas com importância econômica.

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2.1.3.3 LAGARTA DO CARTUCHO


(SPODOPTERA FRUIPERDA)
A lagarta do cartucho é considerada uma das principais pragas da cultura do
milho. Em algumas situações, ela pode chegar a prejudicar uma lavoura intei-
ra. O seu comporto apresenta, em média, 5 cm de comprimento, com pontos
pretos e três linhas amareladas no dorso. Na cabeça, a Spodoptera apresenta
um desenho de Y invertido, bem característico dessa espécie, que você pode
ser utilizado como dica da identificação. Ela é um inseto muito agressivo, que
pode chegar a ser canibal. O seu ciclo de vida total é por volta de 30 dias, e
cada fêmea pode ovopositar até 300 ovos.

2.1.3.3 LAGARTA-DA-ESPIGA (HELICOVERPA ZEA)


Esta espécie tem extrema importância na cultura do milho, pincipalmente
porque o adulto realiza a postura dos ovos nos pistilos (popularmente conhe-
cido como cabelo do milho), que servem de alimento para as lagartas. Após o
fechamento do ciclo, as formas jovens migram para a espiga e se alimentam
dos grãos, onde complementam a metamorfose. Repare que os danos são
muito significativos, devido ao fato de a lagarta atacar o grão. Outros danos
secundários, como diminuição na fertilização e favorecimento de podridões
nas espigas, podem ser classificados como secundários.

2.1.3.4 LAGARTA-DA-SOJA (ANTICARSIA


GEMMATALIS)
Trata-se da principal praga da soja, contudo, afeta outras culturas agríco-
las também. O adulto é uma mariposa de coloração cinza, que pode ser
encontrada em locais sombreados, na base das plantas. Os ovos têm cor
branca, e são colocados de forma isolada na face inferior das folhas. O ciclo
biológico é de, aproximadamente, 34 dias. O adulto realiza a postura dos
ovos no final da tarde.

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2.1.3.5 VAQUINHAS (DIABROTICA SPECIOSA)


É um besouro de coloração verde com manchas amarelas (ordem coleópte-
ra), cuja fêmea deposita os ovos no solo. Quando o nível populacional desse
inseto é muito alto, a fêmea faz a postura na parte inferior das folhas. As lar-
vas são cilíndricas, com cerca de 10 mm, corpo com coloração esbranquiçada,
com a cabeça de coloração marrom escura. A forma adulta tem cerca de 8 a
17 mm de comprimento, coloração cinza e pontos pretos ao longo dos élitros.
Esses insetos se alimentam de flores e folhas, enquanto as larvas se alimen-
tam das raízes.

2.1.3.6 PERCEVEJOS
Oriundos da ordem hemíptera, os percevejos são insetos importantes econo-
micamente. Eles possuem um potencial muito grande, por atarem as vagens
em leguminosas como a soja e, ao mesmo tempo, sugarem a seiva. Em algu-
mas espécies agrícolas, os percevejos podem transmitir doenças.

Percevejo-Verde (Nezara viridula, Acrosternum sp.)

Apresenta coloração verde, antenas avermelhadas, e as formas jovens,


coloração escura e ovos amarelos.

Percevejo-Marrom (Euschistos heros)

O adulto apresenta uma coloração marrom com uma meia-lua branca


e dois espinhos laterais no tórax.

Percevejo-Barriga-Verde (Dichelops sp.)

Essa espécie apresenta coloração verde e não possui espinhos laterais


no tórax.

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Para leitura, temos um interessante artigo da


Embrapa, apresentando o outro lado da entomologia
agrícola: nem todos os insetos são pragas!

RODRIGUES, F. O outro lado da entomologia


agrícola. Portal Embrapa, 2012. Disponível em:
https: //www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/
noticia/2252537/o-outro-lado-da-entomologia-
agricola. Acesso em: 4 jun. 2022.

2.2 NÍVEIS POPULACIONAIS E NÍVEIS DE DANO


O correto monitoramento pressupõe o início do processo, com a identificação
do inseto (taxonomia) e a definição da dinâmica populacional. Em seguida,
ocorrem a definição da unidade de manejo, o estabelecimento da estratégia
de controle e o monitoramento da população inseto-praga. A partir do cor-
reto monitoramento, é possível realizar a definição de importantes variáveis,
como o nível de equilíbrio, o nível de controle e o nível de dano econômico.
MOURA et al. (2022) define que o nível de dano econômico consiste no nível
populacional em que as medidas de controle devem ser tomadas, com o ob-
jetivo de evitar que o inseto praga atinja um nível de dano. Ou seja, trata-se
da menor população de inseto-praga capaz de causar prejuízos econômicos.
O manejo integrado de pragas, também chamado de MIP, tem como objeti-
vo integrar diferentes métodos de controle. Contudo, o principal objetivo da
combinação é manter as populações dos insetos pragas abaixo do nível do
dano econômico.
Cálculo do NDE:

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O valor da produção deve ser calculado na mesma


unidade do custo de controle.

Nível de controle (NC)

O nível de controle é caracterizado pela


densidade populacional em que deve ser
feito o controle do inseto praga. A viável
de controle sempre estará em função dos
seguintes fatores: insetos pragas, planta e
preço do produto.

Figura 4 – Crianças
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: duas crianças de, aproximadamente, quatro anos de idade, brincando no
campo, segurando uma lupa.

2.2.1 AMOSTRAGEM, MONITORAMENTO E


DECISÃO DO CONTROLE DE PRAGAS
O monitoramento populacional de pragas é realizado a partir do conheci-
mento da densidade populacional do inseto praga na lavoura. Para identificar
a densidade, realizam-se algumas técnicas de amostragem.

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FIGURA 5 – TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM

tipos de
amostragem

comum sequencial armadilhas

pano rede de frasco


feromônios
de batida varredura caça-moscas

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Na amostragem comum, o número de amostras é determinado anteriormen-


te, como o número de plantas por talhão a serem investigadas. Já na amos-
tragem sequencial, o número de plantas não é fixo, sendo assim, as amostras
são coletadas em sequência e comparadas com dois valores de limite: um
limite inferior, e outro, superior. Durante a amostragem, os valores são soma-
dos, e, a partir de um número mínimo de amostras, a nota obtida é compa-
rada com os limites inferior e superior. Caso a nota acumulada seja menor do
que o limite inferior, aplica-se o controle. Porém, se a nota acumulada é maior
do que o limite superior, o controle ainda não é necessário. Se a nota acumu-
lada se encontra entre os dois limites, deve-se continuar amostrado.
A amostragem dos insetos também pode ser realizada com algumas armadilhas:

Pano de batida

Deposita-se um pano com as dimensões definidas na entrelinha das


plantas; logo depois, as plantas são agitadas sobre o pano. Assim, os
insetos são contabilizados e identificados.

Rede de varredura

Trata-se de uma rede usada para varredura das extremidades das


plantas para coleta de insetos.

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Frasco caça moscas

Usado, principalmente, na amostragem de dípteras. Usam-se frascos


com solução de sacarose, melaço ou proteína hidrolisada para a
captura de moscas.

Feromônios

Substâncias produzidas por outros animais capazes de causar repostas


comportamentais nos indivíduos da mesma espécie. No interior das
armadilhas, há um feromônio sintético, para atrair e capturar insetos,
os quais são, então, contabilizados e identificados.

Nem sempre as injúrias causadas pelos insetos pragas resultam em prejuízos


econômicos, pois, em alguns casos, as plantas (hospedeiros) são capazes de
tolerar certo nível de injúrias. Contudo, não é anormal alguns profissionais con-
fundirem os leões economicamente importantes com outras insignificantes.
Caro aluno, como você verá ao longo de sua jornada, em alguns momentos,
a decisão mais sábia e economicamente vantajosa será não tomar nenhuma
atitude. Ressaltamos isso porque qualquer controle realizado pelo homem
gera custos e despesas, que podem variar de cordo com o custo de aplicação,
a mão de obra, o combustível, o agrotóxico a ser aplicado e o próprio capital
que poderia ser aplicado em outras atividades.

FIGURA 6 – ESTRATÉGIAS

Estratégias

Nada
Previnir Conter
a fazer
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: caixa com bordas arredondadas azul com texto em branco escrito:
Estratégias; Previnir; Nada a fazer; Conter.

As táticas de manejo e controle são escolhidas a partir do inseto praga e da


espécie que está sendo atacada.

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Lembre-se de que toda estratégia é equivalente a


objetivos e metas alcançáveis, aliados à finalidade
de eliminar ou minimizar os danos causados
pelos insetos pragas. É extremamente importante
que você, como profissional, baseie-se em
conhecimentos anteriores sobre a cultura agrícola
implementada e antecipe possíveis problemas a
serem enfrentados.

2.2.2 NOÇÕES DE ACAROLOGIA


A ordem Acari é representada pelos ácaros, na entomologia agrícola, devido à
sua importância tanto como praga quanto como predadores de outros artró-
podes e insetos. Os ácaros não são insetos, como popularmente é dissemina-
do. Essa classe tem algumas características, como o corpo, geralmente, oval,
subdivido em duas partes, com pouca ou nenhuma diferenciação entre essas
duas regiões corporais. É notável que alguns ácaros possuem apenas três pa-
res de pernas na sua forma jovem, e acabam adquirindo mais um par após a
primeira ecdise na fase adulta.
Os ácaros estão presentes em todos os habitats onde haja algum animal vivo,
nas mais diferentes formas. Note, caro aluno, que os ácaros são abundantes
em solos e em resíduos orgânicos, nesse último habitat, eles chegam a supe-
rar a população dos outros artrópodes. A sua influência é diversa no ecossis-
tema, podendo aturar no agroecossistema como predadores, parasitas (car-
rapatos), decompositores, filófagos, minadores ou carrapatos.
Dentre as espécies que possuem importância econômica, estão os ácaros
rajados, Tetranyuchus urticae, e os ácaros vermelhos, Tetranyuchus evansi e
Tetranyuchus marianae, sendo o ácaro rajado Tetranyuchus urticae o que
oferece maior impacto, atualmente. O ácaro rajado afeta uma série de es-
pécies vegetais, desde frutos até hortaliças como mamão, soja, uva, tomate
eucalipto, chuchu, milho e morango. Ele vive em temperatura em torno de
25°C a 28°C, clima seco e com baixa ocorrência de chuvas. É um inseto extre-
mamente prolífico, ao ponto de poder completar onze diferentes ciclos, em
apenas um cultivo da soja.

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FIGURA 7 – ÁCARO RAJADO

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: imagem microscópica de um ácaro rajado, de cor avermelhada sobre


uma planta.

Conheça outros ácaros de importância agrícola.

2.2.3 TIPOS DE DANOS E INJÚRIAS


Os ácaros alimentam-se das células das folhas e, consequentemente, as injú-
rias apresentadas nas culturas são foliares. Entre os diferentes tipos de injú-
rias, estão as seguintes.

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FIGURA 8 – PONTUAÇÕES BRANCAS NO INÍCIO DA INFESTAÇÃO DE ÁCARO RAJADO

Fonte: Miranda et al. (2015, p. 31).

#PraTodosVerem: imagem de uma folha verde-clara com manchas pontilhadas brancas.

FIGURA 9 – INJÚRIAS AVANÇADAS DE ÁCAROS EM ALGODOEIRO

Fonte: Miranda et al. (2015, p. 31).

#PraTodosVerem: imagem de uma folha verde-clara com manchas avermelhadas.

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CONCLUSÃO

Nesta unidade, objetivou-se apresentar os conceitos e os fundamentos da en-


tomologia agrícola aplicada, que consiste nos estudos dos organismos vivos
pertencentes ao filo Arthropoda, causadores de danos à agricultura. Os danos
causados por esses animais podem ser de ordem econômica, ambiental ou
relacionados à saúde. Por exemplo, se você for injuriado por carrapato, a sua
saúde estará sendo degradada, enquanto o bicudo do algodão é capaz de di-
zimar uma enorme quantidade de plantas em uma lavoura, causando danos
econômicos à agricultura.
Além desses danos, há, ainda, o dano ambiental, verificado quando ocorre a
entrada de uma espécie exótica sem que haja o controle necessário, o que
pode levar à extinção de espécies nativas do nosso ecossistema, de importân-
cia econômica ou não. Ressaltamos o fato de que a importância econômica
de uma planta pode variar durante os anos. Para confirmar esse fato, basta
fazermos uma retrospectiva do impacto do café na economia brasileira no
século XIX e atualmente. O mesmo ocorre com a soja, que, décadas atrás, era
apenas uma especiaria culinária, não é mesmo?

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Conhecer os principais


métodos de controle de
insetos pragas.
> Aprender métodos
de controle de pragas
sustentáveis.

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3 MÉTODO DE CONTROLE DE PRAGAS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O controle de insetos pragas, os quais causam perdas econômicas direta e in-
diretamente na agricultura, envolve a tentativa de reduzir a população dessas
pragas e mitigar os danos econômicos.
A prevenção da propagação e da migração de insetos pragas deveria incluir
manejos pouco invasivos, permitindo um ecossistema próximo do natural
(pouca ação humana e de agrotóxico). Contudo, a demanda para produzir
alimento para uma população mundial crescente contrapôs-se a esses prin-
cípios de sustentabilidade.
Conforme Gullan e Cranston (2017), os insetos podem tornar-se pragas por
diferentes motivos. Vejamos alguns deles.

Introdução acidental (ou intencional)

Insetos inofensivos tornam-se pragas em


áreas fora de sua distribuição natural, não
havendo inimigos naturais para controlar o
crescimento da sua população. Por exemplo,
o besouro bicudo-vermelho (Rhynchophorus
ferrugineus) pode afetar 28 gêneros de
palmáceas (coqueiro, dendê e ornamentais).
O controle dessa praga pode ser realizado
pelo besouro bicudo-negro (Rhynchophorus
palmarum) (Figura 1) (SNA, 2018).

Figura 1 – Besouros bicudos


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: Imagens de dois besouros bicudos vermelho e preto.

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Aumento dos insetos fitófagos (inofensivos)

Esse aumento é devido à alta propagação de


plantas hospedeiras por meio do cultivo. Por
exemplo, a lagarta-do-cartucho-do milho
(Spodoptera frugiperda), que também
se alimenta de gramíneas, leguminosas,
malváceas, entre outras plantas (SNA, 2018).

Figura 2 – Besouros bicudos


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: Imagens da lagarta-do-cartucho-do milho.

Insetos nativos em plantas introduzidas


(introduções acidentais em outro país)

Essa troca de hospedeiro é comum para


insetos polífagos (ampla variedade de
fontes alimentares) e oligófagos (alimentos
específicos). Por exemplo, as larvas polífagas
de lagarta das maçãs (Heliothis), que se
tornaram pragas do algodão no Brasil.

Figura 3 – Heliothis virescens


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: Imagens da lagarta-das-maçãs.

Nos anos 1950 e 1960, os métodos tradicionais de controle de pragas fo-


ram substituídos pelo uso de inseticidas, que vem se intensif icando até
os dias atuais.
O método de controle químico apresentou-se com elevada eficiência, pratici-
dade e custo inferior em relação aos outros manejos. Entretanto, os resíduos
tóxicos causam a contaminação ambiental e a intoxicação dos trabalhadores
rurais, além da resistência de pragas (mutações genéticas), doenças e plan-
tas daninhas. Assim, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) (diversos métodos)
pode ser uma boa opção para o controle de praga, buscando o equilíbrio do
ambiente produtivo e a redução dos malefícios dos agrotóxicos.

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A seleção da técnica adequada para o controle


pragas deve levar em consideração as características
do agente etiológico e sua propagação na lavoura,
além de custos economicamente viáveis.

A seguir, vejamos os principais métodos utilizados no controle de pragas.

3.1 MÉTODOS DE CONTROLE DE INSETOS


PRAGAS — PARTE I
A agricultura brasileira é gigantesca no cenário do agronegócio mundial, con-
tudo, o controle de insetos pragas está longe de ser sustentável. Vamos co-
nhecer alguns controles que não usam produtos tóxicos?

3.1.1 CONTROLE LEGISLATIVO.


Os métodos de controle legislativo são baseados em leis e portarias federais e
estaduais (MOURA et al., 2021). Vamos conhecer algumas delas.

Serviço quarentenário

Os técnicos da Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura


fazem barreiras sanitárias (exportação/importação) para impedir a
entrada (ou a saída) de vegetais atacados e de doenças, por portos,
aeroportos e fronteiras. Para tanto, pode-se utilizar algum tipo de
tratamento quarentenário quando há presença ou ausência da praga
em uma área de risco, de acordo com sua distribuição, sua importância
econômica e se é ou não uma praga controlada pela legislação
vigente. No Brasil, os tratamentos empregados na quarentena são
fumigação, tratamento a frio, tratamento a quente, irradiação entre
outras medidas obrigatórias.

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Medidas obrigatórias de controle

Medidas que obedecem à legislação vigente e apresentam


importância para algumas culturas. Por exemplo, o controle da broca-
da-raiz-do-algodoeiro, da lagarta-rosada e do bicudo-do-algodoeiro
(Figura 4), por meio da destruição da “soqueira” (restos culturais) ao
final do ciclo produtivo pelo agricultor (data predeterminada por lei).

Quarentena é realizada em um local credenciado pelo


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA).

FIGURA 4 – BICUDO-DO-ALGODOEIRO

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: Imagens do bicudo-do-algodoeiro.

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Qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais,


animais ou agentes patogênicos que possam ser
nocivos aos vegetais ou produtos vegetais são pragas
quarentenárias. Essas espécies podem ser agrupadas
na categoria A1 (pragas exóticas não presentes
no país) e A2 (pragas de importância econômica
potencial presentes no país, contudo apresentando
disseminação localizada e submetidas a programa
oficial de controle (MOURA et al., 2021).

Portanto, o método de controle legislativo leva em consideração leis, decretos, por-


tarias (federais ou estaduais) que estabelecem medidas de controle obrigatórias.

3.1.2 CONTROLE CULTURAL


As práticas de culturas têm como objetivo reduzir as populações de insetos nas
lavouras por apenas uma ou uma combinação de técnicas (GULLAN; CRANS-
TON, 2017). A diferença do ciclo da cultura (cultivo perene ou uma cultura de
ciclo curto/anual) interfere nas aplicações dessas técnicas descritas abaixo:

Rotação de culturas

Consiste em alternar, anualmente, espécies


vegetais em uma mesma área de plantação.
O planejamento dessa técnica deve
considerar se as plantas comerciais serão
cultivadas isoladamente ou em consórcio
(forrageiras, gramíneas e leguminosas,
anuais ou semiperenes). Além disso, as
plantas comerciais devem apresentar
diversidade botânica, proporcionando
a supressão do alimento e a exposição
do patógeno à competição microbiana
decorrente da rotação (REIS et al., 2011).

Figura 5 – Esquema de rotação de cultura


Fonte: Wikimedia Commons.
#PraTodosVerem: Imagens de esquema de rotação de cultura.

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Lavramento ou queima do restolho da safra

Essa técnica é usada para interromper os


ciclos de vida das pragas. O manejo dos
restos culturais está diretamente associado
ao sistema de plantio direto. Assim, a
palhada deixada sobre o solo, com o intuito
de protegê-lo, pode criar condições para a
multiplicação e a sobrevivência de pragas
que vivem no solo.

Figura 6 – Plantio direto (lavramento)


Fonte: Wikimedia Commons.
#PraTodosVerem: Imagens do plantio direto com maquinário.

Disposição e períodos adequados das


culturas

Essa medida é usada para evitar a sincronia


com as pragas. Por exemplo, a monocultura
consiste no cultivo da mesma espécie
vegetal, ciclo após ciclo, em que estão
presentes seus próprios restos culturais.
Desse modo, as doenças nessas plantas
podem ser agravadas com o aumento da
população dos patógenos.

Figura 7 – Monocultura
Fonte: Shutterstock.(2022)
#PraTodosVerem: Imagens de uma monocultura em que várias máquinas estão colhendo
milho.

Também podemos citar como técnicas:

Destruição das plantas selvagens que abrigam as pragas e/


ou cultivo de plantas não alimentícias

Para conservar os inimigos naturais.

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Uso de raízes e sementes livres de pragas

Reduzir o risco de introdução e/ou disseminação de pragas.

Policultura

Reduzir o aparecimento de plantas daninhas ou a concentração de


recursos para as pragas, aumentar a proteção das plantas suscetíveis
plantadas junto a plantas resistentes (resistência associativa) e/ou
promover os inimigos naturais.

Portanto, o controle cultural utiliza estratégias sem a aplicação de produtos


(químicos ou biológicos) para desfavorecer a incidência de pragas.

3.1.3 CONTROLE MECÂNICO E FÍSICO


O controle mecânico utiliza-se de técnicas que possibilitam a eliminação di-
reta das pragas, tais como (MOURA et al., 2019):

Apanha manual ou catação

Uma metodologia de controle que promove a coleta individual


de ovos, larvas ou ninfas e/ou insetos adultos visíveis a olho nu.
Por exemplo: controle de cochonilhas em plantas ornamentais de
interiores.

Técnica da batida

Controle de insetos em fruteiras, realizado após a colocação de panos


ou plásticos sob a copa das árvores, e sucessivas batidas no tronco para
coleta dos insetos.

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Barreiras

Dispositivos ou práticas para impedir ou dificultar o acesso do inseto à


planta. Por exemplo: sulcos ou valetas sob solo (gafanhotos e curuquerê-
dos-capinzais); cones invertidos ou plástico de saco de adubo (formigas
cortadeiras); sacaria mais resistente (produtos armazenados).

Impacto

No controle por impacto, ocorre um processo físico, no qual os grãos


são lançados contra um anteparo, com o objetivo de matar os insetos
presentes nos grãos. Os insetos expostos são removidos por aspiração
ou peneiramento (moinhos de farinha).

Uso de substâncias pós abrasivas

Objetiva a remoção da camada de cera da


cutícula dos insetos, promovendo dessecação e morte (sílica gel,
magnésia calcinada e argilas).

O controle físico utiliza métodos físicos para controlar a população de insetos.


Vamos conhecer alguns deles (MOURA et al., 2021):

•  Fogo: tem uso restrito no controle de pragas, sendo empregado em casos


em que o controle químico for inviável economicamente ou como auxiliar
de outros métodos. Exemplos: controlar nuvens de gafanhotos, cochonilhas
em pastagens e em cana-de-açúcar, broca, lagarta-rosada e bicudo em
algodoeiro, por meio da queima de restos de culturas e destruição de ramos
de plantas atacados por coleobrocas.

Para obter mais informação leia a respeito dos


coleópteros broqueadores de madeira em
ambiente natural de Mata Atlântica e em plantio
de eucalipto. Você pode acessar o material,
clicando aqui.

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•  Drenagem: utilizada em casos específicos, como em pântanos, para controlar


gorgulhos-aquáticos em cultura de arroz irrigado.

•  Inundação: controle físico para controlar pragas em arroz, como o pão-de-


galinha.

•  Temperatura: alta (mais de 50°C) ou baixa (menos de 5°C), para matar ou


paralisar as atividades de algumas pragas. É um método muito empregado
para controle de pragas de produtos armazenados. Por exemplo: processo
de secagem de grãos (controle de fungos) e radiações eletromagnéticas
(ultravioleta, infravermelho e ultrassom).

Para obter mais informação sobre pragas de


produtos armazenados, clique aqui.

O controle mecânico e físico deve ser adotado conforme as características etio-


lógicas da praga, viabilidade, e não usam substâncias químicas ou biológicas.

3.2 MÉTODOS DE CONTROLE DE INSETOS


PRAGAS — PARTE II
Existem métodos que usam as próprias particularidades e componentes fi-
siológicos do inseto para seu controle.

3.2.1 CONTROLE POR COMPORTAMENTO E


ALTERNATIVO
O controle por comportamento é baseado nos estudos de fisiologia dos in-
setos, e usa processos que modificam o comportamento da praga de forma
a reduzir sua população e seus danos econômicos (plantas repelentes, iscas
e armadilhas com feromônios entre outras) (MOURA, 2019). Essas estratégias
são sustentáveis, não promovendo riscos de intoxicação aos produtores, não
contêm resíduos tóxicos e evitam desequilíbrios ecológicos (feromônios sexu-
ais são específicos).

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Os feromônios podem ser usados de algumas formas. Vejamos algumas de-


las (GOULART et al.,2015).

Monitoramento

Utiliza-se armadilhas com feromônio sexual para detectar a presença


ou a ausência de uma espécie, com o objetivo de determinar a época
de aplicação de medidas de controle da praga.

Coleta massal

O feromônio é usado em sistemas de armadilhas para capturar


um número significativo de insetos, reduzindo a população
a níveis economicamente aceitáveis. Um exemplo é o uso do
Rincoforol, feromônio de agregação da broca do olho do coqueiro
(Rhynchophorus palmarum), que usa armadilhas contendo o
feromônio e pedaços de cana de açúcar, atraindo ambos os sexos.

Atrai e mata

O feromônio é empregado juntamente a um inseticida. Nesse caso,


a aplicação localizada impede que o inseticida atinja o ambiente e o
produto a ser colhido. Pode ser utilizado, por exemplo, no controle de
pragas de macieira (Bonagota salubricola e Grapholita molesta).

Confusão sexual

Promove-se falhas e barreiras para o acasalamento, por meio da


liberação de uma alta quantidade de feromônio sintético na área a ser
controlada, reduzindo o acasalamento. Como exemplo, pode ser citado
o controle de praga de cerais (Plodia interpunctella).

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Push-pul

Consiste no uso de semioquímicos para controle de pragas e manejo


de comportamento de insetos pragas e inimigos. Essa metodologia
está em desenvolvimento e depende de maior esclarecimento
da interação entre os insetos pragas, inimigos naturais e entre
outros fatores. Pode ser utilizado, por exemplo, no controle por
semioquímicos da Sitona lineatus, praga polífaga.

O controle alternativo pode ser realizado pelas seguintes maneiras(MOURA


et al., 2021).

Método de resistência de plantas

Uso de plantas que, devido a suas características genéticas, sofrem


menor dano por pragas; permitem a manutenção da praga em níveis
inferiores ao nível de dano econômico e ao ambiente e sem custos
adicionais ao agricultor. A resistência das plantas pode ser em razão
da seleção natural da resistência ou da engenharia genética no
desenvolvimento de variedades resistentes.

Método genético

Consiste no controle de pragas por meio da manipulação de seu


genoma ou de mecanismos de herança, visando reduzir o potencial
reprodutivo. Por exemplo, uso de machos estéreis por agentes
esterilizantes como radiações ionizantes (raios-X) e substâncias
químicas (ovos inviáveis). Um exemplo é o controle da moscas-das-
frutas (Ceratitis capitata) (Figura 7).

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FIGURA 8 – MOSCAS-DAS-FRUTAS (CERATITIS CAPITATA MEDITERRANEAN FRUIT FLY)

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: Imagens praga curuquerê-dos-capinzais.

O controle comportamental e alternativo são estratégias de MIP sustentáveis.

Para obter mais informação sobre a produção de


plantas transgênicas resistentes a insetos pragas,
clique aqui.

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3.2.2 CONTROLE BIOLÓGICO


O controle biológico pode ser aplicado no MIP ou sozinho, com o objetivo de
diminuir as populações de insetos pragas, usando insetos benéficos, parasitoi-
des, predadores ou patógenos, destes. É relativamente recente no país, quan-
do comparado a outros países (MOURA et al., 2021). Como exemplo de suces-
so de controle biológico clássico, destacamos a importação de Neodusmetia
sangwani para controle de Antonina graminis (cochonilha-dos-capins). Essa
praga causa grandes prejuízos em diversas espécies de gramíneas, podendo
provocar seca nas pastagens infectadas sem tratamento. O Ageniaspis citri-
cola é o controle biológico para controlar o minador-dos-citros (Phyllocnistis
citrella) (Figura 8). O controle biológico da broca-da-cana (Diatraea saccha-
ralis), com a introdução da espécie Cotesia flavipes, teve o maior impacto na
agricultura brasileira.

FIGURA 9 – MINADOR-DOS-CITROS ADULTA (PHYLLOCNISTIS CITRELLA)

Fonte: Wikimedia Commons.

#PraTodosVerem: Foto da praga curuquerê-dos-capinzais.

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Para obter mais informação sobre controle biológico


de pragas, leia O material indicado, “Evolução do
controle biológico de insetos e pragas no setor
canavieiro: uma análise na perspectiva econômica”,
clique aqui.

Sem dúvidas, o controle por bioinseticidas pode ser explorado na agricultura


brasileira, trazendo ganhos na sustentabilidade ambiental, na segurança ali-
mentar e para saúde dos trabalhadores do campo.

3.2.3 CONTROLE QUÍMICO


O método químico consiste na aplicação de inseticidas (direta ou indireta-
mente) em insetos pragas, principalmente, em grandes áreas de monocultivo.
Os inseticidas são compostos químicos ou biológicos que, em doses adequa-
das, promovem a morte da praga, devido à sua toxidade. Existe normatização
específica quanto ao uso desses produtos. Segundo a legislação brasileira, os
inseticidas podem ser classificados quanto à toxicidade como: altamente tó-
xicos, mediamente tóxicos, pouco tóxicos e praticamente não tóxicos (MOU-
RA, et al. 2021).
Contudo, o uso de agrotóxicos no Brasil constitui um problema de saúde pú-
blica, uma vez que contamina o solo, a água, o alimento e os aplicadores. Tal
prática é agravada pelo fato de a legislação brasileira não prever revisão pe-
riódica do registro dos agrotóxicos e,, também, de aceitar o uso de produtos
proibidos em outros países. Por exemplo, entre 2007 e 2011, segundo dados do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), houve um cresci-
mento de 67,4% de novos casos de acidentes de trabalho não fatais devido ao
uso de agrotóxicos, e o coeficiente de intoxicações ampliou em 126,8%, princi-
palmente, entre as mulheres (178%) (SNA, 2018).

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Para obter mais informação sobre os malefícios dos


agrotóxicos, leia O material indicado, “Desafios e
avanços no controle de resíduos de agrotóxicos no
Brasil: 15 anos do programa de análise de resíduos
de agrotóxicos em alimentos”, em Cadernos de
Saúde Pública, v. 37, n. 2, 2021. Acesse o material,
clicando aqui.

Portanto, o ponto crítico na escolha do método de controle de praga está as-


sociado à aplicação correta do manejo, levando em consideração os aspectos
econômicos (técnicas economicamente viáveis aos produtores), os aspectos
relacionados à conservação ambiental (MIP, segurança alimentar e ambien-
tal) e considerar as características do agente etiológico (evitando o desequilí-
brio ecológico ao ambiente).

CONCLUSÃO

Esta unidade teve como objetivo de conhecer os principais métodos de con-


trole de insetos pragas e aprender os métodos de controle de pragas susten-
táveis. Desse modo, os insetos pragas que causam prejuízos à agricultura po-
dem ser conhecidos e combatidas, tanto diretamente como indiretamente.
Os insetos podem tornar-se pragas por diferentes motivos, como a introdu-
ção acidental (aumento dos insetos fitófagos, insetos nativos em plantas in-
troduzidas); para evitar danos econômicos. A prevenção da propagação e da
migração deles deveria incluir manejos pouco invasivos, que permitam um
ecossistema próximo do natural (pouca ação humana e de agrotóxico). Con-
tudo, a demanda para produzir alimento para uma população mundial cres-
cente contrapôs-se a esses princípios de sustentabilidade. Assim, o Manejo
Integrado de Pragas (MIP) que engloba diversos métodos, pode ser uma boa
opção para o controle de praga, buscando o equilíbrio do ambiente produtivo
e reduzir os malefícios dos agrotóxicos.

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A Parte I desse estudo apresentou os métodos de controle de insetos-pragas,


abrangendo o controle legislativo, o controle cultural, o controle mecânico e o
controle físico; já a Parte II do estudo inclui o controle por comportamento e
alternativo, o controle biológico e o controle químico.
Os métodos de controle legislativo são baseados em leis e portarias federais e
estaduais (serviço quarentenário e medidas obrigatórias de controle). As prá-
ticas de culturas envolvem técnicas tais como: rotação de culturas, queima do
restolho da safra, disposição e períodos adequados das culturas, destruição
das plantas selvagens que abrigam as pragas e/ou cultivo de plantas não ali-
mentícias, uso de raízes e sementes livres de pragas e policultura.
O controle mecânico e físico utiliza técnicas ou métodos físicos que possibili-
tam a eliminação direta das pragas.
O controle por comportamento é baseado nos estudos de fisiologia dos in-
setos, e usa processos que modificam o comportamento da praga, de forma
a reduzir sua população e seus danos econômicos. Esse tipo de controle não
oferece riscos de intoxicação para os produtores nem resíduos tóxicos, evitan-
do desequilíbrios ecológicos.
Outras alternativas para o controle de pragas dizem respeito às plantas resis-
tentes a pragas, decorrentes da seleção natural da resistência, da engenharia
genética ou de métodos genéticos. O controle biológico tem como objetivo
diminuir as populações de insetos pragas, utilizando insetos benéficos, para-
sitoides, predadores ou patógenos destes insetos pragas.
O método químico consiste na aplicação de inseticidas (direta ou indiretamen-
te) em insetos pragas, sendo o método de controle mais utilizado no Brasil.
Como foi possível perceber, o ponto crítico na escolha do método de controle
de praga está associado à aplicação correta do manejo, levando em consi-
deração os aspectos econômicos e os aspectos relacionados à conservação
ambiental, considerando as características do agente etiológico.

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UNIDADE 4

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Apreender o significado


de receituário;
> Compreender as ações
dos insetos vetores de
patógenos.

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4 TOXICOLOGIA DE INSETICIDAS E
RECEITUÁRIO AGRÔNOMICO

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Na presente unidade, você aprenderá sobre a importância do receituário
agronômico instituído obrigatoriamente na venda e prescrição de agrotóxi-
cos no país. Os inseticidas estão inclusos. Esse documento é necessário para
prescrição dos defensivos devido aos potenciais riscos que os agrotóxicos po-
dem trazer ao ser humano e ao meio ambiente. Em seguida, você aprenderá
sobre a tecnologia de aplicação e seus pontos importantes e a resistência dos
insetos aos inseticidas. Por fim, veremos sobre alguns insetos, principalmente
do grupo (ordem) hemíptera, são os principais vetores de vírus e como eles
atuam na transmissão deles.

4.1 RECEITUÁRIO AGRÔNOMICO


Os defensivos agrícolas são substâncias químicas que demandam procedi-
mentos específicos para o uso correto e seguro. Veremos a ideia concretizada
pela Lei n. 7802/89 e pelo Decreto n. 4074/02. Ambos são instrumentos de re-
gulação dos processos e procedimentos em que defensivos agrícolas atuam.
No Art. 13 da Lei n. 7.802/89 apresenta o seguinte instrumento:

A venda de agrotóxicos e afins aos usuários será feita através de


receituário próprio prescrito por profissionais legalmente habilitados,
salvo vasos excepcionais que forem previstos na regulamentação desta
lei. (BRASIL, 1989).
Como explica moura et al. (2021), o receituário surge como um instrumento
de regulação dos agrotóxicos no processo de comercialização, pois um deter-
minado agrotóxico, em regra, só pode ser comercializado com um receituário.
Os defensivos agrícolas são produtos químicos, que, potencialmente, repre-
sentam risco ao meio ambiente e à saúde quando não usados corretamente.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

O que é esse receituário?

O receituário agronômico nada mais é que uma prescrição, uma


receita expedida por um responsável técnico legalmente habilitado.

Comercialização

A comercialização (compra/venda/troca) só poderá ser realizada


mediante a sua apresentação. Cada receituário deve ser expedido
no mínimo em duas vias, uma ficará com o usuário; e outra, com o
estabelecimento comercial.

O estabelecimento comercial deve ficar com os


receituários por, no mínimo, dois anos.

O Decreto n. 4.074/02 estabelece as informações necessárias no receituário


agronômico, além de estabelecer que os produtos a serem prescritos deve-
rão estar de acordo com as recomendações aprovadas na bula e no rótulo
do produto. Ou seja, as informações, em ambos os instrumentos, devem ser
compatíveis.

FIGURA 1 – BULA/RÓTULO E RECEITUÁRIO AGRÍCOLA

Bula/rótulo Receituário

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração composta por uma seta apontada
para a direita, com o texto bula/rótulo; e outra seta voltada para a esquerda, escrito
receituário.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

O receituário agronômico deve ter as seguintes informações: nome do usu-


ário, da propriedade e sua localização; diagnóstico; recomendação técnica;
recomendação, para que o usuário leia atentamente o rótulo e a bula do pro-
duto; data, nome, CPF e assinatura do profissional; e o número de registro do
profissional no órgão fiscalização do exercício profissional.
Os itens anteriores são as informações gerais que devem constar no receituá-
rio agronômico expedido por um profissional, contudo, o item recomendação
técnica deve ser explorado de forma mais aprofundada.

As seguintes informações devem estar na


recomendação técnicas:

•  nome do produto comercial e seus equivalentes;


•  cultura e área onde estão aplicados;

•  doses de aplicação e quantidades totais a serem


adquiridas;

•  modalidade de aplicação, com anotação de


instruções específicas, quando necessário;

•  época de aplicação;

•  intervalo de segurança;

•  orientações quanto ao manejo integrado de


pragas e resistência;

•  precauções de uso;

•  orientação quanto à obrigatória utilização de


Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

4.1.1 CLASSIFICAÇÃO DE INSETICIDAS


Os inseticidas são os defensivos agrícolas usados no controle químico de in-
setos-praga nas suas diversas fases de vida. A sua aplicação é realizada du-
rante todo o ciclo das culturas, com o objetivo de provocar a mortalidade de
insetos. Por perspectiva toxicológica, os inseticidas podem ser menos ou mais
tóxicos ao homem. Existe uma classificação criada pela Agência Nacional de

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Vigilância Sanitária (Anvisa), com o objetivo de orientar os consumidores dos


cuidados necessários no manuseio e na aplicação dos produtos. A classifica-
ção toxicológica é definida por três critérios estabelecidos pela resolução da
diretoria colegiada Anvisa n. 294, de 29 de julho de 2019.

FIGURA 2 – SELO DA ANVISA

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração da logo da Anvisa.

FIGURA 3 – COMPONENTES DE DEFINIÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA

Avaliação Avaliação Classificação


do risco toxicológica toxicológica

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração em retângulos, com os dizeres:


avaliação do risco, avaliação toxicológica e classificação toxicológica.

Classificação toxicológica

A classificação toxicológica é um critério responsável pelo


enquadramento dos inseticidas em diferentes categorias de perigo,
cada um de acordo com o desfecho toxicológico avaliado.

Avaliação de risco

Quanto ao critério avaliação de risco, realiza-se a análise sistematizada


da probabilidade de aparecimento de efeitos adversos, resultantes da
exposição humana aos inseticidas.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Avaliação toxicológica

Já na avaliação toxicológica, há análise de dados toxicológicos de


agrotóxicos, seus componentes, com o objetivo de classificá-los em
categorias.

Na análise sistematizada, são realizadas a


identificação do perigo, avaliação dose-resposta,
avaliação da exposição e caracterização do risco.

Atualmente, os defensivos agrícolas estão seguindo a classificação abaixo,


cuja numeração começa em um até cinco ou como não classificação. Esses
são os critérios mais atuais adotados pela Resolução DC/Anvisa n. 294/2019.
Nessa classificação, a definição é realizada em função da categoria mais res-
tritiva observada nos estudos de toxidade aguda.

QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS SEGUNDO A TOXIDADE

I Categoria 1: Produto Extremamente Tóxico faixa vermelha;

II Categoria 2: Produto Altamente Tóxico faixa vermelha;

III Categoria 3: Produto Moderadamente Tóxico faixa amarela;

IV Categoria 4: Produto Pouco Tóxico faixa azul;

Categoria 5: Produto Improvável de Causar faixa azul; e


V
Dano Agudo

Não Classificado Produto Não Classificado,


VI
faixa verde.

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Os produtos com baixa periculosidade podem ser dispensados da exigência


de receituário de acordo com os critérios dos órgãos fiscalizadores. Tal dispensa
ficará no rótulo e na bula do produto, aliada às eventuais recomendações ne-
cessárias para o seu uso. O parâmetro mais comum e importante é a Dose Letal

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50 (DL50), geralmente estudada em animais de laboratório. A mais utilizada é


a intoxicação aguda oral, quando a exposição se dá por uma única dose e pela
boca. Ainda existem a exposição aguda dérmica (pele) ou inalatória. A classifi-
cação apresentada foi realizada com base na toxicidade aguda, definida por
parâmetros como DL50 oral, DL50 cutâneo (TRIPLEHORN ; JOHNSON, 2016).

DL50: trata-se da DL por absorção oral e cutânea,


ou seja, trata-se da dose responsável pela morte
de 50% dos animais nos ensaios de toxidade
aguda. A Concentração Letal 50 (CL50) indica a
concentração responsável pela morte de 50% dos
animais por inalação.

Que tal aprender um pouco mais sobre os conceitos


básicos de toxicologia!? Neste texto da Cetesb, você
aprofundará os seus conhecimentos. Clique aqui
para acessá-lo.

Os inseticidas também podem ser classificados de acordo com a forma de


penetração no inseto; ou de acordo com a forma de translocação na planta
e na origem. Os inseticidas podem penetrar o inseto por meio do seu tegu-
mento (contato) ou por meio dos espiráculos (fumigação), ou ainda via absor-
ção oral (ingestão).
O que é translocação nas plantas? Em botânica, refere-se ao movimento de
minerais e outros compostos químicos no interior da  planta. Ocorrem dois
processos básicos.

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FIGURA 4 – CÉLULA VEGETAL

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração de um esquema com as diferentes


componentes de uma célula vegetal.

Já quanto à forma de translocação na planta, os inseticidas são sistêmicos,


ou seja, são translocados no sistema vascular (principalmente no xilema). O
efeito em profundidade também é uma forma de translocação na planta.
Trata-se de uma ação translaminar, sendo translocados por meio dos espa-
ços intercelulares. Ou seja, eles atingem os insetos no interior das folhas. Os
inseticidas também podem ter origem inorgânica, como fosfeto de alumínio
(Al) e enxofre (S), ou microbiano como organismos enteropatogênicos; ou até
origem orgânicas, que podem ser naturais (S) ou sintéticos (piretroides e ne-
onicotinoides) (GULLAN; CRANSTON, 2017).

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4.1.2 TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE


AGROTÓXICOS
Os inseticidas podem ser usados por pulverização ou por aplicação. A aplica-
ção é a deposição de gotas sobre um alvo desejado, de forma que o tama-
nho e a densidade sejam adequados ao objetivo proposto. Já a pulverização
consiste em processo físico-mecânico de transformação de uma substância
líquida em partículas ou gotas. A tecnologia de aplicação é composta por al-
gumas tomadas de decisões, como a escolha de bicos e a redução da deriva.
A aplicação de defensivos agrícolas sempre deve ser na quantidade necessá-
ria (calculada) e economicamente viável.

FIGURA 5 – EXEMPLO DE MAQUINÁRIO AGRÍCOLA

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um trator agropecuário verde.

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O que é pulverização?

Trata-se da transformação de uma


substância líquida em gotas, a aplicação é
a simples deposição dessas gotas sobre o
alvo. Para que esses processos ocorram de
maneira adequada, as gotas precisam estar
no tamanho e na densidade compatíveis.

Figura 6 – Pulverização a trator


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um trator realizando a pulverização.

Regulagem x calibração

A regulagem significa ajustar os


componentes das máquinas em função da
cultura-alvo; e ajustar os produtos a serem
utilizados. Já a calibragem consiste em
verificar qual será o volume

Figura 7 – Técnico agropecuário


Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um técnico agropecuário ao lado de um
trator preparando uma calda.

A qualidade da aplicação de defensivos agrícola é influenciada pela capacida-


de do equipamento usado em gerar e depositas gotas no alvo; pela superfície
de depósito do produto; e pelas condições ambientais, como temperatura,
umidade, ventos e correntes de convecção. Todos esses parâmetros determi-
nam a qualidade de aplicação. Entre os principais fatores influenciadores, es-
tão as gotas; os bicos; o próprio produto; a planta-alvo; o clima; o pulverizador;
a segurança; e a aplicação.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

O que é deriva? O deslocamento da calda do produto


(defensivo agrícola) para fora do alvo (lavoura).
A deriva pode ocorrer devido à volatilização do
produto químico, devido ao escorrimento ou pela
ação do vento. Neste artigo da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), você poderá
aprofundar os seus conhecimentos sobre a deriva.
Acesse o link, clicando aqui.

O parâmetro mais importante, na aplicação de agrotóxicos, é o tamanho das


gotas, pois as gotas produzidas por um tipo de bico são classificadas em:

QUADRO 2 – ESPECTRO DE GOTAS

Classe das gotas de pulverização Símbolo Classe

Muito finas MF Vermelha

Fina F Laranja

Média M Amarela

Grossa G Azul

Muito grosas MG Verde

Extremamente grossa EB Branca

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

O tamanho da gota é responsável por condicionar o espectro de cobertura e


a capacidade de penetração do produto na lavoura. As muito finas e as finas
apresentam maior cobertura do alvo, porém elas têm a tendência de serem
levedas facilmente pelo vento. Em contrapartida, as gotas grossas resultam
uma pulverização com menor potencial de deriva, ao mesmo tempo em que
apresentam menor penetração e cobertura.
O principal componente no sistema de aplicação de inseticidas consiste na
escolha certa da ponta ou do bico de pulverização. Tanto a ponta quanto a
pressão de trabalho determinam o tipo de gota a ser produzido. Consequen-
temente, a escolha desse equipamento também determina a uniformidade
de aplicação, a cobertura do produto, o volume de calda e/ou o potencial de
risco de deriva, além da taxa de aplicação.

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PULVERIZADORES
Os pulverizadores são equipamentos responsáveis por bombear a calda de
pulverização diluída em água e forçam a passagem da calda em pequenos
orifícios (bicos de pressão). Quando a calda passa pelos bicos de pressão, ela
é fragmentada em pequenas gotas; e, logo, é destruída sobre a superfície de
aplicação. Os pulverizadores podem ser do tipo costal: um pequeno tanque
entre 10 e 20 l carregado pelo operador por alçar na mochila. O acionamen-
to pode ser elétrico, manual ou motorizado. Outro modelo de pulverizado é
o pulverizador tratorizado. Esse é um equipamento acoplado ao trator com
reservatório maiores, entre 400 e 500 litros, sendo o sistema de acionamento
acoplado à tomada de potência do trator. Podem contar com barra pulveri-
zadora (que contém os bicos) ou com mangueira e pistola pulverizadora. O
pulverizador do tipo autopropelido é uma máquina agrícola especializa e não
precisa de trator para o seu acionamento.
A seguir, veja alguns exemplos de pulverizadores.

FIGURA 8 – PULVERIZADOR COSTAL

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um pulverizador costal verde com a


marca KASS.

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FIGURA 9 – PULVERIZADOR SUSPENDIDO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um pulverizador suspendido.

FIGURA 10 – PULVERIZADOR TRATORIZADO

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um pulverizador tratorizado operando em


uma lavoura.

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Que tal aprender um pouco mais sobre um novo


tipo de pulverizador que chegará ao mercado?
Leia o artigo “Cientistas desenvolvem o primeiro
pulverizador eletrostático que pode ser levado nas
costas” da Embrapa. Para acessá-lo, clique aqui.

BICOS DE PULVERIZAÇÃO
Em regra, os pulverizadores têm como componentes básicos um reservatório,
um sistema de bombeamento e os bicos. O reservatório é lugar onde a cal-
da é preparada e armazenada, já o sistema de bombeamento irá fornecer a
pressão para o funcionamento dos bicos hidráulicos e por fim os bicos fazem
o fracionamento da calda em pequenas gotas e a distribuição dela. O bico de
pulverização é o componente mais importante, pelo fato de realizar a frag-
mentação do jato em gotículas e a sua distribuição.
Os bicos são subdivididos em:

FIGURA 11 – COMPONENTES DOS BICOS

Corpo Ponta Peneira Filtro

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de quatro retângulos com as palavras


corpo, ponto, peneira e filtro respectivamente.

As pontas definem a qualidade de cobertura e a distribuição das gotas, jun-


tamente com a pressão de trabalho, a escolha dessas controla a vazão e o
tamanho das gotas.

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O tamanho das gotas pode ser expresso por diversos


parâmetros, sendo os mais comuns o Diâmetro
Mediano Volumétrico (DMV) – diâmetro que divide
metade do volume das gotas acima e abaixo – e o
Diâmetro Mediano Numérico (DMN) – diâmetro
que divide metade do número de gotas abaixo e
metade acima.

A cobertura de aplicação pode ser verificada pelo uso de papéis indicadores.


Estes sofrem alteração da cor quando as gotas caem. O tipo de produto apli-
cado mudará com necessidade de coberturas. Por exemplo, um inseticida
sistêmico precisa de gotas médias e grosas, mas um inseticida de conta de-
manda gotas finas e médias.

4.1.3 RESISTÊNCIA DE PLANTAS A INSETOS


A pressão de seleção contínua é umas das principais causas do desenvolvi-
mento de resistência a inseticidas. Mas o que isso significa? Simples, os inse-
tos desenvolvem a habilidade em tolerar a exposição a doses do ingredien-
te ativo. Teoricamente, as doses desse ingrediente ativo seriam letais para a
população de insetos, contudo, o surgimento de insetos resistentes é conse-
quência da aplicação frequente e em doses altas de misturar indevidas de
inseticidas. O surgimento da resistência a certos inseticidas provém pincipal-
mente da pressão de seleção contínua sobre as populações de pragas, de
modo que os indivíduos mais resistentes vão sendo selecionados ao longo do
tempo (MOURA; SANTOS, 2019). Os principais mecanismos de resistência a
inseticidas consistem na redução na sensibilidade do sítio de ação, na desin-
toxicação metabólica e na redução da penetração cuticular.
A redução da penetração cuticular leva à menor penetração do ingrediente
ativo no organismo, o que pode corroer para as diversas classes de inseticidas.
Uma maneira de reduzir esse mecanismo é por meio do uso de espelhantes
adesivos. O segundo mecanismo de resistência, chamado de desintoxicação
metabólica, ocorre quando os indivíduos resistentes não conseguem degra-
dar as moléculas do inseticida. Quanto à redução na sensibilidade do sítio de
ação, esses não sofrem alteração na sua conformação, o que os torna menos
sensíveis a determinado inseticida.

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Quando um inseto se torna resistente a um inseticida, há um custo de adap-


tação para esses indivíduos resistentes. Isso pois, no início, os alelos resistentes
têm baixa frequência populacional. Em contrapartida, os indivíduos resisten-
tes são menos aptos que os indivíduos suscetíveis, fato que permite o restabe-
lecimento da suscetibilidade da população quando o inseticida não é usado
por um tempo.

FIGURA 12 – PLANTAS MODIFICADAS EM LABORATÓRIO

Fonte: Plataforma Deduca (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma pessoa com luva de látex azul
utilizando uma pinça para colocar em uma placa de petri um pedaço de trigo.

Como manejar?
Existem três maneiras de realizar o manejo de resistência em uma população.
São elas:

Manejo por moderação

Essa estratégia tem como objetivo manter uma proporção mais alta
de insetos suscetíveis na população por meio de aplicações menos
frequentes, por controle de reboleiras e com manutenção de áreas não
tratadas de refúgio.

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Manejo por saturação

Consiste na utilização de doses mais altas ou na busca em reduzir/


eliminar os mecanismos de resistência do inseto.

Manejo por ataque múltiplo

O uso de dois ou mais produtos dotados de diferentes modos de ação


em rotação ou em mistura.

Quer aprender sobre como manejar a resistência


a inseticidas e plantas desenvolvidas por meio
da biotecnologia (Bt)? Leia o texto “Manejo da
resistência a inseticidas e plantas”. Para acessá-lo,
clique aqui.

4.2 INSETOS VETORES DE PATÓGENOS DE


PLANTAS
Os insetos são os vetores mais importantes de vírus. O aparelho bucal deles
facilita o processo de aquisição e inoculação de vírus, aliado ao fato de um
inseto possuir alta capacidade de locomoção e conseguir gerar muitos indiví-
duos em um curto espaço de tempo.

4.2.1 PRINCIPAIS VETORES DE VÍRUS DE


PLANTA
Especialmente o aparelho bucal do tipo picador sugador facilita o processo
de inoculação de vírus direto nos tecidos. As principais ordens de insetos ve-
tores de vírus são: hemíptera, coleóptera e thysanoptera. Para você ter uma
noção, 70% dos vírus dependem de insetos vetores; e cerca de 90% dos inse-
tos vetores de vírus são provenientes dessas três ordens. Os principais inse-
tos vetores: ácaros Brevipalpus phoenecis; cigarrinha Mahanarva fimbriolata
(Deois sach. D. flavopicta, Zulia entreriana); pulgão (afídeo) (Myzus persicae

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

e Aphis gossypii); besouro (Diabrotica speciosa); cochonilha farinhenta (Pseu-


dococcus longispinus); cochonilhas farinhentas (Pseudococcus viburni); mos-
ca-branca (Bemisia tabaci); e tripes (Thysanoptera).

4.2.2 TRANSMISSÃO DO PATÓGENO


Os vírus são nucleoproteínas com ação patogênica a nível celular. Eles se mul-
tiplicam exclusivamente no interior das células vivas e precisam do aparato
enzimático da planta hospedeira para produzirem cópias de si. São constituí-
dos por uma molécula de DNA ou RNA, envolvida por uma capa proteica.

O que são fito vírus?

Aqueles que penetram nas plantas são chamados de fito vírus.

Penetração do vírus

A penetração do vírus nas plantas ocorre por meio de ferimentos


mecânicos ou ferimentos realizados por insetos vetores.

A transmissão de vírus por insetos-praga consiste em uma das formas mais co-
mum e economicamente importante na disseminação das viroses em plantas.
Os insetos sugadores (ordem hemíptera), como cigarrinhas, pulgões, mosca-
-branca e tripes, são os mais frequentes. Os vírus são parasitas sistêmicos, po-
dendo ser transcolados na planta tanto pelo sistema vascular (xilema e floema)
quanto pela célula, por meio dos plasmodesmos. Os sintomas mais comuns das
infecções virais são em geral caracterizados por clorose e crescimento reduzido.
Em algumas situações comportamentais dos insetos, os insetos-vetores podem
não “gostar” de determinada planta e assim migrar após a pica de prova para
outra. Assim, o comportamento poderá influenciar a transmissão dos patóge-
nos (vírus), pois ele pode se alimentar e migrar algumas horas ou pode continu-
ar o comportamento de “picada de prova” até achar uma planta. A transmissão
pode ser dividida em diferentes períodos: por aquisição, trata-se do tempo em
que o vetor demora para adquirir o vírus; por latência, que é o tempo que o ve-
tor demora para transmitir o vírus depois da sua aquisição; ou por persistência,
consiste no tempo que o vetor permanece ligulífero após a aquisição.

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4.2.3 DOENÇAS CAUSADAS PELOS PATÓGENOS


O controle dos vírus deve ser grande parte preventivo, ao prevenir, impedir
ou retardar ao máximo a entrada do patógeno. Não existem produtos para
aplicação na agricultura que combatam as infecções virais, ou seja, não exis-
tem medidas curativas para aplicação na lavoura, por isso, a importância em
controlar efetivamente os insetos transmissores. São eles: afídeos (Myzus
persicae e Myzus persicae); mosaico do mamoeiro ou mancha anelar (Pa-
paya Ringspot Virus (PRSV-P)); Passion fruit Woodiness Virus (PWV) ; vira-ca-
beça do tomateiro; vermelhão (Cotton Anthocyanosis Virus (CAV)); mosaico
(Sugarcane Mosaic Virus (SCMV)); pulgão preto (Toxoptera citricidus); Citrus
Tristeza Virus (CTV); e pulgão-da-cenoura, transmissor do vírus do amarelão
ou vermelhão da cenorua. A tripes (Frankniella schultzei) é transmissora pe-
los vírus do Tomato Spotted Wilt Virus (TSWV); Tomato Chlorotic Spot Virus
(TCSV) e Groundnut Ringspot Virus (GRSV). Já a Bemisia Tabaci (B. Argenti-
folii); mosaico dourado do tomateiro – geminivírus –; mosaico comum (Abu-
tilon Mosaic Virus (AbMV)); mosca-branca (Bemisia tabaci), transmissora da
família dos gemnivírus (mosaicos); ácaros (Brevipalpus phoenecis), transmi-
tem o vírus da leprose dos citros, o vírus da mancha anelar do café e o vírus
da pinta verde maracujá.

CONCLUSÃO

Esta unidade objetivou apresentar os conceitos e fundamentos da toxicologia


e do receituário agronômico. O receituário agronômico é um instrumento de
controle e monitoramento do uso de defensivos agrícolas. Você pode ver que
esses produtos podem ser tóxicos ao meio ambiente e ao ser humano, por
isso a importância da classificação toxicológica. Ela funciona como um valioso
instrumento de regulação dos possíveis maus usos do produto e como forma
de evitar o desperdício e a subutilização.
O seu controle é rígido e essencial. Os insetos também podem ser transmis-
sores de vários patógenos, além de eles mesmo trazerem prejuízos à planta e,
como consequência, ao ser humano.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Conhecer os métodos


de Manejo Integrado de
Pragas (MIP);
> Aprender sobre as pragas
encontradas em produtos
armazenados.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

5 MANEJO INTEGRADO DEPRAGAS


E ARMAZENAMENTO

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará uma reflexão sobre Manejo Integrado de Pragas (MIP),
com o intuito de apresentar métodos de MIP, bem como conhecer as pragas
encontradas em produtos armazenados. Nesse sentido, os insetos-praga são
animais que afetam de forma negativa a produção das culturas, diminuindo
sua qualidade, depreciando o produto e diminuindo ou dizimando de planta-
ções inteiras (MOURA, 2019).
Uma vez identificada a infestação de insetos-praga, na lavoura, são neces-
sários o planejamento e a aplicação de práticas de controle que reduzam os
danos econômicos (densas populações de insetos) (TRIPLEHORN; JOHNSON,
2016), de forma sustentável, sendo o MIP um caminho para o controle das
pragas, mantendo o equilíbrio do ecossistema.
O MIP leva em consideração aspectos econômicos, ecológicos e sociológicos.
Desse modo, esta unidade proporcionará uma reflexão sobre um conjunto de
técnicas de controle que visam a preservar os fatores naturais de equilíbrio
dos insetos. Este conteúdo está organizado em dois tópicos: Manejo Integra-
do de Pragas (MIP) e Pragas dos produtos armazenados.

5.1 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS (MIP)


O MIP é formado por diferentes ferramentas de combate ao isento-praga.

5.1.1 MIP DE HORTALIÇAS


O uso desenfreado de agrotóxica se tornou um problema de saúde pública
no país (contaminação de trabalhadores rurais e consumidores), além de pro-
mover o desiquilíbrio ecológico, dizimando os insetos benéficos polinizadores
e predadores dos insetos-praga (abelhas, bicho-da-seda, entre outros).

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Portanto, o uso substância tóxica, sem avaliar o nível populacional e o com-


portamento dos insetos-praga, promove a seleção de espécies resistentes e o
acúmulo de resíduos tóxicos no solo e na água.
Assim, para implementar do MIP, é necessário (MOURA, 2019):

Reconhecimento das pragas principais (pragas-chave)

Identificação taxonômica e bionomia (biologia, hábitos, hospedeiros,


inimigos naturais, entre outros).

Avaliação dos inimigos naturais no agroecossistemas

Verificar a presença dos inimigos naturais e/ou patógenos.

Estudo de fatores climáticos

O clima é um fator importante quando se fala em crescimento


populacional de pragas ou presença de inimigos naturais.

Determinação dos níveis de dano econômico e de controle

Está relacionado à integridade da plantação, após o ataque dos


insetos-praga, ao número, aos meios e ao custo para combatê-los.

Avaliação populacional

Amostragem da população de insetos-praga presentes na cultura.


Recolher um número de insetos para inferir sobre a população total.

Avaliação do(s) métodos(s) mais adequado(s)

Planejamento de um programa de manejo. Conhecimento e avaliação


das características dos insetos.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Os insetos de importância econômica podem ser classificados em (MOURA, 2019):

Insetos não praga

Densidade populacional não alcança o Nível de Controle (NC).

Pragas ocasionais ou secundárias

Causam danos ocasionalmente às culturas e podem se tornar pragas-


chave, devido à ação de fatores ambientais ou por uso abusivo de
defensivos.

Pragas perenes

Densidade populacional atinge o Nível de Dano Econômico (NDE)

Pragas severas ou pragas-chave

Quando a densidade populacional dos insetos está sempre acima do


NDE, caso não efetue técnicas de manejo.

•  NDE: quando a densidade populacional dos


insetos alcança um número máximo em curto
período, o que acarretará danos econômicos.

•  NC: ocorre quando a densidade populacional


pode acarretar danos econômicos caso não seja
feito o controle imediato.

•  Nível de não ação: ocorre quando não existe a


necessidade de aplicar método de controle, pois
a população de inimigos naturais consegue
controlar a densidade populacional dos insetos
abaixo do NDE (MOURA, 2019).

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Um ponto importante do MIP é a utilização de diversos métodos de controle


combinados, contribuindo para o manejo racional dos insetos na cultura, di-
minuindo a chance de resistência, contaminação ambiental e intoxicação aos
produtores rurais. Usando o MPI, o uso de agrotóxicos será usado somente
quando a densidade populacional da praga chegar ao NDE.

5.1.1.1 ETAPAS DO MIP EM GERAL


Para aplicar do MIP, devem ser cumpridas as etapas de: (1) avaliação do micro
e macroambiente (identificação da praga, relação com os inimigos e intera-
ções), (2) decisão após amostragem e monitoramento e (3) seleção das ferra-
mentas de controle, levando em consideração as etapas anteriores.

FIGURA 1 – MONITORAMENTO NA LAVOURA

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um produtor realizando monitoramento


na lavoura.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Os métodos de controle no MIP são: métodos


culturais, controle biológico, controle químico,
controle por comportamento, resistência de
plantas, controle mecânico, controle físico e
método genético.

A tomada de decisão do método de controle deve observar não só o NDE,


mas também a densidade populacional dos inimigos naturais, o estádio em
que as plantas se encontram e se as condições climáticas estão favoráveis
para proliferação da praga (CATAPAN et al., 2018).
Assim como as culturas de soja e milho, o MIP na horticultura é necessário.
Lembre-se de que: o MIP não tem como objetivo dizimar os insetos-praga,
mas sim diminuir sua população, permitindo que os inimigos naturais per-
maneçam no agrossistema (equilíbrio).

5.1.1.2 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS


Em geral, as técnicas de controle recomendadas para o MPI são (CATAPAN
et al., 2018):

Uso de variedades resistente

Melhoramento genético para desenvolver mecanismos de defesa,


resistência ou tolerância e produzir repelentes para pragas.

Controle por meio de práticas agrícolas

Rotação de culturas; eliminação de restos culturais; áreas pouco


afetadas por pragas; uso de armadilhas; e manejos no plantio e na
colheita, para impedir o desenvolvimento de praga.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Controle por meio do manejo da nutrição

Após análise química do solo, fornecer nutrientes e outros manejos


necessários para o bom desenvolvimento das plantas. O nitrogênio (N)
é importante para o desenvolvimento das plantas, mas em excesso
promove a manifestação de insetos sugadores (maiores reservas de
açúcar na planta), tais como mosca-branca e pulgões.

Controle físico e mecânico

Armadilhas plásticas, com cores atrativas à espécie, fitas adesivas


coloridas e armadilha luminosa com lâmpada fluorescente, como forma
de atrair insetos noturnos e superfícies; e refletivas durante o dia.

Biocontrole (ou controle biológico)

Produtos fisiológicos de plantas (proteínas de resistência) ou de


inimigos naturais podem ser sintetizados para o combate de
infestação de pragas e doenças nas plantas. Substância usada
para atrair ou introduzir inimigos naturais (insetos, vírus, fungos ou
bactérias). Por exemplo, Phytoseiulus persimilis, Typhlodromus pyri,
Typhlodromalus tenuiscutus, Amblysei são inimigos naturais de ácaros
(praga de hortaliças, fruteiras e grandes culturas).

Controle químico

Os agrotóxicos só serão usados quando as técnicas citadas acima se


mostraram ineficazes para controlar a proliferação da praga.

A mosca-branca (complexo Bemisia tabaci) tem hábito sugador, polífagas (ata-


cam diversas famílias de plantas) e importância econômica em diversas cultu-
ras, incluindo as famílias Fabaceae (feijão-de vagem), Cucurbitaceae (pepino e
melão), Malvaceae (quiabo) e Solanaceae (tomate) (CATAPAN et al., 2018).
As ninfas de tripes (Thysanoptera: Thripidae) causam danos diretos na planta
ao se alimentar; e os adultos, nos tecidos vegetais, causam o aparecimento
de pontos prateados nas superfícies das folhas e das flores, como também o
surgimento de estrias.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Os pulgões (polífagas) atacam as famílias de Cucurbitaceae, Malvaceae, So-


lanaceae e Rutaceae, provocando a extração de carboidratos e de aminoá-
cidos do floema das plantas e a transmissão de mais de 100 espécies de vírus
fitopatogênicos (prejuízos econômicos).
As moscas-minadoras do gênero Liriomyza têm a maior importância econô-
mica no Brasil, atacando principalmente oleráceas e plantas ornamentais. As
plantas espontâneas são hospedeiras comuns desses insetos-praga .
Os danos causados pela cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri) (Figura 2) ao fei-
joeiro são devidos à ação toxicogênica associada à alimentação da praga (injeta
saliva para a pré-digestão da seiva); além de ser vetor de agentes fitopatogênicos.

FIGURA 2 – EMPOASCA KRAEMERI

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma Liriomyza huidobrensis em uma


folha verde.

Portanto, o MIP se inicia com o monitoramento da plantação, para depois se-


lecionar técnicas sustentáveis, antes do uso de agrotóxico.

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5.1.2 MIP DE FRUTEIRAS


A escolha dos métodos do controle das pragas de fruteiras segue os princí-
pios do MPI (PICANÇO, 2010, p. 80):

Amostragem das pragas

As amostragens devem ser feitas nas épocas de maior ocorrência das


pragas, seguindo a fenologia da fruteira (semanalmente), amostrar 10
pontos por talhão (divisão da área).

Controle cultural

Cuidados com mudas e/ou material propagativo (moleque


da bananeira (Cosmopiltes sordidus) e cochonilha do abacaxi
(Dysmicoccus brevipes). No controle cultural, ainda se pode selecionar
locais, observando: ambiente; destruição de restos culturais e de
cultivos abandonados; plantio antecipado de espécies atrativas
(vaquinhas e broca das curcubitácea); aumento da diversidade do
agroecossistema; manejo de plantas daninhas (combate aos pulgões,
ácaros e tripes); redução do período de cultivo (indução floral); e podas
(entrada de radiação).

Erradicação de plantas doentes

Eliminar flores, restos florais e frutos doentes ou presentes no solo


(evitar transmissão virótica); uso de invólucros (coberturas) protetores
em frutos (ataque do gorgulho da goiaba (Conotrachelus psidii) ou
invólucros para proteger frutos das moscas das frutas.

Controle físico

Uso de cobertura do solo (palha de arroz para repelir pulgões


em cultivos de mamão, melão e melancia), solarização do solo
(desinfestação do solo); tratamento hidrotérmico para eliminação de
larvas de moscas das frutas (prática é exigida para a exportação de
manga para Estados Unidos).

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Controle mecânico

Catação e descarte de insetos (visíveis como pulgões e lagartas); uso


de barreiras (instalações de viveiros e estufas); localização e destruição
de ninhos de irapuás (Trigona spinipes) e formigas.

Controle por comportamento

Feromônios e aleloquímicos podem ser usados no controle


comportamental dos insetos-praga e inimigos naturais.

Resistência de plantas

Variedade de bananeiras tolerante à broca do rizoma, por exemplo.

Controle biológico

Uso da bactéria Bacillus thuringiensis var. kurstaki e o vírus


Baculovirus dione para controle das lagartas desfolhadoras e
broqueadoras. Uso de parasitóide Ageniaspis citricola contra a larva
minadora dos citros Phyllocnistis citrella. Já a joaninha (Crytolaemus
montrouzieri) é inimiga natural de cochonilha branca Planococcus
citri.

Controle químico

Se necessário, o profissional capacitado irá fazer


o receituário agronômico (documento com a prescrição de uso dos
defensivos agrícolas).

Portanto, existem várias técnicas para o MIP de fruteiras. E o uso do controle


químico deve ser aplicado de forma responsável, quando e se necessário.

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5.1.3 MIP DE GRANDES CULTURAS


O uso racional de inseticidas é uma exigência de segurança alimentar e am-
biental, que o Brasil deve atender, evitando a imposição de barreiras comer-
ciais, à exportação brasileira de grãos e frutos.

Para obter mais informações sobre identificados de


insetos, clique aqui.

Vamos conhecer MIP em pastagem (Picanço, 2010)?

Identificação

Descrição minuciosa para caracterizar a espécie. Por exemplo, Zulia


entreriana, Deois flavopicta e Deois schach são pragas de perfilhos. Já
a Atta bisphaerica (saúva mata-pasto), Atta capiguara (saúva parda) e
Acromyrex spp. (quenquéns) são pragas das folhas.

Amostragem

Pode ser realizada por rede de varredura ou sucção no caso de cigarrinha


das pastagens. E dano por hectare (há), no caso formigas cortadeiras.

Controle cultural

Controlar altura do pastejo (altura do capim entre 25 e 40


centímetros); diversificação e consorciação (espécies nativas e/
ou resistentes, gramíneas com leguminosas); calagem (menor
densidade de entomopatógeno); adubação (gramíneas forrageiras
suportam melhor o ataque de pragas); e formação de pastagem
(maior revolvimento do solo).

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Controle mecânico

Emprego de rolo-facas sobre a população das lagartas nos pastos, uso


de fogo ou abertura de valas.

Controle biológico

Realizado por predadores, parasitas e patógenos. Por exemplo:


controle de cochonilhas por meio de microhimenópteros,
(Neodusmetia sangwani, parasitas); e das cigarrinhas das pastagens,
por Metarhizium anisopliae.

Controle químico

Poderão ser aplicados em focos com elevada infestação.

5.2 PRAGAS DOS PRODUTOS ARMAZENADOS


Os insetos-praga não causam apenas prejuízos no campo, mas também no
armazenamento das comodities.

5.2.1 PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS


(SOJA, MILHO, ARROZ, FEIJÃO)
As perdas dos produtos armazenados se devem ao consumo ou à contamina-
ção desses produtos.

5.2.1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS PRAGAS DE


PRODUTOS ARMAZENADOS
A identificação da praga é primordial para escolha das técnicas que formarão
o MIP. Vamos conhecer algumas pragas de grãos e farinhas (PICANÇO, 2010):

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Pragas de milho

Gorgulhos (Sitophilus zeamais e S. oryzae


(Coleoptera)); traças: (Sitotroga cerealella
e Plodia interpunctella (Lepidoptera));
e besouros: Oryzeaphilus surinamensi,
Tribolium castaneum e Rhyzopertha
dominica (Coleoptera) (Figura 3).

Figura 3 – Rhyzopertha dominica


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa a foto da praga de milho.

Pragas de feijão

Carunchos (Zabrotes subfasciatus,


Callosobruchus maculatus (Figura 4) e
Acanthocelides obtectus (coleoptera) e
traça (Plodia interpunctella (lepidoptera)).

Figura 4 – Ovos de Callosobruchus maculatus


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de ovos brancos depositados em grãos de
feijão.

Pragas de soja

Traça (Plodia interpunctella (lepidoptera))


e besourinho do fumo (Lasioderma
serricorne (coleoptera)).

Figura 5 – Lasioderma serricorne


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: Imagens de praga da soja.

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Pragas de farinhas

Traças (Pyralis farinalis, Anagasta


kuehniella (lepidoptera) e besouros
(Tenebrio molitor (Figura 6), Stegobium
paniceum, Tenebroides mauritanicus,
Oryzaephilus surinamensis, Tribolium
confusum, T. Castaneum (Coleoptera)).

Figura 6 – Tenebrio molitor


Fonte: Wikimedia Commons (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto da praga da farinha.

Existem muitas pragas que afetam economicamente a produção agrícola.

5.2.1.2 GRÃOS ARMAZENADOS


Carunchos, gorgulhos, besouros, traças se alimentam de todo ou de parte do
grão armazenado, além de contaminá-lo com excreção, ovos ou partes do
corpo. A amostragem é necessária para identificar a praga. Vejamos a amos-
tragem e as técnicas de MIP de grãos armazenados (PICANÇO, 2010):

Amostragem das pragas

A presença da praga pode ser detectada por termometria (presença


de insetos nos grãos armazenados aumentam a temperatura); som
(sensores acústicos para estimação do nível de infestação das pragas
no silo); armadilha-sonda eletrônica contadora de insetos (sondas-
perfuradas dotadas de sensores óticos), entre outras.

Métodos de controle

Inspeção das instalações e produtos armazenados (por meio de exame


visual, método de coloração, método de flotação e método de raio-x) e
limpeza das instalações (controle preventivo).

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Métodos físicos e mecânicos de controle

Controle de temperatura e umidade e uso de impacto, de barreiras


(sacos resistentes) e de armadilhas.

Métodos comportamentais

Uso de técnicas de insetos estéreis, feromônios. Por exemplo: uso do


feromônio “Serricornin” no controle de Lasioderma serricorne em
galpões de secagem de folhas de fumo.

Atmosfera modificada

Uso de baixas concentrações de oxigênio em atmosfera rica em N ou


dióxido de carbono (Ca).

Métodos químicos de controle

Inseticidas fumigantes, como a fosfina (sementes, grãos e farinhas),


caso seja necessário.

Assim, os cuidados com os grãos começam no plantio.

5.2.2 PRAGAS DE FARINHA


As diferenças morfológicas dos insetos influenciam diretamente no habitat
e no alimento e assim podem se separar em diferentes grupos associados à
fase de campo ou à fase pós-colheita (armazenamento). Vejamos os principais
danos causadas por insetos na agricultura (Quadro 1) (MOURA, 2019, p. 155).

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QUADRO 1 - INJÚRIAS CAUSADAS POR INSETOS EM PLANTAÇÕES


E ARMAZÉNS

Plantação/lavoura Insetos

Destroem folhas, ramos, botões Lagartas, besouros, gafanhotos


florais, casca ou frutos.

Sugam a seiva vegetal, os botões Percevejos, pulgões, cigarrinhas, tripes,


florais, os ramos e os frutos. cochonilhas

Broqueiam ou anelam casca, ramos, Besouros adultos, larvas, lagarta


frutos, sementes, raízes.

Atacam raízes ou colo das plantas. Besouros, lagartas, cigarras, cupins, larvas de
moscas

Constroem ninhos ou refúgios em Formigas, vespas, abelhas, larvas de moscas


partes das plantas.

Disseminam ou facilitam Percevejos, pulgões, cigarrinhas, tripes,


o desenvolvimento de cochonilhas
microrganismos fitopatogênicos.

Fonte: Moura (2019, p. 155).

Os besouros (coleoptera) são pragas tanto na fase larval, como na fase adulta.
E os principais grupos de besouros pragas são bicudos, carunchos, gorgulhos
e traças dos cereais, encontrados em armazéns de grãos e cereais (milho, soja
e arroz). As espécies pragas de armazém possuem tamanho pequeno (2,5 a 4
milímetros), dificultando o monitoramento e controle (MOURA, 2021).
A larva de traça-dos-cereais (Sitotroga cerealella (Olivier)) se alimenta das se-
mentes de milho, trigo e outros grãos. e o adulto, ao emergir, deixa um orifício
no grão (GULLAN, 2017) (Figura 7).

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FIGURA 7 – TRAÇA-DOS-CEREAIS (SITOTROGA CEREALELLA)

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de traça-dos-cereais caminhando sobre


grãos.

O grão armazenado pode ser completamente


destruído pela traça-dos-cereais, ao longo do seu
desenvolvimento.

Grandes perdas econômicas por ataque de insetos-praga afetam a economia


de um país.

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5.2.3 PRAGAS GERAIS


Reconhecer as inúmeras pragas que afetam o desempenho das culturas é
essencial para planejar um MPI. O ataque de insetos-praga influencia o ren-
dimento da produção agrícola, tanto no campo, como no armazenamento.
Dados da literatura estimam que as perdas mundiais, devido às pragas, em
grandes culturas, somam cerca de 30% para arroz, 22,5% para milho e 21,4%
para soja (MOURA, 2021).
Podemos classificar as pragas em dois tipos:

Pragas primárias

São aquelas que ocorrem todos os anos, em altas populações,


provocando danos econômicos, e necessitam de medidas de controle.
Ácaro-da-ferrugem, orthezia, larva--minadora (em viveiro ou pomar
novo), cochonilha-escama-farinha e broca--do-tronco são pragas da
cultura do citrus.

Pragas secundárias

São aquelas afetam as plantas (pequenas injúrias), mas, raramente,


provocam danos econômicos, com exceção do hospedeiro de
patógenos, como os pulgões (inocula doenças viróticas, micoplasmas,
entre outros).

Portanto, vimos que a identificação do inseto, a amostragem e o monitora-


mento são essenciais para implantação MIP; e que o controle químico só deve
ser usado quando as tentativas mais sustentáveis falharem.

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CONCLUSÃO

Esta unidade objetivou apresentar uma reflexão sobre MIP, armazenamento


e pragas dos produtos armazenados.
Desse modo, os insetos-praga, que são animais que afetam, de forma nega-
tiva, a produção das culturas, poderão ser combatidos por método de con-
trole sustentáveis.
O MIP é um conjunto de técnicas de controle que visam a preservar os fatores
naturais de equilíbrio dos insetos, bem como a manter a saúde dos trabalha-
dos e consumidores.
O estudo apresentou que o MIP pode ser adotado para diminuir a aplicação
de substâncias tóxicas na agricultura brasileira.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

UNIDADE 6

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Conhecer o conceito de


pragas-chave;
> Identificar os fatores
que favorecem o
desenvolvimento de
pragas.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

6 FATORES QUE FAVORECEM O


ATAQUE DE PRAGAS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, você aprenderá os conceitos de pragas-chave e sobre a clas-
sificação de pragas diretas e indiretas, além de conhecer exemplos de cada
classificação. Detalharemos os fatores responsáveis pelos favorecimentos de
pragas em agroecossistemas e a sua influência e consequência. Você con-
segue imaginar os fatores que fazem um inseto ser considerado “chave”; e o
outro, não? Por que será que alguns insetos influenciam mais que os outros?
Essas respostas serão obtidas nesta unidade.

6.1 PRAGAS-CHAVE
O que são pragas-chave? Considera-se pragas-chave os insetos-praga que
atingem sempre ou frequentemente o Nível de Controle (NC). Nessa cate-
goria, poucas espécies estão alocadas. Normalmente, nas culturas agrícolas,
apenas uma praga-chave acontece. Contudo, não é incomum uma determi-
nada cultura, especialmente as cultivadas em grande escala, como soja, mi-
lho e algodão, terem mais de uma praga-chave.

Um inseto-praga compôs um ponto-chave no


estabelecimento de sistema de manejos, pois
normalmente quando as pragas-chave são
identificadas. Logo, o sistema de controle entra em
ação por meio do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O Nível de Dano Econômico (NDE) consiste no


nível populacional em que as medidas de controle
devem ser tomadas, com o objetivo de evitar que o
inseto-praga atinja a um nível de dano.

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ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA

Lembre-se de que MIP tem como objetivo integrar diferentes métodos de


controle, e o objetivo principal é manter as populações dos insetos-praga
abaixo do nível do dano. Alguns organismos são chamados de organismo não
pragas (não econômicas), esses organismos são aqueles insetos, cuja densi-
dade populacional não atinge o NC, como a maioria das espécies filófagas
encontradas no agroecossistema.

FIGURA 1 – FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE UMA DETERMINADA PRAGA NO DECORRER


DO TEMPO PARA ORGANISMOS NÃO PRAGAS
Densidade populacional de praga

NDE
NC

NE

Tempo (dias)

Fonte: Adaptada de Gullan et al. (2017, p. 659).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de um gráfico, em que, no eixo x, é


medido o tempo em dias e, no eixo y, a densidade populacional de pragas. NDE e NC são
linhas retas, constantes, paralelas ao eixo x. NE também é uma reta constante, paralela ao
eixo x, porém com um seguimento sinuoso sobre ele.

6.1.1 PRAGAS PRIMÁRIAS


As pragas primárias são os insetos-praga que ocorrem em populações duran-
te todo o ano. Também são chamadas de pragas normal, frequente, primária
ou severas. Isso pois são aquelas que não atingem o NC, por exemplo, grande
parte das espécies filófagas achadas nos agroecossistemas.

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FIGURA 2 – EXEMPLO DE FLUTUAÇÃO DE PRAGAS PRIMÁRIAS

Densidade populacional de praga

NDE
NC

NE

Tempo (dias)

Fonte: Adaptado de Gullan et al. (2017, p. 659).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de um gráfico, em que, no eixo x, é


medido o tempo em dias e, no eixo y, a densidade populacional de pragas. NDE e NC são
linhas retas, constantes, paralelas ao eixo x. NE também é uma reta, constante, paralela ao
eixo x, porém com um seguimento sinuoso, cujos ápices tocam as retas NDE e NC. Cada
ponto de toque é destacado com uma seta vermelha.

A densidade populacional atinge o NC


frequentemente, por isso, também se considera
que pode ocorrer durante todo o ano.

Entre a categoria de pragas primárias, existe um caso particular, chamado de


pragas severas. Nesse caso, a população de insetos-praga está sempre acima
do NDE, caso as medidas de controle não sejam adotadas no agroecossiste-
ma (lavoura). Ou seja, o controle deve ocorrer, de forma contínua ,durante o
ciclo de vida da cultura.

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FIGURA 3 – EXEMPLO DA FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE PRAGAS SEVERAS

Densidade populacional de praga

NE

NDE
NC

NDE modificado

Tempo (dias)
Fonte: Adaptada de Gullan et al. (2017, p. 659).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de um gráfico, em que, no eixo x, é


medido o tempo em dias e, no eixo y, a densidade populacional de pragas. NE, NDE, NC e
NE modificado são linhas retas, constantes, paralelas ao eixo x; um segmento sinuoso inicia
no lado esquerdo, entre as retas NE e NDE, tendo três picos acima da reta NE e destacados
com setas vermelhas. Logo em seguida, o segmento sofre uma queda no gráfico e os
novos picos destacados com setas vermelhas estão entre as retas NC e NE modificado.

Formiga saúva

Um clássico exemplo de pragas severas são


as formigas saúva Atta spp em pastagens.

Figura 4 - Formigas saúva


Fonte: Wikimedia Commons(2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de uma formiga saúva sobre uma folha de
uma planta.

Você deve ter atenção às mudanças no clima e no sistema produtivo, eles po-
dem, ao longo do tempo, alterar as classificações das pragas da cultura. Outro
exemplo de pragas primárias se trata do percevejo-marrom Euschistus heros,
responsável por atacar os grãos e as vagens da soja.

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FIGURA 5 – ADULTO DE EUSCHISTUS HEROS

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um percevejo marrom sob um tecido


branco.

Outros exemplos de insetos pragas primárias da cultura da soja, consideran-


do que todos danificam a vagem e o grão da soja, são:

•  lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania);

•  lagarta-das-vagens (Spodoptera frugiperda);

•  broca-da-vagem (Etiella zinckenella);

•  lagarta-da-maçã do algodoeiro (Heliothis virescens);

•  percevejo-marrom (Euschistus hero);

•  percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii);


•  percevejo-verde (Nezara viridula);

•  percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e D. furcatus);

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•  percevejo-edessa (Edessa meditabund);

•  percevejo-acrosterno (Chinavia spp.);

•  bicudo-negro-pequeno-da-soja (Rhyssomatus sp.).

O MIP da soja é um conjunto de tecnologias, que é


utilizado, harmonicamente, e permite a condução da
lavoura por meio de táticas sustentáveis de controle
de pragas (que inclui o uso racional de inseticidas),
que são aplicadas apenas quando necessárias
e economicamente viáveis. Aprofunde os seus
conhecimentos sobre o MIP da soja, clicando aqui.

6.1.2 PRAGAS SECUNDÁRIAS


Trata-se de insetos-praga que, ocasional ou raramente, atingem o NC. Normal-
mente, as pragas secundárias atingem o NC de desvios a fatores abióticos, princi-
palmente pela elevação da temperatura ambiental ou por uso indevido de defen-
sivos agrícolas, como acontece com os ácaros em algumas culturas de frutíferas.

FIGURA 6 – FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE PRAGAS SECUNDÁRIAS

NDE

Combate
Densidade populacional

NC

NE

Tempo
Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a ilustração de um gráfico, em que a densidade


popolacional corresponde ao eixo x; e o tempo, ao eixo y. Existem três linhas, sendo a, no
topo, referente ao NDE, a do meio NC e a mais próxima ao eixo y, ao NE. Uma linha sinuosa
inicia no eixo y, tocando a linha NC e NE. No ponto onde esta linha toca NC, consta uma
seta verde com o texto combate.

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6.1.3 PRAGAS DIRETAS E INDIRETAS


A classificação de um inseto-praga em praga direta e indireta está relaciona-
da especialmente à parte comercializada do produto agrícola. Por exemplo, a
mosca das frutas é considerada uma praga direta, por depositar os seus ovos
diretamente no fruto, por exemplo, na banana. O fruto (pseudofruto) é consi-
derado economicamente importante, ou seja, a parte comercializada. Porém,
o moleque da bananeira é considerado uma praga indireta por essa classi-
ficação. Em grande parte, ela não ataca a fruta banana diretamente, mas a
planta como tudo. O inseto ataca os caules, o que afeta indiretamente a parte
comercializada de várias formas, como diminuição dos componentes nutri-
cionais, deterioração da aparência dos frutos e subutilização do potencial ge-
nético da fruta. Em ambos os casos, haverá prejuízos econômicos.

FIGURA 7 – UM EXEMPLAR DE MOSCA DAS FRUTAS ATACANDO UMA BANANA

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de uma mosca da fruta atacando um pedaço


de banana.

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6.2 FATORES FAVORÁVEIS À OCORRÊNCIA DE


PRAGAS
O grupo dos insetos são extremamente importantes para as comunidades
bióticas, especialmente pelo seu elevado número e sua diversidade. Cada es-
pécie de inseto ocupa um único nicho, um estilo de vida muito específico,
definido pelo que consome e pelo local onde vive.

Você sabia que os insetos compõem mais da


metade de todas as espécies de organismos, além
de três quartos de todas as espécies de animais
são insetos?

Em um primeiro momento, você aprenderá sobre os motivos que levaram à


tamanha diversidade dos insetos na natureza. A partir da fixação e do co-
nhecimento, você poderá usar o raciocínio oposto. Qualquer fator que afete,
negativamente, tanto indireta, quanto diretamente, os motivos que levaram
à diversidade de insetos contribuirá para a diminuição da diversidade deles.
De acordo com Triplehorn (2016), os motivos, para que a diversidade dos inse-
tos seja direta ou indiretamente, são:

Exoesqueleto

Trata-se do esqueleto mais eficiente e mais forte entre os corpos


pequenos. O exoesqueleto oferece proteção externa, suporte ao
corpo e oportunidade para o desenvolvimento de uma grande
variedade de ferramentas resistentes para se lidar com alimentos e
diversos materiais.

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Pequeno tamanho

Pelo fato de o inseto possuir pequeno tamanho, isso possibilita


a exploração de inúmeros nichos. Além disso, o menor tamanho
possibilita aos insetos terem menor tempo de geração. O que permite
rápida evolução e adaptação a novas condições.

Asas

As asas possibilitam maior mobilidade de locomoção e a possibilidade


de explorar, de maneira ampla, alguns recursos dispersos. Também
permitem a rápida colonização de novas áreas e a redução da
probabilidade de extinção.

Metamorfose completa

Em cada fase, as formas jovem e adulta exploram diferentes nichos


e habitat e não competem pelo alimento. Assim, evita-se a exclusão
competitiva.

Repare que esses fatores benéficos nos fornecem princípios a serem segui-
dos, de acordo com a teoria ecológica, para se buscar e identificar fatores fa-
voráveis aos surgimentos de insetos-praga. Inicialmente, com o surgimento
da tecnologia de controle artificial, especialmente com o uso de defensivos
agrícolas químicos, preconizava-se que os defensivos seriam usados de for-
ma suplementar aos mecanismos reguladores naturais. Contudo, o uso de
defensivos agrícolas deixou de ser suplementar para ser o principal modo de
controle químico, e os mecanismos de regulação de controle natural ficaram
em segundo plano, principalmente por causa da rápida resposta, resultado e
facilidade nas aplicações desses produtos.

“O mais importante e fundamental é entender o que torna os agros


ecossistemas mais suscetíveis às pragas. Ao projetar agroecossistemas
contra o desempenho das pragas, os agricultores podem reduzir
significativamente seu número. As soluções de longo prazo só podem ser
alcançadas com a reestruturação e o gerenciamento de sistemas agrícolas,
de modo a maximizar as atividades preventivas pelo uso de táticas
terapêuticas, servindo estritamente como ferramenta auxiliar dos processos
reguladores naturais.” (MOURA et al., 2019).

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Entre os principais fatores favoráveis das ocorrências


de insetos-praga, estão:

•  baixa diversidade nos agroecossistemas;

•  falta de rotação de culturas nos agros


ecossistemas;

•  uso inadequado de defensivos agrícolas


(inseticidas).

Entre os três principais fatores favoráveis, em ambos, há diminuição da biodi-


versidade de plantas no agroecossistemas. Esse fato acontece devido às mo-
noculturas favorecerem determinadas populações especialistas de insetos
filófagos. Logo, há diminuição na população de inimigos naturais das pragas
e, por consequência, há o aumento de insetos pragas a níveis que podem al-
cançar o dano econômico.

6.2.1 BAIXA DIVERSIDADE NO


AGROECOSSISTEMA
O tamanho da população é influenciado por inúmeros fatores, como as taxas
de morte, de migração e de morte. Entre os principais fatores exógenos, estão
a disponibilidade de alimento e de espaço; inimigos naturais; e clima. Eles são
divididos em fatores dependentes da densidade, esses são responsáveis pela
regulação da densidade dentro de limites estreitos ao redor da densidade de
equilíbrio das espécies.

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FIGURA 8 – FATORES EXÓGENOS

Fatores dependentes da den

Alimento, espaço e inimigos

Fatores independentes da densidade e apresentam efeito


proporcional à população de insetos

Clima

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração com os fatores dependentes da


densidade: alimento, espaço e inimigos; e com os fatores independentes da densidade e
apresentam efeito proporcional a população de insetos: clima.

Há uma tendência natural de uma cultura de se recuperar em um ambiente


equilibrado. Chama-se de homeostase, ou seja, trata-se da manutenção das
funções internas dos mecanismos de defesa para compensar o estresse.
Os predadores são indivíduos consumidores de muitas presas (outros insetos)
durante o seu ciclo de vida. Em geral, são insetos generalistas, ou seja, predam
várias espécies de presas. Mas algumas espécies podem ser ofiófagos (diver-
sas espécies), estenófagos (apenas algumas espécies) ou monófagos (apenas
uma espécie de presa). Os predadores têm como função ecológica o balanço
entre a capacidade do predador em forragear e a disponibilidade das presas
no ambiente. Adota-se diferentes técnicas de predação, de acordo com a es-
pécie de predador. Certas espécies de insetos adotam a espera como tática
consumidora de tempo, mas não de energia. Outras usam armadilhas para
atrair presas para captura, ou também se pode usar a busca ativa (em que há
economia de tempo e maior gasto energético).
Segue uma lista com exemplo de insetos predadores:

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Sirfídeo (ordem diptera)

É um predador de pulgões.

Figura 9 – Predador de pulgões


Fonte: Wikimidea Commons (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa a foto de um predador de pulgões com muitos
filhotes sobre uma folha esbranquiçada de uma planta.

Crisopídeo (ordem neuroptera)

Predador generalista.

Figura 10 – Predador generalista


Fonte: Wikimidea Commons (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de um predador generalista sobre uma
folha de planta.

Joaninhas (ordem coleoptera)

As larvas (formas jovens) são predadoras de


pulgões.

Figura 11 – Joaninha
Fonte: Wikimidea Commons (2022).
#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto uma joaninha vermelha sobre uma pétala
de uma flor amarela.

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Ácaros predadores são insetos controladores de


ácaros filófagos.

Clique aqui e você poderá assistir ao vídeo sobre


predação de pulgões por joaninhas. Por mais
inofensivos que esses insetos pareçam, eles se
tratam de poderosos predadores.

PARASITOIDES
Segundo Triplehon et al. (2016), os parasitoides são insetos afetados pela di-
minuição da biodiversidade nos agroecossistemas. Eles são insetos que elimi-
nam o hospedeiro e precisam de apenas um indivíduo para completarem o
ciclo de vida. As formas jovens se alimentam dos insetos hospedeiros de duas
maneiras, interna ou externamente; e os adultos são de vida livre. Eles podem
ser divididos em diferentes classes de desenvolvimento de parasitoides.

FIGURA 12 – CLASSES DE DESENVOLVIMENTO DE PARASITOIDES

Idiobiontes

Parasitoides

Coinobiontes

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração com a divisão de classes de


desenvolvimento de parasitoides. Há um retângulo, à esquerda, com o dizer “parasitoides”,
ligado a dois retângulos, à direita (um acima do outro), com os dizeres “idiobiontes” e
“coinobiontes”

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Idiobiontes: quando o inseto se desenvolve em


hospedeiros paralisados ou mortos.

Coinobiontes: nesse caso, os parasitoides permitem


que o hospedeiro cresça e continue a se alimentar.

Além dessa classificação, os parasitoides podem ser classificados de acordo


com a relação que ele estabelece com o hospedeiro. Um parasitoide é primário
quando ele se desenvolve sobre hospedeiros não parasitados (sem compro-
metimento fisiológico do hospedeiro). Por incrível que pareça, um parasitoide
pode ser parasitoide de outro. Nesse caso, ele se chamará hiperparasitóide.
Quando duas ou mais espécies de parasitóides estão em único hospedeiro,
chama-se multiparasitismo. Já se existirem vários indivíduos da mesma espé-
cie em um único hospedeiro, dá-se o nome de superparasitismo.
Segue uma lista com exemplos de parasitóides.

•  As moscas da ordem diptera, família Tachinidae, são parasitóides,


por depositarem os seus ovos no exterior de outros insetos, pois não
possuem ovipositor;

•  As vespas (Hymenoptera) de aproximadamente dois milímetros têm a oviposição


endofítica. As formas jovens são parasitóides, já os adultos se alimentam de
néctar. A principal família é Ichneumonidae (parasitóides de lepidópteras);

•  Outros insetos da ordem Hymenoptera são os micro-himenópteros, estes são


vespas com aproximadamente 0,5 milímetro a 3 milímetros. O seu tamanho
permite a oviposição em ovos e pequenos insetos, contudo, demanda-
se muitos pontos de liberação na área escolhida. Os micro-himenópteros
realizam a postura endofítica (ou seja, endoparasitoides);

•  Os braconídeos (pertencentes à família Braconidae) são endoparasitóides


de pulgões (os deixam mumificados) e lagartas (Cotesia flavipes);

•  Os da família Aphelinidae são empregados como parasitóides da mosca-


branca (a oviposição ocorre nas ninfas);

•  A família Trichogrammatidae é parasitóide de ovos de insetos


(principalmente lepidópteros);

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•  Os da família Mymaridae são parasitóides de ovos de espécies de coleópteros,


hemípteros e lepidópteros.

Que tal assistir a um vídeo de uma vespa parasitoide


em uma lagarta (lepidóptera)? Assista o vídeo,
clicando aqui, e veja com os seus próprios olhos.

6.2.2 FALTA DE ROTAÇÃO DE CULTURAS NOS


AGROECOSSISTEMAS
Em agroecossistemas de poli cultivo, ou chamados de sistemas de cultivo di-
versificado, há o aumento proporcional da possibilidade de coexistência de
espécies de insetos benéficas. Desse modo, a sustentabilidade dos mecanis-
mos naturais de regulação é aumentada. Quanto mais de uma espécie de
planta, em um agroecossistema, a população de inimigos naturais prevalece,
ao mesmo tempo em que prevalece a concentração de recursos em que in-
setos apresentam efeitos negativos de uma flora diversificada, para encontrar
e usar uma planta hospedeira.

FIGURA 13 – POLICULTIVO DE VIDEIRAS COM CAMPOS DE GIRASSÓIS

Fonte: Wikimedia Commons (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma foto de paisagem de plantação de girassóis e


outros cultivos.

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Nem sempre é possível a realização de um poli cultivo economicamente viável


ou até desejado pelo produtor. Assim, a rotação de culturas é prática adotada
como alternância entre as culturas agrícolas. Ela ocorre de forma ordenada,
ou seja, segue uma ordem preestabelecida. Tem como objetivo a conserva-
ção do solo e controle de pragas na lavoura. Basicamente, consiste em usar
a alternância de diferentes cultivos na mesma área. Entre as suas vantagens,
está a melhoria de atributos biológicos, químicos e físicos do solo, aliada à di-
minuição na degradação do meio ambiente.
As espécies são pré-selecionadas de acordo com a sua suscetibilidade a pra-
gas e doenças. Por exemplo, a rotação entre a soja e o milho faz o ciclo dos
insetos-praga não serem contínuos. Após a plantação da soja, mesmo que
alguns insetos pragas sobrevivam nos restos culturais, ou em seus ovos, eles
não terão habitat ou alimento no cultivo alternado com o milho. O inverso
também é válido.

A rotação de culturas é um dos princípios básicos


para o sucesso do Sistema de Plantio Direto (SPD),
consistindo na alternância ordenada de diferentes
culturas em um espaço de tempo e na mesma área,
sendo que uma espécie vegetal não é repetida, no
mesmo lugar, em um intervalo de tempo inferior
a um ano. Aprofunde os seus conhecimentos,
clicando aqui.

6.2.3 USO INADEQUADO DE DEFENSIVOS


De acordo com Moura et al. (2019), a utilização inadequada dos defensivos agrí-
colas é um dos principais fatores para a ocorrência de insetos-praga. Em um
agroecossistema (como uma lavoura), o equilíbrio homeostático é interrompi-
do frequentemente, devido ao uso de defensivos agrícolas. O controle químico
é fornecido pelos defensivos não tem só como efeito imediato, o controle é pro-
longado devido à persistência dos princípios ativos no agroecossistema.
Quando ocorre a superdosagem da recomendação de um inseticida, a popu-
lação de insetos, além do alvo, também é afetada. Por exemplo, em algumas
situações, por meio da identificação e do cálculo da densidade populacional

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de insetos, o engenheiro agrônomo dimensiona o uso de determinados in-


seticidas, para que o nível de dano econômico não seja atingido. Não signifi-
ca necessariamente que outras espécies de insetos não sejam afetadas, pelo
contrário, esse cálculo está dentro do dimensionamento. Quando o uso de
dose acima do recomendado ou de forma mais frequente, não respeitando
os intervalos, outras populações de insetos diminuem a densidade considera-
velmente. Em geral, esses insetos são os inimigos naturais dos insetos-praga.

FIGURA 14 – O CICLO VICIOSO DA APLICAÇÃO INDISCRIMINADA DE INSETICIDAS

Nova aplicação Superdosagem

Aumento Eliminação de
de pragas inimigos naturais

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

#PraTodosVerem: a imagem representa uma ilustração com a sequência de dados em


elipse denotando rotação, com os textos separados por setas. Os textos são: nova aplicação,
superdosagem, eliminação de inimigos naturais e aumento de pragas.

Há um pequeno detalhe, nessa situação, que muitos agrônomos negligen-


ciam. Os inimigos naturais como predadores possuem um ciclo de vida mais
longo que suas presas, e sua prole é menos prolífica, em casos gerais, pois, na
natureza, a existência de uma exceção é a regra. Como consequência, a res-
posta de ressurgimento da população de insetos-praga é muito mais rápida
que os seus inimigos naturais. Cria-se assim a falsa sensação, a curto prazo,
que estes não estão ajudando nos mecanismos de regulação do agroecossis-
tema. Quando essa sensação aparece, é normal alguns agricultores aplicarem
novamente os inseticidas (sem a recomendação), o que traz um ciclo vicioso
insustentável a médio prazo.

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Clicando aqui, você irá conhecer os efeitos


negativos do uso não racional de inseticidas e suas
consequências. “Encontramos uma população de
mosquitos totalmente resistente, e não apenas ao
DDT, mas também aos pyrethroids”, outra classe de
inseticida geralmente utilizada contra a malária.

CONCLUSÃO

Esta unidade objetivou apresentar os conceitos e fundamentos dos principais


fatores favoráveis ao aparecimento de insetos-praga em agroecossistema
produtivo. Fatores como: biodiversidade, uso de inseticidas (controle quími-
co) e ausência de rotação de culturas podem ser manejados, de forma a con-
tribuírem para a maximização econômica do agroecossistema e, ao mesmo
tempo, diminuir impactos ambientais.
A importância em conhecer os tipos de pragas e como elas atuam ou deixam
de atuar em agroecossistema pode trazer contribuições para o MIP. A rota-
ção de culturas, como visto nesta unidade, provoca uma mudança de habitat
para insetos filófagos, de forma a diminuir a sua população a níveis não preju-
dicais, economicamente, às plantas.
Por mais que o controle químico seja efetivo, nem sempre os seus resultados
compensam os seus custos. Deve-se ter sempre alternativas, como o controle
biológico, com vista a auxiliar no manejo do agroecossistema.

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