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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

02/05/2020

Número: 0833441-34.2015.8.15.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Capital
Última distribuição : 27/11/2015
Valor da causa: R$ 575,00
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer, Cobrança de Aluguéis - Sem despejo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REAL CONSULTORIA E SOLUCOES LTDA - ME (AUTOR) THIAGO SILVEIRA GUEDES PEREIRA (ADVOGADO)
LUIZ CARLOS ERNESTO DE BARROS (ADVOGADO)
HILTON SOUTO MAIOR NETO (ADVOGADO)
ALEXANDRE SOARES DE MELO (ADVOGADO)
SEAPORT SERVICOS DE APOIO PORTUARIO LTDA (REU) ADRIANO DE MATOS FEITOSA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25204 27/11/2015 16:34 Vol 2 Outros Documentos
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4 CARACTERIZAÇÃO E
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

4.2 – DIAGNÓSTICO DO MEIO BIÓTICO

A realização do diagnóstico ambiental referente ao meio biótico busca


identificar o maior número de espécies da fauna e flora que ocorrem na área de estudo,
assim como seu atual estado de conservação. Para tanto, foramcaracterizados os
remanescentes florestais, a composição do zoo e fitoplacton, zoobentos, invertebrados
marinhos (malacofauna e carcinofauna), quelônios e crocodilianos, avifauna estuarina e
mamíferosaquáticos, objetivando identificar o estado atual local afim de se mitigar os
possíveis impactos negativos e maximizar os impactos positivos oriundos da
implementação daobra de implantação do Complexo Portuário Seaport, situado no
município de Cabedelo (PB) inserido no estuário do rio Paraíba do Norte.
Dessa forma, trataremos a seguir dos dados relacionados ao diagnóstico
do meio biótico que antecede a possível implementação da obra supracitada. E, como
parte o EIA/RIMA visa atender a todas as exigências constantes no Termo de Referência
emitido em 11 de março de 2014, pela Superintendência de Adminstração do Meio
Ambiente (SUDEMA) do estado da Paraíba, no qual foram indicadas as diretrizes
necessárias para a condução do presente estudo.Visando ainda,atender a legislação
ambiental, já que a fonte de origem da água representa um corpo d'água pertencente à
Seção II, conforme o Artigo 5° e 6° das águas salinas e salobras da Resolução CONAMA
n° 357/2005, a qual contempla águas destinadas à preservação dos ambientes aquáticos
em unidades de conservação de proteção integral e à preservação do equilíbrio natural das
comunidades aquáticas. Os dados foram obtidos em campo, atendendo a IN IBAMA
146/2007, e através de bibliografia especializada.

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4.2.1 – FLORA – PERÍODO ÚMIDO
4.2.1.1 - INTRODUÇÃO

As premissas deste estudo para a área do Complexo Portuário


Seaport tiveram como base o diagnóstico ambiental da flora realizado no período úmido
durante os meses de junho e julho de 2014, nesta primeira fase do EIA/RIMA, através da
empresa Real Consultoria e Soluções Ltda.
A fim de aprofundar os estudos, e conforme Termos de Referência de
Outubro de 2013 e Março de 2014 (Fauna) do Processo N. 2013-005699/TEC/LP-1797
do Terminal de Múltiplos Usos do Porto de Cabedelo, e instruído pela
Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba
(SUDEMA), foi realizado um inventário florestal, um levantamento florístico,
fitossociológico e volumétrico das espécies arbóreas, a fim de caracterizar os
componentes florestais nas formações representativas da vegetação existente.
No levantamento florístico, foram realizados registros fotográficos em
caminhamentos de mais de 5 km em cada trecho dos 37 pontos amostrais avaliados nos
remanescentes florestais, manguezais, campos salinos e aluviais existentes nos três
municípios da Área de Influência Direta (AID) para o levantamento e caracterização das
espécies que estavam em frutificação e/ou florescimento, tanto de espécies herbáceas,
gramíneas, epífitas, bromeliáceas, cactáceas, halótitas e dunares, como as espécies
arbustivas, os quais também estenderam-se por mais 24 pontos amostrais, no entorno de 500
metros das parcelas amostradas nos remanescentes florestais da AID.
Na descrição da vegetação inventariada foram registradas informações
a respeito de algumas características gerais das formações nativas remanescentes,
sobretudo as fisionômicas e estruturais, como porte, a presença de estratificação,
características do sub-bosque e da serrapilheira, o grau relativo de abertura de dossel,
espaçamento entre as plantas do componente lenhoso, tipo e abundância de formas
epifíticas, tipos de perturbações antrópicas, grau de sombreamento e volumetria, as quais
são representadas por duas principais tipologias: a Vegetação com Influência Marinha
(Restingas) e a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal e Campos
Salino/Aluviais - IBGE, 1992).
Cabe destacar, que o empreendimento não interferirá em nenhum
remanescente florestal na área da AID diagnosticado no entorno do mesmo, embora se

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verifique uma forte antropização nos fragmentos florestais existentes nestas áreas do
futuro empreendimento, através de evidências de retirada de madeira de grande porte; o
corte seletivo pela retirada de várias espécies de valor comercial; uso da floresta pelos
pescadores e de caçadores de caranguejo, siri, lagosta e camarão para construção de
armadilhas e utensílios agrícolas, além da presença de gado em vários remanescentes.
A única intervenção necessária na vegetação pelo Complexo Portuário
Seaport, refere-se a supressão de 127 árvores hoje existentes no empreendimento (Fase
1), como em área contígua (em aquisição – Fase2) do mesmo, as quais, de 28 diferentes
espécies nativas e exóticas, na maioria de diversas variedades frutíferas exóticas, em
área já consolidada em meio urbano às margens do Rio Paraíba, no Município de
Cabedelo. O Grupo do Complexo Portuário Seaport, por trabalhar a décadas na mesma
área, têm ciência e a anos convive harmoniosamente em Área de Preservação
Permanente (APP) e respeitará todos os limites previstos nas licenças e orientações
ambientes necessárias, conforme já instrui às legislações sobre estas áreas nos âmbitos
Federal, Estadual e Municipal, tais como: Restingas, Mangues e Dunas Litorâneas, pela
intervenção e instalação de suas infra-estruturas em 34,78 hectares em área urbanizada as
margens do Rio Paraíba.
Desta maneira, com objetivo de diagnosticar e detalhar as 127 árvores
existentes na futura área de implantação do Complexo Portuário Seaport, foi realizado um
Censo Florestal (Inventário Florestal 100%) de todos os indivíduos arbóreos existentes,
tantona Fase 1, como na Fase 2 do futuro empreendimento. Foram regitrados
fotograficamente cada árvore e tabeladas individualmente em Mapa de Localização em
escala 1: 2.000 nas Fases 1 e 2, através da localização com GPS e lançadas neste mapa com
base no Datum SIRGAS (2000) para seu posicionamento exato. Adicionalmente, para
avaliação das condições fitossanitárias, porte e possibilidade de transplante, foram
efetuadas medições e registros através de parâmetros de mensuração florestal, pela medição
da Circunferência à Altura do Peito (CAP), a Altura Comercial e Altura Total de cada
árvore, e realizados os cálculos volumétricos em metros cúbicos e estéreo de lenha
existentes nas duas áreas do empreendimento (Fases 1 e 2), com os procedimentos
necessários para corte ou transplante das mesmas (Mapa1).
Para análise das espécies ameaçadas de extinção, endêmicas ou
vulneráveis, possíveis de serem encontradas no levantamento da vegetação da AID e
ADA do Complexo Portuário Seaport, foi realizada por meio de consulta aos
seguintes documentos:

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 Portaria IBAMA 37-N/1992, a qual publica a Lista de Espécies da Flora
BrasileiraAmeaçadas de Extinção;
 Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente N° 05, de 30/07/2008, a
qual publica as Listas das Espécies Incluídas na Convention on International
Trade in Endangered Species (Convenção sobre o Comércio Internacional de
Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção) – CITES;
 Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente N° 06, de 23/09/2008, a
qual publica a Lista de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção e às
espécies com dados insuficientes;
 Lista da Flora Ameaçada de Extinção com Ocorrência no Brasil, publicada pela
International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) - IUCN -
www.biodiversitas.org.br/listasmg/iucn.pdf. Acessado em 20/07/2014;

Além destas premissas, este estudo do inventário florestal,


levantamento florístico e fitossociológico seguiu as diretrizes da legislação vigente a
cerca da vegetação do empreendimento, e foi realizada por meio de consulta aos seguintes
documentos:
 Resolução N.391, de 25 de junho de 2007, que define a vegetação primária e
secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata
Atlântica no Estado da Paraíba;
 Resolução N. 439, de 30 de dezembro de 2011 que aprova a lista de espécies
indicadoras dos estágios sucessionais de vegetação de Restinga para o Estado da
Paraíba.
 Lei n.º 6.002 de 29 de dezembro de 1994, que institui o Código Florestal do
Estado da Paraíba, e dá outras providências;

Assim, conforme solicitação da SUDEMA em ambos os Termos de


Referência do Processo N. 2013-005699/TEC/LP-1797do Terminal de Múltiplos Usos
do Porto de Cabedelo, e tendo em vista que a Mata Atlântica é um dos ecossistemas
mais antropizados do Bioma Costeiro ou Atlântico, este trabalho buscou registrar e
reconhecer com maior acuracidade o "status" das duas principais tipologias florestais
ocorrentes na área do futuro empreendimento e comparar estes dois principais ambientes

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Fitoecológicos (Ecótonos) de Formações Pioneiras (Restingas e Manguezais) em relação
às espécies arbóreas existentes e a produção madeireira, as quais à séculos sofrem
intervenção humana, e hoje em estágio de Vegetação Secundária, e muito degradadas
nestas últimas três décadas.
Com base nestes instrumentos e considerações, o principal objetivo
deste estudo foi a realização do Levantamento Florístico e Fitossociológico do
componente florestal, bem como o dendrométrico de duas áreas em domínio de Mata
Atlântica Secundária, além da determinação do volume de madeira e a correspondente
biomassa lenhosa, visando o diagnóstico para futura implantação do Complexo
Portuário Seaport com uma área total de 34,78 hectares, no entanto, representados deste
total por somente 127 árvores frutíferas exóticas e nativas já existentes em área urbana
consolidada nas Fases 1 e 2 do empreendimento com componente florestal e
rendimento lenhoso, onde foi realizado o Censo Florestal - Inventário Florestal
100% -(Mapas 1).

4.2.1.2 - Diagnóstico Ambiental da Área de Influência Indireta (AII)


Flora Período Úmido
4.2.1.2.1 - Vegetação na Área de Influência Indireta (AII)

A fim de obter um panorama geral da cobertura vegetal da Área de


Influência Indireta (AII) do Complexo Portuário Seaport, representada pela Bacia
Hidrográfica do Rio Paraíba, e de permitir a identificação e espacialização dos elementos
que mais se destacam na paisagem atual, foram identificados os principais tipos de
vegetação que ocorrem na região. Para tal, a área ocupada pela Bacia do Rio Paraíba foi
delimitada nos mapas de vegetação do Projeto RADAMBRASIL (Brasil, 1.982) e do
MMA/IBAMA/PROBIO (Brasil, 2007/2012), AESA (2014) e INPE (2014).
Além destes mapas de vegetação (Mapas 1 a 7 e Inventário Florestal -
Mapa 1 e 2) na Área de influência Direta (AID) foi realizado o mapeamento da cobertura
vegetal atual da Área de Influência Indireta (AII) do Complexo Portuário Seaport por
meio da interpretação de imagens de satéliteEsri, DigitalGlobe, GeoEye, i-cubed, USDA,
USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP, Swisstopo and the GIS User Community
recentes (cobertura de 2012), ampliadas na escala 1:10.000, que abrangiam parte da Bacia

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do Rio Paraíba. Este procedimento permitiu a determinação e a comparação dos limites
das áreas de vegetação nativa com as áreas antropizadas.
Após a interpretação preliminar das imagens de satélite, foram
realizadas operações de campo, com sobrevôo e reconhecimento de alguns trechos em
terra. Seguiu-se a reinterpretação das imagens e a integração entre as fisionomias, os
dados dos levantamentos de campo com as informações da literatura consultada.
A delimitação das manchas de cada tipo de vegetação foi realizada em
função das características verificadas em campo e de padrões observados nas imagens de
satélite e nas fotos aéreas. As manchas foram delimitadas de acordo com o padrão
dominante em cada polígono, uma vez que na mesma mancha ou polígono podiam
ocorrer clareiras e trechos com fisionomias distintas, em porções reduzidas e não
mapeáveis.
A classificação da cobertura vegetal na paisagem da AII foi realizada de
acordo com a origem ou região fitoecológica, a fisionomia e o uso do solo. Desta forma,
os diferentes tipos de vegetação nativa foram inicialmente separados ou agrupados de
acordo com a fisionomia florestal, manguezal ou de campos salinos/aluviais.
Posteriormente, foram analisadas semelhanças e diferenças estruturais nas formações
vegetais agrupadas em cada uma das categorias fisionomias, as quais permitiram
estabelecer a classificação apresentada neste relatório.
A nomenclatura utilizada na classificação da vegetação foi adaptada da
adotada no Levantamento da Vegetação do PROBIO do Estado da Paraíba (MMA
2.007/2012), a qual foi baseada no sistema de classificação fitogeográfico adotado pelo
Projeto RADAMBRASIL (Brasil, 1.982) e pelo IBGE (1.992).
Por meio da análise deste mapeamento, das campanhas de campo e de
dados secundários obtidos em bibliografia sobre o Estado da Paraíba e para a região da
Área Estuarina e Fluviomarinha do Baixo Rio Paraíba, foram realizadas caracterizações
gerais da vegetação regional e da paisagem na Área de Influência Indireta (AII) do
Complexo Portuário Seaport.
Sabe-se que o futuro Complexo Portuário Seaport, encontra-se em
área de Domínio de Mata Atlântica sensu lato, que segundo (Joly et al. 1999), a segunda
maior floresta tropical do continente americano (Tabarelli et al. 2005). A maior parte
dos Sistemas de Classificação da Vegetação brasileira reconhece que no Domínio
Atlântico (sensu Ab'Saber 1977) esse bioma pode ser dividido em dois grandes grupos: a
Floresta Ombrófila Densa, típica da região costeira e das escarpas serranas com alta

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pluviosidade (Mata Atlântica - MA - sensu stricto), e a Floresta Estacional Semidecidual,
que ocorre no interior, onde a pluviosidade, além de menor, é sazonal. Na região costeira
podem ocorrer também Manguezais (Schaeffer-Novelli 2000), ao longo da foz de rios de
médio e grande porte, e as Restingas (Scarano 2009), crescendo sobre a planície costeira
do quaternário.
Em 2002, a Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2002) realizaram um levantamento que indica
que há apenas 7,6% da cobertura original da Mata Atlântica (s.l.). Mais recentemente
Ribeiro et al. (2009) refinaram a estimativa incluindo fragmentos menores, que não
haviam sido contabilizados, e concluíram que resta algo entre 11,4 e 16% da área
original. Mesmo com esta fragmentação, o mosaico da Floresta Atlântica brasileira
possui um dos maiores níveis de endemismos do mundo (Myers et al. 2000) e cerca da
metade desses remanescentes de grande extensão estão protegidos na forma de
Unidades de Conservação (Galindo & Câmara 2005).
Segundo Hirota (2003), parte dos remanescentes de MA está no estado
de São Paulo, onde cerca de 80% de sua área era coberta por florestas (Victor 1977)
genericamente enquadradas como Mata Atlântica "sensu lato" (Joly et al. 1999). Dados de
Kronka etal. (2005) mostram que no estado restam apenas 12% de área de mata e menos
do que 5% são efetivamente florestas nativas pouco antropizadas. Nos 500 anos de
fragmentação e degradação das formações naturais, foram poupadas apenas as regiões
serranas, principalmente a fachada da Serra do Mar (RJ/SP/PR e SC), por serem
impróprias para práticas agrícolas.
Para o Complexo Portuário Seaport, onde se instalará o
empreendimento com 34,78 hectares, na bacia do Rio Paraíba, drena uma área de
14.387,35 km2,e intercepta 37 municípios do Estado da Paraíba. Apresenta um
comprimento de 380 km de extensão, dividindo-se na Bacia do Alto Paraíba com 114,5
km, Bacia do Médio Paraíba com 155,5 km e Bacia do Baixo Paraíba com 110,0 km
(Gualberto 1997 apud NEPREMAR, 1980 e apud GUEDES, 2002).
Na Bacia do Baixo Paraíba, feições tipicamente estuarinas são
observadas desde Bayeux até a foz do rio, em Cabedelo, numa distância aproximada de
20 km. Está porção estuarina é margeada por uma vegetação de mangue em quase toda a
sua extensão e possui sete tributários, quatro pela margem esquerda (Rios Paroeira, Tiriri,
Ribeira e da Guia), e três pela margem direita (Rios Sanhauá, Tambiá e Mandacarú), os
quais contribuem com aporte de água superficial de baixa salinidade, que carreia

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materiais erodidos, detritos domésticos e/ou industriais (Guedes, 2002).
A área objeto de estudo da Área de Influência Indireta (AII), abrange
uma superfície total de 130.012 hectares (1300,123 km2) e envolve 5 municípios: João
Pessoa, Bayex, Santa Rita, Cabedelo e Lucena, que constituem a região Submetropolitana
de João Pessoa e Pertencem a Mesorregião da Mata Paraibana.
O uso e ocupação do Estuário do Rio Paraíbasão antigos, datando do
processo inicial de colonização. A posição estratégica, na entrada da mais importante via
de penetração fluvial em direção ao interior, foi fundamental para a ocupação inicial do
espaço paraibano, tendo se constituído, inclusive, no primeiro território submetido ao
processo de colonização estadual. Sua proximadade à capital e ao porto de Cabedelo,
principal Porto do Estado, foram fatores decisivos para o avanço sobre este das cidades
que compõem a malha submetropolitana de João pessoa, e do outro, a cana-de-açúcar,
base de assentamento do processo de colonização, desde os primórdios da instalação dos
primeiros engenhos no Município de Santa Rita (Guedes, 2002).
Referindo-se à Mata Atlântica, Vasconcelos Sobrinho (1970) afirmou
que, estudando-a em sua presença no Nordeste, constatamos, já em 1941, duas
diferenciações acentuadas, que denominamos Mata Úmida e Mata Sêca, diversificadas
por algumas poucas espécies que lhes são peculiares mas, principalmente, por ser a Mata
Úmida caracteristicamente perenifólia, enquanto que a Mata Sêca é semi-caducifólia,
perdendo as árvores quase todas as folhas na estiagem, além de serem mais altas e de
menor diâmetro que na Mata Úmida.
As espécies comuns às duas formações são numerosíssimas, porém,
variando a freqüência de uma para outra. A Mata Seca estende-se desde o Rio Capibaribe,
em Pernambuco, para o norte. Nos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba a mata
era descontínua, pois ocupava apenas os terrenos aluviais quaternários das várzeas,
enquanto os terrenos mais arenosos e ressecados dos interflúvios eram ocupados por uma
variedade de cerrado, regionalmente chamada de vegetação de “tabuleiro” (não confundir
com a “Floresta de Tabuleiros”, nome atribuído à Hiléia Baiana por Rizzini, 1979). Já a
partir do Estado de Pernambuco ela passava a ser contínua, com raras interrupções.
Outro ponto importante sobre a questão de paisagens é sobre a
classificação de áreas de formações pioneiras, que determinam a predominância de
determinadas espécies. Neste sentido, ao longo do litoral, bem como nas planícies fluviais
e mesmo ao redor das depressões aluvionares (pântanos, lagunas e lagoas), ocorrem
frequentemente terrenos instáveis cobertos de vegetação, em constante sucessão. Trata-se

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de uma vegetação de primeira ocupação de caráter edáfico, que ocupa os terrenos
rejuvenescidos pelas seguidas deposições de areias marinhas nas praias e restingas, as
aluviões fluviomarinhas nas embocaduras dos rios e os solos ribeirinhos aluviais e
lacustres. São estas as formações que se consideram como pertencendo ao “Complexo
Vegetacional Edáfico de Primeira Ocupação (Formação Pioneiras)” (Veloso, IBGE,
1992).
A designação vegetação edáfica de primeira ocupação prende-se assim a
uma tentativa de conceituar comunidades localizadas, sem ligá-las prioristicamente às
regiões clímaces, pois a vegetação que ocupa uma área com solo em constante
rejuvenescimento nem sempre indica estar a mesma no caminho da sucessão para o
clímax da região circundante. São exemplos, a vegetação de orla marítima e dos pântanos,
ambas, semelhantes entre si, em qualquer latitude ou longitude do País, sempre com
plantas adaptadas aos parâmetros ecológicos do ambiente pioneiro. Isto talvez sugira a
causa de estarem estas comunidades ligadas às famílias e gêneros do universo tropical,
seja através da dispersão de seus ecótipos ou seja através da adaptação ao ambiente
especializado tropical, cujos fatores limitantes, em geral, determinam ecótipos dos
gêneros: Remiria das praias, Rhizophora e Avicennia dos manguezais e Thypha das áreas
pantanosas (Veloso, IBGE, 1992).
Segundo Cunha (2014), no Nordeste, Florestas Estacionais ocorrem na
transição entre a Mata Atlântica costeira e a Caatinga interiorana ou na zona semi-árida
nos cumes das serras, as Florestas Montanas. Estudos florísticos apontam baixa
similaridade entre Florestas Montanas no Nordeste, e os fragmentos resultantes das
mudanças climáticas passadas contêm subconjunto de espécies, sob diferentes condições
físicas, modulando as diferenças florísticas. A comparação entre floras mostra maior
semelhança com a proximidade entre si e baixa similaridade com a vegetação da
Caatinga. Ainda segundo o mesmo autor (2014), as relações entre as Florestas Estacionais
Semidecíduas Montanas e de Terras Baixas, Ombrófilas Montanas e de Terras Baixas e a
Caatinga ainda permanecem em aberto, com poucas relações florísticas detectadas.
A fim de complementar as lacunas a respeito do conhecimento acerca da
cobertura vegetal tanto na área de AII, como também na AID, foram utilizados dados
secundários presentes em estudos de mestrados, doutorados, monografias e artigos
científicos de diversas universidades, simpósios, encontros, reuniões e revistas
especializadas, os quais, realizados na mesma região do empreendimento, como os de:
Souza (2000); Guedes (2002); Pontes (2006); Pereira (2009); Silva (2010); Ataíde (2010);

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Neves (2010); Alves (2011), Amazonas (2011); Cunha (2014), entre outros.

4.2.1.3 - Diagnóstico Ambiental da Área de Influência Direta (AID)

Os levantamentos de campo foram realizados em quatro paisagens


distintas da AID: (1) (Fotos 108, 109, 110 e 111) na Planície Estuarina e Fluviomarinho
do Rio Paraíba, nos municípios de Santa Rita, Lucena, João Pessoa, Bayex e Cabedelo da
localidade denominada foz do Rio Paraíba, em ambas as margens direita e esquerda; (2)
nas Ilhas da Restinga e de Stuart, nos mesmos municípios e, (3) nas áreas de mangue e
Campos Salinos e Aluviais, presentes tanto no continente como nas ilhas nos mesmos
municípios na AID; e (4) nas áreas arenosas do continente em ambiente com presença de
palmeiras e plantas halófitas sob influência marinha.

Figura 108. Vista aérea da futura área do Complexo Figura 109. Vista aérea na Planície Estuarina e
Portuário à margem direita do Rio Paraíba no Fluviomarinho da foz do Rio Paraíba, nos
município de Cabedelo (PB), em área urbanizada municípios de Santa Rita, Lucena e Cabedelo, em
(Imagem: Dirceu Tortorello) / Real Consultoria. ambas as margens direita e esquerda, parte da Ilha
da Restinga dominadas por manguezais e campos
salinos/aluviais, em áreas arenosas com presença de
palmeiras e plantas halófitas sob influência marinha
(Imagem: Dirceu Tortorello) / Real Consultoria.

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Figura 110. Outra vista aérea na Planície Estuarina e Figura 111. Outra vista da aérea na Planície
Fluviomarinho da foz do Rio Paraíba. Ao fundo os Estuarina e Fluviomarinho da foz do Rio Paraíba.
municípios de Lucena (Enseada) e Santa Rita Em primeiro plano a Área de Preservação
(Fundos Rio da Guia) dominadas por vegetação de Ecológica Mata do Estado (APEME - U.C.)
manguezais e campos salinos, em áreas arenosas dominada por vegetação de Restinga, e a Ilha da
com presença de palmeiras e plantas halófitas sob Restinga, Ilha de Stuart e aos fundos o Distrito de
influência marinha, e em primeiro plano o município Forte Velho, dominado por vegetação de Restinga,
de Cabedelo em península estuária totalmente manguezais e Campos Salinos/Aluviais, em áreas
urbanizada e Arecifes do Parque Estadual Marinho arenosas com presença de palmeiras e plantas
de Areia Vermelha - PEMAV (Imagem: Dirceu halófitas sob influência marinha, nos municípios de
Tortorello) / Real Consultoria. Cabedelo e Santa Rita (Imagem: Dirceu Tortorello)
/ Real Consultoria.

Figura 112. Outra vista aérea na Planície Estuarina e Figura 113. Outra vista aérea na da foz do Rio
Fluviomarinho da foz do Rio Paraíba. Em primeiro Paraíba em AII e AID no município de Cabedelo
plano o município de Cabedelo em península (PB) e a área onde será implantado o Complexo
estuária totalmente urbanizada e Arecifes do Parque Portuário, contíguo ao existente e em península
Estadual Marinho de Areia Vermelha – PEMAV, estuária totalmente urbanizada, dominadas por
Área de Preservação Ecológica Mata do Estado vegetação de Restinga e Manguezal (Imagem:
(APEME - U.C.) Ilhas da Restinga e Stuart, Dirceu Tortorello) / Real Consultoria.
dominadas por vegetação de Restinga, Manguezal,
Campos Salinos/Aluviais e plantas halófitas em área
de AII e AID (Imagem: Dirceu Tortorello) / Real
Consultoria.

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No contexto de paisagens e Mata Atlântica, em que foram amostrados e
mensurados o componente florestal da vegetação em todos os seus ambientes na Área de
Influência Direta (AID) do futuro empreendimento com área de abrangência de 16.583
hectares, é importante caracterizar a tipologia florestal da AID, em que verificou-se
diversas espécies de vegetação com influência marinha (Restingas), vegetação com
influência fluviomarinha (Manguezal e Campo Salino), além da vegetação de Tabuleiro,
pois sabe-se que a vegetação da Região Nordeste, ao norte do Rio São Francisco, há
muito tempo, botânicos e geógrafos reconheceram a existência de dois padrões diferentes
de floresta tropical (Vasconcelos Sobrinho -1970, p. 61- apud Pereira (2009).
No limite da AID, no trecho sul no Município de Santa Rita, os
levantamentos foram realizados basicamente na Ilha de Stuart, formada por sedimentos
Farenozóicos-Cenozóicos não-consolidados. Conquanto a planície Flúvio-Marinha limite
em alguns pontos a mancha urbana metropolitana em ambos os municípios de Cabedelo e
Lucena, o padrão de ocupação é predominantemente rural no município de Santa Rita,
ocupadas por culturas de cana-de-açúcar, macaxeira, inhame, milho, etc. Remanescentes
florestais são comuns, embora fragmentários e entremeados por campos antrópicos e
bairros residenciais de padrão precário a popular. Os campos úmidos de parte da planície
Flúvio- Marinha, sobretudo em Santa Rita e Lucena são utilizados como pastagens
(Figuras 114,115).

Figura 114. Vista da Ilha de Stuart à esquerda, e a direita Figura 115. Vista da vegetação dominada por
no continente, a comunidade da Ribeira, em Planície mangue, palmeiras e culturas agrícolas
Estuarina e Fluviomarinho da foz do Rio Paraíba no predominante na frente da Ilha de Stuart no
município de Santa Rita, formada por sedimentos continente na comunidade de Ribeira na zona rural
Farenozóicos-Cenozóicos não-consolidados, e dominada
por vegetação de Mangue em área de AID. A direita da Ilha
do município de Santa Rita na área de
de Stuart do lado esquerdo Rio Paraíba à jusante, verifica-se AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).
as margens do Rio a predominância de manguezal e áreas
dominadas por palmeiras e culturas agrícolas em zona rural.
(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

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Em Cabedelo, os trabalhos de campo concentraram-se na Ilha da
Restinga e Manguezais na margem direita à jusante do Rio Paraíba, em áreas onde o
padrão de ocupação é predominantemente urbana e no caso da Ilha da Restinga, metade
da área da União e a outra metade propriedade particular. No primeiro caso, foi realizado
um Censo Florestal (Inventário Florestal 100%) das árvores existentes na área de 8.264
m2 do Grupo Seaport, na Fase 1, hoje ocupada pelas atividades portuárias, e vegetação
predominantemente de frutíferas exóticas. Na área contígua ao atual empreendimento, o
qual em fase de aquisição (Fase 2), também foi realizado um Censo Florestal (Inventário
Florestal 100%) nas áreas denominadas de Marineide Teotônio e Nossa Senhora
Aparecida, com ausência em toda área de remanescentes florestais e dominado somente
por coqueiros e espécies frutíferas exóticas (Figuras 116, 117, 118 e 119).

Figura 116. Vista aérea da futura área do Complexo Figura 117. Vista aérea da atual área do Complexo
Portuário na margem direita à jusante do Rio Paraíba Portuário (Galpões e Trapiche – Fase 1) na
em área urbanizada no município de Cabedelo (PB) margem direita à jusante do Rio Paraíba, em área
onde foi realizado o Censo Florestal - Inventário urbanizada no município de Cabedelo (PB), em
Florestal 100%. Na parte superior, a área atual do que foi realizado o Censo Florestal - Inventário
Grupo Seaport (Fase 1) e abaixo as comunidades de Florestal 100% (Imagem: Dirceu Tortorello) / Real
Marineide Teotônio e Nossa Senhora Aparecida, em Consultoria.
processo de aquisição para o futuro Complexo
Portuário na Fase 2 (Imagem: Dirceu Tortorello) /
Real Consultoria.

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Figura 118. Vista da área interna do Grupo Seaport Figura 119. Outra vista da futura área do
às margens do Rio Paraíba. Ao fundo do terreno, o Complexo Portuário (Fase 2) na margem direita à
domínio da vegetação por árvores de grande porte de jusante do Rio Paraíba em área urbanizada no
mangueiras (Mangifera indica), espécie frutífera município de Cabedelo (PB) onde também foi
exótica, levantada no Censo Florestal (Inventário realizado um Censo Florestal - Inventário Florestal
Florestal 100%).Imagem:(Imagem: Marcelo Santos, 100%. Na imagem, detalhe da invasão da área da
2015) SPU pelas comunidades de Marineide Teotônio e
Nossa Senhora Aparecida, em fase de aquisição do
futuro Complexo Portuário na Fase 2.(Imagem:
Marcelo Santos, 2015)

No segundo caso, em relação ao ambiente da Ilha da Restinga, foram


realizados levantamentos florísticos e fitossociológicos em ambas as margens da Ilha,
dominadas exclusivamente por Rizophora mangle (mangue vermelho) - manguezais e no
seu interior, predominam florestas desenvolvidas de Restinga, que recobrem maior parte
da ilha sustentados pelos sedimentos Farenozóicos-Cenozóicos e unidades correlatas. Os
remanescentes florestais, extensos, formam um continuum em áreas de manguezais que se
estendem nas bordas e entremeios da ilha, bem como na margem direita do Rio Paraíba à
jusante e à montante, muito além da AID (Figuras 120 à 125) .

Figura 120. Vista da Ilha da Restinga ao fundo, em Figura 121. Vista da vegetação predominante na
Planície Estuarina e Fluviomarinho no meio da foz do frente da Ilha da Restinga ao continente no
Rio Paraíba no município de Cabedelo, formada por município de Cabedelo, dominada por mangue, e

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sedimentos Farenozóicos-Cenozóicos não- palmeiras. A atual residência existente é a única
consolidados, e dominada por vegetação de mangue na na Ilha da Restinga a mais de 30 anos, em área de
área de AID. (Imagem: Marcelo Santos, 2015) propriedade particular.(Imagem: Marcelo Santos,
2015)

Figura 122. Outra vista da Ilha da Restinga, em Figura 123. Vista da vegetação mais preservada
Planície Estuarina e Fluviomarinho no meio da foz do de Restinga predominante na parte interior em
Rio Paraíba no município de Cabedelo, formada por terrenos mais elevados da Ilha da Restinga, onde
sedimentos Farenozóicos-Cenozóicos não- foram selecionadas para amostragem do
consolidados, e dominada por vegetação de mangue na inventário florestal no período úmido na área de
área de AID. Ao fundo da imagem o atual porto de AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015)
Cabedelo.(Imagem: Marcelo Santos, 2015)

Figura 124. Outra vista do interior da Ilha da Figura 125. Outra vista de um representante
Restinga, em Planície Estuarina e Fluviomarinho e a arbóreo de grande porte com mais de 150 cm de
formação de lagos e lagoas de inundação estacional Diâmetro de Cirfunferência à Altura do Peito
(sazonais) em função das marés e volumes do Rio (DAP) da vegetação mais preservada de Restinga
Paraíba. São Campos Salinos, no qual somente predominante na parte interior em terrenos mais
espécies do mangue e aquáticas especializadas elevados da Ilha da Restinga, onde foram
sobrevivem em ambiente salobro (255 ha), tais como: selecionadas para amostragem do inventário
Remiria das praias, Rhizophora e Laguncungaria dos florestal no período úmido na área de
manguezais e Thypha, entre outras, das áreas AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015)
pantanosas na área de AID.(Imagem: Marcelo
Santos, 2015)

Os levantamentos dos remanescentes florestais, florísticos e


fitossociológicos foram mais intensificados nos municípios de Cabedelo (31,42 km2) e
Lucena (89 km2). No caso dos Municípios de Bayeux (32 km2) e Santa Rita (726 km2), a
sul e oeste do empreendimento e da AID os levantamentos foram desenvolvidos junto a

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orla do lado oeste do Rio Paraíba, e afluentes, como a foz do Rio da Guia e parte da Ilha
da Stuart em localidades homônimas, em remanescentes florestais e de mangue em
estágio inicial e médio de regeneração. No entanto, em ambas as margens do Rio Paraíba,
as Ilhas de Stuart e Restinga, em todos os municípios são dominados exclusivamente por
vegetação de Rizophora mangle (mangue vermelho) – manguezais, e que recobrem parte
expressiva da Planície Estuarina e Fluviomarinho do Rio Paraíba, formada por
sedimentos Farenozóicos-Cenozóicos não-consolidado. Como no caso anterior,
prolongam-se para o sul, além da AID, onde a ocupação é mais rarefeita, e mantêm
conexões com remanescentes florestais de contínuos de Rizophora mangle (mangue
vermelho) – manguezais (Figuras 126 à 131).

Figura 126. Vista aérea da vegetação predominante Figura 127. Vista do Distrito de Forte Velho, no
ao longo dos cursos d´água, em que os municípios de município de Santa Rita, com área urbanizana no
Lucena a esquerda da imagem, Santa Rita a direita e meio rural com atividade agrícola dominada por
ao fundo a Ilha da Restinga (Cabedelo), se encontram cana-de-açúcar e coqueiros entre outras culturas
na foz do Rio da Guia (Lucena e Santa Rita) com o próximas as Áreas de Preservação Permanente
Rio Paraíba, em Planície Estuarina e Fluviomarinho, (APP´s), e ao longo do Rio Paraíba, as suas
dominadas em ambas as margens exclusivamente por margens, o domínio de vegetação exclusiva de
Rizophora mangle (mangue vermelho) – manguezais Rizophora mangle (mangue vermelho) –
em ambiente salobro e inundável (956 ha) na área de manguezais em ambiente salobro e inundável (956
AID.(Imagem: Dirceu Tortorello) / Real Consultoria. ha) na área de AID.(Imagem: Marcelo Santos,
2015).

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Figura 128. Vista ao fundo da Ilha da Stuart e limite Figura 129. Vista do Porto de Cabedelo ao fundo
sul da AID, no município de Santa Rita, e o domínio e; do lado direito a Ilha da Restinga e a esquerda a
de vegetação exclusiva de Rizophora mangle (mangue ponta da foz do Rio da Guia em Lucena, entre área
vermelho) – manguezais em ambiente salobro e urbana e ao longo da margem esquerda do Rio
inundável na área de AID. Na imagem a travessia de Paraíba, com dominínio de vegetação de
barco público de transporte popular entre os Rizophora mangle (mangue vermelho) –
municípios de Cabedelo e Santa Rita na Comunidade manguezais em ambiente salobro e inundável (956
do Ribeira.(Imagem: Marcelo Santos, 2015). ha) na área de AID.(Imagem: Marcelo Santos,
2015).

No limite leste da AID, na área do Oceano Atlântico, a equipe de Fauna


realizou os levantamentos de campo, onde foram realizados os estudos e amostragens no
entorno e na área do Parque Estadual de Areia Vermelha (PEAM) com 230 hectares, o
qual dista a cerca de 1 km da malha urbana metropolitana, na praia de Camboinha.
Neste contexto, em relação à flora, embora as florestas naturais já
bastante alteradas sejam extensas, são compostas de vegetação exclusiva de Rizophora
mangle (mangue vermelho), e dominam a paisagem em quase toda a AID. Elas estão
praticamente isoladas, e ora contíguas de outras florestas desenvolvidas, ou restritas entre
o avanço das manchas urbanas e rurais de todos os municípios, ocupando uma área de
1.222 hectares dos 16.583 hectares totais da AID, representando assim um total de 7,14
%.
Já em relação as outras tipologias da vegetação, tais como: Restinga,
Palmeiras, gramíneas, árvores isoladas e halófitas, além das duas (2) Unidades de
Conservação (Área de Preservação Ecológica Mata do Estado – APEME – e o Parque
Estadual Marinho de Areia Vermelha - PEMAV), ocupam juntas 1.185 hectares dos
16.583 hectares totais da AID, representando um total de 7,014 %. Somando todas as
tipologias florestais com as duas Unidades de Conservação, há uma ocupação
vegetacional de somente 14,28% em toda a área da AID.

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Vale destacar, que são, além disso, entremeadas por bairros residenciais
de padrão precário e, portanto, estão sob forte pressão antrópica, tanto em área urbana,
como em área rural em ambos os municípios.
Em relação as duas (2) Ilhas, Restinga e Stuart, verifica-se a forte
pressão antrópica por várias evidências de retirada de madeira, uso da vegetação para
ulização na pesca artesanal, além da presença de gado na Ilha da Restinga, o que vêm
acelerar o processo de diminuição regeneração natural destes ecossistemas, sensíveis e
singulares na região.

4.2.1.4 - Mapeamento da Cobertura Vegetal


4.2.1.4.1 -Distribuição e Classificação da Vegetação (Mapeamento das
Formações vegetaisao longo da AID e ADA)

A distribuição da cobertura vegetal da Área de Influência Direta (AID)


é apresentada nos Mapas 1 a 7 (Fitofisionomias) e Mapas 1 e 2 (Inventário Florestal),
em escala 1:10.000. O mapeamento apoiou-se no exame de fotografias aéreas recentes
(Dirceu Tortorello, 2014), com aproximadamente 60% de sobreposição (pares
estereoscópicos). Os padrões identificados nas fotografias foram verificados em vários
sobrevôos realizados na AID.
O detalhamento da cobertura vegetal no trecho nas áreas destinadas ao
Complexo Portuário SEAPORT, as quais somam 7,51 hectares no continente, dos
34,78 hectares com inclusão das plataformas nas fases 1 e 2, são denominadas como Área
Diretamente Afetada (ADA) deste futuro empreendimento. Estão localizadas próximas a
atual instalações portuárias do próprio Grupo, com 1,39 hectares, no Município de
Cabedelo, Estado da Paraíba. A área de abrangência da Área de Influência Direta (AID)
abrange 3 municípios e somam 16.583 hectares.
Além das fotografias aéreas, utilizou-se imagens geradas por satélite
Esri, DigitalGlobe, GeoEye, i-cubed, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN,
IGP, Swisstopo and the GIS User Community de 2012, cedidas pelo cliente.
Adicionalmente, foram plotadas os Layers dos Projetos Executivos do
Complexo Portuário SEAPORT em escala 1:1.250, e ortogonalizadas conforme
Coordenadas em imagens Satélite SGR – SAD 2009, 2013.

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Após a interpretação preliminar das imagens de satélite (2012) e
Projetos Executivos (04/2013), foram realizadas observações de campo no período úmido
desta primeira campanha em terra e nos rios Paraíba e seus 7 rios tributários na Bacia
Hidrográfica, existentes na área de influência direta (AID) entre os dias 26 de Junho e 05
de Julho de 2014 para um melhor detalhamento das fitofisionomias da vegetação.
Seguiu-se a reinterpretação das imagens e a integração entre as fitofisionomias, os
dados dos levantamentos de campo com as informações da literatura consultada.
A delimitação e a classificação dos polígonos (áreas) ocupados pelos
diferentes tipos de cobertura vegetal na AID e ADA foram realizadas em função de
características verificadas em campo e de padrões observados nas imagens de satélite.
Para a classificação, adotou-se o padrão dominante em cada polígono delimitado no
mapeamento, uma vez que na mesma mancha ou polígono podiam ocorrer clareiras e
trechos com fisionomias distintas, em porções reduzidas e não mapeáveis.
Assim, a classificação das áreas de vegetação nativa foi agrupada
inicialmente de acordo com a fisionomia florestal, aluvial ou campestre. A análise mais
detalhada das características florísticas, fisionômicas e estruturais da vegetação revelou
sub-formaçõesdentro de cada uma das categorias fisionômicas iniciais. No entanto, a
descrição do mapeamento culminou com a apresentação dos cinco principais grupos para
análise da florística, fitofisionomia e características estruturais da vegetação.
Considerando o Termo de Referência de Outubro de 2013 (SUDEMA), além do Termo
de Referência de Março de 2014 (SUDEMA - Fauna), para o levantamento da vegetação
arbórea (florestal), foi realizado uma amostragem de todos os indivíduos dentro das
parcelas, e levou-se em consideração somente indivíduos com Circunferência a Altura do
Peito (CAP)  15 cm.
Além do levantamento da vegetação arbórea, para um maior detalhamento, e pela
existência de diferentes tipos de fitofisionomias e singularidade dos habitats,foi realizado um extenso
levantamento florístico em 37 pontos estratégicos em todas as tipologias da vegetação e foram inclusas
também espécimes arbustivas, subarbustivas, herbáceas, epífitas e lianas, que foram registradas dentro de
cada parcela amostral em todos os ambientes. Conforme afirmado, devido as singularidades
vegetacionais e para uma melhor análisedos componentes da vegetação e seu detalhamento, embora
retirado do Termo de Referência de Março de 2014 (SUDEMA - Fauna) a obrigatoriedade
deste levantamento florístico pela SUDEMA, realizou-se um levantamento florístico em
todas as espécimes que estavam em floração ou frutificação nas diferentes fitofisionomias

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existentes na área da AID nos 3 municípios, em que foram registrados fotograficamente, e
que encontram-se no Anexo deste estudo.
A nomenclatura utilizada para denominação dos diferentes tipos de
vegetação baseou-se no sistema de classificação fitogeográfico adotado pelo Projeto
RADAMBRASIL (Brasil, 1982) e Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE,
1992).
Este mapeamento permitiu a discriminação exata das principais
formações fitofisionômicas nativas presentes na AID e evidenciou parte do grande
mosaico vegetacional existente no entorno do futuro Complexo Portuário SEAPORT,
localizados em região de Planície Estuarina e Fluviomarinho da Foz do Baixo Rio
Paraíba no Estado da Paraíba, já que na área proporiemente dita da implantação das
Fases 1 e 2 do empreendimento foram identificados somente árvores de grande porte,
no entanto, a maioria de espécies frutíferas nativas ou exóticas, em área de totalmente
urbanizada e dentro de duas comunidades sub-anormal na Fase 2 do empreendimento.
Desta forma, apresenta-se a distribuição espacial das diversas
formações vegetais identificadas na AID, bem como nas áreas definidas como Área
Diretamente Afetada (ADA), que englobam as áreas destinadas para plataformas, canteiro
de obras, área de movimentação de máquinas, acessos, 30 silos, torre de controle, pátio
de estocagem de contêineres, hangar, dragagem do canal de acesso etc, as quais
localizadas próximas asinstalações atuais da empresa SEAPORT, no Município de
Cabedelo/PB.
Com o cruzamento das informações provenientes do inventário
florestal, levantamento florístico e fitossociológico realizado e as imagens de satélite de
alta definição e os Layers dos Projetos Executivos do Complexo Portuário
SEAPORT, foi possível o mapeamento detalhado das formações vegetais existentes na
AID em relação ao empreendimento com suas estruturas de implantação, o que
possibilitou a quantificação precisa das intervenções por tipologia vegetal. A
classificação dos remanescentes não visitados em campo foi apoiada em sua estreita
relação com os tipos de terreno e os padrões apresentados pela imagem de satélite no caso
dos remanescentes visitados (Mapas 1 a 7 – Fitofisionomias e 1 e 2 Inventário Florestal).
Assim, ao final dos estudos a caracterização da cobertura vegetal foi
realizada por meio do levantamento de dados primários e secundários, contemplando o
mapeamento das fitofisionomias presentes, o inventário florestal, levantamento florístico e

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fitossociológico realizados nas formações representativas da vegetação, e as vistorias de
campo.
Embora o empreendimento não intervirá em qualquer fitofisionomia
existente dentro da AID por estar em zona urbana do município de Cabedelo, na área da
ADA foi realizado um Censo Florestal (Inventário Florestal 100%) de todos os indivíduos
arbóreos existentes, tanto na Fase 1 como na Fase 2 do empreendimento, em que foram
mensurados a Circunferência à Altura do Peito (CAP), a altura e registradas
fotograficamente e individualmente cada espécime arbóreo, e demarcadas em campo com
os Layer´s dos Projetos Executivos e imagens satélite através de GPS (Garmin 12 MAP)
as Coordenadas UTM e Datum SIRGAS, 2000, Zona 25 S.
O estudo da vegetação baseou-se no maior número de informações e
levantamentos possíveis, buscando atender a solicitação da Superintendência de
Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba (SUDEMA), cujo objetivo é o
levantamento nos diferentes tipos fitofisionômicos de vegetação, assim como nas áreas
de transição, considerando aspectos qualitativos e quantitativos, os habitats preferenciais,
distribuição geográfica, aspectos relevantes da biologia reprodutiva, e espécies que
migram na área ou a usam para procriação.
No entanto, embora a SUDEMA tenha se posicionado no Termo de
Referência em janeiro de 2014 (Fauna) que: “como o empreendimento se encontra em
uma área estuarina e a construção do mesmo não prevê supressão vegetal, não há
necessidade de levantamento florístico, sendo suficiente a caracterização da flora
associada a pontos do levantamento faunístico (Ilha de Stuart, Ilha da Restinga e
margens do Rio Paraíba) pág. 2 – Item Flora – Caracterização da flora das áreas de
influência”, para uma maior complementação e correlação com as espécies da fauna, foi
realizado um levantamento florístico em toda a área da AID para melhor informação dos
habitats e espécies que se incluem o componente florestal, campestre e halófito.
Cabe destacar, neste sentido, que haverá supressão de 127 indivíduos
arbóreos de 27 espécimes arbóreas e palmeiras, na maioria frutíferas exóticas e nativas,
tanto na Fase 1 como na Fase 2 do empreendimento, sendo 45 indivíduos na Fase 1 e 82
indivíduos arbóreos na Fase 2.
Por fim, ressalta-se, mesmo sem interveniência na supressão da
vegetação em ambiente de manguezal (inexistência) na ADA, ou qualquer outra
fitofisionomia levantadas na flora nesta campanha do período úmido pela instalação do
Complexo Portuário SEAPORT, o manguezal representa 7,36%(1.222 hectares) da

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área total da AID (16.583 hectares), os quais são representadas somente por este tipo de
cobertura vegetal, e não serão interferidas pelo empreendimento (Mapas 1 a 7 –
Fitofisionomias e Mapas 1 e 2 Inventário florestal em Anexo).

FLORESTAS

Na AID ocorrem formações florestais e de palmeiras com plantas


halófitas, remanescentes das áreas das formações pioneiras, de Vegetação com Influência
Marinha (Restingas) e principalmente com Influência Fluviomarinha (Manguezal e
Campo Salino), com diferentes graus de perturbação antrópica, além de culturas agrícolas
e formações mistas.
Segundo Rocha (1996), citado por Neves (2010), a subida geral do nível
do mar durante o Holoceno foi responsável pela sedimentação do antigo leito do rio
Paraíba. Esta de origem eustática, permitiu que se formasse a montante do estuário uma
vasta planície aluvial baixa. O soerguimento da borda oriental do escudo brasileiro no
decorrer dos últimos 5.000 anos fez com que esta planície se estendesse para jusante e
fosse ocupada pelos manguezais. A transgressão marinha holocênica afogou o estuário do
Paraíba do Norte mas não foi suficiente para mascarar os registros das regressões
anteriores.
Ainda segundo o mesmo autor, a singularidade e existência das florestas
estão intrinsicamente associadas a formação da faixa estuarina. A morfologia desse setor
é representada pela planície de maré (0,5-1m) e pelo terraço flúvio-marinho (2-3m) que
correspondem a pequenos cordões flúvio-marinhos, formados por sedimentos arenosos e
argilosos e ricos em matéria orgânica. Na entrada do estuário, o mar descobre nas marés
baixas praias arenosas, situadas entre os níveis de preamar de sizígia e o nível das
preamares equinociais. Para montante, adentrando-se no estuário, as margens da restinga
estuarina são geralmente orladas de slikkes lamosas ou areno-vasosas que se estendem de
Camalaú (coroa de Taquaruna), até o emaranhado de canais que circundam as ilhas do
fundo do estuário.
Neste sentido, as atividades humanas, não poderiam ser excluídas dentre
os processos modificadores/construtores das configurações fisiográficas do litoral de
Cabedelo, visto que esta interferência é bastante significativa no local. Tais atividades se
somam aos processos exógenos e os intensificam.

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Assim como na maioria dos municípios costeiros brasileiros, a ocupação
da orla marítima e fluvial de Cabedelo se deu sem um estudo prévio de suas
potencialidades e riscos, o que resultou em uma paisagem extremamente modificada e
ameaçada.
As construções residenciais na linha do pós-praia, retirando a vegetação
nativa, bem como as obras de engenharia para contenção do avanço do mar sobre as
casas, como no caso dos gabiões, a construção de marinas e ancoradouros, formam o
conjunto paisagístico antrópico da área.
O processo de erosão costeira representa a principal ameaça aos que
residem nessa área. Vários trechos na linha de costa e paralelo ao curso do rio Paraíba
encontram-se em estágio avançado de erosão. A ocupação urbana representa um dos
principais fatores de contribuição para a ocorrência de tal fato.
Quanto às formações florestais naturais presentes na AID, muitos dos
fragmentos são secundários e sua origem possivelmente remonta desde o século XVI, à
metade do século XX, e até os dias atuais. As florestas, em parte, deram lugar a campos
agrícolas, especialmente durante o ciclo da cana de açúcar, que avançou
consideravelmente no início da década de 70.
Dentro desta premissa geomorfológica e antrópica singular em relação a
formação e existência das formações florestais presentes na AID, segundo Silva et al
(2010), na avaliação da análise da cobertura vegetal entre 1970 e 2005 para o município
de Lucena, verificaram que este município vem sofrendo com um desordenado processo
de uso e ocupação do solo, e as perdas das áreas de vegetação, e constataram-se mudanças
na paisagem, como uma grande fragmentação das áreas de matas em detrimento de
culturas, principalmente de cana-de-açúcar. Conclui-se que a região teve sua cobertura
florestal fragmentada, e que essa fragmentação foi mais intensa nas áreas de matas no
período entre 1970 e 2005.
Pode-se constatar que as áreas de mangues tiveram decréscimo de sua
área entre 1970 e 2005, de 801,32 ha para 507,69 ha; enquanto as áreas de Matas tiveram
redução de 2.154,57 ha em 1970, para 769,43 ha em 2005. Essa redução da cobertura
vegetal também foi constatada na classe outras vegetações, que também anotaram perda
de 3.297,26 ha, para 1.658,61 ha de sua área total.
O uso e ocupação do Estuário do Rio Paraíba são antigos, datando do
processo inicial de colonização. A posição estratégica, na entrada da mais importante via
de penetração fluvial em direção ao interior, foi fudamental para a ocupação inicial do

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espaço paraibano, tendo se constituído, inclusive, no primeiro território submetido ao
processo de colonização estadual (Alves, 2011). Sua proximidade à capital do Estado e ao
Porto de Cabedelo, principal porto do Estado, foram fatores decisivos para o avanço sobre
este das cidades que compõem a malha submetropolitana de João Pessoa, e do outro, a
cana-de-açúcar, base do assentamento do processo de colonização, desde os primórdios
das instalações dos primeiros engenhos no Município de Santa Rita. Diante disto, está
sofrendo os impactos de uma urbanização desordenada e das mudanças que tiveram lugar
no campo decorrentes do processo ora de expanção, ora de contração da atividade
canavieira que, durante longo tempo, comandou a economia estadual (Moreira, 1988).
De um modo geral, os fragmentos florestais existentes na AID, são
representadas por quatro tipologias (fitofisionomias), e devido às alterações ocorridas nos
últimos 50 anos nestes quatro municípios pelo desordenado processo de ocupação do uso
do solo, estão relacionadas principalmente com a degradação da cobertura vegetal pela
retirada seletiva de espécies arbóreas de estágios sucessionais mais avançados (ex.
massaranduba, peroba, aroeira, canelas, etc), e ao aumento de áreas para plantio de
culturas como coco e cana-de-açúcar. Esse processo causou uma diminuição da
biodiversidade vegetacional e destes ecossistemas nestes quatro municípios,
principalmente pelo efeito da urbanização desordenada.
Nos Mapas 1 a 7 – Fitofisionomias e Mapas 1 e 2 – Inventários
Florestais (Em Anexo) são identificadas 5 classes de formações arbustivas e/ou arbóreas,
remanescentes das Restingas (Vegetação com Influência Marinha) – (1), Manguezal (2) e
Campos Salinos/Comunidades Aluviais (Vegetação com Influência Fluviomarinha) – (3)
e Antrópicos: vegetação secundária em estágio pioneiro de regeneração; em estágio
inicial de regeneração; em estágio médio de regeneração; em estágio médio/avançado de
regeneração; Palmeiras, gramíneas e árvores isoladas (bosques antrópicos e pomares) -
(4) e, Palmeiras e vegetação halófita (5). A definição dos estágios de sucessão seguem
aquelas das Resoluções CONAMA nº 391/2007 (Mata Atlântica) e Resolução CONAMA
nº 439/2011 (Restinga), especificamente as características fisionômicas e do dossel:

1. Vegetação secundária em estágio pioneiro de regeneração, vegetação de porte


arbustivo-arbóreo, sem dossel (Foto 130);
2. Vegetação secundária em estágio inicial de regeneração, vegetação de porte arbóreo
baixo, adensada, com dossel definido (Foto 134 a 135);

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3. Vegetação secundária em estágio médio de regeneração, vegetação de porte arbóreo
alto, com dossel definido (Foto 136 a 137);
4. Vegetação secundária em estágio médio/avançado de regeneração, vegetação de porte
arbóreo alto, com dossel definido e emergente. Nessa categoria estão incluídos
fragmentos de floresta pouco perturbados, em estágio avançado de regeneração,
muitos situados no centro da Ilha da Restinga. Em geral, tanto o padrão do dossel nas
fotografias aéreas e imagens satélite (2012) como a estrutura desses remanescentes
desenvolvidos parecem ser semelhantes àqueles das florestas originais, pelo que é
difícil precisar se são áreas primárias ou secundárias (Fotos 138, 139 e 140);
5. Palmeiras, gramíneas e árvores isoladas (bosques antrópicos e pomares), formações
florestais plantadas. Caracterizam-se pela onipresença ou predominância de uma ou
poucas espécies, quase sempre exóticas. Incluem monoculturas de coco ou
mangueiras, bosques formados por espécies ornamentais e pomares. O padrão do
dossel é bastante variável (Fotos 141 e 142);
6. Palmeiras e vegetação halófita - Reflorestamentos com regeneração natural, antigos
cultivos de coco e plantas de ambiente dunar (halófitas), situados em áreas de
preservação permanente ou abandonados, onde ocorre regeneração expontânea da
vegetação natural. O estágio de sucessão é variável, embora predominem formações
no estágio inicial de regeneração. A vegetação halófita ocupa principalmente
ambientes dunares ou próximo de mangues, campos salinos e comunidades aluviais
(Fotos 143 e 145).

Figura 130. Vista de enseada do município de Figura 131. Vista de afluente do Rio Paraíba,
Lucena, e a dominância de vegetação halófita e de vindo de área urbana do município de Lucena, e o
coqueiros na foz do Rio Paraíba em áreas de dunas, as domínio de vegetação exclusiva de Rizophora
quais predominam em quase todo município e mangle (mangue vermelho) – manguezais em
principalmente na Área de Influência Direta ambiente salobro e inundável na área de
(AID).(Imagem: Marcelo Santos, 2015). AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

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Figura 132. Vista de vegetação secundária de Figura 133. Vista de vegetação secundária em
Restinga em estágio inicial e médio de regeneração estágio inicial de regeneração, com vegetação de
com presença de coqueiros, vegetação de porte porte arbóreo baixo, adensada, sem dossel
arbustivo-arbóreo, sem dossel, na Ilha da Stuart na definido na Ilha da Stuart na Área de Influência
Área de Influência Direta (AID).(Imagem: Marcelo Direta (AID).(Imagem: Marcelo Santos, 2015).
Santos, 2015).

Figura 134. Outra vista de vegetação secundária em Figura 135. Vegetação secundária em estágio
estágio inicial de regeneração, vegetação de porte médio de regeneração, vegetação de porte arbóreo
arbóreo baixo, adensada, sem dossel definido, e alto, com dossel definido na Ilha da Restinga na
grande presença de cipós na Ilha da Stuart na Área Área de Influência Direta (AID).(Imagem: Marcelo
de Influência Direta (AID).(Imagem: Marcelo Santos, 2015).
Santos, 2015).

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Número do documento: 15112716260095800000002494734
Figura 136. Outra vistada vegetação secundária em Figura 137. Vegetação secundária em estágio
estágio médio de regeneração, vegetação de porte médio/avançado de regeneração, vegetação de
arbóreo alto, com dossel definido na Ilha da Restinga porte arbóreo alto, com dossel definido e
na Área de Influência Direta (AID).(Imagem: emergente. Nessa categoria estão incluídos
Marcelo Santos, 2015). fragmentos de floresta pouco perturbados, em
estágio avançado de regeneração, muitos situados
no centro da Ilha da Restinga na área da
AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

Figura 138. Outra vista da vegetação secundária em Figura 139. Outra vista da vegetação secundária
estágio médio/avançado de regeneração, vegetação de em estágio médio/avançado de regeneração,
porte arbóreo alto, com dossel definido e emergente. vegetação de porte arbóreo alto, com dossel
Nessa categoria estão incluídos fragmentos de floresta definido e emergente. Nessa categoria estão
pouco perturbados, em estágio avançado de incluídos fragmentos de floresta pouco
regeneração, muitos situados no centro da Ilha da perturbados, em estágio avançado de regeneração,
Restinga na área da AID.(Imagem: Marcelo Santos, muitos situados no centro da Ilha da Restinga na
2015). área da AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

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Figura 140. Palmeiras, gramíneas e árvores isoladas Figura 141. Outra vista da vegetação de Palmeiras,
(bosques antrópicos e pomares), formações gramíneas e árvores isoladas (bosques antrópicos e
florestais plantadas (exóticas). Incluem pomares), formações florestais plantadas (exóticas)
monoculturas de coco ou mangueiras, bosques e área de plantio de cana-de-açúcar. Incluem
formados por espécies ornamentais e pomares. O monoculturas de coco ou mangueiras, bosques
padrão do dossel é bastante variável na área da AID formados por espécies ornamentais e pomares. O
(Forte Velho).(Imagem: Marcelo Santos, 2015). padrão do dossel é bastante variável na área da AID
(Forte Velho).(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

Figura 142. Vista de vegetação de Palmeiras e Figura 143. Outra vista da vegetação Palmeiras e
vegetação halófita - Reflorestamentos com vegetação halófita - Reflorestamentos com
regeneração natural, antigos cultivos de coco e regeneração natural, antigos cultivos de coco e
plantas de ambiente dunar (halófitas), situados em plantas de ambiente dunar (halófitas), situados em
áreas de preservação permanente ou abandonados. A áreas de preservação permanente ou abandonados. A
vegetação halófita ocupa principalmente ambientes vegetação halófita ocupa principalmente ambientes
dunares ou próximo de mangues e campos salinos na dunares ou próximo de mangues e campos salinos na
área da AID (Lucena).(Imagem: Marcelo Santos, área da AID (Lucena).(Imagem: Marcelo Santos,
2015). 2015).

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Número do documento: 15112716260095800000002494734
Figura 144. Vista de vegetação de Campos Salinos Figura 145. Outra vista da vegetação de Campos
situados em áreas de preservação permanente ou Salinos situados em áreas de preservação
abandonadas. A vegetação de Campos Salinos ocupa permanente. A vegetação de Campos Salinos
principalmente ambientes baixios em depressões na ocupa principalmente ambientes baixios em
planície Fluviomarinha ou próximo de mangues na área depressões na planície aluvial ou próximo de
da AID (Lucena).(Imagem: Marcelo Santos, 2015). mangues na área da AID (Ilha de
Stuart).(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

Há pelo menos dois tipos de formações campestres: campos não-


inundáveis, das planícies secas, e campos úmidos das planícies aluviais (Flúvio
Marinhas), consideradas como Vegetação Pioneira de Campos Salinos/Comunidades
Aluviais (Veloso, IBGE 1992). Os campos, de modo geral, sobretudo aqueles não-
inundáveis, são essencialmente antrópicos e incluem áreas agrícolas, pastagens, vegetação
ruderal em áreas abandonadas, gramados e terrenos baldios urbanos e suburbanos.
Nenhuma dessas formações tem restrições ambientais de uso e ocupação, pelo que seus
limites não foram discriminados no mapeamento. Já os campos úmidos, naturais ou
antrópicos, ocorrem nas planícies aluviais (Campos Salinos/Comunidades Aluviais) mais
extensas da AID e ocupam um total de 255 hectares, os quais foram caracterizados como
lagos, rios e corpos hídricos e representam 1,53% da área total da AID. A construção da
carcinicultura nos principais cursos d’água e a ocupação e assoreamento das várzeas dos
cursos menores afetaram a vegetação das áreas naturais e, por isso, os campos úmidos
remanescentes na AID são, em grande parte, antrópicos. Mesmo alteradas, essas áreas
têm restrições legais ao uso e ocupação, conforme Artigo 4o. da Lei Federal N°
12.651/2012 (Novo Código Florestal) e, por isso, o limite atual das planícies de
inundação foi demarcado nos Mapas 1 a 7 – Fitofisionomias e Mapas 1 e 2 –
Inventário Florestal (Anexo). É importante salientar que a legislação restritiva não

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impediu a ocupação irregular em muitos trechos da AID, como se nota nos Mapas 1 a 7 –
Fitofisionomias e Mapas 1 e 2 – Inventário Florestal (Anexo).

4.2.1.4.2 -Estrutura e Fisionomia dos Remanescentes da Vegetação Nativa

Conquanto no mapa da cobertura vegetal da Área de Influência Direta


(AID) do Complexo Portuário Seaport (Mapas 1 a 7 – Fitofisionomias e Mapas 1 e 2
– Inventário Florestal/Anexo) tenham sido adotados os estágios de regeneração das
Resoluções CONAMA nº 391/2007 (Mata Atlântica) e Resolução CONAMA nº 439/2011
(Restinga), o mapeamento fundamenta-se na análise de fotografias aéreas e imagens
satélite ― portanto, apenas nas características do dossel. As florestas, obviamente, não
são homogêneas. Além das variações naturais, estocásticas, da estrutura e composição, há
aquelas resultantes da fragmentação e principalmente da perturbação antrópica, marcante
em todos os remanescentes florestais (mesmo de caráter de pioneirismo, como nos
mangues) que limitam as manchas urbanas contínuas de ambos os municípios de
Cabedelo, Lucena e Santa Rita.

4.2.1.5 - METODOLOGIA
4.2.1.5.1 - Seleção das áreas de estudo

Desta forma, para ilustrar as variações estruturais e fisionômicas das


florestas remanescentes de Restinga, Mangue, e entre os Campos Salinos e Comunidades
Aluviais na AID, registradas em campanhas de reconhecimento de campo, procedeu-se ao
levantamento fitossociológico e florístico neste período úmido (junho/julho) em porções
da AID distintas quanto aos tipos de terreno e/ou às formas de uso e ocupação.

4.2.1.5.1 - Coleta de dados

Com o intuito de reduzir o erro amostral do inventário florestal,


procurou-se alocar unidades amostrais em áreas mais representativas de conservação dos
dois ambientes estudados (Restinga e Mangue). Os levantamentos de campo foram
realizados em parcelas retangulares (transectos) com 1.000 m2 cada (10 m de largura por
100 m de comprimento), em cada formação florestal selecionada para o estudo,

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totalizando cinco (5) parcelas – transectos - ou 5.000 m2 de levantamento nos
remanescentes florestais de Restinga. Para as formações florestais de Mangue, foram
lançadas parcelas retangulares (transectos) com 500 m2 cada (10 m de largura por 50 m
de comprimento), em cada formação florestal selecionada para o estudo, totalizando
dezenove (19) parcelas (transectos) ou 9.500 m2, locadas em fisionomias notavelmente
distintas do mesmo fragmento florestal, sempre longe das bordas, trilhas e clareiras.
Desta forma, levando-se em consideração à aleatoriedade e condições
de preservação de cada fragmento florestal analisado, seja nos remanescentes florestais de
Restinga ou de Mangue, buscou-se amostrar os fragmentos mais representativos e
significativos em toda a área da AID, em áreas totais de 1.222 hectares de Mangue e 216
hectares de Restinga.
Foram amostrados os remanescentes florestais de Restinga e Mangues,
em que conseguiu-se representatividade florestal para amostragem, num total de 14.500
m2 (ou 1,45 hectares), diante da forte antropização nestes ambientes nas últimas décadas,
através da forte pressão pelos desmatamentos contínuos e constantes, uso do fogo,
retirada de espécies seletivas e uso da madeira para subsistência e pesca, verificando-se a
presença de grandes clareiras em todos os remanescentes florestais de ambos os
ambientes e a presença de árvores com circunferências pequenas/médias (finas) com
poucos indivíduos com grandes circunferência.
Na descrição da vegetação inventariada foram registradas informações a
respeito de algumas características gerais das formações nativas remanescentes,
sobretudo as fitofisionômicas e estruturais, como porte, a presença de estratificação,
características do sub-bosque e da serrapilheira, o grau relativo de abertura de dossel,
espaçamento entre as plantas do componente lenhoso, tipo e abundância de formas
epifíticas, tipos de perturbações antrópicas e grau de sombreamento.
Além dos dados quantitativos, com o objetivo de auxiliar na
caracterização do tipo de vegetação estudada, foram registradas e coletadas dos
exemplares arbóreos de cada uma das parcelas (transectos – unidades amostrais) os
seguintes dados a respeito da fitofisionomia da vegetação:

a) Nome popular, para posterior definição do nome científico, no qual a


identificação das espécies foi realizada por um especialista (Engenheiro
Florestal) em dendrologia/botânica, in loco, com base em caracteres
dendrológicos das árvores, das folhas, flores, frutos e da casca do fuste. Nos casos
335

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em que ainda houvesse dúvidas, coletou-se material fértil, cujos binômios foram
identificados e a nomenclatura dos indivíduos arbóreos identificados seguiu a
classificação do w3 Trópicos do Jardim Botânico da Universidade de Missouri
(TROPICOS, 2010). Cabe ressaltar que a identificação dos espécimes foi
realizada in loco apenas para espécies conhecidas, as demais tiveram material
botânico coletado, herborizado e comparado com exsicatas do Neotropical
Herbarium Specimens e do Neotropical Live Plant Photos. Para caracterizar a
biocenose foi elaborada uma lista florística seguindo o sistema de classificação do
Angiosperm Phylogeny Group II e III (APG II e III), e para abreviatura dos nomes
de autores usou-se o banco de dados eletrônico disponibilizado pelo Missouri
Botanical Garden, conforme já descrito anteriormente. Conforme descrito, e para
uma maior acuracidade para posterior identificação com auxílio de literatura e
material comparativo de herbários disponíveis on-line, utilizou-se também os sites
do Museu de Nova York e os herbários cadastrados através dos Institutos
Nacionais de Tecnologia e Ciência da Lista de Espécies Flora do Brasil (2012),
no qual estão vinculados diversos herbários das Universidade Federais do Brasil
entre outras instituições de renome em Botânica, tais como: Universidade de
Campinas (UNICAMP), Instituto Botânico de São Paulo, USP, INPA, Museu
Paraenese Emílio Goeldi (MPEG), UFPE, UFPB, UFRN entre outros. Ao longo do
texto são apresentados e analisados os resultados deste levantamento no período
úmido. Os indivíduos mortos em pé também foram incluídos nas medições, a fim
de determinar a taxa de mortalidade no levantamento fitossociológico, diante da
forte pressão antrópica nos remanescentes florestais na região da AID nos três
municípios. Para as exsicatas que não foram identificadas on-line ao nível de
epípeto-específico, o material botânico coletado em campo foi encaminhado ao
herbário do Laboratório de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), e também encaminhadas fotograficamente para consultas à
especialistas através da Universidade Federal de Lavras (UFLA - MG), a qual
detêm convênio com a empresa Millenium no município de Mataraca, que através
dos Departamentos de Biologia e Engenharia Florestal, realizam pesquisas em
ambientes de Restinga, Dunares, Tabuleiro e Caatinga no Estado da Paraíba,
desde a década de 80, com grande acervo botânico da região em estudo.

b) Circunferência na altura do peito (CAP) de todos os indivíduos arbóreos com

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CAP superior a 16 cm, correspondente à cerca de 5 cm de diâmetro na altura do
peito (DAP) e a 1,30 m do solo. Para as árvores que bifurcavam abaixo do CAP,
foram medidos todos os troncos, desde que pelo menos um tronco atendesse ao
critério de inclusão estabelecido.

c) Dos indivíduos arbóreos incluídos na parcela anotaram-se as circunferências e as


alturas total e comercial, quando existentes, e estimadas com base nas medidas de
um podão.

A mensuração das parcelas (transectos) do inventário florestal foi


realizada nesta campanha (período úmido), entre os dias 26 de junho a 05 de Julho de
2014 por uma equipe de campo e Coordenadas por um Engenheiro Florestal.

A equipe de campo foi composta pelos seguintes


profissionais:
 01 Engenheiro Florestal
 01 Mateiro
 01 Técnico Industrial com habilitação em Recursos Naturais

Os seguintes instrumentos e equipamentos foram utilizados na


mensuração, coleta e identificação dos indivíduos arbóreos:

 Fita métrica de 1,5 m (para medição do CAP);


 Trena de 50 m (para locação das parcelas);
 Fita zebrada (para demarcação das parcelas);
 GPS's Garmin 12 MAP e MAP 60 CSx High Sensibility (para localização das
parcelas);
 Podão (para coleta de material botânico);
 Prensa de madeira, papelão e jornal (para acondicionar as amostras de material
botânico);
 Tesoura de poda (para preparar material botânico);
 Facão (para auxiliar na identificação dos indivíduos arbóreos pelas características
do cerne, como coloração, presença de látex ou cheiros característicos);

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 Planilhas de anotação dos dados coletados das árvores (nome científico e popular
da espécie, família, CAP, altura total e comercial) e da parcela.

Além dos dados quantitativos, com o objetivo de auxiliar na


caracterização do tipo de vegetação estudada, foram registradas informações a respeito
da fisionomia da vegetação;

 Número sequencial geral da parcela (Nº Parcela);


 Localização (município ou distrito) e local de estudo;
 Tipo de ambiente e posição fisiográfica da parcela;
 Coordenadas (UTM e geográfica, SIRGAS, 2000, Zona 25 S) de início ou fim do
eixo da parcela;
 Acessibilidade ou grau de dificuldade para chegar à parcela, nas seguintes
categorias:
(1) fácil
(2) com restrição
(3) difícil
 Topografia ou declividade, de acordo com a média da inclinação ao longo da
parcela, nas seguintes categorias:
(1) de 0 a 5°
(2) de 6 a 15°
(3) de 16 a 30°
(4) superior a 30°
 Característica visual do solo (textura), nas seguintes categorias:
(1) pedregoso
(2) arenoso
(3) areno-argiloso
(4) argiloso
 Fitofisionomia predominante
 Tipo de ambiente e posição fisiográfica da parcela
 Estado predominante de conservação da vegetação, nas seguintes categorias:
(1) preservada
(2) pouco alterada

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(3) alterada
(4) muito alterada
 Estrato predominante da vegetação, nas seguintes categorias:
(1) arbóreo
(2) arbustivo
(3) herbáceo
 Características predominantes da submata (sub-bosque), nas seguintes categorias:
(1) densa
(2) média
(3) rala
 Características predominantes da serrapilheira, nas seguintes categorias:
(1) ausente
(2) fina
(3) média
(4) espessa
 Tipos predominantes de dossel da mata, nas seguintes categorias:
(1) aberto
(2) fechado
(3) árvores emergentes
(4) infestação por cipós
 Formas de vida presentes na vegetação da parcela
 Demais observações pertinentes sobre a parcela

Além dos dados quantitativos, restritos obviamente às parcelas,


assinalaram-se características das florestas, como a presença ou ausência de componente
herbáceo, tipos e abundância de formas epifíticas e as evidências notáveis de perturbação.
Para maior acuracidade, confirmação das espécies e análise do grau de
conservação das fitofisionomias foi também realizado um estudo florístico, que
contemploua ocorrência de espécies arbustivas, herbáceas, lianas e reptantes (halófitas) em
37 pontos estratégicos da AID nos três municípios, incluindo ambiente dunar e de mangue,
onde foram registrados fotograficamente e coletadas todos os exemplares por indivíduo
que estavam em estágio de floração, inflorescência ou frutificação para posterior
identificação.

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Desta forma, foi realizado um caminhamento à pé e análise do
componente florístico em todos os ambientes existentes, além dos 2 principais ambientes
fitoecológicos arbóreos (Restinga e Mangue) fora da área de abrangência do
emprendimento na AID, e também um caminhamento no entorno de 500 metros de cada
parcela (transecto) para análise do componente florístico, as quais foram lançadas
aleatoriamente em remanescentes representativos para mensuração e volumetria dos
indivíduos arbóreos (Mapas 1 a 7 – Fitofisionomias e Mapas 1 e 2 – Inventário
Florestal).
Já para a área do atual empreendimento do Complexo Portuário
Seaport (Fase 1), de domínio privado, sob 3 Matrículas e área total de 8.264 m2,
conforme Certidões de Inteiro Teor do Cartório e Registral 1° Ofício de Cabedelo, e área
total de 13.925,67 m2 contando área de trapiche, são totalmente urbanizadas na região
portuária no Município de Cabedelo, foi realizado um Censo Florestal (Inventário
Florestal 100%) para análise de todos os indivíduos arbóreos existentes (Mapa 1 Censo
Florestal – Fases 1 e 2, Escala 1:2000).
Para a área do futuro empreendimento (Fase 2), e a 230 metros da
Unidade de Conservação mais próxima - Área de Preservação Ecológica Mata do Estado
(APEME), o qual encontra-se contíguo ao atual empreendimento (Fase 1), também foi
realizado um Censo Florestal (Inventário Florestal 100%) para análise de todos os
indivíduos arbóreos existentes (Mapa 1 Censo Florestal – Fases 1 e 2. Escala 1:2000).
Todas as árvores foram demarcadas através de GPS (Garmin 12 MAP),
em Coordenadas UMT, Datum SIRGAS, 2000, 25 K, registradas fotograficamente e
medidas as alturas comercial, total e a circunferência à altura do peito (CAP) para
cálculos dos volumes, as quais foram lançadas em imagens geradas por satélite Esri,
DigitalGlobe, GeoEye, i-cubed, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP,
Swisstopo and the GIS User Community (2012) e Projetos Executivos do Complexo
Portuário Seaport, em escalas 1:2.000 (Fases 1 e 2), com objetivo de localizar
geográficamente cada indivíduo arbóreo.
Também é apresentada tabela de localização de cada espécime numerada e
respectivo nome científico no mesmo Mapa 1 - Censo Florestal – Fases 1 e 2. Escala
1:2000 em anexo.
Além dos mapas, foi elaborado uma tabela (Tabela 5) com os dados de
cada espécime, onde são apresentados a numeração, local, nome científico, nome popular, se
ameaçada de extinção/proteção especial, estado (sadia/danificada, etc), com fotos de cada

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espécime (Anexo), coordenadas UTM (Sirgas, 2000-25M) de cada espécime, além dos
parâmetros de mensuração: circunferência à altura do peito (CAP) à 1,30 metros do solo,
diâmetro à altura do peito (DAP), altura comercial com fustes, altura total, diâmetros dos
fustes e volumes individuais e totais em metro cúbico (m3) e estéreo de lenha (st) de cada
área.
Para o levantamento da cobertura vegetal e volumetria florestal do
inventário florestal 100% (Censo Florestal) foram considerados os exemplares arbóreos
com diâmetro a altura do peito (DAP) superior a 5,0 cm. Para os cálculos de volume (m³)
e volume estéril (st) assumiu-se o fator forma de 0,7 (Heinsdijk - 1965).

4.2.1.5.2 – Tratamento dos dados

Os dados dendrométricos coletados foram lançados no programa Mata


Nativa 2.10 (CIENTEC, 2008), para geração das tabelas de espécies, gráficos de
distribuição diamétrica e cálculo dos parâmetros fitossociológicos, estatísticos e
volumétricos.

4.2.1.5.3 – Análise fitossociológica

O inventário florestal visou ampliar as informações a respeito da


vegetação nativa lenhosa das formações com porte arbóreo existentes no interior da área
de intervenção, através da verificação das populações arbóreas mais abundantes e
abrangentes, relacionando os seguintes parâmetros, conforme metodologia proposta por
MÜLLER- DOMBOIS e ELLENBERG (1974):

a) Densidade relativa (% das parcelas que a espécie ocorre) e absoluta (número


de indivíduos);
b) Dominância relativa (% da área basal total da espécie em relação à área basal
total de todas espécies) e a absoluta (área basal da espécie);
c) Freqüência relativa (% de parcelas que a espécie ocorre) e absoluta (parcelas
quea espécie ocorre);
d) Área basal relativa e absoluta dentro da parcela;
e) Área basal e Volume Total da parcela;

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f) Área basal e Volume Total por classe diamétrica da
parcela;
g) Área basal e Volume Total por espécie da parcela;
h) Área basal e Volume Total por hectare da parcela;
i) Índice de valor de importância (IVI);
j) Índice de valor de cobertura (IVC).

Os parâmetros fitossociológicos fornecem informações sobre a


estrutura da comunidade, além de possibilitar interpretações sobre o estado de
desenvolvimento das espécies em cada área em particular.
Ainda segundo estes autores, os parâmetros fitossociológicos fornecem
informações sobre a "composição, desenvolvimento, distribuição geográfica e relações
ambientais das comunidades de plantas".
A densidade e a dominância absoluta foram os principais parâmetros
utilizados para a análise da estrutura de cada formação florestal estudada. Ambos foram
considerados os mais adequados para expressar a estrutura da floresta. O volume também
foi calculado entre as áreas amostradas e fornece informações sobre a disponibilidade de
madeira por espécie e por área.
O Índice de Valor de Importância (VI), a densidade e a dominância
absoluta são os principais parâmetros utilizados para a análise da estrutura de cada
formação florestal estudada. Ambos são considerados os mais adequados para expressar a
estrutura da floresta.
Além dos parâmetros fitossociológicos foram calculados os índices de
diversidade florística (H') de Shannon-Wiener na base e, sendo que o índice de Shanon
varia de 0 a valores positivos, estando de modo geral entre 1,5 e 3,5, raramente
ultrapassando 5,0 (MARGURRAN, 1988).
Assim, as diversidades florísticas foram avaliadas através dos índices
de Riqueza de Espécie (Magurran, 1.989) e de Shannon (Shannon and Wiener, 1.949). O
primeiro índice foi obtido da relação entre o número de espécies acumuladas e o tamanho
da área amostrada, enquanto o segundo, pela fórmula:

H' = -  (pi) (log e x pi),


onde

pi = ni/N
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pi = é a probabilidade de que um indivíduo pertença a espécie i
ni = no total de indivíduos da espécies i
N = no total de indivíduos amostrados na área
A equitabilidade (uniformidade) foi obtida segundo a fórmula:

E' = H' / log e S


Onde:

S = N. de espécies.

A agregação ou grupamento das espécies foi analisado através do


Índice de McGuinnes (IGA):

IGA = D/d
Onde:
D= densidade observada,
d = densidade esperada.
Quando: IGA < 1: distribuição das espécies é uniforme (normal), IGA =
1: distribuição aleatória, IGA > 1 < 2 : distribuição com tendência ao agrupamento, IGA
> distribuição das espécies é agregada.
Índice de Similaridade usado foi de Jaccard, o qual pode ser calculado
pelas seguintes formas:

ISj = j/(a+b-j) ou ISj = j / (A+B+j)


Onde:
a = No. total de spp. da comunidade 1;
b = No. total de spp. da comunidade 2;
j = No. de spp. comuns às duas comunidades analisadas;
A= No. de spp. exclusivas da comunidade 1;
B = No. de spp. exclusivas da comunidade 2.
A estrutura horizontal foi analisada através de critérios que indicam a
ocupação do solo pela a espécie, no sentido horizontal. Assim, empregou-se e avaliou-se

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os parâmetros fitossociológicos (Müeller-Dombois and Ellemberg, 1.974), estimou-se a
área basal (Ab =  x DAP2 da espécie i/40.000), densidades absoluta (DAB = no de
indivíduos da espécie i/área amostrada em ha) e relativa (DRel = no de indivíduos da
espécie i/ dos indivíduos amostrados x 100), freqüências absoluta (FAb = no de
ocorrências da espécie i/total de parcelas x 100) e relativa (FRel = FAb/ FAb x 100),
dominâncias absoluta (DoAb = área basal dos indivíduos da espécie i/área amostrada em
ha) e relativa (DoRel = DoAb/DoAb x 100) e, por fim, o Índice de Valor de Importância
(IVI = DRel (%) + FRel (%) + DoRel (%)).
Na avaliação da distribuição dos indivíduos nas classes diamétricas,
utilizou-se como base as 11, assim determinadas: 5 - 15 cm; 15 - 25 cm; 35 - 45 cm; 45 -
55 cm; 55 - 65 cm; 65 - 75 cm; 75 - 85 cm; 85 - 95 cm; 95 -105 cm; 105 – 115,0 e > 125
cm.
A Tabela 17 inserida a seguir apresenta as fórmulas utilizadas para o
cálculo dos parâmetros fitossociológicos, de volumetria e estatísticos:

Tabela 17 - Parâmetros fitossociológicos, de volumetria e estatísticos.

Parâmetro Fórmula Termos


DA = densidade por área proporcional
para a
espécie i;
n = número total de indivíduos
amostrados
Densidade
DA = (n / N) DAR de cada espécie;
absoluta
N = número total de indivíduos
amostrados;
DAR= é a densidade total por área
(hectare),
de todos os indivíduos
DR = densidade relativa
n = número total de indivíduos
Densidade
DR = n / N . 100 amostrados
Relativa
de cada espécie
N = número total de indivíduos

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