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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

02/05/2020

Número: 0833441-34.2015.8.15.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Capital
Última distribuição : 27/11/2015
Valor da causa: R$ 575,00
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer, Cobrança de Aluguéis - Sem despejo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REAL CONSULTORIA E SOLUCOES LTDA - ME (AUTOR) THIAGO SILVEIRA GUEDES PEREIRA (ADVOGADO)
LUIZ CARLOS ERNESTO DE BARROS (ADVOGADO)
HILTON SOUTO MAIOR NETO (ADVOGADO)
ALEXANDRE SOARES DE MELO (ADVOGADO)
SEAPORT SERVICOS DE APOIO PORTUARIO LTDA (REU) ADRIANO DE MATOS FEITOSA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25205 27/11/2015 16:34 Vol 3 Outros Documentos
03
Figura 257. Mapa das rotas dos ônibus escolares rural. Fonte: Prefeitura de Santa Rita

4.4.2.2.1 Saúde

Relacionado à questão do atendimento de saúde, seguindo a proposta do


Governo Federal já abordada neste trabalho, com a relevância da prestação de serviço
através do trabalho desenvolvido pelo agente de saúde baseado nas unidades de Posto de
Saúde da Família – PSF.

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Estando disposto seguindo o mapa abaixo, não foram identificados
dados específicos da região junto ao Censo 2010 do IBGE, nem foram disponibilizados
dados pela Secretaria de Saúde, ficando esta analise baseada nos dados obtidos na
pesquisa de campo realizada e no mapa que quantifica e identifica as áreas de abrangência
e atendimento dos Postos de Saúde da Família – PSF.
As condições gerais de atendimento à saúde podem ser verificadas por
meio de alguns indicadores que permitem avaliar o perfil municipal em relação à
existência de recursos básicos para atendimento à saúde e informações sobre taxa de
mortalidade e epidemiologias de acordo as exigências pré-estabelecidas no Termo de
Referência de Dezembro de 2013 pela SUDEMA, que são indicativos do grau de
desenvolvimento e organização das políticas públicas vigentes nesse setor na região.
As bases de dados que forneceram as informações aqui apresentadas
foram obtidas do (CENSO 2010) IBGE, associados aos dados dos anos de 2005 e 2009
além dos dados disponibilizados pelo Departamento de Informática do SUS – Sistema
Único de Saúde (DATASUS), todas essas informações foram associadas aos dados
obtidos no levantamento comunitário aplicado no local.
Forte velho é um distrito municipal da cidade Santa Rita onde habitam
aproximadamente 1.005 pessoas, segundo fontes não oficiais, o que representa 8,3% da
população de acordo com o CENSO 2010 do IBGE que constata a população total do
município com 120.310 habitantes.
De acordo com dados do IBGE, foram registrados 45 estabelecimentos
de saúde pública no município de Santa Rita – PB em 2009, destes apenas 4 oferecem
serviço de diagnose e terapia, porém, não há ocorrência de unidades que forneçam
serviços de internação no município. Sobre o atendimento emergencial, o IBGE também
não identificou ocorrência. Informação confirmada por 92% dos moradores entrevistados
in loco (Gráfico 67).

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Gráfico 67 – Identificação da existência de atendimento de emergência. Fonte: Real C Soluções 2014.

Em 2009, Os indicadores de cobertura de atendimento público


mostraram que o município contava com 43 médicos em especialidade básica, 11 médicos
em outras especialidades e 40 dentistas, para atender a demanda de 120.310 habitantes
estimados pelo CENSO 2010 do IBGE, e não há ocorrência de leitos, o que evidencia que
esses indicadores estão abaixo dos parâmetros determinados pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) que sugere 1 médico um grupo de 1.000 habitantes, 1 dentista pra um
grupo de 1.500 habitantes e 3 leitos para um grupo de 1000 habitantes. Segundo o site do
Ministério da Saúde, através do sistema DATASUS, o número de leitos hospitalares para
1.000 habitantes por unidade da federação, com destaque para o estado da Paraíba,
apresenta para a região capitaneada pela cidade de João Pessoa, RM João Pessoa, na qual
está inserida a cidade de Santa Rita, a média de 4,25 leitos por grupo de 1.000/hab base
de dados 2009.
As manifestações que caracterizam as doenças que acometem o ser
humano são classificadas através do conhecimento de sua etiopatogenia, isto é, da
causalidade e do mecanismo formado dos sintomas da enfermidade, conhecido como
nosologia. Deve-se considerar que as modificações ambientais impostas pela obra
poderão interferir no ciclo de várias doenças, aumentando sua área de ocorrência e
criando ecótopos artificiais. Essas modificações poderão, também, favorecer o

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aparecimento de novos criadouros para algumas espécies de vetores e hospedeiros
intermediários. Tais fatores poderão contribuir para uma nova introdução de doenças já
controladas na região ou mesmo, para a introdução de outras que não fazem parte de sua
nosologia, através da destruição de habitats onde ocorrem em sua forma enzoótica.
A tabela abaixo mostra o quadro nosológico do município de Santa
Rita:
Tabela 105 Quadro nosológico do município de Santa Rita
Doenças Respiratórias Doenças Infecciosas e Doenças Circulatórias Doenças Aparelho
Parasitárias Digestivo

19,3 PESSOAS 10,9 PESSOAS 10,2 PESSOAS 7,3 PESSOAS


Fonte: SIH/SUS. Situação da base de dados nacional em 03/05/2010.

Vale ressaltar que esse indicador não foi objeto de estudo na pesquisa de
campo realizada no distrito de Forte Velho.
Na pesquisa realizada junto à população, 100% dos entrevistados de
Forte Velho identificou que os indicadores do levantamento feito em campo evidenciam
que os estabelecimentos são públicos, coincidindo com levantamento do IBGE em 2009
para a cidade de Santa Rita, mostrado no gráfico abaixo:

Gráfico 68. Identificação dos tipos de hospitais existentes. (Fonte: Real C Soluções 2014.)

Para dar suporte a essa estrutura, as unidades físicas – hospitais, posto


de saúde e afins, são importantes na analise. Com relação aos hospitais existentes na
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cidade, 13% dos entrevistados relataram que existe um hospital em Forte Velho cidade,
84% disseram que não existe e 3% disseram que existiam mais de dois, exposto no
gráfico abaixo:

Quantos hospitais existe na cidade?


0% 3%

13%

84%

Nenhum Um Dois Mais


Gráfico 69. Quantificação dos hospitais existentes. Fonte: Real C Soluções 2014
.

O IBGE identificou em 2009 que 52 estabelecimentos localizados no


município de Santa Rita são pertencentes ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde estes
prestam serviços de saúde preventiva no município o que também foi mostrado na
pesquisa de campo com 93% dos entrevistados, tornando notório o universo de
abrangência desta política do Governo segundo o gráfico que se segue:

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Gráfico 70 – Identificação da existência de atendimento a saúde preventiva. Fonte: Real C Soluções 2014

Destacando os serviços oferecidos a população, foi identificado por


84% dos entrevistados o atendimento por agente de saúde da família, que segundo o
documento do Ministério da Saúde - O trabalho do Agente Comunitário de Saúde (2009)
– desenvolve a Atenção Primária à Saúde (APS), também conhecida no Brasil como
Atenção Básica (AB), da qual a Estratégia Saúde da Família é a expressão que ganha
corpo no Brasil. São caracterizadas pelo desenvolvimento de um conjunto de ações de
promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento,
reabilitação e manutenção da saúde (Gráfico 71).

Gráfico 71. Identificação da existência de atendimento a família por agente de saúde. Fonte: Real
C Soluções 2014.

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O coeficiente de mortalidade infantil é um dos principais indicadores de
saúde pública, expressando as condições de saúde materno-infantil, e, em associação com
outros indicadores, como a esperança de vida ao nascer, a situação da saúde em uma dada
comunidade. Os dados da Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba mostram as taxas de
mortalidade registrado no município de Santa Rita do período de 2006 a 2012 nas tabelas
abaixo:

Tabela 106. Quadro de mortalidade infantil

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012


Categoria
Taxa Taxa Taxa Taxa Taxa Taxa Taxa

Menor Que 1 Ano 10,94 15,00 14,69 14,23 11,42 10,42 12,39

Neonatal 8,66 11,62 9,94 10,56 7,61 6,34 7,97

Neonatal Precoce 5,47 8,23 6,91 7,81 5,08 4,53 4,43

Neonatal Tardia 3,19 3,39 3,02 2,75 2,54 1,81 3,54

Pós Neonatal 2,28 3,39 4,75 3,67 3,81 4,08 4,43

FONTE:http://infosaudepb.saude.pb.gov.br/mosaico/consolidados/municipio#

Tabela 107. Mortalidade em menores de 5 anos

2006 2007 2008 2009 2010 2011


Categoria 2012 Taxa
Taxa Taxa Taxa Taxa Taxa Taxa

Menor Que 5 Anos 15,04 18,88 18,57 16,99 14,81 12,23 13,72

FONTE: http://infosaudepb.saude.pb.gov.br/mosaico/consolidados/municipio#

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Tabela 108. Mortalidade por causas externas

2006 2006 2007 2007 2008 2008 2009 2009 2010 2010 2011 2011 2012 2012
Categoria
Taxa Número Taxa Número Taxa Número Taxa Número Taxa Número Taxa Número Taxa Número

Causas 79,74 105 77,57 104 100,91 127 91,50 116 118,86 143 147,95 178 167,07 201
Externas

Acidentes 0,76 1.0 1,49 2.0 4,77 6.0 1,58 2.0 7,48 9.0 6,65 8.0 6,65 8.0
De
Motocicleta

Acidentes 14,43 19.0 14,17 19.0 23,04 29.0 17,35 22.0 22,44 27.0 21,61 26.0 25,77 31.0
De
Transporte

Arma De 29,62 39.0 28,34 38.0 49,26 62.0 42,59 54.0 73,98 89.0 99,74 120.0 101,40 122.0
Fogo

Armas 8,35 11.0 8,20 11.0 11,12 14.0 11,83 15.0 8,31 10.0 8,31 10.0 18,29 22.0
Brancas

Homicídio 44,80 59.0 46,24 62.0 67,54 85.0 54,43 69.0 82,29 99.0 108,05 130.0 123,85 149.0
Taxa

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Dentre os serviços disponibilizados pelo poder público na assistência
à saúde, foram destacados: a vacinação com 40%, o que pudemos identificar devido às
campanhas nacionais de vacinação e imunização de crianças. Ainda nos serviços
direcionados a assistência à criança, as consultas pré-natal foram lembradas por 15%
dos entrevistados seguido de 10% que identificaram as consulta pós-natal. 9%
identificaram o serviço de exames clínicos e a distribuição de remédios com 26% dos
entrevistados destaca a faixa social que essa população este inserido visto os programas
públicos de distribuição de medicamentos para tratamento de várias enfermidades
como: diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, dentre outras. Alem disso, os serviços
de atendimento à família tem contribuído para a redução da taxa de mortalidade infantil
apresentado na tabela acima, sendo este evidenciado na pesquisa aplicada em campo, no
distrito municipal de Forte Velho (Gráfico 72).

Tipos de atendimento disponibilizada a população pelo PSF


9%

40%
26%

10%
15%

Vacinação Pré-natal Pós Natal Distribuição de Remédios Exames Clínicos

Gráfico 72. Identificação dos tipos de atendimentos oferecidos pelo PSF. (Fonte: Real C Soluções 2014.)

Segundo Dantas e Araújo¹, O Programa Saúde da Família (PSF) de


Forte Velho compreende as seguintes localidades onde existem os seguintes
equipamentos comunitários (Tabela 109) (Figura 258).
Tabela 109. Quadro de equipamentos comunitário
Fazenda/Sítio Famílias PSF Escola
01 Sede/Povoado 126 01 01
02 Capimaçu 07 - -
03 Ribeira de Baixo 30 - -
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04 Ribeira do Meio 74 01 01
05 Ribeira de Cima 14 - -
06 Tambauzinho 27 - -
Fonte: Dantas e Araújo

Figura 258. Mapa da área de abrangência dos PSF‟s e unidade móvel Fonte: Prefeitura de Santa Rita

Analisando o Mapa de Ampliação das Ações Sociais Rurais, referente


ao ano 2006, que apresenta propostas de ampliação ou instalação de programas como:

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Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI, Centro de Referência da
Assistência Social – CRAS e Agente Jovem, todos estes projetos são programas
desenvolvidos pelo Governo Federal (Figura 259).
Baseado na pesquisa de campo realizada para fundamentar este estudo
que segue abordagem proposta pelo Termo de Referência de dezembro de 2013
elaborado pela SUDEMA que solicita: Avaliação pela população das condições
ambientais de seu município e de sua área de moradia, identificamos que no período
de execução deste trabalho em 2014 estas propostas inda não foram desenvolvidas ou
implementadas.

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Figura 259. Mapa da ampliação das ações sociais rurais. Fonte: Prefeitura de Santa Rita

Segundo informações do site do Ministério do Trabalho e Emprego, o


PETI é um Programa do Governo Federal que tem como objetivo retirar as crianças e
adolescentes, de 07 a 14 anos, do trabalho considerado perigoso, penoso, insalubre ou
degradante, ou seja, aquele trabalho que coloca em risco a saúde e segurança das
crianças e adolescentes.
O Programa tem como metas e objetivos:

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 Retirar crianças e adolescentes do trabalho perigoso, penoso, insalubre e
degradante;
 Possibilitar o acesso, a permanência e o bom desempenho de crianças e
adolescentes na escola;
 Fomentar e incentivar a ampliação do universo de conhecimentos da
criança e do adolescente, por meio de atividades culturais, esportivas,
artísticas e de lazer no período complementar à escola, ou seja, na
jornada ampliada;
 Proporcionar apoio e orientação às famílias por meio da oferta de ações
sócio-educativas;
 Implementar programas e projetos de geração de trabalho e renda para as
famílias.
Podendo participar do programa as famílias que tiverem filhos com
idade entre 07 e 14 anos que trabalham em atividades perigosas, penosas, insalubres e
degradantes. Devem ser priorizadas as famílias com renda per capita de até ½ salário
mínimo, ou seja, aqueles que vivem em situação de extrema pobreza.
A secretaria de Infraestrutura apresenta mapas com a descrição desta
faixa da população, contudo o mesmo não contempla a zona rural do município, assim
podemos destacar os dados disponibilizados pelo CENSO 2010 de IBGE, que aborda a
zona rural de Santa Rita na perspectiva de rendimentos seguindo a tabela abaixo, o que
inseri diretamente a zona na área de abrangência deste programa do governo federal
(Tabela 110).

Tabela 110. Quadro de rendimento per capita dos domicilio


Valor do rendimento nominal médio mensal per capita dos domicílios particulares 245,4 reais
permanentes - rural
Valor do rendimento nominal mediano mensal per capita dos domicílios particulares 178,8 reais
permanentes - rural
Fonte: IBGE

Seguindo informações disponibilizadas no site do ministério do


desenvolvimento social do governo federal seguimos descrição de CRAS sendo: uma
unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social sendo
responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social
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Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e
risco social dos municípios e DF.
Tendo a atribuição de representar a principal estrutura física local para a
proteção social básica, desempenha papel central no território onde se localiza,
possuindo a função exclusiva da oferta pública do trabalho social com famílias por meio
do serviço de Proteção e Atendimento Integral a Famílias (PAIF) e gestão territorial da
rede socioassistencial de proteção social básica.
Nesse sentido, destacam-se como principais funções do CRAS:
 Ofertar o serviço PAIF e outros serviços, programas e projetos socioassistenciais
de proteção social básica, para as famílias, seus membros e indivíduos em
situação de vulnerabilidade social;
 Articular e fortalecer a rede de Proteção Social Básica local;
 Prevenir as situações de risco em seu território de abrangência fortalecendo
vínculos familiares e comunitários e garantindo direitos.
A localização do CRAS é fator determinante para que ele viabilize, de forma
descentralizada, o acesso aos direitos socioassistenciais. O CRAS deve ser instalado
prioritariamente em locais de maior concentração de famílias em situação de
vulnerabilidade, com concentração de famílias com renda per capita mensal de até ½
salário mínimo, com presença significativa de famílias e indivíduos beneficiários dos
programas de transferências de renda, como o BPC - Benefício de Prestação
Continuada, Bolsa Família e outros, conforme indicadores definidos na Norma
Operacional Básica - NOBSUAS/2005. Cada município deve identificar o(s)
território(s) de vulnerabilidade social e nele(s) implantar um CRAS, a fim de aproximar
os serviços oferecidos aos usuários.
Na sequencia de programas que estão em fase de implantação ou ampliação o
Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano é compreendido como a
conjugação da Bolsa Agente Jovem e da ação socioeducativa deverá promover
atividades continuadas que proporcionem ao jovem, entre 15 e 17 anos, experiências
práticas e o desenvolvimento do protagonismo juvenil, fortalecendo os vínculos
familiares e comunitários e possibilitando a compreensão sobre o mundo
contemporâneo com especial ênfase sobre os aspectos da educação e do trabalho.

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4.4.2.2.2 Análise do Ambiente Construído
4.4.2.2.3 Análise do Ambiente Construído de Cabedelo – AID

As primeiras ocupações no entorno do forte Santa Catarina e as


fazendas identificadas no Mapa do Litoral Norte da Paraíba de 1640 (Imagem 01), não
configuram propriamente um ordenamento urbano, visto que o conceito de urbanismo
está relacionado às demandas organizacionais que surgiram com a Revolução Industrial.
Em Cabedelo, as transformações urbanas foram impulsionadas por volta de 18801,
quando o projeto da linha férrea começou a ser estudado, tendo em vista a localização
geográfica propícia à instalação de um porto. Sua inauguração aconteceu em 1889,
definindo o traçado urbano longilíneo, a organização espacial, a paisagem, a circulação
de carga e passageiros, abrindo assim os caminhos do processo de industrialização para
o município. Neste período, a região hoje conhecida como Ponta de Matos já era
utilizada para veraneio por moradores que residiam em João Pessoa.
Após a implantação da linha férrea com os trens da Great Western e
do porto em 1935, a urbanização de Cabedelo só veio sofrer mudanças significativas na
década de 1950, quando se adquiriu a licença dos primeiros loteamentos. Este momento
pôde ser caracterizado como de adaptação ao novo modelo de espaço urbano, onde as
atividades diretas e indiretas do porto foram percussoras de abundante crescimento
demográfico originando novas demandas de infraestrutura, salubridade e ordenação.
Trazendo a necessidade de adaptação à transformação dos meios de transporte e
produção e a ânsia por novas funções urbanas contribuíram para novos planejamentos.
Segundo Rocha (1996), até a década de 1970 as fotografias aéreas
revelam que as formas de exploração do solo estavam ligadas à expansão urbana e
encontrava-se em uma fase inicial, pois predominava no conjunto, a paisagem natural.
Entretanto, houve alteração da paisagem nesta expansão como foi observado no mapa
de 1945 por FALCÃO et al (2005) a presença do maceió “Boto” na praia de
Camboinha, que foi aterrado posteriormente para implantação dos Loteamentos Jardim
Areia Dourada (1977) e Jardim Camboinha (1980). Este aterramento comprometeu a
drenagem natural do solo e gerou problemas como alagamentos no bairro, que perduram
até os dias atuais nos períodos de chuva. Segundo Macedo (2004), o parcelamento das

1
BADIRU, 1999.
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áreas de ecossistemas como Manguezais, restingas, estuários e dunas não são indicadas,
por não suportarem a dissociação e desmembramento entre si, trazidas por uma
ocupação intensiva de estruturas urbanas convencionais (Tabela 111).

Tabela 111. Evolução do uso do solo em relação aos ecossistemas nos anos 1945 e 2003

Fonte: http://www.geociencias.ufpb.br/cadernosdologepa.

A tabela mostra o crescimento da ocupação do município


quadruplicado em relação à diminuição pela metade da área alagada retratando a área de
aterramento em função do crescimento urbano.
Em relação à Paisagem, o traçado urbano brasileiro, influenciado pelo
ideário europeu e norte-americano moldado pelos problemas de poluição visual, sonora
e atmosférica trazidos na Revolução Industrial valoriza cada vez mais a proximidade
aos atrativos naturais paisagísticos. Nas cidades americanas a ideia de cidade jardim
proposta pelo urbanista Howard (1902) foi absorvida pela população que buscava uma
qualidade de vida sem as desvantagens trazidas pelo modelo urbano atual.
Trazendo esta perspectiva para a realidade de Cabedelo, o uso da praia
passa a ser visto como um grande parque local linear onde a população do centro urbano
busca um lazer alternativo perto dos atrativos naturais que esta proporciona. Macedo
(2004) afirma que a intenção é a exploração máxima dos recursos naturais paisagísticos.
Contudo, o que se constatou através das entrevistas realizadas com a população é que o
público que utiliza e valoriza esses recursos, são provenientes de outras localidades.

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Discursões mundiais acerca da preservação ambiental culminaram no
Brasil, com a criação da resolução Conama 01/86, reforçado pela Constituição Federal
1988 no Artigo nº 225 que atesta:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras
gerações.
Seguindo o desenvolvimento socioambiental, das décadas seguintes
são criados diversos instrumentos, leis, decretos, que protegem e atestam a importância
da preservação ambiental. Contudo esta defesa segue o principio do uso sustentável, que
destaca a utilização dos recursos naturais na atualidade sem comprometer a capacidade
de sustentação das populações futuras.
A regulamentação das Unidades de Conservação foi criada a partir da
Lei Nº 9.985/2000 que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – SNUC, dentro do qual podemos destacar o capítulo II:

“ I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no


território nacional e nas águas jurisdicionais;
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
naturais;
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e
monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação
em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as
social e economicamente.”

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Neste sentido foi pesquisado sobre o conhecimento da população da AID acerca dos
espaços destinados à conservação tendo em vista as origens e utilidades dos espaços
referentes ao município de Cabedelo.
Foi percebido que 68% dos entrevistados não possuem conhecimento da existência de
Unidades de Conservação no município de Cabedelo mesmo com a legislação existente,
as características turísticas e a localização geográfica do mesmo (Gráfico 73).

Gráfico 73. Identificação das unidades de conservação próximo ao Rio Paraíba e Cabedelo. Fonte: Real C
Soluções 2014.

Contudo, 32% dos entrevistados atesta conhecer unidades de


conservação em Cabedelo, porém, apenas 29% destes entrevistados afirmam já ter
visitado alguma delas, o que reflete uma deficiência do poder público na formação
social que fortaleçam a identidades da população para valorização do potencial turístico,
paisagístico, cultural (Gráfico 74).

713

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Gráfico 74. Identificação da visitação em alguma unidade de conservação. Fonte: Real C Soluções 2014

Mesmo observando este cenários os entrevistados destacam a


exitência de pontos turisticos no município, sua relevância é reconhecida, contudo sem
que haja uma destinção entre diferentes potenciais e caracteristicas técnicas de cada
ponto.
Percebemos que Unidades de Conservação são percebidas pela
população no mesmo escopo de edificios e monumentos, esta generalização causa uma
subutilização dos espaços, que poderiam ser melhor conservados pelos mesmos
(Gráfico 75).

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Gráfico 75. Identificação dos pontos turísticos do município conhecidos pela população.
Fonte: Real C Soluções 2014.

Neste cenário podemos destacar o Parque Estadual de Areia Vermelha


apontado com 21% dos entrevistados que conta, com 230,91 hectares e foi criado
pelo decreto estadual nº 21.263 de 28 de agosto de 2000. Seguido do Forte de Santa
Catarina que partir de 1991 passou a ser mantido pela Associação Artístico-Cultural de
Cabedelo, sendo criada, a partir de 22 de dezembro de 1992 a Fundação Fortaleza de
Santa Catarina, que atualmente o administra.
Porém o espaço mais apontado pela população foi à região da Praia do
Jacaré, que na atualidade esta sendo utilizada por empreendimentos comerciais diversos
que se beneficiam da paisagem natural e do fenômeno do Pôr do Sol para desenvolver
suas atividades comerciais.
Devido às características do espaço a Praia do Jacaré encontra-se num
processo de reordenamento urbano, o que irá demandar estudos futuros devido às
mudanças que estão sendo discutidas para a região quando esta pesquisa foi
desenvolvida.
Para avaliação do meio antrópico das áreas de influencia é necessário
que se compreenda que este não abarca só o espaço urbano em si, mas também inclui as
relações do agente social com o ambiente construído e com o meio natural,

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considerando a dinâmica cultural que é um agente constante que influencia o processo
de formação do Meio Antrópico.
O método de análise2 é composto pela leitura da paisagem da área
urbana na situação atual buscando compreender a sua formação a partir do processo
histórico de constituição e transformação da cidade. Pois só a partir deste panorama
serão possíveis transformações planejadas e estratégias de intervenções de conservação.
Para tanto é necessário que o processo seja realizado efetivamente em cada etapa. O
conhecimento e avaliação do macro, ou seja, da cidade para a quadra, da quadra para o
edifício, irá subsidiar o diagnóstico da área a ser impactada de onde poderão surgir as
recomendações e medidas mitigatórias nortearão inserção e integração do novo
empreendimento em relação à cidade.
Grandes transformações ocorreram entre a década de 1970 á 1980
com a intensificação dos parcelamentos (loteamentos Joca Pai Velho, Santa Catarina,
Jardim Areia Dourada, Jardim Camboinha, Jardim Atlântico, Jardim Nazareth, Praia
Mar, Ponta de Campina, Bela Vista e Intermares). Essas ocupações não se
regulamentaram completamente pela Lei Federal de Parcelamento do Solo n° 6766/74,
permitindo que áreas de vegetação nativa de mata atlântica e de restinga fossem
loteadas.
Atualmente o município possui cerca de 160 hectares de áreas
preservadas divididas entre a Mata Municipal do Estado com 56 hectares e a Mata do
Amem, que abriga uma unidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA),
com 103,4 hectares (ROCHA, 1996 apud CABEDELO, 2006). A Ilha da Restinga
possui cerca de 300 hectares de área preservada.

Figura 260. Plano diretor das cidades de João Pessoa e Cabedelo. Fonte: Prefeitura de Cabedelo

2
Jokilehto...et al.(2002, pg.153)
716

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Diferenças identificadas no emprego da Regulamentação da
Constituição Estadual de 1988 pelo Plano Diretor de João Pessoa e Cabedelo. Fonte:
LOGEPA, 2005. Nesta imagem é possível identificar na sobreposição entre as alturas
definidas pelo plano diretor de Cabedelo em relação ao Plano Diretor de João Pessoa,
que cabedelo não regulamentou o artigo 229 da Constituição Estadual. Afora esta
questão, deve-se considerar a paisagem disforme em relação ao restante do município
de Cabedelo que não se encontra tão verticalizada, ainda.
Muitas moradias temporárias passaram a ser permanentes á partir da
década de 1980, período em que também houve a expansão e aumento do gabarito das
construções em função da aprovação do loteamento que criou o bairro de Intermares,
dando inicio ao processo de conurbação entre os municípios de João Pessoa e Cabedelo
(Figura 261).

Figura 261. Aglomerado subnormal localizado na área em frente ao antigo moinho


Fonte: Real Consultoria, 2014.

Afora a situação fundiária regular, é preciso citar que existiam 2.090


moradores urbanos vivendo em aglomerados subnormais (favelas e similares) no
município, identificados na última atualização do Plano Diretor de Cabedelo em 2010.
A maior parte desses aglomerados está situada ás margens do rio Paraíba e os mesmos
possuem uma dinâmica espacial que foi construída durante o período de ocupação.
A própria Área Diretamente Afetada do complexo portuário que será
desocupada está tomada por construções irregulares (subnormais) na beira do rio. A
maioria se trata de pavimentos térreos construída em alvenaria de tijolos ou em madeira
com coberta revestida em telhas cerâmicas, fibrocimento ou palha de coqueiro.
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Esta dinâmica é refletida no modo de vida da comunidade ribeirinha
traçada pelas atividades cotidianas, econômicas e sociais dos habitantes (Figura 262).

Figura 262. Atividade de Pesca no rio Paraíba. Fonte: Real Consultoria, 2014.

Na imagem é possível observar grande quantidade de embarcações de


pequeno porte atracadas em frente às habitações subnormais, indicando a pesca e outras
ocupações típicas de comunidades ribeirinhas como predominantes.
Os problemas identificados no núcleo urbano central de Cabedelo, isto
é, Ponta de Matos, Centro e Santa Catarina, são decorrentes de um crescimento sem
ordenação ou planejamento urbanístico. Há poluição visual gerada pelo acúmulo de
informações das fachadas não cuidadas, instalações de iluminação pública de modo
desorganizado, instalações individuais irregulares de antenas e outros aparelhos,
calçadas estreitas, sem uniformidade em seu tratamento e vazios urbanos, levando à
ocupação urbana irregular e suas consequências.
O código de Zoneamento do município de Cabedelo, estabelecido pela Lei
Complementar nº06/99 e alterado pela Lei Complementar nº17/06, dispõe sobre as
normas de ocupação do solo, da proteção da paisagem, do planejamento viário e da
fiscalização da Prefeitura, em acordo com o PDDM 2006. Este documento visa garantir
a função social da propriedade e a organização do espaço urbano (CABEDELO, 2006).
O código do zoneamento do Uso e Ocupação do Solo deve cumprir
seu papel na promoção do desenvolvimento sustentável, preservando o meio ambiente e
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os caracteres culturais para obtenção da finalidade da finalidade maior que se refere à
melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Através do controle sobre o uso e
ocupação do solo urbano é promovida a distribuição adequada das demandas
populacionais no espaço territorial urbano, a racionalização de disponibilidade de
infraestrutura e a diminuição dos conflitos sociais urbanos. (LIMA, 2009) (Figura 263).

Figura 263. Ocupação Irregular. Fonte: Real Consultoria, 2014.

Grande parte das ruas não é calçada em Santa Catarina, nas


imediações do porto. As ocupações irregulares comprometem a paisagem e a
salubridade do litoral de Cabedelo (Figura 264).

Figura 264. Ocupação Irregular. Fonte: Real Consultoria, 2014.

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A situação na área de entorno do porto de Cabedelo, em Santa
Catarina é de ocupação irregular, com barracões improvisados, construídos com
descartes de materiais, sem instalações hidro sanitárias, tornando o ambiente e seu
entorno insalubres.
A ausência da fiscalização das regulamentações do Plano Diretor e da
Lei do Uso do Solo do Município – LUOS permite que o adensamento populacional
ocorra de forma desordenada, contribuindo para a falta de gestão dos principais
problemas urbanos como destino final de dejetos e resíduos sólidos, salubridade,
abastecimentos de água e energia de modo regular, ao acúmulo de lixos e dejetos a céu
aberto e a falta de projetos de urbanização para estes espaços. Esta situação contribui
ainda mais para a segregação social da parcela da população que não é considerada em
grande parte das políticas públicas.
A coleta da opinião da população se realizou através dos questionários
aplicado nos bairros no entorno da atual sede da Seaport, e nos bairros com maior
adensamento populacional, seguindo mapa de Zoneamento Ambiental disponibilizado
pela prefeitura do Município. Considerando a AID do empreendimento, o levantamento
foi realizado nos bairros mais próximos do empreendimento, e com maior adensamento
populacional, os quais deverão ser diretamente impactados pela implementação do
projeto.
A Área caracterizada como ADA, está localizada no bairro de
Camalaú, região central do município de Cabedelo – PB, abrangendo as comunidades
Marileide Teotônio e Nossa Senhora Aparecia. Estas se encontram instaladas em área
da SPU – Serviço do Patrimônio da União, seguindo orientação do Decreto Lei nº
9.760, de 05 de setembro de 1946 que preconiza, no Art. 1° Incluem-se entre os bens
imóveis da União:
b) os terrenos marginais dos rios navegáveis, em Territórios Federais, se por
ventura possuir qualquer título legítimo, não pertencerem a particulares;
c) os terrenos marginais de rios e as ilhas nestes situadas na faixa da fronteira do
território nacional e nas zonas onde se faça sentir a influência das marés;
Na Seção II Art. 2° São terrenos de marinha, em uma profundidade de
33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da
linha do preamar-médio de 1831.

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a) Os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até
onde se faça sentir a influência das marés;
A comunidade Marileide Teotônio e Nossa Senhora Aparecida tem área aproximada de
1,8 ha, que compreende a área vizinha a Seaport, e se estende ao longo da faixa da maré
do rio Sanhauá, onde foi realizado um levantamento censitário via aplicação de
questionário junto aos moradores, onde foram identificadas, 94 (noventa e quatro)
residências abertas, e 56 (cinquenta e seis) residências fechadas, ou seja, sem moradores
no momento do questionário, em um total de 150 (cento e cinquenta) domicílios
identificados (Gráfico 76).

Gráfico 76. Quantificação das casas catalogadas. Fonte: Real C Soluções 2014

Segundo o IBGE no “Manual de Delimitação dos Setores do Censo


2010” classifica como aglomerado subnormal cada conjunto constituído de, no mínimo,
51 unidades habitacionais carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais,
ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública
ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. A
identificação atende aos seguintes critérios:
a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de
propriedade alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente
(obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou menos);

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b) Possuírem urbanização fora dos padrões vigentes (refletido por vias
de circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais
e construções não regularizadas por órgãos públicos) ou precariedade na oferta de
serviços públicos essenciais (abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de
lixo e fornecimento de energia elétrica).
Estas comunidades somam aproximadamente 600 moradores, com
faixa etária de 2 a75 anos, com proximidade de parentesco familiar, sendo comum
identificar, até 3 gerações seguidas das famílias morando no mesmo espaço, porém em
habitações diferentes (Gráfico 77).

Quanto tempo você mora neste local?

23%

10%
59%

8%

de 1 a 5 anos de 6 a 10 anos
Gráfico 77. Quantificação do tempo de moradia. ( Fonte: Real C Soluções 2014.)
Nesse sentido a média de tempo que a população pesquisada ocupa a
região varia de acordo com a faixa etária do entrevistado, onde foi possível identificar
moradores com mais de 15 anos de residências e moradores com menos de 06 (seis)
meses de moraria.

4.4.2.2.4 Malha Viária e Circulação

Pode-se considerar que a malha viária do município de Cabedelo


dispõe de duas hierarquias. Para análise do estado de conservação da malha viária, é
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possível considerar aspectos como largura, fluxo, distribuição e tratamento de
pavimentação ou calçamento. A rodovia BR 230, considerada primária, responde pela
distribuição do fluxo de automóveis que chegam ao município. A mesma possui três
faixas em cada sentido com sinalização eletrônica e lombadas tradicionais, acostamento
em quase toda a sua extensão nos dois sentidos.
A BR 230 possui a função de distribuir o fluxo para as vias
secundárias, ou seja, aquelas que permitem acesso ao interior ao espaço urbano. A
maior parte possui duas faixas, uma em cada sentido, calçada ou pavimentada e
delimitada na maior parte pelos passeios (calçadas) apenas na área de Cabedelo que foi
denominada neste trabalho como núcleo central (Ponta de Matos, Centro e Seixas).
Grande parte das vias que margeiam o complexo do porto é
subutilizada, algumas não possuem nenhum tratamento de paisagístico e no caso da Rua
Presidente João Pessoa, esta se encontra sem saída (Figura 265).

Figura 265. Rua Presidente João Pessoa, Cabedelo. Fonte: Alterada do googleerath.com (street view),
2014.

O muro de delimitação da área do porto sem tratamento, e sem


preocupação de integração com o entorno, Interfere de forma prejudicial na paisagem e
na valorização das fachadas dos edifícios históricos vizinhos.
Outro aspecto a ser considerado são as áreas destinadas para
estacionamento de veículos, que atualmente formam faixas duplas nas vias que já são
estreitas. A ausência de espaços destinados exclusivamente a esse fim, com o aumento

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do fluxo de circulação trazido com a implantação do complexo portuário, deve
prejudicar em alto grau a mobilidade urbana.
De acordo com as informações contidas no Business Plan3 do
Complexo Portuário Seaport. A área da localização portuária permite acesso direto à
BR-230 que se conecta com a BR -101 fazendo a ligação com a malha rodoviária
nacional. Neste caso, possibilita o acesso direto aos aeroportos internacionais da Paraíba
e dos estados vizinhos como: o Castro Pinto na Paraíba (30Km), Gilberto Freire em
Pernambuco (150 km) e Augusto Severo (190 km) e de São Gonçalo do Amarante (215
km) no Rio Grande do Norte (Figura 266).

Figura 266. No ramal ferroviário que se conecta ao Porto de Cabedelo transitam os trens urbanos de
passageiros que faz a linha Cabedelo/João Pessoa/Santa Rita, utilizado diariamente pela população. A Via
Férrea existente que deverá atender o Complexo Portuário da Seaport é a CFN - Companhia Ferroviária
do Nordeste se encontra em más condições de conservação e sem tratamento, com presença de lixo e
vegetação ao longo dos trilhos que atravessam a cidade e passam na frente do portão principal da
empresa. Fonte: Real Consultoria, 2014.

A rodovia BR-230, o principal acesso a Cabedelo que atravessa todo o


município de forma linear, foi construída em 1929, pouco antes da implantação do
porto, iniciativa do presidente João Pessoa (PIMENTEL, 2002).
A microlocalização do Complexo Portuário Seaport, lhe permite fácil
acesso terrestre, pois está a 500 m de distância da BR 230, que inicia na Cidade de
Cabedelo, no quilómetro "O" (zero) se interliga à BR 101 na periferia de João Pessoa,
Capital do Estado da Paraíba, limítrofe ao Norte com o Município de Cabedelo,
facilitando acesso rodoviário aos demais estados nordestinos e ao país como um todo. A
BR 230 após passar por João Pessoa segue em direção ao interior do Estado da Paraíba,

3
Trabalho elaborado pela MULTICONSULT (2014).
724

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no sentido Leste/Oeste. Por outro lado, a BR 101 interliga João Pessoa às demais
capitais do Nordeste e aos estados brasileiros. O acesso terrestre do Complexo Portuário
Seaport terá como via principal, a travessia da Rua Cleto Campelo com 50 m de largura
e a Rua São Sebastião com 500 m de comprimento que faz a interligação com a BR 230
na altura do Km 1/2.
As respectivas linhas ferroviárias da CFN atravessa todo o estado no
sentido Leste-Oeste, desde a Seaport até a divisa do Estado da Paraíba alcançando o
Estado do Ceará. Nesse trajeto, passa pelas cidades de Itabaiana, Campina Grande,
Patos e Sousa, possibilitando a ligação da Seaport com o interior da Paraíba e as capitais
dos Estados circunvizinhos.
Segundo o site oficial da CFN - Companhia Ferroviária do Nordeste,
ela atualmente transporta em média 750 milhões de TKU por ano, com preponderância
as cargas de cimento, álcool, derivados de petróleo, milho, açúcar, cristal de rocha e
alumínio. Existe uma perspectiva de no futuro a CFN estender a Ferrovia Nordestina de
Crato até a região de Araripina em Pernambuco.
O acesso fluvial de pessoas e cargas é feito pelo Rio Paraíba, que
atualmente à montante do Complexo Portuário, só apresenta condições de navegação
para embarcações de pequeno porte, uma vez que seu calado máximo é de 5,0 metros.
Ademais, inexiste transporte de cargas no rio e ao longo de quaisquer de seus afluentes.
Ao lado da área do complexo portuário funciona o ferry boat que realiza a travessia de
passageiros e automóveis no trajeto (Cabedelo/Lucena/Cabedelo). Além deste, existe o
Beco da Balsa, que permite ao acesso alternativo só de passageiros através da balsa
ônibus que realiza o percurso entre Cabedelo, Costinha (Lucena) e Forte Velho (Santa
Rita). Estes transportes funcionam durante todo o dia com intervalo médio de uma hora
entre eles (Figura 267).

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Figura 267. A balsa exclusiva para passageiros possui aspecto peculiar com um ônibus sobre a
embarcação. A imagem mostra o desembarque dos passageiros em Costinha - Lucena. 2014. Fonte: Real
C Soluções.

4.4.2.2.5 Análise do Ambiente Construído de Lucena – AID

O mesmo ocorreu em Lucena onde essa exploração dos recursos


paisagísticos pelo turismo e posteriormente pelo mercado imobiliário provocou o
crescimento sem o planejamento urbano adequado provocando danos ecológicos,
paisagísticos e a degradação sociocultural, muitas vezes de forma irreversível.
Até o final da década de 1980, Lucena era uma das principais
referencias turísticas da Paraíba devido à pesca da baleia, que era aberta ao público.
Mesmo após a proibição, Lucena continuou a ser um destino para os veranistas, pelos
diversos atrativos paisagísticos e culturais. Em consequência dos altos preços dos
terrenos nas regiões mais próximas à capital, a região começou a atrair investimentos
por parte de construtoras e imobiliárias.
A população residente até o final dos anos 1990 era constituída
basicamente pelos pescadores artesanais. Com os novos investimentos, a inserção dos
transportes rodoviários e fluviais, o município começou a atrair moradores de classe
média e alta provenientes principalmente de João Pessoa. Com o crescimento
populacional e urbano ocorreram os impactos sociais, culturais e ambientais.
Segundo os dados fornecidos pelo IBGE, a planície costeira do
município de Lucena ocupa uma área de aproximadamente 24 Km², com uma extensão
de praia de quase 16 km. A população local, que em 1990 era de 7699 habitantes,
passou para 9755 pessoas no ano 2000 (IBGE, 1991; 2000). Durante esse período,
marcado pela especulação imobiliária e rápido consumo do espaço e dos recursos
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naturais, a densidade populacional passou de pouco mais de 320 hab/km2 no início de
1990 para quase 407,29 hab/km2 no final da década.
Apesar da pouca proximidade, o crescimento do ambiente construído
de Lucena acontece de forma mais lenta, provavelmente em decorrência da maior
distância da capital, João Pessoa. Visto que o transporte entre as margens de Cabedelo e
Lucena só intensificou-se na década de 1990. As manchas de densidade podem expor a
organização espacial e fornecer um panorama de seu crescimento urbano. O núcleo 1 se
refere ao centro de Lucena onde se encontram edifícios antigos como a Colônia de
Pecadores Z-5, remanescentes antigos de habitações em alvenaria de tijolos manuais
maciços, provavelmente da primeira metade do século XX, praça central de Lucena,
Câmara Municipal, Centro de Artesanato, Igreja Matriz de Lucena além de
estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, pousadas e casas de veraneio. O
espaço urbano não possui uma uniformidade estética, com exposição de fiação elétrica
aérea e construções de mais de dois pavimentos, destoando com o gabarito
predominante na área (Figura 268).

Figura 268. Edifício de uso misto localizado na PB 025, Centro de Lucena. O mesmo possui gabarito
superior às construções próximas. Fonte: Real Consultoria, 2014.

Após um intervalo de aproximadamente 1,5 km onde se localiza o


Condomínio Victory Marine Residence, se inicia o núcleo 2, em Ponta de Lucena onde
se destacam casas térreas e a Igreja. Identifica-se a presença de comércio informal em
barracas improvisadas sobre as calçadas e em acréscimos construídos a partir das
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residências. Chama atenção a construção abandonada, cuja tipologia insinua uma
pousada com os quartos em sequencia sacando do volume principal. Entre os núcleos 2,
Ponta de Lucena e o núcleo 3, Fagundes, se localiza o Cemitério Municipal de Lucena,
às margens da PB 025, distando cerca de 110 metros da linha de maré de sizígia (Figura
269) .

Figura 269. Mapa de Densidade Ocupacional de Lucena, 2014. Fonte: Real Consultoria.

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As manchas de densidade ocupacional 1, 2, 3, 4 e 5, seguem o padrão
de ocupação às margens da Rodovia PB 025. Os vazios urbanos entre as manchas vêm
sendo aproveitados para a criação de condomínios e hotéis em Lucena.
O núcleo 4, Fagundes é o maior adensamento urbano entre os
identificados, concentrando às igrejas de Santo Antônio e a Matriz de Fagundes, a praça
central, o mercado público e construções com fachadas em estilos que remetem à
arquitetura industrial. O núcleo 5, denominado de Costinha, por onde se dá o acesso
fluvial possui algumas habitações permanentes e de veraneio, a Igreja do Costinha, Loja
Maçônica e o antigo Museu da Baleia em estado de abandono.
De acordo com as observações de campo, notou-se que os canais de
drenagem, rios e riachos têm servido como depósito de dejetos e resíduos, o que
contrapõe o Código de Obras de Lucena Art. 35º, que diz que Toda edificação deverá
observar as seguintes condições mínimas;
“I – Dispor de instalações sanitárias; II – Ter seu sistema de esgoto ligado à
respectiva rede pública, onde houver, ou fossa séptica adequada; III – Dispor de
instalações de água tratada, ligada a respectiva rede pública, onde houver, ou de
outro meio adequado de abastecimento; IV – Ser o terreno convenientemente
preparado para dar escoamento às águas pluviais; V – Ter uma taxa de ocupação
máxima de 60% (sessenta por cento) para residências e de 70% (setenta por
cento) para edificações comerciais.”
(PDDM, Código de Obras e Urbanismo do Município. Lei n. 424/2001)
A extração de recursos naturais da área de mangue e restinga pela
população local é consequência de uma cultura de práticas de seus antepassados, que se
utilizava de materiais disponíveis no meio ambiente para a construção de suas
habitações e instrumentos de trabalho. Entretanto, esta tradição se contrapõe as medidas
de preservação dos biomas que não suportam a demanda em relação ao crescimento
populacional da região.
Outra preocupação decorrente do aumento das atividades turísticas é
procura por serviços e comércio, que vêm acontecendo de forma não sustentável, isto é,
sem planejamento. O que põe em risco a conservação do patrimônio cultural de
Cabedelo e Lucena.

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4.4.2.2.6 Malha Viária e Circulação

O município de Lucena possui dois acessos principais. O primeiro se


dá pela PB-008 através do ferry boat que sai do município de Cabedelo e atraca na Praia
de Costinha, um dos principais núcleos de densidade habitacional do município de
Lucena. Esta rodovia possui o trecho terrestre e o pequeno trecho aquático fluvial, que
se encontra localizado no estuário, no baixo curso do Rio Paraíba do Norte.
O segundo acesso ao município de Lucena se dá através da PB-025
que se conecta com a BR-101 no município de Santa Rita e a PB-019 que dá acesso ao
município nas imediações do Santuário de Nossa Senhora da Guia.
Afora estas vias principais, existem as vias vicinais, as quais em
grande maioria se encontram sem asfalto ou calçamento, dificultando o tráfego dentro
do município durante o período de chuvas.

4.4.2.2.7 Análise do Ambiente Construído de Forte Velho – AID

O distrito de Forte Velho, no município de Santa Rita se encontra na


área Diretamente Afetada. De acordo com Curt Nimuendajú (2010) a vila que abrigou o
forte de São Filipe e São Tiago foi fundada no ano de 1584, pelo general espanhol
Diogo Flores de Valdés. Posteriormente foi construído o Mirante do Atalaia, que
funcionou como observatório de defesa. Em registros mais recentes sabe-se que a região
foi uma fazenda de coco com área de 1.200 hectares, a qual pertencia à família Ferreira
Soares.
O distrito de Forte Velho possui uma área de adensamento urbano
onde anteriormente era a sede da Fazenda de coco que pertenceu a Família Ferreira
Soares. Com exceção da casa dos proprietários e da edificação ao lado que abriga hoje o
posto de saúde do distrito, as outras construções são de caráter mais simples em
tamanho, forma e materiais construtivos.
Possui como referencia a Praça Central que abriga a Igreja de São
Sebastião. Esta é o principal ponto de encontro da população de Forte Velho. A
população vive praticamente da pesca e comércio. Sua configuração urbana

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compreende três vias principais, das quais uma é a continuação do píer de embarque e
desembarque da balsa ônibus e as outras são transversais e margeiam a praça central.

4.4.2.2.8 Malha Viária e Circulação.

A circulação rodoviária de transportes públicos dentro do distrito de


Forte Velho é realizada através de uma pequena frota de ônibus que faz o percurso do
centro de Santa Rita (BR-101) por uma rodovia sem calçamento (PB-011) à Forte
Velho, embora exista uma placa no centro de Forte Velho com informações sobre a obra
de pavimentação desta rodovia com início em fevereiro de 2014 com duração de 12
meses.
É ponto de destaque que o povoado se encontra em estágio primitivo
de desenvolvimento urbano. As vias da comunidade não possuem calçamento e
passeios, os quebra-molas são confeccionados pela própria população com troncos de
coqueiros. As construções são em alvenaria, com gabarito predominantemente térreo.
Não foram identificados equipamentos urbanos tais como placas de sinalização,
terminais de ônibus, lixeiras, entre outros.

4.4.2.2.9 Atividades tradicionais – Econômicas e Sociais

Atividades relacionadas à pesca artesanal, locais de pesca, de


construção de barcos, de extração de mariscos, comércio.

4.4.2.2.10. Organização Social e Política


4.4.2.2.11. Identificação das Organizações Sociais e sua participação na
Comunidade
4.4.2.2.12. Atividades Econômicas e Dinâmicas Produtivas

Tratando o turismo como uma atividade intercultural, esta também é


válida, no sentido de utilização e conservação do patrimônio cultural. Sabe-se que
diversos elementos constituem o patrimônio cultural, entre eles destacam-se o
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