Você está na página 1de 18

Aplicação da metodologia de alocação

equitativa de recursos estaduais na saúde


2020

DIRETORIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS


Carolina Proietti Imura
Marcos Arcanjo de Assis

PESQUISADORA RESPONSÁVEL PELA ATUALIZAÇÃO


Cláudia Júlia Guimarães Horta

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
Aplicação da metodologia de alocação equitativa de
recursos estaduais na saúde 2020
O estado de Minas Gerais é caracterizado por profundas desigualdades que se
manifestam também no estado de saúde e acesso aos serviços. Em 2004 (FJP/Cedeplar,
2004), a partir de uma parceria entre a Fundação João Pinheiro (FJP) e o Centro de
Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR/UFMG) foi desenvolvido um
método de alocação de recursos (Fator de alocação de recursos estaduais em saúde –
FA) considerando as diferenças existentes nas necessidades de saúde da população
(INS) e no porte econômico dos municípios (IPE). Passados quase 15 anos e envolvendo
as mesmas instituições foi proposto o desenvolvimento de um estudo com o objetivo
de revisão da metodologia de cálculo e de atualização do FA, contando com o apoio da
SES-MG. Tal estudo foi desenvolvido nos anos de 2017 e 2018 e aprovado pela SES-MG.
Assim, o presente documento tem como objetivo aplicar tal metodologia para os
municípios de Minas Geras para os anos mais recentes.

A iniciativa vai ao encontro de experiências desenvolvidas em diversos países, sendo a


fórmula Rawp (Resource Allocation Working Party), implementada na Inglaterra, em
1975, a pioneira. Desde então, outros países também têm procurado adotar critérios
equitativos na distribuição de recursos para a assistência à saúde (Canadá, Itália,
Bangladesh, África do Sul, entre outros).

Metodologia de alocação equitativa de recursos estaduais na saúde

O FA é uma média simples do Índice de Necessidade de Saúde (INS) e do Índice de porte


econômico (IPE), onde:

INS é composto por um conjunto de variáveis epidemiológicas e sociodemográficas que


permite classificar os municípios segundo uma escala crescente de necessidade em
saúde.

IPE é medido pelo ICMS per capita refletindo a capacidade dos municípios de financiar
políticas públicas.

O FA varia entre 1 (menor necessidade relativa) e 2 (maior necessidade relativa).

Para a construção do INS, em 2004, foram selecionadas, a partir da análise de um amplo


conjunto de variáveis epidemiológicas, socioeconômicas e demográficas, as seguintes:
(1) Taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos de idade, (2) taxa de fecundidade
total, (3) proporção de óbitos com causas de morte mal definidas, (4) taxa de
alfabetização da população de 15 anos ou mais, (5) proporção de pessoas com renda
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
domiciliar per capita menor que ½ salário mínimo e (6) proporção de domicílios urbanos
com coleta de lixo. Todas as variáveis tiveram como fonte as informações do Censo
Demográfico de 2000, último levantamento disponível à época. O Mapa 1 apresenta os
resultados para o INS em 2000.

Mapa 1
Distribuição dos municípios segundo o INS – Minas Gerais, 2000

Índice Necessidade
1,53 a 2 (181)
1,34 a 1,53 (170)
1,23 a 1,34 (150)
0 100 200 1,17 a 1,23 (156)
kilometers 1 a 1,17 (196)

Fonte: Dados básicos: IBGE / Censo Demográfico de 2000.

Um exemplo de utilização do FA foi a operacionalização do princípio da equidade no


programa Saúde em Casa, a partir de 2005, e vem sendo utilizado no programa “Co-
financiamento da Atenção Primária” (Resolução 5816 de 19/07/2017), que substituiu o
Saúde em Casa. Para sua aplicação, os municípios foram, inicialmente, classificados em
ordem crescente do FA. Na sequência, foram divididos em quatro grupos iguais (quartis
do número de municípios). Finalmente, foram definidos valores diferenciados de
incentivo às equipes de Saúde da Família e de Saúde Bucal para cada quartil (valores
crescentes do 1º ao 4º quartil), segundo o grupo a que o município pertence. Quanto
maior o FA maior o incentivo recebido.

Recentemente, a SES-MG atualizou o FA, com os dados do Censo Demográfico de 2010


e do ICMS do mesmo ano (GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 2017). Entretanto,
e apesar da sua distribuição espacial refletir as necessidades em saúde da população em
Minas Gerais, mudanças nas condições socioeconômica, demográfica e de saúde da

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
população do estado observadas nos últimos anos tornam necessária a revisão do INS e
atualização do ICMS, que compõem o indicador do FA. Era premente a necessidade de
se utilizar indicadores que reflitam melhor a atual realidade socioeconômica,
demográfica e de saúde da população mineira. Ademais, era importante, naquele
momento de estudo e elaboração de nova metodologia de cálculo do FA, testar
indicadores para compor o INS que fossem passíveis de atualização mais frequente. A
seguir, é descrito, de forma sucinta a metodologia proposta pela FJP e CEDEPLAR e
aprovada pela SES-MG e a sua aplicação para dados mais recentes.

Nova metodologia para cálculo do INS e para a atualização do fator de alocação de


recursos estaduais na saúde

Na construção do fator de alocação foram utilizados indicadores que permitem sua


atualização anual. São eles: (1) consumo anual residencial de energia elétrica por ligação
no município, em KWH/ligação, (2) proporção de óbitos por causas mal definidas, (3)
densidade demográfica, (4) taxa de mortalidade infantil e (5) taxa de analfabetismo da
população de 15 anos ou mais. Com exceção desse último, que tem como fonte os
censos demográficos, os demais podem ser atualizados anualmente. Tal inclusão se
justifica pela necessidade de contemplar um indicador de educação altamente
correlacionado com a saúde da população e pelo fato de que outros indicadores
passíveis de atualização anual não cumpriam esse papel.

A seguir são apresentados os indicadores, sua definição, interpretação, fonte de dados


e distribuição segundo os municípios de Minas Gerais para o ano mais recente
disponível.

O indicador de consumo anual residencial de energia elétrica (em KWH/ligação) será


utilizado como Proxy da renda média domiciliar. Esse último mede a capacidade de
aquisição de bens e serviços dos moradores do domicílio. Valores muito baixos
assinalam, em geral, a existência de segmentos sociais com precárias condições de vida.

O consumo anual residencial de energia elétrica por ligação no município é obtido pela
razão entre o consumo residencial urbano de energia elétrica pelo número de ligações
a domicílios urbanos do município. O número de ligações refere-se ao mês de dezembro.

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜 𝑑𝑒


𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑎𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑙𝑖𝑔𝑎çã𝑜 =
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑔𝑎çõ𝑒𝑠 𝑎 𝑑𝑜𝑚𝑖𝑐í𝑙𝑖𝑜𝑠 𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑠

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
A informação tem como fontes de dados as empresas: Cia Energética de Minas Gerais
(CEMIG), Energisa Minas Gerais, Energisa Sul e Sudeste, Departamento Municipal de
Eletricidade (DME/Poços de Caldas) e CPFL Jaguari.

O mapa 2, a seguir, apresenta a distribuição do indicador de consumo de energia elétrica


para os municípios de Minas Gerais em 2016. A escala tomou como referência a
distribuição, segundo quartis.

Mapa 2
Distribuição dos municípios segundo o consumo anual residencial de energia elétrica
por ligação no município, em KWH/ligação – Minas Gerais, 2016

Fonte: dados básicos de consumo de energia residencial e de número de ligações: Cia Energética de Minas
Gerais (CEMIG), Energisa Minas Gerais, Energisa Sul e Sudeste, Departamento Municipal de Eletricidade
(DME/Poços de Caldas) e CPFL Jaguari.

O indicador mortalidade por causas mal definidas estima o grau de qualidade da


informação sobre causas de morte. Percentuais elevados sugerem deficiências na
declaração das causas de morte e/ou nos processos de registro, coleta, crítica e análise
dos dados de mortalidade. A frequência de causas mal definidas é condicionada pela
disponibilidade de recursos médico-assistenciais, inclusive, para diagnóstico. Também
pode refletir o cuidado no preenchimento da Declaração de Óbito. O emprego de
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
termos imprecisos e expressões dúbias, que prejudicam a identificação da causa básica
da morte, coloca a causa do óbito como causa mal definida. (RIPSA, 2008)

A informação do número de óbitos por causas mal definidas tem como fonte de dados
as estatísticas vitais do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM),
disponibilizadas pelo Datasus/Ministério da Saúde, e corresponde ao Capítulo XVIII da
CID-10: "Sintomas, Sinais e Achados Anormais de Exames Clínicos e de Laboratório Não
Classificados em Outra Parte" (códigos R00-R99), sendo o indicador calculado pela
seguinte razão:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 ó𝑏𝑡𝑖𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎𝑠


𝑚𝑎𝑙 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑠
𝑀𝑜𝑟𝑡𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑙 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑠 = ∗ 100
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠

Os resultados para Minas Gerais apontam redução progressiva da proporção de óbitos


por causas mal definidas ao longo do período de 2010 a 2018, indicando melhoria
qualitativa das estatísticas de mortalidade, conforme aponta o gráfico 1 abaixo. Em
2010, aproximadamente 10% dos óbitos registrados no estado tiveram a causa de morte
mal definida. Quase uma década a frente, esse indicador se encontra em patamar
inferior (7%).

Gráfico 1: Mortalidade por Causas Mal Definidas, Minas Gerais - 2010 a 2018
10,5
10,0
9,5
9,0
Percentagem

8,5
8,0
7,5
7,0
6,5
6,0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Ano
Fonte: SIM, Datasus/MS

Não obstante, os resultados, segundo os municípios mineiros, revelam importantes


diferenciais, onde esse indicador se mantém em patamares elevados, sobretudo nas
regiões de planejamento do Jequitinhonha/Mucuri, Norte de Minas e Noroeste de
Minas, evidenciando baixa disponibilidade de recursos médico-assistenciais e
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
diagnóstico, comprometendo a análise da mortalidade, segundo as causas de morte. O
mapa 3 apresenta o indicador para os municípios de Minas Gerais em 2018. A escala
tomou como referência a distribuição, segundo quartis.

Mapa 3
Distribuição dos municípios segundo a proporção de Óbitos por Causas Mal Definidas –
Minas Gerais, 2018

Fonte: SIM/MS

A densidade demográfica é um indicador que permite mensurar a ocupação


populacional em áreas específicas, determinar e compreender as áreas com os maiores
contingentes populacionais e buscar entender os motivos dessas aglomerações. Na
maioria das vezes, a densidade demográfica está associada a áreas com maior oferta de
emprego, educação e melhor qualidade de vida, sendo também de grande crescimento
populacional. No caso específico da metodologia apresentada o pressuposto é de que
uma elevada densidade demográfica pode significar também elevada demanda por
saúde, sendo calculado por:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠


𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑜𝑔𝑟á𝑓𝑖𝑐𝑎 =
Á𝑟𝑒𝑎 (𝑒𝑚 𝐾𝑚2)

O indicador calculado para o ano de 2010 apontava elevada densidade demográfica para
um número pequeno de municípios (outliers) em Minas Gerais (Gráfico 2). Nesta
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
situação, a variabilidade entre o indicador para aos demais municípios (desconsiderando
os outliers) é pequena, o que não seria desejável para a construção do Índice, uma vez
que o objetivo é utilizar indicadores que apontem para as diferenças entre os municípios
em termos de ocupação do espaço.

Gráfico 2: Box-Plot da Densidade Demográfica, Minas Gerais – 2010

Fonte: IMRS

Desta forma, procedeu-se a determinação e seleção desse conjunto de municípios,


empregando-se o método baseado na amplitude interquartil, onde o limite superior foi
calculado por:
𝐿𝑠𝑢𝑝 = 𝑥̿ + (1,5 ∗ 𝐼𝑄𝑅)

IQR = Amplitude interquartil = Q3 –Q1

Para o ano de 2010, o Lsup foi de 110,76. Ou seja, todos os municípios que em 2010
tinham densidade demográfica acima de 110,76 habitantes por Km2 passaram a assumir
esse valor. Do total de 853 municípios, 57 foram assim identificados (truncados). O
mesmo procedimento foi empregado nos anos de 2011 a 2018. A tabela 1 traz os valores
dos limites superiores e o número de municípios cujo valor foi truncado.

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
Tabela 1 – Limite superior do intervalo e número de municípios truncados
Limite Número de
Ano Superior municípios
2010 110,74 57
2011 111,45 57
2012 113,51 57
2013 114,83 57
2014 115,43 57
2015 116,14 58
2016 116,79 59
2017 117,70 60
2018 118,67 60
Fonte: Elaboração própria

O mapa 4, a seguir, apresenta a distribuição do indicador densidade demográfica


truncado para os municípios de Minas Gerais em 2018. A escala tomou como referência
a distribuição, segundo quartis.

Mapa 4
Distribuição dos municípios segundo a densidade demográfica (truncada) – Minas
Gerais, 2018

Fonte: IMRS/FJP

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é por definição o número de óbitos de menores
de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado
espaço geográfico, no ano considerado. O indicador estima, portanto, o risco de morte
dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida. Esse reflete, de maneira geral, as
condições de desenvolvimento socioeconômico e infraestrutura ambiental, bem como
o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e da
população infantil1. A TMI é utilizada para analisar variações populacionais, geográficas
e temporais da mortalidade infantil, identificando situações de desigualdade e
tendências que demandem ações e estudos específicos; contribuir na avaliação dos
níveis de saúde e de desenvolvimento socioeconômico da população, prestando-se para
comparações nacionais e internacionais; e, subsidiar processos de planejamento, gestão
e avaliação de políticas e ações de saúde voltadas para a atenção pré-natal e ao parto,
bem como para a proteção da saúde infantil. (RIPSA, 2008)

As fontes de informações para o cálculo do indicador são o Sistema de Informações


sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc),
ambos do Ministério da Saúde.

Método de cálculo direto:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 ó𝑏𝑡𝑖𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑎𝑛𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒


𝑇𝑀𝐼 = ∗ 1000
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑛𝑎𝑠𝑐𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠

Para o cálculo da TMI para os municípios mineiros foram necessários implementar dois
ajustes. O primeiro deles, foi calcular as médias de 7 (sete) anos em razão de possíveis
variações no número de óbitos de menores de um ano de idade, principalmente nos
municípios com pequenas populações. Ou seja, para o cálculo do Índice foram utilizadas
médias do número de óbitos e do número de nascidos vivos do período de 2010 a 2016;
2011 a 2017 e 2012 a 2018. À medida que o Índice for atualizado serão incorporados
novos anos ao cálculo e retirados os anos anteriores, dependendo do ano disponível nas
bases de dados.

O segundo ajuste se deu em função da qualidade da informação (subenumeração) de


óbitos infantis e de nascidos vivos (está em menor escala) em alguns municípios/regiões
de Minas Gerais. Os municípios das Macrorregiões de Saúde do Jequitinhonha e do
Nordeste com menos de 20 mil habitantes em 2010, segundo o Censo Demográfico,

1
Costuma-se classificar o valor da taxa como alto (50 por mil ou mais), médio (20 a 49) e baixo (menos de
20), parâmetros esses que necessitam revisão periódica, em função de mudanças no perfil
epidemiológico. Valores abaixo de 10 por mil são encontrados em vários países, mas deve-se considerar
que taxas reduzidas podem estar encobrindo más condições de vida em segmentos sociais específicos.
(RIPSA, 2008)
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
assumiram o mesmo valor calculado para a respectiva região como um todo. O objetivo
é diminuir o problema da subenumeração, que por ventura ocorra, utilizando a média
da região. A macrorregião de saúde do Jequitinhonha abrange 23 municípios, sendo que
desse total, 18 tinham população menor que 20 mil habitantes em 2010. No caso da
macrorregião de saúde do Nordeste, o total de municípios é de 63, onde 51 tinham
menos que 20 mil habitantes. Portanto, do total de 86 municípios, 69 assumiram o valor
igual à média da respectiva macrorregião. Os resultados encontram-se representados
no Mapa 5. A escala tomou como referência a distribuição, segundo quartis.

Mapa 5
Distribuição dos municípios segundo a Taxa de Mortalidade Infantil modificada – Minas
Gerais, 2012 a 2018

Fonte: Elaboração FJP

A taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais é adotada para dimensionar


a situação de desenvolvimento socioeconômico de um grupo social em seu aspecto
educacional e utilizado como proxy da condição socioeconômica da população. A
situação de saúde das crianças é influenciada positivamente pela alfabetização da
população adulta, sobretudo das mães. Pessoas não alfabetizadas requerem formas
especiais de abordagem nas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde.
(RIPSA, 2008)
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑒 15 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑜𝑢 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑛ã𝑜
𝑠𝑎𝑏𝑒𝑚 𝑙𝑒𝑟 𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟 𝑢𝑚 𝑏𝑖𝑙ℎ𝑒𝑡𝑒 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑎𝑙𝑓𝑎𝑏𝑒𝑡𝑖𝑠𝑚𝑜 = ∗ 1000
𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 15 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑜𝑢 𝑚𝑎𝑖𝑠

O mapa 6, a seguir, apresenta a distribuição do indicador da taxa de analfabetismo da


população de 15 anos ou mais para os municípios de Minas Gerais em 2010. A escala
tomou como referência a distribuição, segundo quartis.

Mapa 6
Distribuição dos municípios segundo a Taxa de Analfabetismo da população de 15 anos
ou mais – Minas Gerais, 2010

Fonte: FJP / IMRS

Para a elaboração do Índice de Necessidade em Saúde (INS) foi adotado o método de


análise fatorial (Análise Multivariada) a partir de um conjunto das cinco variáveis
descritas anteriormente, que procuravam medir as condições epidemiológicas e
socioeconômicas dos municípios. Os resultados obtidos possibilitaram a retenção de um
único fator, com o poder explicativo de 47% da variância total. A partir desse fator,
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
construiu-se um índice de classificação dos municípios, segundo a necessidade em
saúde. Para ordenar os municípios segundo o grau de necessidade o fator obtido na
análise fatorial foi assim escalonado:

(𝑓𝑚 − 𝑓𝑚𝑎𝑥)
𝐼𝑁𝑆 = +1
(𝑓𝑚𝑖𝑛 − 𝑓𝑚𝑎𝑥)

Onde:
INS = Índice de Necessidade em Saúde;
fm = fator observado no município;
fmin = fator mínimo no Estado de Minas Gerais; e,
fmax = fator máximo no Estado de Minas Gerais.

Dessa forma, obtêm-se o Índice de Necessidade em Saúde, variando entre 1 e 2. Os


municípios com menores (maiores) valor apresentam menores (maiores) necessidades
de cuidados com a saúde. O mapa 7 apresenta a distribuição dos INS para os municípios
de Minas Gerais, segundo quartis. Como pode ser observado, os municípios com maior
necessidade em saúde são aqueles pertencentes a regiões mais pobres do Estado, como,
por exemplo, as regiões Norte e Nordeste. Por outro lado, os municípios com menor
necessidade estão concentrados em sua grande maioria na região sul, que apresenta os
melhores indicadores de saúde.

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
Mapa 7
Distribuição dos municípios segundo o Índice de Necessidade de Saúde – Minas Gerais,
2018

Fonte: Elaboração FJP.

Índice de Porte Econômico

O Índice de Porte Econômico (IPE) corresponde ao logaritmo neperiano do ICMS per


capita de 2019 escalonado de modo a assumir valores entre 1 (maior porte econômico)
e 2 (menor porte econômico), sendo obtido da seguinte forma:

(ln 𝐼𝐶𝑀𝑆 − ln 𝐼𝐶𝑀𝑆 𝑚𝑎𝑥)


𝐼𝑃𝐸 = +1
(ln 𝐼𝐶𝑀𝑆 𝑚𝑖𝑛 − ln 𝐼𝐶𝑀𝑆 𝑚𝑎𝑥)

onde:

ln ICMS = logaritmo neperiano do ICMS per capita do município m;

ln ICMSmin = Menor valor observado do logaritmo neperiano do ICMS per capita no


Estado de Minas Gerais;
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
ln ICMSmax = Maior valor observado do logaritmo neperiano do ICMS per capita no
Estado de Minas Gerais.

Esse indicador reflete as potencialidades do município em termos do desempenho


econômico e, consequentemente, a sua capacidade de financiar com recursos próprios
os cuidados com a saúde. O ICMS arrecadado nos municípios em 2019 foi obtido no site
da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais2 e as informações populacionais
tem como fonte as estimativas do IBGE para o ano de 2019. O mapa 8 apresenta os
resultados, em termos de quartis.

Mapa 8
Distribuição dos municípios segundo o Índice de Aporte Econômico – Minas Gerais, 2019

Fonte: Dados básicos: e IBGE/Estimativas populacionais.


Elaboração FJP.

2
http://www.transparencia.mg.gov.br/transferencia-de-impostos-a-
municipios/repasseMunicipio-transferencia-municipios/2019/1/12 (acessado em 30/07/2020).
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
Fator de Alocação

O fator de Alocação (FA) é composto pela média simples do Índice de Necessidade em


Saúde (INS) e do Índice de Porte econômico (IPE), sendo representado da seguinte
forma:
𝐼𝑁𝑆 + 𝐼𝑃𝐸
𝐹𝐴 =
2

O mapa 9 traz os municípios de Minas Gerais classificados em ordem crescente segundo


o valor do Fator de Alocação e sua distribuição foi dividida em quatro partes iguais
(quartis).

Mapa 9
Distribuição dos municípios segundo o Fator de Alocação – Minas Gerais, 2018

Fonte: Elaboração FJP.

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
Referências
FJP/Cedeplar (2004) Fator de alocação de recursos financeiros para atenção à saúde.
Relatório de Pesquisa. Machado, E. N. M.; Fortes, F. B. C. T. P.; Costa, M. G. F.; Andrade,
M. V.; Noronha, K. V. M. S.; e Moro, S., Belo Horizonte.
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS (2017). Secretaria de Estado de Saúde.
RESOLUÇÃO SES/MG Nº 5.816, DE 19 DE JULHO DE 2017. Estabelece as normas gerais
de adesão, execução, acompanhamento, controle e avaliação da concessão de incentivo
financeiro para cofinanciamento da Atenção Primária à Saúde para o exercício 2º e 3º
quadrimestres de 2017. Disponível em:
https://saude.mg.gov.br/sobre/institucional/resolucoes. Acesso em: 10 set. 2020.
RIPSA (2018) REDE Interagencial de Informação para a Saúde Indicadores básicos para a
saúde no Brasil: conceitos e aplicações / Rede Interagencial de Informação para a Saúde
- Ripsa. – 2. ed. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. 349 p.: il.

Fundação João Pinheiro


Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br
Fundação João Pinheiro
Alameda das Acácias, 70, São Luiz, Belo Horizonte – MG
www.fjp.mg.gov.br

Você também pode gostar