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Vitor Santarosa3
Introdução
No Brasil nas últimas décadas, a agricultura familiar obteve diversos avanços no que cerne
seu uso político, econômico e social. Se no passado, o grande latifundiário, atrelado a monocultura
e uma mecanização em pleno desenvolvimento era o foco do governo, recentemente, os
agricultores familiares conseguiram ter mais visibilidade e força política.
Sabemos que algumas regiões brasileiras, a presença da agricultura familiar é mais
expressiva como na região nordeste e sul, como demonstrado na Figura 1. Já o agronegócio é mais
forte no centro-oeste, essas diferenciações compreende fatores ligados desde a formação sócio-
espacial até as políticas econômicas.
O fato é que mediante algumas políticas públicas de fomento, as que configuram no âmbito
de aquisição de alimentos são de extremas importância. O Plano Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) foi criado nos anos 50, mas foi através da normativa nº 11.974 de Junho de 2009, que
prevê o destino de 30% do repasse federal para aquisição de alimentos provindo da agricultura
familiar para merenda de escolar públicas, trouxe uma série de desafios. É como elenca Triches e
Schneider (2012) para o bom funcionamento do programa (com todas suas normativas) é
necessário o perpasse por todos os aspectos burocráticos, organizacionais, sanitários, logístico e
estruturante exigidos aos agricultores para o cadastramento ao programa.
A possibilidade de serem fornecedores de
gêneros para a alimentação escolar exige mudanças
na sua forma de relação com os mercados, com os
outros agricultores, mediadores, gestores e
1
Acadêmica de Bacharelado em Geografia na Universidade Federal de Pernambuco
dinah.dantass@gmail.com
2
Acadêmico de Bacharelado e Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina
felipeterrageo@hotmail.com
3
Acadêmico de Bacharelado e Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina
vitor.sntt@hotmail.com
instituições,obrigando-os a rever suas posições,
atitudes e práticas, como também as dos outros
envolvidos. (TRICHES; SCHNEIDER, 2012, p. 4)
A agricultura familiar tem como base a produção por pequenos proprietários, apesar disso,
há dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que mostraram em 2018 que ela
é a responsável em nosso país por 50% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros, o que
já representa 38% do valor da produção agropecuária. A lei nº 11.974 de 16 de junho de 2009
que prevê a utilização de 30% do valor destinado para a alimentação nas escolas das redes
municipais, estaduais, e federais pelo FNDE para o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE), especifica que esses alimentos devem ser oriundos da agricultura familiar. A partir então,
houve um crescente do debate sobre esse tipo de agricultura, bem como a relevância da introdução
desse tipo de produção nas escolas.
O estado de Santa Catarina, assim como Sergipe, possuem grande participação da
agricultura familiar e colaboram diretamente na alimentação escolar (ilustrado na Figura 2),
entretanto os dados obtidos mostram que as capitais Florianópolis e Aracajú diferem ao longo do
tempo sobre o percentual atingido, mediante a lei nº 11.974. O interessante dos dados publicados
pelo PNAE (2011-2017) é que as duas capitais estabelecem movimentos inversos, enquanto a
capital catarinense cumpre relativamente bem as metas estabelecidas por lei nos primeiros anos,
Aracaju registra percentuais baixíssimos nesse mesmo período. Porém, nos últimos dois anos a
capital sergipana alcançou resultados acima de 80%, enquanto Florianópolis registrou apenas 9%
à 1% de alimentação escolar proveniente da agricultura familiar. Essas mudanças de um ano para
outro, envolvem diversos fatores como: maior coordenação da prefeitura junto às inúmeras
cooperativas estabelecidas na região; políticas econômicas de fomento para os pequenos
produtores (microcrédito, feiras, cursos...); mudanças no cardápio escolar, visto pelo acréscimo de
alimentos regionais; produtos da agricultura familiar de acordo com a média de preço do mercado;
adequação dos produtores as normas exigidas pelo programa.
Figura 2: Mapa de distribuição espacial da compra da agricultura familiar pelo Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) nos municípios brasileiros. Fonte: Brasil, 2011
O cumprimento da lei de forma efetiva em todas as cidades brasileiras está longe de ser
uma realidade e constitui um desafio, abrangendo metrópoles à cidades pequenas, onde as
primeiras possuem uma enorme dificuldade em atingir as exigência do PNAE. Os artefatos
jurídicos visto pela lei nº 11.974 e seus órgãos fiscalizadores não garantem o sucesso do programa,
é necessário diversas iniciativas e ações que vão da escolha do cardápio na escola, até as políticas
municipais e regionais, fomentando à agricultura familiar se fortalecer constantemente em
determinada região.
Metodologia
Com a chamada modernização agrícola brasileira nos anos 60 e 70, fruto da revolução
verde, a mecanização do campo atingia cada vez mais os setores com alta densidade de capital,
beneficiando principalmente os grandes produtores, que obtinham um acesso facilitado ao crédito
rural, gerando uma maior concentração de terras. Em contrapartida, os movimentos sociais como
da reforma agrária ganhavam cada vez mais fôlego, num Brasil que passava por um grande êxodo
rural, a exclusão dos agricultores tradicionais catalizavam ainda mais essa tensão (MATTEI,
2014).
É nos anos 90, que essas lutas começam a ganhar um novo contorno, pois esses
movimentos começaram a ter representatividade, como a criação da Federação dos Trabalhadores
da Agricultura Familiar do Brasil (FETRAF); o Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais
MSTR, fortificando a luta para os trabalhadores rurais. Cabe lembrar, que nessa mesmo época os
termos “agronegócio” e “agricultura familiar” são consolidados no meio acadêmico, político e
social , em que o primeiro segundo Sauer (2012) é caracterizado por atividades agropecuárias que
utilizam técnicas de produção intensiva (mecanização e química) e de escala, o que gera aumento
da produção e da produtividade, envolvendo nesse processo outro setores econômicos. Já
agricultura familiar, termo traduzidos do Estados Unidos, visava principalmente, romper com a
ideia de “agricultura ineficiente” “de subsistência”, “atrasada” que a globalização econômica
tentava impor. Se pode levantar diferentes critérios e variedades para construir tais tipologias,
porém, a partir do Novo Retrato da Agricultura Familiar de 2000 organizado pelo INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi levantada a duas caracterizações para
a agricultura familiar e tais condições foram que a direção dos trabalhos fossem exercida pelo
produtor e que o trabalho familiar fosse superior ao trabalho contratado e juntamente com tais
condições foi estabelecida uma área máxima regional para essa classificação.
Uso Político
A patir da tabela exposta acima podemos perceber a diferença nos valores repassados para o
municício e comparando entre as cidades podemos perceber como esse repasse para Aracajú fui
diminuindo enquanto o valor gasto com a aquisição oriunda de agricultura familiar foi aumentando
enquanto vemos a de Florianópolis aumenta o repasse e seus gastos com esse tipo de agricultura
vai diminuindo.
IV. Propor e realizar ações de educação alimentar e nutricional para a comunidade escolar
IX. Participar do processo de licitação e da compra direta da agricultura familiar para aquisição
de gêneros alimentícios
X. Orientar e supervisionar as atividades de higienização de ambientes, armazenamento de
alimentos, veículos de transporte de alimentos, equipamentos e utensílios da instituição
Considerações Finais
Com o desenvolvimento de nossas análises podemos observar que há uma grande importância
na continuidade de inclusão de alimentos de origem de agricultura familiar na alimentação escolar
de centenas de alunos de todo o país. Podemos observar inicialmente que há em si uma grande
diferença de entrada para gastos entre as capitais mencionadas por motivos de maiores
investimentos serem feitos na cidade sulista, porém há mesmo assim uma crescente nos gastos da
cidade de Aracajú na compra de alimentos provindos de agricultura familiar. A partir disso
podemos também analisar uma certa queda na aquisição de produtos em ambos os municipios
assim que temos a entrada de uma nova gestão nas prefeituras, dado ao efeito comum desse tipo
de eleição em que a gestão que toma posse comumente modifica amplamente as políticas já
instauradas anteriormente, sendo assim se pode apontar como proposta que tais políticas possam
ter andamento independente de mudanças de gestão e de pessoal reponsável para que assim os
projetos possam ser desenvolvidos.
A participação e inflência de nutricionistas se mostrou também bastante importante para a
construção e manutenção de uma alimentação saudável e de base familiar, como descrito
anteriormente, para isso é importante a consideração direta da quantidade de alunos de uma rede
municipal para que se faça a contratação de profissionais adequadas para a realização do serviço,
que em muitos municípios acaba não sendo feito e assim com o passar do tempo se encontra
problemas para o melhor desenvolvimento desta tarefa
Referências Bibliográficas
Brasil. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução/CFN no 465 de 23 de agosto de 2010.
Dispõe sobre as atribuições do Nutricionista, estabelece parâmetros numéricos mínimos de
referência no âmbito do Programa de Alimentação Escolar (PAE) e dá outras providências. Diário
Oficial da União 2010; 16 jun.
IBGE. Regiões de influência das cidades 2007 — REGIC. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.