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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

02/05/2020

Número: 0833441-34.2015.8.15.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Capital
Última distribuição : 27/11/2015
Valor da causa: R$ 575,00
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer, Cobrança de Aluguéis - Sem despejo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REAL CONSULTORIA E SOLUCOES LTDA - ME (AUTOR) THIAGO SILVEIRA GUEDES PEREIRA (ADVOGADO)
LUIZ CARLOS ERNESTO DE BARROS (ADVOGADO)
HILTON SOUTO MAIOR NETO (ADVOGADO)
ALEXANDRE SOARES DE MELO (ADVOGADO)
SEAPORT SERVICOS DE APOIO PORTUARIO LTDA (REU) ADRIANO DE MATOS FEITOSA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25204 27/11/2015 16:34 Vol 2 Outros Documentos
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das Plantas Vasculares de Uma Floresta de Terra-Firme na Amazônia Central. INPA,
1999, na Região da Paraíba (PB), as espécies que compõem a Vegetação com Influência
Marinha (Restinga), principalmente em Estágios Inicial, Médio e Avançado de
Regeneração e Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal) são do domínio da
Mata Atlântica.
No entanto, vale considerar que este levantamento vem corrobar com
vários autores, tais como Oliveira-Filho e Ratter (1995); Tropmair & Machado (1974);
Fernandes e Bezerra (1990); Coutinho (1978), Eiten (1994) e Santos (1996), sobre a
teoria das formações florestais do Cerrado associados a cursos d'água (perenes ou não)
que são tidas como tipos de vegetação extra-cerrado, devido à forte ligação que têm com
as linhas de drenagem naturais, tais como ambientes aluviais, mesmo com a
predominância de Restingas e Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas
(Tabuleiro), ambas de domínio Mata Atlântica, nos municípios em torno do futuro
empreendimento, diante de várias espécies de Tabuleiro encontradas nos remanescentes
florestais e fitofisionomias de Restinga (Figuras 156 à 161).
As famílias Orchidaceae, Bromeliaceae e Amaranthaceae apresentam
flora relativamente pobres, em todas as formações florestais amostradas no levantamento
realizado, e são pouco conhecidas floristicamente, aparecendo somente em 4 parcelas
deste levantamento.

Figura 156. Vista de exemplar de Hymenaea courbaril Figura 157. Detalhe de frutificação de
L. em área de reserva legal na AID do empreendimento Hymenaea courbaril L.(Imagem: Marcelo
no município de Lucena.(Imagem: Marcelo Santos, Santos, 2015).
2015).

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Figura 158. Vista de floração de Calotropis gigantea Figura 159. Outra vista de frutos de Calotropis
(Apocynaceae), espécie típica de ambiente árido de gigantea (Apocynaceae) em áreas de antigos
origem africana, a qual ocorre abundantemente em tanques abandonados de
todos os ambientes estudados, principalmente carcinicultura.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).
antropizados.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

Figura 160. Vista de inflorescência de Ipomea pes- Figura 161. Outra vista da dominância de
caprae em área de AID na enseada de Lucena.(Imagem: plantas halófitas (Ipomea pes-caprae) em
Marcelo Santos, 2015). ambiente dunar na área de AID na enseada de
Lucena.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

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Diante da amostragem do inventário florestal realizado para a área do
Complexo Portuário Seaport para os dois principais ambientes, os quais: Vegetação
com Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial, Médio e Avançado de
Regeneração e Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal),verificou-se a
suficiência amostral no levantamento das 24 parcelas lançadas para estes dois ambientes a
partir da 6º parcela, quando houveà estabilização das amostragens.
Verificou-se que através do lançamento de 24 parcelas a estabilização
com cerca de 51 espécies encontradas das 53 espécies totais neste inventário florestal para
os dois ambientes amostrados.
Uma das causas desta suficiência amostral provavelmente deve-se a
especificidade do ambiente ciliar (umidade) pela ocorrência de espécies da Vegetação
com Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial, Médio e Avançado de
Regeneração e Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal), em relação aos
ambientes, as quais mais homogênas entre si. O padrão de ocorrência das espécies nestes
ambientes é de um menor número das mesmas em função da adaptabilidade genética das
mesmas em ambiente de constantes inundações diárias pelas marés ocorrentes do Rio
Paraíba, e também a influência marinha pela proximidade do Oceano.
Outro fator que pode explicar esta suficiência amostral para os
ambientes de Vegetação com Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial, Médio e
Avançado de Regeneração e Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal), é a
forte pressão antrópica pela retirada de madeira nas ilhas da Restinga/Stuart e nos
manguezais na região, através dos produtores rurais e presença do gado, fogo, e pelos
próprios pescadores, que se utilizam de várias espécies florestais para construção de
armadilhas para caça de caranguejo, siri, lagosta, etc bem como a forte pressão que estes
ambientes de Floresta Atlântica vêm sofrendo ao longo da última década nesta região.
A Figura 162 a seguir ilustra a curva de acúmulo da Curva Coletora
para área do empreendimento, demostrando que na 6° parcela houve a estabilização da
curva e suficiência amostral dos remanescentes florestais amostrados.

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Figura 162. Curva do número de espécies por incremento de unidade

No levantamento fitossociológico foram amostrados 1.613 espécimes e


distribuídos em 53 espécies de 27 famílias. Seis espécies não foram determinadas ao
nível de epípeto específico, no entanto, chegando ao nível de gênero, e foram
classificadas como morfoespécies. Verificou-se também que 2,48% das plantas do
levantamento estavam mortas em pé.
Na Vegetação com Influência Marinha (Restinga) em Estágios
Inicial, Médio e Avançado de Regeneração, foram amostrados 634 espécimes, de 50
espécies e com 27 árvores mortas em pé. O índice de diversidade de Shannon-Wiener
(H') para esta formação foi de 2,07, indicando que a Vegetação com Influência Marinha
(Restinga) em Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração na AID do Complexo
Portuário Seaport apresenta diversidade baixa.
Para a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal) foram
amostrados 979 espécimes, de 3 espécies, com 13 árvores mortas em pé. O índice de
diversidade de Shannon-Wiener (H') para esta formação foi de 0,34, indicando que a
Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal) na AID do Complexo Portuário
Seaport apresenta diversidade baixa.
Verificou-se que para os dois ambientes que a Vegetação com
Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração e
a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal) apresentaram diversidade
baixa, no entanto, com uma tendência a uma diversidade média no ambiente de
Restinga. Neste sentido, cabe ressaltar a dinâmica da Vegetação com Influência Marinha
(Restingas) em Estágio Inicial, Médio e Avançado de Regeneração na adaptabilidade em
relação as condições de constante presença de umidade e inundações, porém em
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condições de solos bem drenados, onde se encontra um maior número de espécies neste
ambiente (53 espécies) em relação a Vegetação com Influência Fluviomarinha
(Manguezal- 3 espécies). As espécies da Vegetação com Influência Fluviomarinha
(Manguezal), possuem mecanismos de adaptação e de sobrevivência (raízes aéreas) em
relação à salinidade e também em relação à variação diária dos níveis de marés
fluviomarinhas, as quais sobrevivem em condições de submersão total ou parcial. Desta
forma, já era esperada a baixa diversidade para este ambiente, comprovado pela
ocorrência de somente 3 espécies em 19 parcelas amostradas nos 16.583 hectares na
AID. Estudos mais específicos neste sentido seriam importantes para estudar a dinâmica
destas comunidades, o que deve estar associado a constância de umidade do solo e sua
fertilidade em relação à sazonalidade fluviomarinha das marés, o que beneficia no
conjunto das espécies ocorrentes de manguezal em ambas as ilhas e margens em áreas
mais preservadas do Rio Paraíba para este ambiente específico de formação pioneira.
A Tabela 26 a seguir ilustra os valores de diversidade para a AID do
empreendimento, demostrando os parâmetros e outras diversidades comparadas em
relação à suficiência amostral e aos remanescentes florestais amostrados nos dois
ambientes.

Tabela 26. Valores de diversidade para a AID do Complexo Portuário Seaport, seus parâmetros e outras
diversidades comparadas dos remanescentes florestais amostrados e tipologia florestal (Fitosionomia) de
ambiente de Mata Atlântica.
Parcela N S ln(S) H' C J QM
1 159 30 3,4 2,71 0,9 0,8 01:05,3
2 176 25 3,22 2,17 0,79 0,67 01:07,0
3 90 22 3,09 2,08 0,77 0,67 01:04,1
4 101 10 2,3 1,42 0,68 0,62 01:10,1
5 43 3 1,1 0,84 0,5 0,76 01:14,3
6 43 3 1,1 0,85 0,51 0,77 01:14,3
7 54 2 0,69 0,39 0,23 0,57 01:27,0
8 57 1 0 0 0 - 01:57,0
9 30 1 0 0 0 - 01:30,0
10 43 1 0 0 0 - 01:43,0
11 43 1 0 0 0 - 01:43,0
12 37 1 0 0 0 - 01:37,0
13 43 1 0 0 0 - 01:43,0

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14 66 3 1,1 0,38 0,2 0,35 01:22,0
15 91 2 0,69 0,11 0,04 0,16 01:45,5
16 95 15 2,71 1,97 0,81 0,73 01:06,3
17 29 1 0 0 0 - 01:29,0
18 110 3 1,1 0,57 0,32 0,52 01:36,7
19 55 3 1,1 0,35 0,17 0,32 01:18,3
20 58 4 1,39 0,85 0,51 0,61 01:14,5
21 32 3 1,1 0,91 0,57 0,83 01:10,7
22 54 3 1,1 0,32 0,14 0,29 01:18,0
23 59 3 1,1 0,62 0,36 0,56 01:19,7
24 45 3 1,1 0,29 0,13 0,26 01:15,0
Geral 1613 53 3,99 1,87 0,8 0,47 01:29,9
Jackknife T (90%) = 1,71 1,40 a 2,57

Em relação ao Complexo Portuário Seaport, cabe ressaltar a


preocupação neste sentido, havendo a supressão de 127 indivíduos arbóreos nas Fases 1
e 2 da ADA em área urbanizada, onde após avaliação técnica florestal, aquelas em
condições de transplante serão alocadas e doadas ao município de Cabedelo para serem
plantadas em praças e outras áreas públicas.
Outro ponto que chama atenção em relação à estes resultados de baixa
diversidade para os dois ambientes estudados é a alta mortalidade de árvores em pé, o
que pode indicar uma alta interferência antrópica nestes ambientes. No entanto,
conforme destacado na metodologia, foram medidos todos os fustes de cada indivíduo
existes em cada parcela amostrada, e verificou-se um grande número de fustes, pela alta
capacidade destas espécies em rebrotar e perfilhar, ou seja, alta capacidade de
sobrevivência aos efeitos do fogo, ou pela retirada de madeira através da população local.
A retirada de madeira de determinadas espécies florestais de ambas as
Ilhas de Stuart e da Restinga, além dos manguezais das margens do Rio Paraíba na área
da AID, é realizada pela própria população local, que as utilizam para subsistência, como
pelos próprios pescadores e caçadores de caranguejo da região, que as utilizam para
fabricação de suas armadilhas em 1.439 ha de Manguezais e Restinganos municípios de
Cabedelo, Lucena e Santa Rita.
A Tabela 27 apresenta os dados fitossociológicos das 53 espécies com
os maiores valores de importância (VI) para as formações amostradas de Vegetação com
Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração e

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a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal), e que juntas, as 10 maiores
IVI´s das principais espécies correspondem a aproximadamente 61,0 e 26,0 % nestas
formações. Também é apresentado os dados totais fitossociológicos das espécies para
cada uma destas formações florestais.

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Tabela 27. Parâmetros fitossociológicos das 53 espécies com os maiores valores de importância (IVI) nas comunidades de Vegetação com Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial,
Médio e Avançado de Regeneração e a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal) amostradas na AID.

VC VI
N. Nome Científico Nome Vulgar N U AB DA DR FA FR DoA DoR VC VI
(%) (%)
1 Rizophora mangle Mangue Vermelho 562 17 12,4952 387,586 34,84 70,83 11,81 8,617 38,3273,164 36,58 84,97 28,32
2 Conocarpus erectus Mangue de botão 373 12 2,8781 257,241 23,12 50 8,33 1,985 8,83 31,952 15,98 40,285 13,43
3 Protium heptaphyllum Amescla 206 5 4,7801 142,069 12,77 20,83 3,47 3,297 14,66 27,432 13,72 30,904 10,3
4 Pterocarpus violaceus Pau de sangue 57 3 2,7769 39,31 3,53 12,5 2,08 1,915 8,52 12,05 6,03 14,134 4,71
5 Morta Morta 40 11 0,5463 27,586 2,48 45,83 7,64 0,377 1,68 4,155 2,08 11,794 3,93
6 Laguncularia racemosa Mangue branco 44 7 0,379 30,345 2,73 29,17 4,86 0,261 1,16 3,89 1,95 8,751 2,92
7 Myrciaria sp Araçá piroca 59 3 0,4248 40,69 3,66 12,5 2,08 0,293 1,3 4,961 2,48 7,044 2,35
8 Tapirira guianensis Cupiúba 21 2 1,2564 14,483 1,3 8,33 1,39 0,866 3,85 5,155 2,58 6,544 2,18
9 Guapira noxia João mole 18 4 0,6672 12,414 1,12 16,67 2,78 0,46 2,05 3,162 1,58 5,94 1,98
10 Prunus sp Espeteiro 16 3 0,5766 11,034 0,99 12,5 2,08 0,398 1,77 2,76 1,38 4,844 1,61
11 Manilkara salzmannii Massaranduba 10 3 0,5439 6,897 0,62 12,5 2,08 0,375 1,67 2,288 1,14 4,372 1,46
12 Hymenaea courbaril Jatobá 31 2 0,3198 21,379 1,92 8,33 1,39 0,221 0,98 2,903 1,45 4,292 1,43
13 Chamaecrista bahiae Pau ferro 16 3 0,3087 11,034 0,99 12,5 2,08 0,213 0,95 1,939 0,97 4,022 1,34
14 Nectandra oppositifolia Canela espirradeira 7 3 0,3105 4,828 0,43 12,5 2,08 0,214 0,95 1,386 0,69 3,47 1,16
15 Astronium graveolens Aroeira 10 2 0,4358 6,897 0,62 8,33 1,39 0,301 1,34 1,956 0,98 3,345 1,12
16 Duguetia gardneriana Pinha 2 4 3 0,2837 2,759 0,25 12,5 2,08 0,196 0,87 1,118 0,56 3,201 1,07
17 Alibertia sp Schumann Laranjinha 7 3 0,1762 4,828 0,43 12,5 2,08 0,122 0,54 0,974 0,49 3,058 1,02

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18 Matayba elaeagnoides Caboatã-de-leite 8 3 0,1141 5,517 0,5 12,5 2,08 0,079 0,35 0,846 0,42 2,929 0,98
19 Humiria balsamifera Pau cinza 5 3 0,1559 3,448 0,31 12,5 2,08 0,108 0,48 0,788 0,39 2,872 0,96
20 Manilkara zapota Sapoti 3 2 0,3954 2,069 0,19 8,33 1,39 0,273 1,21 1,399 0,7 2,788 0,93
21 Rollinia sp Pinha 4 3 0,1257 2,759 0,25 12,5 2,08 0,087 0,39 0,634 0,32 2,717 0,91
22 Bowdichia virgilioides Sucupira 2 2 0,398 1,379 0,12 8,33 1,39 0,275 1,22 1,345 0,67 2,734 0,91
23 Myrcia sylvatica Murta branca 15 2 0,0635 10,345 0,93 8,33 1,39 0,044 0,19 1,125 0,56 2,513 0,84
24 Guettarda angélica Angélica 5 3 0,0279 3,448 0,31 12,5 2,08 0,019 0,09 0,396 0,2 2,479 0,83

ContinuaçãoTabela 27. Parâmetros fitossociológicos das 53 espécies com os maiores valores de importância (IVI) nas comunidades de Vegetação com Influência Marinha (Restinga) em
Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração e a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal) amostradas na AID.
VC VI
N. Nome Científico Nome Vulgar N U AB DA DR FA FR DoA DoR VC (%) VI (%)
25 Anacardium spruceanum Cajueiro do mato 2 1 0,5417 1,379 0,12 4,17 0,69 0,374 1,66 1,785 0,89 2,48 0,83
26 Myrciaria sp 2 Guamirim 14 2 0,0589 9,655 0,87 8,33 1,39 0,041 0,18 1,048 0,52 2,437 0,81
27 Byrsonima sericea Murici da praia 18 1 0,0931 12,414 1,12 4,17 0,69 0,064 0,29 1,401 0,7 2,096 0,7
28 Anacardium occidentale Cajueiro 2 2 0,1674 1,379 0,12 8,33 1,39 0,115 0,51 0,637 0,32 2,026 0,68
29 Psidium cattleianum Araçazeiro 5 2 0,0722 3,448 0,31 8,33 1,39 0,05 0,22 0,531 0,27 1,92 0,64
30 Cupania racemosa Caboatã-lisa 3 2 0,0702 2,069 0,19 8,33 1,39 0,048 0,22 0,401 0,2 1,79 0,6
31 Prunus myrtifolia Marzipan 3 2 0,0505 2,069 0,19 8,33 1,39 0,035 0,16 0,341 0,17 1,73 0,58
32 Ocotea SP Louro cheiroso 2 2 0,0725 1,379 0,12 8,33 1,39 0,05 0,22 0,346 0,17 1,735 0,58
33 Cordia trichotoma Cascudo 2 2 0,063 1,379 0,12 8,33 1,39 0,043 0,19 0,317 0,16 1,706 0,57

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34 Casearia sylvestris Guaçatonga 2 2 0,0571 1,379 0,12 8,33 1,39 0,039 0,18 0,299 0,15 1,688 0,56
35 Luehea ochrophylla Açoita Cavalo 2 2 0,023 1,379 0,12 8,33 1,39 0,016 0,07 0,194 0,1 1,583 0,53
36 Casearia javitensis Pau de espeto 2 2 0,0183 1,379 0,12 8,33 1,39 0,013 0,06 0,18 0,09 1,569 0,52
37 Apeipa tiboubou Pau de jangada 2 1 0,1928 1,379 0,12 4,17 0,69 0,133 0,59 0,715 0,36 1,41 0,47
38 Thyrsodium spruceanum Caboatã-de-rego 3 1 0,1628 2,069 0,19 4,17 0,69 0,112 0,5 0,685 0,34 1,38 0,46
39 Aspidosperma cuspa Peroba 1 1 0,1673 0,69 0,06 4,17 0,69 0,115 0,51 0,575 0,29 1,269 0,42
40 Duguetia sp2 Pinha 3 4 1 0,0509 2,759 0,25 4,17 0,69 0,035 0,16 0,404 0,2 1,099 0,37
41 Byrsonima gardneriana Murici 3 1 0,0605 2,069 0,19 4,17 0,69 0,042 0,19 0,372 0,19 1,066 0,36
42 Sapium glandulatum Leiteiro 3 1 0,0549 2,069 0,19 4,17 0,69 0,038 0,17 0,354 0,18 1,049 0,35
43 Erythroxylum Andrei Cumichá preto 2 1 0,0616 1,379 0,12 4,17 0,69 0,042 0,19 0,313 0,16 1,007 0,34

ContinuaçãoTabela 27. Parâmetros fitossociológicos das 53 espécies com os maiores valores de importância (IVI) nas comunidades de Vegetação com Influência Marinha (Restinga) em
Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração e a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal) amostradas na AID.
VC VI
N. Nome Científico Nome Vulgar N U AB DA DR FA FR DoA DoR VC VI
(%) (%)
44 Psidium guineense Goiabinha 4 1 0,011 2,759 0,25 4,17 0,69 0,008 0,03 0,282 0,14 0,976 0,33
45 Pterodon polygalaeflorus Sucupira branca 1 1 0,0616 0,69 0,06 4,17 0,69 0,042 0,19 0,251 0,13 0,945 0,32
46 Eugenia punicifolia Cereja da praia 2 1 0,0049 1,379 0,12 4,17 0,69 0,003 0,01 0,139 0,07 0,833 0,28
47 Coccoloba polystachya Cavaçu 1 1 0,0135 0,69 0,06 4,17 0,69 0,009 0,04 0,103 0,05 0,798 0,27
48 Tabebuia chrysotricha Ipê amarelo 1 1 0,0062 0,69 0,06 4,17 0,69 0,004 0,02 0,081 0,04 0,776 0,26
49 Nectandra cuspidata Canela cheirosa 1 1 0,0038 0,69 0,06 4,17 0,69 0,003 0,01 0,074 0,04 0,768 0,26

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50 Rapanea guianensis Capororoca 1 1 0,0092 0,69 0,06 4,17 0,69 0,006 0,03 0,09 0,05 0,785 0,26
51 Spondia dulcis Cajá 1 1 0,0097 0,69 0,06 4,17 0,69 0,007 0,03 0,092 0,05 0,786 0,26
52 Eugenia luschnathiana Curuiri 1 1 0,0023 0,69 0,06 4,17 0,69 0,002 0,01 0,069 0,03 0,763 0,25
53 Lecythis pisonis Sapucaia 1 1 0,0026 0,69 0,06 4,17 0,69 0,002 0,01 0,07 0,03 0,764 0,25
54 Roupala brasiliensis Carne de vaca 1 1 0,0023 0,69 0,06 4,17 0,69 0,002 0,01 0,069 0,03 0,763 0,25
TOTAL 1613 24 32,6053 1112,414 100 600 100 22,486 100 200 100 300 100
Observação: N: número de indivíduos; U: número de unidades amostrais em que a espécie ocorre; DA: densidade absoluta (N/ha); DR: densidade relativa; DoA: dominância absoluta (AB/ha); DoR: dominância
relativa; FA: freqüência absoluta; FR: freqüência relativa; VI: índice de valor de importância; VC: índice de valor de cobertura; AB: área basal (m2).

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Destaca-se que são espécies com densidade elevada para os dois
ambientes estudados. Verifica-se que as espécies dominantes para cada ambiente,
tanto em abundância, freqüência e dominância são específicas para cada um deles, no
entanto, havendo predominância de Rizophora mangle e Protium heptaphyllum em
ambos os ambientes.
As espécies Rizophora mangle, Conocarpus erectus, Protium
heptaphyllum, Pterocarpus violaceus,incluindo as árvores mortas, as quais entraram
na análise,ocuparam posição de destaque nas duas formações consideradas no
levantamento fitossociológico, e dominam em 77,0% do total de espécies
encontradas em ambos os ambientes. A espécie Rizophora mangle foi uma espécie
importante em ambas as formações na área do empreendimento, o que confere a
baixa diversidade dos ambientes e resistência desta espécie a ação da retirada de
madeira pelos pescadores e caçadores de caranguejo.
A seguir serão apresentados todos os parâmetros fitossociológicos
calculados para as duas formações florestais consideradas em que foi realizado o
inventário florestal, diante da predominância destas 4 espécies e árvores mortas.
Desta forma, serão apresentados os resultados para as espécies com maior
predominância das 53 encontradas nestas duas formações florestais (Tabela 28).

Tabela 28. Quantidade de indivíduos por família na Restinga e Mangue na área de influência direta
(AID) do Complexo Portuário Seaport.

Famílias Núm. Indivíduos % Total


Rhizophoraceae 562 34,86
Combretaceae 417 25,85
Burseraceae 206 12,77
Fabaceae 107 6,63
Myrtaceae 103 6,39
Morta 40 2,48
Anacardiaceae 39 2,42
Rosaceae 19 1,18
Nyctaginceae 18 1,12
Malpighiaceae 18 1,12
Sapotaceae 13 0,81
Rubiaceae 12 0,74
Annonaceae 12 0,74

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Sapindaceae 11 0,68
Lauraceae 10 0,62
Humiriaceae 5 0,31
Flacourtiaceae 4 0,25
Euphorbiaceae 3 0,19

Continuação Tabela 28. Quantidade de indivíduos por família na Restinga e Mangue na área de
influência direta (AID) doComplexo Portuário Seaport.

Famílias Núm. Indivíduos % Total


Tiliaceae 2 0,12
Malvaceae 2 0,12
Erythroxylaceae 2 0,12
Boraginaceae 2 0,12
Proteaceae 1 0,06
Polygonaceae 1 0,06
Myrsinaceae 1 0,06
Lecythidaceae 1 0,06
Bignoneaceae 1 0,06
Apocynaceae 1 0,06
Total 1613 100

Destaca-se a predominância das famílias Rhizophoraceae,


Combretaceae, Burseraceae, Fabaceae e Myrtaceae para os dois ambientes estudados.
Além destas famílias, e provavelmente pela inferência antrópica na
região, verificou-se que somente uma espécie de uma família está presente em sete
parcelas amostradas, representada pela família Combretaceae, em relação aos dois
ambientes analisados.
As Tabela 29 e 30 inseridas a seguir apresentam respectivamente os
parâmetros fitossociológicos e de diversidade e os parâmetros estatísticos das formações
florestais inventariadas nos dois tipos de formações florestais.
Destaca-se que para estas formações amostradas de Vegetação com
Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial, Médio e Avançado de
Regeneração e a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal), juntas,
somente 4 espécies correspondem a dominância de aproximadamente 77% nestas
formações, provavelmente correlacionado com atividades humanas na região (Figuras

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163 e 164).

Figura 163. Quantidade de indivíduos das 10 espécies com maiores VI´s, incluindo os
indivíduos mortos e dominantes nos ambientes de Restinga e Mangue da Área de Influência
Direta (AID) do Complexo Portuário Seaport. (Fonte: Real Consultoria).

Figura 164. Quantidade de indivíduos das 15 espécies, incluindo os indivíduos mortos


com maiores VI´s, e dominantes nos ambientes de Restinga e Mangue da Área de
Influência Direta (AID) do Complexo Portuário Seaport. (Fonte: Real Consultoria).
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As atividades humanas comuns de interferência e interveniência em
ambos os remanescentes florestais existentes nos 2 ambientes avaliados (Restingas e
Mangues) na AID, sofrem efeitos imediatos devido as características de subsistência
total da população (pescadores artesanais, coletores de mariscos, caranguejo, sururu e
siri) para uso da madeira para diversos fins nos três municípios diagnosticados de Santa
Rita, Cabedelo e Lucena.
Verifica-se também que estas atividades estão 100% correlacionadas
na intervenção dos últimos remanescentes florestais dos dois ambientes (Restingas e
Mangues), com 1.222 hectares de mangues e 216 hectares de Restingas, à vários outros
fatores, entre eles: evidências de fogo nas cascas de árvores em todos os remanescentes de
Restinga amostrados em 5 áreas nos 1.438 hectares totais de formações de Restingas na
AID, inclusive nas duas principais Ilhas (Stuart e Restinga) sob forte pressão pela retirada
de madeira para consumo em fogões à lenha; construção de mourões para confecção de
cercas rurais; uso dos pescadores artesanais para confecção de armadilhas, instrumentos
rurais (ex. cabos de enxada, martelo, ancinhos etc); atividades agropecuárias através da
constante presença de gado nos remanescentes florestais associados aos Campos Aluviais e
Campos Salinos nos principais remanescentes florestais mais preservados, principalmente
os Campos Salinos na Ilha da Restinga, típicos de uso antrópico na região.
Assim, a análise do volume de madeira, foi adotado com erro de 30%
no Estado da Paraíba, e os parâmetros estatísticos analisados fizeram referência as 24
parcelas em conjunto, considerando que dos 1.438 hectares totais de formações de
Restingas na AID amostrados, nenhuma área dos remanescentes florestais avaliados
serão destinadas à futuras instalações do Complexo Portuário Seaport nestas duas
áreas (Restingas e Mangues).
Verificou-se nestas áreas também o baixo de rendimento lenhoso, que
além da pressão antrópica, pela grande presença de gramíneas de Campos Aluviais e
Campos Salinos correspondentes à um total de 397 hectares, restando para estes dois
ambientes de Restingas e Mangues, somente 1.438 hectares com rendimento lenhoso,
de uma área total de 16.837 hectares na AID (Mapas 1 a 7 – Fitofisionomias e
Mapas 1 e 2 – Inventário Florestal). Para realização dos cálculos de volumetria e
estatísticos os ambientes foram separados para avaliação do rendimento lenhoso e foi
realizada a comparação com a área total de 1.438 hectares, diante da suficiência
amostral atingida na 6° parcela através da Curva Coletora (Figura 162) em relação ao
estudo fitossociológico.

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A seguir são apresentadas as áreas para cada ambiente para realização
dos cálculos da volumetria (m3) de madeira existentes na áreada AID:

Ambientes Área em hectares (ha)


Restingas 216,0
Mangues 1.222,0
Total (Restingas + Mangues) 1.438,0

Este procedimento para análise estatística foi adotado diante destes


ambientes estarem significativamente alterados em função da retirada de madeira e
interferência antrópica, o que leva a ocorrência de extensas clareiras. Além deste fatores,
mesmo considerando a representatividade dos remanescentes florestais para estes dois
ambientes através do lançamento de parcelas de forma aleatória na área total da AID,
destaca-se a dificuldade do lançamento de parcelas (100 metros de comprimento) de
alguns remanescentes florestais representativos, diante da ocorrência de um grande
número de indivíduos perfilhados e de baixas circunferências, conforme já referenciado na
metodologia. Assim, verifica-se nas parcelas uma grande variação entre os indivíduos na
ordem de 15 e 252 cm de CAP nas parcelas amostradas, bem como a variação de número
de fustes por indivíduo em cada parcela.

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Tabela 29. Parâmetros fitossociológicos, diversidade e volumetria das formações florestais das Restingas e Mangues na área de influência
direta (AID) do Complexo Portuário Seaport.

ltura
Formação ltura total
AP médio comercial
Florestal /ha amílias spécies ´ média B (m2) B/ha T (m3) T/ha
(cm) média
(metros)
(metros)
Vegetação
com Influência Marinha
(Restinga) em Estágios
34 268 5 0 ,07 2,21 8,7 2,2 6,86 3,72 11,0 22,0
Inicial, Médio e Avançado de
Regeneração
Vegetação
com Influência Fluviomarinha 2,02 6,58
79 030 ,34 ,50 ,53 5,75 5 9
(Manguezal)

Observação: N: Número de Indivíduos; H': Índice de diversidade de Shannon-Wiener; AB: Área Basal (m2); AB/ha: Área Basal por Hectare (m2/ha); VT:
Volume Total (m3); VT/ha: Volume Total por hectare (m3/ha).

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Tabela 30 - Parâmetros fitossociológicos, estatísticos e de diversidade das formações florestais das Restingas e Mangues na área de influência
direta (AID) do Complexo Portuário Seaport.
Formação
Florestal T/ha esvio ariância oeficiente este t rro rro de úmero de úmero Intervalo de
padrão de padrão amostrag parcelas ótimo de confiança (p> 0,10)
Variação da média em (%) mensuradas parcelas
Vegetação 45,1016 <= X <=
com Influência Marinha 22,0 7,9 22,0 8,8 ,1 ,02 7,5 79,3296
(Restinga) em Estágios Inicial,
Médio e Avançado de
Regeneração
Vegetação 2,6013 <= X <=
com Influência Fluviomarinha 9 ,45 1,95 6,9 ,7 ,8 4,5 9 5 5,3524
(Manguezal)
2 formações 7,1967 <= X <=
florestais (Restingas e 66,6 44,9 49,1 58,15 ,7 ,2 ,91 4 7 25,0231
Mangues)

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4.2.1.11 - Estrutura diamétrica

Os histogramas apresentados nas figuras Figura 165 e 166 de distribuição de


diâmetro do tronco das plantas do componente lenhoso das duas formações estudadas nas áreas de
influência do Complexo Portuário Seaport revelam curvas em formato de "J" invertido, indicando
que predominam plantas de troncos finos, com diâmetros inferiores a 10 cm para os dois
ambientes, confirmando a grande presença de indivíduos jovens e perfilhados, diante do
significativo número de fustes por indivíduo. No entanto, cabe ressaltar que embora todas as
formações florestais apresentaram distribuição descontínua de diâmetro, evidencia-se eventos de
perturbação nas comunidades, pois existe uma grande concentração entre as classes de 15 a 35 cm
de diâmetro, e uma clara ausência de indivíduos entre as classes de 85 a 115 cm de diâmetro,
indicando a forte influência antrópica pela retirada seletiva de espécies nativas de interesse, tais como
massaranduba, aroeira, etc, pela presença constante de grandes clareiras nos remanescentes mais
preservados e com árvores acima de 20 metros de altura.
A Vegetação com Influência Marinha (Restinga) em Estágios Inicial, Médio e
Avançado de Regeneração e a Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal)
apresentaram plantas com troncos de até 81,0 cm de diâmetro, predominando indivíduos de
troncos finos. Cerca de 99,2% das plantas apresentaram troncos de 5 cm de diâmetro e concentram-
se nas classes dos troncos com até 35 cm de diâmetro. Apenas 0,74% das árvores possuem troncos
com diâmetros superiores a 35cm. Estes resultados confirmam o reduzido potencial de produção
lenhosa destas formações, cujos dados volumétricos obtidos no inventário florestal indicaram a
produção de volume médio de 22,22 m3 por hectare para as duas formações florestais.
As tabelas e figuras inseridas a seguir apresentam a distribuição das classes de
diâmetro, área basal e volume para as formações inventariadas.

Tabela 31. Distribuição dos parâmetros por classe de diâmetro na Restinga e Manguezais nas áreas de
influência direta (AID) do Complexo Portuário Seaport.
Classe N AB VT VT/ha
5,0 |- 15,0 1125 7,902 50,1907 34,6143
15,0 |- 25,0 339 10,4828 96,4706 66,5314
25,0 |- 35,0 115 7,3742 95,3462 65,756
35,0 |- 45,0 22 2,7105 45,2299 31,193
45,0 |- 55,0 6 1,0328 16,7542 11,5546
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55,0 |- 65,0 2 0,5905 16,9467 11,6873
65,0 |- 75,0 2 0,8199 22,6248 15,6033
75,0 |- 85,0 1 0,5243 9,5425 6,581
85,0 |- 95,0 0 0 0 0
95,0 |- 105,0 0 0 0 0
105,0 |- 115,0 0 0 0 0
>= 125,0 1 1,1684 33,5323 23,1257
*** Total 1613 32,6053 386,638 266,647
*** Média 134,417 2,7171 32,2198 22,2206
*** Desv. Pad. 327,176 3,6828 34,1123 23,5257
Observação: N: Número de indivíduos; AB: Área Basal; VT: Volume Total (m3); VT/ha: Volume Total por
hectare (m3/ha)

Verifica-se que nas cinco parcelas amostradas no inventário florestal na


Vegetação Fluviomarinha de Restingas, conforme Figura 165 em sua Estrutura Vertical a
concentração em alturas acima de 21,15 metros (99,4%). Ressalta-se que extimativa da Estrutura
Vertical das alturas de ambas as florestas, baseou-se em medições de balizamento através de podão
graduado e várias medições antes das medições da primeira parcela amostral, e também através de 3
observadores (avaliadores) em um mesmo ponto e em várias alturas, até se chegar a um consenso
sobre a mesma, tanto a altura comercial, como a altura total de cada árvore.

Figura 165. Distribuição Vertical da Altura dos indivíduos e seu número dos indivíduos por classe de diâmetro na
Restinga e Manguezais nas áreas de influência direta (AID) do Complexo Portuário Seaport. (Fonte: Real Consultoria).

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Figura 166. Distribuição diamétrica do volume total de madeira por hectare por classe de diâmetro dos indivíduos
arbóreos amostrados na Restinga e Manguezais nas áreas de influência direta (AID) do Complexo Portuário Seaport.
(Fonte: Real Consultoria).

Foi adotado também o Erro de Amostragem de 30% para análise fitossociológica


no Plano de Manejo do Inventário Florestal, através do Programa Mata (Versão 2.1, CIENTEC,
Viçosa, 2008) para averiguação e comparação dos indivíduos arbóreos e seus parâmetros
volumétricos, devido a diferenciação destas fitofisionomias de Restingas e de Manguezais, com
estruturas e estratégias de regeneração e desenvolvimento em provável área de Ecótono de Sucessão
de Vegetações Pioneiras – Restingas e Manguezais, sob influência Fluviomarinha em Região
Estuarina do Baixo Rio Paraíba, com ocorrência inclusive de espécies de domínio de Tabuleiros nos
maiores VI´s encontrados para ambos os ambientes (Figuras 167 à 174).

Figura 167. Vista de parcela amostral em Vegetação de Figura 168. Outra vista de indíduo arbóreo sendo
Influência Fluviomarinha (Restinga) na Ilha da Restinga, mensurado o CAP em parcela amostral na vegetação de
na área da AID e evidências de retirada de árvores de Restinga em estágio médio e avançado de regeneração na
grande porte.(Imagem: Marcelo Santos, 2015). área da AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).
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Figura 169. Vista de parcela amostral de vegetação de Figura 170. Outra vista de baixo recrutamento da
Restinga na Ilha da Restinga e a dominância de espécies regeneração natural e abundante serrapilheira em parcela
típicas de estágios médio e avançado de regeneração. amostral na Vegetação de Restinga na Ilha da Restinga
(Imagem: Marcelo Santos, 2015). em área de AID.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).

Figura 171. Vista deRizophora mangle sendo mensurada


para estimativa de rendimento lenhoso as margens do Rio Figura 172. Outra vista de Vegetação de Manguezal e o
Paraíba em área de preservação permanente (APP), e em domínio da espécie Rizophora mangle as margens do Rio
frente a Ilha da Restinga em AID do Paraíba em AID do empreendimento.(Imagem: Marcelo
empreendimento.(Imagem: Marcelo Santos, 2015). Santos, 2015).

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Figura 173. Vista de raízes pneumatóforas, responsáveis Figura 174. Outra vista de ambiente de Vegetação com
pela respiração de Rizophora mangle em área amostral as Influência Fluviomarinha (Manguezal) em áreas
margens do Rio Paraíba, e em frente a Ilha da Restinga amostrais no município de Lucena na área de AID do
em AID do empreendimento.(Imagem: Marcelo Santos, empreendimento.(Imagem: Marcelo Santos, 2015).
2015).

4.2.1.12 IDENTICAÇÃO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Não foram encontradas espécies em extinção ou vulneráveis para os dois


ambientes estudados na área do Complexo Portuário Seaport, conforme Lista Oficial de Espécies
da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção constante da Portaria IBAMA 37-N/1992, Instrução
Normativa do Ministério do Meio Ambiente N° 05, de 30/07/2008 e Instrução Normativa do
Ministério do Meio Ambiente N° 06, de 23/09/2008, além da lista da Flora Ameaçada de Extinção
com Ocorrência no Brasil, publicada pela International Union for Conservation of Nature (União
Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) - IUCN -
www.biodiversitas.org.br/listasmg/iucn.pdf. Acessado em 20/07/2014.

4.2.1.13 CONCLUSÕES, DESCRIÇÃO DAS FITOFISIONOMIAS E VOLUMETRIA

Os Mapas de Vegetação na AID e ADA, são apresentados nos Mapas 1 a 7 –


Fitofisionomias, Mapas 1 e 2 – Inventário Florestal e Mapa 1 – Censo Florestal (100%)– Fases 1
e 2 e mostram a distribuição da cobertura vegetal atual nas formações florestais na Área de
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Influência Direta (AID) e Área Diretamente Afetada (ADA) do Complexo Portuário Seaport, a
partir da interpretação de imagens dos Projetos Executivos e sobre imagens geradas por satélite
Esri, DigitalGlobe, GeoEye, i-cubed, USDA, USGS, AEX, Getmapping, Aerogrid, IGN, IGP,
Swisstopo and the GIS User Community (2012), nos projetos executivos em escalas 1:2.000 (Fases 1 e
2) e 1:10.000 (AID) com objetivo de localizar geograficamente os remanescentes florestais e cada
indivíduo arbóreo na área da plataforma do porto, conforme DATUM Sirgas (2000), onde foram
identificadas três tipologias vegetais entre as fitofisionomias nativas inventariadas:

 Vegetação com Influência Marinha (Restinga), principalmente em Estágios Inicial, Médio


e Avançado de Regeneração;
 Vegetação com Influência Fluviomarinha (Manguezal e Campo Salino);
 Vegetação com Influência Fluvial (Comunidades Aluviais).

A vegetação da AID e ADA do Complexo Portuário Seaport é constituída por


formações nativas e exóticas não muito bem preservadas representantes do Bioma Mata Atlântica.
Predominam aVegetação com Influência Marinha (Restinga), principalmente
em Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração e a Vegetação com Influência
Fluviomarinha (Manguezal e Campo Salino), as quais são representadas na área total da AID e
ADA, e foram todas avaliadas e enquadradas conforme IBGE (Veloso, 1992), Resolução N.391, de
25 de junho de 2007, que define a vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica no Estado da Paraíba e a Resolução N. 439, de 30 de
dezembro de 2011 que aprova a lista de espécies indicadoras dos estágios sucessionais de
vegetação de Restinga para o Estado da Paraíba.
Vale destacar que este estudo florístico e fitossociológico, além de seu inventário
florestal, através da apresentação dos resultados dos maiores VI's das espécies Rizophora mangle,
Conocarpus erectus, Protium heptaphyllum, Pterocarpus violaceus, incluindo as árvores mortas,
dominam os ambientes estudados em mais de 90% da área, e são espécies de Estágio Inicial
(pioneiras) e Avançado de Regeneração, no entanto, devido o perfilhamento e alto número de
fustes por indivíduo, e ausência de indivíduos entre as classes diamétricas de 85 a 125 cm, o que
denota a grande retirada de espécies de grande porte e inferência antrópica na área.
Neste contexto, ressalta-se que além destas quatro espécies dominantes
encontradas para os três ambientes estudados, somente 9 espécies de um total de 53 espécies
encontradas para os dois ambientes, correspondem a dominância de aproximadamente 99% nestas
formações florestais, devido as características de uso antrópico na área.
Além destas características, e confirmando a "sucessão natural" destes contínuos
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florestais, a influência negativa antrópica nestas formações, são corrobadas pelos resultados deste
inventário florestal e estudo fitossociológico, em que 99,25% das árvores apresentaram troncos de 5
cm de diâmetro até 45 cm de diâmetro e concentram-se nas classes dos troncos com até 15 cm de
diâmetro.
Desta forma, evidencia-se o uso inadequado destas formações, em que apenas
0,8% das árvores possuem troncos com diâmetros superiores a 45cm. Estes resultados confirmam o
reduzido potencial de produção lenhosa destas formações, cujos dados volumétricos obtidos no
inventário florestal indicaram a produção de volume médio de somente 22,22 m3 por hectare para as
duas formações florestais.
É apresentado no Anexo deste levantamento florístico e fitossociológico do
Complexo Portuário Seaport, um Registro Fotográfico com 3 fotos para cada espécie das 53
amostradas nas 24 parcelas, descrevendo as características botânicas ou dendrométricas, porém,
somente para aquelas em que se identificou-se o epípito específico ou morfoespécie.
Também é apresentado no Anexo deste levantamento florístico e fitossociológico
do Complexo Portuário Seaport, um Registro Fotográfico com as características dos principais
remanescentes florestais amostrados nos dois ambientes (Restinga e Mangue), além de um
levantamento florístico específico, onde foi realizado um caminhamento em 37 pontos
estratégicos (cerca de 6 km cada) na AID, registrando-se fotograficamente o estado de
conservação e características biofísicas, além das espécies que estavam em estágio de
inflorescência, floração ou frutificação, além de percorrer cerca de 500 metros para ambos as direções
em torno de cada parcela amostrada, sob o mesmo objetivo.

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4.3. FAUNA

4.3.1. INTRODUÇÃO

O Brasil localiza-se dentro da região Neotropical, a qual possui a maior


diversidade de espécies dentre todas as regiões zoogeográficas do mundo, entretanto, o
conhecimento sobre essa riqueza faunística e a situação de sua conservação é ainda incipiente,
havendo milhares de espécies a serem descritas (LOWE-McCONNELL, 1975; VARI,
WEITZMAN, 1990; REIS et al., 2003).
Estuários são corpos de águas costeiros, semifechados, que possuem uma livre
ligação com o mar aberto, no seu interior a água do mar diluí-se, de forma mensurável, com a água
doce proveniente da drenagem continental (PRITCHARD, 1967 apud SILVA-NETO, 2012). São
considerados um dos ecossistemas mais férteis do mundo, sendo, nesse aspecto, comparáveis
apenas aos recifes de corais, às comunidades terrestres sobre planícies de aluvião e às terras com
agriculrua intensiva (ODUM et al., 1982). A alta produtividade deste ambiente ocorre em função
dos nutrientes carreados na coluna d’água, de forma que a biomassa vegetal tenha acesso a uma
maior quantidade, principalmente de fósforo, mais ainda de ortofosfato, amônia, nitrito, nitrato e
sílica (LEÃO, 2008). Suas águas apresentam-se, com frequência, muito turvas, devido a presença de
grande quantidade de material particulado em suspensão, especialmente silte e argila. Por essa razão
a zona eufótica apresenta-se comumente bastante abreviada, o que restringe a zona pelágica
fotossinteticamente ativa (MARCELINO, 2000). Esses ecossistemas têm sua dinâmica associada à
morfologia, efeitos de ondas, marés e descarga fluvial, onde diferentes organismos se adaptam as
variações dos padrões de salinidade (PALUDO, KLONOWSKI, 1999). São ambientes
extremamente dinâmicos, sujeitos a amplas oscilações dos parâmetros físico-quimicos e
hidrológicos, em diferentes escalas temporais e com diferenças ambientais circunstanciais
(WHITFIELD, 1999; BLABER, 2002).
O estuário do rio Paraiba do Norte abrange os municípios de Santa Rita, Bayeux,
João Pessoa, Lucena e Cabedelo (NISHIDA, 2000) a maior porção do estuário encontra-se em zona
urbana, mas ocorrem também regiões com plantações de cana-de-açúcar (MARCELINO et al.,
2005). Sofre impacto contínuo decorrente de atividades antrópicas. A qualidade da água e do
substrato é fundamental para a manutenção de organismos na base das cadeias tróficas, assim como
a dos próprios peixes em seus estágios ontogenéticos iniciais, particularmente mais sucetiveis a
desequilíbrios ambientais (SILVA-NETO, 2012). Margeando esse ambiente estuarino estão os
manguezais, que representam regiões costeiras de grande importância no ciclo de vida dos peixes,

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proncipalmente por representarem áreas de desova e berçário, local de proteção contra predadores e
áreas de alimentação (BLABER, 2000).
O rio Paraíba do Norte é um dos rios mais importantes do estado da Paraíbadevido
a sua extensão e relevância econômica. É um rio parcialmente intermediário, já que parte de seu
leito desaparece em épocas de seca, embora a partir de seu médio curso seja sempre perene. O rio
Paraíba do Norte nasce a mais de mil metros de altitude na Serra de Jabitacá, município de
Monteiro, divisa com Pernambuco, percorrendo toda a região centro-sul do estado e banhando uma
área de 20.071,83 km², compreendida ente as latitudes 6°51'31" e 8°26'21" sul e as longitudes
34°48'35" e 37°2'15" a oeste do meridiano de Greenwich. Seu curso total tem 380 km e segue o
sentido sudoeste-leste, quando então deságua no oceano Atlântico, entre os municípios de
Cabe\delo, Lucena, Santa Rita, Bayeux e João Pessoa, formando uma foz do tipo mista. Em seu
estuário encontram-se dezenas de desembocaduras de outros rios, manguezais, o Porto de Cabedelo
(escoadouro da capital paraibana) e também diversas ilhas, como Restinga, Stuart e Tiriri
(NISHIDA, NORDI, ALVES, 2008).
O estuário do rio Paraíba do Norte localiza-se em uma área estratégica no estado
da Paraíba, onde está instalada uma série de empreendimentos intimamente vinculados à vocação
náutica, incluindo o atual terminal portuário do estado, o Porto de Cabedelo. Essa região recebe
intensa carga de sedimentos trazidos pelo rio, bem como efluentes domésticos e industriais
provenientes das cidades situadas no seu entorno que não possuem sistema de coleta e tratamento
de esgoto (G2 - Meio Ambiente, 2012). Soma-se a isso a alta taxa de eutrofização e uma série de
outros problemas ambientais (NEPREMAR, 1980).
Um dos maiores desafios deste final de século é a conservação da biodiversidade,
em função do elevado nível de perturbações antrópicas dos ecossistemas naturais. Uma estratégia
para avaliar o estado de conservação de um ecossistema envolve o monitoramento de informações
sobre determinados grupos de organismos, os quais são empregados como indicadores de toda a
comunidade. As comunidades de vertebrados são comumente utilizadas para monitorar o estado de
conservação ambiental. Dentre elas, os mamíferos, as aves, os répteis e os anfíbios constituem os
grupos mais adotados em todo o mundo. Esses grupos costumam fornecer respostas rápidas e
eficientes na indicação de alterações no ambiente, sendo considerados como bioindicadores
ambientais (RODRIGUES, 1990; COLE, WILSON,1996).
Os organismos presentes nos ecossistemas aquáticos são interligados através da
cadeia trófica, sendo o fitoplâncton a base da teia alimentar e comumente utilizado como
discriminante ambiental, devido às rápidas alterações sofridas decorrentes de alterações físicas e
químicas do meio (LOBO et al., 2002). Ainda nos ambientes aquáticos, as comunidades de
macroinvertebrados bentônicos exercem um papel central, por muitos grupos de espécies estarem
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relacionados de forma direta a um determinado tipo de agente poluidor e/ou a um fator natural
potencialmente poluente (CALLISTO, ESTEVES, 1996). É evidente, que qualquer área que vier a
sofrer algum impacto somente poderá ser satisfatoriamente preservada e manejada mediante o
conhecimento prévioe o monitoramento faunístico, no que diz respeito à riqueza de espécies,
abundância e modo de utilização da área pelas mesmas.

4.3.2. ÁREAS DE ESTUDO

4.3.2.1. Definições das Áreas de Influência

A área de influência de um empreendimento é definida como o espaço suscetível


que sofreralterações como conseqüência da sua implantação, manutenção e operação ao longo de
sua vida útil.Comumente, e como prevê a legislação, a área de influência é delimitada em
trêsdomínios – Área de Influência Indireta (AII), Área de Influência Direta (AID) e Área
Diretamente Afetada (ADA). Cada um desses subespaços recebe impactos nas fases de construção e
operação do empreendimento, ora com relações causais diretas, ora indiretas, e daí a denominação,
além da ADA onde se localiza o empreendimento propriamente dito, muitas vezes chamada de área
de intervenção (ARCADIS-TETRAPLAN, 2014).

4.3.2.2. Área de Influência Indireta - AII

A AII abrange um território que é afetado pelo empreendimento, mas no qual os


impactos e efeitos decorrentes do empreendimento são considerados menos significativos do que
nos territórios das outras duas áreas de influência (ADA e a AID). Nessa área tem-se como objetivo
analítico propiciar uma avaliação da inserção regional do empreendimento. É considerado um
grande contexto de inserção da área de estudo propriamente dita. Essas configurações territoriais, na
verdade, são sínteses de rebatimentos de impactos que podem ocorrer nos meios físico, biótico,
socioeconômico e cultural. Do ponto de vista sócio-econômico tem-se uma delimitação de área que
acomoda os impactos identificados, constituída por 4 municípios: Cabedelo, Lucena, João Pessoa e
Santa Rita, abrange 1.297,63 km2 (Figura 36)

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Figura 174. Delimitação sócio-econômico da área que acomoda os impactos,
constituída pleos municípios de Cabedelo, Lucena, João Pessoa e Santa Rita. (Fonte:
Real Soluções).

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4.3.2.3. Área de Influência Direta - AID

A AID é a área geográfica diametralmente afetada pelos impactos decorrentes do


empreendimento e corresponde ao espaço territorial contíguo e ampliado da ADA, e como esta,
deverá sofrer impactos, tanto positivos quanto negativos. Do ponto de vista sócio-econômico tem-se
uma delimitação de área que acomoda os impactos identificados, constituída por 3 municípios:
Cabedelo, Lucena e Santa Rita, abrangindo 165,83 km2. Caracterizada por abrigar um ambiente
ecotone, de transição entre o estuário e oambiente marinho, a área comtempla uma ilha(ilha da
Restinga) que apresenta vegetação típica de manguezal, uma zona de praia na desembocadura do rio
(praia de Fagundes), já com influência do ambiente marinhoe uma Unidade de Conservação (Parque
Estadual Marinho de Areia Vermelha- PEMAV) que é a única UCestabelecida em ambiente
exclusivamente marinho no estado da Paraíba.
O PEMAV tornou-se Unidade de Conservação por meio do Decreto Estadual
n°.21.263 de 28 de agosto de 2000. É uma área de ampla visitação turística, pois exibe, durante as
marés baixas, um banco de areia cuja coloração avermelhada lhe originou o nome (LOURENÇO,
2010). Apresenta uma formação que se estende submersa e paralela à linha de costa por
aproximadamente três (03) km (sentido norte-sul) (PARAÍBA, 2000), Dividida em duas (02)
unidades fisiograficas: Areia Vermelha ao sul, de porção arenosa em forma de coroa e Areia
Dourada ao norte, com igual formação de banco de areia, porém, de menor dimensão (QUERINO,
2011).

4.3.2.4. Área Diretamente Afetada - ADA

Em termos da legislação aplicável, de acordo com o artigo 2º da Resolução


CONAMA 349 - considera-se a Área Diretamente Afetada (ADA) a área necessária para a
implantação do empreendimento, incluindo suas estruturas de apoio, bem como todas as demais
operações unitárias associadas exclusivamente à infra-estrutura do projeto, ou seja, de uso privativo
do empreendimento.No caso da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport, a ADA
corresponde à área onde se o Complexo Portuário propriamente dito será construído na margem
direita do Rio Paraíba do Norte.

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4.3.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS GERAIS AOS COMPONENTES
FAUNÍSTICOS

4.3.3.1. Pontos de amostragem

Segundo o Termo de Referencia da Sudema (Superintendencia de Administração


do Meio Ambiente) e os membros da Comissao de EIA/RIMA, sete (07) pontos de coleta foram
estabelecidos para a realização dos inventários faunísticos para cada grupo zoológico que
localizam-se em área de fitofisionomia com domínio vegetacional de manguezal, zona de praia
estuarina na ilha da Restinga e os demais pontos nomunicipío de Lucena.
Entretanto, durante o início da realização da primeira campanha (período
chuvoso) observou-se a necessidade de aumentar o esforço amostral da campanha devido a grande
extenção do das áreas de influencia do empreendimento e a hidrodinâmica local. Dessa forma,
outros oito (08) pontos foram adicionados as áreas contíguas do local do empreendimento,
aprimorando dessa maneira o esforço amostral com o objeivo de obter um melhor resultados dos
dados de fauna. Após a inserção dos novos pontos, totalizou-se quinze (15) estações de coleta de
dados (Figura 175), as quais encontram-se georeferenciadas (Tabela 32).
Além dos pontos já citados, há os percursos para a realização dos inventários
referentes a avifauna estuarina,quelônios e crocodilianos e mamíferos marinhos.
Diante do exposto, o presente capítulo apresenta os resultados referentes ao
período de junho de 2014, período chuvoso na região estudada (ARAÚJO et al. 2007, SILVA et al.,
2003). A campanha de amostragem referente ao período chuvoso foi realizada em três períodos:
entre 11 a 18 de março, no trecho da costa que se estende desde a praia de Fagundes até o Parque
Estadual de Areia Vermelha, adentrando o estuário do rio Paraíba do Norte. Nos dias 11 e 12,
foram feitas avaliações da área e dos pontos de coleta, e os demais dias foram utilizados para as
coletas especificas das áreas de fauna segundo o Termo de Referência da Sudema.

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Tabela 32. Coordenadas geográficas das estações de amostragem distribuídas na ADA e AID da obra de implantação do
Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB (Datum Sirgas 2000).

Projeções plana
Estações Descrição da localização
Zona Oeste Sul
Ponto no rio Paraíba próximo à desembocadura do rio
SEA-01 25 M 294275 9219756
Mandacaru.
SEA-02 25 M 294046 9223475 Ponto no rio Paraíba próximo à ilha do Stuart
Ponto no rio Paraíba em frente ao Complexo Portuário
SEA-03 25 M 296795 9227916
Seaport e ilha da Restinga
SEA-03A 25 M 297165 9227925 Ponto no rio Paraíba à montante do pier da Seaport
SEA-03B 25 M 297140 9228057 Ponto no rio Paraíba à jusante do pier da Seaport
Ponto no rio Paraíba próximo à desembora do rio da
SEA-04 25 M 293632 9228377
Guia e ilha da Restinga
Ponto na foz do rio Paraíba com limite e vista para o
SEA-05 25 M 296141 9230164
mar
Ponto na praia de Fagundes à 1700 m da foz do rio
SEA-06 25 M 294655 9231432
Paraíba
Ponto na praia de Fagundes à 3700 m da foz do rio
SEA-07 25 M 294012 9233567
Paraíba
Ponto na praia de Fagundes à 5700 m da foz do rio
SEA-08 25 M 294890 9235764
Paraíba
Ponto interno no limite Norte do Parque Estadual Areia
SEA-09 25 M 298484 9226730
Vermelha
Ponto interno no limite Sul do Parque Estadual Areia
SEA-10 25 M 298510 9224768
Vermelha
Ponto externo no limite Norte do Parque Estadual Areia
SEA-11 25 M 299903 9226658
Vermelha
Ponto externo no limite Sul do Parque Estadual Areia
SEA-12 25 M 299916 9224803
Vermelha
SEA-13 25 M 295899 9227441 Ilha da Restinga (em frente a Seaport)
SEA-14 25 M 295686 9225874 Ilha da Restinga (centro)
SEA-15 25 M 295025 9224596 Ilha da Restinga

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Figura 175. Localização das estações de coletas na ADA e AID da obra de implantação do Complexo
Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. Os pontos destacados
correspondem aos pontos extras adicionados para realização das coletas. (Fonte: Real Soluções).

4.3.3.2. Análise dos Dados para as Comunidades Planctônicas e Bentônicas,


Invertebrados Marinhos e Ictiofauna.

A caracterização da estrutura destas comunidades nos diferentes ambientes


inventariados foi delineada conforme a frequência de ocorrência, densidade numérica e participação
relativa, de modo a respeitar a distribuição espacial dos taxa durante o período chuvoso. Entretanto,
para a avaliação conjunta da distribuição espaço-temporal dos taxa, aguarda-se os dados do período
estiado. Também foram determinados os índices ecológicos (riqueza, diversidade e equitabilidade),
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conforme parâmetros indicados por Krebs (1989). A frequência de ocorrência (FO) representa o
percentual (%) da presença dos taxa entre pontos amostrais da área de amostragem, calculada
através da fórmula abaixo, conforme Dajoz (1978). E classificado quanto aos percentuais máximo
de ocorrência: Esporádica (≤ 25%), Pouco frequente (≤ 50%), Frequente (≤ 75%) e Muito frequente
(≤ 100%).
Frequância de Ocorrência = NA x 100 / NTA

Onde: FO – Frequência de ocorrência dos taxa (%);


NA – Número de amostras onde o taxa ocorre; e
NTA – Número total de amostra.

A determinação da densidade ou abundância é a quantificação dos indivíduos de


dado grupo planctônico, expressa em função do volume filtrado, mais pertinente à unidade de
volume adotada, efetuada através da expressão indicada por A.P.H.A. (1995).

Densidade (células / volume) = (NO x VC) / ( VS x VF)

Onde: NO – Número de células nas sub-amostras analisadas;


VC – Volume de concentração da amostra (mL);
VS – Volume das sub-amostras analisadas (mL), e
VF – Volume filtrado através da rede (L).

A determinação da densidade ou abundância é a quantificação dos indivíduos de


dado grupo bentônico, expressa em função da área do amostrador pertinente à unidade padronizada,
efetuada através da expressão regra de três simples.

Densidade (indivíduos / área) = NO / CC

Onde: NO – Número de indivíduos contados na amostra analisada;


CC – Constante do amostrador (m²);

A determinação da abundância dos invertebrados marinhos e dos peixes foi


expressa em função da quantificação dos indivíduos do grupo amostrado na unidade padronizada da
estação, efetuada através da expressão do somatório de indivíduos.

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Densidade (indivíduos / estação) = Σ (NO)

Onde: NO – Número de indivíduos contados da amostragem da estação;

A determinação da participação relativa ou abundância relativa foi calculada


através da relação entre a densidade de um determinado táxon vezes cem, dividido pela densidade
total de indivíduos desta estação, conforme fórmula abaixo. O critério adotado para representar a
dominância de cada táxon foi determinado pela abundância relativa, seguindo a classificação: Raro
(1 < 10%), Pouco abundante (10% < 30%), Abundante (30% < 50%) ou Predominante (50% <
100%).

Abundância relativa (%) = n x 100 / N

Onde: n = número de células de um determinado táxon na estação;


N = número total de indivíduos desta estação.

A determinação da riqueza foi expressa pelo número de taxa. Enquanto a


diversidade específica foi baseada no índice de Shannon-Wiener (H’) Shannon (1948). Já a
equitabilidade (E) uma componente da diversidade, representada pela uniformidade da abundância
dos taxa capturados, conforme Pielou (1975), estimados através das expressões abaixo. E para
efeito de classificação foi considerada as categorias segundo Valentin et al., (1991); Diversidade
Muito baixa (<1,0 bits./cél.); Baixa (1,0 < 2,0 bits./cél.); Média (2,0 > 3,0 bits./cél.) e Alta = valores
maiores que 3 bits./cél. Enquanto, a equitabilidade ou uniformidade, os valores superiores a 0,5
representam boa condição de distribuição dos indivíduos na comunidade, os quais variam entre 0 e
1.

Diversidade (H’) = - Σ (ni/N) x log2 (ni/N)


Equitabilidade (E) = H’/Hmáx

Onde: H’ = Diversidade específica;


ni = Número de indivíduos na i-nésimo taxa;
N = Número total de indivíduos;
E = Equitabilidade ou uniformidade dos taxa.
Hmáx = Logaritmo da riqueza, que expressa à diversidade na condição de máxima
uniformidade.
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4.3.4 ANÁLISE HIDROLÓGICA DA AID E ADA

Para relização das coletas de fauna aquática foram feitas análises da qualidade da
água onde seria retiradas as amostras com a finalidade de otimização e complementação dos dados.
Assim, a determinação das variáveis físico-químicas da água foi realizada em
campo utilizando-se um medidor multiparâmetro (Figura 9.1), com o qual aferiu-se: temperatura
(°C), pH, concentração de oxigênio dissolvido (mg/L), condutividade elétrica (µS/cm), salinidade,
transparência (m) e turbidez (NTU).

Figura 176. Medidor multiparâmetro de qualidade de água sendo utilizado para aferir os parâmetros
hidrológicos na ADA e AID da obra de implantação do Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio
Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. (Fonte: Real Consultoria, 2014).

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Figura 177. Disco de Sechi sendo utilizado para aferir a transparência da água na ADA e AID da obra de implantação
do Complexo Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. (Fonte: Real Consultoria,
2014).

4.3.4.1. RESULTADOS
4.3.4.1.1. Temperatura

Os valores de temperatura da água registrados entre as estações refletiram a


temperatura do ar na região, que de modo geral, é elevada mesmo no período chuvoso. Observou-se
que as temperaturas mais amenas foram registradas durante o período de baixamar na maioria das
estações e as mais elevadas durante a preamar e nas estações na praia, apresentando variação de
26,8 °C durante a baixamar da estação SEA-12 até 29,0 °C na preamar da SEA-02. No geral,
todavia, ocorreu um padrão espacial de leve incremento na temperatura em direção às estações com
maior influência do estuário durante a preamar. A Área Diretamente Afetada (ADA) apresentou
uma média de 28,1 ºC com resultados semelhantes nas demais estações (Figura 178).

4.3.4.1.2. Condutividade elétrica e Salinidade

A condutividade elétrica e a salinidade da água são variáveis intimamente


correlacionadas entre si, tendo sido determinadas por método potenciométrico. Estas variáveis estão

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relacionadas à presença de íons em solução e, por esta razão, suas variações temporais e espaciais
apresentam comportamento semelhante.
A condutividade elétrica apresentou valores de 28.380 µS/cm em SEA-01 com
17,4 de salinidade, ponto mais interno do estuário, a 55.720 µS/cm em SEA-05 com 37,0 de
salinidade na foz do rio Paraíba, ambas coletadas durante o período da baixamar. De maneira geral
apresentou padrão espacial crescente na direção da foz e na região costeira.
A salinidade da água nas diferentes estações está em conformidade com a
Resolução CONAMA 357, no que se refere à água salobra e salina, respectivamente. A Área
Diretamente Afetada (ADA) apresentou uma média de 52.974 µS/cm de condutividade e 35 de
salinidade. Exceto pela estação SEA-01, as demais estações apresentaram-se análogaa a estação
SEA-03 (Figura 178).

4.3.4.1.3. Oxigênio dissolvido

As concentrações mensuradas de oxigênio dissolvido foram basais a elevadas,


respectivos 4,9 mg/L em SEA-01 durante a baixamar e 8,8 mg/L SEA-12 durante a preamar.
Observou-se um padrão crescente entre as marés da baixamar para preamar na maioria das estações,
que pode ser reflexo da força das ondas. As concentrações de oxigênio dissolvido estiveram acima
do limite mínimo recomendado pela Resolução nº. 357/05 do CONAMA, segundo a qual o
oxigênio dissolvido em qualquer amostra não pode ser inferior a 4,0 mg/L e 5,0 mg/L para águas da
classe 2, respectivamente salobra e salina. A Área Diretamente Afetada (ADA) apresentou uma
média de 6,0 mg/L. As demais estações apresentaram o mesmo padrão, exceto a SEA-01 (Figura
178).

4.3.4.1.4. pH

Os valores de pH apresentaram-se predominantemente alcalinos ao longo das


estações amostradas, variando de 7,32 na baixamar da estação SEA-01 a 8,37 na preamar da SEA-
04. Deste modo, os valores mensurados no período chuvoso são compatíveis com aqueles
recomendados pela Resolução nº. 357/05 do CONAMA, cujo padrão para águas de classe 2 (salobra
e salina) é de pH entre 6,5 e 8,5. A Área Diretamente Afetada (ADA) apresentou uma média de pH
com 8,25 com as demais estações apresentando resultados semelhantes(Figura 178).

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4.3.4.1.5. Transparência e Turbidez

A transparência da água, expressa através da leitura da profundidade do disco de


Secchi, apresentou valores menores que 2,0 m de profundidade, com variação de 0,6 m na estação
SEA-10 durante a baixamar a 1,8 m SEA-03 mensurada durante a preamar do período chuvoso,
demonstrando um padrão de redução entre as marés de baixamar para preamar em quase todas as
estações, conferindo menor camada para produtividade primária durante a preamar pela menor
penetração de luz ao longo da coluna d’água. Enquanto o inverso ocorreu para a turbidez no mesmo
período, com variação de 12,0 NTU na estação SEA-03 a 92,0 NTU na estação SEA-08 mensuradas
durante a baixamar e preamar, respectivamente. A Área Diretamente Afetada (ADA) apresentou
uma média de 1,6 m na transparência da água e com 15,2 NTU da turbidez. Padrãosemelhante foi
observadona maioria das demais estações (Figura 178).

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29,5

29,0

28,5
Temperatura (°C)

28,0

27,5

27,0

26,5

26,0

25,5
SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12

Baixamar Preamar

40,0

35,0

30,0
Salinidade

25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

0,0
SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12

Baixamar Preamar

429

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8,60

8,40

8,20

8,00

7,80
pH

7,60

7,40

7,20

7,00

6,80

6,60
SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12

Baixamar Preamar

SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12
0,0

0,2

0,4
Transparência (m)

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Baixamar Preamar

430

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60000
Condutividade elétrica (µS/cm)

50000

40000

30000

20000

10000

0
SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12

Baixamar Preamar

10,0

9,0
Oxigênio dissolvido (mg/L)

8,0

7,0

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12

Baixamar Preamar

431

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100,0

90,0

80,0

70,0
Turbidez (NTU)

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12

Baixamar Preamar

SEA-01 SEA-02 SEA-03 SEA-04 SEA-05 SEA-06 SEA-07 SEA-08 SEA-09 SEA-10 SEA-11 SEA-12
0,0

1,0

2,0
Profunidade (m)

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

Baixamar Preamar

Figura 178. Variáveis físico-químicas da qualidade de água na ADA e AID da obra de implantação do Complexo
Portuário Seaport, no estuário do rio Paraíba do Norte, em Cabedelo-PB. (Fonte: Real Soluções).

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4.3.4.1.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estuário do rio Paraíba do Norte é um ambiente dinâmico e predominantemente


influenciado pelas águas marinhas costeiras, uma vez que os rios que drenam para esse estuário
apresentam, em sua maioria, baixa vazão. As principais variações ocorrem devido ao regime das
marés diárias e as maiores variações sazonais relacionam-se com o regime de chuvas da região.
Contudo, há constante perturbação na qualidade da água do estuário refletida pelo lançamento dos
esgotos domésticos dos municípios ribeirinhos, particularmente da cidade de João Pessoa, que
ocasiona prejuízo ao ambiente.

4.3.5. ÁREAS FAUNISTICAS DO ESTUDO

4.3.5.1. ICTIOFAUNA
4.3.5.1.1. Metodologia de Amostragem

As coletas para a realização das amostragens da comunidade ictiofaunística foram


realizadas em quinze(15) estações de coleta de dados (SEA-02 a SEA-05 e SEA-07 a SEA-15),
durante as marés de preamar (maré alta) e baixamar (maré baixa) para o período chuvoso (Figura
175).
Os dados primários foram coletados a partir dos seguintes métodos de
amostragem: arrastos manuais, redes de espera e censo visual (vídeo transecto). Os arrastos manuais
foram realizados em nove(09) estações:SEA-03A, SEA-03B, SEA-07, SEA-08, SEA-09, SEA-10,
SEA-13, SEA-14 e SEA-15(Figura 175),utilizando-se uma rede de arrasto de praia, com 20m de
comprimento, 2m de altura com um tamanho de malha de 5mm entre nós adjacentes (Figura 179).
Os arrastos manuais foram realizados paralelos à linha de praia, com profundidade máxima de 1,5
metros. O esforço de pesca foi padronizado em um tempo estimado de cinco (5) minutos de
amostragem para cada arrasto, ocorrendo sempre no período diurno, durante as marés baixamar
(vazante) e preamar (enchente).

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