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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ICB


LABORATÓRIO DIDÁTICO DE ECOLOGIA
PRÁTICA CURRICULAR EM ECOLOGIA E BIOESTATÍSTICA

RELATÓRIO ESCRITO DA INFLUÊNCIA DA DISTÂNCIA DO IGARAPÉ NA


RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE INVERTERBRADOS EM SERRAPILHEIRA
DA FAEXP/UFAM

Ana Beatriz Makarem Ribeiro, Danton Angelus Rodrigues de Araujo, Marcos Abbade,
Maria Carolina Azedo Murussi
*
Graduandos de Ciências Biológicas na UFAM

INTRODUÇÃO
As Florestas tropicais são tidas como complexas em virtude das particularidades
envolvendo suas características de fauna e flora o que, por sua vez reflete diretamente na
produção de serrapilheira, decomposição e liberação de nutrientes para o meio (Alvarez-
Sánchez & Guevara 1999, Vasconcelos & Luizão 2004).

Levando em conta que a serrapilheira é tida como uma camada superficial do solo
formada pelo material remanescente vegetal, dentre os quais destacam-se folhas, galhos,
estruturas reprodutivas, e organismos edáficos presentes no ambiente em questão
(SANTOS et al., 2011; MARQUES, 2018), o qual pode variar em função da composição
de espécies, intensidade da cobertura florestal, idade, época da coleta, tipo de floresta e
do local, além dos fatores e condições edafoclimáticas, etc. (LIMA et al., 2015; WEKESA
et al., 2019; MAZÓN et al., 2020). Além disso, é pertinente salientar que a produção de
serapilheira em áreas de elevada umidade depende primeiramente da produtividade da
comunidade de plantas, e o principal fator abiótico determinante dessa produção é o
clima, sendo a precipitação e a temperatura os principais componentes (Faccelli & Pickett
1991).

Tendo em vista que no ambiente em questão estão presentes alguns organismos


da macrofauna edáfica, ligados principalmente aos processos de decomposição e
fertilização do solo e ao uso da serapilheira como abrigo (SILVA et al., 2006;
URBANOWSKI, 2021) dentre os quais pode-se exemplificar, Hymenoptera (formiga),
Blattodea (barata), Araneae (aranha), dentre outros, com comprimento ≥ 2,0 mm,
podendo ou não estarem próximos à corpos da água, como igarapés, poças e açudes.
Partindo desse princípio, o processo de deposição e decomposição da serapilheira é
essencial para a natureza dado ao fato de que proporciona abrigo e alimento aos
organismos que vivem no piso florestal, os quais auxiliam decompondo a matéria
orgânica e liberando nutrientes para o solo que ajuda no desenvolvimento das plantas
(SILVA et al., 2006; FERREIRA et al., 2007; PAUSAS e BOND, 2020) tornando-se, por
conseguinte, um instrumento que condiciona a conservação da fauna edáfica,
proporcionado micro-habitat e alimento para os organismos do solo com a qualidade do
material orgânico acumulado e serve de parâmetro para determinar abundância e
diversidade desses organismos no ambiente (COSTA et al., 2013; URBANOWSKI,
2021).

Tendo em vista o contexto descrito anteriormente, foi elaborado o seguinte


questionamento: A distância do igarapé influencia na riqueza e composição de
invertebrados na Serrapilheira?

OBJETIVOS

GERAL:

O presente relatório tem como principal objetivo, analisar amostras de Serrapilheira para
a identificação de invertebrados, tendo em vista a sua riqueza e composição em uma área
de Baixio, e apresentar os resultados obtidos com essas coletas.

ESPECÍFICOS:
• Criar uma pergunta científica, reunindo uma séria de fatores para respondê-la com
a ajuda de hipóteses e estudos;
• Coletar e reunir amostras de Serrapilheira para análise;
• Identificar a presença de invertebrados nas amostras;
• Realizar observação das ordens encontradas na lupa;
• Elaborar gráficos que apresentem os resultados;
• Discutir os resultados, e com isso, obter uma conclusão.

MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental da UFAM (FAEXP), localizada
na BR-174, antigo km 38, cerca de 1 hora de Manaus. A trilha usada foi a C1, onde foi
preciso seguir por toda a estrada e após a entrada do local, foi possível visualizar a frente
da trilha, dessa forma, foi necessária uma caminhada longa por entre a mata para que
fosse possível chegar em uma área de Baixio, bem próxima ao Igarapé, onde houve a
coleta de amostras pela margem e mais distante da margem.
A B
Fig 1 – Fazenda Experimental (FAEXP) da UFAM (A) e entrada da trilha C1(B).

Os dados coletados totalizam em 8 amostras de Serrapilheira, 4 próximas à


margem do corpo d’água principal, isto é, o igarapé, e 4 distantes da margem. A distância
entre cada ponto de coleta foi de 4 passos e 30 passos entre a primeira amostra perto e a
primeira amostra longe. O solo se encontrava bastante úmido por conta da presença do
Igarapé e do lençol freático, então assim, a área de coleta foi estabelecida com o tamanho
de 20 cm cada e foram postas dentro de sacos plásticos, cada um com etiquetas antes de
serem colocadas todas dentro de um balde.

Fig 2 – Área de Baixio delimitada para realização das coletas.

A triagem ocorreu no Laboratório Didático de Botânica, na UFAM. As amostras


foram despejadas em bandejas, e dessa forma, iniciou-se a identificação de invertebrados
nos fragmentos de Serrapilheira, foram identificados e observados na lupa antes que a
contagem e a separação fosse feira por Ordens para a criação de uma tabela com os dados.
Fig 3 – Lupa utilizada para observação e identificação de invertebrados.

Fig 4 – Amostras dentro das bandejas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao iniciar as análises das amostras a olho nu e em seguida na lupa, em PP1 (a amostra
mais próxima ao igarapé), foi contabilizado ao todo 8 ordens diferentes de invertebrados,
sendo elas: Acari, Pseudoscorpionida, hyminoptera, collembola, aranae, diplura,
gastropoda e oligoqueta, em PP2, um número menor foi obtido, tendo apenas 4 ordens,
em PP3 também foram contabilizadas 4 ordens e em PP4 apenas 3. Ao contabilizar as
ordens nos pontos mais distantes do igarapé tivemos o seguinte resultado: Em PD2 e PD4
foram observadas 5 ordens e em PD1 e PD3 apenas 4 ordens.

Quanto a riqueza de organismos (gráfico 1); foi inferido uma maior variação no número
de ordens presentes nos pontos mais próximos do igarapé, havendo pontos que variaram
de apenas 3 ordens até um ponto com 8 ordens diferentes, o que não ocorre quando
verificamos os pontos longes do igarapé, nos quais foi obtido uma variação bem menor,
com pontos tendo 4 ordens, e pontos tendo 5 ordens diferentes, porém ao comparar ambas
as médias dos pontos mais próximos e dos pontos mais distantes, estas se encontram mais
próximas uma da outra, ou seja, apesar de haver uma diferença em variação ambas médias
se encontraram mais alinhadas.
Ordem Perto do Igarapé Longe do Igarapé
Gastropoda
Oligoqueta
Diplura
Hemiptera
Blatodea
Orthoptera
Pseudoscorpionida
Acari
Hyminoptera
Aranae
Collembola
Myriapoda
Isopoda
Tabela 1 - Composição das ordens de invertebrados nas diferentes distâncias.

Gráfico 1 - Riqueza de invertebrados em diferentes distâncias.


CONCLUSÃO
Diante ao que foi exposto, conclui-se que não houve influência na riqueza pois há a
variedade de espécies no ambiente como um todo, contudo, ocorre a mudança na
composição da ordem da fauna encontrada, no que tange a distância do corpo d'água
principal.

REFERÊNCIAS

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FACCELLI, J.M. & PICKETT, S.T.A. 1991. Plant litter: its dynamics and effects on plant
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FERREIRA, R. L.; MARQUES, M. G. S. M. A fauna de artrópodes de serrapilheira de


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